lista de exercÍciosciencias sociais – enem – lista 1 teoria sociolÓgica conceitos gerais...

17
LISTA DE EXERCÍCIOS PROFESSOR: MOISÉS Aluno (a): _____________________________________________________________________________________ CIENCIAS SOCIAIS – ENEM – LISTA 1 TEORIA SOCIOLÓGICA CONCEITOS GERAIS TEMÁTICA: SOCIOLOGIA BRASILEIRA TEMÁTICA: SOCIOLOGIA DA CULTURA 1. Analisar o processo atual de circulação e de armazenamento de determinados bens culturais diante da transformação decorrente do impacto de novas tecnologias indica que hoje a) as músicas e os textos têm privilegiado um formato digital, tornando inadmissível sua acumulação. b) a rede mundial de computadores acaba com o chamado direito autoral, que é inaplicável em relações virtuais. c) a segurança e a inclusão digital são problemas, expondo a impossibilidade de realizar um comércio feito on-line. d) as mídias digitais e a internet permitiram maior fluxo desses produtos, pois seu acúmulo independe de grandes bases materiais. e) a pirataria é o recurso utilizado pelos consumidores, visto que são impedidos de adquirir legalmente algo desprovido de suporte físico.

Upload: others

Post on 19-Feb-2021

16 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • LISTA DE EXERCÍCIOS PROFESSOR: MOISÉS

    Aluno (a): _____________________________________________________________________________________

    CIENCIAS SOCIAIS – ENEM – LISTA 1

    TEORIA SOCIOLÓGICA CONCEITOS GERAIS

    TEMÁTICA: SOCIOLOGIA BRASILEIRA TEMÁTICA: SOCIOLOGIA DA CULTURA

    1.

    Analisar o processo atual de circulação e de armazenamento de determinados bens culturais diante da transformação decorrente do impacto de novas tecnologias indica que hoje a) as músicas e os textos têm privilegiado um formato digital, tornando inadmissível sua

    acumulação. b) a rede mundial de computadores acaba com o chamado direito autoral, que é inaplicável em

    relações virtuais. c) a segurança e a inclusão digital são problemas, expondo a impossibilidade de realizar um

    comércio feito on-line. d) as mídias digitais e a internet permitiram maior fluxo desses produtos, pois seu acúmulo

    independe de grandes bases materiais. e) a pirataria é o recurso utilizado pelos consumidores, visto que são impedidos de adquirir

    legalmente algo desprovido de suporte físico.

  • 2.

    A tirinha compara dois veículos de comunicação, atribuindo destaque à a) resistência do campo virtual à adulteração de dados. b) interatividade dos programas de entretenimento abertos. c) confiança do telespectador nas notícias veiculadas. d) credibilidade das fontes na esfera computacional. e) autonomia do internauta na busca de informações. 3. Mediante o Código de Posturas de 1932, o poder público enumera e prevê, para os habitantes de Fortaleza, uma série de proibições condicionadas pela hora: após as 22 horas era vetada a emissão de sons em volume acentuado. O uso de buzinas, sirenes, vitrolas, motores ou qualquer objeto que produzisse barulho seria punido com multa. No início dos anos 1940 o último bonde partia da Praça do Ferreira às 23 horas.

    SILVA FILHO, A. L. M. Fortaleza: imagens da cidade. Fortaleza: Museu do Ceará; Secult, 2001 (adaptado).

    Como Fortaleza, muitas capitais brasileiras experimentaram, na primeira metade do século XX, um novo tipo de vida urbana, marcado por condutas que evidenciam uma a) experiência temporal regida pelo tempo orgânico e pessoal. b) experiência que flexibilizava a obediência ao tempo do relógio. c) relação de códigos que estimulavam o trânsito de pessoas na cidade. d) normatização do tempo com vistas à disciplina dos corpos na cidade. e) cultura urbana capaz de conviver com diferentes experiências temporais. 4. O impulso para o ganho, a perseguição do lucro, do dinheiro, da maior quantidade possível de dinheiro não tem, em si mesma, nada que ver com o capitalismo. Tal impulso existe e sempre existiu. Pode-se dizer que tem sido comum a toda sorte e condição humanas em todos os tempos e em todos os países, sempre que se tenha apresentada a possibilidade objetiva para tanto. O capitalismo, porém, identifica-se com a busca do lucro, do lucro sempre renovado por meio da empresa permanente, capitalista e racional. Pois assim deve ser: numa ordem completamente capitalista da sociedade, uma empresa individual que não tirasse vantagem das oportunidades de obter lucros estaria condenada à extinção.

    WEBER, M. A ética protestante e o espírito do capitalismo. São Paulo: Martin Claret, 2001 (adaptado).

    O capitalismo moderno, segundo Max Weber, apresenta como característica fundamental a a) competitividade decorrente da acumulação de capital. b) implementação da flexibilidade produtiva e comercial. c) ação calculada e planejada para obter rentabilidade. d) socialização das condições de produção. e) mercantilização da força de trabalho.

  • 5. Os movimentos sociais do século XXI, ações coletivas deliberadas que visam à transformação de valores e instituições da sociedade, manifestam-se na e pela internet. O mesmo pode ser dito do movimento ambiental, o movimento das mulheres, vários movimentos pelos direitos humanos, movimentos de identidade étnica, movimentos religiosos, movimentos nacionalistas e dos defensores/proponentes de uma lista infindável de projetos culturais e causas políticas. CASTELLS, M. A galáxia da internet: reflexões sobre a internet, os negócios e a sociedade. Rio

    de Janeiro: Jorge Zahar, 2003.

