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1 “Liras do meu Canto” Frassino Machado PÁSCOA DE 2013 * Dedicatória À minha dilecta família, Maria José, Margarida e Francisco, que sempre me apoiaram e aos quais admiro. A todos os verdadeiros amigos que me lêem e reconhecem. Bem hajam! *

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1

“Liras do meu Canto”

Frassino Machado

PÁSCOA DE 2013

*

Dedicatória

À minha dilecta família, Maria José,

Margarida e Francisco,

que sempre me apoiaram e aos quais admiro.

A todos os verdadeiros amigos

que me lêem e reconhecem.

Bem hajam!

*

2

Título: LIRAS DO MEU CANTO Autor: FRASSINO MACHADO Capa: Maria Melo Composição: Maria Melo Revisão: pelo autor ISBN : 978-989-20-3859-9

Tiragem: 75 exemplares Deposito legal nº 359059/13 Direitos reservados

3

À MANEIRA DE PREFÁCIO

No contexto da contemporaneidade em curso

assiste-se, de uma forma vincada, a uma depreciação e

desvalorização, cada vez mais acentuada, da Arte Poética.

O mesmo se dirá do papel que a própria Poesia

personaliza na estruturação dos conceitos literários, bem

assim do lugar e importância que os poetas assumidos

conseguem conquistar no horizonte planetário da escrita.

A Arte Poética, como soe dizer-se, encontra-se hoje

derivando nos caminhos estéreis e desérticos da humana

cultura artística. E esta realidade comprova-se por dois

factores basilares que dão que pensar: a falta de espaço

coerente no mercado das letras e, em simultâneo, a

situação desequilibrada entre a oferta e a procura,

fenómeno que resulta, e as estatísticas o confirmam, em

que a segunda coordenada é nitidamente inferior à

primeira.

Quer isto dizer que, bem vistas as coisas, a Poesia

encontra-se num impasse angustiante e, porque não,

“pelas ruas da amargura” perdendo, de momento, muito

do seu valor real para os tradicionais concorrentes: a

prosa romanceada e, até, a denominada literatura de teor

sensacionalista ou de lazer cultural.

Onde estão as causas e as razões deste tão triste

fenómeno? Nos mercados que dominam as actividades

económicas, nos sistemas de motivação artística, na falta

de qualidade ou de empenho dos agentes poéticos, em

geral, no menosprezo ou sectarismo dos órgãos de

comunicação, escritos ou visuais, ou simplesmente na

falta de leitores e défice de motivação da própria opinião

pública?

A resposta para todas estas questões no que diz

respeito à situação concreta de toda a Arte Poética, quanto

a nós, está pura e simplesmente na falta de valores

4

humanistas – familiares, educacionais, morais, etc. –

consistentes que, em última análise, são o maior problema

desta mesma contemporaneidade.

Na panorâmica sociocultural, naquela que está mais

em evidência, predominam em primeiro lugar as

preocupações puramente consumistas e materialistas. O

resto, no que concerne à cultura, são simplesmente

“questões acessórias”.

Ler Poesia, mais que toda e qualquer actividade

literária ou artística, não é propriamente uma necessidade

vital. Antes, e só apenas, uma postura do “dar a entender

que se tem cultura”. Tudo o que vai para além dessa

preocupação não passa de uma forma banal ou trivial de

mostrar que se é diferente, em algo.

Nesta obra, que ora editamos, sem preconceitos

formais ou ideológicos, temos uma intenção expressa de

contribuir para uma recuperação desses valores humanos

e culturais, na qual a forma poética, por excelência,

assuma verdadeiramente o seu genuíno papel de

catalisador de sentimentos e emoções, contribuindo para

ajudar a preencher o “vazio” desgastante da pessoa

humana.

Com esta tetralogia poética «Liras do meu canto»

pretendo partilhar uma experiência de algumas décadas

de vida, em que se destaca indelevelmente o fiel da

cultura mística, e em que se descobrem diversas formas

de expressão literária segundo a qual a Arte Poética se

estrutura, a partir de uma reflexão de espiritualidade

originária no interior da alma do poeta, visando contribuir

objectivamente para um maior enriquecimento da

interioridade de cada leitor e, se possível, constituir por si

aquela chama viva e dinâmica no sentido da clarificação

das mentes.

Frassino Machado

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PARTE I

LIRA CRUCIS

“Quadros Pascais”

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7

DOMINGO DE RAMOS

“ A passarela da ilusão”

Pela fresca alameda perfumada

Entre lânguidos prados geminados

Encaminhei meus passos apressados

Na linha da basílica avistada.

Estava próxima a hora combinada

E em todo o lado ramos espalhados

Por braços estendidos ofertados

Mas vendidos depois à descarada.

Se o Nazareno Mestre aqui passasse

Qual seria a maior das reacções

Se tal escandaleira observasse?

Voariam pedregulhos aos montões

Não ‘stranhando qu’ alguém ali finasse

Acabando p’ ra sempre os vendilhões!

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O FILHO DE DAVI

“A crença messiânica”

Gente de todo o lado em grande polvorosa

Com verdes palmas e ramagens agitadas

Esperava o Rabi numa ânsia generosa

Sentada aqui e além nas bermas das estradas.

Sob o calor do sol em cima de um jumento

Ao longo da Judeia sempre cavalgando

O filho de José sentiu-se num momento

Estando entre os homens como que reinando.

- Ó Filho de Davi, gritava entre hossanas,

Aquela esfomeada e imensa multidão!

- Aqui estou minha gente, eis-me aqui por

Bem!

O Mestre conhecia o quanto desumanas

Eram as falsas marcas de tão vil paixão…

E, em vez de riso, foi chorar Jerusalém!

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A ÚLTIMA CEIA

“O banquete dos oportunistas”

Após longa viagem sempre a caminhar

Chegou a comitiva para descansar.

Era já fim de tarde dessa quinta-feira

No calendário Essénio lido de fileira.

Perguntaram ao Mestre antes de anoitecer - Onde quereis, Senhor, nossa Páscoa fazer?

- Informai a Simão que em casa dele será, Dentro de duas horas estaremos lá!

Um grupo de discípulos foi ao palacete Para ali preparar a festa e o banquete.

Inquiriram, primeiro, qual o honorário – Seria por cabeça não mais que um denário.

Chegada a hora estava pronta a refeição Na melhor sala daquela feliz mansão.

Por fim chegou o Mestre e toda a sua gente Agradou-lhe o que viu em todo o ambiente.

Mandou a cada um que seu lugar tomasse E que as melhores iguarias desfrutasse.

Indicou a Maria um lugar ao seu lado E à frente dele Judas esperou recado.

Serviram carne e pão e até o melhor vinho Correndo em todos um sorriso de carinho.

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Por toda a sala havia toques e cantares

Como era tradição em festas e jantares.

À meia-noite alguém mandou servir o bolo

Que o Mestre recortou segundo o protocolo.

Fez-se um grande silêncio em toda aquela casa

De tal maneira que se sentiu estalar a brasa.

- Ouvi vós, todos, esta nova que vos dou

A partir de amanhã a missão terminou.

- Estarei entre vós no pão qu’ ora comeis

E será desta forma que a mim me tereis.

- Não tenhais amargura desta triste ausência

Eis aqui o sinal da minha própria essência.

Fez-se um grande alarido entre os comensais

P’ la surpresa causada por palavras tais.

- Esquecei o que disse, toda a gente cante

E venha já p´ ra mesa o melhor espumante.

- E vós todos, porém, sabei toda a verdade

Um de entre vós me há-de entregar nesta cidade!

De novo se puseram todos a gritar:

- Quem, Senhor… quem, Senhor, vos irá entregar?

- A quem eu der mais uma taça, esse será!

Faz o que te compete, ó Judas, p´ la manhã.

Judas fitou o Mestre, bebeu e saiu

E a partir dessa hora ninguém mais o viu.

Chegou ao fim a grande Ceia do Cenáculo

Para começo, enfim, do horrendo espectáculo.

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GETSÉMANI

“O estigma da solidão”

Foram dali finalmente

Daquela festiva ceia

Com seu aspecto dolente.

Andaram p´ la noite feia

À luz duma tocha ardente

Trazida da Galileia.

Pararam nas pedreneiras

Daquele horto solitário

Do Jardim das Oliveiras.

O bom Mestre sem horário

Ousou subir as ladeiras

Com alento temerário.

- Sentai aqui e vigiai

Nesta hora de loucura

Que o Rabi para além vai.

- Minha solidão perdura

Pela noite que s’ esvai

Penando eu de amargura.

- Meu Pai, onde está a graça

Que tanto me faz sofrer?

Não quereis beber a Taça?

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Foi com seus amigos ter

Mas, ó ´spanto, ó desgraça,

´Stavam quase a adormecer.

- Simão, Tiago, João,

Não pudestes vigiar

Aquando desta aflição?

- Dormi sim, mas sem parar,

Não há outra solução,

Pois a hora ´ stá a chegar.

Regressou, então, à gruta

E de novo sobre as fráguas

Ficou só naquela luta.

- Meu Pai, arred’ estas águas

E comigo faz permuta

Aliviando minhas mágoas.

Olhou, enfim, pelo umbral

E uma fúria aconteceu

Numa tristeza brutal.

- Ó filhos de Zebedeu,

Será que estou vendo mal

Quem tal sono vos teceu?

- Dormi finalmente, agora,

Pois chegou a minha hora!

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A ÚLTIMA TENTAÇÃO

Entrou o Bom Jesus em agonia

Por entre a suave brisa das oliveiras

Enquanto os fiéis amigos de vigia

Lutavam contra o sono em mil maneiras.

As horas demarcavam em sintonia

Ecoando taciturnas p’ las ladeiras

E o sangue pelo corpo transcorria

Lavando Suas penas tão grosseiras.

Eis que o Mestre bradou e o chão tremeu:

- Ó vermes miseráveis que dormis...

- Ó insensível Deus, havei piedade!

- Levai de Mim o cálice, ó Deus meu!

- Este meu drama, que ninguém mais quis...

Ó meu Pai… que se faça a Tua vontade!

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A TRAIÇÃO

“A trama da hipocrisia”

Estava o Rabi a discursar

Quando do fundo das trevas veio

Uma feroz turba e em seu meio

Judas Iscariotes a mascar.

Os discípulos já se levantaram

Ficando muito em breve alarmados

E, então, a seu Mestre rodearam

Temendo que fossem maltratados.

Quem vem por esse lado a subir,

Quem procurais vós com essa fúria?

- Ave, Rabi – Judas a sorrir –

Finalmente, já vinguei a injúria.

- Tu, ó Judas, que é que fizeste

Para rejeitares minha verdade?

O beijo traiçoeiro que me deste

Há-de condenar-te cedo ou tarde.

- E tu, Pedro, esconde a tua espada

Não queiras esta trama agravar,

Pois tua força não vale de nada

Frente ao ouro que me vem comprar.

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- Podeis colocar-me essas algemas

Deixai ir, porém, os meus irmãos

E p´ ra não haver outros dilemas

Tendes para já as minhas mãos.

Levaram o Mestre de arrastão

P´ la calçada velha revoltada

Era este o acordo da traição

Daquela tão negra madrugada.

- Ai ó Jerusalém, ó Judah,

Quem porventura te salvará?

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DE ANÁS PARA CAIFÁS

“Um rosário abjecto”

A síndrome da incerteza

É própria do ser humano

Tem de si como estranheza

Fazer bem ou fazer dano.

Tudo cheio de inverdades

Em diversas situações

Rareiam as qualidades

Sobejam as invenções.

Toda a culpa é aziaga

E morre sempre solteira

De Anás para Caifás.

Faz-se à luz mas é amarga

Por não ter eira nem beira

E quem lucra é o Barrabás!

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AS TRÊS NEGAÇÕES

“A lei da vida”

Esta será a lei da vida

Que nunca sofreu revés

Em cada causa perdida

Nunca há duas sem três.

Entre a espada e a parede

Esta será a lei da vida

Nunca o peixe vem à rede

Nem a pesca é garantida.

Simão Pedro Zebedeu

Que nunca sofreu revés

À pergunta de Zaqueu

Respondeu só com gaguez.

- Eu tenho sempre razão

Em cada causa perdida

Nesta saga direi “não”

E tu, vai à tua vida.

- Pois não conheces Eli?

Nunca há duas sem três

Eu no Horto bem te vi

Porque negas outra vez?

