lÍngua e literatura na prÁtica escolar

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PRÁTICA EDUCATIVA V - LÍNGUA E LITERATURA NA PRÁTICA ESCOLARSylvia Maria Campos Teixeira

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  • PRTICA EDUCATIVA VLNGUA E LITERATURA NA PRTICA ESCOLAR

    Sylvia Maria Campos Teixeira

    Letras Vernculas . Mdulo 5 . Volume 2

    Ilhus, 2013

  • Universidade Estadual de Santa Cruz

    Reitora

    Prof. Adlia Maria Carvalho de Melo Pinheiro

    Vice-reitor

    Prof. Evandro Sena Freire

    Pr-reitor de Graduao

    Prof. Elias Lins Guimares

    Diretor do Departamento de Letras e Artes

    Prof. Samuel Leandro Oliveira de Mattos

    Ministrio daEducao

  • Ficha Catalogrfica

    1 edio | Fevereiro de 2013 | 462 exemplaresCopyright by EAD-UAB/UESC

    Projeto Grfico e Diagramao

    Joo Luiz Cardeal Craveiro

    Capa

    Sheylla Toms Silva

    Impresso e acabwamentoJM Grfica e Editora

    Todos os direitos reservados EAD-UAB/UESCObra desenvolvida para os cursos de Educao a Distncia da Universidade Estadual de Santa Cruz - UESC (Ilhus-BA)

    Campus Soane Nazar de Andrade - Rodovia Jorge Amado, Km 16 - CEP 45662-900 - Ilhus-Bahia.www.nead.uesc.br | [email protected] | (73) 3680.5458

    Letras Vernculas | Mdulo 5 | Volume 2 - Prtica Educativa V Lngua e Literatura na Prtica Escolar

    T266 Teixeira, Sylvia Maria Campos. Prtica educativa V lngua e literatura na prtica esco- lar / Sylvia Maria Campos Teixeira. Ilhus, BA: Editus, 2012. 61p. : il. (Pedagogia - mdulo 5 volume 2 EAD)

    ISBN: 978-85-7455-304-7

    1.Prtica pedaggica. 2. Anlise do discurso. 3. Inter-disciplinaridade na educao. 4. Estudos culturais. I.Ttulo.

    II. Srie.

    CDD - 371.3

  • EAD . UAB|UESCCoordenao UAB UESC

    Prof. Dr. Maridalva de Souza Penteado

    Coordenao Adjunta UAB UESC

    Prof. Dr. Marta Magda Dornelles

    Coordenao do Curso de Licenciatura em Letras Vernculas (EAD)

    Prof. Ma. ngela Van Erven Cabala

    Elaborao de ContedoProf. Ma. Sylvia Maria Campos Teixeira

    Instrucional DesignProf. Ma. Marileide dos Santos de Oliveira

    Prof. Ma. Cibele Cristina Barbosa Costa

    Prof. Dr. Cludia Celeste Lima Costa Menezes

    RevisoProf. Me. Roberto Santos de Carvalho

    Coordenao de DesignMe. Saul Edgardo Mendez Sanchez Filho

  • SUMRIO

    1 UNIDADE - LNGUA E INTERDISCIPLINARIDADE

    1INTRODUO................................................................................... 17

    2INTERDISCIPLINARIDADE:UMCONCEITOFLUIDO............................... 17

    3ANLISEDODISCURSOEESTUDOSCULTURAIS:UMAPROPOSTA

    INTERDISCIPLINAR...................................................................... 23

    3.1Histria................................................................................. 28

    3.2Sociologia............................................................................... 30

    4EXEMPLODEUMAAULAINTERDISCIPLINAR......................................... 35

    4.1Algumassugestesdeaulasinterdisciplinares............................. 36

    ATIVIDADES................................................................................ 37

    RESUMINDO................................................................................ 38

    REFERNCIAS............................................................................... 38

    2 UNIDADE - LITERATURA E INTERDISCIPLINARIDADE

    1INTRODUO................................................................................... 47

    2OTROPICALISMO............................................................................. 47

    3EXEMPLODEUMAAULAINTERDISCIPLINAR......................................... 53

    ATIVIDADE................................................................................... 57

    RESUMINDO................................................................................. 57

    REFERNCIAS............................................................................... 58

    LTIMASPALAVRAS....................................................................... 59

  • APRESENTAO DA DISCIPLINA

    Caro(a) Estudante,

    Os Parmetros Curriculares Nacionais (1998), na mensagem ao professor, afirmam ser

    necessria a construo de uma nova escola que atenda aos progressos cientficos e aos avanos

    tecnolgicos atuais. E elenca entre seus objetivos:

    [...]

    - utilizar as diferentes linguagens verbal, musical, matemtica, grfica, plstica e

    corporal como meio para produzir, expressar e comunicar suas idias, interpretar

    e usufruir das produes culturais, em contextos pblicos e privados, atendendo a

    diferentes intenes e situaes de comunicao;

    - saber utilizar diferentes fontes de informao e recursos tecnolgicos para adquirir

    e construir conhecimentos;

    - questionar a realidade formulando-se problemas e tratando de resolv-los,

    utilizando para isso o pensamento lgico, a criatividade, a intuio, a capacidade

    de anlise crtica, selecionando procedimentos e verificando sua adequao (PCNS,

    1998, p. 7-8).

    Mais adiante, quando aborda os temas transversais tica, Pluralidade Cultural, Meio

    Ambiente, Sade, Orientao Sexual, Trabalho e Consumo , apresenta como objetivos:

    - a possibilidade de poder expressar-se autenticamente sobre questes efetivas;

    - a diversidade dos pontos de vista e as formas de enunci-los;

    - a convivncia com outras posies ideolgicas, permitindo o exerccio democrtico;

    - os domnios lexicais articulados s diversas temticas (PCNS, 1998, p. 40).

    neste ponto que podemos pensar em interdisciplinaridade para darmos conta, como

    professores, do complexo crescimento, da rapidez das mudanas e do imprevisvel que caracteri-

    zam o mundo atual.

    Aqui propomos uma discusso que coloque em perspectiva diferentes disciplinas pelo

    vis das competncias transversais. Para tanto, faremos uso da Anlise do Discurso e dos Estudos

    Culturais, disciplinas, em sua essncia, interdisciplinares.

    Bom trabalho!

    Sylvia Maria C. Teixeira

  • A AUTORA

    Prof. Ma. Sylvia Maria Campos Teixeira

    Formada em Direito pela Universidade Federal Fluminense.

    Bacharel e Licenciada em Letras (Portugus-Francs) pela

    Universidade Federal Fluminense (UFF). Especialista em

    Literatura Brasileira pela Pontifcia Universidade Catlica

    de Minas Gerais (PUC - MG). Mestre em Estudos Lingusticos

    pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Atua

    nas seguintes reas: Anlise do Discurso, Literatura, Estudos

    Culturais e de Gneros, Lngua e Literatura Francesa.

    [email protected]

  • DISCIPLINA

    PRTICA EDUCATIVA V LNGUA E LITERATURA NA PRTICA ESCOLAR

    EMENTA

    Prof. Ma. Sylvia Maria Campos Teixeira

    Abordagem interdisciplinar sobre o ensino de lngua e literatura.

    Carga horria: 30 horas

  • LNGUA E INTERDISCIPLINARIDADE

    1 UNIDADE

  • OBJETIVOS

    Ao final desta Unidade, o estudante dever:

    distinguir os diferentes conceitos: interdisciplinarida-

    de, multidisciplinaridade, transdisciplinaridade e com-

    petncia transversal;

    saber construir pontos de ligao entre duas ou mais

    disciplinas, levando em considerao os aspectos

    comuns entre elas.

    Mdulo 5 I Volume 2 15UESC

    Lngua e interdisciplinaridade

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  • 1 INTRODUO

    Nesta Unidade, daremos algumas noes sobre

    interdisciplinaridade e apresentaremos uma proposta

    interdisciplinar, baseada na Anlise do Discurso e nos

    Estudos Culturais.

    2 INTERDISCIPLINARIDADE: UM CONCEITO

    FLUIDO

    FIGURA01Fonte:www.lmg.ulg.ac.be

    Segundo Giordan (1992), a diviso de disciplinas

    dos programas escolares data do sculo XIX. O ensino tem

    dado lugar a um saber fragmentado em detrimento de um

    conhecimento global, prejudicando, assim, a compreenso

    de um mundo complexo em sua essncia. Entretanto, a partir

    de 1950, as cincias evoluram acabando com as fronteiras

    disciplinares pela circulao das noes e dos esquemas

    cognitivos, somos convidados a um conhecimento em

    movimento, global e a gerenciar o inesperado.