    De acordo com o texto, a população engajada em processos políticos pode utilizar a rede mundial de computadores como recurso para mobilização, pois a internet caracteriza-se por a) diminuir a insegurança do sistema eleitoral. b) reforçar a possibilidade de maior participação qualificada. c) garantir o controle das informações geradas nas mobilizações. d) incrementar o engajamento cívico para além das fronteiras locais. e) ampliar a participação pela solução da escassez de tempo dos cidadãos. 6.

    As redes sociais tornaram-se espaços importantes de relacionamento e comunicação. A charge apresenta o impacto da internet na vida dos indivíduos quando faz referência à a) ampliação do poder dos clérigos no controle dos fiéis. b) adequação dos ritos sacramentais ao cotidiano. c) perda de privacidade em ambiente virtual. d) reinterpretação da noção de pecado. e) modernização das instituições religiosas. 7. Imagine uma festa. São centenas de pessoas aparentemente viajadas, inteligentes, abertas a novas amizades. Você seleciona uma delas e começa um diálogo. Apesar do assunto envolvente, você olha para o lado, perde o foco e dá início a um novo bate-papo. Trinta segundos depois, outra pessoa desperta a sua atenção. Você repete a mesma ação. Lá pelas tantas você se dá conta de que não lembra o nome de nenhuma das pessoas com quem conversou. A internet é mais ou menos assim, repleta de coisas legais, informações relevantes. São janelas e mais janelas abertas.

    Disponível em: http://revistagalileu.globo.com. Acesso em: 19 fev. 2013 (adaptado). Refletindo sobre a correlação entre meios de comunicação e vida social, o texto associa a internet a um padrão de sociabilidade que se caracteriza pelo(a) a) isolamento das pessoas.

  • b) intelectualização dos internautas. c) superficialidade das interações. d) mercantilização das relações. e) massificação dos gostos. 8. Seria até engraçado, se não fosse trágico, porque na hora que a pessoa tem uma doença, ela fica se achando responsável por ter a doença. E se você pegar na história da medicina, sempre foi feito isso – os que tinham lepra eram considerados ímpios; tinham lepra porque não eram tementes a Deus, porque não eram homens e mulheres que tinham uma vida religiosa. Os tuberculosos, no início do século, na epidemia de tuberculose na Europa inteira, aqui em São Paulo, no Brasil todo, eram pessoas devassas, jovens devassos. Com a Aids nós vimos a mesma coisa. Quem tinha Aids, quem eram? Eram os promíscuos e os viciados em drogas, não é?

    Entrevista de Dráuzio Varella no programa Roda Viva em 30 ago. 2004. Disponível em:

    www.rodaviva.fapesp.com.br. Acesso em 30 jan. 2012. Adaptado. Dráuzio Varella discute a associação entre doença e costumes cotidianos. De acordo com o argumento apresentado, essa associação indica a) a culpabilização de hábitos considerados como desregrados, adequando comportamentos. b) o desejo de estender a qualidade de vida, controlando as populações mais jovens. c) classificação dos grupos de risco, buscando impedir o contágio. d) a diminuição da fé religiosa, na modernidade, rejeitando a vida celibatária. e) o desenvolvimento da medicina, propondo terapêuticas que melhorem a vida do doente. 9. Leia os depoimentos a seguir: • Sou um ser livre, penso apenas com minhas ideias, da minha cabeça, faço só o que desejo, sou único, independente, autônomo. Não sigo o que me obrigam e pronto! Acredito que com a força dos meus pensamentos poderei realizar todos os meus sonhos, e o meu esforço ajuda a sociedade a progredir.

    (Jovem estudante e trabalhadora em uma loja de shopping). • Sou um ser social, o que penso veio da minha família, dos meus amigos e parentes, gostaria de fazer o que desejo, mas é difícil! Às vezes faço o que quero, mas na maioria das vezes sigo meu grupo, meus amigos, minha religião, minha família, a escola, sei lá... Sinto que dependo disso tudo e gostaria muito de ser livre, mas não sou!

    (Jovem estudante em uma escola pública que trabalha em empregos temporários). • Sinto que às vezes consigo fazer as coisas que desejo, como ir a raves, mesmo que minha mãe não permita ou concorde. Em outros momentos faço o que me mandam e acho que deve ser assim mesmo. É legal a gente viver segundo as regras e ao mesmo tempo poder mudá-las. Nas raves existem regras, muita gente não percebe, mas há toda uma estrutura, seguranças, taxas, etc. Então, sinto que sou livre, posso escolher coisas, mas com alguns limites.

    (Jovem estudante e Office boy). Assinale a alternativa que expressa, respectivamente, as explicações sociológicas sobre a relação entre indivíduo e sociedade presentes nas falas. a) Solidariedade mecânica, fundada no funcionalismo de E. Durkheim; individualismo

    metodológico, fundado na teoria política liberal; teoria da consciência de classe, fundada em K. Marx.

    b) Teoria da consciência de classe, fundada em K. Marx; sociologia compreensiva, fundada no conceito de ação social e suas tipologias de M. Weber; teoria organicista de Spencer.

    c) Individualismo, fundado no liberalismo de vários autores dos séculos XVIII a XX; funcionalismo, fundado no conceito de consciência coletiva de E. Durkheim; sociologia compreensiva, fundada no conceito de ação social e suas tipologias de M. Weber.

  • d) Sociologia compreensiva, fundada no conceito de ação social e suas tipologias de M. Weber; teoria da consciência de classe, fundada em K. Marx; funcionalismo, fundado no conceito dos três estados de Augusto Comte.

    e) Corporativismo positivista, fundado em Augusto Comte; individualismo, fundado no liberalismo de vários autores dos séculos XVIII a XX; teoria da consciência de classe, fundada em K. Marx.

