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FLÁVIO MACHADO MOITA O BALANCED SCORECARD E O ALINHAMENTO ESTRATÉGICO: UMA PROPOSTA TEÓRICA PARA O DESDOBRAMENTO DO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS 1ª edição Manaus Edição do autor 2013

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FLÁVIO MACHADO MOITA

O BALANCED SCORECARD E O ALINHAMENTO

ESTRATÉGICO: UMA PROPOSTA TEÓRICA PARA O

DESDOBRAMENTO DO PROCESSO DE

DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS

1ª edição

Manaus

Edição do autor

2013

2

O balanced scorecard e o alinhamento estratégico: uma

proposta teórica para o desdobramento do processo de

desenvolvimento de produtos

Flávio Machado Moita

[email protected]

RESUMO

Um dos grandes desafios para os administradores e engenheiros é desenvolver

produtos que ao mesmo tempo tenham atração de mercado e possuam a

capacidade de gerar resultados de longo prazo na forma de aumento de valor da

empresa. Com o desenvolvimento das modernas técnicas de gestão estratégica,

surgem as tentativas de desdobramento dos objetivos organizacionais em nível de

processos de negócios. Nesse contexto, a contribuição principal do presente

trabalho foi analisar, com base nas referências levantadas, a relação entre os

desdobramentos estratégicos e as técnicas de Processo de Desenvolvimento de

Produtos (PDP), Balanced Scoredcard (BSC) e Quality Function Deployment (QFD).

De forma mais específica, pretendeu-se com o estudo discutir as modernas

ferramentas de Planejamento Estratégico e do Processo de Desenvolvimento de

3

Produtos de forma a analisar seus impactos para a administração da produção e

para a obtenção da vantagem competitiva e da sustentabilidade de longo prazo das

organizações. Também como objetivo do trabalho foi apresentar o modelo de

planejamento estratégico baseado no BSC e discutir sua implicação para a área de

desenvolvimento de produtos. Ao final do trabalho, tomando como referência as

avaliações realizadas, foi proposto um modelo teórico alternativo de desdobramento

estratégico para o processo de desenvolvimento de produtos, tomando como

elemento integrador os objetivos estratégicos do BSC. Entretanto, é preciso dizer

que o modelo proposto é apenas um ensaio teórico, não tendo sido ainda posto em

teste com casos reais.

Palavras-chave: Processo de Desenvolvimento de Produtos (PDP) - Balanced

Scoredcard (BSC) - Quality Function Deployment (QFD)

4

SUMÁRIO

SUMÁRIO ................................................................................................................... 4

INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 5

1 A DIMENSÃO ESTRATÉGICA NAS ORGANIZAÇÕES ........................................ 11

2 O PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS E AS IMPLICAÇÕES

ESTRATÉGICAS ...................................................................................................... 15

3 O DESDOBRAMENTO ESTRATÉGICO ATRAVÉS DO BALANCED SCORECARD

(BSC) ........................................................................................................................ 18

4 QUALITY FUNCTION DEPLOYMENT (QFD) E O PLANEJAMENTO

ESTRATÉGICO DO PRODUTO: A INTERAÇÃO ENTRE O QFD/PDP E O

PROCESSO DE DESDOBRAMENTO DO BSC ....................................................... 24

5 UM PROPOSTA TEÓRICA PARA O DESDOBRAMENTO ESTRATÉGICO NO

PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS ....................................... 29

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 40

5

INTRODUÇÃO

O aumento da competitividade está levando as organizações a buscarem

métodos de planejamento e de gestão cada vez mais flexíveis e integrados. Aliado a

isso, a rapidez com que os produtos chegam e saem do mercado está forçando o

processo de desenvolvimento de produtos a um nível de eficiência nunca antes

alcançado.

As empresas vencedoras nessa nova realidade empresarial, entretanto, não

serão aquelas que gerarem mais idéias de novos produtos, pois esses estarão

obsoletos muito rapidamente. As que irão permanecer e prosperar serão aquelas

que desenvolverem processos de desenvolvimento de produtos mais integrados,

eficazes e alinhados com as estratégias organizacionais.

Corroborando com essa idéia, Rozenfeld (1996) atribui a excelência nos

processos de desenvolvimento de produtos à consistência e coerência de todo o

processo com a estratégia organizacional.

O que distingue as empresas com excelência em desenvolvimento

de produtos é o padrão de coerência e consistência em todo o processo de

desenvolvimento, incluindo a estratégia, a estrutura organizacional, a

sistematização das atividades, as habilidades técnicas, as abordagens para

resolução de problemas, os mecanismos de aprendizagem e o tipo de

cultura dominante (ROZENFELD, 1996, p. 15).

Tanto o processo de desenvolvimento de produtos como os processos de

planejamento estratégicos envolvem o trabalho de uma grande quantidade de

elementos e técnicas, que devem funcionar de modo organizado e com sinergia para

se atingir os resultados esperados. Não somente envolvem uma grande quantidade

6

de pessoas, equipamentos e informações, mas também, e principalmente, precisam

de uma revisão mais constante em seus procedimentos, estrutura organizacional e

estratégia.

O desenvolvimento de produtos é um dos processos mais

complexos que se as demais funções de uma empresa. Para desenvolver

produtos são necessárias informações e habilidades de membros de todas

as áreas funcionais, caracterizando-se como uma atividade, em princípio,

multidisciplinar (MUNDIM, 2002, p. 1).

Por sua vez, Martini e Trabasso (2006) comentam que os mercados estão

mais competitivos, e que estão forçando uma revisão e acompanhamento mais

constante nas estratégias das organizações.

The constant market evolution, the new technology development,

the raise in the number of competitors, and the creation of new products and

services in shorter times have forced organizations to follow up and revise

their strategies more often (MARTINI e TRABASSO, 2006, p. 5).

Dessa forma, parece aceitável entender o processo de desenvolvimento de

produtos (PDP) como um dos desdobramentos mais importantes do planejamento

estratégico de uma organização. Nesse sentido, é possível afirmar que o PDP é um

elemento fundamental tanto para a manutenção da vantagem competitiva, como

para a sobrevivência de longo prazo das empresas.

É evidente que essas considerações são mais aplicáveis para empresas

industriais, principalmente para aquelas que atuam em mercados com alto grau de

competitividade e com ciclo de vida de produtos menores, tais como os setores de

eletroeletrônicos e Tecnologia da Informação e Comunicação (TICs).

7

Não que dizer, entretanto, que em segmentos de mercado com menor grau

de inovação, ou mesmo organizações do setor de serviço, não devam também

buscar um maior alinhamento estratégico como seus processos de desenvolvimento.

No setor de serviço, por exemplo, o desenvolvimento pode ocorrer através de

programas de fidelidade, sistemas de atendimento, telemarketing, novos canais de

vendas, novos métodos de trabalho e/ ou novos serviços oferecidos aos clientes ou

usuários.