    Na aprendizagem, hos processos de assi-milaoeacomodaoque fazem parte deuma estrutura chama-da de esquema cogni-tivo.Osesquemassoan-logos s fichas de umarquivo, ou seja, soas estruturas men-tais ou cognitivas pe-las quais os indivdu-os intelectualmenteorganizam o meio.So estruturas que semodificam com o de-senvolvimento mentale que se tornam cadavez mais refinadas medida que a crianatorna-se mais apta ageneralizar os estmu-los.Leia mais sobre o as-suntonosite:

    http://penta.ufrgs.br/~marcia/teopiag.htm

    saiba mais

    Mdulo 5 I Volume 2 17UESC

    Lngua e interdisciplinaridade

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  • Em 1998, Edgar Morin organizou uma srie de

    seminrios, procurando definir o que se deve ensinar na

    escola. Ele props a conjuno de conhecimentos, retomando

    uma palavra de ordem introduzida nas universidades, desde

    1967, na rea das Cincias Humanas interdisciplinaridade.

    Edgar Morin umatuante educador efilsofo humanistafrancs. Ele acredi-ta que esse estgiode globalizao quevivemos hoje tevesua origem a partirdo sculo XVI comoavano,mercantil-capitalista, das po-tncias europeiassobreomundo.Nos ltimos anos,

    essa expanso de mercados v-se ainda mais potencializadacomasnovastecnologiasde informaoecomunicao.Esseprocessodemundializaotecnoeconmica,mesmoqueaindacontrariadopelasdesigualdadeseconmicasesociais,vemfa-vorecendooutramundializao:adecarterhumanistaede-mocrtico.SegundoMorin,esteoltimoestgiodetotalocupaoedo-mnio domundopelohomem.Etapaqueexige a emergnciadeumanovasociedade:umasociedade-mundo,dotadadeumsistemadecomunicaocomplexo(comoojexistente:avies,telefones,Internet);deumaeconomiamundial(aindadesregu-lamentada);deumacivilizaoextensa(originadadaciviliza-oocidental);edeumaculturaprpria(comsuasmltiplascorrentestransculturais).Essetraocomumdeeconomia,civilizaoeculturajsefazsentirnoplanetanaatualidade,aomesmotempoemqueumasoberania absoluta das naes, contraditoriamente emancipa-doraseopressivas,dificultaoprocessodacriaodeumacon-federaoplanetria,emfavordeumacidadaniaterrestre.MorincitaalgunsmovimentoscivisprecursorescomoaAsso-ciaoInternacionaldosCidadosdoMundo;asassociaesdeMdicossemFronteiras;aAnistiaInternacional;oGreenpeace;oSurvivalInternational,almdeoutrasinmerasorganizaesinternacionais e outros tantos encontros com debates que sededicamaosproblemascomunsdahumanidade.Todososem-briesdeumaconscinciadequesomoscidadosdaterra.Morinreforaanecessidadeumapolticamundialparaacon-sagraodoprocessodeumasociedade-mundoconfederativa,comumapolticacapazdecombaterasinjustiaseasdenega-es.Talvezsejaessaasntesedoseupensamentomaispol-mico.Elemesmoadvertequantosrelaesideolgicasentreasnaes:asresistnciasdospovosoprimidossoqualificadasdeterrorismopelosseusopressores(...)Piorainda:apalavra

    FIGURA02-EdgarMorin

    18 EADLetras Vernculas

    Prtica Educativa V Lngua e Literatura na Prtica Escolar

  • terrorismocamuflaosterrorismosdeestadoquepraticamumarepressocegacontrapopulaescivis(citandoocasoespe-cficodeIsrael).Ofilsofoentopropeumaaopolticadehumanidadeedecivilidadeemescalaplanetria,aqualchamoudeantropolti-ca.Deimediato,comeandopordescontruirailusocompor-tadanotermodesenvolvimento,queelechamademitot-picodosociocentrismoocidental,locomotivaeinstrumentodecolonizao.Mesmoaquelesdecoradoscomseusadjetivismos:desenvolvimentodurvel;quedisfaraeadiaanecessidadedemudanasfundamentais,estas,subjugadaspelailusonaesperanaqueotermoincita;sustentvelquedisfaraosfinsdemolitcosqueimpeporforacomostemperosdocontextoecolgico;ouhumanoqueapresentaumahumanidadecom-petitiva,individualista,vaziadecontedo.Odesenvolvimentoocidentalignoraasqualidadesdevida,osofrimento,aalegria,oamor.Sconsideraaquiloquemen-survelpelosindicadoresdecrescimentoderendamonetria.O filsofo prope aes humanitrias mundializadas, aexemplo de servio cvico planetrio ao invs de ser-vio militar em favor daqueles despossudos, impoten-tes diante do desprezo, da ignorncia, dos golpes de sorte.Suscita, ainda,uma integraodosaportes fundamentaisdoOriente eOcidente, no s para salvaguardar e controlar osbensnaturaisdoplaneta,mastambmemproldeumame-lhorqualidadedevidaparatodososhabitantesdanaveme.Sugereatrocadosmotoresobsoletosqueimpulsamoplaneta(cincia-tcnica-industria-capitalismo/lucro), que devem sersubstitudos pelos consrcios, associaes, cooperativas, tro-casdeservios.ParatantoumagovernanasetornanecessriaeMorinacre-ditanapossibilidadedeumcivismoplanetrio,amplificadodasnaesunidas,envolvendo,democraticamente,asptrias.Re-conhecequeaprpriahumanidadeumobstculo,sobretudopor conta da imaturidade dos Estados-naes, dos espritos,dasconscinciasqueresistemimbudasnocontextoideolgico,nacionalista,tnicooureligiosodesuasparticularidades.Aqui,tantoosindividualismosdassociedadesocidentaisquan-tooscomunitarismosde todaparte, favorecemomalda in-compreensohumana.Mastambmalertaparaoperigoqueexiste na possibilidade de que esta sociedade-mundo venhaassumir uma forma de imprio-mundo nesse longo caminhopossvelparaumacidadaniaplanetria.Diantedasduasviasquenosapresentamparaareformadahumanidade - a via interior, daalma,das compaixesquejamaislivraramoshomensdosmaisbrbarosacontecimentoseaviaexterior,dasinstituiesquecontinuamenteserefor-mamsemperdersuascaractersticasdedominaoexplorado-ra;ouainda,diantedoprogressotecnocientficoemancipadorilimitadoparaobem,assimcomoparaadestruioetodomal-exortarosespritosparaagrandereformadacompreensohumanasetornaocaminhonecessrio.Precisamosrenovarnossasatuaesnodiaadia,viv-lacomsabedoria,commaisprazer,commaissolidariedade.Paraco-mear,umareformaradicalnosistemadeensinofundamen-tal exigindo umametamorfose totalmente inconcebvel,masnoimpossvel.Humprincpiodeesperana,desucessodo

    Mdulo 5 I Volume 2 19UESC

    Lngua e interdisciplinaridade

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  • improvvelemtodooserhumano,trata-se,agora,decomosaber estimul-los nestemomento preciso que se torna tocrucialenobre,humanizar-se.

    Bibliografia: MORAES, Denis (Org.) Por uma outra comunicao. Mdia, mundializa-o cultural e poder. 3. ed. So Paulo: Record, 2005.

    Fonte: http://profmascarenhas.blogspot.com.br/2011/04/por-uma-outra-mundializacao-edgar-morin.html

    Principais obras:

    As Estrelas: Mito e Seduo no Cinema (1989).

    O cinema ou o homem imaginrio (1997).

    Um Ano Ssifo: Dirio de um Fim de Sculo (1998).

    Os sete saberes necessrios educao do futuro (2000).

    A cabea bem feita: repensar a reforma, reformar o

    pensamento (2000).

    O Mtodo 2 - A Vida da Vida (2001).

    O Mtodo 3 - O Conhecimento do Conhecimento

    (2002).

    O Mtodo 4 - As idias: habitat, vida, costumes,

    organizao (2002).

    O Mtodo 5 - A humanidade da humanidade: a

    identidade humana (2003).

    Mtodo I - A Natureza da Natureza (2003).

    Educar para a era planetria (2003).

    O Mtodo VI - A tica (2005).

    Assim, procurar saber o que interdisciplinaridade

    questionar os liames que podem existir entre duas ou mais

    disciplinas. necessrio primeiro se definir o que se entende

    por disciplina. Segundo Charaudeau (2010),

    Uma disciplina constituda por certo nmero de princpios fundadores, de hipteses gerais, de conceitos que determinam um campo de estudo e

    20 EADLetras Vernculas

    Prtica Educativa V Lngua e Literatura na Prtica Escolar

  • permitem ao mesmo tempo construir o fenmeno em objeto de anlise. Constitui-se assim um quadro conceptual, e no interior deste quadro que podem ser construdas diversas teorias, como proposio de uma certeza sistmica em torno de algumas categorias.

    Entretanto o que acontece quando h duas ou mais

    disciplinas com seu quadro conceptual bem construdo? A

    questo de fronteiras disciplinares muito fluida, e nesta

    zona de fluidez que o contato entre diferentes disciplinas

    pode acontecer e novas disciplinas podem surgir. o caso

    da Anlise do Discurso e dos Estudos Culturais. Voc j

    estudou estas duas disciplinas, mas vamos falar sobre elas

    um pouco mais adiante.

