lingua de sinais ii para publicacao

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    Universidade Federal de Santa CatarinaCentro de Comunicao e Expresso (CCE)Centro de Educao (CED)Licenciatura em Letras/Libras na Modalidade a Distncia

    LNGUA BRASILEIRA DE SINAIS II

    Ronice Muller de QuadrosAline Lemos Pizzio

    Patrcia Luiza Ferreira Rezende

    Florianpolis, janeiro de 2008

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    LNGUA BRASILEIRA DE SINAIS II

    Tpicos de lingstica aplicados Lngua de Sinais: Sintaxe

    Textos obrigatrios para a anlise deste contedo:

    QUADROS, R. M. de & KARNOPP, L. Lngua de sinais brasileira: estudoslingsticos.ArtMed. Porto Alegre. 2004 Captulo 4

    Sintaxe a rea de estudo que analisa a combinao das palavras para a formao de

    estruturas maiores (frases).

    Nesta disciplina sero abordados dois aspectos relacionados sintaxe de

    LIBRAS: o uso de expresses faciais e a estrutura da frase. Embora esses dois aspectos

    estejam totalmente relacionados, para fins didticos, eles sero abordados inicialmente

    em separado. Em alguns momentos, apresenta-se a interface entre a sintaxe, a fonologia,

    a morfologia e a semntica.

    Semntica a rea de estudo do significado na linguagem.

    1. Uso de expresses faciais

    A comunicao humana pode ocorrer de diferentes formas. Nem sempre

    recorremos linguagem verbal (seja ela falada ou sinalizada) para nos expressarmos.

    Esse pode ser o caso quando duas pessoas no falam a mesma lngua. Elas vo ter queencontrar outra forma para se comunicar, como apontar para objetos, fazer desenhos,

    usar gestos para tentar expressar suas idias. At mesmo falantes de uma mesma lngua,

    em determinadas situaes, podem lanar mo de outros recursos para se fazer entender.

    Quando um guarda de trnsito faz um determinado movimento com os braos, as

    pessoas so capazes de compreender se devem parar, se podem prosseguir, se devem

    retornar, entre outros comandos.

    As expresses faciais tambm fazem parte da comunicao humana. Atravsdelas, podemos revelar emoes, sentimentos, intenes para nosso interlocutor. Elas

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    so utilizadas em todas as lnguas. No caso das lnguas de sinais, as expresses faciais

    desempenham um papel fundamental e devem ser estudadas detalhadamente.

    Podemos separar as expresses faciais em dois grandes grupos: as expresses

    afetivas e as expresses gramaticais. As primeiras so utilizadas para expressarsentimentos (alegria, tristeza, raiva, angstia, entre outros) e podem ou no ocorrer

    simultaneamente com um ou mais itens lexicais. Conforme dito anteriormente, no so

    exclusivas das lnguas de sinais. Nas lnguas faladas, as pessoas tambm expressam

    suas emoes por meio de expresses faciais. J as expresses gramaticais, esto

    relacionadas a certas estruturas especficas, tanto no nvel da morfologia quando no

    nvel da sintaxe e so obrigatrias nas lnguas de sinais em contextos determinados. Em

    virtude de serem especficas das lnguas de sinais, as expresses faciais gramaticaissero analisadas com mais detalhes a seguir.

    1.1Expresses faciais gramaticais:1.1.1 Nvel morfolgico

    So chamadas de marcaes no-manuais e acompanham determinadas

    estruturas, tendo um escopo bem definido. No nvel morfolgico, as marcaes no-

    manuais esto relacionadas a grau e apresentam escopo sobre o sinal que est sendo

    produzido. Os adjetivos esto associados ao grau de intensidade.