As empresas de telefonia, principalmente da telefonia móvel, são um bom

exemplo do aumento da concorrência gerando uma maior quantidade de

desenvolvimento de serviços. Buscando uma maior rentabilidade, nesse que é um

dos setores que mais cresceram na economia brasileira nos últimos anos, as

empresas do setor procuram oferecer aos seus clientes uma enorme quantidade de

opções de serviços e de produtos associados a estes serviços. A cada dia é possível

encontrar novas promoções, novos produtos e serviços que as empresa do ramo

oferecem aos seus clientes com o objetivo de aumentar a participação no mercado e

melhorar a rentabilidade.

Considerando esse ponto de referência, é possível afirmar que o foco central

da estratégia do PDP deve ser alinhar os objetivos organizacionais com os desejos

dos consumidores atendidos pela organização através de compostos de produtos e

serviços inovadores.

Uma dos métodos contemporâneos mais efetivos para o alinhamento

estratégico dos processos organizacionais é o Balanced Scorecard (BSC). Esse

modelo foi desenvolvido para servir de desdobramento da gestão estratégica até o

nível operacional. A idéia conceitual do modelo BSC é fazer uso do chamado mapa

8

estratégico, que surge através de relações de causa e efeito entre as funções

organizacionais. Busca-se com a técnica a elaboração de objetivos e indicadores

estratégicos para as dimensões financeiras, de processos, de atendimento aos

clientes e da aprendizagem organizacional. Esses indicadores devem refletir as

estratégias em todas as funções executadas na empresa.

Segundo Martini e Trabasso (2006) o Balanced Scorecard procura traduzir a

missão institucional, elaborada no planejamento estratégico, em objetivos que

devem ser mensuráveis e que representem um balanceamento entre indicadores

que envolvam os acionistas, os desejos dos consumidores e os processos internos.

The BSC must translate a Business Unit mission and strategy into

tangible objectives and measures. The measures represent the balance

among the external indicators, directed to shareholders and customers, and

the internal indicators of critical business processes and learning and

innovating (MARTINI E TRABASSO, 2006, p.6).

Uma técnica bastante utilizada no apoio ao projeto do produto, principalmente

entre as empresas orientais, para a avaliação dos desejos dos consumidores é o

médodo Quality Function Deployment, ou simplesmente QFD. Segundo Romeiro

Filho et al (2009) esta técnica é uma das mais importantes para o desenvolvimento

de produtos, e desde a sua introdução em empresas japonesas vem sendo aplicada

em uma gama variada de produtos em organizações do mundo inteiro.

É lícito analisar o QFD também como parte do desdobramento da estratégia

da organização, na medida em que a técnica procura exprimir os desejos e as

características dos produtos através de medidas traduzíveis em atributos desejáveis

aos produtos da empresa.

9

O QDF é um instrumento importante para identificação dos

critérios de qualidade desejados pelos clientes, bem como, em conjunto

com outras técnicas de gestão, para a melhoria do processo de

desenvolvimento de produtos no sentido de agilizar e possibilitar a melhoria

da qualidade desses produtos (ROMEIRO FILHO et al, 2009, p. 313).

Assim como o BSC, que elenca a dimensão clientes como uma das quatro

essenciais para o desdobramento do planejamento estratégico, o QDF deve estar

também em estreita sintonia com essa dimensão.

Nesse contexto, a contribuição principal do presente trabalho é analisar, com

base nas referências levantadas, a relação entre os desdobramentos estratégicos e

as técnicas PDP, BSC e QFD. Mais detalhadamente deseja-se indicar quais os

possíveis alinhamentos estratégicos existentes entre os objetivos estratégicos do

Balanced Scorecard (BSC) e o Processo de Desenvolvimento de Produtos (PDP),

tomando como elemento integrador a técnica Quality Function Deployment (QFD).

Particularmente, o presente artigo também pretende:

a) discutir as modernas ferramentas de planejamento estratégico, como foco

no processo de desenvolvimento de produtos e em seus impactos para a

administração da produção;

b) apresentar o conceito e a importância do Processo de Desenvolvimento de

Produto para a obtenção da vantagem competitiva e da sustentabilidade

de longo prazo das organizações;

c) avaliar a relevância do desdobramento do planejamento estratégico para a

implementação das ações previstas nos planejamentos de longo, médio e

curto prazo;

10

d) apresentar o modelo de planejamento estratégico baseado no Balanced

Scorecard e discutir sua implicação para a área de desenvolvimento de

produtos; e

e) propor um modelo teórico de desdobramento estratégico para o processo

de desenvolvimento de produtos, tomando como elemento integrador os

objetivos do BSC.

Este trabalho é fruto de uma revisão bibliográfica feita em livros e artigos de

referência a respeito dos temas propostos para análise. Procurou-se inicialmente

descrever os métodos e encontrar pontos de interação entre os elementos

estudados. A partir da descrição das ferramentas, feitas a partir das referências, e

da análise das relações existentes, montou-se um quadro de referência com foco na

integração existente entre as técnicas e a avaliação dos desejos dos clientes,

dimensão fundamental do Planejamento Estratégico.

O artigo está estruturado no seu desenvolvimento em cinco partes, além

dessa introdução e das considerações finais. Nessa fase a bibliografia consultada

será explorada de forma a atingir os objetivos da presente análise. Inicialmente será

apresentada a dimensão estratégica nas organizações, sua importância e seus

componentes fundamentais.

Em seguida pretende-se mostrar em linhas gerais como se dá o processo de

desenvolvimento de produtos e qual a sua relação com o planejamento estratégico,

busca-se focar nos elementos integradores entre as técnicas.

Na terceira parte será mostrado o funcionamento do desdobramento

estratégico através do balanced scorecard (BSC). Busca-se conceituar e apresentar

o método, tomando como referência as relações causa e efeito existentes entre as

11

suas quatro dimensões. A idéia é realizar uma avaliação da dimensão clientes do

método, que deve servir de elemento comum com as técnicas de desenvolvimento

de produtos.

Na quarta parte será apresentada a ferramenta do Quality Function

Deployment (QFD) como instrumento de apoio do Processo de Desenvolvimento de

Produtos (PDP). Busca-se também nesta fase relacionar a interação entre o

QFD/PDP e o processo de desdobramento do BSC. Na quinta parte será proposto

um modelo integrativo entre as técnicas de planejamento estratégico e de

desenvolvimento de produtos apresentadas.

Por fim, nas considerações finais, serão destacados os principais pontos

estudados no trabalho, bem como propostos novos encaminhamentos para o estudo

do tema.

1 A DIMENSÃO ESTRATÉGICA NAS ORGANIZAÇÕES

A empresa privada pode ser visualizada como um sistema aberto que é

montado para ou aumento de valor do capital investido pelos sócios. Corroborando

essa idéia Assaf Neto (2006, p. 40) afirma que “de maneira geral, o valor de

mercado da empresa é considerado o critério mais indicado para a tomada de

decisões”.