    Antes de continuarmos, vamos ver alguns termos

    que, s vezes, causam confuso: pluridisciplinaridade,

    transdisciplinaridade e competncia transversal. Tomaremos

    como base os conceitos desenvolvidos por Legendre (1993)

    e Fourez (1997), expostos no Quadro 01.

    QUADRO 01

    Pluridisciplinaridade

    o encontro em torno de um tema comum entre pesquisadores,

    professores de disciplinas distintas, mas cada uma conserva a

    especificidade de seus conceitos e mtodos. Trata-se de aproximaes

    paralelas procurando um fim comum pela soma das contribuies

    especficas. No quadro de um desenvolvimento tecnolgico, diferentes

    disciplinas podem colaborar para tratar de um subproblema.

    Transdisciplinaridade designa um saber que percorre diversas cincias sem se preocupar

    com as fronteiras entre elas.

    Competncia Transversalcorresponde a uma atividade, um mecanismo mental, um savoir-faire

    suposto, acionado em diversas reas do saber.

    Mdulo 5 I Volume 2 21UESC

    Lngua e interdisciplinaridade

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  • Um exemplo recente de pluridisciplinaridade

    o combate ao cncer que, alm de envolver a medicina, h

    tambm o ponto de vista de psicanalistas, filsofos, religiosos,

    socilogos. Em relao interdisciplinaridade, podemos

    citar a obra de Foucault, na qual o autor faz a arqueologia do

    saber, isto , no procura reconstituir um passado remoto,

    mas inquirir o que caracteriza a sociedade ocidental, desde

    as vrias configuraes dos saberes s manifestaes tidas

    como marginais (loucura, doena, priso, sexo). Quanto

    competncia transversal, implica questes como: capacidade

    de sntese oral ou escrita, inteligncia emocional, noes de

    gesto e planejamento etc.

    Retornando interdisciplinaridade...

    DHainaut (1986) nos apresenta quatro modelos

    de interdisciplinaridade:

    yy Interdisciplinaridade de disciplinas vizinhas duas reas de saber esto to prximas que uma zona de

    imbricamento, onde mtodos e conceitos podem

    intervir nesta zona.

    yy Interdisciplinaridade de problemas s vezes, alguns problemas no podem ser resolvidos por uma s

    disciplina, mas com a colaborao de outras.

    yy Interdisciplinaridade de mtodos mtodos prprios de uma disciplina podem tambm ser aplicados em

    outras disciplinas.

    yy Interdisciplinaridade de conceitos conceitos elaborados no interior de uma disciplina podem ser

    aplicados em outras disciplinas.

    Contribuioparaumvocabulriosobreinterdisciplinaridade.Seleco e organizao de Olga Pombo. Disponvel em:http://www.educ.fc.ul.pt/docentes/opombo/mathesis/vocabulario-interd.pdf

    leitura recomendada

    22 EADLetras Vernculas

    Prtica Educativa V Lngua e Literatura na Prtica Escolar

  • Pelo que estudamos at aqui, podemos concluir que

    o conhecimento pelo conhecimento no mais cabvel hoje.

    Uma perspectiva integrante do homem necessria desde o

    momento em que ele est exposto a uma quantidade enorme

    de informaes qual o sujeito deve poder compreender,

    avaliar e se utilizar na construo de seus quadros de

    referncia e em sua participao na vida sociopoltica.

    No prximo tpico, apresento um estudo

    interdisciplinar, baseado na Anlise do Discurso.

    3 ANLISE DO DISCURSO E ESTUDOS

    CULTURAIS: UMA PROPOSTA

    INTERDISCIPLINAR

    Sem dvida o objeto da aula de Lngua Portuguesa

    a compreenso e a produo de discursos. O aluno

    deve adquirir habilidades, escritas e orais, de produo de

    diferentes gneros de texto (TEIXEIRA, 2000).

    Parafacilitarascoisaseanossavida,deacordocomMarcuschi(2002),podemosclassificarosgnerostextuaisem:

    Cientfico:resenha,relatrio,resumo,monografia,dissertao,teseetc.

    Jornalstico: editoriais, notcias, reportagens, artigos deopinio,entrevistasetc.

    Instrucional: receitas,manuaisde instruo, regrasde jogo,formulriosetc.

    Jurdico:contratos,peties,requerimentos,atestadosetc.

    Publicitrio:anncios,propagandas,avisosetc.

    Lazer: histria em quadrinhos, palavras cruzadas, charges,piadas,adivinhasetc.

    Ficcional: romances, contos, crnicas, poemas, histria emquadrinhosetc.

    Interpessoal: cartas, convites, cartasdo leitor, cartas abertaetc.

    para conhecer

    Para que ns, professores, atinjamos este objetivo

    preciso que exponhamos o aluno a situaes reais para o

    Mdulo 5 I Volume 2 23UESC

    Lngua e interdisciplinaridade

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    e

  • desenvolvimento de suas habilidades linguageiras. Como

    afirma Charaudeau (2010), o estudo dos fenmenos sociais

    permite ver como as disciplinas sociais e humanas encaram

    cada objeto. Para uma interpretao de um texto temos

    de recorrer a outras disciplinas. Mais adiante, Charaudeau

    (2010) distingue dois tipos de interpretao: interna e

    externa.

    yy Interpretao interna consiste em mostrar como (e no por que) funciona o fenmeno estudado se

    relaciona com as diferentes partes que compem os

    resultados de uma anlise. Ele a considera mais uma

    explicao que uma anlise.

    yy Interpretao externa os resultados so confrontados com os de outras disciplinas.

    Para ele, fazer anlise do discurso didtico, histrico,

    literrio etc. no interdisciplinaridade, porque cada

    discurso vai manter suas especificidades. Da a proposta de

    uma interpretao dialgica, isto , uma anlise discursiva

    (memria discursiva), pelo estudo da mdia que, para

    darmos conta do imaginrio coletivo, precisamos recorrer

    a outras disciplinas: tica, Histria, Filosofia, Sociologia,

    entre outras.

    aqui que vo entrar os Estudos Culturais!

    A dcada de 50 assistiu, na Inglaterra, na esteira

    do desconstrucionismo francs, ao advento dos Estudos

    Culturais, voltados, primeiramente, para os problemas

    da sociedade e da linguagem, e passam, depois, para uma

    reflexo centrada sobre o vnculo [sociolgico] cultura-

    nao para uma abordagem da cultura dos grupos sociais

    (MATTELART; NEVEU, 2004, p. 13-14). A partir de 1980,

    os Estudos Culturais abarcaram as questes culturais ligadas

    ao gnero, etnicidade e s prticas de consumo. Tais estudos

    rompem, assim, com as noes de sacralidade da arte e com

    Fiz uma traduo livredo texto do ProfessorCharaudeau, por issoeviteiosaspeamentos.

    ateno

    24 EADLetras Vernculas

    Prtica Educativa V Lngua e Literatura na Prtica Escolar

  • a diferenciao entre alta e baixa literatura, pois os Estudos

    Culturais passaram a privilegiar a interdisciplinaridade

    (como a AD) e seu corpus deixa de ser apenas a Literatura.

    Stuart Hall (2003) um dos tericos que vem

    contribuindo para o debate sobre a relevncia da mdia como

    matriz organizadora em torno das identidades culturais,

    enfatizando que a realidade uma construo discursiva,

    que as interpretaes so subjetivas e os valores relativos,

    relacionando os pilares do paradigma multicultural com

    o deslocamento das questes identitrias para a esfera

    miditica. No foi, portanto, simplesmente uma inverso

    de modelo, mas um chamamento do que estava margem,

    incrementando a poltica da diferena, da valorao das

    minorias e das prticas culturais marginais.

    Stuart Hall nasceu em Kingston, naJamaica,em1932.FoiparaaInglaterraem 1951, onde lecionou em diversasuniversidades.

    Considera que ser migrante acondio arquetpica da modernidadetardia. Escreve a partir da disporaps-colonial,deumengajamentocomo marxismo e com tericos culturaiscontemporneos, e de uma viso decultura impregnada pelos meios decomunicao.Suaobradelicadaem

    sua empatia com interlocutores tericos e atores na cenaculturaleincisivaemsuaafirmaodaimportnciasocialdepensar,paradeslocarasdisposiesdopoderedemocratiz-las.OpensamentodeHallpassaporconvicesdemocrticasepelaaguadaobservaodacenaculturalcontempornea.

    Fonte:www.travessa.com.br/Stuart_Hall/.../374CACEF-DB19-49F2-990D

    Principaisobras:

    Culture,Media,Language(1980). Aidentidadeculturalnaps-modernidade(1998). DaDispora(2003).