    Glosas de exemplos de adjetivos:

    BONITINHO-BONITO-MAISBONITO-BONITO

    COITADINHO-COITADO-MAISCOITADO-COITADO

    POBREZINHO-POBRE-MAISPOBRE-PROBREZO

    As expresses faciais tm funo adjetiva, pois podem ser incorporadas ao

    substantivo independente da produo de um adjetivo. Nesse caso, os substantivos

    incorporam o grau de tamanho.

    Glosas de exemplos de substantivos:

    CASINHA-CASA-MANSO

    BEBEZINHO-BEB-BEBEZO

    CARRINHO-CARRO-CARRO

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    Veja que a marcao de grau apresenta um padro de expresses faciais conforme

    apresentado no quadro a seguir:

    Grau de intensidade:

    Pouca intensidade

    Normal

    Mais intensidade do que o normal

    Mais intenso

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    Grau de tamanho:

    Muito menor do que o normal

    Menor do que o normal

    Normal

    Maior do que o normal

    Muito maior do que o normal

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    1.1.2 Nvel da sintaxe

    No nvel da sintaxe, as marcaes no-manuais so responsveis por indicar

    determinados tipos de construes, como sentenas negativas, interrogativas,

    afirmativas, condicionais, relativas, construes com tpico e com foco. Esses tipos deestruturas sero abordados com maiores detalhes na seo seguinte.

    Sentenas negativas So aquelas em que a sentena est sendo negada. Normalmente,

    possuem um elemento negativo explcito, como NO, NADA, NUNCA. Na lngua de

    sinais, podem estar incorporadas aos sinais ou expressas apenas por meio da marcao no

    manual.

    Sentenas interrogativas So aquelas formuladas com a inteno de obter alguma

    informao desconhecida. So perguntas que podem requerer informaes relativas aos

    argumentos por meio de expresses interrogativas: O QUE, COMO, ONDE, QUEM, PORQUE, PARA QUE, QUANDO, QUANTO, etc. Tambm h interrogativas formuladas

    simplesmente para obter confirmao ou negao a respeito de alguma coisa, por exemplo,

    VOC QUER GUA? Se espera ter a resposta positiva ou negativa (SIM ou NO).

    Sentenas afirmativas So sentenas que expressam idias ou aes afirmativas. Por

    exemplo, EU VOU AO BANCO.

    Sentenas condicionais So sentenas que estabelecem uma condio para realizar outra

    coisa, por exemplo, SE CHOVER, EU NO VOU FESTA. A condio desta sentena

    no chover, para que a pessoa v a festa.

    Sentenas relativas So aquelas em que h uma insero dentro da sentena para

    explicar, para acrescentar informaes, para encaixar outra questo relativa ao que est

    sendo dito. Nessas sentenas, normalmente utiliza-se QUE na lngua portuguesa; na lngua

    de sinais h uma quebra na expresso facial para anunciar a sentena relativa que

    produzida com a elevao das sobrancelhas. Por exemplo, A MENINA QUE CAIU DA

    BICICLETAEST NO HOSPITAL.

    Construes com tpico uma forma diferente de organizar o discurso. O tpico retoma

    o assunto sobre o qual se desenvolver o discurso. Por exemplo, FRUTAS, EU GOSTO DE

    BANANA. Ento, o tpico FRUTAS, sobre o qual ser definida aquela de preferncia dofalante/sinalizante.

    Construes com foco So aquelas que introduzem no discurso uma informao nova que

    pode estabelecer contraste, informar algo adicional ou enfatizar alguma coisa. Por exemplo,

    se algum diz que a MARIA COMPROU O CARRO e esta informao est equivocada, o

    falante/sinalizante seguinte pode fazer uma retificao: NO, PAULO COMPROU O

    CARRO. Paulo aqui ser o foco.

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    ainda pode se estender para alm do ltimo sinal realizado, como pode ser visto nas

    glosas dos exemplos1abaixo.

    a. IX NO 1ENCONTRARa JOOa IXaef

    b. IX NO 1ENCONTRARa JOOa IXaef

    c. IX NO 1ENCONTRARa JOOa IXaef

    d. IX NO 1ENCONTRARa JOOa IXaef

    J as expresses faciais negativas tm uma distribuio mais restrita. Elas no

    podem acompanhar a sentena toda, nem podem se limitar ao marcador de negao.