    10. TEXTO I A Resolução nº 7 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) passou a disciplinar o exercício do nepotismo cruzado, isto é, a troca de parentes entre agentes para que tais parentes sejam contratados diretamente, sem concurso. Exemplificando: o desembargador A nomeia como assessor o filho do desembargador B que, em contrapartida, nomeia o filho deste como seu assessor.

    COSTA, W. S. Do nepotismo cruzado: características e pressupostos. Jusnavigandi, n. 950, 8 fev. 2006.

    TEXTO II No Brasil, pode-se dizer que só excepcionalmente tivemos um sistema administrativo e um corpo de funcionários puramente dedicados a interesses objetivos e fundados nesses interesses.

    HOLANDA, S. B. Raízes do Brasil. Rio de Janeiro: José Olympio, 1993. A administração pública no Brasil possui raízes históricas marcadas pela a) valorização do mérito individual. b) punição dos desvios de conduta. c) distinção entre o público e o privado. d) prevalência das vontades particulares. e) obediência a um ordenamento impessoal. 11. Na segunda metade do século XIX, a capoeira era uma marca da tradição rebelde da população trabalhadora urbana na maior cidade do Império do Brasil, que reunia escravos e livres, brasileiros e imigrantes, jovens e adultos, negros e brancos. O que mais os unia era pertencer aos porões da sociedade, e na última escala do piso social estavam os escravos africanos.

    SOARES, C. E. L. Capoeira mata um. In: FIGUEIREDO, L. História do Brasil para ocupados. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2013.

    De acordo com o texto, um fator que contribuiu para a construção da tradição mencionada foi a a) elitização de ritos católicos. b) desorganização da vida rural. c) redução da desigualdade racial. d) mercantilização da cultura popular. e) diversificação dos grupos participantes. 12. A miscigenação que largamente se praticou aqui corrigiu a distância social que de outro modo se teria conservado enorme entre a casa-grande e a mata tropical; entre a casa-grande e a senzala. O que a monocultura latifundiária e escravocrata realizou no sentido de aristocratização, extremando a sociedade brasileira em senhores e escravos, com uma rala e insignificante lambujem de gente livre sanduichada entre os extremos antagônicos, foi em grande parte contrariado pelos efeitos sociais da miscigenação.

    FREYRE, G. Casa-grande & senzala. Rio de Janeiro: Record, 1999.

  • A temática discutida é muito presente na obra de Gilberto Freyre, e a explicação para essa recorrência está no empenho do autor em a) defender os aspectos positivos da mistura racial. b) buscar as causas históricas do atraso social. c) destacar a violência étnica da exploração colonial. d) valorizar a dinâmica inata da democracia política. e) descrever as debilidades fundamentais da colonização portuguesa. 13. Penso, pois, que o Carnaval põe o Brasil de ponta-cabeça. Num país onde a liberdade é privilégio de uns poucos e é sempre lida por seu lado legal e cívico, a festa abre nossa vida a uma liberdade sensual, nisso que o mundo burguês chama de libertinagem. Dando livre passagem ao corpo, o Carnaval destitui posicionamentos sociais fixos e rígidos, permitindo a “fantasia”, que inventa novas identidades e dá uma enorme elasticidade a todos os papéis sociais reguladores.

    DAMATTA, R. O que o Carnaval diz do Brasil. Disponível em: http://revistaepoca.globo.com. Acesso em: 29 fev. 2012.

    Ressaltando os seus aspectos simbólicos, a abordagem apresentada associa o Carnaval ao(à) a) inversão de regras e rotinas estabelecidas. b) reprodução das hierarquias de poder existentes. c) submissão das classes populares ao poder das elites. d) proibição da expressão coletiva dos anseios de cada grupo. e) consagração dos aspectos autoritários da sociedade brasileira. 14. A imagem da relação patrão-empregado geralmente veiculada pelas classes dominantes brasileiras na República Velha era de que esta relação se assemelhava em muitos aspectos à relação entre pais e filhos. O patrão era uma espécie de “juiz doméstico” que procurava guiar e aconselhar o trabalhador, que, em troca, devia realizar suas tarefas com dedicação e respeitar o seu patrão.

    CHALHOUB, S. Trabalho, lar e botequim: o cotidiano dos trabalhadores do Rio de Janeiro da Belle Époque. Campinas: Unicamp, 2001.

    No contexto da transição do trabalho escravo para o trabalho livre, a construção da imagem descrita no texto tinha por objetivo a) esvaziar o conflito de uma relação baseada na desigualdade entre os indivíduos que dela

    participavam. b) driblar a lentidão da nascente Justiça do Trabalho, que não conseguia conter os conflitos

    cotidianos. c) separar os âmbitos público e privado na organização do trabalho para aumentar a eficiência

    dos funcionários. d) burlar a aplicação das leis trabalhistas conquistadas pelos operários nos primeiros governos

    civis do período republicano. e) compensar os prejuízos econômicos sofridos pelas elites em função da ausência de

    indenização pela libertação dos escravos. 15. A população negra teve que enfrentar sozinha o desafio da ascensão social, e frequentemente procurou fazê-lo por rotas originais, como o esporte, a música e a dança. Esporte, sobretudo o futebol, música, sobretudo o samba, e dança, sobretudo o carnaval, foram os principais canais de ascensão social dos negros até recentemente. A libertação dos escravos não trouxe consigo a igualdade efetiva. Essa igualdade era afirmada nas leis, mas negada na prática. Ainda hoje, apesar das leis, aos privilégios e arrogâncias de poucos correspondem o desfavorecimento e a humilhação de muitos.

    CARVALHO, J. M. Cidadania no Brasil: o longo caminho. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2006 (adaptado).