    - Leia uma entrevista de Stuart Hall, disponvel em http://www.heloisabuarquedehollanda.com.br/?p=719- No site http://pt.shvoong.com/authors/stuart-hall/, vocencontraresumosecrticasda/sobreaobradeStuartHall.

    para conhecer

    Mdulo 5 I Volume 2 25UESC

    Lngua e interdisciplinaridade

    1U

    nid

    ad

    e

  • Por que, pela mdia, podemos acessar o imaginrio

    coletivo? Ora, as produes culturais de massa rdio,

    televiso, jornal, revista, cinema, histria em quadrinhos,

    romance popular so uma fonte para a disseminao

    das ideologias que perpassam os discursos, uma vez que

    manifestam e transmitem correntes de pensamento e

    conceitos que circulam pela sociedade, fazendo parte de

    sua tessitura; assegurando a sua continuidade na memria

    coletiva (HALBWASCH, 1990); e, igualmente, deixando

    pistas da poca e das relaes sociais nas quais surgiram.

    Mais do que instncias de representao, a mdia

    vai se constituindo, de forma crescente, nos lugares onde

    se elaboram e se difundem os discursos, os valores e as

    identidades. Os mass media so, assim, entendidos como um

    sistema simblico, pleno de significaes, e seus produtos

    como produes simblicas (MAINGUENEAU, 2001).

    Podemos saber muito sobre uma sociedade se levarmos

    em considerao, de um lado, os dispositivos discursivos

    Voc est lembrado(a) da memria discursiva que

    estudamos no mdulo: Prtica Educativa III - anlise e produo de

    discurso na prtica escolar? D uma olhada para relembrar!

    B

    A

    AyA = pr-construdo (interdiscurso).AyB = parfrase (intradiscurso).

    para lembrar

    26 EADLetras Vernculas

    Prtica Educativa V Lngua e Literatura na Prtica Escolar

  • de textos da mdia e, de outro, quais so, como circulam

    os discursos, o que significam, e como nos introduzem

    no imaginrio de nosso tempo, para sermos sujeitos

    (FOUCAULT, 1971). Portanto, analisar a mdia hoje

    uma necessidade fundamental (POSSENTI, 2007, p. 13).

    E nas palavras de Hall (1997),[...] a cultura agora um dos elementos mais dinmicos e mais imprevisveis da mudana histrica do novo milnio. No devemos nos surpreender, ento, que as lutas pelo poder deixem de ter uma forma simplesmente fsica e compulsiva para serem cada vez mais simblicas e discursivas, e que o poder em si assuma, progressivamente, a forma de uma poltica cultural (p. 20).

    Antes de qualquer coisa temos de pensar o que pode

    despertar o interesse de uma turma dentre os discursos

    miditicos, pois trabalhamos com um universo complexo:

    nossos alunos pertencem a camadas socioculturais diferentes.

    Mas de uma coisa podemos ter certeza: todos gostam

    de filmes de aventura, de comdias romnticas, das histrias

    em quadrinhos, de assistir desenhos animados. H uma

    projeo do eu de cada um em relao ao heri e ou herona.

    Uma imagem emblemtica da nossa sociedade

    contempornea a figura do Super-Homem.

    Voc deve estar se perguntando: por que o Super-

    Homem?

    Porque a ideia de super-homem uma noo

    recorrente em nossa sociedade e explorada em diversas

    pocas, desde a Grcia com o ideal de perfeio fsica e moral

    at a atualidade como uma das representaes do homem de

    verdade; ou seja, daquele que detm o poder e a fora na

    sociedade (NOLASCO, 2001).

    Super-Homem, primeiro super-heri da literatura

    em quadrinho do sculo XX, foi criado por dois estudantes

    norte-americanos, Jerry Siegel e Joe Shuster, em 1938. Sua

    Voc pode ler sobre oSuper-Homem no site:http://www.tvsinopse.kin-ghost.net/art/s/super1.htm.Deacordocomosite,

    Super-Homem tornou-seum dos cones da culturapop ocidental com maisde 11 ttulos peridicosde quadrinhos diferen-tes nos Estados Unidos;e, tambm, em diversasoutras partes do mundo,transformou-se em 5 fa-mososfilmes,2sriesparao cinema, 5 sries para atelevisoe6sriesdede-senhosanimados,almdeprogramas de rdio, mu-sicais e uma quantidadeenorme de produtos quevo de brinquedos a ali-mentos.

    FIGURA04Fonte:http://pt.wikipedia.org/wiki/

    Superman

    Mdulo 5 I Volume 2 27UESC

    Lngua e interdisciplinaridade

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    e

  • influncia expandiu-se para o rdio, a televiso e o cinema, e, a

    partir dele, surgiram diferentes super-heris: Batman (1939),

    Capito Marvel (1939), Super-Mouse (1942), Homem-

    Aranha (1962), entre outros. So representaes de um ideal

    de virilidade, que combina elementos de fico cientfica e

    atributos de deuses e semideuses gregos Zeus, Apolo,

    Hrcules, Teseu, Prometeu, caro.

    Do ponto de vista mitolgico, os deuses e semideuses

    representam predisposies poderosas que procuravam ditar

    o comportamento e moldar a personalidade dos indivduos

    (BOLAN, 2002). Cada um deles sintetiza um atributo,

    correspondendo a uma imagem ou realidade, que serve de

    signo distintivo a um personagem, uma coletividade, um

    ser moral (...) (CHEVALIER; GHEERBRANT, 1993, p.

    XVI). E so certos aspectos dos deuses e semideuses que

    inspiraram a construo identitria do Super-Homem, pois

    ele tem a liderana positiva de Zeus, a clareza de pensamento

    de Apolo, a fora combativa de Hrcules e Teseu, a abnegao

    de Prometeu e a capacidade de voar de caro.

    Alm disso, historicamente, a sociedade ocidental tem

    sido dominada pelo princpio da competio e do poder na

    busca de um ideal de virilidade: amor humanidade, amor

    ptria, senso de justia, honestidade, coragem, audcia, sangue

    frio (MOSSE, 1997). Junto a essa perfeio moral, devemos

    alcanar a perfeio fsica, pois uma leva outra e vice-versa.

    Agora vamos trabalhar interdisciplinarmente com o

    conceito de heri. Voc pode construir pontes com diversas

    disciplinas: Histria, Sociologia e muitas outras. Essas duas

    bastam! Pode virar uma salada de frutas!

    3.1 Histria

    Primeiro converse com o/a professor/a de Histria.

    Vamos torcer para que o assunto seja sobre a Segunda Guerra

    Mundial.

    28 EADLetras Vernculas

    Prtica Educativa V Lngua e Literatura na Prtica Escolar

  • ASegundaGuerraMundialiniciouemsetembrode1938,quandoHitlerinvadiuaPolnia.Ainvasosedeu,porque,peloTratadodeVersailles(1919),aPolniaficoucomoportodeDantzig,eeradointeressedaAlemanhaqueestefosseincorporadoaseuterritrio.

    Depois voc apresenta o Super-Homem turma. Alis,

    no precisa de muitas apresentaes... Todos o conhecem!

    Como j foi dito, o Super-Homem foi criado em 1938,

    em pleno clima de guerra. Tal clima favoreceu a projeo da

    nao sobre um ideal de poderio militar. Uma evidncia desse

    aspecto a transposio da iconicidade das cores da bandeira

    norte-americana para o uniforme de Super-Homem.

    FIGURA05Fonte:http://pt.wikipedia.org/wiki/Segunda_Guerra_Mundial

    saiba mais

    Mdulo 5 I Volume 2 29UESC

    Lngua e interdisciplinaridade

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    e

  • Pases em guerra:

    Aliados: China, Frana, Gr-Bretanha, Estados Unidos, UnioSovitica,Brasil.Potncias do Eixo: Alemanha, Japo e Itlia; mais tarde:Romnia,HungriaeBulgria.

    Nos primeiros anos da guerra, as potncias do Eixo estavamvencendo. A Alemanha invadiu e tomou: Blgica, Noruega,Dinamarca,Holanda.Em1940,aFranaserendeue,emseguida,aGrcia,aRomniaeaIugoslvia.Em 1941, o Japo atacou Pearl Harbor e, logo depois, HitlerdeclarouguerraaosEUA.AentradadosEUAnoconflitomelhorouasituaodosaliados,devidoaseupoderioblico.OfinaldaguerracomeouquandoHitlerinvadiuaRssiaesofreuagrandederrotadeStalingrado,em1943.Em1944,osAliadosretomaramaNormandiaelibertaramParis.Noanoseguinte,aAlemanhaserendeu,acabandocomaguerranaEuropa.EntretantoalutacontinuavanoPacficoenasiacontraoJapoesveioaterminar,quandoosEstadosUnidoslanaramabombaatmicaemHiroshima,em6deagostode1945,etrsdiasdepoisemNagasaki.Com o fim da guerra, os Estados Unidos se tornaram amaiorpotnciamundial,seguidospelaUnioSovitica.

