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2018 Profº Valter – Gramática Lista de exercícios 1. (Ita 2018) Texto O Brasil será, em poucas décadas, um dos países com maior número de idosos do mundo, e precisa correr para poder atendê-los no que eles têm de melhor e mais saudável: o desejo de viver com independência e autonomia. [...] O mantra da velhice no século XXI é “envelhecer no lugar”, o que os americanos chamam de aging in place. O conceito que guia novas políticas e negócios voltados para os longevos tem como principal objetivo fazer com que as pessoas consigam permanecer em casa o maior tempo possível, sem que, para isso, precisem de um familiar por perto. Não se trata de apologia da solidão, mas de encarar um dado da realidade contemporânea: as residências não abrigam mais três gerações sob o mesmo teto e boa parte dos idosos de hoje prefere, de fato, morar sozinha, mantendo-se dona do próprio nariz. Disponível em: <http://veja.abril.com.br/brasillenvelhecer-no-seculo-xxi/>, 18 mar. 2016. Adaptado. Acesso em: 10 ago. 17. A conjunção em destaque na frase “Não se trata de apologia da solidão, mas de encarar um dado da realidade contemporânea: ...” possui a função semântica de a) retificação. b) compensação. c) complementação. d) separação. e) acréscimo. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Leia a crônica “Premonitório”, de Carlos Drummond de Andrade (1902-1987), para responder à(s) questão(ões): Do fundo de Pernambuco, o pai mandou-lhe um telegrama: “Não saia casa 3 outubro abraços”. O rapaz releu, sob emoção grave. Ainda bem que o velho avisara: em cima da hora, mas avisara. Olhou a data: 28 de setembro. Puxa vida, telegrama com a nota de urgente, levar cinco dias de Garanhuns a Belo Horizonte! Só mesmo com uma revolução esse telégrafo endireita. E passado às sete da manhã, veja só; o pai nem tomara o mingau com broa, precipitara-se na agência para expedir a mensagem. Não havia tempo a perder. Marcara encontros para o dia seguinte, e precisava cancelar tudo, sem alarde, como se deve agir em tais ocasiões. Pegou o telefone, pediu linha, mas a voz de d. Anita não respondeu. Havia tempo que morava naquele hotel e jamais deixara de ouvir o “pois não” melodioso de d. Anita, durante o dia. A voz grossa, que resmungara qualquer coisa, não era de empregado da casa; insistira: “como é?”, e a ligação foi dificultosa, havia besouros na linha. Falou rapidamente a diversas pessoas, aludiu a uma ponte que talvez resistisse ainda uns dias, teve oportunidade de escandir as sílabas de arma virumque cano 1 , disse que achava pouco cem mil unidades, em tal emergência, e arrematou: “Dia 4 nós conversamos.” Vestiu-se, desceu. Na portaria, um sujeito de panamá bege, chapéu de aba larga e sapato de duas cores levantou-se e seguiu-o. Tomou um carro, o outro fez o mesmo. Desceu na praça da Liberdade e pôs-se a contemplar um ponto qualquer. Tirou do bolso um

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Lista de exercícios

1. (Ita 2018) Texto O Brasil será, em poucas décadas, um dos países com maior número de idosos do mundo, e precisa correr para poder atendê-los no que eles têm de melhor e mais saudável: o desejo de viver com independência e autonomia. [...] O mantra da velhice no século XXI é “envelhecer no lugar”, o que os americanos chamam de aging in place. O conceito que guia novas políticas e negócios voltados para os longevos tem como principal objetivo fazer com que as pessoas consigam permanecer em casa o maior tempo possível, sem que, para isso, precisem de um familiar por perto. Não se trata de apologia da solidão, mas de encarar um dado da realidade contemporânea: as residências não abrigam mais três gerações sob o mesmo teto e boa parte dos idosos de hoje prefere, de fato, morar sozinha, mantendo-se dona do próprio nariz.

Disponível em: <http://veja.abril.com.br/brasillenvelhecer-no-seculo-xxi/>, 18 mar. 2016. Adaptado. Acesso em: 10 ago. 17.

A conjunção em destaque na frase “Não se trata de apologia da solidão, mas de encarar um dado da realidade contemporânea: ...” possui a função semântica de a) retificação. b) compensação. c) complementação. d) separação. e) acréscimo. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Leia a crônica “Premonitório”, de Carlos Drummond de Andrade (1902-1987), para responder à(s) questão(ões):

Do fundo de Pernambuco, o pai mandou-lhe um telegrama: “Não saia casa 3 outubro abraços”.

O rapaz releu, sob emoção grave. Ainda bem que o velho avisara: em cima da hora, mas avisara. Olhou a data: 28 de setembro. Puxa vida, telegrama com a nota de urgente, levar cinco dias de Garanhuns a Belo Horizonte! Só mesmo com uma revolução esse telégrafo endireita. E passado às sete da manhã, veja só; o pai nem tomara o mingau com broa, precipitara-se na agência para expedir a mensagem.

Não havia tempo a perder. Marcara encontros para o dia seguinte, e precisava cancelar tudo, sem alarde, como se deve agir em tais ocasiões. Pegou o telefone, pediu linha, mas a voz de d. Anita não respondeu. Havia tempo que morava naquele hotel e jamais deixara de ouvir o “pois não” melodioso de d. Anita, durante o dia. A voz grossa, que resmungara qualquer coisa, não era de empregado da casa; insistira: “como é?”, e a ligação foi dificultosa, havia besouros na linha. Falou rapidamente a diversas pessoas, aludiu a uma ponte que talvez resistisse ainda uns dias, teve oportunidade de escandir as sílabas de arma virumque cano1, disse que achava pouco cem mil unidades, em tal emergência, e arrematou: “Dia 4 nós conversamos.” Vestiu-se, desceu. Na portaria, um sujeito de panamá bege, chapéu de aba larga e sapato de duas cores levantou-se e seguiu-o. Tomou um carro, o outro fez o mesmo. Desceu na praça da Liberdade e pôs-se a contemplar um ponto qualquer. Tirou do bolso um

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caderninho e anotou qualquer coisa. Aí, já havia dois sujeitos de panamá, aba larga e sapato bicolor, confabulando a pequena distância. Foi saindo de mansinho, mas os dois lhe seguiram na cola. Estava calmo, com o telegrama do pai dobrado na carteira, placidez satisfeita na alma. O pai avisara a tempo, tudo correria bem. Ia tomar a calçada quando a baioneta em riste advertiu: “Passe de largo”; a Delegacia Fiscal estava cercada de praças, havia armas cruzadas nos cantos. Nos Correios, a mesma coisa, também na Telefônica. Bondes passavam escoltados. Caminhões conduziam tropa, jipes chispavam. As manchetes dos jornais eram sombrias; pouca gente na rua. Céu escuro, abafado, chuva próxima.

Pensando bem, o melhor era recolher-se ao hotel; não havia nada a fazer. Trancou-se no quarto, procurou ler, de vez em quando o telefone chamava: “Desculpe, é engano”, ou ficava mudo, sem desligar. Dizendo-se incomodado, jantou no quarto, e estranhou a camareira, que olhava para os móveis como se fossem bichos. Deliberou deitar-se, embora a noite apenas começasse. Releu o telegrama, apagou a luz.

Acordou assustado, com golpes na porta. Cinco da manhã. Alguém o convidava a ir à Delegacia de Ordem Política e Social. “Deve ser engano.” “Não é não, o chefe está à espera.” “Tão cedinho? Precisa ser hoje mesmo? Amanhã eu vou.” “É hoje e é já.” “Impossível.” Pegaram-lhe dos braços e levaram-no sem polêmica. A cidade era uma praça de guerra, toda a polícia a postos. “O senhor vai dizer a verdade bonitinho e logo” – disse-lhe o chefe. – “Que sabe a respeito do troço?” “Não se faça de bobo, o troço que vai estourar hoje.” “Vai estourar?” “Não sabia? E aquela ponte que o senhor ia dinamitar mas era difícil?” “Doutor, eu falei a meu dentista, é um trabalho de prótese que anda abalado. Quer ver? Eu tiro.” “Não, mas e aquela frase em código muito vagabundo, com palavras que todo mundo manja logo, como arma e cano?” “Sou professor de latim, e corrigi a epígrafe de um trabalho.” “Latim, hem? E a conversa sobre os cem mil homens que davam para vencer?” “São unidades de penicilina que um colega tomou para uma infecção no ouvido.” “E os cálculos que o senhor fazia diante do palácio?” Emudeceu. “Diga, vamos!” “Desculpe, eram uns versinhos, estão aqui no bolso.” “O senhor é esperto, mas saia desta. Vê este telegrama? É cópia do que o senhor recebeu de Pernambuco. Ainda tem coragem de negar que está alheio ao golpe?” “Ah, então é por isso que o telegrama custou tanto a chegar?” “Mais custou ao país, gritou o chefe. Sabe que por causa dele as Forças Armadas ficaram de prontidão, e que isso custa cinco mil contos? Diga depressa.” “Mas, doutor…” Foi levado para outra sala, onde ficou horas. O que aconteceu, Deus sabe. Afinal, exausto, confessou: “O senhor entende conversa de pai pra filho? Papai costuma ter sonhos premonitórios, e toda a família acredita neles. Sonhou que me aconteceria uma coisa no dia 3, se eu saísse de casa, e telegrafou prevenindo. Juro!”

Dia 4, sem golpe nenhum, foi mandado em paz. O sonho se confirmara: realmente, não devia ter saído de casa. (70 historinhas, 2016.)

1 arma virumque cano: “canto as armas e o varão” (palavras iniciais da epopeia Eneida, do escritor Vergílio, referentes ao herói Eneias). 2. (Unifesp 2018) “Deliberou deitar-se, embora a noite apenas começasse.” (4º parágrafo) Em relação à oração anterior, a oração destacada exprime ideia de a) causa.

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b) condição. c) concessão. d) consequência. e) conclusão. TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES:

CIDADÃOS COM CIDADANIA RUY CASTRO

RIO DE JANEIRO – Um chiclete ou toco de cigarro jogado na rua atrai outro chiclete ou toco de cigarro. Uma garrafa pet atirada na pista pela janela de um carro induz a que outro cretino, passando de carro, atire outra garrafa. Um monte de lixo não recolhido na calçada leva o indivíduo a despejar mais lixo na calçada, achando que o ponto está liberado para vazadouro.

Uma faixa com os dizeres "Maricotinha, te amo" ou "Obrigado a santo Agapito pela graça alcançada", estendida de poste a poste, de um lado a outro da rua, estimula que alguém pendure outras faixas apregoando "Vendem-se túmulos" ou "Jazigos abaixo do custo", como já vi perto de cemitérios, penduradas de árvore a árvore.

Uma tabuleta na porta de um açougue prometendo "Coxão mole a xis reais o quilo", empatando metade da calçada, é um convite a que farmácias, lanchonetes, locadoras de vídeo etc. atravanquem o resto da via pública com seus anúncios. Um carro estacionado com duas rodas no passeio está a um passo de botar as outras duas rodas no passeio e interrompê-lo de vez.

Uma pichação na fachada de um prédio leva outro pichador a emporcalhar o prédio ao lado ou a tentar competir com o primeiro, pichando os andares mais altos. Um grafiteiro autorizado a cobrir uma parede com seus horrendos desenhos estará apenas se prevalecendo da coação que sua categoria impõe ao poder público – ou este libera o grafite, por ser uma "arte", ou os grafiteiros vão na marra e pintam do mesmo jeito.

Tanta imundície revela abandono e é uma porta aberta para a criminalidade – bandidos sentem-se bem em meio a ela. Algumas prefeituras fazem sua parte, mas os cidadãos precisam ajudar, exercendo a cidadania. Embora pertença a todos, o espaço público não é a casa da mãe joana.

(Folha de S. Paulo, Opinião A2. 19 de maio de 2008) 3. (Pucsp 2008) Releia o primeiro parágrafo do texto e observe o uso dos verbos no gerúndio: Um chiclete ou toco de cigarro jogado na rua atrai outro chiclete ou toco de cigarro. Uma garrafa pet atirada na pista pela janela de um carro induz a que outro cretino, passando de carro, atire outra garrafa. Um monte de lixo não recolhido na calçada leva o indivíduo a despejar mais lixo na calçada, achando que o ponto está liberado para vazadouro. Entre as alternativas a seguir, assinale aquela que indica, respectivamente, as circunstâncias indicadas pelo gerúndio no trecho acima. a) Causa e concessão. b) Tempo e causa. c) Consequência e conformidade. d) Conformidade e tempo.

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e) Concessão e causa. 4. (Pucsp 2008) Considere o seguinte trecho: Uma tabuleta na porta de um açougue prometendo “Coxão mole a xis reais o quilo”, empatando metade de calçada, é um convite a que farmácias, lanchonetes, locadoras de vídeo, etc. atravanquem o resto da via pública com seus anúncios. A forma nominal do verbo “prometer” pode ser reescrita de várias formas (ainda que com alterações de sentido), como se observa nas alternativas a seguir, exceto em: a) (...) desde que prometa “Coxão mole a xis reais o quilo”... b) (...) caso prometa “Coxão mole a xis reais o quilo”... c) (...) que promete “Coxão mole a xis reais o quilo”... d) (...) na qual promete “Coxão mole a xis reais o quilo”... e) (...) por meio da qual se promete “Coxão mole a xis reais o quilo”... TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES:

Queria evitar, mas me vejo obrigado a falar na literatura da Bruzundanga. É um capítulo dos mais delicados, para tratar do qual não me sinto completamente habilitado. Dissertar sobre uma literatura estrangeira supõe, entre muitas, o conhecimento de duas cousas primordiais: ideias gerais sobre literatura e compreensão fácil do idioma desse povo estrangeiro. Eu cheguei a entender perfeitamente a língua da Bruzundanga, isto é, a língua falada pela gente instruída e a escrita por muitos escritores que julguei excelentes; mas aquela em que escreviam os literatos importantes, solenes, respeitados, nunca consegui entender, porque redigem eles as suas obras, ou antes, os seus livros, em outra muito diferente da usual, outra essa que consideram como sendo a verdadeira, a lídima, justificando isso por ter feição antiga de dous séculos ou três.