É a partir desse objetivo primeiro que as organizações formulam estratégias,

desenvolvem produtos, montam estruturas produtivas e comerciais, fazem esforços

de marketing, desenvolvem mercados, selecionam recursos humanos, desenvolvem

12

programas de qualidade, entre tantas outras funções e atividades existentes em uma

empresa.

Para o aumento de valor aos acionistas a empresa precisa gerar receita

através das suas operações, produzindo e comercializando produtos e serviços, na

realidade um composto de produtos e serviços, desejáveis pelos seus

consumidores. De forma a conseguir lucro a empresa precisa, da mesma forma,

atingir custos e despesas compatíveis com a sua receita. Para tanto, todos os

processos envolvidos dever se voltar para o atendimento dos desejos dos

consumidores atuais e potenciais da organização de maneira eficiente, através de

custos compatíveis com os preços praticados no mercado.

Outra forma de se gerar valor para o acionista é através da imagem da

empresa no mercado. Algumas organizações possuem marcas com valor muito

superior ao valor de mercado dos seus ativos (equipamentos, instalações, recursos

financeiros, etc.). De fato, a expectativa de retorno futuro pode aumentar o valor de

mercado de uma organização. Para citar um exemplo atual, a fusão ocorrida

recentemente entre o grupo Pão de Açúcar e a empresa varejista Casas Bahia,

apesar de apresentar reflexos de longo prazo, fez com que o valor das ações da

empresa aumentasse em torno de 70% em um único dia.

Da mesma forma, é possível encontrar empresas que mesmo não gerando

lucro possuem valor de mercado positivo. Isso se deve também pelas expectativas

de resultado futuro da organização. Para citar um exemplo, a empresa americana de

venda pela internet Amazon passou muitos anos tendo prejuízo em suas operações

e mesmo assim possuía valor elevado para suas ações. Atualmente o serviço de

micro-blog Twitter, apesar de possuir milhões de usuários no mundo todo, de já ter

13

recebido capital de risco em grande quantidade e de não dispor de um modelo de

receita para fazer frente aos seus custos de operação, planeja abrir o capital da

empresa no mercado americano.

A partir dessa avaliação, é possível inferir que tanto as operações como a

gestão estratégica da empresa deve estar voltada para a geração de valor. Um

ponto importante para se conseguir esse objetivo é a forma como a empresa deve

gerir o processo de geração de riqueza. Em muitas empresas esse processo se dá

através da gestão estratégica, que visa gerenciar as ameaças e oportunidade no

ambiente ao qual a organização está inserida, de forma a aproveitar seus pontos

fortes e melhorar seus pontos fracos.

O Planejamento Estratégico, que se tornou o foco de atenção da

alta administração das empresas, volta-se para as medidas positivas que

uma empresa poderá tomar para enfrentar ameaças e aproveitar as

oportunidades encontradas em seu ambiente (ALDAY, 2000, p. 10).

Kotler (1991, p. 63), um dos principais defensores do Planejamento

Estratégico, comenta que a técnica se desenvolveu principalmente a partir da

turbulência ocorrida nos anos 1970, onde a inflação elevada, o choque do petróleo e

o aumento da concorrência mundial fizeram com que as organizações passassem a

se preocupar mais com o ambiente externo e com a sobrevivência de longo prazo da

organização. A ideia, segundo Kotler (1991) era principalmente identificar que

produtos, ou linhas de produtos deveriam ser mantidos ou encerrados.

A mesma idéia servia para uma empresa que atuava em vários

ramos de negócios, produtos ou linhas de produtos. O importante era saber

que tipo de negócio, podia ser iniciado, mantido, desacelerado ou encerrado

(KOTLER, 1991, p. 53).

14

Dessa forma, é possível afirmar que o Processo de Desenvolvimento de

Produtos é uma das funções centrais em organizações de produção, na medida em

que é através dele que a empresa consegue atingir os mercados desejados no

planejamento estratégico. Corroborando com essa idéia, Slack (2002) também

elenca a função desenvolvimento de produto ou serviço, além das funções produção

e marketing, como centrais para as organizações que produzem bens e serviços.

Conclui-se daí que o PDP é importante para organização, e que esse deve

estar alinhado, ou em sintonia, com as estratégias da empresa. De nada adianta, por

exemplo, o desenvolvimento de um produto inovador para o mercado se o mercado

está em processo de declínio, ou se empresa não dispõe de competências

essenciais tanto para produzir como para comercializá-lo com lucro.

Assim sendo, é licito inferir que esse alinhamento entre a estratégia da

organização como o processo de desenvolvimento do produto, ou mesmo de

serviços, é fator chave para a vantagem competitiva e para sobrevivência de longo

prazo das empresas.

O processo de desdobramento estratégico se inicia freqüentemente com a

definição de missão da organização. O principal objetivo de se definir missão reside

em se identificar a razão da sua existência. A idéia é transmitir para todos os

processos e colaboradores da empresa um senso de união de esforços. É através

de uma visão de futuro, um segundo passo da gestão estratégica, que os

administradores podem focar seus esforços e estimar os objetivos estratégicos,

táticos e operacionais a serem atingidos.

Há dois indicadores principais de direção para os quais uma

organização é levada: a missão e os objetivos organizacionais. A missão

15

organizacional é a finalidade de uma organização ou a razão de sua

existência. Os objetivos são as metas das organizações (ALDAY, 2000, p.

14).

Os objetivos estratégicos são parâmetros importantes para o desenvolvimento

de produtos. Se, por exemplo, a empresa precisa atingir um aumento de 30 % na

participação em determinado segmento de mercado, então a área de

desenvolvimento de produtos deve focar seus esforços, juntamente com o setor de

marketing, no sentido de se identificar os desejos dos clientes nesse mercado, as

principais características dos produtos da empresa destinados ao setor e avaliar o

posicionamento dos produtos da organização em relação aos da concorrência. Tudo

isso com o objetivo de melhorar os produtos existentes ou desenvolver novos

produtos para o mercado em questão, de forma aumentar a sua participação. No

próximo tópico será apresentada como se dá essa relação entre o planejamento

estratégico e o processo de desenvolvimento de produtos.

2 O PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS E AS IMPLICAÇÕES

ESTRATÉGICAS

As necessidades dos consumidores são satisfeitas através dos produtos e

serviços oferecidos pelas empresas. De forma a melhorar a capacidade de atender

os desejos dos seus clientes, e assim gerar resultado para investidores, acionistas e

grupos de interesse, as organizações necessitam monitorar constantemente seus

competidores, produtos e mercados.

16

Cabe a área de desenvolvimento de produto, através dos seus processos, em

conjunto com o setor de marketing, identificar os problemas atuais e os possíveis

problemas futuros dos clientes de forma a desenvolver produtos e serviços mais

adequados à realidade dos mercados onde a empresa atua.

O objetivo de projetar produtos e serviços é satisfazer aos

consumidores, atendendo a suas necessidades e expectativas atuais e/ou

futuras. Isso, por sua vez, melhora a competitividade da organização

(SLACK, 2002, p. 139).