    Fonte:http://www.infoescola.com/historia/segunda-guerra-mundial/

    3.2 Sociologia

    Em termos gerais, a Sociologia tem como objeto

    de estudo os fenmenos sociais, as diferentes formas de

    constituio das sociedades e suas culturas.

    Nas ltimas dcadas, a sociedade espetacularizada tem

    como caractersticas as aceleradas mutao e multiplicao

    de super-heris, onde (...) o heri positivo deve encarnar,

    [...] as exigncias de poder que o cidado comum nutre e

    no pode satisfazer (ECO, 2004, p. 247). No so apenas

    reflexos da ideologia, mas desgnios de uma indstria

    sobre todas as outras e sobre todos os povos: a sociedade de

    espetculo (BUCCI; KHEL, 2004, p. 22-23). Prova disso

    sua apropriao pela televiso e pelo cinema atuais que

    organizam e atualizam a sua epopeia (CANCLINI, 1999).

    A apropriao da imagem do Super-Homem e suas

    variantes por outras representaes da indstria cultural,

    30 EADLetras Vernculas

    Prtica Educativa V Lngua e Literatura na Prtica Escolar

  • como discursos ideolgicos, representam, assim, mais uma

    manifestao de alguns valores na contemporaneidade.

    Quando falamos em variantes, -nos possvel pensar

    em outros heris que fazem parte da nossa memria. So os

    novos super-heris que surgem de reas distintas e diversas

    e aparecem como paradigmas de fora, vitria e sucesso. O

    cinema trabalha, h muito, com o eterno heri cowboy norte-

    americano interpretado por John Wayne, ou o superespio

    ingls James Bond. Por sua vez, o esporte traz sua constelao

    de heris: no futebol, Pel, Ronaldinho Gacho, Ronaldinho

    (o Fenmeno), Beckman, Cac; no basquete, Oscar; no

    automobilismo, Senna. Alguns tm fama e sucesso efmeros,

    quando deixam de estar em primeiro plano na mdia; outros

    fazem parte do panteo dos eternos heris (John Wayne,

    James Bond, Pel, Senna).

    Aqui vamos estudar outro personagem miditico:

    James Bond.

    James Bond, criado por Ian Fleming, teve sua primeira

    apario no livro Cassino Royale, em 1953, em pleno perodo

    da Guerra Fria.

    James Bond descrito como um homem alto, moreno,

    atltico, sedutor, entre 33 e 40 anos, mestre em artes marciais,

    exmio atirador, com licena para matar. Ele representa o

    superespio, a servio de Sua Majestade, combatendo o mal

    pelo mundo com muito charme e cercado de belas mulheres.

    Quem no se espelha em tal personagem? Todos ns!

    No estou certa?

    Mas no isto que interessa! O nosso fulcro est nas

    diversas mudanas pelas quais o personagem passou desde

    sua criao. O personagem James Bond nasceu durante

    a Guerra Fria, mas, com o decorrer dos anos, foi ganhando

    novas caractersticas de acordo com as mudanas da ordem

    mundial. Pois como afirma Marny,

    A tendncia que se verifica na maior parte dos casos para um alinhamento segundo as normas sociais. No princpio duma srie, o heri o homem

    Mdulo 5 I Volume 2 31UESC

    Lngua e interdisciplinaridade

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  • marginal, o franco-atirador da ordem e da justia. Mas h um dado momento em que colabora com as foras da ordem organizadas, tais como o exrcito e a polcia do seu pas. Foi o que aconteceu com Tarzan, Flash Gordon, Superman, Terry, o Fantasma e muitos outros. Contudo, temos de ter em conta que esta colaborao episdica foi devida, na maior parte das vezes, as (sic) circunstncias histricas, concretamente a (sic) ltima guerra mundial: o heri mobilizou-se espontaneamente, visto que a luta contra as foras do mal requeria a unio sagrada (MARNY, 1970, p. 128).

    So cinquenta anos, cerca de 20 filmes, com sucesso

    absoluto. Este sucesso se deve, segundo Paz (2006, p. 20),

    s temticas que so sempre atuais ao momento histrico

    em que so criadas, por outro tornam-se (sic) imortais pela

    importncia do fato social tratado. Pelo enredo, voc pode

    associar cada filme a um contexto histrico, por exemplo:

    yy 007 contra o satnico Dr. No (1962) James Bond enviado Jamaica para investigar o desaparecimento

    de um agente britnico. Suas investigaes o levam ao

    Dr. No, cientista, que pretende destruir o programa

    espacial dos Estados Unidos.

    O que acontecia no mundo na poca? Em 1962,

    houve a chamada a Crise dos Msseis entre os Estados

    Unidos e a Unio Sovitica, envolvendo questes de

    armamento nuclear, que quase jogou o mundo numa

    terceira guerra mundial.

    yy 007 Viva e Deixe Morrer (1973) James Bond enfrenta o traficante de drogas Dr. Kananga.

    yy 007 contra o foguete da morte (1979) James Bond impede um manaco de disparar ogivas de veneno

    sobre o planeta.

    yy 007 contra Octopussy (1983) James Bond acaba com um plano terrorista na Alemanha Oriental.

    Voc percebeu que cada filme de James Bond retrata a

    preocupao da sociedade, como um todo, em determinado

    32 EADLetras Vernculas

    Prtica Educativa V Lngua e Literatura na Prtica Escolar

  • momento histrico: Guerra Fria, trfico de drogas,

    terrorismo, meio ambiente etc. Bond representa o smbolo

    de esperana, transformao, persistncia e determinao

    (PAZ, 2006, p. 49), suprindo assim as necessidades do

    homem comum (ECO, 2004).

    FIGURA8Fonte:www.geoconceicao.blogspot.com

    Ao trmino da SegundaGuerra, os EUA eram opasmaisricodomundo,porm eles teriam queenfrentar um rival, ouseja,osegundopasmaisrico domundo: a URSS.TantoosEUA(capitalista)comoaURSS(socialista),tinham ideias contrriaspara a reconstruo doequilbrio mundial, foiento que comeouumagrande rivalidade entreessesdoispases.

    Quemeraomelhor?Esse conflito de interesses, que assustou o mundo, ficouconhecido como Guerra Fria. Tanto os EUA criticavam osocialismo quanto a URSS criticava o capitalismo. EuropaOcidental,CanadeJaposealiaramaosEUAenquantoquea Tchecoslovquia, Polnia, Hungria, Iugoslvia, Romnia,Bulgria,Albnia,partedaAlemanhaeaChinaseuniramcomaURSS.

    A dcada de 50 e 60 foimarcada pormomentos de tensoe intolerncia, pois os dois sistemas (capitalista e socialista)eramvistosda formamaisnegativapossvel.Osdois pasespossuam armas nucleares; porm, os dois lados estavamcientes que uma guerra naquele momento poderia destruiromundo. Por esta razo tentavam influenciar ahumanidadetomandoomximodecuidadoparanoprovocarumaGuerraNuclearInternacional,comoisso,atensodiminuiu.

    AGuerraFriaterminouporcompletocomarunadomundoso-cialista(aURSSestavadestrudaeconomicamentedevidoaosgastoscomarmamentos)ecomaquedadoMurodeBerlimem09denovembrode1989.

    Fonte:http://www.infoescola.com/historia/guerra-fria/

    Guerra Fria

    Os dados sobre os fil-mes foram retiradosdo site www.webcine.com.br/especial/ja-mesbond/jamesbond_filmes.htm

    Mdulo 5 I Volume 2 33UESC

    Lngua e interdisciplinaridade

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  • Nopodemosesquecerdequetemostambmassuper-he-ronas,quecomearamasurgirnadcadade1940,mas foramtomandocorpoapartirde1970,quando houve um recrudesci-mentodosmovimentosfeminis-tas. Elas esto assumindo,juntocomoshomens,oespaono cinema (Julia Roberts,AngelinaJolie,MerylStreep),nosesportes (no vlei: Jacqueline

    Silva, AnaMoser, AdrianaBehar; no futebol:Marta daSilva; nojud:SarahMenezes);nateleviso(ReginaDuarte,MaluMader)etc. Hojeelasseencontramnasreasque,antes,eramex-clusividade do homem, comonadireoefundaodegran-des empresas/marcas (CocoChanel) na poltica (DilmaRousseff, Hilary Clinton). Vocpodepensaremmuitosoutrosexemplos! Omovimentofeministapodeser localizadoapartirde1848,naconvenododireitodasmulheresqueocorreuemNewYork(EUA). Os movimentos feministas so, sobretudo, movimentospolticoscujametaconquistaraigualdadededireitosentrehomensemulheres,isto,garantiraparticipaodamulhernasociedadede formaequivalentedoshomens.Almdisso,osmovimentosfeministas somovimentos intelectuais e tericos que procuramdesnaturalizaraideiadequehumadiferenaentreosgneros.Noqueserefereaosseusdireitos,nodevehaverdiferenciaoentreossexos.Noentanto,adiferenciaodosgnerosnaturalizadaempraticamentetodasasculturashumanas.Nadcadade1960,apublicaodolivroOSegundoSexo,deSi-monedeBeauvoir, viria influenciarosmovimentos feministasnamedidaemquemostraqueahierarquizaodossexosumacons-truosocialenoumaquestobiolgica.Ouseja,acondiodamulher na sociedade uma construo da sociedade patriarcal.Assim,a lutadosmovimentos feministas,almdosdireitospelaigualdadededireitosincorporaadiscussoacercadasrazescultu-raisdadesigualdadeentreossexos.