Quanto mais incompreensível é ela, mais admirado é o escritor que a escreve, por todos que não lhe entenderam o escrito. Lembrei-me, porém, de que as minhas notícias daquela distante república não seriam completas, se não desse algumas informações sobre as suas letras e resolvi vencer a hesitação imediatamente, como agora venço. A Bruzundanga não podia deixar de tê-las, pois todo o povo, tribo, clã, todo o agregado humano, enfim, tem a sua literatura, e o estudo dessas literaturas muito tem contribuído para nós nos conhecermos a nós mesmos, melhor nos compreendermos e mais perfeitamente nos ligarmos em sociedade, em humanidade, afinal.

Continuemos, porém, na Bruzundanga. Nela, há a literatura oral e popular de cânticos, hinos, modinhas, fábulas, etc.; mas todo esse folk-lore não tem sido coligido e escrito, de modo que, dele, pouco lhes posso comunicar. Porém, um canto popular que me foi narrado com todo o sabor da ingenuidade e dos modismos peculiares ao povo, posso reproduzir aqui, embora a reprodução não guarde mais aquele encanto de frase simples e imagens familiares das anônimas narrações das coletividades humanas.

(Lima Barreto. Os Bruzundangas.)

5. (Fatec 2008) Eu cheguei a entender perfeitamente a língua da Bruzundanga, isto é, a língua falada pela gente instruída e a escrita por muitos escritores que julguei excelentes; mas

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aquela em que escreviam os literatos importantes, solenes, respeitados, nunca consegui entender, porque redigem eles as suas obras, ou antes, os seus livros, em outra muito diferente da usual, outra essa que consideram como sendo a verdadeira, a lídima, justificando isso por ter feição antiga de dous séculos ou três. I. A expressão – isto é – introduz no contexto uma retificação, uma correção da ideia

anteriormente expressa. II. A expressão – em que – pode ser corretamente substituída por – cuja. III. A palavra – porque – tem o sentido de – pois – e introduz uma passagem que expressa a

causa da afirmação anterior. IV. A expressão – ou antes – tem sentido de – melhor dizendo – e introduz no contexto uma

retificação do que foi afirmado: no juízo do narrador, os escritores de Bruzundanga produziam simples livros, não obras literárias.

Está correto o que se afirma apenas em a) I e II. b) I e III. c) II e III. d) II e IV. e) III e IV. 6. (Fatec 2008) Observe os períodos. I. Quanto mais incompreensível é ela, mais admirado é o escritor que a escreve, por todos

que não lhe entenderam o escrito. II. Todo esse folk-lore não tem sido coligido e escrito, de modo que, dele, pouco lhes posso

comunicar. As orações em destaque estabelecem, nos respectivos contextos, relações de sentido de: a) (I) tempo; (II) adição. b) (I) conclusão; (II) condição. c) (I) modo; (II) explicação. d) (I) proporção; (II) conclusão. e) (I) concessão; (II) comparação. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:

TEXTO 1

Todos os retratos que tenho de minha mãe não me dão nunca a verdadeira fisionomia que eu guardo dela - a doce fisionomia daquele seu rosto, daquela melancólica beleza de seu olhar. Ela passava o dia inteiro comigo. Era pequena e tinha os cabelos pretos. Junto dela eu não sentia necessidade dos meus brinquedos. D. Clarisse, como lhe chamavam os criados, parecia mesmo uma figura de estampa. Falava para todos com um tom de voz de quem

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pedisse um favor, mansa e terna como uma menina de internato. Criara-se em colégio de freiras, sem mãe, 2pois o pai ficara viúvo quando ela ainda não falava. Filha de senhor de engenho, parecia mais, pelo que me contavam dos seus modos, uma dama nascida para a reclusão.

À noite ela me fazia dormir. Adormecer nos seus braços, ouvindo a surdina daquela voz, era o meu requinte de sibarita pequeno.

Ela me enchia de carícias. E quando o meu pai chegava nas suas crises, exasperado como um pé-de-vento, eu a via chorar e pronta a esquecer todas as intemperanças verbais do seu marido. Os criados amavam-na. Ela também os tratava com uma bondade que não conhecia mau humor.

Horas inteiras eu fico a pintar o retrato dessa mãe angélica, com as cores que tiro da imaginação, e vejo-a assim, ainda tomando conta de mim, dando-me banhos e me vestindo. 1A minha memória ainda guarda detalhes bem vivos que o tempo não conseguiu destruir.

RÊGO, José Lins do. Menino do engenho. Rio de Janeiro: José Olympio, 1972, p. 6.

TEXTO 2

É sempre assim. 1As memórias que a gente guarda da vida experimentada vão se enfraquecendo cada vez mais. Pra dar pra elas ilusoriamente a força da realidade nós as transpomos pro mundo das assombrações por meio do exagero. (...)

É um engano isso de afirmarem que a gente pode reviver, tornar a sentir as sensações e os sentimentos do passado. 2As memórias são fragilíssimas, degradantes e sintéticas pra que possam nos dar a realidade que passou tão complexa e grandiosa. Na verdade o que a gente faz é povoar a inteligência de assombrações exageradas e secundariamente falsas. Esses sonhos de acordado, poderosamente revestidos de palavras, se projetam da inteligência pros sentidos e dos sentidos pro ambiente exterior, se alargando cada vez mais. São as assombrações. Diferentes 3pois das sensações, as quais do ambiente exterior pros sentidos e destes pra inteligência vêm se diminuindo cada vez mais. E essas assombrações por completo diferentes de tudo quanto passou é que a gente chama de "passado"...

ANDRADE, Mário de. Táxi e crônicas no Diário Nacional. São Paulo: Duas Cidades / Secretaria da Cultura, Ciência e Tecnologia, 1976, p.102.

7. (Pucrj 2008)

a) Reescreva as frases a seguir substituindo o termo destacado por uma oração subordinada, conforme o exemplo:

Escrevi sobre cenas de MINHAS LEMBRANÇAS REMOTAS Escrevi sobre cenas DE QUE

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ME LEMBRAVA REMOTAMENTE

(i) Não consigo mais lembrar os motivos DE MEU COMPORTAMENTO AGRESSIVO NAQUELA OCASIÃO.

(ii) No que tange ao estudo da memória, ainda são insuficientes os recursos À DISPOSIÇÃO DOS CIENTISTAS.

b) A conjunção "pois" é utilizada com valor diferente no Texto 1 (ref. 2) e no Texto 2 (ref. 3). Diga qual é o valor dessa conjunção em cada caso.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:

COMO SE COMPORTAR NO CINEMA (A ARTE DE NAMORAR)

(Vinícius de Moraes)

Poucas atividades humanas são mais agradáveis que o ato de namorar, e é sobre a arte de praticá-lo dentro dos cinemas que queremos fazer esta crônica. Porque constitui uma arte fazê-lo bem no interior de recintos cobertos, mormente quando se dispõe da vantagem de ambiente escuro propício. A tendência geral do homem é abusar das facilidades que lhe são dadas, e nada mais errado; pois a verdade é que namorando em público, além dos limites, perturba ele aos seus circunstantes, podendo atrair sobre si a curiosidade, a inveja e mesmo a ira daqueles que vão ao cinema sozinhos e pagam pelo direito de assistir ao filme em paz de espírito.

Ora, o namoro é sabidamente uma atividade que se executa melhor a coberto da curiosidade alheia. Se todos os frequentadores dos cinemas fossem casais de namorados, o problema não existiria, nem esta crônica, pois a discrição de todos com relação a todos estaria na proporção direta da entrega de cada um ao seu namoro específico. [...] De modo que, uma das coisas que os namorados não deveriam fazer é se enlaçar por sobre o ombro e juntar as cabeças. Isso atrapalha demais o campo visual dos que estão à retaguarda. [...]

Cochichar, então, é uma grande falta de educação entre namorados no cinema. Nada perturba mais que o cochicho constante e, embora eu saiba que isso é pedir muito dos namorados, é necessário que se contenham nesse ponto, porque afinal de contas aquilo não é casa deles. Um homem pode fazer milhões de coisas - massagem no braço da namorada, cosquinha no seu joelho, festinha no rostinho delazinha; enfim, a grande maioria do trabalho de "mudanças" em automóveis não hidramáticos - sem se fazer notar e, consequentemente, perturbar aos outros a fruição do filme na tela. Porque uma coisa é certa: entre o namoro na tela - e pode ser até Clark Gable versus Ava Gardner - e o namoro no cinema, este é que é o real e positivo, o perturbador, o autêntico.

8. (Ufrj 2008) O texto de Vinicius de Moraes, sobre a "arte de namorar" no cinema, levanta uma hipótese que anularia a existência da crônica. Transcreva exclusivamente a oração subordinada adverbial que traduz a referida hipótese.

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TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: E disse [Deus]: Certamente tornarei a ti por este tempo da vida; e eis que Sara tua mulher terá um filho. E Sara escutava à porta da tenda, que estava atrás dele.

E eram Abraão e Sara já velhos, e adiantados em idade; já a Sara havia cessado o costume das mulheres.

Assim, pois, riu-se Sara consigo, dizendo: Terei ainda deleite depois de haver envelhecido, sendo também o meu senhor já velho? (...)

E concebeu Sara, e deu a Abraão um filho na sua velhice, ao tempo determinado, que Deus lhe tinha falado.

(www.bibliaonline.com.br, Gn 18, 10-12; 21, 2.)

9. (Unifesp 2008) Em

- Assim, POIS, riu-se Sara consigo...

- ... que Deus LHE tinha falado.

a conjunção POIS tem valor ........... e o pronome LHE refere-se ao termo ............

Os espaços devem ser preenchidos, respectivamente, com

a) conclusivo e Abraão. b) explicativo e Sara. c) causal e Sara. d) explicativo e Abraão. e) condicional e Abraão. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:

MONA LISA DE DA VINCI SEM MOTIVOS PARA SORRIR

Obra-prima de Leonardo da Vinci e uma das mais admiradas telas jamais pintadas, devido, em parte, ao sorriso enigmático da moça retratada, a "Mona Lisa" está se deteriorando. O grito de alarme foi dado pelo Museu do Louvre, em Paris, que anunciou que o quadro passará por uma detalhada avaliação técnica com o objetivo de determinar o porquê do estrago.

O fino suporte de madeira sobre o qual o retrato foi pintado sofreu uma deformação desde que especialistas em conservação examinaram a pintura pela última vez, diz o Museu do Louvre numa declaração por escrito. O museu não diz quando essa última avaliação ocorreu. O estudo será feito pelo Centro de Pesquisa e Restauração dos Museus da França e vai determinar os materiais usados na tela e avaliar sua vulnerabilidade a mudanças climáticas.

O Museu do Louvre recebe cerca de seis milhões de visitantes por ano, e todos, praticamente, veem a "Mona Lisa", uma tela de 77 centímetros de altura por 55 de largura, protegida por uma caixa de vidro, com temperatura controlada. A tela será mantida no mesmo local, exposta ao público, enquanto for realizado o estudo.

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(Fonte:http://www.italiaoggi.com.bracessado em 13/11/07)

10. (Pucsp 2008) Observe o trecho

O fino suporte de madeira sobre o qual o retrato foi pintado sofreu uma deformação DESDE QUE especialistas em conservação examinaram a pintura pela última vez...

Nele, o elemento coesivo "desde que", mais do que ligar duas orações, estabelece uma relação de sentido entre elas. Dentre as alternativas abaixo, assinale aquela que indica a relação de sentido estabelecida pelo "desde que" no referido trecho.

a) condição b) causa c) concessão d) proporção e) tempo TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Leia o excerto do “Sermão do bom ladrão”, de Antônio Vieira (1608-1697), para responder à(s) questão(ões) a seguir.

Navegava Alexandre [Magno] em uma poderosa armada pelo Mar Eritreu a conquistar a Índia; e como fosse trazido à sua presença um pirata, que por ali andava roubando os pescadores, repreendeu-o muito Alexandre de andar em tão mau ofício; porém ele, que não era medroso nem lerdo, respondeu assim: “Basta, Senhor, que eu, porque roubo em uma barca, sou ladrão, e vós, porque roubais em uma armada, sois imperador?”. Assim é. O roubar pouco é culpa, o roubar muito é grandeza: o roubar com pouco poder faz os piratas, o roubar com muito, os Alexandres. Mas Sêneca, que sabia bem distinguir as qualidades, e interpretar as significações, a uns e outros, definiu com o mesmo nome: [...] Se o rei de Macedônia, ou qualquer outro, fizer o que faz o ladrão e o pirata; o ladrão, o pirata e o rei, todos têm o mesmo lugar, e merecem o mesmo nome.

Quando li isto em Sêneca, não me admirei tanto de que um filósofo estoico se atrevesse a escrever uma tal sentença em Roma, reinando nela Nero; o que mais me admirou, e quase envergonhou, foi que os nossos oradores evangélicos em tempo de príncipes católicos, ou para a emenda, ou para a cautela, não preguem a mesma doutrina. Saibam estes eloquentes mudos que mais ofendem os reis com o que calam que com o que disserem; porque a confiança com que isto se diz é sinal que lhes não toca, e que se não podem ofender; e a cautela com que se cala é argumento de que se ofenderão, porque lhes pode tocar. [...]

Suponho, finalmente, que os ladrões de que falo não são aqueles miseráveis, a quem a pobreza e vileza de sua fortuna condenou a este gênero de vida, porque a mesma sua miséria ou escusa ou alivia o seu pecado [...]. O ladrão que furta para comer não vai nem leva ao Inferno: os que não só vão, mas levam, de que eu trato, são os ladrões de maior calibre e de mais alta esfera [...]. Não são só ladrões, diz o santo [São Basílio Magno], os que cortam bolsas, ou espreitam os que se vão banhar, para lhes colher a roupa; os ladrões que mais

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própria e dignamente merecem este título são aqueles a quem os reis encomendam os exércitos e legiões, ou o governo das províncias, ou a administração das cidades, os quais já com manha, já com força, roubam e despojam os povos. Os outros ladrões roubam um homem, estes roubam cidades e reinos: os outros furtam debaixo do seu risco, estes sem temor, nem perigo: os outros, se furtam, são enforcados: estes furtam e enforcam.

(Essencial, 2011.) 11. (Unesp 2018) “Se o rei de Macedônia, ou qualquer outro, fizer o que faz o ladrão e o pirata; o ladrão, o pirata e o rei, todos têm o mesmo lugar, e merecem o mesmo nome.” (1º parágrafo) Em relação ao trecho que o sucede, o trecho destacado tem sentido de a) condição. b) proporção. c) finalidade. d) causa. e) consequência. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Leia um trecho do artigo “Reflexões sobre o tempo e a origem do Universo”, do físico brasileiro Marcelo Gleiser, para responder à(s) questão(ões).