Aliado a isso, surge a necessidade de se montar sistemas de

acompanhamento das variáveis ambientas, externas a empresa, tais como as

mudanças demográficas, tecnologia, legislação, indicadores macroeconômicos,

alterações antropométricas da população, concorrência, produtos substitutos,

barreiras a entrada, entre outros. Assim como as variáveis internas da empresa, tais

como os processos internos, linha de produtos, capital intelectual, ciclo de vida dos

produtos, tecnologia de processo, recursos disponíveis, entre outros. O processo de

gestão estratégica procura monitorar esses movimentos e mudanças que ocorrem

nos ambientes interno e externo da organização.

Em razão da necessidade de informação e de acompanhamento, tanto por

parte do processo de desenvolvimento de produtos como do planejamento

estratégico, se torna desejável que os sistemas trabalhem em sinergia, cada um

fornecendo informação para o outro. Na realidade, é natural que a gestão

estratégica oriente as ações do PDP, de forma a maximizar os recursos envolvidos

tanto no próprio desenvolvimento de produtos como no próprio processo de

fabricação e comercialização.

17

Esse contexto torna-se ainda mais relevante quando se sabe que uma grande

parte do custo dos produtos pode ser atribuída às etapas iniciais do seu processo de

desenvolvimento. Romeiro Filho et al (2009, p. 263) comentam que entre 80% e

90% do custo de um produto depende principalmente das decisões tomadas nos

estágios iniciais do processo de desenvolvimento de produtos.

Dessa forma, uma vez que as decisões são tomadas, sejam decisões

estratégicas ou de projeto, e o produto chegue ao mercado, a margem para redução

dos custos é muito menor. Esse fator pode significar inclusive a necessidade de se

incorrer em prejuízos operacionais durante a fase de introdução do produto.

Também importante é a relação entre geração de novas idéias e a quantidade

de produtos que efetivamente chegam com sucesso ao mercado. Na prática a

empresa precisa gerar uma grande quantidade de idéias que, por sua vez, vão

passando pelas diversas etapas do PDP até que somente uma pequena parte chega

ao mercado. Romeiro et al (2009) comenta que esse efeito foi inicialmente proposto

pelo modelo de funil de desenvolvimento de Clark e Wheewright (apud Romeiro et

al, 2009).

Por esse modelo, as estratégias de mercado e estratégias tecnológicas

influenciam uma grande quantidade de novos projetos. Na medida em que vão

passando pelas fases do PDP, os projetos vão sendo descartados ou seguem para

as fases seguintes, de conformidade com a sua viabilidade técnica, econômica ou

de mercado.

Também é relevante comentar que esse processo certamente é influenciado

pela própria gestão estratégica da organização, uma vez que devem ser

18

selecionados aqueles projetos mais aderentes às realidades dos ambientes externo

e interno da organização.

Os gates servem como pontos de verificação de controle de

qualidade, atuando como pontos de decisão se o projeto continua ou deve

ser abortado; são predefinidos e especificam um conjunto de atividades a

ser cumprida para o estágio em análise uma série de critérios ou outputs.

(Romeiro et al, 2009, p. 23).

Dessa forma, o processo de escolha dos produtos que devem seguir no

processo de desenvolvimento necessita estar em sintonia com a estratégia

corporativa. Em relação a esse ponto Rosenfeld et al (2006, p. 57) comentam que

“se o processo de desenvolvimento não possui uma forte conexão com a estratégia,

todo o esforço técnico e de monitoramento do mercado realizado nas fases

seguintes corre grande risco de se dispersar, comprometendo o futuro da empresa”.

Os autores Rosenfeld et al ( 2006, p. 57) também comentam a respeito da

importância do desdobramento das metas financeiras, e organizacionais de longo

prazo, até a definição de uma linha de produtos como critério de priorização de

projetos. Em relação a esse aspecto, o presente trabalho pretende realizar uma

análise, já a partir do próximo tópico, enfocando o método do Balanced Scorecard

(BSC). Nessa técnica a dimensão financeira também é desdobrada, através de

relações de causa e efeito, em ações e indicadores concretos de forma a criar uma

sinergia entre os processos empresariais e os objetivos organizacionais. A idéia é

estudar as relações existentes entre os modelos de PDP e BSC.

3 O DESDOBRAMENTO ESTRATÉGICO ATRAVÉS DO BALANCED

SCORECARD (BSC)

19

A necessidade de se medir o desempenho empresarial surge com o próprio

conceito de administração. O conceito de medição de desempenho está presente

em praticamente todos os modelos organizacionais desde os primeiros estudos na

área de produção e de administração. Os primeiros estudos ditos científicos

realizados por Taylor, que posteriormente deram origem a teoria da administração

científica, visavam, sobretudo, aumentar o desempenho e redução do esforço

humano a partir de medições de desempenho. Taylor procurava avaliar o

desempenho dos funcionários aplicando mudança dos métodos de trabalho e nas

ferramentas de trabalho.

Nesses primeiros ensaios de sistemas de medição de desempenho Taylor

não se preocupava muito com as mudanças ambientais nem com a formalização de

modelos que relacionados com a sobrevivência de longo prazo da organização.

Atualmente, com mercados cada vez mais instáveis e com consumidores mais

conscientes e informados, as empresa precisam estabelecer novos métodos

capazes de captar e internalizar em seus processos as alterações no ambiente de

negócio em que as linhas de produtos da organização estão inseridas.

Com o desenvolvimento do sistema de gestão estratégica ocorrido nas

décadas de 1970 e 1980, as organizações, inclusive as públicas, passaram a focar

seus esforços na implementação e gestão do planejamento estratégico. O principal

objetivo é a sobrevivência de longo prazo da instituição. O grande entrave

identificado pelos gestores era encontrar um conjunto de medidas adequadas para

acompanhar a execução de planejamento estratégico, uma vez que de nada adianta

somente elaborar um plano sem colocá-lo efetivamente em prática.

20

Outro problema na utilização de métricas está relacionado aos resultados de

curto prazo, é comum utilizar indicadores estratégicos que favorecem os resultados

de curto prazo em detrimento da sobrevivência de longo prazo da organização. Caso

a empresa reduza o investimento em pesquisa e desenvolvimento de novos

produtos, por exemplo, ela pode aumentar inicialmente o seu lucro de curto prazo,

visto que esses custos irão ser reduzidos. Todavia, no longo prazo, a organização

pode enfrentar problemas de venda, na medida em que a linha de produtos pode vir

a ficar obsoleta, ou pouco desejável pelos clientes.

Dessa forma, se empresa utiliza apenas indicadores financeiro para a

implementação e acompanhamento da sua estratégia de mercado, ela pode gerar

resultados positivos no curto prazo, podendo, entretanto comprometer os resultados

de exercícios futuros. Como o objetivo principal de alinhar os interesses de longo

prazo da organização e comunicar a estratégia a todos o níveis hierárquicos através

de indicadores de desempenho, foi desenvolvido, no início da década de 1990,

através dos trabalhos dos professores Kaplan e Norton o Balanced Scorecard.

