literatura de cordel e sustentabilidade: … parceria com a editora imeph, atuou em escolas da rede...
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LITERATURA DE CORDEL E SUSTENTABILIDADE:
FIOS QUE SE ENTRECRUZAM PARA O ENSINO DE CIÊNCIAS
Érica Maria Silva Montenegro de Mélo
Coordenadora Educacional – Secretaria Executiva de Educação do Jaboatão dos
Guararapes, PE.
Este trabalho concerne ao enquadramento científico que recebeu uma ação da Secretaria
de Educação do Jaboatão dos Guararapes, PE em parceria com a Editora IMEPH. O ano
letivo 2011 foi destinado ao trabalho com a sustentabilidade e a cultura de paz, então,
foram orientadas ações que se constituíssem estimuladoras da cultura de paz nas escolas
atreladas às discussões relativas à ideia de meio ambiente. E foi nesse intuito que as
crianças foram convidadas a participar da construção coletiva de um folheto de cordel
que tratasse dessas questões a partir da linguagem poética. Nosso estudo está
fundamentado na perspectiva do currículo de forma interdisciplinar, através da qual a
aprendizagem extrapola a ideia do fechamento proporcionado pelas disciplinas. No caso
do ensino de ciências, é prática comum na rede pública que seja realizado em
consonância com as demais disciplinas, o que, por vezes, relega a esta área a
dependência a outras. No entanto, a perspectiva de trabalho interdisciplinar veicula as
práticas orais e mesmo escritas a partir de um foco, o que em nosso caso, aponta para a
discussão da temática da sustentabilidade, cara a todas as áreas do currículo e da vida
em sociedade. Daí a ideia de atrelar essas discussões dos grupos de crianças à figura
literária da literatura de cordel. O resultado deste trabalho consta de uma produção
coletiva de 24 páginas com ilustrações das crianças, mas o principal produto foi a ideia
de que, estudando ciências de maneira interdisciplinar, é possível construir
competências que vão além das questões relativas ao próprio ensino de ciências, leitura
e produção textual.
Palavras – chave: Ensino de ciências, Literatura de Cordel, Sustentabilidade, Meio
Ambiente
SUSTENTABILIDADE E LITERATURA DE CORDEL: UM CAMINHO PARA
O ENSINO DE CIÊNCIAS ATRAVÉS DA LEITURA E DA PRODUÇÃO DE
TEXTOS
No contexto atual da educação, a ênfase nos processos de alfabetização
linguística e letramento das crianças, bem como na aquisição de competências ligadas
aos fazer matemático acabam por submergir o trabalho com as demais áreas do
currículo escolar. O que poderia ser apenas motivo de lamentação, para muitos
professores torna-se o ponto de partida para repensar o lugar do ensino de ciências
frente aos saberes apresentados às crianças em nossas escolas.
Considerando-se que a escola se constitui a partir do contexto social, nada mais
comum que seu currículo contemple as questões relativas ao que vivenciam as crianças,
sujeitos ativos do processo de ensino aprendizagem. E foi partindo desta premissa, que a
Secretaria de Educação da Prefeitura Municipal do Jaboatão dos Guararapes, em
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parceria com a Editora IMEPH, atuou em escolas da Rede Municipal para discutir com
as crianças os temas sustentabilidade e cultura de paz de uma forma que extrapolasse a
discussão oral ou mesmo a realização de atividades mecânicas.
É partindo desse olhar que corroboramos com o que diz Carvalho (2006), sobre
a relação ensino aprendizagem de ciências, como algo que vai além do mero
conhecimento do conteúdo, já que, sabemos ser necessário a nós, professores, mais que
“ter jogo de cintura, para mantermos os alunos nos olhando e supondo que, enquanto
prestam atenção eles estejam aprendendo” (Ibid. p. 1). É necessário, portanto, incluir o
dizer do sujeito que ora senta para ouvir, ora é ouvido, em suas produções textuais,
sejam estas oriundas de qualquer que sejam as áreas ou disciplinas escolares.