  • Em relação ao argumento de que no Brasil existe uma democracia racial, o autor demonstra que a) essa ideologia equipara a nação a outros países modernos. b) esse modelo de democracia foi possibilitado pela miscigenação. c) essa peculiaridade nacional garantiu mobilidade social aos negros. d) esse mito camuflou formas de exclusão em relação aos afrodescendentes. e) essa dinâmica política depende da participação ativa de todas as etnias. 16. TEXTO I

    TEXTO II Partindo do chão coletivo da comunidade rural ou das cidades, à medida que se impregna de um ethos urbano — seja por migração, seja pela difusão de novos conteúdos midiáticos —, irão surgindo indivíduos que, na área da visualidade, gerarão uma obra de feição original, autoral, única. O indivíduo-sujeito recorre à memória para a construção de uma biografia, a fim de criar seu projeto artístico, a sua identidade social.

    FROTA, L. C. Pequeno dicionário da arte do povo brasileiro (século XX). Rio de Janeiro: Aeroplano, 2005.

    A partir dos textos apresentados, os trabalhos que são pertinentes à criação popular caracterizam-se por a) temática nacionalista que abrange áreas regionais amplas. b) produção de obras utilizando materiais e técnicas tradicionais da arte acadêmica. c) ligação estrutural com a arte canônica pela exposição e recepção em museus e galerias. d) abordagem peculiar da realidade e do contexto, seguindo criação pessoal particular. e) criação de técnicas e temas comuns a determinado grupo ou região, gerando movimentos

    artísticos. 17. A formação cultural do Brasil tem como eixo central a miscigenação. Autores, como por exemplo Gilberto Freire, destacaram que a mistura de raças/etnias europeias, africanas e indígenas configuraram nossos hábitos, valores, hierarquias, estilos de vida, manifestações artísticas, enfim, a maioria das dimensões da nossa vida social, política, econômica e cultural. Entretanto, outros pensadores consideravam-na um aspecto negativo em nossa formação e tentaram ressaltar as origens europeias de algumas regiões, como o intelectual paranaense Wilson Martins afirmou: Assim é o Paraná. Território que, do ponto de vista sociológico, acrescentou ao Brasil uma nova dimensão, a de uma civilização original construída com pedaços de todas as outras. Sem escravidão, sem negro, sem português e sem índio, dir-se-ia que a sua definição não é brasileira. Inimigo dos gestos espetaculares e das expansões temperamentais, despojado de adornos, sua história é a de uma construção modesta e sólida e tão profundamente brasileira

  • que pôde, sem alardes, impor o predomínio de uma ideia nacional a tantas culturas antagônicas. E que pôde, sobretudo, numa experiência magnífica, harmonizá-las entre si, num exemplo de fraternidade humana a que não ascendeu à própria Europa, de onde elas provieram. Assim é o Paraná.

    (MARTINS, W. Um Brasil diferente: ensaio sobre fenômenos de aculturação no Paraná. 2. ed. São Paulo: T. A Queiroz, 1989. p. 446.)

    O preconceito em relação às origens africanas e indígenas criou uma ambiguidade no processo de autoafirmação dos indivíduos em relação às suas origens. Assinale a alternativa em que a árvore genealógica relatada por um indivíduo evidencia esse sentimento de ambiguidade em relação à formação social brasileira. a) Meu avô paterno, filho de italianos, casou-se com uma filha de índios do interior de Minas

    Gerais; meu avô materno, filho de português casado com uma negra, casou-se com uma filha de portugueses. Apesar de saber que sou fruto de uma mistura, dependendo do lugar em que estou, destaco uma dessas descendências: na maioria das vezes, digo que descendo de portugueses e/ou de italianos; raramente digo que descendo de negros e índios, quando o faço é porque terei alguma vantagem.

    b) Meu avô paterno, filho de negros, casou-se com uma filha de índios do Paraná; meu avô materno, filho de português casado com uma espanhola, casou-se com uma filha de italianos. Sempre destaco que sou brasileiro acima de tudo, pois descendo de negros, índios e europeus. Essa afirmação ajuda-me a obter vantagens em diferentes lugares, pois a identidade brasileira tem sido assumida com clareza pelo estado e pelo povo ao longo da história.

    c) Meus avós maternos são filhos de italianos e os avós paternos são filhos de imigrantes alemães. Eu casei com uma negra, mas meus filhos serão, predominantemente, brancos. Tenho orgulho dessa descendência que é predominante nas diferentes regiões do Brasil. Costumo destacar que o Brasil é diferente, é branco e negro e eu descendo de famílias italianas e alemãs, assim como meu filho. Esse traço cultural revela a grandeza do país e a firmeza de nossa identidade cultural.

    d) Meu avô paterno, filho de índios do Paraná, casou-se com uma filha de índios do Rio Grande Sul; meu avô materno, filho de negros, casou-se com uma filha de negros. Gosto de afirmar que sou brasileiro, pois índios, portugueses e negros formam nossa identidade nacional.

    e) Meu avô paterno, filho de poloneses, casou-se com uma filha de índios do Paraná; meu avô materno, filho de ucranianos, casou-se com uma filha de poloneses. Como sou paranaense, costumo destacar que o Paraná tem miscigenação semelhante as das outras regiões do Brasil: aqui temos índios, europeus e negros.