Lembrou Simão de Jesus,

Ouvindo um galo a cantar,

Pôs sobre o rosto o capuz

E foi para a rua chorar.

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MADALENA ARREPENDIDA

“É drama ser mulher?”

Maria Madalena arrependida

Dava voltas e voltas no seu leito

Porque não conseguia pegar sono

Naquela manhã trágica e fatal.

Os galos já cantavam no quintal

E a aurora clareava no horizonte

Apelando à memória o reviver

Dos momentos da Ceia cruciais:

Nas mesas não faltara mesmo nada,

As contas foram feitas direitinho,

Todos ficaram muito satisfeitos

Apenas algo certo não batia.

Judas saíra muito transtornado,

Por estranhas palavras que ouvira,

Ninguém sabia da mãe de Jesus,

Do Mestre e dos varões nem sequer rasto.

Só ela, ali, na alta madrugada,

A transbordar de medos e suspeitas

Dando voltas e voltas no seu leito

Mas o ansiado sono foi-se embora…

Bateram com estrondo à sua porta

E uma voz conhecida lhe gritou:

- Maria, ó Maria, vem depressa,

Que o Mestre foi levado pelos loucos!

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- Que dizeis, ó meu Deus, eu pressentia

Que alguma coisa ia acontecer…

Ai de nós, ai de mim, porque não fui

Com meu doce Rabi até ao fim?

Outras vozes se ouviam pela rua

E até os cães ladravam pressurosos

E já piavam as nocturnas aves

Anunciando presságios e angústias.

Chegaram novas vis e escabrosas:

Que soldadesca bêbada levara

Jesus de Nazaré acorrentado

E a turba no Pretório se ajuntou.

- Rabi, ó meu Rabi, que te fizeram,

Esses Sandeus de mentes infernais?

Que hei-de fazer agora que não estás

Comigo neste transe e nesta hora?

- Rabi, ó meu Rabi, os meus cabelos Quero que mos arranquem, pois não fui

Capaz de te seguir na escura noite.

Onde estás, ó Rabi, quero encontrar-te!

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O CEPTRO E A COROA

“A ambição virtual”

O virtual ceptro que os humanos têm

Duas faces da moeda transparecem,

Uma que as orlas da vaidade enlouquecem

Outra cuja fonte do poder mantêm.

A coroa que toda a cabeça enleia

Contornando em breve as aras da razão

Alimenta em sinergia o coração

Qu’ o puro sentido humano lhe grangeia.

As duas forças que ora se harmonizam

Entre si, e bem, a obra sincronizam

Renovando exangue o sonho repartido.

- Ó homem, cuja lei te faz soberano,

Não ouses nenhum dia acordar tirano:

Julgas-te a vencer mas sairás vencido!

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ECCE HOMO

“A chaga de Pilatos”

À porta do Pretório Reinavam confusões Pilatos meritório Lavou daí as mãos. - Por não vislumbrar crime Na vossa própria lei Este réu se redime Por isso o açoitei. - Se dizeis vós, porém, Que Ele se fez Deus Que é que isso tem P´ ra tribo dos Judeus? - Ecce Homo, e então? A mim tanto me faz, Dizei vossa opinião: Este ou Barrabás? - À Cruz, César, à Cruz – Tal foi a gritaria – Se não matas Jesus Não terás garantia!

- Pois bem, Judá, pois bem, Ao Gólgota levai-O, Não quero Jerusalém Em pertinaz desmaio.

- À Cruz, César, à Cruz –

O povo proclamou.

S´ a anarquia seduz

A história terminou.

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SIMÃO DE CIRENE

“A aura solidária”

Se o caminho não traz gozo

Insensata profissão

Mais será como evasão

Ao estigma doloroso

Outorgar fazer razão.

De uma Cruz leve indefesa

Em toda a dor está beleza.

Cireneu que foi chamado

Imaginou em seu fado

Redenção p´ ro bem eterno.

Em sinal desta jornada

Nunca mais se fez à ´strada

Em respeito ao Nazareno.

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GÓLGOTA

1.O palco dos enganos

P’ la via crucis toda a turba alucinada

Correu ao Gólgota parando no sopé

Quis ver a morte de Jesus de Nazaré

Que para o louco mundo estava anunciada.

- À cruz, ó impostor, esta é a tua sina, à cruz –

Falou o inculto povo proclamando a esmo:

- Salvou os outros? Salve-se agora a si mesmo –

É p’ ra esta loucura que a paixão conduz.

Arrancaram-lhe a túnica com brusquidão

E duros pregos espetaram em cada mão

Qu’ até o sangue sobre todos s’ espargiu.

Naquela cruz, estando Cristo vitimado,

Viu-se entre dois ladrões agora levantado

Mostrando em Seu olhar que tudo se cumpriu.

24

GÓLGOTA

2.A trágica aliança

Num social mundo em contradição

Vivem pobres e ricos de linhagem

Repartindo entre si a engrenagem

Com elos frágeis duma convenção.

Fazendo jus à humana condição

Da Sua cruz em doce linguagem

Disse Cristo num gesto de coragem

Que ali daria o céu ao bom-ladrão.

Olhando para o solo assaz discreto

Fixou o seu amigo predilecto

E disse: – Ó João, eis a tua mãe!

E então, firmando Seu olhar- bonança,

Proclamou numa trágica aliança:

- Ó Mãe, João teu filho é também!

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O SINAL DA CRUZ

1 - “In hoc signo vinces”

Mandou buscar um letreiro

Com letras de ouro gravadas

E colocar no madeiro

Para serem contempladas.

- Não escrevas “Eis o Rei”,

Essa dica é uma tolice.

Mas antes “é um fora-da-lei”

E “foi Ele que o disse!”

Da sua ordem fez jus

E o cargo relançou

Enquanto a horrenda cruz

Nova Era iniciou.

Honra toda a crença tem,

Não resta dúvida alguma,

Na Cruz há crença também

Que encerra todas em uma.

Há, porém, disparidade

E até conveniência

Mas, digamos com verdade,

Destroem-se em concorrência.

O imperador convenceu

Pois, reinando em equidade,

O direito enalteceu

Dos Povos à Liberdade!

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O SINAL DA CRUZ

2.“Balada da Cruz”

«A luz da redenção»

No alto daquela Cruz sorri O mesmo Deus que te criou a ti! A ti que sofres, irmão, eu vi A chorar lágrimas de amor. Pois amor é Aquele Que te gerou do nada E te devolveu a vida A esperança e a luz, Porque suspiras? Ah, ah, ah, ah, Ah, ah, ah … No alto daquela Cruz sorri O mesmo Deus que te criou a ti! A ti que buscas, irmão, ouvi A cantar baladas de amor.

Pois amor é Aquele Que te salvou da morte

E te devolveu o pão A alegria e a paz, Porque esperas?

Ah, ah, ah, ah,

Ah, ah, ah …

No alto daquela Cruz sorri

O mesmo Deus

que te criou a ti!

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AS FALAS DA CRUZ

1 – O PERDÃO

Num corpo feito sangue

De rosto macerado

Proclamou iluminado

Com Sua voz exangue:

“Perdoa-lhes, ó Pai...

Não sabem o que fazem!”

2 – A CONCÓRDIA

Olhou o companheiro

Junto a Ele vitimado

E disse-lhe, acalmado

Do alto do madeiro:

“Em verdade te digo

Que hoje entrarás

Comigo no Paraíso!”

3 – O AMOR

Perante aquela cena

De mísera orfandade

Olhou-os com piedade

Dizendo-lhes com pena:

“Mulher, eis o teu filho...

Filho, eis a tua mãe !”

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4 – A SOLIDÃO

Naquela tempestade

Por entre a noite escura

Sofrendo de amargura

Gritou com fealdade:

“Ó Deus meu, ó Deus meu,

Porque me abandonaste?”

5 – A FRAGILIDADE

Não podendo aguentar

A condição humana

Pediu com voz insana

E quase a fraquejar:

“Tenho sede!”

6 – A MISSÃO

Chamado de Emanuel

Enviado foi ao mundo

E com sentido profundo

Ofertou um «Sim» fiel:

“Tudo está consumado!”

7 – A LIBERTAÇÃO

Neste tão estranho fim

Perante a iniquidade

Exprimiu a Verdade

Ao proclamar assim:

“Nas Tuas mãos, ó Pai,

Entrego o meu Espírito!”

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APOCALIPSE NOW

“Consumatum est”

Do alto daquela cruz

Uma voz em agonia

Abalroou toda a luz

Daquele trágico Dia.

- “Elói, lama sabactani” –

Do patíbulo se ouviu,

De trovões e de tsunami

Toda a terra se cobriu.

- “Eis-me aqui no fim da estrada,

Dai-lhes, ó Pai, meu perdão

A Missão está consumada

Resta agora a redenção…”

A lição não pegou fundo,

Foi um erro de palmatória,

A Besta reina no mundo

Para mal de toda a história.

Sonhei um dia que o homem

Quis a vida regenerar

Peste, guerra, moeda e fome

Fizeram-no despertar.

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30

A PEDRA TUMULAR

“O ouro do silêncio”

Correndo em frente pela madrugada

Até o sepulcro muito pressurosa

Para surpresa sua dolorosa

Maria viu a pedra desviada.

A parábola sacra aconteceu

Na ânsia de Magdala pelo alvor:

- Não viste, jardineiro, o meu Senhor?

Mas só a breve aragem respondeu.

Passando além da pedra sepulcral

Ao ver no chão as brancas ligaduras

Elevou os seus olhos às alturas

E ouviu estranha voz a proclamar:

- Quem procuras, Maria, aqui tão cedo,

Antes da luz brilhar no horizonte?

- Vim procurar o Mestre junto à fonte

Pois foi aqui deixado em segredo.

Regressando, lavada em suor,

Disse aos amigos, na sala reunidos,

Gritando com espanto aos seus ouvidos:

- Ressuscitou, eu vi o meu Senhor!

Fez-se brutal silêncio tumular,

E enquanto Simão Pedro não chegou

Aquela Boa Nova contentou

Os fracos corações a palpitar!...

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O SILÊNCIO DO CENÁCULO

“Mea culpa, mea culpa”

Depois daquela Ceia, alguns amigos

Que estiveram ali na lauta festa,

Resolveram ficar pr’ além da hora.

Uns levaram os restos aos mendigos,

Outros, limpando a aragem indigesta,

Puseram tudo pronto sem demora.

O Mestre já saíra, entrada a noite,

E fora com os onze para o horto

Para ali admirarem as estrelas.

E nós, com nosso corpo feito açoite,

Num estado de alerta meio torto

Deixámo-nos dormir junto às janelas.

Cenáculo era o nome de Vivenda

Doação que Arimateia com certeza

Para os actos do Mestre obtivera.

Ali dormimos bem sem reprimenda,

Seguros e de graça, com largueza,

Valendo assim a pena a nossa espera.

Acordámos na alta madrugada,

Na porta mil pancadas com fragor,

Chamando em altos brados por alguém.

Tiago e Mateus duma assentada

Deram a triste nova com terror:

- Jesus foi preso em Jerusalém!

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Com estes dois, correndo, outros chegaram

Vindo dar a notícia aos familiares

Que logo s’ abraçaram pela sala.

Nascida a aurora todos sossegaram

E com a Sua Mãe, deixando os lares,

Saíram temorosos e sem fala.

Neste Cenáculo desabou o drama,

À luz forte cerraram-se as janelas

E o gonzo daquela porta emudeceu.

A Mãe da Soledade, já sem chama,

Por lágrimas vertidas p´ las vielas

Qu´ o miserando Judas perverteu...

33

A VERDADE DA RESSURREIÇÃO

Antes do sol brilhar puderam ver

A tampa do sepulcro arrastada

E lá dentro já não havia nada

Além daquelas faixas de aluguer.

Porque não ´stava ali Jesus cativo

Maria gritou forte: Ressuscitou!

E todos foram testemunho vivo

De que o Senhor Jesus ressuscitou!

Fazendo fé que Ele ressuscitou,

Descobriram que ´stavam libertados

Das algemas fatais da escravidão...

A Humanidade, enfim, reencontrou,

Nos preceitos de Cristo demonstrados,

Toda a Verdade da Ressurreição!

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PASCOELAS REMANESCENTES

«Domingo de Ramos»

I

Era enorme a multidão

No Jardim das Oliveiras

Entre diversos gentios

E falas de mil maneiras.