    Fonte:http://www.infoescola.com/sociologia/feminismo/

    NoBrasil,podemosdetectartrsgrandesmomentosdomovimentofeminista:

    1-Reivindicaesdemocrticas:direitoaovoto,educaoeao

    FIGURA9-Fonte:www.freerepublic.com/focus/f-chat/2874970/posts

    ateno

    FIGURA10-Fonte:www.movimentofeminista1.blogspot.com.br/

    34 EADLetras Vernculas

    Prtica Educativa V Lngua e Literatura na Prtica Escolar

  • 4 EXEMPLO DE UMA AULA INTERDISCIPLINAR

    Apesar do esteretipo, o Super-Homem vai servir de

    propaganda para o poderio econmico e militar dos EUA

    (Figuras 06 e 07).

    Voc mostra a figura 06 e pode perguntar:

    Do que se trata a imagem? A capa data de maro de 1943. Mostre aos alunos a

    representao do soldado japons. Hoje o responsvel

    pela publicao estaria passvel de um processo por

    questes de racismo. Por que, na poca, a capa no

    causou estranheza?

    Discuta com os alunos sobre o uso do termo japa. Por que o Super-Homem utiliza-se de sua

    supervelocidade para imprimir tantos cartazes?

    Pea aos alunos para pesquisarem sobre a importncia da venda dos ttulos de guerra e selos, na poca.

    Em seguida, passe para a figura 07:

    O que implica a figura do Super-Homem em primeiro plano?

    O que significam as cores do uniforme do Super-Homem em relao ao uniforme dos soldados?

    trabalho,emfinsdosculoXIX.FoinesseperodoqueNsiaFlorestacriouaprimeiraescolaparamulheres.2-Liberaosexual:aumentodoscontraceptivos,nofimdadcadade1960.3-Lutadecartersocial:aLeidoDivrcio,em1970;criaodoAno InternacionaldaMulher,em1975; lutacontraaviolnciasmulheres,nadcadade1980;implementaodaSecretariadePo-lticaparaasMulheres(comstatusdepastaministerial),em2003.

    Fonte:http://www.brasil.gov.br/secoes/mulher/atuacao-feminina/feminismo-pela-igualdade-dos-direitos

    Mdulo 5 I Volume 2 35UESC

    Lngua e interdisciplinaridade

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  • 4.1 Algumas sugestes de aulas

    interdisciplinares

    Voc pode organizar uma aula e/ou oficina para uma

    turma do Fundamental II e/ou Ensino Mdio. Explore os nveis

    de compreenso, o desenvolvimento de estratgias de leitura e

    a produo de sentidos, e os discursos difundidos pela mdia

    sobre nossos atuais ou passados super-heris, partilhados ou

    controversos.

    Aps apresentar as duas figuras e analis-las junto com

    os alunos, voc pode perguntar qual o discurso comum s duas.

    Neste ponto importante destacar que as capas das revistas so

    o documento de uma poca, e que, atravs delas, detectamos

    os discursos ideolgicos de uma determinada poca e um

    determinado tempo; fornecendo os enunciados que legitimam

    as guerras perante o mundo e fortalecem a identidade norte-

    americana em relao s outras naes.

    FIGURA 06

    SUPER-HOMEMdiz:Vocpodeesbofetearumjapa()comttulosdeguerraeselos!

    FIGURA 07

    [SOLDADO] Caramba! Super-Homem estsaltandode3milhasdealturasemparaquedas!Quesuper-soldado!

    Fonte:http://jovemnerd.ig.com.br/#!/humor/miscelania/mid-season/superman-returns-pos-estreia-4/

    36 EADLetras Vernculas

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  • FIGURA11-HomemAranhaFonte:http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Amazing_Spider-Man.jpg

    FIGURA12-CapitoAmricaFonte:http://pt.wikipedia.org/wiki/Capit%C3%A3o_Am%C3%A9rica

    Apresento trs sugestes:

    1 - Voc divide a turma em grupos para pesquisar histrias

    em quadrinhos americanas de super-heris, levando em

    considerao que, ao longo do sculo XX, os Estados

    Unidos participaram de diversos conflitos: Guerra Fria,

    Guerra do Golfo, Guerras contra o Terrorismo. Cada grupo

    de alunos ficar responsvel por uma das guerras.

    Sugira que eles procurem outros super-heris, como:

    Homem Aranha e Capito Amrica.

    2 - Voc divide a turma em grupos para pesquisar sobre

    esportes. Cada grupo assume uma modalidade: natao,

    vlei, futebol, tnis etc.

    3 - Voc pode ainda dividir a turma em meninos e meninas e

    cada grupo ir pesquisar sobre um super-heri e uma super-

    herona.

    Depois, voc pede uma produo textual de cada

    grupo. Isto importante, porque o objeto da aula de Lngua

    Portuguesa , antes de tudo, levar o aluno a saber-ler, saber-

    escrever.

    ATIVIDADES

    1. Leia o texto Os sete saberes necessrios educao do

    futuro, de Edgar Morin (2000), e faa um comentrio, em

    dupla ou trio, mximo 02 laudas, sobre os sete saberes,

    preconizados pelo autor. O texto est disponvel em: www.

    sistemas.ufrn.br/shared/verArquivo?idArquivo=1035842.

    2. Leia o texto Estudos culturais, educao e pedagogia,

    disponvel em: www.scielo.br/pdf/rbedu/n23/n23a03.pdf

    Depois faa um resumo, mximo 400 palavras.

    3. Rena-se com mais 03 ou 04 colegas, de acordo com o

    nmero de estudantes na turma, e escolham um personagem

    Mdulo 5 I Volume 2 37UESC

    Lngua e interdisciplinaridade

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  • ou cone miditicos e faam uma anlise sociodiscursiva,

    levando em considerao o conceito de interdisciplinaridade,

    a influncia da mdia na construo do mito simblico e suas

    relaes com o inconsciente coletivo de uma comunidade

    em determinado momento histrico. Depois apresente, em

    forma de seminrio, as concluses do grupo.

    Nesta Unidade, voc estudou:

    yy Algumas modalidades de interdisciplinaridade.yy A influncia dos mass media, como um sistema

    simblico, na produo de discursos.

    yy A apropriao simblica de cones miditicos pela sociedade.

    yy As relaes entre o mundo dos super-heris e o inconsciente coletivo.

    BOLAN, Jean Shinoda. Os deuses e o homem: uma nova

    psicologia da vida e dos amores masculinos. Traduo de

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    ensaios sobre televiso. So Paulo: Boitempo, 2004.

    CANCLINI, Nstor Garca. Culturas hbridas: estratgias

    para entrar e sair da modernidade. 2. ed. Traduo de Ana

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    Estudos Culturais. Traduo de Marcos Marcionilo. So

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    PAZ, Pedro Paulo de Oliveira. James Bond: um modelo de

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    TEIXEIRA, Elisabeth. Competncias transversais para o

    ofcio de aluno: a metodologia acadmica em questo ou

    quando estudar, ler e escrever, faz a diferena. Disponvel

    em: http://www.nead.unama.br/site/bibdigital/pdf/

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    Mdulo 5 I Volume 2 41UESC

    Lngua e interdisciplinaridade

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  • Suas anotaes

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  • LITERATURA E INTERDISCIPLINARIDADE

    2 UNIDADE

  • OBJETIVOS

    Ao final desta Unidade, este estudo permitir ao

    estudante:

    perceber que as criaes musicais so fruto de um

    momento histrico;

    compreender, a partir de uma perspectiva

    interdisciplinar, como histria, cultura e msica

    popular se conjugam para representar valores e

    ideologias;

    realizar diferentes leituras de uma cano, buscando

    as mltiplas matrizes de interpretao de uma

    determinada poca em um determinado momento.

    Mdulo 5 I Volume 2 45UESC

    Literatura e interdisciplinaridade

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  • 1 INTRODUO

    Nesta Unidade, analisamos Alegria, Alegria,

    de Caetano Veloso, do perodo do Tropicalismo, da

    dcada de 1960, e suas tentativas de romper as barreiras

    comportamentais vigentes e o peso da tradio [...]

    (HUTCHEON, 1991, p. 121).

    2 O TROPICALISMO

    Voc deve ter se perguntado: por que o Tropicalismo?

    No estamos estudando Literatura? De acordo com Santos

    (2012),

    Msica e literatura sempre andaram juntas, desde a antiguidade. O ritmo parte integrante da escrita, mesmo quando no se trata de texto potico. Enquanto isso, ao longo da histria, a poesia se fez presente na pera, nos jograis e na cano popular, cobrindo de redondilhas os acordes musicais.