    18. Leia o texto a seguir. A maior parte dos sábios, como Isaac Newton, era profundamente crente e pensava que descobrir as leis da natureza graças à física é descobrir a obra de uma providência absolutamente divina e convencer-se de que a organização do mundo não é produto do acaso. Muito antes das Luzes, é no declínio das antigas hierarquias e no turbilhão suscitado pela chegada ao Novo Mundo que devemos buscar a fonte da revolução científica. É nesse contexto que as novas ciências abandonam a concepção de natureza como algo maravilhoso, governado por princípios ocultos, e passam a imaginá-la como uma máquina gigantesca. A tal engrenagem seguiria leis reguladoras e necessárias, passíveis de serem traduzidas em linguagem matemática. Isso não impediria, contudo, que a visão mecanicista da natureza continuasse por muito tempo como um ato de fé, incapaz de explicar fenômenos tão familiares como a coesão de materiais, a queda dos corpos ou a maré. (Adaptado de: JENSEN, P. “O saber não é neutro”. Le Monde Diplomatique Brasil, Ed. Instituto

    Polis, jun. 2010, ano 3, n. 35, p. 34.) Com base no texto e nos conhecimentos sobre a revolução científica, é correto afirmar:

  • a) A revolução científica possibilitou demonstrar, no terreno da vida social, que o saber é neutro, pois é baseado em provas empíricas reveladoras de uma forma de verdade que não comporta manipulações pelos homens.

    b) A revolução científica comprovou que as mesmas leis gerais que regem o mundo físico atuam também sobre a realidade social, de tal modo que, compreendendo uma, se compreende diretamente a outra.

    c) Para a revolução científica, ciência e religião são formas de compreensão racional da realidade, estando ambas regidas pelos princípios de observação, verificação e experimentação capazes de demonstrar a hipótese inicial.

    d) A grande contribuição da revolução científica para as ciências humanas foi demonstrar que as relações sociais possuem regularidades matemáticas, o que permite prever com exatidão os comportamentos dos indivíduos e de grupos de indivíduos.

    e) Ainda que impossibilitada de explicar a dinâmica da vida social, a revolução científica trouxe para o terreno das ciências humanas o princípio da racionalidade da investigação como caminho para a apreensão objetiva dos fatos.

    19. Leia o texto a seguir, escrito por Max Weber (1864-1920), que reflete sobre a relação entre ciência social e verdade: “[...] nos é também impossível abraçar inteiramente a sequência de todos os eventos físicos e mentais no espaço e no tempo, assim como esgotar integralmente o mínimo elemento do real. De um lado, nosso conhecimento não é uma reprodução do real, porque ele pode somente transpô-lo, reconstruí-lo com a ajuda de conceitos, de outra parte, nenhum conceito e nem também a totalidade dos conceitos são perfeitamente adequados ao objeto ou ao mundo que eles se esforçam em explicar e compreender. Entre conceito e realidade existe um hiato intransponível. Disso resulta que todo conhecimento, inclusive a ciência, implica uma seleção, seguindo a orientação de nossa curiosidade e a significação que damos a isto que tentamos apreender”.

    (Traduzido de: FREUND, Julien. Max Weber. Paris: PUF, 1969. p. 33.) Com base no texto e nos conhecimentos sobre o tema, é correto afirmar que, para Weber: a) A ciência social, por tratar de um objeto cujas causas são infinitas, ao invés de buscar

    compreendê-lo, deve limitar-se a descrever sua aparência. b) A ciência social revela que a infinitude das variáveis envolvidas na geração dos fatos sociais

    permite a elaboração teórica totalizante a seu respeito. c) O conhecimento nas ciências sociais pode estabelecer parcialmente as conexões internas

    de um objeto, portanto, é limitado para abordá-lo em sua plenitude. d) Alguns fenômenos sociais podem ser analisados cientificamente na sua totalidade porque

    são menos complexos do que outros nas conexões internas de suas causas. e) O obstáculo para a ciência social estabelecer um conhecimento totalizante do objeto é o fato

    de desconsiderar contribuições de áreas como a biologia e a psicologia, que tratam dos eventos físicos e mentais.

    20. Escândalos recentes sobre a exposição de dados dos usuários do Facebook alimentaram os debates sobre a privacidade nas redes sociais, um tema que se conecta com a questão do poder e suscita preocupações sobre o quanto as pessoas e suas relações tornam-se expostas ou protegidas com o uso das novas tecnologias de informação. Com base nos conhecimentos sociológicos sobre redes sociais e sociedade contemporânea, assinale a alternativa correta. a) A revolução tecnológica atual originou-se da resistência social à reestruturação global do

    capitalismo e moldou-se pela lógica da liberdade em oposição aos interesses mercantis. b) O novo das redes sociais é que, diferentemente das mídias tradicionais, são

    empreendimentos anticapitalistas por não cobrarem dos usuários o acesso aos serviços de informação.

    c) As interações via redes sociais tornam mais fluidas as fronteiras entre as esferas pública e privada no mundo contemporâneo.

  • d) A força política das fake news, nas recentes eleições presidenciais nos EUA, teve como motor a ausência de medidas estatais e privadas para regular os termos de uso das redes sociais.

    e) Os sistemas de comunicações digitais, ao criarem novos espaços de diálogo sobre os problemas sociais, retiram do Estado sua principal função: o uso do monopólio legítimo da violência.

    21. Apesar da grande distância geográfica em relação ao território japonês, os otakus (jovens aficionados em cultura pop japonesa) brasileiros vinculam-se socialmente hoje em eventos e a partir de uma circulação intensa de mangás, animes, games, fanzines, j-music (música pop japonesa). O consumo em escala mundial dos produtos da cultura pop – enfaticamente midiática – produzida no Japão constitui um momento histórico em que se aponta a ambivalência sobre o que significa a produção midiática e cultural quando percebida no próprio país e como a percepção de tal produção se transforma radicalmente nos olhares de consumidores estrangeiros.

    GUSHIKEN, Y.; HIRATA, T. Processos de consumo cultural e midiático: imagens dos otakus, do Japão ao mundo. Intercom – RBCC, n. 2, jul-dez. 2014 (adaptado).