Compreendemos que o ensino de ciências necessita ser repensado, de modo
que sejam tomadas posturas que resgatem o discurso do sujeito, atrelando sua atuação
social á sua vivência escolar.
Partindo da ideia de que “a sustentabilidade é um ideal sistemático que se
perfaz principalmente pela ação, e pela constante busca entre desenvolvimento
econômico e ao mesmo tempo preservação do ecossistema” (ABREU, 2010, p. 1),
discutir esta temática com as crianças da escola pública é torna-los sujeitos sustentáveis
desde a infância, atuantes socialmente, na medida em que são multiplicadores daquilo
que lhes é apresentado.
Cabe à escola a apresentação da ciência em seu cotidiano, fazendo
transposições didáticas que propiciem ao sujeito a transformação natural de seu
conhecimento de mundo em conhecimento científico e vice-versa. Sobre esta questão
afirmam Pozo e Crespo (2009, p. 118),
[...] se o aprendizado da ciência, e junto o ensino dela, tem como meta [...]
dar sentido ao mundo que nos rodeia e entender o sentido do conhecimento
científico e sua evolução do conhecimento cotidiano para o conhecimento
científico, e não apenas conseguir que seja repetido como um mantra redentor
da reprovação, é uma tarefa extremamente complexa e laboriosa.
Essa seja, talvez, uma das maiores dificuldades dos professores, conseguir
transpor as barreiras da atividade puramente científica em uma didática que permita ao
aluno ver-se como produtor desta ciência, fazedor de descobertas.
Nessa perspectiva, Lira (2009) diz que as atividades propostas nas aulas de
ciências devem possibilitar ao aluno a problematização e investigação de fenômenos
vinculados ao seu cotidiano, para que esse seja capaz de dominar e usar os
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conhecimentos construídos nas diferentes esferas de sua vida. Diante desse quadro,
instala-se a problemática do como fazer com que esse conhecimento cientifico circule
na vida das crianças.
Na ideia de levar o estudante a integrar-se ao conhecimento científico de modo
que este passe a fazer parte de sua vida, deparamo-nos com a perspectiva de fazê-lo
através das vivências com os gêneros textuais.
O trabalho com a leitura já é atividade cotidiana nos anos iniciais do ensino
fundamental. Com o propósito de trabalhar com as crianças partindo dos quatro eixos da
língua - leitura, escrita, oralidade, análise linguística (conforme os PCNs de Língua
Portuguesa) – atrela-se a esta perspectiva o trabalho com os gêneros textuais. Nesse
sentido, a pesquisa se inicia como atividade de leitura, coleta de dados, adequação de
informações e tudo o mais que possa integrar o trabalho interdisciplinar.
Como desdobramento do trabalho de pesquisa, a produção coletiva de textos
gera nas crianças uma menor ansiedade e uma capacidade de colocar-se mais
facilmente, ou como diz Gil Neto (1996), dá ao professor a possibilidade de ver o aluno
atuando “do lado de cá da leitura” (p. 67). Sobre a importância da leitura como ponto de
partida, o autor supracitado diz que:
A leitura, por esse ponto de vista, torna-se um grande investimento
pedagógico. É o importante material que circula pelas aulas. É aí que se
retorna o importante papel de orientador do professor para que ocorra o
encontro de leitor com o texto, no sentido de o ler ir impulsionando o leitor e
também o seu escrever (p. 66).
Em outras palavras, essa leitura é capaz de impulsionar o escrever e é esse ato
que oferece ao sujeito a opção de inscrever-se enquanto escreve, assumir publicamente
o seu pensar, condições essenciais para a constituição de uma produção de texto
carregada de sentidos particulares e, portanto, singular. Dentro da concepção de autoria
que tomamos neste trabalho, “textos criativos são sempre autorais e trazem a inscrição
subjetiva, mas nem todo texto autoral com inscrição subjetiva é criativo, pois para tanto,
há que se atender outras questões” (MÉLO, 2010, p. 103).