Segundo Kaplan (1994, p. 1) “Increasingly, innovative firms are using a balanced

scorecard of performance to identify and communicate key factors that drive future

values”.

Segundo os autores, todo o processo de planejamento estratégico pode ser

entendido como uma rede de causa e efeito, que em conjunto interage com os

processos empresariais em suas diversas dimensões organizacionais. Kaplan e

Norton (1996) comentam que os indicadores do BSC devem ser mais que um

conjunto de números a serem avaliados. A idéia é que esses sejam construídos de

21

forma balanceada e associados aos objetivos organizacionais de forma consistente

e integrados através de uma relação de causa e efeito.

For the Balanced Scorecard to serve this purpose, it must be more

than a collection of critical indicators or key success factors. The multiple

measures on a properly constructed Balanced Scorecard should consist of a

linked series of objectives and measures that are both consistent and

mutually reinforcing. The scorecard should incorporate the complex set of

cause-and-effect relationships among outcome measures and the

performance drivers of the outcomes that describe the trajectory of the

strategy (Kaplan e Norton, 1996, p. 3).

Exemplificando essa relação, os administradores poderiam estipular um

objetivo financeiro de atingir um aumento de 15% no lucro anual para os próximos 5

anos. Para se atingir o lucro a empresa poderia estipular uma redução nos custos da

ordem de 5 % ao ano e um aumento nas receitas de 20 % ao ano para o mesmo

período.

Para aumentar a receita, entretanto, os clientes teriam que estar satisfeitos

com os produtos e serviços que a empresa produz. Um indicado para a satisfação

dos consumidores poderia ser uma pesquisa mensal de satisfação, ou mesmo

através do monitoramento das reclamações feitas no serviço de atendimento ao

cliente.

Todavia, para que os clientes fiquem satisfeitos é necessário o monitoramento

dos processos, não só de atendimento, mas também todos aqueles que possam

melhorar a satisfação dos clientes. Algumas medidas, ou direcionamentos poderiam

ser feitos, tais como o desenvolvimento de produtos com design e funcionalidade

22

superior ao de mercado, atendimentos mais rápidos ou mesmo produtos mais

robustos, seguros ou ambientalmente corretos. Assim sendo, a organização poderia

estabelecer também outro conjunto de indicadores para esses processos internos.

Da mesma forma, para que os processos internos consigam efetivamente

contribuir com os objetivos da organização é necessário que os mesmos tenham a

capacidade de aprender com os erros, de forma a melhorar e inovar

constantemente. Assim, também se torna necessário desenvolver habilidades e

conhecimentos, contratar profissionais, treinar e motivar os colaboradores da

organização. Nesse caso, a empresa poderia também ter um conjunto de medições

relacionadas à quarta dimensão estratégica.

O exemplo de encadeamento de indicadores e de objetivos estratégicos

acima apresentados reflete de forma prática as quatro dimensões dos sistemas

BSC: dimensão financeira; dimensão clientes; dimensão processos internos;

inovação, aprendizagem e crescimento.

Analisando-se essas as quatro dimensões, a luz do processo de

desenvolvimento de produtos, certamente as dimensões clientes e inovação e

aprendizagem são as que mais possuem ligação com as atividades relacionadas

com essa importante função organizacional.

A necessidade de inovação, não somente aquela radical, mas também, e

principalmente, as incrementais, são fundamentais para a melhoria dos produtos da

empresa. Não somente a inovação, mas também o próprio aprendizado (quarta

dimensão do BSC) se torna importante.

De certa forma, a própria indústria automobilística e aeroespacial brasileira é

um exemplo. Ao longo dos últimos 20 anos, logo após a abertura econômica dos

23

anos 1990 e do conseqüente aumento da concorrência com produtos mais

atualizados, a situação ambiental forçou essas indústrias a montarem estruturas

mais modernas em termos de equipamentos, pessoal e processos mais eficientes de

forma a desenvolver produtos para um consumidor também mais exigente.

Outra ligação possível dessa quarta dimensão com o PDP seria com o tempo

de desenvolvimento dos produtos. Na medida em que se consegue reduzir o tempo

para que um determinado produto chegue ao mercado, a organização pode

melhorar a satisfação do cliente com uma linha de produtos mais atualizada.

Consumidores esses que certamente tenderiam a comprar mais da empresa, que,

por sua vez, teria melhores resultados e aumentaria mais rapidamente o valor de

longo prazo para os proprietários. Dessa forma é possível perceber um ciclo

virtuoso, com produtos sendo desenvolvidos mais rapidamente de forma a atender

as reais necessidades dos clientes, que por sua vez, compram produtos, que geral

lucro, que pode ser investido em novos produtos.

Kaminski e Vizioli (2002, p. 20) elencam uma série de objetivos para o setor

de desenvolvimento de produtos de acordo com as quatro dimensões do BSC:

a) perspectiva Financeira: redução do custo de desenvolvimento de produtos e

crescimento da Marge de lucro ao longo do ciclo de vida do produto;

b) perspectiva dos clientes: focar nos desejos dos consumidores, foco na

qualidade do produto, foco na cadeia de valor e conhecimento da destinação

final dos produtos;

c) perspectiva dos processos internos: foco no desempenho dos elementos

chave no processo de desenvolvimento de produtos e o aprimoramento nas

ferramentas de desenvolvimento; e.

24

d) perspectiva de aprendizagem e crescimento: redução no tempo de

desenvolvimento e de lançamento do produto, inovar e criar opções de

gratificação e o desenvolvimento de novas metodologias para melhorar

inovação.

A dimensão clientes do BSC, portanto, é fundamental para qualquer processo

de desenvolvimento de produtos. É para eles que os engenheiros, técnicos e demais

profissionais envolvidos criam e melhoram os produtos da empresa. Não teria

sentido falar em desenvolver produtos se não fosse para que os mesmos fossem

usados e consumidos pelos clientes da organização. É com base nos seus desejos

atuais e futuros, em conjunto com a evolução da ciência e da tecnologia, que se

desenvolvem produtos dentro de uma organização.

De forma alinhavar melhor a relação dessa dimensão com o Processo de

Desenvolvimento de Produtos, o próximo tópico irá apresentar e avaliar a ferramenta

Quality Function Deployment (QFD), que tem como um dos seus objetivos traduzir

nas características dos produtos os desejos dos consumidores.

4 QUALITY FUNCTION DEPLOYMENT (QFD) E O PLANEJAMENTO

ESTRATÉGICO DO PRODUTO: A INTERAÇÃO ENTRE O QFD/PDP E O

PROCESSO DE DESDOBRAMENTO DO BSC

25

A necessidade de se avaliar os desejos dos consumidores para, a partir

deles, desenvolver produtos de sucesso é um dos grandes desafios das empresas.