    Considerando a relação entre meios de comunicação e formação de identidades tal como é abordada no texto, a noção que explica este fenômeno na atualidade é a de a) tribalismo das culturas juvenis. b) alienação das novas gerações. c) hierarquização das matrizes culturais. d) passividade das relações de consumo. e) deterioração das referências nacionais. 22. Para a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), é importante promover e proteger monumentos, sítios históricos e paisagens culturais. Mas não só de aspectos físicos se constitui a cultura de um povo. As tradições, o folclore, os saberes, as línguas, as festas e diversos outros aspectos e manifestações devem ser levados em consideração. Os afro-brasileiros contribuíram e ainda contribuem fortemente na formação do patrimônio imaterial do Brasil, que concentra o segundo contingente de população negra do mundo, ficando atrás apenas da Nigéria.

    MENEZES, S. A força da cultura negra: Iphan reconhece manifestações como patrimônio imaterial. Disponível em: www.ipea.gov.br. Acesso em: 29 set. 2015.

    Considerando a abordagem do texto, os bens imateriais enfatizam a importância das representações culturais para a a) construção da identidade nacional. b) elaboração do sentimento religioso. c) dicotomia do conhecimento prático. d) reprodução do trabalho coletivo. e) reprodução do saber tradicional. 23. Leia o texto a seguir. O homem ocidental nem sempre se comportou da maneira que estamos acostumados a considerar como típica ou como sinal característico do homem “civilizado”. Se um homem da atual sociedade civilizada ocidental fosse, de repente, transportado para uma época remota de sua própria sociedade, tal como o período medievo-feudal, descobriria nele muito do que julga “incivilizado” em outras sociedades modernas. Sua reação em pouco diferiria da que nele é despertada no presente pelo comportamento de pessoas que vivem em sociedades feudais fora do Mundo Ocidental. Dependendo de sua situação e de suas inclinações, sentir-se-ia atraído pela vida mais desregrada, mais descontraída e aventurosa das classes superiores dessa sociedade ou repelido pelos costumes “bárbaros”, pela pobreza e rudeza que nele encontraria. E como quer que entendesse sua própria “civilização”, ele concluiria, da maneira a

  • mais inequívoca, que a sociedade existente nesses tempos pretéritos da história ocidental não era “civilizada” no mesmo sentido e no mesmo grau que a sociedade ocidental moderna.

    Adaptado de: ELIAS, N. O processo civilizador. v. 1. 2. ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1994, p. 13.

    Com base no texto e nos conhecimentos de Norbert Elias sobre as normas e as emoções disseminadas nas práticas cotidianas, especialmente no tocante à formação da civilização na sociedade moderna ocidental, assinale a alternativa correta. a) A construção social do processo civilizador comprova que este é um fenômeno sem

    características evolutivas, dadas as sucessivas rupturas e descontinuidades observadas, por exemplo, em relação aos controles das funções corporais.

    b) Os estudos do processo civilizador comprovam que as emoções são inatas, com origem primitiva, o que garante a empatia entre indivíduos de diversas sociedades e culturas, bem como de diferentes classes sociais.

    c) Os mecanismos de controle e de vigilância da sociedade sobre as maneiras de gerenciar as funções corporais correspondem a um aparelho de repressão que se forma na economia política da sociedade, sendo, portanto, exterior aos indivíduos.

    d) O modo de se alimentar, o cuidado de si, a relação com o corpo e as emoções em resposta às funções corporais são produtos de um processo civilizador, de longa duração, por meio do qual se transmitem aos indivíduos as regras sociais.

    e) O processo civilizador propiciou sucessivas aproximações sociais entre o mundo dos adultos e o das crianças, favorecendo a transição entre etapas geracionais e reduzindo o embaraço com temas relativos à sexualidade.

    24. Arrependimentos terminais Em Antes de partir, uma cuidadora especializada em doentes terminais fala do que eles mais se arrependem na hora de morrer. “Não deveria ter trabalhado tanto”, diz um dos pacientes. “Desejaria ter ficado em contato com meus amigos”, lembra outro. “Desejaria ter coragem de expressar meus sentimentos.” “Não deveria ter levado a vida baseando-me no que esperavam de mim”, diz um terceiro. Há cem anos ou cinquenta, quem sabe, sem dúvida seriam outros os arrependimentos terminais. “Gostaria de ter sido mais útil à minha pátria.” “Deveria ter sido mais obediente a Deus.” “Gostaria de ter deixado mais patrimônio aos meus descendentes.”

    COELHO, M. Folha de São Paulo, 2 jan. 2013. O texto compara hipoteticamente dois padrões morais que divergem por se basearem respectivamente em a) satisfação pessoal e valores tradicionais. b) relativismo cultural e postura ecumênica. c) tranquilidade espiritual e costumes liberais. d) realização profissional e culto à personalidade. e) engajamento político e princípios nacionalistas. 25. Leia a receita apresentada a seguir. TACACÁ 2 litros de tucupi temperado 4 dentes de alho 4 pimentas de cheiro 4 maços de jambu 12 kg de camarão

    12 xícara de goma de mandioca

    Sal a gosto Modo de servir: muito quente, em cuias, temperado com pimenta.

  • Disponível em: . Acesso em: 9 set. 2013.

    Comer é um ato social, histórico, geográfico, religioso, econômico e cultural. O preparo dos alimentos, a escolha dos ingredientes e a maneira de servir identificam um grupo social e ajudam a estabelecer uma identidade cultural. Essa receita, “Tacacá”, comida muito apreciada na culinária paraense, demonstra a) uma interação cultural, com a incorporação de ingredientes advindos de tradições culinárias

    distintas. b) um modo de preparo espontâneo, associado aos padrões culinários da colônia. c) um modelo ritualista de servir, vinculado ao formalismo religioso africano. d) um modo de utilizar os ingredientes provenientes do extrativismo, associado ao nomadismo

    dos quilombos. e) uma imposição de identidade cultural, pelo uso de produtos cultivados em áreas sertanejas.