Todos cantavam bem alto

Hossanas e aleluias

Ao Nazareno Jesus

Que lhes trouxera alegrias.

II

- Sobre a Cidade perdida

Que a vossos pés vislumbrais

Sacudi vossas sandálias

Pois não vos merece mais.

- À fome quotidiana

E à rude humilhação

Gritai o vosso impropério

Na sobranceira Sião.

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III

- Ide buscar um jumento

Que preso está num portal

E vamos daqui embora

Pois nos podem fazer mal!

- Se alguém inquirir razão

No que ides praticar

Dizei ao dono do asno

Que o Rabi o quer montar.

IV

- Ó vaidade das vaidades,

Madrasta das ambições,

O luxo gerou a escória

Massacrando os corações.

- A hora dos poderosos

Já está mais que marcada

E a amargura dos escravos

Vai tornar-se emancipada!

V

- Viva Jesus Nazareno,

Perene Luz descoberta,

A esperança de um Messias

É crença que nos desperta.

- Tu és filho de David

E nosso filho também

Entrarás por nossas mãos

Nesta Santa Jerusalém!

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VI

- Santa, ó sim, Sacrossanta,

Jurai-o com emoção

Nela não há um só lar

Que vos dê habitação...

- Moram lá os Maiorais

Sentados à farta mesa

Restam no chão as migalhas

Para matar a pobreza...

VII

- E mais vos digo também

O que ninguém vos dirá

Hoje dizeis que sou Mestre

Mas com vil hipocrisia.

- E Eu, qual Filho do Homem,

Neste universo geral,

Abracei toda a Verdade

Da Cruz destinada a Mim!

VIII

- Ó crua Humanidade,

Indignos filhos de Adão,

É teu o reino das trevas

E as obras da escuridão.

- Deixai vir os pequeninos

E os sonhadores da Paz,

Vim ao mundo por paixão

Nesta Luz que satisfaz.

37

NESTA PÁSCOA

Nesta Quadra grandiosa

Em cada canto do mundo

Existe um drama bem fundo

Dentro da alma acerosa...

Na mesa sobram iguarias

E aromas para encantar,

Quem se vai banquetear

No horto das agonias?

Do Pretório ao Calvário

Leva a Cruz o Cireneu

Cumprindo assim o fadário.

Jesus na Páscoa venceu

O vil Demo perdulário

Missão que Deus prometeu!

38

DOMINGO DE ALELUIA

Páscoa Feliz bem festiva

E repleta de emoção,

Criemos uma alma viva

Cantando a Ressurreição...

E se a culpa nos bloqueia,

Algemando a Felicidade,

Cresça em nós a bela ideia

De lutar com humildade.

Se nos invade a incerteza

P´ la cegueira da razão

Conquistemos a beleza

De um singelo coração...

Não há alegria maior

Do que ganhar esta prova

Oriunda daquele Amor

Que a toda a alma renova.

Haja Deus Ressuscitado,

Aura de Luz e harmonia,

No Dia mais desejado:

O Domingo da Aleluia!

39

CRISTOLOGIA

Cristo falou da Unidade,

Do caminho e do Viver

Mas Pilatos quis saber

"Que vem a ser a Verdade?"

Este é um mega teorema

Que importa, sim, resolver

E se não o poder ser

Será p' ra sempre dilema...

O Silêncio foi resposta,

Que Pilatos conseguiu

Com a sua pertinência,

A Realidade interposta

Foi a Cruz que ressurgiu

Com toda a sua eloquência!

40

A DOÇURA AMARGOSA

Tudo o que é doce nunca amargou

Diz um ditado já bastante antigo

E daquele que avisa diz-se Amigo

Pois de negra procela nos livrou.

Atentemos a Páscoa que passou:

Cada dia que nasce há maior p’ rigo,

Nunca se viram tantos “sem-abrigo”,

Nem tantos que a justiça abandonou.

O poder e a riqueza são de poucos,

A fome e a miséria proliferam

E a liberdade está na mão dos loucos.

Ó Deus dos Sonhadores e Inocentes

Ceifa de uma só vez os que mataram

Pelo fel amargoso das serpentes.

41

OS FARISEUS DA NOVA ERA

- Pela calçada da Cidade deambulavam

Dois preclaros e nobres Juízes do Pretório

E sobre eventos bem recentes dialogavam...

- Os tempos correm mal no seio das famílias,

Não há concórdia acerca de algo meritório

E cada dia nascem mais e mais quezílias.

- Ademais, nos Direitos estamos conversados.

E, na Moral, já lá não vai com homilias...

Pois, na verdade, os actuais tempos ´stão mudados.

- Nas velhas Tradições tudo era mais correcto...

E, enquanto os mais idosos eram respeitados,

Nas sãs Instituições tudo era mui discreto...

- Olhemos, pois, ao que se passa nas escolas:

Cumprir ou não cumprir é justo e sempre certo

E os próprios Mestres consideram-se farsolas.

- Ora, aí está. Faz falta a velha Autoridade

E, enquanto as convivências dão em festarolas,

Toda a vulgar mentira é hoje uma verdade...

- Por falar nisso, vamos ver de nossos Pares.

Já há uns tempos p’ ra cá qu’ os quatro não nos

vemos…

Vamos ao Fórum, pois lá temos outros ares!

42

- Encontraram-se os quatro Juízes no Palácio

Tendo em mãos um Processo ruim pelos seus

termos,

Processo delicado, logo em seu prefácio.

- Matéria em causa de violência educativa:

Famosa educadora um miúdo castigou,

Utilizando, assim, medida correctiva.

- A Instância primeira arguiu e decretou,

Contra ela, em feroz lição valorativa,

Uma “pena de Repreensão” que espantou!

- A Tetrarquia mor de Juízes convocada,

Acácio, Bonifácio, Horácio e Pancrácio,

Expôs-se diante desta “pena” reclamada...

- À luz claríssima da humana realidade,

Fez choque com a anterior deliberatio,

Dando razão ao que usou agressividade.

- O juiz Acácio apela para a formação,

O Bonifácio acha justas as palmadas,

Pancrácio e Horácio prestam jus à dura mão.

- Agora, no País, consciências revoltadas

Esqueceram, por certo, o móbil da agressão

Deixando as almas pobres mais fragilizadas.

43

- Seguiram a estratégia in dubio pro reo,

Não ponderando alternativas mais coerentes,

Que desde sempre qualquer Lei enobreceu.

- Até o Titular da causa destas gentes,

Podendo aproveitar o exemplo que não deu,

Teria limpo, e bem, aquelas velhas mentes...

- Disse a todos que nesta Causa é inocente,

Dando a entender que era do Estado a

competência,

Sem castigos de corpo e com olhar clemente.

- Como Pilatos, desta forma, as mãos lavou

Sem banir para sempre a incauta violência

Nada prevendo quantas guerras semeou!?

44

VOZES DE BISPOS NÃO CHEGAM

Perante o negro Drama Social

Que os nossos Maiorais implementaram

É de louvar a Acção que adoptaram

Alguns Doutos do grémio Eclesial.

A Igreja dominante foi real

Nas vozes Lídimas que se enobreceram

E com esta lição despoletaram

Na alma da Nação um vendaval.

Crise, onde está a Crise propalada?

Corrupção dos costumes, falsidade,

Desvios descarados, fingimentos…

Está aqui a Crise escancarada,

Num País onde impera a impunidade,

Um zero à esquerda e sem argumentos.

Se Cristo visse tais Camaleões

Faria o mesmo que aos vendilhões

Limpando o “templo” do País que temos!

45

BOAS FESTAS, BOM FOLAR

Nos poemas que escrevi abunda a intenção

De ser postura, bem assim divulgação,

Num sonho de água em dia de suplicação,

Em que a divina Páscoa anseia a Redenção.

Amigas e amigos, Boas Festas tenham

Com tudo o que for bom e sonhos que convenham,

Deixando para os outros coisas qu' entretenham,

Para qu' a Paz de novo retirar não venham.

Acredito que minha aposta seja útil,

Doce folar recebam, neste mundo hostil,

Comendo-o com prazer e gosto senhoril.

Após esta “Festança” decorre a Pascoela,

Que põe à nossa porta pão-de-ló e canela,

Para mudar a Vida e o qu´ há de mal nela!

46

A PÁSCOA DA GLOBALIZAÇÃO

Tomara que houvesse Páscoa

Neste mundo tão Global

Onde tudo se oferece

E nada é natural.

Tomara que houvesse Páscoa

Neste mundo tão banal

Onde afinal tudo falta

E a ilusão é total.

Não há Páscoa sem cordeiro

Nesta “passagem” real

Tudo passa neste mundo

Seja por bem ou por mal.

Não há Páscoa sem redenção

Neste cortejo de horrores

Carecem os abnegados

E sobejam os delatores.

Se houvesse no Mundo Páscoa

Que seria dos instalados

Dos poderosos febris

Ou dos enfatuados?

Se houvesse no Mundo Páscoa

Que seria dos opulentos

Dos oportunistas vis

Ou dos corações violentos?

47

Tomara que houvesse Páscoa

Pela mão dos triunfadores

Que em armas feitas de sonho

Trocariam ódio por amores.

Tomara que houvesse Páscoa

Pomba de paz-coração

E o Mundo se elevaria

Em feliz Libertação!

48

49

PARTE II

LIRA MÍSTICA

O homem bom,

Do bom tesouro do seu coração,

Tira o bem...

E o homem mau,

Do mau tesouro do seu coração,

Tira o mal...

A boca falará sempre da abundância

Do seu coração!

São Lucas, 6, 45

50

51

IMAGEM DE JESUS

Manhã clara e o dia a levantar,

Aves a chilrear na Galileia...

Jesus, vindo ao longe da Judeia,

P´ las margens do azulino e calmo mar,

Parou. Subiu a um monte a descansar

E eis que na longa e poeirenta veia

Surge apressada multidão plebeia

De tão longínquas terras pro saudar.

A seus pés trazem cegos e enfermos,

Doentes no seu corpo e coração,

Ansiosos, a esperar doce guarida...

O sublime Rabi os olhos ermos

Ergue ao céu e, estendendo a Sua mão

A todos mostra a pura e feliz Vida!

52

ENVIADA

A Mª. Elvira Teresa

Sonhar por Cristo!

Partir...

Lutar e vencer

Para Cristo!

Sonho grandioso

Grandiosa empresa,

Alma de eleição!

Ventos sem norte e sem destino,

Seara negra e por ceifar,

Ânsias desfeitas sem arrimo...

Mas alguém está a surgir:

Missionária e Cristo a remar,

Missionária e Cristo a sorrir!

Sonhar por Cristo!

Partir...

Laborar e viver

Para Cristo!

Causa gratificante

Prazenteira empresa,

Generoso coração!

53

SAMARITANA

Dá-me de beber, Samaritana! Dá-me de beber, Samaritana! Venho de longes terras Seguindo o meu caminho, Parti antes da aurora E chego aqui sozinho. Dá-me de beber, Samaritana! Encontro muita gente Muitos passam por mim, Em toda a sequidão Fome de amor sem fim. Dá-me de beber, Samaritana! A tua água é viva E mata este calor, Mereces mais que vida A vida do amor. Dá-me de beber, Samaritana! Que lindas são as flores Que estão à tua roda, Não deixes que os morcegos Bebam a água toda. Dá-me de beber, Samaritana! Em cada encruzilhada Em cada luta insana, Há sempre um copo de água E uma Samaritana... Dá-me de beber, Samaritana! Dá-me de beber, Samaritana!

54

O HOMEM FELIZ

O homem feliz é aquele

Que não segue o mal da guerra,

O homem feliz é aquele

Que prefere a justiça...

E não se deixa guiar

Pela voz do vento,

E não se deixa guiar

Pela ilusão:

Feliz, feliz, feliz

É o homem que caminha,

Feliz, feliz, feliz

Para a libertação!

O homem feliz é aquele

Que não segue as trevas do erro,

O homem feliz é aquele

Que prefere a verdade...

E não se deixa guiar

Pela voz do vento,

E não se deixa guiar

Pela ilusão:

Feliz, feliz, feliz

É o homem que caminha,

Feliz, feliz, feliz

Para a libertação!

55

O homem feliz é aquele

Que não segue a farsa do engano,

O homem feliz é aquele

Que prefere ser coerente...

E não se deixa guiar

Pela voz do vento,

E não se deixa guiar

Pela ilusão:

Feliz, feliz, feliz

É o homem que caminha,

Feliz, feliz, feliz

Para a libertação!