Ainda atrelados à concepção de que a criança pode constituir-se autora de seu
texto, chamamos a atenção para a necessidade de se pensar na linguagem como campo
de constituição do sujeito, pois como dito por Geraldi (2009), a linguagem é
[...] uma atividade que constitui a própria linguagem e constitui os sujeitos
discursivos não como posições prévias que o sujeito assumiria ou a elas se
submeteria [...] mas sujeitos discursivos porque sua própria consciência é
sígnica, discursivamente construída (p. 216).
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Nessa perspectiva de transpor o aluno em autor de textos, a escola precisa
encontrar caminhos que possibilitem este fazer. O trabalho com os gêneros textuais é,
certamente, uma das condições essenciais para tal.
Diante desse impasse, atrela-se ao trabalho com a leitura e produção de textos
para o ensino de ciências uma diversa gama de gêneros textuais. Desde os mais comuns
aos menos conhecidos, o ensino de ciências pode partir tanto do uso dos meios
eletrônicos como de gêneros mais simples, no que tange à sua apresentação. Este é o
caso, por exemplo, da literatura de cordel.
De extremo refinamento literário, o cordel, como é popularmente conhecido
vem ganhando espaço e relevância em diversas áreas. Na escola não tem sido
diferente... Com o advento desse gênero na mídia em suas mais diversas apresentações e
seguindo a ideia de que a escola traz para dentro de seus muros o contexto social dos
alunos, esse gênero vem aparecendo em livros didáticos e, ainda que timidamente, nas
bibliotecas.
Os folhetos de cordel, quase que em formato padrão (11 x 16cm) já circulam
livremente nas mãos no estudantes, especialmente a partir do momento em que uma
rede de televisão pôs em sua programação diária uma telenovela baseada em diversos
folhetos, chegando inclusiva a apresenta-los em muitas cenas. Mas a própria falta de
conhecimento dos professores e o acesso limitado aos folhetos lhes imprime, por vezes
e para determinado grupo de pessoas, um caráter folclórico, ligado apenas às tradições e
festas populares.
As folhas delicadas, no entanto, vem sendo substituídas por papel reciclado, a
xilogravura dá lugar à impressão em máquinas modernas e, como dizemos poetas, a
literatura de cordel vai, nesse compasso, se fortalecendo e se renovando. É o caso, por
exemplo, dos livros escritos em forma de cordel, nos quais é comumente usado o gênero
sextilha, no qual o poeta escreve em seis versos com sete sílabas poéticas, com rimas do
tipo combinadas (ABCBDB).
Esta mudança de parâmetro em relação à literatura de cordel é destacada por
Mélo (2010, p.70):
Os livrinhos que nas feiras
O sucesso alcançaram
Pelo Brasil inteirinho
Com os poetas já andaram
Nas escolas já estão
E uma boa opinião
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Eles também conquistaram
Professores e alunos
Poetas, vêm trabalhando
Para ver se o cordel
Da escola se aproximando
Vai ampliando a leitura
Faz aumentar a cultura
E mais fãs vai conquistando
Considerando o fato de a literatura de cordel tratar de temáticas próximas ao
cotidiano das crianças, existe em relação ao gênero uma sensação de pertencimento,
posto que o sujeito se constitui a partir de determinada cultura na qual está inserido
(MÉLO, 2010). Sobre isso, acreditamos que:
Essa convocação, ou sedução, é produzida por um conjunto de elementos,
mas acreditamos que é, sobretudo, pela junção da métrica e da rima que,
constituem o ritmo do cordel, que as crianças são seduzidas pela leitura que
ora se confunde com um canto, tamanha a especificidade de sua entoação
(Ibid. p. 94).