  • Gabarito: Resposta da questão 1: [D] Somente a alternativa [D] pode ser considerada correta. Por conta do surgimento da internet, das mídias e tecnologias digitais, o fluxo de troca de bens culturais se intensificou. Vale ressaltar que isso não necessariamente significa a extinção de formas mais antigas de circulação. Resposta da questão 2: [E] A tirinha faz uma crítica aos canais de TV, ao afirmar que eles manipulam o telespectador. Nesse contexto, a internet aparece como uma alternativa, na medida em que dá autonomia ao internauta de escolher o conteúdo que quer consumir. No entanto, essa autonomia também é criticada no último quadrinho, que considera que independentemente disso, continua a haver manipulação. Resposta da questão 3: [D] A definição das condutas individuais por parte do Estado é um fenômeno intensificado pela urbanização. Assim, não é somente o tempo que é normatizado, mas os próprios corpos, que devem se adaptar ao funcionamento da cidade. Assim, somente a alternativa [D] está correta. Resposta da questão 4: [C] Quase todas as alternativas dizem respeito ao capitalismo moderno, mas somente a alternativa [C] apresenta um argumento weberiano. Max Weber estudou o capitalismo e sua relação com a ideia de racionalidade. No capitalismo impera uma racionalidade utilitária orientada para o lucro, tal como podemos perceber no texto. Resposta da questão 5: [D] A internet, por ser um espaço que supera as fronteiras geográficas, favorece a mobilização de redes de contatos que antes seriam impossíveis. São elas que permitem a articulação desses novos movimentos sociais descritos no texto em questão. Resposta da questão 6: [C] A charge da questão serve como exemplificação da perda da privacidade ocasionada com o surgimento de redes sociais como o Facebook. Nesses locais, os indivíduos interagem e compartilham informações pessoais, tendo a sua privacidade controlada e gerida por essas grandes plataformas virtuais. Resposta da questão 7: [C] A internet proporciona às pessoas uma nova forma de sociabilidade, mais fluida e dinâmica. Em contrapartida, ela se torna também mais superficial, na medida em que não favorece relações duradouras. Resposta da questão 8: [A]

  • A alternativa [A] é a única correta. Isso porque o texto de Dráuzio Varella questiona justamente a associação comum de causa e efeito entre hábitos de vida desajustados e doenças do corpo. Do ponto de vista sociológico, podemos dizer que essa associação, existente no senso comum, revela o interesse da sociedade em reproduzir a sua própria moral. Resposta da questão 9: [C] Excelente questão. O primeiro depoimento apresenta uma moça que se diz um indivíduo totalmente livre, o segundo, um rapaz coagido a agir e pensar conforme a sociedade e o terceiro um ser que age de forma parcialmente autônoma em relação à sociedade. Assim, percebe-se como o primeiro se alinha ao pensamento liberal, o segundo a uma concepção durkheimiana e o terceiro a uma visão weberiana da ação social. Resposta da questão 10: [D] [Resposta do ponto de vista da disciplina de História] Os textos trazem consigo exemplos que deixam claro que o fazer política no Brasil, na maioria das vezes e em diferentes épocas, está atrelado ao atendimento de interesses de cunho pessoal, e não público, como deveria ser. O nepotismo, citado no texto I, é um grande exemplo disso. [Resposta do ponto de vista da disciplina de Sociologia] Sérgio Buarque de Holanda, em seu livro Raízes do Brasil, defende a ideia de que, no Brasil, sempre houve uma grande confusão entre o público e o privado, dando origem àquilo que ele chamou de cordialidade. Na prática, os interesses privados (vontades particulares) sempre tenderam a se colocar acima dos interesses públicos. Resposta da questão 11: [E] [Resposta do ponto de vista da disciplina de Sociologia] A capoeira, ao ultrapassar barreiras culturais desde o período escravista de nosso país, consolidou-se como um importante elemento identitário brasileiro. [Resposta do ponto de vista da disciplina de História] Como o próprio texto ressalta, diversos grupos confraternizavam-se na prática da capoeira ligados por um simples fator: a marginalização social, ou seja, todos se sentiam excluídos socialmente. Resposta da questão 12: [A] Gilberto Freyre, em diversos escritos, considera a miscigenação como uma característica positiva da história brasileira, sendo responsável por favorecer o equilíbrio de antagonismos que já existia durante o período escravocrata. Resposta da questão 13: [A] O carnaval modifica, ainda que temporariamente, os papéis sociais tradicionalmente estabelecidos em nosso país. Assim, somente a alternativa [A] está correta. Resposta da questão 14: [A] A confusão entre público e privado é antiga no Brasil. Vários autores analisaram essa situação, com diferentes conceitos e concepções teóricas. No caso exemplificado na questão, a relação