Qualquer discussão sobre o tempo deve começar com uma análise de sua estrutura, que, por falta de melhor expressão, devemos chamar de “temporal”. É comum dividirmos o tempo em passado, presente e futuro. O passado é o que vem antes do presente e o futuro é o que vem depois. Já o presente é o “agora”, o instante atual.

Isso tudo parece bastante óbvio, mas não é. Para definirmos passado e futuro, precisamos definir o presente. Mas, segundo nossa separação estrutural, o presente não pode ter duração no tempo, pois nesse caso poderíamos definir um período no seu passado e no seu futuro. Portanto, para sermos coerentes em nossas definições, o presente não pode ter duração no tempo. Ou seja, o presente não existe!

A discussão acima nos leva a outra questão, a da origem do tempo. Se o tempo teve uma origem, então existiu um momento no passado em que ele passou a existir. Segundo nossas modernas teorias cosmogônicas, que visam explicar a origem do Universo, esse momento especial é o momento da origem do Universo “clássico”. A expressão “clássico” é usada em contraste com “quântico”, a área da física que lida com fenômenos atômicos e subatômicos.

[...] As descobertas de Einstein mudaram profundamente nossa concepção do tempo. Em

sua teoria da relatividade geral, ele mostrou que a presença de massa (ou de energia) também influencia a passagem do tempo, embora esse efeito seja irrelevante em nosso dia a dia. O tempo relativístico adquire uma plasticidade definida pela realidade física à sua volta. A coisa se complica quando usamos a relatividade geral para descrever a origem do Universo.

(Folha de S.Paulo, 07.06.1998.)

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12. (Unifesp 2018) Em “[Einstein] mostrou que a presença de massa (ou de energia) também influencia a passagem do tempo, embora esse efeito seja irrelevante em nosso dia a dia.” (4º parágrafo), a conjunção destacada pode ser substituída, sem prejuízo para o sentido do texto, por: a) visto que. b) a menos que. c) ainda que. d) a fim de que. e) desde que. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: A(s) questão(ões) a seguir está(ão) relacionada(s) ao texto abaixo.

Nada mais importante para chamar a atenção sobre 1uma verdade do que exagerá-la. 2Mas também, nada mais perigoso, _________ um dia vem 3a 4reação indispensável e 5a relega injustamente para a categoria do erro, até que se efetue a operação difícil de 6chegar a um ponto de vista objetivo, sem desfigurá-7la de um lado nem de outro. 8É o que tem ocorrido com o estudo da relação entre a obra e o seu condicionamento social, que a certa altura chegou a ser vista como 9chave para compreendê-la, depois foi 10rebaixada como falha de visão, — e talvez só agora comece a ser proposta nos devidos termos.

11De fato, antes se procurava mostrar que o valor e o significado de uma obra dependiam de ela 12exprimir ou não certo aspecto da realidade, e que este aspecto constituía o que ela tinha de essencial. Depois, chegou-se à posição oposta, procurando-se mostrar que a matéria de uma obra é secundária, e que a sua importância deriva das operações formais postas em jogo, conferindo-lhe uma peculiaridade que a torna de fato independente de 13quaisquer condicionamentos, sobretudo social, considerado inoperante como elemento de compreensão. 14Hoje sabemos que a integridade da obra não permite adotar 15nenhuma dessas visões _________; e que só a podemos entender fundindo texto e contexto numa interpretação 16dialeticamente íntegra, em que tanto o velho ponto de vista que 17explicava pelos fatores 18externos, quanto o outro, norteado pela 19convicção de que a estrutura é virtualmente independente, se combinam como momentos 20necessários do processo interpretativo. Sabemos, ainda, que o 21externo (no caso, o social) importa, não como causa, nem como significado, mas como elemento que desempenha certo papel na constituição da estrutura, tornando-22se, 23portanto, interno.

Neste caso, saímos dos aspectos periféricos da sociologia, ou da história sociologicamente orientada, para chegar a uma interpretação estética que assimilou a dimensão social como fator de arte. Quando isto se dá, ocorre o 24paradoxo assinalado inicialmente: o externo se torna interno e a crítica deixa de ser sociológica, para ser apenas crítica. Segundo esta ordem de ideias, o ângulo sociológico adquire uma validade maior do que tinha. Em __________, não pode mais ser imposto como critério único, ou mesmo preferencial, 25pois a importância de cada fator depende do caso a ser analisado. Uma crítica que se queira integral deve 26deixar de ser unilateralmente sociológica, psicológica ou 27linguística, para utilizar livremente os elementos capazes de conduzirem a uma interpretação coerente.

Adaptado de: CANDIDO, Antônio. Literatura e sociedade. 9. ed.

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Rio de Janeiro: Ouro sobre Azul, 2006. 13. (Ufrgs 2018) Considere as seguintes propostas de substituição de nexos do texto e assinale com 1 aquelas que mantêm o sentido do texto e com 2 aquelas que alteram. ( )Mas (ref. 2) por sobretudo. ( ) De fato (ref. 11) por No entanto. ( ) portanto (ref. 23) por todavia. ( ) pois (ref. 25) por porque. A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é a) 1 – 2 – 1 – 1. b) 1 – 1 – 2 – 2. c) 2 – 1 – 2 – 1. d) 2 – 2 – 1 – 1. e) 2 – 2 – 2 – 1. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: A(s) questão(ões) a seguir está(ão) relacionada(s) ao texto abaixo.

1– Temos sorte de viver no Brasil – dizia meu pai, depois da guerra. – Na Europa 2mataram 3milhões de judeus.

Contava as 4experiências que 5os médicos nazistas faziam com os prisioneiros. Decepavam-lhes as cabeças, faziam-nas encolher – à maneira, li depois, dos índios Jivaros. 6Amputavam pernas e braços. Realizavam estranhos transplantes: uniam a metade superior de um homem _____1_____ metade inferior de uma mulher, ou aos quartos traseiros de um bode. 7Felizmente 8morriam 9essas atrozes quimeras; 10expiravam como seres humanos, não eram obrigadas a viver como aberrações. (_____2_____ essa altura eu tinha os olhos cheios de lágrimas. Meu pai pensava 11que a descrição das maldades nazistas me deixava comovido.)

12Em 1948 13foi proclamado 14o Estado de Israel. Meu pai abriu uma garrafa de vinho – o melhor vinho do armazém –, brindamos ao acontecimento. E não saíamos de perto do rádio, acompanhando _____3_____ notícias da guerra no Oriente Médio. Meu pai estava entusiasmado com o novo Estado: em Israel, explicava, vivem judeus de todo o mundo, judeus brancos da Europa, judeus pretos da África, judeus da Índia, isto sem falar nos beduínos com seus camelos: tipos muito esquisitos, Guedali.

Tipos esquisitos – aquilo me dava ideias. Por que não ir para Israel? 15Num país de gente tão estranha – e, 16ainda por cima, em guerra – eu certamente não chamaria a atenção. Ainda menos como combatente, entre a poeira e a fumaça dos incêndios. Eu me via correndo pelas ruelas de uma aldeia, empunhando um revólver trinta e oito, atirando sem cessar; eu me via caindo, 17varado de balas. 18Aquela, sim, era a 19morte que eu almejava, morte heroica, esplêndida justificativa para uma vida miserável, de monstro 20encurralado. E, caso não morresse, poderia viver depois num kibutz . Eu, que conhecia tão bem a vida numa fazenda, teria muito a fazer ali. Trabalhador dedicado, os membros do kibutz terminariam por me aceitar; numa nova sociedade há lugar para todos, mesmo os de patas de cavalo.

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Adaptado de: SCLIAR, M. O centauro no jardim. 9. ed. Porto Alegre: L&PM, 2001. 14. (Ufrgs 2018) Considere as propostas de reescrita para o seguinte trecho do texto. Em 1948 foi proclamado o Estado de Israel. Meu pai abriu uma garrafa de vinho – o melhor vinho do armazém –, brindamos ao acontecimento. E não saíamos de perto do rádio, acompanhando as notícias da guerra no Oriente Médio (ref. 12). I. Meu pai abriu uma garrafa de vinho e brindamos ao acontecimento – o melhor vinho do

armazém. Em 1948 foi proclamado o Estado de Israel e não saíamos de perto do rádio, acompanhando as notícias da guerra no Oriente Médio.

II. Em 1948, o melhor vinho do armazém foi aberto por meu pai (uma garrafa), foi proclamado o Estado de Israel, brindamos ao acontecimento e, acompanhando as notícias da guerra no Oriente Médio, não saíamos de perto do rádio.

III. Em 1948, quando foi proclamado o Estado de Israel, meu pai abriu uma garrafa de vinho – o melhor vinho do armazém –, brindamos ao acontecimento. E não saíamos de perto do rádio, acompanhando as notícias da guerra no Oriente Médio.

Quais estão corretas e preservam a significação do trecho original? a) Apenas I. b) Apenas II. c) Apenas III. d) Apenas I e III. e) I, II e III. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: A(s) questão(ões) está(ão) relacionada(s) ao texto abaixo.

_____1_____ me perguntam: quantas palavras uma pessoa sabe? Essa 1é uma pergunta importante, 2principalmente para quem ensina línguas estrangeiras. Seria muito útil para quem planeja um curso de francês ou japonês ter uma 3estimativa de quantas palavras um nativo conhece; e quantas os alunos precisam aprender para usar a língua com certa facilidade. 4Essas informações seriam preciosas para quem está preparando um manual que inclua, 5entre outras coisas, um planejamento cuidadoso da introdução 6gradual de vocabulário.

À parte isso, a pergunta tem seu interesse próprio. Uma língua não é apenas composta de palavras: ela inclui também regras gramaticais e um mundo de outros elementos que também precisam ser dominados. Mas as palavras são particularmente numerosas, e é notável como qualquer pessoa, instruída ou não, _____2_____ acesso a esse 7acervo imenso de informação com facilidade e rapidez. Assim, perguntar quantas palavras uma pessoa sabe é parte do problema geral de o que é que uma pessoa tem em sua mente e que _____3_____ permite usar a língua, falando e entendendo.

8Antes de mais nada, porém, o que é 9uma palavra? 10Ora, 11alguém vai dizer, 12“todo mundo sabe o que é uma palavra”. Mas não é bem assim. Considere a palavra olho. É muito

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claro que isso aí é uma palavra – mas será que olhos é a mesma palavra (só que no plural)? Ou será outra palavra?

13Bom, há razões para responder das duas maneiras: é a mesma palavra, porque significa a mesma coisa (mas com a ideia de plural); e é outra palavra, porque se pronuncia diferentemente (olhos tem um “s” final que olho não tem, além da 14diferença de timbre das vogais tônicas). 15Entretanto, a razão 16principal por que 17julgamos que olho e olhos sejam a mesma palavra é que a relação entre elas é extremamente regular; ou seja, vale não apenas para esse par, mas para milhares de outros pares de elementos da língua: olho/olhos, orelha/orelhas, gato/gatos, etc. E, semanticamente, a relação é a mesma em todos os pares: a forma sem “s” denota um objeto só, a forma com “s” denota mais de um objeto. 18Daí se tira uma consequência importante: não é preciso aprender e guardar permanentemente na memória cada caso individual; aprendemos uma regra geral (“19faz-se o plural acrescentando um “s” ao singular”), e estamos prontos.

Adaptado de: PERINI, Mário A. Semântica lexical. ReVEL, v. 11, n. 20, 2013. 15. (Ufrgs 2018) Considere as propostas de reescrita para o seguinte trecho do texto, levando em conta os contextos que o antecedem e o seguem. Daí se tira uma consequência importante: não é preciso aprender e guardar permanentemente na memória cada caso individual; aprendemos uma regra geral (“faz-se o plural acrescentando um “s” ao singular”), e estamos prontos (ref. 18). I. Tira-se daí uma consequência importante: aprendemos uma regra geral – “faz-se o plural

acrescentando um “s” ao singular” –, e estamos prontos. Não é preciso aprender e guardar permanentemente na memória cada caso individual.

II. Daí se tira como consequência importante o fato de não ser preciso aprender e guardar permanentemente na memória cada caso individual, pois aprendemos uma regra geral (“faz-se o plural acrescentando um “s” ao singular”), e estamos prontos.

III. Não é preciso aprender e guardar permanentemente na memória cada caso individual; aprendemos uma regra geral (“faz-se o plural acrescentando um “s” ao singular”), e estamos prontos. Essa é a consequência importante que daí se tira.

Quais estão corretas e preservam a significação do trecho original? a) Apenas I. b) Apenas III. c) Apenas I e II. d) Apenas II e III. e) I, II e III. 16. (Pucrj 2017) O conceito de Trabalho Decente

Trabalho Decente, para a OIT (Organização Internacional do Trabalho), é um trabalho produtivo e adequadamente remunerado, exercido em condições de liberdade, equidade e segurança, e que seja capaz de garantir uma vida digna a todas as pessoas que dependem do seu trabalho para viver. Trata-se, portanto, do trabalho que permite satisfazer às

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necessidades pessoais e familiares de alimentação, educação, moradia, saúde e segurança. É também o trabalho que garante proteção social nos impedimentos ao exercício do trabalho (desemprego, doença, acidentes, entre outros) e assegura renda ao chegar à época da aposentadoria (Conferencia Internacional del Trabajo, 1999).

É um trabalho no qual as relações entre cada trabalhador ou trabalhadora e seus empregadores ou empregadoras estão devidamente regulamentadas por lei, especialmente no que se refere aos direitos fundamentais no trabalho, e autorreguladas através de acordos negociados em um processo de diálogo social em diversos níveis, o que implica o pleno exercício do direito da liberdade sindical, assim como o fortalecimento das diferentes instituições da administração do trabalho e das formas de representação e organização dos atores sociais (MARTINEZ, 2005).

A noção de Trabalho Decente integra, portanto, as dimensões quantitativa e qualitativa do emprego. Ela propõe não só medidas de geração de postos de trabalho e de enfrentamento do desemprego, mas também de superação de formas de trabalho que se baseiam em atividades insalubres, perigosas, inseguras e/ou degradantes ou que geram renda insuficiente para que os indivíduos e suas famílias superem situações de pobreza. Tal conceito de trabalho afirma a necessidade de que o emprego esteja também associado à proteção social e à noção de direitos do trabalho, entre eles os de representação, associação, organização sindical e negociação coletiva.