    A partir desta afirmativa e da noo de que os Estudos

    Culturais rompem com as noes de sacralidade da arte e

    com a diferenciao entre alta e baixa literatura, podemos

    tranquilamente trabalhar com o Movimento Tropicalista.

    De acordo?

    Antes vamos ver o que significa este movimento na

    cultura brasileira.

    O Tropicalismo foi um movimento sociocultural,

    liderado por Caetano Veloso e Gilberto Gil, e podemos dizer

    que teve seu marco no Festival de Msica Popular, realizado

    em outubro de 1967, pela TV Record, com a apresentao

    Esta Unidade frutodepesquisasfeitasdu-ranteoperododemeuMestrado, em EstudosLingusticos (AnlisedoDiscurso),realizadonaUFMG.

    observao

    Mdulo 5 I Volume 2 47UESC

    Literatura e interdisciplinaridade

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  • das msicas Alegria, Alegria (Caetano Veloso) e Domingo no

    Parque (Gilberto Gil).

    Quanto denominao, a Enciclopdia Ita Cultural

    registra o termo tropiclia como nome da obra de Hlio

    Oiticica (1937-1980) exposta na mostra Nova Objetividade

    Brasileira, realizada no Museu de Arte Moderna do Rio

    de Janeiro MAM/RJ, em abril de 1967. Hlio Oiticica

    descreve sua obra, afirmando que

    [...] o ambiente criado era obviamente tropical, como num fundo de chcara e, o mais importante, havia a sensao de que se estaria de novo pisando na terra. Esta sensao sentira eu anteriormente ao caminhar pelos morros, pela favela, e mesmo o percurso de entrar, sair, dobrar pelas quebradas de tropiclia, lembra muito as caminhadas pelo morro http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia_IC/index.cfm?fuseaction=marcos_texto&cd_verbete=3764.

    Suas ideias esto ligadas ao Antropofagismo de 1922.

    Voc est lembrado(a) deste movimento literrio?

    Vamos recordar!

    Oswald de Andrade, no Manifesto Antropfago

    (1928), articulou uma poltica cultural em que procurava

    deslocar as ideologias que visavam uma interpretao

    hegemnica da realidade nacional, evidenciando o tema

    da violncia, que nega o outro, traindo a utopia da

    modernidade. Oswald reivindicava, assim, o direito de

    dialogar com as matrizes europeias sem subservincia. Para

    ele, era preciso no s copiar, mas tambm refletir sobre os

    modelos europeus para fazer a seleo daquilo que poderia

    servir para expressar a realidade brasileira. Agindo dessa

    maneira, estar-se-ia procedendo como o ndio, que s comia

    outro homem, quando acreditava que aquela carne pudesse

    fortalec-lo espiritualmente: [...] porque somos fortes

    48 EADLetras Vernculas

    Prtica Educativa V Lngua e Literatura na Prtica Escolar

  • e vingativos como o jabuti (SCHWARZ, 1997, p. 22).

    Portanto a metfora do antropfago no uma tentativa de

    restabelecer bases indgenas para a sociedade brasileira, mas

    de mostrar a imitao no digerida e dependente de matrizes

    importadas (LCIA HELENA, 1983).

    Como todo movimento explosivo, a Antropofagia

    deixou estilhaos em diversos lugares da cultura brasileira

    e, medida que o tempo passa, descobrem-se fragmentos

    que ainda fervilham. Essa atitude crtica foi recuperada por

    outros atores sociais como nos casos de Hlio Oiticica

    (escultura), de Jos Celso Martinez Corra (encenao da

    pea O Rei da Vela, de Oswald de Andrade), de Glauber

    Rocha (Cinema Novo e a esttica da fome), Torquato

    Neto (poesia), Waly Salomo (poesia).

    FIGURA01-Fonte:http://tropicalia.com.br/

    O que pretendiam os tropicalistas? Vamos ver

    como estava o estado das artes durante a ditadura militar.

    Durante a ditadura militar, no Brasil, foram editados

    17 atos institucionais. Os atos eram mecanismos que davam

    ao Presidente da Repblica poderes extraconstitucionais,

    isto , poderia cassar mandatos, suspender direitos polticos,

    extinguir partidos polticos etc.

    Claro que houve uma reao contrria na sociedade,

    principalmente dos intelectuais, que exigiram a volta das

    Mdulo 5 I Volume 2 49UESC

    Literatura e interdisciplinaridade

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    e

  • liberdades democrticas. Mas foi tudo em vo! Polticos

    e artistas so presos e exilados e/ou se autoexilaram. A

    censura se intensificou: jornais e revistas so apreendidos;

    peas, filmes e msicas so proibidos. Alm disso, surgiram

    as guerrilhas: Ao Libertadora Nacional (ALN), Vanguarda

    Popular Revolucionria (VPR).

    Todos esses acontecimentos influenciaram a literatura

    e a cultura em geral. As canes de protesto mostravam a

    insatisfao dos jovens. As msicas metafricas de Vandr e

    Chico Buarque extravasavam o descontentamento de todos.

    Quem no se lembra dessas letras?

    Por esse po para comer, por esse cho pra dormir

    A certido pra nascer e a concesso pra sorrir

    Por me deixar respirar, por me deixar existir

    Deus lhe pague

    [...]

    (Chico Buarque)

    Caminhando e cantando e seguindo a cano,

    Somos todos iguais, braos dados ou no.

    Nas escolas, nas ruas, campos, construes,

    Caminhando e cantando e seguindo a cano.

    [...]

    Nas escolas, nas ruas, campos, construes,

    Somos todos soldados, armados ou no

    [...]

    (Geraldo Vandr)

    Os tropicalistas, nesta conjuntura, propunham

    uma postura nacionalista crtica e de ruptura formal e

    criaram uma esttica em que os contrastes dos elementos

    incorporam: o passado e o presente; a misria e a riqueza;

    o desenvolvimento e o subdesenvolvimento; a tecnologia

    industrial; a pardia; a luta de classes; a sociedade annima

    etc.

    Dilma Rousseff militounoColina(ComandodeLibertao Nacional),organizaoquedefen-diaalutaarmada.

    Fonte: http://educacao.uol.com.br/biografias/dilma-rousseff.jhtm

    saiba mais

    50 EADLetras Vernculas

    Prtica Educativa V Lngua e Literatura na Prtica Escolar

  • De acordo com Freitas Filho,

    A contra-revoluo cultural do tropicalismo procurava, no caos, trazer a arte brasileira para o cho, tal como pretendeu, anos antes, Oswald de Andrade. Tnhamos, ento, toda uma gerao voltada para a lio oswaldiana de retomada das razes, com a diferena, entretanto, de que os produtos no eram especificamente literrios, mas interdisciplinados, um pau-brasil eletrificado, ligado na tomada dos amplificadores, um cafarnaum onde o poema se fazia no apenas na pgina, mas no papel da voz, no palco, sob o som estridente das guitarras [...] (1979, p. 169).

    A severidade do Ato Institucional 5 levou, entre

    tantos outros, Caetano Veloso e Gilberto Gil priso e eles

    se exilaram em Londres.

    O Tropicalismo durou pouco tempo, mas a busca

    das razes brasileiras, o apagamento entre cultura tradicional

    e cultura popular, a assimilao de alguns aspectos da

    contracultura, do feminismo levaram insero da cultura

    brasileira no mundo contemporneo.

    Mdulo 5 I Volume 2 51UESC

    Literatura e interdisciplinaridade

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  • FIGURA02-esquerdaoMinistrodaJustia,LusAntnioGamaeSilva,anunciandooAI-5.Fonte:http://www.suapesquisa.com/ditadura/ai-5.htm

    Vamoslembrar-nosdasituaodoBrasilnapoca?EraapocadaDitaduraMilitar (1964-1985),caracterizou-

    se pela represso poltica, supresso dos direitos constitucionais,perseguiesetorturascontraosqueeramcontraaditadura,censura.

    OmaisdurogolpecontraademocraciafoioAtoInstitucional-5(conhecidocomoAI-5).DeacordocomoAI-5:

    yy O Presidente da Repblica poderia dar recesso sCmaras dos Deputados e dos Vereadores e sAssembleias Legislativas, assumindo, durante esteperodo,asfunesdasCmarasedasAssembleias.

    yy O Presidente da Repblica poderia intervir nosEstados e Municpios, sem obedecer aos limitesconstitucionais.

    yy O Presidente da Repblica poderia suspender osdireitospolticosdequalquercidadobrasileiropeloperodode10anos.

    yy OPresidentedaRepblicapoderiacassarmandatosdequalquerpolticobrasileiro.

    yy Eramproibidasmanifestaesdecarterpoltico.

    yy Suspendiaodireitodehabeas corpusemcasosde:crimespolticos, crimes contra a ordemeconmica,segurananacional.

    yy Impunha a censura prvia para jornais, revistas,livros,peasdeteatroemsicas.

    para conhecer

    52 EADLetras Vernculas

    Prtica Educativa V Lngua e Literatura na Prtica Escolar

  • 3 EXEMPLO DE UMA AULA INTERDISCIPLINAR

    1) Leve: fotos dos artistas tropicalistas, capas de

    discos de Caetano Veloso, imagens das esculturas

    de Hlio Oiticica, fotos de quadros de pintores dos

    modernistas (Tarsila do Amaral, Anita Malfaltti, Di

    Cavalcanti). Insira seus alunos no esprito das duas

    pocas.