  • de patrão e empregado vista como sendo paterna serve para acomodar os conflitos de classe e ocultar as desigualdades próprias de nossa sociedade. Resposta da questão 15: [D] A noção de “democracia racial” foi utilizada para camuflar a violência e a exclusão ainda vivida pelos negros no Brasil. O argumento do texto serve justamente para contrapor o chamado “mito da democracia racial”. Resposta da questão 16: [D] A questão faz uma comparação entre a classe média brasileira e a europeia. No Brasil, é comum a classe média possuir empregados domésticos e se utilizar de certos signos de distinção. Já na Europa, a classe média não faz questão desse tipo de diferenciação. Isso pode ser explicado, em grande parte, pela desigualdade social e pela herança patriarcal e escravocrata de nossa sociedade. Aqui, a divisão entre senhor e escravo nos leva a desejar ser o senhor. Quem não é senhor, é escravo. Assim, a classe média se utiliza desses serviços para se distinguir do restante da população. Resposta da questão 17: [A] A questão é formulada para que o aluno consiga distinguir as nuances nos cinco discursos apresentados nas alternativas a respeito da identidade étnica e nacional dos indivíduos. Este é um bom exercício sociológico. Dentre as alternativas, a única que apresenta uma certa ambiguidade é a primeira. Todas as outras denotam uma concepção definitiva de identidade nacional, manifestada nas expressões “a identidade brasileira tem sido assumida com clareza”, “a firmeza de nossa identidade cultural”, “gosto de afirmar que sou brasileiro” e “como sou paranaense...”, o que é bem diferente da fala de que “apesar de saber que sou fruto de uma mistura, dependendo do lugar em que estou, destaco uma dessas descendências” que é apresentado no depoimento [A]. Resposta da questão 18: [E] Os pensadores do século XIX lançaram as bases da sociologia como ciência, porque estavam interessados nos problemas que ela lhes oferecia e por se ocuparem em estudar a realidade social racionalmente no momento em que a mesma estava se consolidando e nela depositando problemas teóricos e práticos. Resposta da questão 19: [C] “Entre conceito e realidade existe um hiato intransponível”. Esta frase de Max Weber sintetiza bem a ideia do sociólogo a respeito da cientificidade da sociologia. Não é por acaso que ele trabalha com “tipos ideais”. A sociologia, na visão de Max Weber, ainda que tente compreender a realidade da forma mais objetiva possível, nunca terá plena objetividade e, por isso, é capaz de estabelecer somente conexões parciais dos objetos, tal como é descrito na alternativa [C]. Resposta da questão 20: [C] [A] Incorreta. Como se pode acompanhar, por exemplo, na obra A sociedade em rede, de

    Manuel Castells, entre outras, o papel do financiamento militar e dos mercados foi decisivo para a formação da indústria eletrônica. (CASTELLS, M. A sociedade em rede. São Paulo: Paz e Terra, 1999)

  • [B] Incorreta. O desenvolvimento dessa indústria eletrônica, base das tecnologias de informação e condição para a formação e expansão das redes sociais, vincula-se diretamente aos interesses do mercado desde a formação, ainda que de forma paradoxal, no percurso de seu desenvolvimento. A gratuidade para o acesso a algum serviço das redes sociais, quando disponível, envolve, frequentemente, o interesse do provedor na captura e uso dos dados dos perfis de seus usuários, ligando-se, assim, também a objetivos mercantis.

    [C] Correta. A separação entre as esferas pública e privada é, em termos clássicos, uma das características definidoras da sociedade moderna ocidental. Com o advento e expansão das tecnologias de informação e das redes sociais, estudos têm revelado que tal separação adquire novas complexidades e, com isso, os entendimentos sociais sobre os limites entre o que se considera uma experiência pública ou privada tornam-se também mais cambiantes e polissêmicos. Essas mudanças, incluindo as divergências sobre a caracterização do que é público e privado, colocam em evidência o fato de que as fronteiras entre essas esferas foram estreitadas, permitindo, com mais facilidade, os trânsitos entre os dois lados da divisão.

    [D] Incorreta. A força política das fake news é um fenômeno que se amplia, a despeito da existência de normas e regulamentações sobre o uso dos serviços, o que tem acompanhado o desenvolvimento das redes sociais. A circulação de fake news em processos eleitorais, a exemplo da recente eleição presidencial dos Estados Unidos da América, tem levado à ampliação das medidas de prevenção e combate dessa prática, porém não se tratou de uma nova invenção. Anteriormente a este período, redes sociais como Facebook já dispunham de canais para denúncias de conteúdos e de perfis. A eficácia dessas medidas, contudo, é um desafio constante diante das novas dinâmicas comunicacionais com o uso de mídias digitais.

    [E] Incorreta. Em termos de teoria política, o Estado segue sendo a instituição que detém legitimamente o monopólio do uso da violência, ou da força. Os espaços sociais criados no mundo digital podem influenciar o campo da política institucional, mas não a substituem. As decisões políticas, na sociedade contemporânea, seguem sendo tomadas no âmbito do Estado. Resposta da questão 21: [A] Em uma sociedade complexa e capitalista, a identidade juvenil é construída a partir de muitas referências de consumo. No texto há a menção à produção cultural japonesa, que é ressignificada por jovens brasileiros. Esse fenômeno de surgimento de múltiplas identidades pode ser chamado de tribalismo, dado que os jovens se organizam em “tribos” dentro das quais se identificam. Resposta da questão 22: [A] A identidade nacional é uma construção que se utiliza de diversos símbolos materiais e simbólicos. A identidade brasileira não foge à essa regra, com especial ênfase ao patrimônio imaterial de origem africana em nosso país. Resposta da questão 23: [D] A única alternativa que apresenta uma descrição correta da análise feita por Norbert Elias é a [D]. O processo civilizador modifica, ao longo do tempo, comportamentos, emoções e formas de agir dos indivíduos e da sociedade. Assim sendo, não se pode dizer que esses atributos são inatos, e sim que se desenvolvem social e historicamente. Resposta da questão 24: [A] Esta questão é essencialmente de interpretação de texto. A comparação entre o padrão moral atual de satisfação pessoal (de “não deveria ter levado a vida baseando-me no que esperavam

  • de mim”) com o padrão de valores tradicionais (como “Deveria ter sido mais obediente a Deus”) revela o caráter temporário de nossas crenças e valores. Resposta da questão 25: [A] [Resposta do ponto de vista da disciplina de Sociologia] A alternativa [A] é a única plausível. Muitos dos pratos típicos do Brasil foram feitos a partir da influência de diversas culturas, sofrendo influência indígena, europeia e africana, por exemplo. A questão utilizou o exemplo do tacacá, muito comum no Norte do país, e que é um prato com fortes traços indígenas.