A noção de Trabalho Decente é uma tentativa de expressar, numa linguagem cotidiana, a integração de objetivos sociais e econômicos, reunindo as dimensões do emprego, dos direitos no trabalho, da segurança e da representação, em uma unidade com sentido e coerência interna quando considerada na sua totalidade.

Qual é a diferença entre o conceito de Trabalho Decente e conceitos mais tradicionais, como o de trabalho de qualidade? Sua principal novidade é ser multidimensional, ou seja, acrescentar à dimensão econômica, representada pelo conceito de um emprego de qualidade, novas dimensões de caráter normativo, de segurança e de participação/representação (MARTINEZ, 2005).

É importante assinalar que essa diferença conceitual determina diferentes políticas, ou melhor, uma diferente articulação de políticas em termos de emprego e mercado de trabalho e destas com as políticas econômicas e sociais. A integração e a coerência entre a política sociolaboral e a política econômica são essenciais para a geração de Trabalho Decente. Enquanto a política econômica cria condições para o crescimento e a geração de empregos, a política sociolaboral, integrada com a política econômica, cria as condições para que o emprego gerado incorpore as distintas dimensões do conceito de Trabalho Decente (LEVAGGI, 2006).

Ao definir a promoção do Trabalho Decente como o aspecto central e integrador de toda a sua estratégia, a OIT reafirma o seu compromisso com o conjunto dos trabalhadores e trabalhadoras e não apenas com aqueles que têm um emprego regular, estável, protegido – no setor formal ou estruturado da economia. A promoção do Trabalho Decente (ou a redução dos déficits de Trabalho Decente) é um objetivo que deve ser perseguido também em relação ao conjunto das pessoas – homens, mulheres e jovens – que trabalha à margem do mercado de trabalho estruturado: assalariados não regulamentados, tradutores por conta própria, terceirizados ou subcontratados, trabalhadores a domicílio, etc. Todas as pessoas

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que trabalham têm direitos – assim como níveis mínimos de remuneração, proteção e condições de trabalho –, que devem ser respeitados. Essa noção, portanto, inclui o emprego assalariado, o trabalho autônomo ou por conta própria, o trabalho a domicílio, assim como a ampla gama de atividades realizadas na economia informal e na economia de cuidado (RODGERS, 2002).

Existe uma forte relação entre o conceito de Trabalho Decente e a noção da dignidade humana. Com efeito, tal como discutido por Rodgers (2002), o trabalho é o âmbito para o qual confluem os objetivos econômicos e sociais das pessoas. O trabalho supõe produção e rendimentos. Mas significa, também, integração social, identidade e dignidade pessoal. O vocábulo decente expressa algo que é ao mesmo tempo suficiente e desejável. Um Trabalho Decente significa um trabalho no qual o seu rendimento e as condições em que este se exerce estão de acordo com as nossas expectativas e as da comunidade, mas não são exageradas, estão dentro das aspirações razoáveis de pessoas razoáveis. [...]

Trata-se do trabalho exercido atualmente e de suas expectativas de futuro; das condições em que este se exerce; do equilíbrio entre a vida doméstica e a vida familiar; de um trabalho que permita manter os filhos na escola, evitando que eles sejam levados ao trabalho infantil. Trata-se da igualdade de gênero e raça/etnia, da igualdade de reconhecimento e da possibilidade de que as mulheres, os negros e outros grupos discriminados possam optar e assumir o controle sobre as suas próprias vidas. Trata-se das capacidades pessoais para competir no mercado, manter-se em dia com as novas tecnologias e preservar a saúde – física e mental. Trata-se de desenvolver as qualificações empresariais, de receber uma parte equitativa da riqueza que se ajuda a criar e de não ser objeto de discriminação. Trata-se de poder expressar-se e ser ouvido no lugar de trabalho e na comunidade.

Adaptado de ABRAMO, Laís. Trabalho Decente, informalidade e precarização do trabalho. IN: DAL ROSSO, Sadi e FORTES, José Augusto Abreu Sá (org.). Condições de trabalho no limiar do

século XXI. Brasília: Épocca, 2008. p. 40-41. a) Sem copiar trechos do texto, explique, com base no “O conceito de Trabalho Decente”, o

propósito da Organização Internacional do Trabalho em priorizar, em suas ações, a promoção do Trabalho Decente.

b) Sem alterar o sentido original, reescreva o trecho abaixo em uma única frase observando

o início proposto. Faça as modificações necessárias.

“O trabalho supõe produção e rendimentos. Mas significa, também, integração social, identidade e dignidade pessoal.” Embora

c) Há, no 6º parágrafo do texto, uma expressão que indica ao leitor que será feita uma

retificação em favor de uma determinada ideia. Destaque essa expressão.

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17. (Fatec 2017) Mais escolarizadas, mulheres ainda ganham menos e têm dificuldades de subir na carreira As mulheres brasileiras já engravidam menos na adolescência, estudam mais do que os homens e tiveram aumento maior na renda média mensal, segundo mostram as Estatísticas de Gênero do IBGE, retiradas da base de dados do Censo de 2010, mas elas ainda ganham salários menores e tem dificuldades em ascender na carreira.

<http://tinyurl.com/gnbsmbs> Acesso em: 29.08.2016. Adaptado. O título do artigo – Mais escolarizadas, mulheres ainda ganham menos e têm dificuldades de subir na carreira – poderia ser substituído, sem causar prejuízo de sentido, por: a) Mulheres, mais escolarizadas, porventura ganham mais, entretanto possuem empecilhos

para subir na carreira. b) Mulheres, mais escolarizadas, ainda ganham menos, bem como enfrentam obstáculos

para subir na carreira. c) Mulheres, mais escolarizadas, às vezes ganham menos, por conseguinte apresentam

especificidades para se elevarem na carreira. d) Mais escolarizadas, mulheres, ainda que enfrentem dificuldades para progredirem na

carreira, ganham o mesmo ou mais. e) Mais escolarizadas, mulheres apresentam particularidades para subir na carreira,

porquanto já ganham mais. 18. (Uel 2017) Leia o fôlder a seguir

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Com base na leitura do fôlder, responda aos itens a seguir. a) O que difere o uso dos termos sublinhados nas sentenças “Consulte sempre um médico ao

perceber os sintomas” e “Os sintomas iniciais podem ser semelhantes aos da gripe”? b) Na frase “Assim como a gripe, a pneumonia pneumocócica pode ser prevenida através da

vacinação”, se fosse omitida a expressão “como a gripe”, o sentido original estaria mantido? Por quê?

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:

Pietro Brun, meu tetravô paterno, embarcou em um navio no final do século 19, como tantos italianos pobres, em busca de uma utopia que atendia pelo nome de América. Pietro queria terra, sim. Mas o que o movia era um território de outra ordem. Ele queria salvar seu nome, encarnado na figura de meu bisavô, Antônio. Pietro fora obrigado a servir o exército como soldado por anos demais (...). 1Havia chegado a hora de Antônio se alistar, e o pai decidiu que não perderia seu filho. Fugiu com ele e com a filha Luigia para o sul do Brasil. 2Como desertava, meu bisavô Antônio foi levado em um bote até o navio que já se afastava do porto de Gênova. Embarcou como clandestino.

Ao desembarcar no Brasil, em 10 de fevereiro de 1883, Pietro declarou o nome completo. O funcionário do Império, como aconteceu tantas e tantas vezes, registrou-o conforme ouviu. Tornando-o, no mundo novo, Brum – com “m”. Meu pai, Argemiro, filho de José, neto de Antônio e bisneto de Pietro, tomou para si a missão de resgatar essa história e documentá-la.

3No início dos anos 1990 cogitamos reivindicar a cidadania italiana. Possuímos todos os documentos, organizados numa pasta. 4Mas entre nós existe essa diferença na letra. 5Antes de ingressar com a documentação, seria preciso corrigir o erro do burocrata do governo imperial que substituiu um “n” por um “m”. 6Um segundo ele deve ter demorado para nos transformar, e com certeza morreu sem saber. E, se soubesse, não teria se importado, porque era apenas o nome de mais um imigrante a bater nas costas do Brasil despertencido de tudo.

Cabia a mim levar essa empreitada adiante. Há uma autonomia na forma como damos carne ao nosso nome com a vida que

construímos – e não com a que herdamos. (...) Eu escolho a memória. A desmemória assombra porque não a nomeamos, respira em nossos porões como monstros sem palavras. A memória, não. É uma escolha do que esquecer e do que lembrar – e uma oportunidade de ressignificar o passado para ganhar um futuro. 7Pela memória nos colocamos não só em movimento, mas nos tornamos o próprio movimento. Gesto humano, para sempre incompleto.

8Ao fugir para o Brasil, metade dos Brun ganhou uma perna a mais. O “n” virou “m”. Mas essa perna a mais era um membro fantasma, um ganho que revelava uma perda.

(...) 9Quando Pietro Brun atravessou o mar deixando mortos e vivos na margem que se

distanciou, ele não poderia ser o mesmo ao alcançar o outro lado. 10Ele tinha de ser outro,

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assim como nós, que resultamos dessa aventura desesperada. Era imperativo que ele fosse Pietro Brum – e depois até Pedro Brum.

ELIANE BRUM Meus desacontecimentos: a história da minha vida com as palavras. São Paulo: LeYa, 2014.

19. (Uerj 2017) Como desertava, meu bisavô Antônio foi levado em um bote até o navio que já se afastava do porto de Gênova. (ref. 2) O trecho sublinhado estabelece com o restante da frase o sentido de: a) causa b) conclusão c) concessão d) conformidade TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: I. Quando um não quer, dois não brigam. II. Cada cabeça, uma sentença. III. Um dia da caça, o outro do caçador. IV. Em briga de marido e mulher, não se mete a colher. V. Casa de ferreiro, espeto de pau. 20. (Puccamp 2017) “Casa de ferreiro, espeto de pau.” No provérbio acima, a) o paralelismo da forma põe em destaque uma oposição. b) o segundo membro da frase expressa uma causa. c) o segundo membro da frase expressa uma finalidade. d) manifesta-se uma relação desejável entre o espaço habitado e o instrumento de trabalho. e) associam-se, respectivamente, uma profissão e uma condição necessária para seu

exercício. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Para responder à(s) questão)ões a seguir, leia a crônica “Anúncio de João Alves”, de Carlos Drummond de Andrade (1902-1987), publicada originalmente em 1954.

1Figura o anúncio em um jornal que o amigo me mandou, e está assim redigido: À procura de uma besta. – A partir de 6 de outubro do ano cadente, sumiu-me uma

besta vermelho-escura com os seguintes característicos: calçada e ferrada de todos os membros locomotores, um pequeno quisto na base da orelha direita e crina dividida em duas seções em consequência de um golpe, cuja extensão pode alcançar de quatro a seis centímetros, produzido por jumento.

Essa besta, muito domiciliada nas cercanias deste comércio, é muito mansa e boa de sela, e tudo me induz ao cálculo de que foi roubada, assim que hão sido falhas todas as

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indagações. Quem, pois, apreendê-la em qualquer parte e a fizer entregue aqui ou pelo menos

notícia exata ministrar, será razoavelmente remunerado. Itambé do Mato Dentro, 19 de novembro de 1899. (a) João Alves Júnior.

2Cinquenta e cinco anos depois, prezado João Alves Júnior, tua besta vermelho-escura,

mesmo que tenha aparecido, já é pó no pó. E tu mesmo, se não estou enganado, repousas suavemente no pequeno cemitério de Itambé. Mas teu anúncio continua um modelo no gênero, se não para ser imitado, ao menos como objeto de admiração literária.

3Reparo antes de tudo na limpeza de tua linguagem. 4Não escreveste apressada e toscamente, como seria de esperar de tua condição rural. Pressa, não a tiveste, pois o animal desapareceu a 6 de outubro, e só a 19 de novembro recorreste à Cidade de Itabira. Antes, procedeste a indagações. Falharam. 5Formulaste depois um raciocínio: houve roubo. Só então pegaste da pena, e traçaste um belo e nítido retrato da besta.

6Não disseste que todos os seus cascos estavam ferrados; preferiste dizê-lo “de todos os seus membros locomotores”. Nem esqueceste esse pequeno quisto na orelha e essa divisão da crina em duas seções, que teu zelo naturalista e histórico atribuiu com segurança a um jumento.

Por ser “muito domiciliada nas cercanias deste comércio”, isto é, do povoado e sua feirinha semanal, inferiste que não teria fugido, mas antes foi roubada. 7Contudo, não o afirmas em tom peremptório: “tudo me induz a esse cálculo”. Revelas aí a prudência mineira, que não avança (ou não avançava) aquilo que não seja a evidência mesma. É cálculo, raciocínio, operação mental e desapaixonada como qualquer outra, e não denúncia formal.

Finalmente – deixando de lado outras excelências de tua prosa útil – a declaração final: quem a apreender ou pelo menos “notícia exata ministrar”, será “razoavelmente remunerado”. Não prometes recompensa tentadora; não fazes praça de generosidade ou largueza; acenas com o razoável, com a justa medida das coisas, que deve prevalecer mesmo no caso de bestas perdidas e entregues.

8Já é muito tarde para sairmos à procura de tua besta, meu caro João Alves do Itambé; entretanto essa criação volta a existir, porque soubeste descrevê-la com decoro e propriedade, num dia remoto, e o jornal a guardou e alguém hoje a descobre, e muitos outros são informados da ocorrência. Se lesses os anúncios de objetos e animais perdidos, na imprensa de hoje, ficarias triste. 9Já não há essa precisão de termos e essa graça no dizer, nem essa moderação nem essa atitude crítica. Não há, sobretudo, esse amor à tarefa bem-feita, que se pode manifestar até mesmo num anúncio de besta sumida.

(Fala, amendoeira, 2012.) 21. (Unesp 2017) “Cinquenta e cinco anos depois, prezado João Alves Júnior, tua besta vermelho-escura, mesmo que tenha aparecido, já é pó no pó.” (ref. 2) Em relação ao período do qual faz parte, a oração destacada exprime ideia de a) comparação. b) concessão. c) consequência.

