lingua ferina

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Page 1: Lingua ferina

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Lingua Ferina, cérebro

obtuso

Marcos Faiock Bomfim

Page 2: Lingua ferina

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Lingua Ferina, cérebro obtuso

Já está provado que nossas palavras têm mesmo muito

poder, e quanto mais íntimo for o relacionamento entre

duas pessoas, maior será esse poder. O vínculo

emocional faz com que seja muito difícil para alguém desprezar os insultos de um amigo, cônjuge, pai, mãe,

filho, ou patrão (difícil, mas não impossível). A

verdade é que nem todos têm esse poder sobre nós.

Ninguém se ofende, por exemplo, com os latidos

irados de um cachorro, os xingamentos de um bêbado

ou de um louco da esquina, mas se magoa com frases

impensadas ditas por pessoas do circulo mais íntimo.

Essa diferença é evidência de que Deus nos deu

alguma capacidade de escolher, nem sempre conscientemente se vamos aceitar ou não as ofensas,

insultos ou abusos verbais que nos são dirigidos.

Como ensina um conto oriental, quando você não

aceita um presente, ele continua nas mãos de quem o

oferece.

Se, por um lado, nem sempre podemos escolher aquilo

que vamos ouvir da boca de outros, por outro, temos uma tremenda responsabilidade diante de Deus em

relação àquilo que sai de nossa própria boca. Cristo

disse que "de toda a palavra frívola que proferirem os

homens, dela darão conta no dia do juízo". E

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acrescenta: "Por tuas palavras serás justificado, e pelas

tuas palavras serás condenado" (Mt 12:36, 37). E por

que Deus considera esse assunto com tanta seriedade? Porque através de nossas palavras podemos transmitir

ideias que serão como que materializadas na mente de

quem as escuta. É um processo físico mesmo.

Os psicólogos hoje, falam também das profecias auto-

realizadoras, que é um processo através do qual você

tem o poder de, pela repetição, como que programar a

reação futura da outra pessoa. Isso pode ser utilizado tanto para o bem quanto para o mal. Vou dar um

exemplo: um pai pode viver dizendo que o filho é uma

pessoa boa ou responsável, baseado não tanto nas

evidencias atuais, naquilo que ele está observando na

vida do filho, mas na visão que ele tem para com o

futuro do filho, ou seja, baseado naquilo que ele deseja

que o filho seja. E normalmente isso vai se realizar.

Mas se ele fica sempre dizendo que o filho não presta,

que é preguiçoso, etc., as chances de que isso também

aconteça são grandes, porque, como li certa vez, "se

tratarmos as pessoas como são, não podemos ajudá-las

a se tornarem naquilo que poderiam ser". Na verdade,

o princípio da profecia autógena afirma que nós

escolhemos se profetizamos o fracasso ou o sucesso

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das pessoas com quem nos relacionamos. E o incrível

é que quase sempre a gente acerta!

É nesse sentido que nossas palavras também têm o

poder de criar ou destruir, e podemos por meio delas

escolher participar, ou com o Criador no processo de

construir, ajudar animar, melhorar a outros, ou com

Satanás, humilhando, derrubando, piorando,

destruindo e criticando. E, nesse caso, a sinceridade

pode até ser utilizada como desculpa para aplacar a

consciência de quem arrebenta com a vida dos outros com suas palavras.

Sinceridade não é simplesmente falar tudo o que se

pensa, de qualquer jeito, mas também é pensar tudo o

que se fala. Quem fala tudo o que quer, do jeito que

quiser, vai acabar colhendo da vida o que não quer.

Um velho ditado dizia mesmo que "uma língua ferina

e um cérebro obtuso, normalmente se encontram na

mesma cabeça"!

Outra virtude invocada por esses destruidores da vida dos outros, além da sinceridade, é a veracidade. Essas

pessoas imaginam estar certas porque pensam que

estão dizendo a verdade a respeito de outra pessoa.

Mas a verdade é apenas uma das peneiras que

deveriam servir de critério para escolhermos o que

dizer ou não a respeito dos outros. O fato de que algo

seja verdade não é suficiente para que deva ser dito.

Para que um juízo ou uma ideia sobre alguém saia de

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nossa boca, além de verdadeira, deveria ser também

bondosa, e necessária. Se uma ideia não for, digamos,

"do bem", ou se não for necessária, jamais deveria baixar do cérebro para a língua, ainda que fosse

verdadeira.

Tanto a verdade como a sinceridade são virtudes

imperfeitas, quando estão sozinhas. Elas precisam da

bondade, da santidade, da cortesia e do amor para se

tornarem completas.

É por isso que Paulo afirma na carta aos Efésios (4:29): "Não saia da vossa boca nenhuma palavra

torpe, e sim unicamente a que for boa para edificação,

conforme a necessidade, e assim transmita graça aos

que ouvem."

Que Deus faça hoje de sua boca uma benção para os

que o(a) rodeiam.

Marcos Faiock Bomfim