É através de atividades como a leitura e a produção de textos a partir de outros
textos que as crianças começam a se constituir participantes do mundo da leitura e da
escrita. Isso se dá, diretamente, por meio das práticas de letramento que adentram a
escola através do trabalho com gêneros literários.
Começando pelos gêneros da modalidade oral, Schneuwly e Dolz (2010)
lembram que, embora esse tipo de atividade esteja bem presente nas rotinas cotidianas,
“afirma-se frequentemente que ela não é ensinada, a não ser incidentalmente, durante
atividades diversas e pouco controladas” (p. 125), o que se confirma na ênfase dada à
produção escrita.
Tomamos, portanto, a literatura de cordel como gênero literário desencadeador
das produções textuais das crianças, pois acreditamos que a escuta dos poemas desse
gênero convoca o sujeito a se inscrever.
E nesse sentido, atrelada ao ensino de ciências, a leitura de poemas pode
impulsionar a produção de textos com conteúdo científico, passíveis de circular no meio
social a partir da autoria das próprias crianças. Nesse sentido, tanto o autor quanto os
leitores se encontram por meio da linguagem científica que surge do ambiente escolar e
suas vivências.
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METODOLOGIA
Este trabalho foi realizado com 60 crianças de três escolas da Rede Municipal
do Jaboatão dos Guararapes, alunos do segundo ciclo do Ensino Fundamental. O intuito
deste trabalho foi propiciar às crianças a possibilidade de se tornarem ao mesmo tempo
leitores e escritores do gênero poema.
As atividades foram pensadas a partir das ideias de Schneuwly e Dolz (2010)
para a montagem de sequências didáticas. Assim, privilegiando a temática da
sustentabilidade e da cultura de paz, as crianças e seus professores eram convidados a
mergulhar no universo do cordel, ouvindo, lendo, olhando xilogravuras e desenhos e,
inclusive, confeccionando suas próprias xilogravuras, como aconteceu em uma das
turmas, por iniciativa da professora.
Com o apoio da Secretaria de Educação e em parceria com a Editora IMEPH,
que produziu os livros, planejamos com os professores uma sequencia didática
composta pro quatro encontros, com diversas rodas de leitura atreladas à temática da
sustentabilidade, intercaladas às atividades de ciências que eles vinham trabalhando no
cotidiano escolar.
Cada Roda de leitura partia de um dos livros que faziam parte do kit de livros
do Programa Nas Ondas da Leitura, que distribuiu para as crianças deste ciclo, kits com
sete livros de literatura infantil, sendo três deles em cordel, a saber: A raposa e o
cancão, Uma aventura na Amazônia e Os animais tem razão. Foram lidos ainda
alguns folhetos de cordel pelos professores, em outros momentos, a fim de fomentar o
gosto e a curiosidade em relação ao gênero cordel.
Aquilo que era apenas oral, leitura da boca de outro, passou a integrar o
cotidiano das crianças a partir de melodias adaptadas de outras canções e mesmo de
ritmos criados por eles para os poemas.
Como nos lembram Schneuwly e Dolz (2010, p.127), “o oral reporta-se à
linguagem falada” e foi assim que originou-se o trabalho com os folhetos. Primeiro as
declamações, depois a leitura, a exploração das imagens e, numa última etapa, a escrita
dos textos de forma coletiva em um papel bem grande que ficava às vistas das crianças,
para que pudessem rever, opinar, revisar, mexer, criar.
Ao final dos quatro momentos foi produzido um poema coletivo, no qual foram
abordadas questões relativas à sustentabilidade como promotora da construção de uma
cultura de paz com a terra, com o meio ambiente, tais como a redução,
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reaproveitamento e reciclagem dos materiais, a possibilidade de se produzir sabão em
barra com óleo de cozinha usado e a conscientização para a economia de água.
De modo geral, observamos nos textos das crianças o eco do discurso social
que grita pela reconstrução do planeta terra, mas vimos também outras vozes, de si
mesmos, buscando se colocar perante o texto, expondo suas ideias e seu cotidiano,
transformando tudo isso em saberes.