O homem feliz é aquele

Que não segue o mito dos deuses,

O homem feliz é aquele

Que trabalha pela paz...

E não se deixa guiar

Pela voz do vento,

E não se deixa guiar

Pela ilusão:

Feliz, feliz, feliz

É o homem que caminha,

Feliz, feliz, feliz

Para a libertação!

56

ALEGRIA DA GRAÇA

Espraiando-me muito docemente

Numa bela manhã de claro dia

Meu espírito ágil se expandia

Apenas só: com a minha alma somente.

Porque me encontraria assim contente

Inundado de tão santa alegria?

De manhã recebera nesse dia

A Jesus Rei do céu mui ternamente.

E à minha alegria se ajuntava

Revoada celeste esvoaçando.

No meu peito o coração palpitava...

Ai, se os homens quisessem - bem o creio -

Suas mágoas iriam sublimando

Com Jesus que de Amor ao mundo veio!

57

SONETO À VIRGEM

Aos pés do Teu altar, que me enternece

E me atrai como rosa com seu brilho,

Assim estou, Mãe, qual lírio ou junquilho,

Decaído pelo dia que fenece...

Na hora em que minha alma desfalece

E quando eu for passar o rude trilho

Vem, ó Mãe, em socorro de teu filho

E não me deixes só na minha prece.

Como prova sincera em tal delírio

Queria bendizer-Te eternamente

Queria dar-Te a palma do martírio...

Senhora, na pureza deste abraço,

Te entrego o coração inteiramente

E deixa-me dormir no Teu regaço!

58

À VIRGEM – MÃE

Vejo-Te, ó Virgem, nesse trono adorado

Qual Rainha dos anjos, coroada

Pela mão de Deus.

A Teus pés, prostrado,

Eu Te contemplo, Mãe amada,

Esperando favores Teus.

Pródigo tenho sido para Ti,

Há muito Te não amo como devia,

Perdoa a teu filho, Senhora,

Pois finalmente eu compreendi

O doce amor, a doce alegria,

O enlevo suave desta doce hora!

A Ti se entrega meu coração

Desde agora Te amo mais, ó Mãe,

Desde agora, com mais piedade,

Te peço em humilde oração

Que intercedas a Teu Filho também

E me guies nesta minha ansiedade!...

Eu confiarei em Ti, Mãezinha,

Pois rudes espinhos me esperam suor

E meus caminhos são de abrolhos...

Dá à minha alma pureza de avezinha,

Ao meu coração alegre vigor,

Sê a estrela brilhante de meus olhos!

59

Dá-me Amor pra que possa amar

E então, ao calor da Tua luz,

Eu caminharei mesmo solitário

Através do mundo pra encontrar

O verdadeiro amor àquela Cruz

Do alto do Calvário!

Será por Ti, Mãe, que ao Paraíso

Chegarei vitorioso um dia...

Que não tem igual na imensidade,

E logo o meu Jesus, ao Teu sorriso,

Não deixará de me dar com alegria

O prémio da eterna Felicidade!...

60

AQUELA SEXTA-FEIRA

Broo..... om! Broo ...... om!

O seio da terra estremeceu,

O relâmpago sibilou nos ares,

As ondas se crisparam lá nos mares...

Denso manto de trevas se estendeu

Por cima dos cabelos desgrenhados...

As pedras e rochedos se levantam

Das covas em que estavam descansados;

Abrem-se as tumbas e os que lá estavam

Percorrem em conjunto a cidade

Que foge à sua vista espavorida;

O véu da Casa Santa despedaça

A sua tez vermelha e denegrida;

Já treme o coração à Humanidade

Com medo que a si próprio se desfaça!...

Fecha os olhos aquele Deus amado,

Abre-se o coração de par em par...

E aquela boca, a sorrir ao mundo,

Solta um libertador ai bem fundo...

É nesta longa dor que o desterrado

Respira, sem sentir o seu penar,

Alcançando o perdão para o seu pecado!...

61

ESTE MOMENTO 1

Enquanto no meu ser se revelava

Nova aurora de luzes retardadas

Já o brilhante sol se inflamava,

Por cima das montanhas azuladas,

Em mil dardos de fogo cintilantes

Que quebrariam pedras e diamantes...

Além naquelas tílias altaneiras

As perfumadas folhas tremulavam

Tocadas pela brisa das ribeiras

Que por entre seus pés serpenteavam.

Sobre pedra roliça me assentei

Disposto a perguntar a meus botões:

Porque é que para aqui me encaminhei?

Eis a resposta pronta – manhosões! –

Aproveita rapaz o velho trapo

Que grão a grão enche a galinha o papo!

62

ESTE MOMENTO 2

Já há dias em mim se proclamava

Uma pronta revolta que merecia

A orgulhosa bandeira que esvoaçava

Nos píncaros da rude penedia...

Mais leve se encontra a minha alma

E o meu apaixonado coração

Pois que entrara ali da graça a calma

Impelida pelo senso e devoção...

P´ lo meu Rei resolvi tomar partido

E lutar contra o demo fortemente

Que apesar d’ Ele penas ter sofrido

No horto e no Calvário antigamente

O acesso ao Paraíso nos deixou

E sobre os inimigos triunfou!...

A ânsia de mim mesmo triunfar

Jorrou à minha alma este momento

Cheio de fé, de luz e de um amar

Sem fim... e deste modo o meu sonhar

Se projectou co’ a luz do meu olhar

No infinito azul do Firmamento!...

63

ELA PASSOU 1

O fogo que, sob as cinzas

Do esquecimento, dormia nas trevas

Do passado, levantou a cerviz

Num só momento

Quando ela passou.

Pus os meus olhos nos seus

E, por milagre, eu não sei

Como ela não sentiu

O que eu senti,

Louvado seja Deus!

O anjo da minha guarda

Me salvou da tentação ingénua

De pensar que só eu,

Com o meu coração,

É que era senhor seu.

Como me enganava este leão feroz

Quando um dia

Me fez acreditar

Que encontraria esperança

No meu tormento atroz.

Ela seguiu, rua em fora,

Indiferente ao meu olhar

Que era nocivo,

A quem não recordava já o passado

Do longínquo outrora...

64

ELA PASSOU 2

O meu olhar se estendeu

Na direcção do horizonte

Por onde sua imagem

Se esfumara como o vento,

E, refreando o meu tormento,

Apenas encontrei...

O céu!...

Meti os olhos em mim.

Fechei à chave meu coração

Sobressaltado,

E esperei ansiosamente

Que o meu Senhor,

Com amor de Pai,

Viesse abri-lo novamente.

Ah, como me sinto aliviado!

E, à noite, no meu leito

Recolhido, encontro

Refúgio adorável

No meu Jesus Crucificado!

Ela passou...

E o meu coração se inundou

De luz

Por saber que agora livremente

Possuo um Ideal

Que é: seguir Jesus!

65

DA INCONSTÂNCIA À CRUZ 1

Quedo, mudo, cravado o olhar, sonhava?

Com calma me aproximo. Meditava?

Procurei pôr meus olhos em seu rosto

Que de vezes o vi tão bem risonho

E que agora contemplo enevoado.

Se dele amigo era, todo o gosto

Que eu tinha me deixou desnorteado,

Pois, inclinado ao chão, fez-se enfadonho

E começou de procurar mesura

Como era seu costume à longa dura.

Embora eu descobrisse haver tristeza

No seu estranho e ímpar proceder

Deixei de me pensar mal. Com certeza

Estaria brincando em enganar.

Rondando aqui, rondando ali, de novo

Intimo o coração a lhe falar...

Mas ele desviou a vista e então,

Depois de tudo isto, vim julgar

Que esta minha face lhe era estorvo.

Fiquei de vez com a impressão real

Que o seu papel sincero não era em vão

Que, afinal, bem não tinha mas só mal...

66

Já, no outro dia, o dourado anel

Trouxe para mim uma nova esperança

De saber se verdade ou mentira

Era aquilo mesmo que eu sentira.

Pois, qual voluntarioso segrel

Que passado o canto o prémio alcança,

Tentei uma nova escaramuça...

Então, que o vi posto ao meu alcance,

Barro calmamente o seu andar.

Mas ele para a frente se debruça,

Fazendo trocadilho, indo parar

Não perto donde eu estava. E o lance

Que tentei falhou uma vez mais.

E agora, à minha vez, desarmado,

Entro em meditar secretos ais

Vindos do meu âmago que, séria,

Esta sorte deixa esfarrapado...

67

DA INCONSTÂNCIA À CRUZ 2

Ó mundo desvairado por miséria,

Que deixas em ruína a Humanidade,

Que róis os alicerces da amizade

E lanças garras só à vil matéria!

Ó gente que és privada de bom senso

E não deixas que em ti o amor puro

Forme, compacto, um Ideal imenso

Que roube à Eternidade um bem futuro:

Ouve os gritos daqueles que roubaste!

Pede perdão pelo mal que semeaste!

Apaga, se ainda em ti houver vigor,

Do coração da nova juventude,

As trevas que lhe escondem o Amor

Dos amores, a força da virtude.

E tu irmão, que ouves minha voz,

Lança, no turbilhão que arrasta o vento,

Tudo o que para ti seja tormento

E segue em frente o Sol que brilha em nós!

Mas, certa coisa fez-me descobrir:

Parece não ter vida o teu sorrir...

E é apenas comigo! O que fiz eu

Que em me veres começas de fugir

E não me dás sequer um olhar teu?

Surgiram já três sóis no horizonte,

Outros tantos se foram no Ocidente,

Sem que dês um sinal na tua fronte –

Tu que eras para mim tão sorridente!...

68

Eu sei que indigno sou de tal haver

No entanto os teus irmãos sofrem também,

E, por verem assim teu proceder,

Demonstram a tristeza que já têm.

Não lhes aumentes mais a sua agrura

Pois que o não merecem. E porventura

Já esqueceste as horas de alegria

Que passámos, há dias, na montanha

Com nossos companheiros de mãos dadas?

E cada um de nós folgava e ria...

Como se nossas almas irmanadas

Formassem uma só, assim, tamanha?

Já esqueceste que o nosso belo Ideal

É procurar, com todo o ardor,

Erguer no nosso meio a triunfal

Construção que é: a Luz e o Amor?

Será que começou em ti, escasso

Desprendimento deste mesmo Amor?

Será que já não sentes o calor

Que guia teu caminho passo a passo?

Não creio! Volta com o teu olhar!

Faz renascer nos lábios um sorriso

Que a todo o mundo possa demonstrar

Que não desejas mais que o Paraíso!

69

Sofre com alegria o vitupério

Que algum dos teus irmãos te quiser dar

E afasta dos teus olhos o mistério

Que em mim eu não consigo decifrar...

Sabes? Quando vacilo no embaraço

De me ver na procela solitário

Elevo o meu olhar pra um ponto fixo

Que vejo cintilar lá do Calvário.

Então eu corro a Ele e um longo abraço

Me prende fortemente ao Crucifixo...

É o vínculo da vida e do Amor

Que nos sorri do alto meigamente.

É um coração de Pai que injustamente

Ali foi trespassado pela dor

Que lhe levou a ponta de uma lança.

Vês tu? Quem haverá que perante isto

Se não trespasse pela luz da Graça?

Qual frágil coração não sente esperança

De conquistar o coração de Cristo?

Onde haverá ideal que satisfaça,

Mais que este, toda a agrura e ansiedade?

Ó velha Humanidade, onde moras?

No coração das trevas? Nos escolhos

Que marginam os sonhos da Verdade?

Foge! Corre! Não tenhas mais demoras!

Liberta o coração de tais abrolhos,

Eleva para os céus os sonhos teus

E vai dormir em paz nas mãos de Deus!...

70

SÓ TU É QUE ÉS MÃE

Nem a sublime beleza

Do Teu altar;

Nem as brancas flores

De perfume inebriante;

Nem as luzes multicolores

Que incendeiam Teu olhar

Puro e imaculado;

Nem a branca singeleza

Do Teu sorriso rutilante;

Nem essa auréola de estrelas,

Qual delas a mais brilhante...

Inundou minha tristeza,

Minhas penas, minhas dores

E incerteza!

Dias de bênçãos se passaram,

Dias de cânticos mil,

Dias de sol e de alegria,

De uma alegria juvenil

Em que se dizia: Ave-Maria!

Os dias caminharam,

Qual rosário infinito...