    FIGURA04-Samba,deDiCavalcantiFonte:http://cult.nucleo.inf.br/

    FIGURA03-Abaporu,deTarsiladoAmaralFonte:http://pt.wikipedia.org/wiki/Abaporu

    Em relao figura 03, explique a seus alunos o

    significado do ttulo da obra: aba = homem; pora = gente;

    u = come (homem que come gente). Portanto o nome

    se refere Antropofagia, que pretendia deglutir a cultura

    estrangeira para adequ-la cultura brasileira. Faa com que

    seu aluno perceba as diferenas de dimenso entre a cabea

    e os membros na pintura. H uma valorizao do trabalho

    braal e uma consequente desvalorizao do trabalho mental.

    Fale, neste momento, sobre Marx e sua crtica sociedade

    burguesa.

    Na figura 04, evidencie a imagem tropical do Brasil,

    incluindo o carnaval carioca e as mulatas sensuais.

    2) Debata com eles sobre os movimentos literrios

    Antropofagia e Modernismo (1 fase) e sobre o

    Mdulo 5 I Volume 2 53UESC

    Literatura e interdisciplinaridade

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  • perodo da ditadura militar no Brasil. Pea a ajuda do

    professor de Histria.

    3) Distribua cpias da letra da msica Alegria, Alegria.

    Caminhando contra o vento

    Sem leno, sem documento

    No sol de quase dezembro

    Eu vou

    O sol se reparte em crimes,

    Espaonaves, guerrilhas

    Em cardinales bonitas

    Eu vou

    Em caras de presidentes

    Em grandes beijos de amor

    Em dentes, pernas, bandeiras

    Bomba e brigitte bardot

    O sol nas bancas de revista

    Me enche de alegria e preguia

    Quem l tanta notcia

    Eu vou

    Por entre fotos e nomes

    Os olhos cheios de cores

    O peito cheio de amores vos

    Eu vou

    Por que no, por que no

    Ela pensa em casamento

    E eu nunca mais fui escola

    Sem leno, sem documento,

    Eu vou

    Eu tomo uma coca-cola

    54 EADLetras Vernculas

    Prtica Educativa V Lngua e Literatura na Prtica Escolar

  • Ela pensa em casamento

    E uma cano me consola

    Eu vou

    Por entre fotos e nomes

    Sem livros e sem fuzil

    Sem fome sem telefone

    No corao do brasil

    Ela nem sabe at pensei

    Em cantar na televiso

    O sol to bonito

    Eu vou

    Sem leno, sem documento

    Nada no bolso ou nas mos

    Eu quero seguir vivendo, amor

    Eu vou

    Por que no, por que no...

    Fonte: http://www.vagalume.com.br/caetano-veloso/alegria-alegria.html

    4) Leia atentamente com eles a letra da msica,

    mostrando, por exemplo:

    como Caetano faz uma homenagem a Vandr em seu primeiro verso: Caminhando contra o

    vento/Caminhando e cantando [...].

    O descompromisso do jovem: Sem leno, sem documento. Este sem documento tambm

    remete obrigatoriedade de um comprovante

    para o cidado poder circular depois do toque

    de recolher, imposto pelos militares.

    Os questionamentos represso ditatorial: [...] crimes / Espaonaves guerrilhas.

    O poeta mostra a alienao da cultura importada: cardinales / brigitte bardot /

    coca-cola. Chame a ateno para a escrita

    Mdulo 5 I Volume 2 55UESC

    Literatura e interdisciplinaridade

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  • de nomes prprios com letra minscula,

    esvaziando o smbolo de poder da sociedade

    burguesa.

    A excluso de todos os Sem livros e sem fuzil / Sem fome sem telefone.

    Os sem livros, sem fuzil e sem telefone esto no corao do brasil e uma clara referncia

    a Braslia, que estava sendo construda durante

    o governo JK, cuja palavra de ordem era: 30

    anos em 5, pretendendo colocar o pas em p

    de igualdade com o Primeiro Mundo.

    H muito mais pra ser analisado, pois, como afirma

    Freitas Filho (1979), o Tropicalismo , em sua essncia,

    interdisciplinar, porque dialoga com todo um contexto

    cultural da poca.

    5) Para fins de avaliao, divida a turma em grupos e

    proponha um texto dissertativo e/ou a realizao

    de painis. Observe se os alunos compreenderam

    o Tropicalismo e sua interdisciplinaridade com

    os Estudos Culturais e a Literatura. Pea que eles

    pesquisem outras formas de arte tropicalista.

    56 EADLetras Vernculas

    Prtica Educativa V Lngua e Literatura na Prtica Escolar

  • Rena-se com mais 03 ou 04 colegas, de acordo com

    o nmero de estudantes na turma, escolham um tema a

    partir da Literatura (feminismo, amor, etnia etc.) e faam

    uma anlise sociodiscursiva, levando em considerao o

    conceito de interdisciplinaridade.

    Sugestes:

    1) Voc e o grupo podem, por exemplo, ler O Mulato,

    de Alusio de Azevedo, ou Clara dos Anjos, de Lima

    Barreto, e fazer um paralelo da situao do negro na

    poca dos romances e as circunstncias atuais.

    2) Podem analisar as canes de Chico Buarque e/ou

    Geraldo Vandr, fazendo uma ponte com a Histria

    brasileira, na poca da Ditadura Militar.

    ATIVIDADE

    Nesta Unidade, voc estudou:

    yy O movimento Tropicalista e sua influncia na cultura brasileira.

    yy A influncia de um determinado momento histrico na produo cultural de uma

    determinada sociedade.

    RESUMINDO

    Mdulo 5 I Volume 2 57UESC

    Literatura e interdisciplinaridade

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  • ENCICLOPDIA ITA CULTURAL. Disponvel em:

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    HUTCHEON, Linda. Potica do Ps-Modernismo:

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    SCHWARZ, Roberto. Que horas so? So Paulo:

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    2001. 196 f. Dissertao (Mestrado em Estudos Lingsticos

    Anlise do Discurso) Faculdade de Letras, Universidade

    Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2001.

    REFERNCIAS

    58 EADLetras Vernculas

    Prtica Educativa V Lngua e Literatura na Prtica Escolar

  • Apresentei alguns exemplos de interdisciplinaridade.

    prazeroso trabalharmos assim. Mas... h sempre os dois

    lados da moeda! Reflita sobre as vantagens, os limites

    e as exigncias da interdisciplinaridade, elencados por

    Bonhomme e Marendaz (2001):

    1 Vantagens da interdisciplinaridade

    1.1 Para o aluno:

    est de acordo com o processo natural de aprendizagem do aluno, j que, em seu dia a

    dia, ele no aprende de modo fragmentado,

    mas faz ligaes entre as diversas facetas da

    realidade.

    Ajuda a contextualizar as aprendizagens, o aluno sabe por que faz aquela ou outra

    atividade.

    Facilita as habilidades de base: mtodo de trabalho, capacidade de anlise, sntese,

    criatividade.

    Motiva o interesse e a participao do aluno.

    LTIMAS PALAVRAS

    Mdulo 5 I Volume 2 59UESC

    Literatura e interdisciplinaridade

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  • 1.2 Para os programas de disciplina:

    faculta a integrao das aprendizagens, favorecendo a compreenso e a permuta entre

    os objetivos de duas disciplinas.

    Facilita o acesso a outros recursos: vdeos, Internet, blogs, chats etc.

    2Exigncias da interdisciplinaridade

    2.1 Para o professor:

    exige um bom conhecimento de cada um dos programas das diversas disciplinas: objetivos,

    estratgias, metodologia.

    Demanda um grande investimento no campo de planejamento, de pesquisa de material

    apropriado.

    Pede uma atitude aberta em relao ao aluno, a seus interesses e questionamentos.

    3Limites da abordagem da interdisciplinaridade

    A economia de tempo na realizao das atividades decorre do investimento de tempo

    no planejamento das atividades.

    No resolve todos os problemas do aluno. H certa dificuldade em restringir ou limitar

    o projeto interdisciplinar.

    No elimina a necessidade de um ensino direto para desenvolver o domnio de

    tcnicas e adquirir certos conhecimentos.

    60 EADLetras Vernculas

    Prtica Educativa V Lngua e Literatura na Prtica Escolar

  • Suas anotaes

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