A área de marketing visa principalmente identificar esses desejos, muitas das vezes

na forma de problemas, de maneira a dimensionar os mercados e desenvolver

soluções, na forma de produtos e serviços.

Uma das ferramentas de grande sucesso para relacionar esses desejos com

as características mais importantes dos produtos é o desdobramento da função

qualidade, ou QFD (Quality Function Deployment). Segundo Romeiro Filho et al

(2009) a técnica pode ser considerada uma das mais importantes para o

desenvolvimento de produtos e serviços. Inicialmente formulado para apoiar

programas de qualidade no Japão, visava traduzir em especificação dos produtos os

requisitos dos clientes.

Romeiro Filho et al (2009, p. 308) define o método como “Um processo

estruturado no qual os requisitos dos clientes (suas necessidades e expectativas)

são transferidos para as fases do desenvolvimento de um novo produto”. Ele

consiste de uma, ou mais, matrizes, onde tanto as características dos produtos

como os desejos dos clientes são relacionados, de forma a identificar as principais

relações existentes e quais fatores devem ser priorizados, levando-se em conta a

importância de cada um deles.

A técnica, entretanto, não recomendada para ser usada isoladamente,

conforme Romeiro Filho et al (2009) é desejável que ela seja usada em conjunto

com o apoio de outras áreas, tal como o setor de marketing da empresa. A

ferramenta também é importante do ponto de vista da gestão estratégica, uma vez

26

que busca informação junto aos consumidores da organização, contribuindo assim

para um melhor direcionamento das ações do planejamento estratégico.

Na medida em que a técnica faz parte dos instrumentos disponíveis para o

desenvolvimento de novos produtos, e fornece informações relevantes sobre os

consumidores, sua aplicação implica também na necessidade de se alinhar sua

utilização com os desdobramentos do sistema de planejamento da organização.

Busca-se neste tópico entender as possíveis relações existentes entre QFD/PDP e o

processo de desdobramento do BSC.

Conforme visto anteriormente as dimensões estratégicas do BSC devem estar

alinhadas com os objetivos de longo prazo da organização. Martini e Trabasso

(2006) propõem que isso seja feito a partir do que eles denominaram Product

Strategic Development (PSP), ou desenvolvimento estratégico do produto. No

trabalho os autores procuram inicialmente fazer uma análise comparativa entre o

BSC e a técnica do QFD. Segundo eles, enquanto o BSC deve envolver todos os

setores, ou funções organizacionais, o QFD está restrito principalmente as

atividades de desenvolvimento de produtos.

Em função do envolvimento dos desejos dos clientes na montagem da matriz

QFD, é possível identificar sua relação com a dimensão clientes do BSC. Na medida

em que são definidos objetivos e indicadores estratégicos para essa dimensão, todo

o processo de desenvolvimento também deve se alinhar a eles, inclusive através da

técnica do desdobramento da função qualidade.

Dessa forma, quando se está identificando os desejos dos clientes atuais, ou

potenciais, de um determinado produto da empresa, deve-se se analisar como essa

necessidade poderiam interferir positivamente ou negativamente nos objetivos e

27

indicadores do BSC para essa dimensão. Os fatores que reforçam ou facilitam a

empresa atingir seus objetivos estratégicos deveriam, portanto, serem pontuados na

matriz QFD com um peso maior.

Usando o mesmo raciocínio, os fatores levantados a partir da opinião dos

clientes, que reforcem negativamente, ou dificultem a empresa atingir os seus

objetivos estratégicos, também devem ser pontuados com peso maior. Dessa forma,

os projetistas de produtos e os profissionais de marketing podem concentrar ou

priorizar esforços em uma gama reduzida de características importantes.

Martini e Trabasso (2006) trabalham a relação entre o BSC e a matriz QFD

através do que os autores denominaram Matrix 0, ou uma matriz anterior a matriz do

QFD. Pelo método, antes da montagem dessa Matriz 0, a organização deve montar

um conjunto de indicadores para as dimensões do BSC. Os autores trabalharam

essa relação em função das dimensões financeira e dos clientes.

Segundo o método desenvolvido, após o levantamento dos indicadores deve-

se avaliar para cada indicador a sua importância (de 1 a 5) e o nível de melhoria

desejado (acima ou abaixo de 1,00). Em função dos indicadores, deve-se relacioná-

los com os desejos dos consumidores atribuindo um atributo para cada relação

indicador/desejo do cliente. A escala de valores deve ser feita de forma a identificar

aquelas relações mais fortes, com peso 9, sendo atribuído como essencial, nota 3

para aquelas relações de importância média e nota 1 para as de menor importância.

Ainda segundo o método desenvolvido Martini e Trabasso (2006), deve-se

calcular o Índice final de importância dos desejos dos clientes. Esse indicador de

importância é calculado a partir da somatória da multiplicação entre o grau de

importância, o nível de melhoria e peso para cada relação indicador/desejo. Dessa

28

forma, o resultado final será um número que irá refletir os mais importantes desejos

dos clientes, quanto maior mais relevantes serão as necessidades dos clientes.

Analisando o método proposto por Martini e Trabasso (2006), é acertado

afirmar que os autores focaram nos desejos dos clientes e nas duas dimensões do

BSC. Entretanto, na matrix 0 não está sendo avaliada a característica do produto,

fator importante para um estudo do desdobramento da função qualidade. Também

não são levadas em consideração as possíveis necessidades futuras dos clientes.

Outra maneira de se avaliar a relação entre o planejamento estratégico e o

processo de desenvolvimento de produto é através da própria linha de produtos e

das competências existentes na empresa. Os esforços estratégicos buscam

efetivamente concentrar esforços naquilo em que a organização sabe fazer melhor,

além de buscar desenvolver competências em ares importantes para o

posicionamento no mercado.

Dessa forma, uma empresa como a EMBRAER não teria condição de

desenvolver capacitação para produzir todos os componentes de uma aeronave. Na

realidade, nesse tipo de indústria, uma das competências mais importantes,

naturalmente além do desenvolvimento do produto, é a capacidade de planejar e

gerenciar os esforços de um grande número de fornecedores e parceiros no mundo

inteiro.

Para tanto, a empresa EMBRAER desenvolveu ao longo das últimas décadas

a capacidade de projetar e construir aviões de médio porte, produto destinado

principalmente para a aviação regional. A empresa identificou a carência de

produtos para esse segmento e buscou, além de aprimorar as competências

necessárias para projetar, produzir e comercializar esse tipo de aeronave, identificar

29

as necessidades dos principais clientes. Correlacionando esses dois fatores, a

empresa conseguir atingir grande sucesso através desse alinhamento estratégico no

desenvolvimento de produto. Caso os projetistas da empresa, mesmo diante da

orientação estratégica de concentrar esforços em aviões de médio porte, tivessem

desenvolvido também produtos para a aviação de grande porte, possivelmente a

empresa não teria tido o êxito que obteve.