Imenso, tão imenso

Que eu nem seguia,

Que para mim denso

Se tornava...

Apenas,

De quando em quando,

O doce órgão me despertava

De um sonhar longínquo

E me ia embalando

71

De melodia em melodia…

Mãe!

Porquê todo este tormento?

Será possível que uma Mãe,

Como Vós,

Possa ter um filho assim?

Eu não sei o que se passa

Cá dentro de mim...

Eu não sei...

Quero luz, Mãe!

Quero-Te a Ti também!

Dá-me luz!

Talvez me falte a Graça...

Mas só Tu...

Só Tu é que és Mãe!...

72

MINHA SENHORA DE MIM

Senhora dos Bons Sinais

Que do nada fazeis tudo

Livrai-me dos vendavais

Do demónio sobretudo.

Senhora da Temperança

Dos meus sonhos bem-feitora

Pela paz e pela esp' rança

Dai-me força em toda a hora.

Senhora das Sete Vidas

Que aos homens dais paixão

Levai de mim as feridas

Que moram no coração.

Senhora dos Bons caminhos

Que aos romeiros alegrais

Tirai de mim os espinhos

Para qu´ eu não sofra mais.

Senhora das Cinco Estrelas

Que da noite sois Rainha

Fazei-me digno de tê-las

A iluminar vida minha.

Senhora das Romarias

Qu' às dores dais lenitivo

Devolvei-me as alegrias

De Vossa Luz e incentivo.

73

Senhora das Sete Fontes

Que matais a sede aos pobres

Ampliai os horizontes

P' ra fazer meus sonhos nobres.

Senhora dos Navegantes

Que venceis as tempestades

Afastai-me dos errantes

E qu' eu tenha só verdades.

Senhora da Boa Sorte,

Minha Senhora de Mim,

Não olheis para o meu porte

E fazei-me ter bom Fim!

74

MÍSTICA VISÃO

Na Tua Conceição minh’ alma pus,

Tu és para os humanos Mãe formosa,

Por Deus foste a escolhida e és ditosa

No Projecto de Deus para Jesus.

Diadema de safiras que transluz,

E dá brilho à Tua face deleitosa,

Destaca a cor dourada e maviosa

Da esbelta cabeleira que seduz.

És meu astral perene e altaneiro

Com ébano gerado e reluzente

Qu´ enquadra um pedestal d’ alvenaria...

Teus braços e o Menino sobranceiro

Esmagam aquele monstro repelente

Que bate em debandada e gritaria!...

75

EU SOU FELIZ 1

Eu sou feliz, eu sou feliz, Por Te encontrar, Senhor! Eu sou feliz!

Passando pela manhã Contemplo o sol, Que me fala de Ti. Passando pela noite Contemplo a luz, Que me fala de Ti. Eu sou feliz, eu sou feliz, Por Te encontrar, Senhor! Eu sou feliz! Passando à beira-mar Contemplo as ondas, Que me falam de Ti. Passando no jardim Contemplo as flores Que me falam de Ti. Eu sou feliz, eu sou feliz, Por Te encontrar, Senhor! Eu sou feliz! Passando pelas ruas Contemplo os homens, Que me falam de Ti. Passando pelos lares Contemplo as vidas, Que me falam de Ti. Eu sou feliz, eu sou feliz, Por Te encontrar, Senhor! Eu sou feliz!

76

EU SOU FELIZ 2

Passando n’aventura

Contemplo o amor,

Que me fala de Ti.

Passando na esperança

Contemplo a paz,

Que me fala de Ti.

Eu sou feliz, eu sou feliz,

Por Te encontrar, Senhor!

Eu sou feliz!

Passando n’alegria

Contemplo o céu,

Que me fala de Ti.

Passando dentro em mim

Contemplo a fé

Que me fala de Ti.

Eu sou feliz, eu sou feliz,

Por Te encontrar, Senhor!

Eu sou feliz!

77

PARTE III

LIRA SACRA

“Temas litúrgicos”

“Que mais queres, ó alma,

E que mais procuras

Fora de ti,

Se dentro de ti

Tens as tuas riquezas,

Os teus deleites,

A tua satisfação...,

O teu Amado,

Aquele que a tua alma

Deseja e busca?

Rejubila-te e alegra-te

Ho teu recolhimento

Interior com Ele,

Pois o tens tão perto.”

São João da Cruz

78

“A Arte Poética alcança verdadeiramente a sua

plena dimensão quando permite a passagem do

discurso de linguagem natural para uma expres-

são discursiva musical. É a hora sublime em que

a Poesia, em si mesma, se torna Canto.”

Frassino Machado

79

DESÇA SOBRE NÓS

Refrão:

Desça sobre nós o espírito do Senhor,

Façamos renovar com Ele toda a terra!

Bendiz, ó minha alma o Senhor!

Senhor, meu Deus, como és grande:

Vestido de glória, esplendor,

Cercado de luz.

Desça sobre nós o espírito do Senhor,

Façamos renovar com Ele toda a terra!

Quantas as Tuas obras, ó Senhor!

Todas elas as fizeste com saber:

Toda a terra se encheu de criaturas

Louvando o Senhor.

Desça sobre nós o espírito do Senhor,

Façamos renovar com Ele toda a terra!

80

ACLAMAI A DEUS

Aclamai a Deus com cânticos d' alegria,

Aclamai a Deus, bendizei o Seu nome!

Cantai ao Senhor um cântico novo,

Porque Ele fez maravilhas.

Aclamai a Deus com cânticos d' alegria,

Aclamai a Deus, bendizei o seu nome!

A Sua mão direita deu-lhe a vitória,

Ela proveio do seu santo braço.

Aclamai a Deus com cânticos d' alegria,

Aclamai a Deus, bendizei o seu nome!

Os confins da terra são testemunho

Da obra da salvação do nosso Deus.

Aclamai a Deus com cânticos d' alegria,

Aclamai a Deus, bendizei o seu nome!

Aclame o Senhor a terra inteira,

Exulte em gritos d' alegria.

Aclamai a Deus com cânticos d' alegria,

Aclamai a Deus, bendizei o seu nome!

81

EXULTÁMOS

Exultámos quando nos disseram:

Vamos para a casa, vamos para a casa,

Para a casa do Senhor!

Qu' alegria quando nos disseram:

Estamos às portas de Jerusalém.

Esta é a casa do Senhor.

Nossos passos aqui se detêm,

Este é o templo do Senhor,

Cantaremos sempre ao nosso Deus!

Felizes os que moram em vossa casa:

Podem louvar-vos continuamente

Enquanto as forças durarem.

Antes um dia nos vossos átrios

Que habitar nas tendas dos pecadores

Todos os dias vos louvaremos!

Queremos cantar noss' alegria

Ao senhor, rei do universo,

Proclamaremos suas maravilhas.

Cumpriremos as nossas promessas

Na presença de todo o povo,

Dentro de teus muros, Jerusalém!

Exultámos quando nos disseram:

Vamos para a casa, vamos para a casa,

Para a casa do Senhor!

82

VINDE AO SENHOR

Vinde ao Senhor com cânticos de júbilo,

Vinde ao Senhor com cânticos de júbilo!

Aclamai o Senhor terra inteira,

Servi o Senhor com alegria.

Vinde a Ele com cânticos de júbilo,

Porque Ele é o senhor!

Sabei que o Senhor é Deus,

Ele nos fez e a Ele pertencemos,

Somos o seu povo e ovelhas do seu rebanho

Porque ele é o Senho!

Entrai pelas portas dando graças,

Entrai em Seus átrios com hinos de louvor,

Glorificai-O, bendizei o Seu nome

Porque Ele é o Senhor!

O nosso Deus e Senhor é bom,

É eterna a Sua misericórdia,

Sua fidelidade vai de geração em geração

Pois ele é o Senhor!

Vinde ao Senhor com cânticos de júbilo,

Vinde ao Senhor com cânticos de júbilo!

83

ALELUIA

Aleluia! Aleluia!

Aleluia! Aleluia!

Cantemos com alegria, a palavra do Senhor!

A quem iremos, Senhor, só Tu és luz e vida!

Bendito seja o Senhor, com Ele nada temeremos!

Louvado sejas, Senhor, só Tu és a paz e o amor!

ALELUIA SOLENE

Aleluia! Aleluia! Aleluia, Aleluia!

Unidos na salvação, cantemos com alegria,

A palavra do Senhor;

São justas e grandiosas as obras de Suas mãos,

Proclamemos para sempre o Amor!

Senhor, vós sois o caminho, sois a luz que nos

ilumina,

A verdade que nos faz crescer;

O justo jamais temerá a senda dos pecadores,

Proclamamos para sempre o Amor!

Aleluia! Aleluia! Aleluia, Aleluia!

84

ALELUIA Aleluia! Aleluia ! Aleluia !

O Senhor fez grandes maravilhas,

É Ele o rei de toda a terra!

Falai, Senhor, qu' o vosso servo escuta:

Vós tendes palavras de vida eterna!

Abri, Senhor, os nossos corações

Para aceitarmos a palavra do vosso Filho!

BOM PASTOR, ALELUIA

A .Vamos cantar com alegria, hinos e salmos ao Senhor.

Caminharemos dia a dia pelos caminhos do amor!

B. Aleluia, Aleluia! Aleluia, Aleluia!

Eu sou o bom pastor, diz o Senhor,

Apascento as minhas ovelhas.

Eu sou o bom pastor, diz o Senhor,

Minhas ovelhas Me conhecem.

Eu sou a luz do mundo, diz o Senhor,

Quem me segue não anda nas trevas.

Se alguém me tem amor, diz o Senhor,

Guardará a minha Palavra.

Senhor és fonte de vida, paz e' alegria,

És força escondida na luta.

Senhor és luz e verdade, és o caminho,

És a esperança da nossa vida!

85

LOUVAI AO SENHOR, ALELUIA

Coro:

Louvai ao Senhor, cantai ao Senhor,

Louvai ao Senhor, terra inteira!

Aleluia, aleluia, aleluia para sempre!

Bendito sois, bendito sois, ó Pai,

Senhor do céu e da terra:

Porque revelaste aos humildes

Os mistérios do teu Reino.

Louvai ao Senhor, cantai ao Senhor,

Louvai ao Senhor, terra inteira!

Aleluia, aleluia, aleluia para sempre!

Glória ao Pai, glória ao Filho, Senhor,

Glória ao Espírito Santo:

Assim como era no princípio

Agora e sempre, amem.

Louvai ao Senhor, cantai ao Senhor,

Louvai ao Senhor, terra inteira!

Aleluia, aleluia, aleluia para sempre!

86

RECEBE, SENHOR

Recebe, Senhor, os nossos dons:

Eles se tornem fonte de vida,

Eles se tornem fonte de amor!

Nas tuas mãos venho entregar,

O meu viver, minha vontade.

Eu creio em ti, Senhor!

Eu creio em ti, Senhor!

Recebe, Senhor, os nossos dons:

Eles se tornem fonte de vida,

Eles se tornem fonte de amor!

Às tuas mãos venho trazer,

O meu amor e meus irmãos.

Serei sinal, Senhor!

Serei sinal, Senhor!

Recebe, Senhor, os nossos dons:

Eles se tornem fonte de vida,

Eles se tornem fonte de amor!

Junto de ti quero deixar

Minha pobreza e liberdade.

Espero em ti, Senhor!

Espero em ti, Senhor!

Recebe, Senhor, os nossos dons:

Eles se tornem fonte de vida,

Eles se tornem fonte de amor!

87

ESTAS OFERTAS, SENHOR

Os nossos dons, os nossos sonhos,

As nossas obras, tristezas e alegrias.

É com amor que apresentamos Nas vossas mãos, Senhor, toda a nossa vida!

Estas ofertas, Senhor: Grãos de trigo, grãos de trigo.

Sobre a patena do altar

São primícias, são primícias!

Estas ofertas, Senhor:

Bagos de uvas, vagos de uvas. Sobra a patena do altar

São primícias, são primícias!

Estas ofertas, Senhor:

Frutos de oiro, frutos de oiro.

Sobre a patena do altar São primícias, são primícias!

Estas ofertas, Senhor: Nossas lutas, nossas lutas.

Sobre a patena do altar

São primícias, são primícias!

Estas ofertas, Senhor:

As fadigas, as fadigas. Sobre a patena do altar

São primícias, são primícias!

Os nossos dons, os nossos sonhos,

As nossas obras, tristezas e alegrias.