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d) conclusão. e) causa. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:

Violência à saúde Mauro Gomes Aranha de Lima

Jornal do Cremesp, agosto de 2016 O aumento da violência contra médicos e enfermeiros finalmente passou a ser

encarado como questão de Estado. Graças às denúncias do Cremesp [Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo] e do Coren-SP [Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo], a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) mantém agora um grupo de trabalho que se debruça na busca de soluções para o problema.

Em recente reunião, o secretário adjunto da SSP-SP, Sérgio Sobrane, comprometeu-se a tomar providências. A Secretaria de Saúde (SES-SP) também participou dos debates que culminaram com proposta do Cremesp e do Coren de um protocolo para orientar profissionais da Saúde a lidar com situações em que o usuário/familiar se mostre agressivo ou ameaçador.

Simultaneamente, a SSP-SP preparará um piloto de intervenção baseado em registros de ameaças ou de truculência na Capital. Se bem sucedido, será multiplicado ao restante do Estado.

São medidas oportunas e as levaremos em frente. Contudo, tal empenho não será o bastante. A violência emerge de raízes profundas: governos negligenciam a saúde dos cidadãos, motivo pelo qual a rede pública padece de graves problemas no acesso ou continuidade da atenção; hospitais sucateados e sob o contingenciamento de leitos e serviços; postos de saúde e Estratégia Saúde da Família com equipes incompletas para a efetivação de metas integrativas biopsicossociais.

O brasileiro é contribuinte assíduo e pontual, arca com uma das mais altas tributações do mundo, e, em demandas por saúde, o que recebe é o caos e a indiferença.

Resignam-se, muitos. Todavia, há os que não suportam a indignidade. Sentem-se humilhados. Reagem, exaltam-se. Eis que chegamos ao extremo. Em pesquisa encomendada pelo Cremesp, em 2015, com amostra de 617 médicos, 64% tomaram conhecimento ou foram vítimas de violência. Ouvimos também os pacientes: 41% dos entrevistados atribuíram a razão das agressões a problemas como demora para serem atendidos, estresse, muitos pacientes para poucos médicos, consultas rápidas e superficiais.

Ser médico é condição e escolha. Escolhemos a compreensão científica do mecanismo humano, revertida em benefício do ser que sofre. Vocação, chamado, desafio, e o apelo da dor em outrem, a nos exigirem fôlego, serenidade e dedicação. Estamos todos, médicos e pacientes, em situação. Há que se cultivar entre nós uma cultura de paz. E um compromisso mútuo de tarefas mínimas.

Aos pacientes, cabe-lhes o cultivo de uma percepção mais refletida de que, em meio à precariedade posta por governos cínicos, o Estado não é o médico. Este é apenas o servidor visível, por detrás do qual está aquele que se omite.

Aos médicos, a compreensão de que os pacientes, além de suas enfermidades, sofrem injustiças e agravos sociais.

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A tolerância não é exatamente um dom, uma graça, ou natural pendor. É esforço deliberado, marco estrutural do processo civilizador.

Tarefas e esforços compartilhados: a solução da violência está mais dentro do que fora de nós.

In: Jornal do Cremesp. Órgão Oficial do Conselho Regional de Medicina do Estado de São

Paulo. Nº 339, agosto 2016. [Adaptado] 22. (Fac. Albert Einstein - Medicin 2017) Ao longo do texto, estão evidenciados elementos de coesão textual. Assinale a alternativa que apresenta a relação de sentido por eles estabelecida, de acordo com a ordem em que se apresentam. a) Concessão, condição, contraste e contradição. b) Finalidade, oposição, concessão e explicação. c) Concomitância, condição, oposição e explicação. d) Finalidade, concomitância, condição e oposição. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Leia a fábula “A raposa e o lenhador”, do escritor grego Esopo (620 a.C.?-564 a.C.?), para responder à(s) questão(ões) a seguir: Enquanto fugia de caçadores, uma raposa viu um lenhador e lhe pediu que a escondesse. Ele sugeriu que ela entrasse em sua cabana e se ocultasse lá dentro. Não muito tempo depois, vieram os caçadores e perguntaram ao lenhador se ele tinha visto uma raposa passar por ali. Em voz alta ele negou tê-la visto, mas com a mão fez gestos indicando onde ela estava escondida. Entretanto, como eles não prestaram atenção nos seus gestos, deram crédito às suas palavras. Ao constatar que eles já estavam longe, a raposa saiu em silêncio e foi indo embora. E o lenhador se pôs a repreendê-la, pois ela, salva por ele, não lhe dera nem uma palavra de gratidão. A raposa respondeu: “Mas eu seria grata, se os gestos de sua mão fossem condizentes com suas palavras.”

(Fábulas completas, 2013.) 23. (Unifesp 2017) “Entretanto, como eles não prestaram atenção nos seus gestos, deram crédito às suas palavras.” Em relação à oração que a sucede, a oração destacada tem sentido de a) causa. b) conclusão. c) proporção. d) consequência. e) comparação. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:

O DISCURSO Natividade é que não teve distrações de espécie alguma. Toda ela estava nos filhos, e

agora especialmente na carta e no discurso. Começou por não dar resposta às 1efusões

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políticas de Paulo; foi um dos conselhos do conselheiro. Quando o filho tornou pelas férias tinha esquecido a carta que escrevera.

O discurso é que ele não esqueceu, mas quem é que esquece os discursos que faz? Se são bons, a memória os grava em bronze; se ruins, deixam tal ou qual amargor que dura muito. 2O melhor dos remédios, no segundo caso, é supô-los excelentes, e, se a razão não aceita esta imaginação, consultar pessoas que a aceitem, e crer nelas. A opinião é um velho óleo incorruptível.

Paulo tinha talento. O discurso naquele dia podia pecar aqui ou ali por alguma ênfase, e uma ou outra ideia vulgar e exausta. Tinha talento Paulo. Em suma, o discurso era bom. Santos achou-o excelente, leu-o aos amigos e resolveu transcrevê-lo nos jornais. 3Natividade não se opôs, mas entendia que algumas palavras deviam ser cortadas.

– Cortadas, por quê? perguntou Santos, e ficou esperando a resposta. – Pois você não vê, Agostinho; estas palavras têm sentido republicano, explicou ela

relendo a frase que a afligira. Santos ouvia-as ler, leu-as para si, e não deixou de lhe achar razão. Entretanto, não

havia de as suprimir. – Pois não se transcreve o discurso. – Ah! isso não! O discurso é magnífico, e não há de morrer em S. Paulo; é preciso que a

Corte o leia, e as províncias também, e até não se me daria fazê-lo traduzir em francês. Em francês, pode ser que fique ainda melhor.

– Mas, Agostinho, isto pode fazer mal à carreira do rapaz; o imperador pode ser que não goste...

Pedro, que assistia desde alguns instantes ao debate, interveio docemente para dizer que os receios da mãe não tinham base; era bom pôr a frase toda, e, a rigor, não diferia muito do que os liberais diziam em 1848.

– Um monarquista liberal pode muito bem assinar esse trecho, concluiu ele depois de reler as palavras do irmão.

– Justamente! 4assentiu o pai. 5Natividade, que em tudo via a inimizade dos gêmeos, suspeitou que o intuito de Pedro

fosse justamente comprometer Paulo. Olhou para ele a ver se lhe descobria essa intenção torcida, mas a cara do filho tinha então o aspecto do entusiasmo. Pedro lia trechos do discurso, acentuando as belezas, repetindo as frases mais novas, cantando as mais redondas, revolvendo-as na boca, tudo com tão boa sombra que a mãe perdeu a suspeita, e a impressão do discurso foi resolvida. Também se tirou uma edição em folheto, e o pai mandou encadernar ricamente sete exemplares, que levou aos ministros, e um ainda mais rico para a Regente.

MACHADO DE ASSIS Esaú e Jacó. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1997.

1efusão − manifestação expansiva de sentimentos 4assentir − concordar 24. (Uerj 2017) O melhor dos remédios, no segundo caso, é supô-los excelentes, e, se a razão não aceita esta imaginação, consultar pessoas que a aceitem, e crer nelas. (ref. 2)

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A conjunção sublinhada e estabelece paralelismo sintático entre duas orações. Identifique-as. Reescreva o trecho acima, substituindo a conjunção e por outra conjunção coordenativa, mantendo o mesmo sentido e a mesma estrutura do período original. TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES: Leia o texto a seguir e responda à(s) questão(ões). O promotor de justiça Alexandre Couto Joppert foi afastado temporariamente da banca examinadora de um concurso para o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro e será alvo de uma investigação da própria Promotoria. Examinador de Direito Penal, durante uma prova oral, ele narrou um caso hipotético de estupro coletivo e disse que o criminoso que praticou a conjunção carnal “ficou com a melhor parte, dependendo da vítima”. A prova é aberta ao público e algumas pessoas gravaram a afirmação do promotor. “Um (criminoso) segura, outro aponta a arma, outro guarnece a porta da casa, outro mantém a conjunção – ficou com a melhor parte, dependendo da vítima – mantém a conjunção carnal e o outro fica com o carro ligado pra assegurar a fuga”, narrou o promotor. Divulgada em redes sociais, a afirmação causou revolta. Muitas pessoas acusam o promotor de difundir a cultura do estupro. Em nota, o procurador-geral de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, Marfan Martins Vieira, informou ter instaurado inquérito para apurar a conduta do promotor, além de afastá-lo da banca examinadora “até a conclusão da apuração dos fatos”. Autor de livros jurídicos, Joppert atua na Assessoria de Atribuição Originária em Matéria Criminal do Ministério Público, setor subordinado à Subprocuradoria-Geral de Justiça de Assuntos Institucionais e Judiciais. O promotor divulgou nota em que afirma ter sido mal interpretado, já que se referia ao ponto de vista do criminoso. “Ao me referir ao fato do executor do ato sexual coercitivo ter ficado com a melhor parte”, estava tratando da “opinião hipotética do próprio praticante daquele odioso crime contra a dignidade sexual”.

Adaptado de: GRELLET, F. Polêmica sobre estupro afasta promotor. Folha de Londrina. 24 jun. 2016. Geral. p. 7.

25. (Uel 2017) Com relação aos termos sublinhados no texto, considere as afirmativas a seguir. I. As aspas usadas ao longo do texto marcam o discurso direto do promotor Alexandre Couto

Joppert. II. O termo “que” pertence à mesma classe gramatical nas duas ocorrências apresentadas. III. A expressão “além de” reforça o caráter aditivo presente no período. IV. O termo “mal” modifica a palavra “interpretado”, atribuindo-lhe ideia de modo. Assinale a alternativa correta. a) Somente as afirmativas I e II são corretas. b) Somente as afirmativas I e IV são corretas. c) Somente as afirmativas III e IV são corretas. d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas. e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.

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26. (Uel 2017) Com base na análise do período “O promotor divulgou nota em que afirma ter sido mal interpretado, já que se referia ao ponto de vista do criminoso”, assinale a alternativa correta. a) A última oração apresenta elipse do sujeito “promotor”, para evidenciar a ideia de

consequência em relação à oração anterior. b) Para expressar a ideia de adição implícita no período, é necessário o acréscimo da

conjunção “e” antes da expressão “já que”. c) O período apresenta uso inadequado da locução “já que” para expressar a ideia explicativa

contida nele. d) A expressão “já que” pode ser substituída por “visto que” sem alterar a ideia de causa

indicada pela última oração. e) O uso da expressão “já que” apresenta noção temporal de simultaneidade na relação entre

as duas orações. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Vídeos falsos confundem o público e a imprensa Por Jasper Jackson, tradução de Jo Amado. Cerca de duas horas depois da divulgação dos atentados de terça-feira (22/03) em Bruxelas, apareceu um vídeo no YouTube, sob a alegação de que seriam imagens do circuito fechado de televisão (CCTV), mostrando uma explosão no aeroporto Zaventem, da cidade. As imagens rapidamente se espalharam pelas redes sociais e foram divulgadas por alguns dos principais sites de notícias. Depois desse, surgiu outro vídeo, supostamente mostrando uma explosão na estação de metrô Maelbeek, próxima ao Parlamento Europeu, e ainda um outro, alegando ser do aeroporto. Entretanto, nenhum dos vídeos era o que alegava ser. Os três vídeos eram gravações de 2011, dois de um atentado ao aeroporto Domodedovo, de Moscou, e um de uma bomba que explodiu numa estação de metrô de Minsk, capital da Belarus. As imagens distorcidas dos clipes do circuito fechado de televisão foram convertidas de cor em preto e branco, horizontalmente invertidas, novamente etiquetadas e postadas como se tivessem surgido dos acontecimentos do dia. Embora a conta do YouTube que compartilhou as imagens com falsos objetivos tenha sido rapidamente tirada do ar, outros veículos as reproduziram dizendo que eram de Bruxelas. Os vídeos ilusórios são exemplos de um fenômeno que vem se tornando cada vez mais comum em quase todas as matérias importantes que tratam de acontecimentos violentos e que ocorrem rapidamente. Reportagens falsas ou ilusórias espalham-se rapidamente pelas redes sociais e são acessadas por organizações jornalísticas respeitáveis, confundindo ainda mais um quadro já incrivelmente confuso. A disseminação e divulgação de falsas informações não têm nada de novo, mas a internet tornou mais fácil plantar matérias e provas falsas e ilusórias, que serão amplamente compartilhadas pelo Twitter e pelo Facebook. Alastair Reid, editor administrativo do site First Draft, 1que é uma coalizão de organizações 2que se especializam em checar informações e conta com o apoio do Google, disse 3que parte do problema é que qualquer pessoa 4que publique em plataformas como o

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Facebook tem a capacidade de atingir uma audiência tão ampla quanto aquelas 5que são atingidas por uma organização jornalística. “Pode tratar-se de alguém tentando desviar propositalmente a pauta jornalística por motivos políticos, ou muitas vezes são apenas pessoas que querem os números, os cliques e os compartilhamentos porque querem fazer parte da conversa ou da validade da informação”, disse ele. “Eles não têm quaisquer padrões de ética, mas têm o mesmo tipo de distribuição.” Nesse meio tempo, a rápida divulgação das notícias online e a concorrência com as redes sociais também aumentaram a pressão sobre as organizações jornalísticas para serem as primeiras a divulgar cada avanço, ao mesmo tempo em que eliminam alguns dos obstáculos que permitem informações equivocadas. Uma página na web não só pode ser atualizada de maneira a eliminar qualquer vestígio de uma mensagem falsa, mas, quando muitas pessoas apenas se limitam a registrar qual o website em que estão lendo uma reportagem, a ameaça à reputação é significativamente menor que no jornal impresso. Em muitos casos, um fragmento de informação, uma fotografia ou um vídeo são simplesmente bons demais para checar. Alastair Reid disse: “Agora talvez haja mais pressão junto a algumas organizações para agirem rapidamente, para clicar, para ser a primeira… E há, evidentemente, uma pressão comercial para ter aquele vídeo fantástico, aquela foto fantástica, para ser de maior interesse jornalístico, mais compartilhável e tudo isso pode se sobrepor ao desejo de ser certo.” Adaptado de: http://observatoriodaimprensa.com.br/terrorismo/videos-falsos-confundem-

o-publico-e-a-imprensa/. (Publicado originalmente no jornal The Guardian em 23/3/2016. Acesso em 30/03/2016.)