5 UM PROPOSTA TEÓRICA PARA O DESDOBRAMENTO ESTRATÉGICO NO

PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS

Conforme visto nas partes dois e três deste trabalho, o processo de

desenvolvimento de produtos, sendo um dos mais importantes para a sobrevivência

de longo prazo da organização, deve estar em estreita sintonia com o seu

Planejamento Estratégico. Junto com a idéia de se desdobrar o PE, de forma a

operacionalizá-lo, surge a dificuldade de se alinhar esse esforço aos indicadores e

os desejos dos clientes, que por sua vez estão em constante mudança. Para tanto,

esse tópico apresenta uma contribuição através de um modelo alternativo para o

desdobramento do planejamento estratégico em função dos objetivos do BSC.

Inicialmente, a partir do planejamento estratégico, são elencados objetivos a

serem atingidos, que por sua vez podem ser monitorados através de métricas

próprias. Para o modelo proposto, a idéia é apontar indicadores objetivos e

eficientes, alinhavá-los com os desejos e necessidades dos consumidores e

associar com as características dos produtos atuais e futuros da empresa.

30

Supondo, por exemplo, que a empresa tenha elencado como um dos

objetivos estratégicos um aumento do lucro e da receita da ordem de 15% ao ano

durante os próximos 5 anos para uma determinada linha de produtos. Para atingir

esse resultado, portanto, a empresa deveria priorizar a melhoria e o

desenvolvimento de produtos que tenham potencial maior para a geração de receita

e/ou de lucro. Supondo que sejam somente quatro produtos para essa linha,

conforme quadro 1 (a seguir).

Participação atual nos

lucros

Participação atual na

receita

Produto A 0,40 0,20

Produto B 0,30 0,10

Produto C 0,15 0,10

Produto D 0,15 0,60

Quadro 1 - participação nos lucros e nas receitas atuais

Vê-se que para o objetivo lucro o produto A apresenta melhor contribuição, já

para o objetivo aumento na receita o produto D é o que está tendo a maior

participação. Essa avaliação inicial, entretanto, não reflete a priorização que deva

ser dada, na medida em que pode acontecer que o produto A já esteja na fase

madura do seu ciclo de vida, contribuindo muito com o lucro atual, porém pode ser

que não venha a contribuir da mesma forma com os resultados futuros.

Assim sendo, um segundo alinhamento deveria ocorrer através da avaliação

dos potenciais de aumento no faturamento de no lucro futuro. Propõem-se seguintes

critérios para a efetivação da análise:

31

a) estágio do ciclo de vida;

b) potencial de aumento da demanda pelo produto;

c) potencial de colocação em outros mercados, como por exemplo, o

mercado exterior;

d) capacidade de redução dos custos e/ou aumento no preço de venda;

e) nível de concorrência e de produtos substitutos;

f) capacidade de geração de receita e lucros de produtos ou serviços

complementares da empresa, como venda de peças e serviços de

manutenção; e

g) possíveis novas utilizações para os produtos.

Após a avaliação de cada um dos critérios anteriores os avaliadores deveriam

pontuar os efeitos futuros de cada um deles na formação do lucro e na receita. De

forma que, uma pontuação 5 seria máxima contribuição e 1 seria a mínima. O

somatório das pontuações resultaria no indicador da capacidade dos produtos para

se alcançar os objetivos estratégicos propostos. Conforme os critérios elencados

esse indicador poderia atingir um valor máximo de 40 pontos.

No exemplo do quadro 2, apresentado abaixo, foram analisados para o

produto A do exemplo cada um dos critérios propostos. No exemplo, os fatores que

mais influenciaram o potencial de aumento no lucro, como nota máxima (5), foi o

potencial de aumento da demanda pelo produto e o nível de concorrência e de

produtos substitutos. Por outro lado, o produto analisado possui baixa possibilidade

de colocação em outros mercados, pois a nota atribuída ao fator de potencial de

colocação em outros mercados (2), como o mercado exterior, foi uma das menores.

32

Potencial de

aumento no

lucro

Potencial de

aumento na

receita

estágio do ciclo de vida 2 3

potencial de aumento da demanda pelo

produto 5 4

potencial de colocação em outros

mercados, como por exemplo o mercado

exterior 2 3

capacidade de redução dos custos ou

aumento no preço de venda 3 1

nível de concorrência e de produtos

substitutos 5 1

capacidade de geração de receita e

lucros de produtos ou serviços

complementares da empresa, como

venda de peças e serviços de

manutenção 4 1

possíveis novas utilizações para o

produtos 3 5

Capacidade de contribuição total 24 18

Quadro 2 - indicador de potencial de geração de receita e lucro

33

Após a avaliação de cada um dos critérios para todos os produtos, seria

possível identificar a contribuição geral de todos os produtos para os dois objetivos

estratégicos propostos, conforme quadro abaixo.

Potencial de aumento

no lucro

Potencial de aumento

na receita

Produto A 24 18

Produto B 15 25

Produto C 21 39

Produto D 31 26

Quadro 3 - potencial de participação futuro nos lucros e receitas para todos os produtos

A partir desse exemplo hipotético, os administradores deveriam priorizar o

produto D para o objetivo de aumento no lucro e o produto C para o aumento na

receita. Todavia, não significa dizer quer a contribuição dos outros produtos não seja

importante, é apenas uma forma de focar esforços e recursos da organização

naqueles produtos que mais iriam contribuir com os objetivos elencados,

proporcionando dessa forma um melhor alinhamento com os objetivos estratégicos

da organização. Caso a empresa formulasse outros objetivos estes serviriam para a

priorização de outros produtos, aplicando para tanto uma nova análise conforme

modelo proposto anteriormente.

Tendo feita essa avaliação, que poderia ser realizada também entre

mercados ou segmentos em que a empresa esteja atuando, o próximo passo é

34

identificar e estudar os consumidores e as suas necessidades para os produtos a

serem priorizados.

Pretende-se montar um sistema de alinhamento dos desejos dos clientes

com os objetivos estratégicos e o processo de desenvolvimento de produtos. Para

tanto, sugere-se inicialmente, mesmo antes da elaboração dos indicadores para a

dimensão clientes do BSC, que esses sejam identificados. Ou seja, que a empresa

procure identificar quais são seus clientes, seus hábitos, desejos e necessidades. A

idéia é levantar seus desejos atuais e futuros conforme quadro abaixo.

Necessidades

atendidas

atualmente

Necessidades

Futuras

Produto C

Necessidade 1

Necessidade 2

Necessidade 3

Necessidade 1

Necessidade 5

Produto D

Necessidade 1

Necessidade 3

Necessidade 4

Necessidade 1

Necessidade 4

Quadro 4 - matriz necessidades futuras x produtos

Como se percebe no exemplo acima, a necessidade 1 está sendo atendida

tanto pelo produto C como pelo D, também essa necessidade irá ser importante no

futuro, pois também continuará a ser importante para ambos os produtos. Dessa

forma, no projeto dos dois produtos os técnicos devem considerar essa necessidade

como importante.