É com amor que apresentamos Nas vossas mãos, Senhor, toda a nossa vida!

88

PÃO SANTO

Pão Santo, maná dos Céus,

Nós vimos alimentar-nos

Do Corpo sagrado de Deus!

Cada vez que repartirdes este pão

Fazei-o em memória de Mim:

Lembrareis a minha morte até Eu vir

De novo juntar-me convosco.

O meu Corpo é o alimento que meu Pai

Vos manda para a vossa fome:

Como eu vivo pelo Pai que está no Céu

Assim vivereis vós em Mim.

Procurai o alimento imortal

Que o Filho do Homem vos traz:

Mais ninguém vos pode dar este Pão

Só Eu vim para dar a vida ao mundo.

O que aprende de meu Pai e vem a Mim

Não mais terá fome nem sede:

Nova Páscoa mais perfeita comereis

Comigo no reino de Deus.

Pão Santo, maná dos Céus,

Nós vimos alimentar-nos

Do Corpo sagrado de Deus!

89

SOMOS O POVO DO SENHOR

Nós somos o Povo do Senhor,

Ele é sempre o nosso alimento,

Nós somos o Povo do Senhor!

Aclame o Senhor toda a terra,

Servi o Senhor com alegria,

Ide até Ele com cânticos de júbilo.

Sabei que o Senhor é Deus,

Ele nos fez, a ele pertencemos,

Somos o seu povo/

E as ovelhas do seu rebanho.

Sabei que o Senhor é bom,

É eterna a Sua misericórdia,

A sua fidelidade/

Se estende de geração em geração.

Nós somos o Povo do Senhor,

Ele é sempre o nosso alimento,

Nós somos o povo do Senhor!

90

CANTAI POVOS

Cantai povos ao Senhor,

Cantai hinos ao nosso Deus:

Porque Ele é Rei, porque Ele é Rei,

De toda a terra!

Bendito seja Deus por todas as suas obras,

Bendito sela Deus pelos anjos do céu;

Bendito seja Deus pelas nuvens do espaço,

Bendito seja Deus pelo sol e pelas estrelas!

Bendito seja Deus pela chuva e pelos ventos,

Bendito seja Deus pelo frio e pelo calor;

Bendito seja Deus pelos animais dos campos,

Bendito seja Deus por todos nós os Seus filhos!

Louvado seja Deus ao som da harpa e da cítara,

Louvado seja Deus pela voz solene do órgão;

Louvado seja Deus por todos nós cantando em coro,

Louvado seja Deus por tudo o que tem sopro de vida!

Cantai povos ao Senhor,

Cantai hinos ao nosso Deus:

Porque Ele é Rei, porque Ele é Rei,

De toda a terra!

91

EU CONFIAREI NO MEU SENHOR

Eu confiarei no meu Senhor,

Eu confiarei no meu Senhor,

Porque Ele é meu salvador.

Porque Ele é meu salvador!

O senhor é a minha luz e a minha salvação,

A quem temerei?

O Senhor é o baluarte da minha vida,

De quem hei-de ter medo?

Uma coisa peço ao Senhor, por ela anseio,

Todos os dias;

Habitar na casa do Senhor,

O santuário da minha vida.

O Vosso rosto eu procuro, eu procuro, Senhor,

Vossas veredas:

Não escondeis de mim a Vossa face,

Nem afasteis com ira o vosso servo.

Eu confiarei no meu Senhor,

Eu confiarei no meu Senhor,

Porque Ele é meu salvador.

Porque Ele é meu salvador!

92

EU SOU A RESSURREIÇÃO

Eu sou a Ressurreição e a Vida:

Quem crê em Mim jamais morrerá!

Eu espero em Ti, eu creio em Ti,

Eu amo-Te, Senhor.

Eu estou em Ti, eu vivo em Ti,

Tu és o meu Senhor!

Eu sou a Ressurreição e a Vida:

Quem crê em Mim jamais morrerá!

Eu estou aqui, com meus irmãos,

Cantando-Te, senhor.

Se Tu vieres, não estamos sós,

Em Ti triunfaremos!

Eu sou a Ressurreição e a Vida:

Quem crê em mim jamais morrerá!

93

PARTE IV

LIRA NATALÍCIA

“Ouve-se muito ao longe um galo a cantar,

Já se adivinha o nascer de um novo dia,

A lua prateada partiu a chorar,

E o irmão Sol, esse, desperta com alegria.

Hoje é Natal,

Que brilhe a paz nos corações,

Acabem-se as guerras e o mal,

Haja concórdia entre as Nações!”

In «Fragmentos de Vida»

94

NATAL

Natal! Natal!

Morre o sol no horizonte

Uiva o lobo na espessura

E ao longe, sobre o monte,

Desce lenta a noite escura.

O vento bafeja leve

E transporta no seu seio

O branco anúncio de neve:

Deus-Jesus ao mundo veio!

Numa gruta pobrezinha

Em dois panos envolvido,

Ao lado duma vaquinha,

Ei-Lo agora adormecido.

Uma canção de embalar

Se ouve pela terra inteira

São os cisnes da ribeira

São os anjos a cantar:

Glória a Deus no Firmamento

E paz aos homens de amor.

Cesse tudo o que é tormento

Pois nasceu o Salvador!

95

NATAL

Natal é silêncio, amor e fé,

A dúvida acabe nos corações...

Tarde não é – nasceu a Luz.

A Virgem nos espera e S. José

Louva por nós a Deus-Jesus!

NATAL

Lá ao longe no cimo da montanha

Desaparece o sol mui lentamente,

E, numa noite de campanha-Amor,

Principiam as trevas do Ocidente

A descair, louvando ao Salvador!

É Natal! É Natal! Festa de Luz

Nos corações de toda a humanidade

Que corre em busca de Jesus-Amor,

Festa da natureza e da verdade

Pois nasceu em Belém o Redentor!

Deus-Menino deitado sobre a palha

Dirige a Sua Mãe um riso leve,

E, mais além, como que orvalha-Amor,

Cai lenta na campina a branca neve...

Beleza sem igual do Criador!

96

AS MINHAS PRENDAS

Ó meu Menino prendado, Nesse presépio despido,

Onde te encontras deitado

Pela vaquinha aquecido E por teus pais bem guardado...

Ó meu Menino sagrado, Neste presépio do mundo,

No qual eu tenho habitado,

Persiste um mal bem profundo Nas vaquinhas incrustado.

Ó meu menino ungido, Que tens poder inaudito,

Cura esse mal foragido.

E porque em Ti acredito O mundo está protegido.

Ó meu Menino aprendiz, A Tua família é pobre,

Mas tudo à volta me diz

Que enquanto se é nobre Igualmente se é feliz.

Ó meu Menino Infante No colo da Santa Mãe

O Teu sorriso garante

Que protegerás também Quem de Ti anda distante.

Ó meu Menino brincão No colo de São José

Dá à criança Tua mão

Para que cresça com fé E calor no coração.

97

Ó meu Menino corado

Com visitas multicores

E com brinquedos prateados Não Te esqueças das flores

Dos pastores prostrados.

Ó meu Menino sapiente

Com Teu olhar penetrante Dá-me força suficiente

Para seguir sempre avante

A Tua estrela fulgente.

Ó meu Menino formoso

Com Teus berloques doirados Diz a este mundo teimoso

E aos governos desvairados

Que existe um Deus amoroso.

Ó meu Menino triunfante

Que até dominas a morte Tira ao homem delirante

O seu mal e a má sorte

E transforma-o em amante.

Ó meu Menino artista

Esquece quem és e vem Dar a quem é cego a vista

Linda voz a quem não tem

E mais sorte a quem insista.

Ó meu Menino audaz

São estas prendas ansiadas Que coloco no cartaz

Pra que as faças enviadas

Ao natalício Cabaz!

98

AO MENINO DO PRESÉPIO

Na fresca relva Cai a neve Que vem beijar Os pés do Deus nascido. E todos levam Nos seus braços Lindos presentes Engalanados Com fitas E brancos laços. A Luz do mundo Já nasceu Com os homens De boa vontade, E todos cantam Com alegria Enfeitados Seus corações N’Aquele Que veio ao dia...

Ó doce Bebé

Que estás deitado Nesse pobre berço E nos sorris Com amor, E da Tua Paz! Dá-nos também O fresco Do Teu sorrir, O afago Do Teu calor

99

O ANTI-NATAL

Nas curvas tortuosas do caminho

Passava uma algazarra folgazona,

Qual tropel de alazões de Pamplona,

Brandindo varapaus feitos de pinho.

Era Natal naquela terra morta

Sem direito perene à doce paz

E cada “etarra” no seu corpo traz

A cicatriz de sangue a cada porta.

Na torre da Igreja os sinos tocam

Nas ruas calcetadas os tiros chocam

Quais prendas assassinas ofertadas...

Venha Nelia, Julio, Rojas e Ochoa,

Um só grito através da noite ecoa,

Que Marte suas vidas tem traçadas...

100

2000 ANOS EM RAMALA

I

Brilhava na colina o sol doirado

E a formigueira turba acalentava

Uma remota esperança que habitava

Dentro do coração esfarrapado.

“É tempo de parar”, alguém gritava

Por entre o arvoredo horrorizado.

“Arreda atrás, Golias exasperado,

Deixa que David more onde morava”...

Mas enquanto os canhões continuavam

A esburacar as casas denegridas

Ceifando aqui e além algumas vidas...

De longe, pelos ares, esvoaçavam

As pedras das calçadas delituosas

Afrontando o seu alvo temerosas!

101

2000 ANOS EM RAMALA

II

Algures no caminho do Egipto,

À sombra de frondosas tamareiras,

Juntaram-se três reis e três bandeiras

Apresentando a Paz para o conflito...

O rei do Novo Mundo com maneiras

Procura debelar aquele atrito,

Entre Golias e David aflito,

Nada passando de cruéis canseiras...

Nesta Ramala agora esfrangalhada

E de interesses plurais engalanada

Faltam a fé e a estrela indulgentes...

O diferente entre hoje e dois mil anos

É que os reis eram Magos e não tiranos

E amavam pela certa suas gentes!

102

DESTA FRATERNIDADE

“Frei Adelino & Frassino”

Desta fraternidade um só ideal

Suporta estes dois seres caminhantes:

Frei Adelino busca os mais errantes

E Frassino semeia em pantanal.

Por este mar revolto os navegantes

Esperam mui ansiosos um sinal,

Uma luz, uma estrela maternal,

Que os proteja e os torne vigilantes.

Dois arautos seráficos por certo

Adelino e Frassino são diferentes

Mas lutam incansáveis no deserto...

Os sonhos são os mesmos, pertinentes –

A palavra e a lira sempre perto –

Que é grande a messe bem assim as gentes!

103

ACRÓSTICA

A Frei Adelino

Assistido por Deus, Eterno Pai,

Dentro da alma acende forte chama

Em prol do sonho que evolui e vai

Levá-lo até ao pé da sua dama.

Incólume labuta na alegria,

Num mundo agreste que não sabe amar,

Onde menos espera emerge o dia

Pondo no seu carpir doce cantar.

Escuta ribeirinho este jogral

Rebelde que por ti vai caminhando

Em busca da frescura de um Ideal...

Irmão da Natureza sai cantando Rumo ao irmão Francisco seu igual Ao qual todos procuram imitando!

104

NESTE NATAL

Neste Natal bem gelado

Com tão pouca devoção

Louvemos Jesus sagrado

Neste nosso coração!

Num mundo desconhecido

Onde tudo é malfadado

O amor parece retido

Neste Natal bem gelado.

Não ouve, não ri, não sente,

O homem do sim só diz não,

Com tão raquítica mente

Com tão pouca devoção.

No devir desta verdade

Pensemos nós de bom grado

Não queiramos a maldade

Louvemos Jesus sagrado.

Ó mundo de triste Natal,

Ó homem de presunção,

Desvenda o amor vital

Neste nosso coração!

105

NATAL AGRESTE

Pelas ruas da cidade

O meu coração vagueia

Procurando de verdade

Este sonho por que anseia!

Uma estrela cintilante

Me realça a fealdade

Que vislumbro provocante

Pelas ruas da cidade.

De Natal sinal nem vê-lo

A chama pueril rareia

Por todo o lado em desvelo

O meu coração vagueia.

Sente-se que a alma agreste

Deste Natal de ansiedade

Num real amor já investe

Procurando de verdade.