Surgiram também muitas questões retratadas a partir das atividades de ciências
realizadas em sala, como o caso das doenças provocadas pela falta de higiene e
cuidados com o ambiente. Em outras palavras, mais que produzir um texto apenas a
partir dos outros que ouviram, as crianças tiveram a oportunidade de se colocarem como
autores, exercitando, inclusive, a revisão textual e a reescrita de diversas estrofes.
Um ponto importante a ser destacado é a obediência à métrica, na contagem
das sete sílabas poéticas, o que deu ao poema construído pelas crianças uma cadência na
leitura, uma beleza e organização. Isso se deu pela mediação que realizamos enquanto
cordelista, embora tenhamos interferido o mínimo possível, tanto que se vê, vez por
outra, alguns versos de “pé-quebrado”, denominação usada pelos poetas para nomear os
versos que ultrapassam ou não alcançam a quantidade de sílabas poéticas estabelecidas
na estrutura do poema.
Num último momento, coordenado apenas por uma das professoras, as crianças
produziram ilustrações sobre uma parte do poema. E tão lindas ficaram, resolvemos
encaminha-los à Editora para que pudessem ilustrar o trabalho. E, por fim, a Editora
IMEPH editou aquele que, segundo a fala de uma das crianças, era seu maior orgulho:
um livro!
O poema Sustentabilidade e Cultura de Paz transformou-se num lindo livro,
cuja capa e trechos estão dispostos nos anexos, com 24 páginas ricamente ilustradas
com os desenhos coloridos das crianças, com fotos das turmas e dos professores e com a
certeza de que a escola pública é o lugar possível para descobrir que as aulas de ciências
são mais que simples oratória e que todos nós sabemos como se pode escrever uma
história a muitas mãos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O trabalho sobre sustentabilidade foi o norte para que as aulas de ciências não
fossem apenas mais um copiar de anotações. As discussões realizadas pelas crianças e
seus professores, bem como as pesquisas que impulsionaram a produção escrita foram o
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caminho para um pensar interdisciplinar em que se atrelaram as questões relativas a dois
pontos nevrálgicos de nosso tempo: a sustentabilidade e a cultura de paz.
No entanto, um dos momentos mais importantes de nosso trabalho foi ver a
alegria das crianças, o sentimento de pertencimento àquele trabalho.
A certeza de que as aulas de ciências podem contribuir diretamente para a
formação de leitores e escritores competentes norteou este trabalho, pois se é o pensar
interdisciplinar que constitui os saberes dos sujeitos, nada melhor do que ver a escola
trabalhar com esta proposta.
Se compararmos os textos produzidos pelas crianças em outras situações
vislumbraremos o quanto a escrita motivada pelo cordel e a questão da sustentabilidade
foi capaz de impulsionar um texto criativo, no qual se veem os autores e seu
pensamento e não apenas a mera cópia e reprodução de ideias. Fica para nós a certeza
de que o trabalho com textos é a própria formação subjetiva do leitor e do autor, pois é
com esta ferramenta que a escola pode transformar meros copistas em autores, novos
escritores, novos construtores de textos cada vez mais criativos.
REFERÊNCIAS
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http://www.atitudessustentaveis.com.br/author/admin/ Publicado em 07/ Junho/ 2010.
Acesso em 12/ Janeiro/ 2012.
CARVALHO, Anna Maria Pessoa de. Critérios estruturantes para o ensino de Ciências.
In: Ensino de Ciências: Unindo a Pesquisa e a Prática. São Paulo: Pioneira Thompson
Learning, 2006.
GIL NETO, A. A produção de texto na escola. São Paulo: Loyola, 1996.