35

Já as necessidades 2 e 3 são importantes atualmente, mas não serão no

futuro. A necessidade 5 deve ser levada em conta no futuro somente para o produto

C e a necessidade 4 é importante hoje e será também no futuro somente para o

produto D. dessa forma, é possível fazer a mesma avaliação para os dois outros

produtos.

O próximo passo é tentar mensurar todas as necessidades levantadas, de

forma avaliar e ordenar em ordem de importância. A idéia é calcular um indicador

geral para cada necessidade atual e futura, considerando cada objetivo estratégico,

seja da dimensão cliente, financeira, de processos internos ou mesmo de

aprendizagem e crescimento.

No exemplo proposto no quadro 5, o objetivo estratégico que está sendo

ponderado é o potencial de aumento nos lucros dos produtos. O total para cada

necessidade é obtido através do somatório da multiplicação de uma nota dada para

cada uma delas, que poderia variar de 0 a 9, pelo índice potencial de geração de

lucro futuro (indicador estratégico do BSC) calculado anteriormente.

Atuais Futuras

36

Indicador

estratégico

potencial de

aumento no

lucro

Nec

essi

dad

e 1

Nec

essi

dad

e 2

Nec

essi

dad

e 3

Nec

essi

dad

e 4

Nec

essi

dad

e 5

Nec

essi

dad

e 6

Nec

essi

dad

e 1

Nec

essi

dad

e 2

Nec

essi

dad

e 3

Nec

essi

dad

e 4

Nec

essi

dad

e 5

Nec

essi

dad

e 6

Produto A 24 2 0 1 6 2 3 4 5 4 4 7 1

Produto B 15 6 4 3 6 8 4 5 5 1 5 4 3

Produto C 21 7 4 5 0 0 0 4 0 0 0 7 0

Produto D 31 6 0 9 1 0 0 5 0 0 8 0 0

Total 471 144 453 265 168 132 410 195 111 419 375 69

Quadro 5 - matriz da relação entre o indicador estratégico do BSC e as necessidades

Com a obtenção desse grau de importância de cada uma das necessidades

dos consumidores ponderando-se pelos indicadores estratégicos, o próximo passo

será a utilização destes valores para realização de uma matriz QFD tradicional, onde

será realizada a correlação de cada um das necessidades atuais e futuras dos

consumidores, ponderadas pelos pesos calculados no quadro 5, para cada

característica técnica do produto.

Conforme visto nesse quinto tópico, a idéia central do modelo é tentar

relacionar os objetivos estratégicos com as necessidades dos consumidores, de

forma a priorizar certas necessidades dos consumidores e produtos. Todavia, é

necessário dizer que o modelo acima proposto ainda se trata de um esboço inicial,

não tendo sido ainda posto em teste com casos reais de forma a avaliar a sua

viabilidade.

37

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir da realização deste trabalho de revisão teórica, bem como de

avaliação da aderência das técnicas expostas ao planejamento estratégico, é

possível verificar a importância do tema para a sobrevivência de longo prazo das

organizações. Com o atual nível de concorrência existente na maioria dos mercados,

as empresas, cada vez mais, precisam desenvolver capacidades adaptativas em

seus processos e produtos de forma a ajustá-los aos desejos dos consumidores,

também cada vez mais exigentes e segmentados. Certamente as organizações de

sucesso no futuro serão aquelas que conseguirem efetivamente internalizar em seus

sistemas e planejamentos essas características adaptativas.

É um grande desafio para os administradores e engenheiros desenvolver

produtos que, ao mesmo tempo, tenham viabilidade de mercado e possuam a

capacidade de gerar resultados na forma de aumento de valor da empresa,

considerando principalmente a geração de resultado de longo prazo. Com o

desenvolvimento das modernas técnicas de gestão estratégica surgem também as

tentativas de desdobramento dos objetivos organizacionais em nível de processos

de negócio como uma forma efetiva de alinhar as metas futuras da organização com

seus sistemas de gestão.

Dentre os processos mais importantes, principalmente para empresas

industriais, o desdobramento dos objetivos estratégicos para o processo de

desenvolvimento de produto é fundamental para a capacidade de gerar resultado e

de adaptar a organização às mudanças em seu ambiente de negócio.

38

Conclui-se daí que o PDP é um dos processos mais importante para as

organizações. É importante que ele esteja alinhado, ou em sintonia, com as

estratégias da empresa. Também é licito inferir que esse alinhamento entre a

estratégia da organização como o processo de desenvolvimento do produto, ou

mesmo de serviços, é fator chave para a vantagem competitiva e para sobrevivência

de longo prazo.

Conforme visto no trabalho, um dos sistemas mais utilizados atualmente para

o desdobramento dos objetivos estratégicos é o modelo baseado no Balanced

Scoredcard (BSC). O BSC é estruturado em uma cadeia de relação causa e efeito

que, de forma sistêmica, procura gerar os resultados necessários para a

sobrevivência da organização. Conforme visto, essa técnica surge a partir do

desdobramento do Planejamento Estratégico em objetivos relativos às dimensões

financeira, clientes, processos, aprendizagem e crescimento.

Também foi realizada no trabalho uma tentativa de se avaliar as dimensões

mais importantes para o alinhamento do modelo BSC com o PDP. Um dos pontos

analisados foi a relação das dimensões do BSC, principalmente a dimensão cliente,

também muito importante para as especificações necessárias no PDP. Como

comentado, a dimensão cliente pode ser considerada como a dimensão integradora

dos sistemas de planejamento estratégico com os modelos BSC e PDP.

Também relevante no processo de desenvolvimento de produtos é técnica de

desdobramento da função qualidade (QFD). A partir dela os projetistas podem

alinhar e avaliar os desejos dos consumidores com as características dos produtos.

Também relevante na técnica é a comparação com os produtos concorrentes. Neste

estudo o QFD foi apresentado tendo como foco sua relação com os objetivos

39

estratégicos do BSC. Também aqui, de maneira bem clara, a dimensão clientes se

torna relevante para a análise.

Por fim foi proposto no quinto tópico do trabalho um modelo teórico para o

desdobramento dos objetivos estratégicos em diretrizes para o desenvolvimento de

produtos. A idéia central do modelo foi tentar relacionar os objetivos estratégicos

com as necessidades dos consumidores e características dos produtos, de forma a

priorizar certas necessidades dos consumidores e produtos.

Entretanto, é preciso deixar claro que o modelo aqui proposto é apenas

teórico, não tendo sido ainda posto em teste em casos reais. Também não se trata

de uma proposta totalmente desenvolvida, é apenas um ensaio inicial, ou um esboço

preliminar de modelo.

Certamente com a aplicação em casos reais seria possível tanto a avaliação

da sua viabilidade na prática para o planejamento estratégico e para o processo de

desenvolvimento de produtos, como também poderiam surgir melhorias a serem

incorporadas ao modelo.

40

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