Amor longínquo é saudade

Fogo etéreo que incendeia

Construindo em equidade

Este sonho por que anseia!

106

NATAL DE ESPERANÇA

DEUS – CRIANÇA

Entre os vários Natais há um que sempre traz

Alegres cânticos e hinos benfazejos,

É aquele que provoca em todos nós desejos

De que este mundo por si mesmo chegue à paz.

Entre os vários Natais há um chamado pobre

Com tristezas, misérias, fomes pertinentes,

É aquele que procura sempre, entre gentes,

Um novo mundo que por si se faça nobre.

Entre os vários Natais há um chamado noite

Com vinganças, doenças e ódios corporais,

É aquele que demonstra a todos por sinais

Que o mundo a ser assim um dia leva açoite.

Entre os vários Natais há um chamado peste

Com guerras infinitas, sempre lamentáveis,

É aquele que proveitos leva aos mais notáveis

Dos quais o mundo por si só jamais se despe.

Entre os vários Natais há um chamado trevas

Cujas veredas só conduzem à ignorância,

É aquele que renega a todos tolerância

E transforma os jardins nas mais ignóbeis selvas.

Entre os vários Natais há um chamado Esperança

Que a cada homem e mulher sempre seduz,

É aquele que no mundo faz nascer a luz

Vinda dum corpo angelical de Deus-Criança!

107

SAUDAÇÃO DE NATAL

Para a família Cavaco

Respondo já de seguida

Pois meu engenho é mui fraco

Sentindo a alma envolvida.

Do amor divino que sinto

Aqui envio este naco

É um presente distinto

Para a família Cavaco.

Pelo ano dois mil e três,

Loisas e coisas da vida,

Tendo sido um bom freguês

Respondo já de seguida.

Eu sempre fui optimista

Tudo fazendo em bom trato

Só não fui tão melhor artista

Pois meu engenho é mui fraco.

Mando até vós Paz e Bem,

Gostosa entrada vivida,

As Boas Festas também

Sentindo a alma envolvida!

108

O PRESÉPIO DO MUNDO

Os ventos e os tufões desesperados

Com turbilhões de pragas monstruosas,

Combates ancestrais envenenados

E as almas dos tiranos rancorosas,

Os corações e os corpos bem gelados

Co' as mãos sempre vazias e ardilosas,

Conflitos sanguinários combinados

E as mentes das quimeras preparadas...

Só a visão do inferno, lá do fundo

Do reino de Sandeu e de Mafoma,

Se compara ao presépio do mundo...

O novo mundo ao velho mundo soma

Na gruta de Belém o oiro imundo

Em vez do Deus Menino e Seu aroma!

109

PRESÉPIOS

Presépio, presépios,

Presépios são mundos,

Presépios humanos

De males profundos...

Presépios perversos,

Presépios eternos,

Piores do que eles

Só mesmo os infernos...

Presépios de trevas

E de presunção

Presépios prazeres

Que são solidão.

Presépios vaidade

De cor virtual,

Presépio, presépios

A fingir Natal!

Presépios, tristeza,

Presépio inclemência,

No mundo que temos

Presépio paciência!

110

MEU LINDO PRESÉPIO

Meu lindo presépio

Recanto de luz

Feliz está Maria

Esperando Jesus.

Alegres pastores

E sábios também

Seguiram a estrela

Rumando a Belém.

Cantemos, humanos,

Ao Menino-Deus

Pois todos seremos

P’ ra sempre irmãos Seus.

Ó anjos celestiais,

Cantai com vigor,

Reinará nos homens

A paz e o amor!

Meu lindo presépio

Recanto de fé

Feliz e contente

Está São José.

Sagrada lapinha,

Dóceis animais,

É fiel morada

De seres divinais.

111

Meu lindo presépio

Recanto de ‘sprança

Jesus e Maria

São nossa Aliança.

Presépio, meu palco,

Oração e verdade,

Nas almas inquietas

Desta Humanidade.

Meu lindo presépio,

Recanto sorriso,

Jesus nos aponta

O Seu Paraíso.

Misérias e dores,

Nos pobres, nos ricos,

Terminai clamores

Não haja mais gritos.

112

DE GRECCIO PARA O MUNDO

O Povorelo de Assis de ânimo inspirado

Tocado pela fé, nobreza e humildade,

Sonhou fazer de Greccio universal cidade

Modelando-a em fiel presépio ornamentado.

Cada caminho rude fez-se engalanado,

A floresta ganhou brandura e equidade,

Francisco, seus confrades, povo em unidade,

Sentiram o Natal em clima apaixonado.

Uma pobre família ao vivo enfeitiçada,

Uma terna criança em palhas ajeitada

E ali perto um jumento, a vaca e um sorriso...

Dizem ter sido este Natal aquele primeiro

Que conseguiu virar o lobo num cordeiro,

Mostrando ao já perdido mundo o Paraíso!

113

HOJE É NATAL!

Natal, Natal,

Ontem, hoje e amanhã...

O que nós vemos

De nada vale

E aquele bem que virá,

Sempre será

Tudo o que temos!

Natal, Natal,

O hoje, o amanhã eterno...

Nasceu o Cordeiro

Corpo leal

Daquele seio materno,

Sorrir fraterno

E verdadeiro!

Natal, Natal,

Antes, já e depois,

Sempre presente

Bem natural

Entre estrelas e sóis,

Porfiando os dois

Um ar clemente!

Natal, Natal,

Cada hora entre nós,

Há-de passar

Luz sideral

Desde nossos avós

Paixão atroz

Cumpre ficar!

114

PRENDAS NATALÍCIAS

I

“A geração do Menino Jesus”

Custava tanto a passar aqueles dias, Tão longos eram que causavam arrelias.

A sorte sobre nós ditava uma sentença:

Sem um bom porte toda a prenda era suspensa.

Ai bom Menino, por quem és, esquece lá

E volta para mim no dia de amanhã. Não tive culpa da chuvada que apanhei

E, desta forma – vês ? – logo me constipei...

Quanto aos deveres da escola até já consegui

Fazer acreditar que eu tudo compreendi.

Portanto, o professor dirá que cumpri bem

Ganhando, assim, as prendas melhor que ninguém. Noite de Natal, toda a gente vem cear

Batatas, bacalhau e doces a fartar.

Um lume bem quentinho arde na lareira E eu a pensar nas prendas pela noite inteira.

À meia-noite, dizem que elas chegarão

Enquanto os grandes à missa do galo vão. Ouvir tocar o sino logo ao fim da festa

Sinal seguro que da noite pouco resta...

Não pregar olho toda a noite, como é ? Irei, pois sim, e já, 'spreitar à chaminé.

Ninguém se levantara ainda em toda a casa

E nem luzia na lareira simples brasa... Óh, tive medo que o Menino não viesse

(e aquelas prendas que pedi não me trouxesse?).

Voltei então p' ra cama para eu sonhar Qu' as prendas estariam lá ao acordar.

E foi verdade que o Menino lá chegou

E as duas prendas nas botinhas me deixou Ah, ó Grande Menino, não esqueceste, não,

Que eu te havia pedido a bola e o pião!

115

PRENDAS NATALÍCIAS

II

“A geração do Papai Noel”

Olho, olho e o que vejo

Neste mundo de notícias?

De prazer nem um desejo

E fartura de sevícias.

Olho, olho e o que sinto

Neste mundo de ilusão?

De justiça só instinto

E os valores onde estão?

Olho, olho e o que quero

Neste mundo tão pequeno?

De amizade um desespero

E o poder é só veneno.

Olho, olho e o que busco

Neste mundo sem sentido?

Um projecto muito fusco

E de alma bem despido.

Olho, olho e o que sobra

Deste mundo tão medonho?

Forte pranto que se dobra

Num despertar enfadonho.

116

Olho, olho e tenho à espera

Uns milhares de vendilhões,

Vendem sonhos de quimera

E o frio dos corações…

Olho, olho e pergunto

Se há aí pessoas-bem

Que descubram como assunto

A família de Belém.

Olho, olho e só reparo

Mesmo aqui à minha frente

Um irmão ao desamparo

A estender a mão à gente.

117

PRENDAS NATALÍCIAS

III

“Feiras de Ilusão”

Nos Centros Comerciais

Entre vagas de emoção

Andam miúdos e casais

Com prendas de mão em mão.

Em cada rosto ansiedade

Do peito brotando ais

A Ilusão não tem idade

Nos Centros Comerciais.

Do Menino Nazareno

Não constam notícias, não,

Há dinheiro no terreno

Entre vagas de emoção.

Pai Natal passou de moda,

Semanadas haja mais,

Pela feira em alta roda

Andam miúdos e casais.

Enquanto a carteira espirra

Num vai e vem de ilusão

Há uma dança em cada birra

E prendas de mão em mão!

118

PRENDAS NATALÍCIAS

IV

“O Mito da Lapónia”

- Ohu, ohu, ohu, ohu, ohu… as últimas oferendas

Que carreguei p´ ra esta terra dos parvónios,

Antes eu as deixasse lá para os lapónios

E pouparia, assim, as suas encomendas.

- Passei a minha vida a visitar vivendas

Num alternado corrupio dos demónios,

Fiz-me velho e gastei meus ricos patrimónios

E como prémio ganhei brutas reprimendas.

- Ohu, ohu, eu já perdi o antigo atrevimento

E não confio mais no meu pobre idealismo

Pois só vejo por todo o lado consumismo

E até as crianças têm ´stranho afoitamento...

- O Reino que era meu já deu o que tinha a dar,

Resta saber, porém, onde é qu´ isto vai parar !?

119

AS OFERTAS DOS REIS

Os três Reis do Oriente

Vieram-nos visitar

Trouxeram na sua frente Uma estrela a cintilar.

Chegando cedo a Belém Nas terras do Ocidente

Não encontraram vintém

Os três Reis do Oriente.

José, Maria e Menino,

Esta Tróica familiar, Para alegrar seu destino

Vieram-nos visitar.

Belchior repleto de ouro,

Baltazar de mirra quente,

Gaspar incenso de louro Trouxeram na sua frente.

O ouro de todo sumiu A mirra está p’ ra ficar

Largo incenso coloriu

Uma estrela a cintilar.

Maria e José sorriram,

Menino-povo estranhou, Magos Reis, esses, partiram

E a estrela já se apagou.

Não há mais nada a esperar,

Haja ao menos água e pão,

Sorte p’ ra nos libertar Das Tróicas sem remissão!

120

DELÍCIA DE NATAL

Nesta Quadra Natalícia

Na alma de toda a gente

O amor é uma delícia

Que perdura eternamente.

Em toda a vivência humana

Cada matéria é fictícia

Por ser uma opção leviana

Nesta Quadra Natalícia.

Há uma ideia original

Em todo e qualquer presente

Finge ser bem, mas é mal,

Na alma de toda a gente.

Nas verdades com carisma,

Entre todas a primícia,

Diz a crença sem sofisma

O amor é uma delícia.

Reside no coração,

Bem no fundo certamente,

Este pulsar de eleição

Que perdura eternamente.

AMAR é o maior sinal,

Seja homem ou mulher,

Genuinamente há Natal

Quando ele ou ela quiser!

121

CRISE NATALÍCIA?

Que esta Crise instalada,

Por incómoda notícia,

Não venha fazer morada

Nesta quadra natalícia.

Bem sabemos de criança,

Se há borrasca junto ao mar,

Há-de vir sempre bonança

Para as coisas transformar.

Que os ricos gastem a esmo

E os pobres passem larica

Todos sabem por igual...

Logo, o mundo é sempre o mesmo,

Se a Crise não dignifica

Cantemos, pois é Natal!

122

SONHO DE NATAL

Com sorrisos e sentimentos,

Animação emocional,

É um projecto de emolumentos

Num desejo historial...

Falta desbravar o mar,

Partilhar o sol e os ares,

Importando conjugar

No baloiçar da razão

As duras leivas singulares,

De parcelas e mais parcelas.

E, sublimando a intenção,

Há que joeirar nas janelas

Procurando em cada vão

Abri-las de par em par…

No sempre singrar constante

De alma branca com paixão,

Partirei, estando ausente.

E naquela saudade de Ser,

Forçarei a aurora expectante

De um futuro por haver!...

123

HÁ NATAL

Desde os princípios do tempo

Em que o Verbo foi carnal

Brilha a luz do Firmamento

Com a notícia do Natal.