27. (Ita 2017) No primeiro período do sexto parágrafo, a palavra QUE constitui pronome relativo, EXCETO em a) [...] que é uma coalizão [...] (ref. 1) b) [...] que se especializam [...] (ref. 2) c) [...] que parte do problema [...] (ref. 3) d) [...] que publique em plataformas [...] (ref. 4) e) [...] que são atingidas por uma organização jornalística. (ref. 5) TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Observe a tirinha a seguir e responda à(s) questão(ões).

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28. (Ita 2017) Os dois primeiros quadros da tirinha criam no leitor uma expectativa de desfecho que não se concretiza, gerando daí o efeito de humor. Nesse contexto, a conjunção e estabelece a relação de a) conclusão. b) explicação. c) oposição. d) consequência. e) alternância. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Leia o texto para responder à(s) questão(ões) a seguir.

Pensar no envelhecimento é algo que costuma incomodar a maior parte das pessoas. Herdamos das gerações passadas a ideia de que a idade inexoravelmente sinaliza o fim de uma vida produtiva plena e que o melhor a fazer é aceitar a decadência física, almejando contar com o conforto proporcionado por uma boa aposentadoria. Mas o mundo mudou. Hoje, uma nova geração descobre que, se tomar decisões sábias na juventude, pode tornar o tempo futuro uma genuína etapa da vida e, mais do que isso, uma fase áurea da nossa existência.

Estudos demográficos apontam que as gerações nascidas desde a década de 60 podem contar com, pelo menos, mais 20 anos em sua expectativa de vida. Na verdade, se recuarmos um pouco mais, vamos constatar que esse bônus de longevidade é maior ainda. No início do século 20, mais ou menos na mesma época em que a aposentadoria foi criada, a expectativa de vida ao nascer do brasileiro era, em média, de 33 anos. Hoje estamos quase chegando aos 80. Em pouco mais de 100 anos o bônus de longevidade foi de quase 50 anos!

Você S/A – Previdência, setembro de 2016.

29. (Fgv 2017) No texto, a frase “Mas o mundo mudou.” (1º parágrafo) relaciona diferentes informações da argumentação do autor. a) Que tipo de oração coordenada o autor empregou? Que sentido ela estabelece no texto? b) Qual é o ponto de vista do autor sobre o assunto de que trata e que tipo de argumento ele

usa para sustentá-lo? TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: A(s) questão(ões) a seguir está(ao) relacionada(s) ao texto abaixo.

É preciso estabelecer uma distinção radical entre um “brasil” escrito com letra minúscula, nome de um tipo de madeira de lei 1ou de uma feitoria interessada em explorar uma terra como outra qualquer2, 3e o Brasil que designa um povo, uma 4nação, um conjunto de valores, escolhas e ideais de vida. O “brasil” com b minúsculo é apenas um objeto sem vida5, pedaço de coisa que morre e não tem a menor condição de 6se reproduzir como sistema. 7Mas o Brasil com B maiúsculo é algo muito mais complexo.

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Estamos interessados em responder esta pergunta: afinal de contas, o que faz o brasil, BRASIL? Note-se que se trata de uma pergunta relacional que, tal como faz a própria sociedade brasileira, quer juntar e não dividir. Queremos, 8isto sim, descobrir como é que eles se ligam entre 9si10; como é que cada um depende do outro; e 11como os dois formam uma realidade única que existe concretamente naquilo que chamamos de “12pátria”.

13Se a condição humana determina que todos os homens devem comer, dormir, trabalhar, reproduzir-se e rezar, essa determinação não chega ao ponto de especificar também qual comida ingerir, de que modo produzir e para quantos deuses 14ou espíritos rezar. É precisamente aqui, nessa espécie de zona indeterminada, mas necessária, que nascem as diferenças e, nelas, os estilos, os modos de ser e estar; os “15jeitos” de cada grupo humano. 16Trata-se, sempre, da questão de identidade.

Como se constrói uma identidade social? Como um povo se transforma em Brasil? 17A pergunta, 18na sua discreta singeleza, permite descobrir algo muito importante. É que, no meio de uma multidão de experiências dadas a todos os homens e sociedades, algumas necessárias à própria sobrevivência – como comer, dormir, morrer, reproduzir-se etc. – outras acidentais ou históricas –, 19o Brasil ter sido descoberto por portugueses e não por chineses, a geografia do Brasil ter certas características, falarmos 20português e não 21francês, a família real ter se transferido para o Brasil no início do século XIX etc. –, cada sociedade (e cada ser humano) apenas se utiliza de um número limitado de “22coisas” (e de experiências) 23para se construir como algo único.

24Nessa perspectiva, a chave para entender a 25sociedade brasileira é uma 26chave dupla. 27E, 28para mim, a capacidade relacional — do antigo com o moderno – tipifica e singulariza a sociedade brasileira. Será preciso, 29portanto, discutir o Brasil como uma 30moeda. Como algo que tem dois lados. 31E mais: como uma realidade que nos tem 32iludido, precisamente porque 33nunca lhe propusemos esta questão relacional e reveladora: afinal de contas, como se ligam as duas faces de uma mesma moeda? O que faz o 34brasil, 35Brasil?

Adaptado de: DAMATTA, R. O que faz o brasil, Brasil? A questão da identidade. In:_____. O que faz o brasil, Brasil? Rio de Janeiro: Rocco, 1986. p. 9-17.

30. (Ufrgs 2017) Assinale a alternativa que apresenta, no texto, os sentidos, contextualmente adequados, para os nexos Mas (ref. 7), para (ref. 23) e portanto (ref. 29), nesta ordem. a) contraste – finalidade – explicação b) concessão – conformidade – conclusão c) concessão – finalidade – explicação d) condição – conformidade – finalidade e) contraste – finalidade – conclusão TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: A(s) questão(ões) a seguir está(ão) relacionada(s) ao texto abaixo.

Muita gente que ouve a expressão “políticas linguísticas” pela primeira vez pensa em algo 1solene, formal, oficial, em leis e portarias, em autoridades oficiais, e pode ficar se perguntando o que seriam leis sobre línguas. De fato, há leis sobre línguas, mas as 2políticas

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linguísticas também podem ser menos 3formais – e nem passar por leis propriamente ditas. Em quase todos os casos, figuram no cotidiano, 4pois envolvem não só a gestão da linguagem, mas também as práticas de linguagem, e as crenças e valores que circulam a respeito 5delas. Tome, por exemplo, a situação do 6cidadão das classes confortáveis brasileiras, que quer que a escola ensine a norma culta da língua portuguesa. 7Ele folga em saber que se vai exigir isso dos candidatos às vagas para o ensino superior, mas nem sempre observa ou exige o mesmo padrão culto, por exemplo, na ata de condomínio, que ele aprova como está, 8desapegada da ortografia e das regras de concordância verbais e nominais 9preconizadas pela gramática normativa. Ele acha ótimo que a escola dos filhos faça 10baterias de exercícios para fixar as normas ortográficas, mas pouco se incomoda com os problemas de redação nos enunciados das tarefas dirigidas às crianças ou nos textos de comunicação da escola dirigidos à comunidade escolar. Essas são políticas linguísticas. 11Afinal, onde há gente, há grupos de pessoas que falam línguas. Em cada um desses grupos, há decisões, 12tácitas ou explícitas, sobre como proceder, sobre o que é aceitável ou não, e por aí afora. Vamos chamar essas escolhas – 13assim como 14as discussões que levam até 15elas e as ações que delas resultam – de políticas. Esses grupos, pequenos ou grandes, de pessoas tratam com outros grupos, que por sua vez usam línguas e têm as suas políticas internas. Vivendo imersos em linguagem e tendo constantemente que lidar com outros indivíduos e outros grupos mediante o uso da linguagem, não surpreende que os recursos de linguagem lá pelas tantas se tornem, eles próprios, tema de política e objetos de políticas explícitas. Como 16esses recursos podem ou devem se apresentar? Que funções eles podem ou devem ter? Quem pode ou deve ter acesso a 17eles? Muito do que fazemos, 18portanto, diz respeito às políticas linguísticas.

Adaptado de: GARCEZ, P. M.; SCHULZ, L. Do que tratam as políticas linguísticas. ReVEL, v. 14, n. 26, 2016.

31. (Ufrgs 2017) Considere as seguintes sugestões de substituição de expressões articuladoras no texto. I. Substituição de pois (ref. 4) por entretanto. II. Substituição de assim como (ref. 13) por bem como. III. Substituição de portanto (ref. 18) por por conseguinte. Quais preservariam o sentido e a correção do segmento em que ocorrem? a) Apenas I. b) Apenas II. c) Apenas III. d) Apenas II e III. e) I, II e III. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Leia o trecho extraído do artigo “Cosmologia, 100”, de Antonio Augusto Passos Videira e Cássio Leite Vieira, para responder à(s) questão(ões) a seguir.

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“Vou conduzir o leitor por uma estrada que eu mesmo percorri, árdua e sinuosa.” A

frase – que tem algo da essência do hoje clássico A estrada não percorrida (1916), do poeta norte-americano Robert Frost (1874-1963) – está em um artigo científico publicado há cem anos, cujo teor constitui um marco histórico da civilização.

Pela primeira vez, cerca de 50 mil anos depois de o Homo sapiens deixar uma mão com tinta estampada em uma pedra, a humanidade era capaz de descrever matematicamente a maior estrutura conhecida: o Universo. A façanha intelectual levava as digitais de Albert Einstein (1879-1955).

Ao terminar aquele artigo de 1917, o físico de origem alemã escreveu a um colega dizendo que o que produzira o habilitaria a ser “internado em um hospício”. Mais tarde, referiu-se ao arcabouço teórico que havia construído como um “castelo alto no ar”.

O Universo que saltou dos cálculos de Einstein tinha três características básicas: era finito, sem fronteiras e estático – o derradeiro traço alimentaria debates e traria arrependimento a Einstein nas décadas seguintes.

Em “Considerações Cosmológicas na Teoria da Relatividade Geral”, publicado em fevereiro de 1917 nos Anais da Academia Real Prussiana de Ciências, o cientista construiu (de modo muito visual) seu castelo usando as ferramentas que ele havia forjado pouco antes: a teoria da relatividade geral, finalizada em 1915, esquema teórico já classificado como a maior contribuição intelectual de uma só pessoa à cultura humana.

Esse bloco matemático impenetrável (mesmo para físicos) nada mais é do que uma teoria que explica os fenômenos gravitacionais. Por exemplo, por que a Terra gira em torno do Sol ou por que um buraco negro devora avidamente luz e matéria.

Com a introdução da relatividade geral, a teoria da gravitação do físico britânico Isaac Newton (1642-1727) passou a ser um caso específico da primeira, para situações em que massas são bem menores do que as das estrelas e em que a velocidade dos corpos é muito inferior à da luz no vácuo (300 mil km/s).

Entre essas duas obras de respeito (de 1915 e de 1917), impressiona o fato de Einstein ter achado tempo para escrever uma pequena joia, “Teoria da Relatividade Especial e Geral”, na qual populariza suas duas teorias, incluindo a de 1905 (especial), na qual mostrara que, em certas condições, o espaço pode encurtar, e o tempo, dilatar.

Tamanho esforço intelectual e total entrega ao raciocínio cobraram seu pedágio: Einstein adoeceu, com problemas no fígado, icterícia e úlcera. Seguiu debilitado até o final daquela década.

Se deslocados de sua época, Einstein e sua cosmologia podem ser facilmente vistos como um ponto fora da reta. Porém, a historiadora da ciência britânica Patricia Fara lembra que aqueles eram tempos de “cosmologias”, de visões globais sobre temas científicos. Ela cita, por exemplo, a teoria da deriva dos continentes, do geólogo alemão Alfred Wegener (1880-1930), marcada por uma visão cosmológica da Terra.

Fara dá a entender que várias áreas da ciência, naquele início de século, passaram a olhar seus objetos de pesquisa por meio de um prisma mais amplo, buscando dados e hipóteses em outros campos do conhecimento.

Folha de S. Paulo, 01.01.2017. Adaptado.