GERALDI, João W. Labuta de fala, labuta de leitura, labuta de escrita. In: COELHO,
Lígia Martha (Org.) Língua Materna nas séries iniciais do ensino fundamental: De
concepções e de suas práticas. Petrópolis, RJ: Vozes, 2009.
LIRA, Magadã Marinho da Rocha. Alfabetização científica e argumentação escrita
nas aulas de ciências naturais: pontos e contrapontos. Dissertação de Mestrado.
Programa de Pós-Graduação em Educação. Recife: UFPE, 2009.
POZO, Juan Ignácio. CRESPO, Miguel Angel Gómez. A aprendizagem e o ensino de
ciências: do conhecimento cotidiano ao conhecimento científico. Porto Alegre: Artmed,
2009.
MÉLO, Érica Mª S. Montenegro de. Inscrição Subjetiva como alicerce da
autoria: Produções textuais de crianças a partir da leitura de Cordéis. Dissertação de
Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Ciências da Linguagem. Recife:
Universidade Católica de Pernambuco, 2010.
SCHNEUWLY, Bernard; DOLZ, Joaquim. O oral como texto: como construir um
objeto de ensino? In: SCHNEUWLY, Bernard; DOLZ, Joaquim (org.) Gêneros orais e
escritos na escola. Campinas, São Paulo: Mercado de Letras, 2010.
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ANEXOS
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CENTRO EDUCACIONAL CRISTO REDENTOR 4º ANO B - PROFESSORA: ROSIMARY NASCIMENTO
Por amor à natureza A sustentabilidade Está na vida da gente Do campo e da cidade É só cada cidadão Agir na comunidade. Se jogar lixo no chão Quando vem a chuvarada Já começa a confusão Com a rua alagada É a fúria da natureza Que está manifestada. O desperdício de água É uma grande trapalhada Se não economizar A água é desperdiçada E você e sua família Vão entrar numa cilada. Água é boa pra beber E para a sede matar Se a gente não bebe água Pode até desidratar A água é fonte de vida Morremos se ela faltar.
Nosso planeta Terra Tá com o ar poluído É fumaça pra todo lado E o planeta fica aquecido Não tocar fogo nas matas É um jeito de ficar protegido.
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ESCOLA DUQUE DE CAXIAS – 4ª SÉRIE
PROFESSORA: MARLUCE FERRREIRA
O planeta está sofrendo A gente já entendeu Precisamos ajudar A cuidar do que Deus deu Só preservando o planeta O homem mostra o que aprendeu. Reduzindo o consumo A gente vai ajudar A cuidar da nossa terra Pois ela é nosso lar Se a gente não fizer isso O planeta vai murchar. Reciclar é uma ideia Que a gente pode adotar Reduzir também é bom Pro planeta melhorar Cascas, restos de alimentos Vamos reutilizar.
A paz no nosso planeta A gente pode fazer Se o homem com a natureza Também puder aprender Reduzindo e reciclando Pra vida sobreviver. Professores e estudantes Podem, juntos, discutir E pensar alternativas Para o planeta sorrir A paz com a natureza A gente vai garantir.
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ESCOLA NOSSA SENHORA DOS PRAZERES
4ª SÉRIE D PROFESSORA: ANA LARISSA B. DE LIMA
Os homens de nossa terra Maltratam a natureza Jogando lixo nos rios Estragam toda beleza Fazendo-se de bonzinhos Estragando a riqueza. Meus amigos, meus irmãos Vamos todos nos juntar Pra ajudar à natureza À vida não maltratar Reciclar o óleo usado Para sabão fabricar. Manter nossas águas limpas E o esgoto bem tratar É o jeito que a gente tem Pra vida não maltratar Preservando rios e mangues Pra os animais não matar. Jogar lixo no canal Pode poluir o mar Se o homem não aprender Da natureza cuidar Vai perder sua saúde Sua vida vai degradar. A matança de animais É mesmo uma tristeza Maltratando os bichinhos Destruindo sua beleza Faz-se uma ferida na terra E acaba sua natureza.
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