Há Natal em toda a Terra

Desce a noite na ribeira

Cala o lobo cessa a guerra

Há sorriso a noite inteira.

Há Natal em toda a linha,

Muito frio, sede e fome,

A incerteza se avizinha

Todo o pobre se consome.

Há Natal com sonho e dança

Neste palco da aventura

Volta o homem a ser criança

Numa ingénua criatura.

Há Natal, há sim, no lar,

Em Mansão anti poder,

Ouvem-se anjos a cantar

E os cavalos a correr.

Há Natal em toda a praça

Sem mister do mestre-escola

Para o bem ou pr’ a desgraça

Aprender virou esmola.

124

Há Natal, há vilancetes,

Nos Palácios da ribalta

Com festanças e banquetes

Pr’ alegrar o Zé da malta.

Há Natal, e haverá Natais,

Haja crises, haja mortes,

Onde há ricos há chacais

Qu’ o dinheiro gera sortes.

Raça vil sem coração,

De miséria tão brutal,

Ergue os olhos de emoção

E ouve os gritos do Natal!

125

O NATAL DOS POETAS

Eis o Natal dos Poetas, O Natal - jardim de Poesia,

Suas Musas bem discretas

Perfumam-se em malvasia.

Em pleno reino Parnaso

Tocando liras completas Em versos feitos de acaso

Este é o Natal dos poetas.

Não há Natal sem paixão,

Sem gozo e sem alegria,

É uma sublime emoção De cantares e Poesia.

Dos poemas saem flores, Revoadas de borboletas,

Ceiam néctares e amores

Suas Musas bem discretas.

Ouvem-se baladas no ar,

Em ondas de melodia, Com brilhos em seu olhar

E nos poros malvasia.

Os poetas são trovadores

Irmãos de um sonho perdido

Nascem e morrem cantores Mas dão ao Mundo um sentido.

Hoje “Parnaso” é Belém Num Presépio enfeitiçado

Pobres e ricos, por bem, Convivem de braço dado!

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NATAL EM BABILÓNIA

Cá nesta Babilónia em que habitamos

Por entre a multidão diferenciada

Em cada dia apenas encontramos

As máscaras da solidão e nada.

Há sinais de riqueza enfatuada

Para além do horizonte que pensamos

Como a fonte e a miséria disfarçada

Cá nesta Babilónia em que habitamos.

Cada ídolo espreita a sua hora

De trepar à arena engalanada

Fazendo jus de vida fingidora

Por entre a multidão diferenciada.

Entre ricos e pobres a questão

É um fosso colossal que vislumbramos

Ter dinheiro e poder é ter razão

Em cada dia apenas encontramos.

A algazarra cresce sempre mais

E dos meandros da noite a jornada

Deixa nos corações como punhais

As máscaras da solidão e nada.

127

O NATAL DOS OUTSIDERS

Passou correndo de sacola aos ombros

Pelas ruas tortuosas da cidade

Criança assustadiça e tenra idade

Que dormitava à roda dos escombros.

Uma vida inquieta entre assombros

De ventura assumida em caridade

O marginal do mundo é orfandade

Feita angústia feroz em desassombros.

Do carrilhão da Sé soam trinados

Lembrando aos corações desatinados

Que desçam do seu alto pedestal…

Os sem-amor, sem terra, pão ou tecto,

Os sem-prazer, sem alma, paz e afecto,

Onde estarão vivendo o seu Natal?

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NATAL DOS CAMALEÕES

Com certeza sabes

Que as borboletas amam a luz,

Com certeza sabes

Que os morcegos amam a noite.

Mas os homens no seu caminhar

Não entendem o verbo amar!

Com certeza sabes

Que as abelhas amam a flor,

Com certeza sabes

Que os leões amam a força.

Mas os homens no seu caminhar

Não entendem o verbo amar!

Eles são camaleões,

Oh, sim, camaleões,

Mudam sempre de pensar

Como estes a sua cor.

Mas os homens no seu caminhar

Não entendem o verbo amar!

Com certeza sabes

Que em Belém nasceu o amor,

Com certeza sabes

Que os homens o olvidaram.

É qu’ os homens no seu despertar

Por fim ´ scutam o verbo amar!

129

MINI-AUTO DE NATAL

(Dois pastores, enrolados nos seus cobertores,

Deitados a dormir. De repente um levanta-se

E chama pelo outro com voz espavorida...)

- Eh, “cumpanheiro”!

- Que sucedeu?

- Se soubesses o que m’aconteceu!...

- Ah!...

- Mas… diz lá e lampeiro

Que tenho que dormir

O tempo inteiro!

- Olha, queres oubir?

Eu ‘staba a dormir

E ressonaba bem pegado

Quando oubi retinir

As campinhas do meu gado.

Despois, esfregando um olho,

Olhei pro restolho

E bi um home deitado...

- Ah?

- Eras… tu!

- Homessa! Essa é boa, craro...

E daí, seu ‘stafermo?

Atão, onde querias que ‘stivesse,

Numa noite assim tão fria

E cá nest’ermo?

Eu que num descansei

Todo o santo dia...

É dormir té qu’amanhece! ...

- Num é isso, pá. Num é isso!

É que, sei lá por q’inguiço,

130

Lubei um safanon

E ascordei de repelon ...

- E atão, tu julgas que fui eu?

- Não! Mas é que, cando olhei pro céu

E... bês, olha! Inda lá ‘stá!

Bês aquelas letras?

- Adonde?...

- Ali, por cima das arbes

A reluzir!...

- Oh, isso son tretas,

Cabeça d’asno!

Atão, tu num bês que quero

Mas é dormir?...

(Deita-se, enrolado na manta)

(Um anjo lá do alto:)

- Glória a Deus no Firmamento

E paz aos homens de Amor,

Cesse tudo o que é tormento

Pois nasceu o Salvador!

(Ouve-se um coro ao longe

Cantando o mesmo refrão)

( E novamente os pastores )

- Eh, oubes? Arruma-te já!...

Será que nasceu o Mexias,

O Mexias que prometido ‘stá?

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(Levantam-se apressados e cheios de

medo e admiração )

(Ouve-se outra vez o coro

já mais perto)

- Nasceu Jesus em Belém

E nas palhas foi deitado

Numa gruta que contem

O nosso Deus adorado!

(Outra vez os pastores

mas já sem medo ...)

- Bamos!... Bamos! (Saem saltando e cantarolando)

- Bamos a Belém, bamos a Belém!

PAX ET BONUM

132

Índice À MANEIRA DE PREFÁCIO ...................................................................................................... 3 PARTE I5 “Quadros Pascais” .................................................................................................. 5 DOMINGO DE RAMOS ........................................................................................................... 7 O FILHO DE DAVI ................................................................................................................... 8 A ÚLTIMA CEIA ...................................................................................................................... 9 GETSÉMANI......................................................................................................................... 11 A ÚLTIMA TENTAÇÃO .......................................................................................................... 13 A TRAIÇÃO .......................................................................................................................... 14 DE ANÁS PARA CAIFÁS ........................................................................................................ 16 AS TRÊS NEGAÇÕES ............................................................................................................. 17 MADALENA ARREPENDIDA .................................................................................................. 18 O CEPTRO E A COROA ......................................................................................................... 20 ECCE HOMO ........................................................................................................................ 21 SIMÃO DE CIRENE ............................................................................................................... 22 GÓLGOTA ............................................................................................................................ 23 GÓLGOTA ............................................................................................................................ 24 O SINAL DA CRUZ ................................................................................................................ 25 O SINAL DA CRUZ ................................................................................................................ 26 AS FALAS DA CRUZ .............................................................................................................. 27 APOCALIPSE NOW ............................................................................................................... 29 A PEDRA TUMULAR ............................................................................................................. 30 O SILÊNCIO DO CENÁCULO .................................................................................................. 31 A VERDADE DA RESSURREIÇÃO ........................................................................................... 33 PASCOELAS REMANESCENTES ............................................................................................. 34 NESTA PÁSCOA ................................................................................................................... 37 DOMINGO DE ALELUIA ........................................................................................................ 38 CRISTOLOGIA ...................................................................................................................... 39 A DOÇURA AMARGOSA ....................................................................................................... 40 OS FARISEUS DA NOVA ERA................................................................................................. 41 VOZES DE BISPOS NÃO CHEGAM ......................................................................................... 44 A PÁSCOA DA GLOBALIZAÇÃO ............................................................................................. 45 BOAS FESTAS, BOM FOLAR .................................................................................................. 45 IMAGEM DE JESUS .............................................................................................................. 51 ENVIADA ............................................................................................................................. 52 SAMARITANA ...................................................................................................................... 53 O HOMEM FELIZ .................................................................................................................. 54 ALEGRIA DA GRAÇA ............................................................................................................. 56 SONETO À VIRGEM.............................................................................................................. 57 À VIRGEM – MÃE ................................................................................................................ 58 AQUELA SEXTA-FEIRA .......................................................................................................... 60 ESTE MOMENTO 1 .............................................................................................................. 61 ESTE MOMENTO 2 .............................................................................................................. 62 ELA PASSOU 1 ..................................................................................................................... 63 ELA PASSOU 2 ..................................................................................................................... 64 DA INCONSTÂNCIA À CRUZ 1 ............................................................................................... 65 DA INCONSTÂNCIA À CRUZ 2 ............................................................................................... 67 SÓ TU É QUE ÉS MÃE ........................................................................................................... 70 MINHA SENHORA DE MIM .................................................................................................. 72 MÍSTICA VISÃO .................................................................................................................... 74 EU SOU FELIZ 1 .................................................................................................................... 75

133

EU SOU FELIZ 2 .................................................................................................................... 76 DESÇA SOBRE NÓS .............................................................................................................. 79 ACLAMAI A DEUS ............................................................................................................... 80 EXULTÁMOS ........................................................................................................................ 81 VINDE AO SENHOR .............................................................................................................. 82 ALELUIA .............................................................................................................................. 83 ALELUIA SOLENE ................................................................................................................. 83 ALELUIA .............................................................................................................................. 84 BOM PASTOR, ALELUIA ....................................................................................................... 84 LOUVAI AO SENHOR, ALELUIA ............................................................................................. 85 RECEBE, SENHOR................................................................................................................. 86 ESTAS OFERTAS, SENHOR .................................................................................................... 87 PÃO SANTO ......................................................................................................................... 88 SOMOS O POVO DO SENHOR .............................................................................................. 89 CANTAI POVOS .................................................................................................................... 90 EU CONFIAREI NO MEU SENHOR ......................................................................................... 91 EU SOU A RESSURREIÇÃO .................................................................................................... 92 NATAL ................................................................................................................................. 94 NATAL ................................................................................................................................. 95 AS MINHAS PRENDAS .......................................................................................................... 96 AO MENINO DO PRESÉPIO .................................................................................................. 98 O ANTI-NATAL ..................................................................................................................... 99 2000 ANOS EM RAMALA ................................................................................................... 100 2000 ANOS EM RAMALA ................................................................................................... 101 DESTA FRATERNIDADE ...................................................................................................... 102 ACRÓSTICA........................................................................................................................ 103 NESTE NATAL .................................................................................................................... 104 NATAL AGRESTE ................................................................................................................ 105 NATAL DE ESPERANÇA ...................................................................................................... 106 DEUS – CRIANÇA ............................................................................................................... 106 O PRESÉPIO DO MUNDO ................................................................................................... 108 PRESÉPIOS ........................................................................................................................ 109 MEU LINDO PRESÉPIO ....................................................................................................... 110 HOJE É NATAL! .................................................................................................................. 113 PRENDAS NATALÍCIAS I ..................................................................................................... 114 PRENDAS NATALÍCIAS II .................................................................................................... 115 PRENDAS NATALÍCIAS III .................................................................................................... 117 PRENDAS NATALÍCIAS IV ................................................................................................... 118 AS OFERTAS DOS REIS ....................................................................................................... 119 DELÍCIA DE NATAL ............................................................................................................. 120 CRISE NATALÍCIA? ............................................................................................................. 121 SONHO DE NATAL ............................................................................................................. 122 HÁ NATAL ......................................................................................................................... 123 O NATAL DOS POETAS ....................................................................................................... 125 NATAL EM BABILÓNIA ....................................................................................................... 126 O NATAL DOS OUTSIDERS.................................................................................................. 127 NATAL DOS CAMALEÕES ................................................................................................... 128 MINI-AUTO DE NATAL ....................................................................................................... 129