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32. (Unesp 2017) Em “O Universo que saltou dos cálculos de Einstein tinha três características básicas [...]” (4º parágrafo), a oração destacada encerra sentido de a) consequência. b) explicação. c) causa. d) restrição. e) conclusão. TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES:

A queda do poderoso machão Paula Cesarino Costa OMBUDSMAN* da Folha de S.Paulo

Folha de S.Paulo, 09/04/2017 Em janeiro de 2016, a Folha anunciou a estreia de blog voltado à discussão das questões de gênero e do chamado empoderamento feminino. Nascido do movimento #Agora É Que São Elas, em que mulheres ocuparam o espaço de colunistas homens nos jornais, o blog homônimo se somava a dezenas de outros. Interpretei como saudável a oferta de novos temas aos leitores do jornal. Neste espaço, já alertara de que os tempos de redes sociais turbulentas sinalizavam a hora de reinventar as páginas de opinião. Contabilizava, em agosto de 2016, 32 mulheres entre os 130 colunistas do jornal. Na madrugada da sexta, 31 de março, o #Agora É Que São Elas publicou um post de potencial arrebatador nas redes sociais. O post "José Mayer me assediou" foi colocado no ar à 0h45. Nele, a figurinista Susllem Tonani acusava o ator de tê-la assediado durante oito meses na TV Globo. De manhã, o texto já era lido e compartilhado nas redes sociais. Por volta das 10h, a Folha tirou-o do ar sem dar explicação. Cobrei do jornal, na crítica interna que circula em torno das 12h30, a obrigação de prestar satisfação ao leitor. Só às 14h22 foi publicada a justificativa para o sumiço do post: "O conteúdo foi retirado do ar porque desrespeitou o princípio editorial da Folha de só publicar acusação após ouvir e registrar os argumentos da parte acusada, salvo nos casos em que isso não for possível". Às 17h30, o texto voltou a ficar disponível, ao mesmo tempo em que era publicada reportagem que resumia as acusações da figurinista e ouvia o ator. Ele negava o que lhe havia sido imputado. A TV Globo dizia não comentar assuntos internos, mas assegurava que haveria apuração rigorosa, "ouvidos todos os envolvidos, em busca da verdade". Houve mobilização de funcionárias da emissora, que culminou em manifesto, cujo título se tornaria emblemático em camisetas e posts: "Mexeu com uma, mexeu com todas". Três dias depois do post original, a emissora divulgou a decisão de suspender José Mayer. Em carta, o ator assumiu ter errado e pediu desculpas. Tropeçou ao resumir o episódio como "brincadeira" e tentar dividir sua culpa com a geração de homens acima de 60 anos, como se fossem vítimas de uma catequese única e perversa. A polêmica alcançou o topo das redes sociais, chegando a estar entre os dez assuntos mais comentados do mundo no Twitter. A retirada do ar do post pela Folha, sem explicação imediata, mas deixando rastros digitais, gerou reclamações e suscitou a elaboração de

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conjecturas: "Acredito que a Folha precisa explicar o que motivou a retirada. Se está compactuando com uma operação abafa por parte da Globo ou se apurou erros no relato", registrou um leitor. O editor-executivo da Folha, Sérgio Dávila, diz que a Direção foi surpreendida com o conteúdo e determinou sua retirada temporária até que o outro lado fosse ouvido. "Nesse intervalo, uma reportagem foi publicada para explicar o que havia acontecido. Não foi, portanto, sem qualquer explicação", afirma. Para Dávila, no caso concreto, não havia impeditivo para que o procedimento-padrão de ouvir o outro lado não fosse respeitado. A Folha tem hoje 124 colunistas e 48 blogs. Grande parte dos leitores não diferencia uns de outros. Mas, na estrutura interna do jornal, blogueiros e colunistas são tratados de forma diferenciada. Todos os colunistas são lidos por editores ou pelos secretários de Redação antes que seus textos sejam publicados. Os blogs são acompanhados a posteriori, pela própria natureza de "diário" que a modalidade comporta. Os autores cuidam diretamente da publicação dos textos. Argumenta Dávila que todos os que escrevem na Folha, incluindo blogueiros, devem submeter quaisquer acusações de prática ilegal aos seus editores antes de publicá-las. É dever das titulares de um blog feminino e feminista trazer a público, sabendo ser verdadeira, uma denúncia de prática machista. É dever do jornal trabalhar tal informação e dar voz àquele que é acusado do que quer que seja. O correto teria sido a publicação do texto original no blog, com remissão simultânea para reportagem produzida pelo corpo editorial da Folha, submetida aos padrões exigidos pelo Manual de Redação de isenção, transparência e equilíbrio. A retirada do ar explicitou falhas de comunicação e procedimento. Um poderoso machão sucumbiu. Os tempos são outros. Uma leitora, no entanto, lembrou a ombudsman de que nesta semana a Ilustrada ganhou três novos colunistas de humor. Eles dividirão espaço com o consagrado José Simão. Todos são homens. Também não há mulheres, por exemplo, no quadrado da charge da página 2 da Folha. *Ombudsman é uma expressão de origem sueca que significa "representante do cidadão". A palavra é formada pela união de "ombuds" (representante) e "man" (homem). O termo surgiu em 1809, nos países escandinavos, para designar um Ouvidor-Geral do Parlamento, responsável em mediar e tentar solucionar as reclamações da população junto ao governo. Hoje em dia, o ombudsman se transformou em uma profissão presente em quase todas as grandes e médias empresas, sejam públicas ou privadas. A função do búds, como também são conhecidos, é a de enxergar os problemas e pontos negativos de determinada empresa ou instituição, a partir da ótica do consumidor/cidadão, e tentar solucionar as crises de maneira imparcial. Dentro da imprensa, o ombudsman é o intermediador entre a editoria do jornal, por exemplo, e seus leitores. Nos Estados Unidos, a função de ombudsman surgiu nos anos 1960. No Brasil, o cargo existe desde 1989, quando o jornal Folha de S. Paulo publicou a primeira editoria do seu ombudsman, que ficaria responsável em ser o porta-voz dos leitores, solucionando e transmitindo as suas reclamações para o jornal. Em muitas empresas o ombudsman é ligado ao departamento de Serviços Jurídicos.

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Disponível em: https://www.significados.com.br/ombudsman/. Acesso em: 13 maio 2017. [Adaptado para fins de vestibular.]

33. (Pucsp 2017) Estão destacados, no próprio texto, elementos coesivos com os quais há a interconexão entre ideias. Assinale a alternativa que contempla a relação de sentido que eles estabelecem, de acordo com a ordem em que aparecem. a) Inclusão, consequência e exclusão. b) Exceção, explicação e contradição. c) Abrangência, concessão e contraste. d) Exceção, consequência e contraste. 34. (Pucsp 2017) “É dever das titulares de um blog feminino e feminista trazer a público, sabendo ser verdadeira, uma denúncia de prática machista.” Nesse trecho do antepenúltimo parágrafo, a intercalação da oração demarcada por vírgulas implica a) conclusão. b) condição. c) oposição. d) consequência. 35. (Enem 2016) O senso comum é que só os seres humanos são capazes de rir. Isso não é verdade? Não. O riso básico – o da brincadeira, da diversão, da expressão física do riso, do movimento da face e da vocalização – nós compartilhamos com diversos animais. Em ratos, já foram observadas vocalizações ultrassônicas – que nós não somos capazes de perceber – e que eles emitem quando estão brincando de “rolar no chão”. Acontecendo de o cientista provocar um dano em um local específico no cérebro, o rato deixa de fazer essa vocalização e a brincadeira vira briga séria. Sem o riso, o outro pensa que está sendo atacado. O que nos diferencia dos animais é que não temos apenas esse mecanismo básico. Temos um outro mais evoluído. Os animais têm o senso de brincadeira, como nós, mas não têm senso de humor. O córtex, a parte superficial do cérebro deles, não é tão evoluído como o nosso. Temos mecanismos corticais que nos permitem, por exemplo, interpretar uma piada.

Disponível em: http://globonews.globo.com. Acesso em: 31 mai. 2012 (adaptado).

A coesão textual é responsável por estabelecer relações entre as partes do texto. Analisando o trecho “Acontecendo de o cientista provocar um dano em um local específico no cérebro”, verifica-se que ele estabelece com a oração seguinte uma relação de a) finalidade, porque os danos causados ao cérebro têm por finalidade provocar a falta de

vocalização dos ratos.

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b) oposição, visto que o dano causado em um local específico no cérebro é contrário à vocalização dos ratos.

c) condição, pois é preciso que se tenha lesão específica no cérebro para que não haja vocalização dos ratos.

d) consequência, uma vez que o motivo de não haver mais vocalização dos ratos é o dano causado no cérebro.

e) proporção, já que a medida que se lesiona o cérebro não é mais possível que haja vocalização dos ratos.

36. (Unicamp 2016) Em sua versão benigna, a valorização da malandragem corresponde ao elogio da criatividade adaptativa e da predominância da especificidade das circunstâncias e das relações pessoais sobre a frieza reducionista e generalizante da lei. Em sua versão maximalista e maligna, porém, a valorização da malandragem equivale à negação dos princípios elementares de justiça, como a igualdade perante a lei, e ao descrédito das instituições democráticas.

(Adaptado de Luiz Eduardo Soares, Uma interpretação do Brasil para contextualizar a violência, em C. A. Messeder Pereira, Linguagens da violência. Rio de Janeiro: Rocco, 2000, p.

23-46.) Considerando as posições expressas no texto em relação à valorização da malandragem, é correto afirmar que: a) O verbo “equivale” relaciona a valorização da malandragem à negação da justiça, da

igualdade perante a lei e das instituições democráticas. b) Entre os pares de termos “benigna/maligna” e “maximalista/reducionista” estabelece-se

no texto uma relação semântica de equivalência. c) O elogio da malandragem reside na valorização da criatividade adaptativa e da

sensibilidade em contraposição à fria aplicação da lei. d) O articulador discursivo “porém” introduz um argumento que se contrapõe à proposta de

valorização da malandragem. 37. (Unicamp 2016) Em ensaio publicado em 2002, Nicolau Sevcenko discorre sobre a repercussão da obra de Euclides da Cunha no pensamento político nacional. “Acima de tudo Euclides exaltava o papel crucial do agenciamento histórico da população brasileira. Sua maior aposta para o futuro do país era a educação em massa das camadas subalternas, qualificando as gentes para assumir em suas próprias mãos seu destino e o do Brasil. Por isso se viu em conflito direto com as autoridades republicanas, da mesma forma como outrora lutara contra os tiranetes da monarquia. Nunca haveria democracia digna desse nome enquanto prevalecesse o ambiente mesquinho e corrupto da ‘república dos medíocres’(...). Gente incapaz e indisposta a romper com as mazelas deixadas pelo latifúndio, pela escravidão e pela exploração predatória da terra e do povo. (...) Euclides expôs a mistificação republicana de uma ‘ordem’ excludente e um ‘progresso’ comprometido com o legado mais abominável do passado. Sua morte precoce foi um alívio para os césares. A história, porém, orgulhosa de quem a resgatou, não deixa que sua voz se cale.”

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(Nicolau Sevcenko, O outono dos césares e a primavera da história. Revista da USP, São Paulo, n. 54, p. 30-37, jun-ago 2002.)

a) No último período do texto, há uma ocorrência do conectivo “porém”. Que argumentos do

texto são articulados por esse conectivo? b) Apresente o argumento que embasa a posição atribuída a Euclides da Cunha em relação

ao lema da Bandeira Nacional. 38. (Fac. Pequeno Príncipe - Medici 2016) Famosos em suas áreas de atuação, René Descartes e Fernando Pessoa expressaram questões humanas profundas com essas frases. Comparando-as, é CORRETO chegar à conclusão de que “Penso, logo existo”.

(René Descartes) “Duvido, portanto penso”.

(Fernando Pessoa)

a) Pessoa faz uma paráfrase do texto original de Descartes. b) Descartes argumenta que existir é a causa lógica de pensar. c) os dois autores usam conectivos diferentes com a mesma carga semântica. d) há uma relação de metonímia nos sentidos de ambas as frases. e) as duas frases diferenciam-se apenas pelo sentido do conectivo. 39. (Fac. Pequeno Príncipe - Medici 2016) [...] Onde eu morei nós nos reuníamos, rapazes e moças, fizemos um campo de vôlei num terreno que tinha baldio, só da vila, não é? Toda quarta, sábado e domingo nós jogávamos, fazíamos torneio e ninguém se preocupava em sair de lá, engraçado, de sair, de, de passear, tinha lá os namorados, né, e o que acontecia é que às vezes namoravam-se por ali, né, os, os conhecidos e fazia aquele ambiente alegre, assim bom. Meu pai também entrava no jogo, havia jogo de casado e solteiro, né, havia jogo das moças, fazia, nós chegamos a fazer uns, acho que uns nove times de vôlei na época e é claro que as mais velhas que não podiam entrar falavam: essas moças, perna de fora, né, que tinha que jogar de short (risos) como sempre, né, mas, e os pais, né, os pais, tinha o juiz, tinha tudo certinho e todo domingo entregava a taça, era proibida a entrada de outra pessoa, sabe, a não ser que fosse, eh, que se chegasse ao grupo mais, que introduzia tudo aquilo, fazia, organizava, pra entrar pra poder fazer parte, quer dizer, não podia ser ninguém mau elemento ou brigão, brigão não entrava, né, porque senão saía briga mas nunca saía, eh, briga de vizinho, mas não deu, não dava em nada, né? [...]

Disponível em: <http://www.letras.ufrj.br/nurc-rj/>. Acesso em: 04/05/2016. A transcrição de fala é um mecanismo empregado para análises linguísticas que verificam o registro da língua falada da população de uma determinada região, faixa etária, escolarização, sexo etc. Os textos transcritos – em que nem sempre percebemos as regras

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gramaticais seguidas de acordo com a norma-padrão – são úteis para estabelecer quais são as mudanças por que a língua vem passando e a forma como se comunicam as pessoas. No trecho anterior, percebemos que há uma preferência a) pela subordinação na junção de uma oração qualquer à sua principal, com nexos que

deixam claras as relações de causa e consequência. b) pelos períodos complexos formados pela junção de coordenação e de subordinação, com

conectores concessivos e adversativos, sobretudo. c) pela coordenação na ligação de uma oração à outra, com conectivos que dão

prosseguimento ao relato indicando adição e oposição, sobretudo. d) pelas listas de enumeração sem qualquer tipo de ligação sintática com suas orações

principais, formando sequências fragmentadas. e) por períodos simples, com núcleos verbais únicos, ao redor dos quais são alocados vários

itens sintáticos em arranjo desordenado. 40. (Pucpr 2016) Leia o texto a seguir e complete as lacunas com o elemento coesivo correspondente à informação contida entre parênteses. Depois, identifique a alternativa que contenha a sequência de elementos coesivos adequados a cada lacuna. Uma das crenças mais resistentes do pensamento que imagina a si próprio __________ (comparação) o mais moderno, democrático e popular do Brasil é a lenda da inocência dos criminosos pobres. Por essa maneira de ver as coisas, um crime não é um crime __________ (condição) o autor nasceu no lado errado da vida, cresceu dentro da miséria e não conheceu os suportes básicos de uma família regular, de uma escola capaz de tirá-lo da ignorância e do convívio com gente de bem. __________ (conformidade) as fábulas sociais atualmente em vigência, pessoas assim não tiveram a oportunidade de ser cidadãos decentes – e __________ (conclusão) ficam dispensadas de ser cidadãos decentes. Ninguém as ajudou; ninguém lhes deu o que faltou em sua vida. Como compensação por esse azar, devem ser autorizadas a cometer delitos – ou, no mínimo, considera-se que não é justo responsabilizá-las pelos atos que praticaram, por piores que sejam. Na verdade, __________ (conformidade) a teoria socialmente virtuosa, não existem criminosos neste país __________ (tempo) se trata de roubo, latrocínio, sequestro __________ (adição) outras ações de violência extrema – __________ (condição) tenham sido cometidos por cidadãos com patrimônio e renda superiores a determinado nível. E de quem seria, nos demais casos, a responsabilidade? Essa é fácil: “a culpa é da sociedade”.

(GUZZO, J. R. Questão de classe. Veja, São Paulo, n. 22, p.98, 3 jun. 2015)

a) tão, desde que, conforme, porque, conforme, mas, nem, a não ser que. b) como, se, de acordo com, por isso, segundo, quando, e, a menos que. c) tanto quanto, a menos que, conforme, porque, segundo, antes que, também, a menos que. d) tanto quanto, a menos que, segundo, portanto, segundo, depois, e, a menos que. e) como, a não ser que, de acordo com, porque, de acordo com, antes, também, a mais que.

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Gabarito: Resposta da questão 1: [A] O período “Não se trata de apologia da solidão, mas de encarar um dado da realidade contemporânea” é iniciado por uma negativa e a conjunção “mas” inicia uma oração que retifica a informação negada anteriormente. Resposta da questão 2: [C] A oração destacada, marcada pela conjunção concessiva “embora”, é uma subordinada adverbial concessiva, exprimindo ideia de concessão. Resposta da questão 3: [B] Resposta da questão 4: [D] Resposta da questão 5: [E] Resposta da questão 6: [D] Resposta da questão 7: a)

(i) Não consigo mais lembrar os motivos pelos quais me comportei agressivamente naquela ocasião.

(ii) No que tange ao estudo da memória, ainda são insuficientes os recursos dos quais os cientistas dispõem.

b) Texto 1: a conjunção "pois" tem valor causal (aceita-se também como resposta a

indicação de um valor explicativo).

Texto 2, a conjunção tem valor conclusivo. Resposta da questão 8: "Se todos os frequentadores dos cinemas fossem casais de namorados" (oração subordinada adverbial condicional). Resposta da questão 9: [A] Resposta da questão 10: [E] Resposta da questão 11: [A] É correta a opção [A], pois o trecho destacado, iniciado pela conjunção subordinativa “se”, estabelece relação de condição com o trecho que o sucede. Resposta da questão 12: [C] A conjunção “embora” é concessiva, assim, pode ser substituída por outra de mesmo valor semântico, como “ainda que”. Resposta da questão 13: [E] [I] Não se mantém o sentido, uma vez que o

texto original apresenta ideia de adversidade, e a troca propõe superioridade

[II] Não se mantém o sentido, pois o texto original apresenta ideia de afirmação, e a troca sugere adversidade.

[III] Não se mantém o sentido, pois o texto original indica ideia de conclusão, e a troca aponta para adversidade.

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[IV] Mantém-se o sentido, uma vez que os vocábulos são sinônimos, sugerindo relações causais. Resposta da questão 14: [C] [I] Incorreta. O acontecimento brindado foi

a proclamação do Estado de Israel, não “o melhor vinho do armazém”.

[II] Incorreta. A coesão do período está comprometida entre a menção à garrafa de vinho, entre parêntesis, e o trecho seguinte.

[III] A reelaboração preserva o sentido do período inicial, aproximando as relações de tempo, a explicação sobre o vinho escolhido e a união de ações. Resposta da questão 15: [C] [I] Correta. A paráfrase apenas altera a

ordem dos elementos principais, mantendo as relações de sentido.

[II] Correta. A paráfrase está organizada na impessoalidade do primeiro verbo, mas mantém as relações de sentido.

[III] Incorreto. Do modo pelo qual está redigido o texto, o leitor tem a impressão que apenas a regra referente ao plural é necessária para aprendizado de um idioma. Resposta da questão 16:

a) O propósito é manter uma boa relação com os trabalhadores, baseada na garantia de seus direitos fundamentais e de condições dignas de trabalho. Busca, portanto, associar o exercício do trabalho à noção de dignidade humana.

b) Embora suponha produção e rendimentos, o trabalho significa também integração social, identidade e dignidade pessoal.

c) A expressão é “ou melhor”. Resposta da questão 17: [B] No título, há presença de relações de concessão “mais escolarizadas”, tempo “ainda” e adição “têm dificuldades de subir da carreira”. A reescrita, mantendo o sentido, está presente em “Mulheres, mais escolarizadas, ainda ganham menos, bem como enfrentam obstáculos para subir na carreira”. Resposta da questão 18:

a) O termo “ao” está introduzindo uma oração subordinada adverbial reduzida temporal, podendo ser desenvolvida da seguinte forma: “Consulte sempre um médico quando perceber os sintomas.” Nesse sentido, também está indicando em qual momento ou circunstância temporal o médico sempre deverá ser consultado. Quanto ao termo “aos”, observa-se que o adjetivo “semelhantes” é regido pela preposição “a”, contraindo-se com o artigo “os”, que está substituindo o substantivo “sintomas” (flexionado no plural), evitando sua repetição (Os sintomas iniciais podem ser semelhantes aos sintomas da gripe). Assim, no primeiro caso, por se tratar de uma função conectiva (conjunção), o termo mantém-se no singular. No segundo, diante de uma função envolvendo substituição de um substantivo no plural, a preposição se contrai com um termo no plural.

b) Não, porque, na frase original, há uma relação de comparação estabelecida pelo conectivo “assim como”. Nessa relação, há dois elementos em comparação: “gripe” e “pneumonia pneumocócica”. Com a omissão da expressão “como a gripe”, estabelece-se

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uma relação de conclusão referente somente à pneumonia. Resposta da questão 19: [A] O trecho sublinhado representa a causa pela qual Antônio não embarcou como todos os outros passageiros, mas teve de ser levado por um bote até o navio: a deserção. A frase poderia também ser elaborada com o uso de outras conjunções subordinativas adverbiais causais: “porque desertava”, “visto que desertava”. Resposta da questão 20: [A] É correta a opção [A], pois o provérbio mencionado expressa ideia de oposição: uma pessoa com determinada competência, frequentemente, a utiliza em benefício do próximo, mas não a aplica em situações ou circunstâncias de âmbito pessoal em que lhe seriam úteis ou benéficas. Resposta da questão 21: [B] A ideia de concessão revela-se pelo uso do termo “mesmo”, com função de advérbio, que é análogo nesse caso a “ainda”. Resposta da questão 22: [D] Para: é um conectivo típico de finalidade, podendo ser substituído por “a fim de”. Simultaneamente: é um conectivo que indica concomitância, podendo ser substituído por “ao mesmo tempo”. Se: é um conectivo que indica condição, podendo ser substituído por “caso”.

Contudo: é um conectivo que indica oposição, podendo ser substituído por “entretanto”. Resposta da questão 23: [A] A oração iniciada pela conjunção subordinativa “Como”, passível de ser substituída por porque ou visto que, apresenta sentido de causa, como afirma-se em [A]. Resposta da questão 24: Orações: supô-los excelentes/consultar pessoas. O melhor dos remédios, no segundo caso, é supô-los excelentes, ou, se a razão não aceita esta imaginação, consultar pessoas que a aceitam, e crer nelas. Resposta da questão 25: [C] Estão incorretas as afirmações: [I] As aspas em “até a conclusão da apuração

dos fatos” marcam o discurso direto do procurador-geral de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, Marfan Martins Vieira.

[II] Em “e disse que o criminoso que praticou a conjunção carnal ‘ficou com a melhor parte, dependendo da vítima’”, o termo “que”, na primeira ocorrência, é conjunção integrante; na segunda, é pronome relativo.

Observação: No entanto, há um equívoco na elaboração desta questão, uma vez que o enunciado indica que devem ser consideradas as afirmações com relação aos termos sublinhados no texto, e os trechos entre aspas não estão sublinhados.

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Resposta da questão 26: [D] As expressões “já que” e “visto que” atuam como conjunções subordinativas adverbiais causais, assim, uma pode ser substituída pela outra sem alteração de sentido. Resposta da questão 27: [C] Na frase da opção [C], o termo “que” é conjunção subordinativa integrante que inicia oração subordinada substantiva objetiva direta. Nas demais opções, “que” é pronome relativo, pois remete a um termo antecedente: “first draft”, “organizações”, “qualquer pessoa” e “aquelas”, respectivamente. Resposta da questão 28: [C] Seria de esperar que a indignação de Calvin, expressa nos dois primeiros quadrinhos, provocasse um comportamento inverso ao que na verdade acontece. Apesar da critica, o personagem não só continua a assistir a esse tipo de programas, como admite o seu apreço por eles. Na última fala de Calvin, a conjunção coordenativa “e” adquire, assim, uma relação de oposição ao que foi afirmado anteriormente, como se afirma em [C]. Resposta da questão 29:

a) A oração coordenada empregada pelo autor foi adversativa. Seu sentido é marcar a adversidade entre dois posicionamentos: no passado, havia preocupação com a velhice, fase marcada pelo “fim de uma vida produtiva plena”, cuja única possibilidade era “aceitar a decadência física”; no presente, pensa-se

que, de acordo com comportamentos sábios durante a juventude, a velhice se tornará “uma fase áurea da nossa existência”.

b) A respeito da longevidade do brasileiro, o autor se posiciona de modo favorável, argumentando prioritariamente que decisões conscientes, tomadas durante a juventude, interferem positivamente na existência futura, garantindo-lhe qualidade. Resposta da questão 30: [E] Na referência 7, a conjunção “mas” indica elementos opostos, podendo ser substituída, sem perda de sentido, por “porém”; portanto indica contraste; na referência 23, a preposição “para” tem ideia de “finalidade”, podendo ser substituída, sem perda de sentido, por “a fim de”; na referência 29, a conjunção “portanto” indica sentido de conclusão, podendo ser substituída, sem prejuízo, por “logo”. Resposta da questão 31: [D] [I] Falso. A substituição não preservaria o

sentido, pois o original é de causa / explicação, e “entretanto” é uma conjunção adversativa.

[II] Verdadeiro. A substituição preservaria o sentido original, pois ambas são comparativas.

[III] Verdadeiro. A substituição preservaria o sentido original, pois ambas são conclusivas. Resposta da questão 32: [D]

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Profº Valter – Gramática

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O pronome relativo “que” inicia a oração subordinada adjetiva que restringe o sentido do termo anterior e ao qual se refere: “Universo”. Assim, é correta a opção [D]. Resposta da questão 33: [D] O elemento coesivo destacado no 4º parágrafo ("O conteúdo foi retirado do ar porque desrespeitou o princípio editorial da Folha de só publicar acusação após ouvir e registrar os argumentos da parte acusada, salvo nos casos em que isso não for possível") estabelece relação de exceção entre os trechos; é possível a substituição do elemento por “exceto”. O elemento coesivo destacado no 8º parágrafo (“’Nesse intervalo, uma reportagem foi publicada para explicar o que havia acontecido. Não foi, portanto, sem qualquer explicação’, afirma”) estabelece relação de consequência entre os trechos; é possível a substituição do elemento por “logo”. O elemento coesivo destacado no último parágrafo (“Um poderoso machão sucumbiu. Os tempos são outros. Uma leitora, no entanto, lembrou a ombudsman de que nesta semana a Ilustrada ganhou três novos colunistas de humor”) estabelece relação de contraste entre os trechos; é possível a substituição do elemento por “porém”. Resposta da questão 34: [B] A oração intercalada traz a ideia de condição ao dever expresso na Oração Principal; desdobrando-se a oração subordinada, fica

explícita essa ideia: “É dever das titulares de um blog feminino e feminista trazes a público, desde que se saiba ser verdadeira, uma denúncia de prática machista”. Resposta da questão 35: [C] O trecho “Acontecendo de o cientista provocar um dano em um local específico no cérebro” estabelece uma relação de condição com a oração “o rato deixa de fazer essa vocalização”. Assim, é correta a opção [C], pois, segundo o autor, os ratos só deixarão de fazer a vocalização se os cientistas causarem um dano nos seus cérebros. Resposta da questão 36: [D] É correta a opção [D], pois a conjunção coordenativa adversativa “porém” estabelece oposição à proposta de valorização da malandragem. Resposta da questão 37:

a) A conjunção coordenativa adversativa “porém” estabelece relação de oposição entre a posição reformista dos republicanos, que discordavam das teses de Euclides da Cunha, e o julgamento histórico que viria a dar razão às críticas escritor. Segundo o autor, não haveria condições para a instalação da democracia enquanto um sistema alicerçado na exploração do trabalhador do campo e na destruição da terra não fosse erradicado do país: “Gente incapaz e indisposta a romper com as mazelas deixadas pelo latifúndio, pela escravidão e pela exploração predatória da terra e do povo”.

b) Segundo Euclides da Cunha, os termos “ordem” e “progresso” que constituem o

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lema político do Positivismo, cujos ideais visavam à busca de condições sociais básicas através do respeito aos seres humanos, não eram respeitados pelos republicanos. Na verdade, da mesma forma que o sistema monárquico anterior, a República continuava a mesma prática de exploração do povo, relegando-o à exclusão social ou submetendo-o a meios de sobrevivência indignos. Resposta da questão 38: [C] A colocação de René Descartes defende o ato de existir como conclusão do ato de pensar; Fernando Pessoa, por sua vez, defende o ato de duvidar como conclusão do ato de pensar. Nota-se, portanto, que ambos estabelecem a relação conclusiva entre as orações, empregando conjunções diferentes para tanto. Resposta da questão 39: [C]

A análise do trecho em questão, notadamente coloquial, indica preferência por orações coordenadas sindéticas aditivas (“e ninguém se preocupava”, “, e o que acontecia é que às vezes namoravam-se por ali”, “e fazia aquele ambiente alegre”, “e é claro que as mais velhas que não podiam entrar falavam”, “e os pais, né”, “e todo domingo entregava a taça”) e adversativas (“mas, e os pais”, “mas nunca saía”, “mas não deu”). Resposta da questão 40: [B] Seguindo as indicações apontadas, “como” é conjunção comparativa; “se” é condicional; “de acordo com” é uma locução conformativa; “por isso” é locução conjuntiva conclusiva; “segundo”, no contexto, indica conformidade; “quando” é conjunção temporal; “e”, no caso, estabelece relação aditiva; “a menos que” é uma locução condicional.