    Elas necessariamente devem co-ocorrer junto a todo o sintagma verbal, conforme

    ilustrado a seguir.

    a. IX NO 1ENCONTRARa JOOa IXaef

    b. *IX NO 1ENCONTRARa JOOa IXaef

    c. *IX NOef1ENCONTRARa JOOa IXa

    O asterisco * indica que a sentena agramatical.

    Os sinais manuais que acompanham as marcaes no-manuais acima citadas

    so os seguintes.

    NINGUM

    1

    Como estamos tratando de dois tipos diferentes de marcao no-manual de negao, elas serorepresentadas por uma linha horizontal acima e abaixo da sentena. A marcao de movimento de cabeaser representada pelas letras mc e a marcao de expresso facial, pelas letras ef.

    mc

    mc

    mc

    mc

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    NADA

    NADA, NINGUM, NENHUM

    Afirmao (afirm):so realizados movimentos para cima e para baixo com a cabeaindicando afirmao. Geralmente, a marcao no-manual de afirmao est

    relacionada a construes com foco. Veja abaixo as glosas com os exemplos:

    JOO VIAJAR afirm

    JOO LIVRO afim

    JOO TELEVISO afim

    JOO MECNICA afim

    Interrogativas: h 4 diferentes marcaes no-manuais para as sentenas

    interrogativas, dependendo do tipo de pergunta que est sendo feita.

    a) Interrogativa QU (qu):h uma pequena elevao da cabea, acompanhada

    do franzir da testa.

    Glosas com exemplos desse tipo de interrogativa:

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    qu

    qu

    qu

    qu

    qu

    qu

    b) Interrogativa S/N (sn):h um leve abaixamento da cabea, acompanhado

    elevao das sobrancelhas.

    Glosas com exemplos desse tipo de interrogativa:

    < JOO COMPRAR CARRO>sn

    sn

    sn

    sn

    sn

    sn

    c) Interrogativa que expressa dvida e desconfiana (pode ser feita com

    uma ou duas mos): lbios comprimidos ou em protruso, olhos mais fechados e testa

    franzida, leve inclinao dos ombros para um lado ou para trs.

    Glosas com exemplos desse tipo de interrogativa:

    [JOO BANHEIRO TRANCADO Q-e]dvida

    [IX(ELES) REUNIO ESCONDIDO. IX(1) PENSAR Q-e ESCONDIDO]dvida

    [ESCOLA PROFESSOR ENSINAR LNGUA DE SINAIS Q-e]dvida

    d) QU que aparece em sentenas subordinadas sem a marcao no-manual

    interrogativa: os sinais para O-QUE e QUEM dentro da sentena so realizados com a

    marcao no manual da prpria sentena, ou seja, ser afirmativa ou negativa:

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    Glosas com exemplos desse tipo de interrogativa:

    afirmativa

    negativa

    Direo do olhar (do): direcionar a cabea e os olhos para uma localizao especfica

    simultaneamente com um e/ou mais sinais, para estabelecer a concordncia.

    do do do

    Glosas com exemplos de direo do olhar:

    ELE AJUDAR(ela)

    EU ENTREGAR(ele) LIVRO

    TU TELEFONAR(para ela)

    ELE AVISAR MAME

    Elevao das sobrancelhas (top):a elevao das sobrancelhas a marca associada ao

    tpico e por isso representada pelas letras top.Glosas com exemplos de elevao das sobrancelhas:

    top EU GOSTAR GATO

    top EU VOU

    top JOO GOSTA ELA

    top ME CUIDAR

    top NS AMAMOS

    top ELE GOSTAR AUDI

    top ELA GOSTA ROMANCE

    As marcaes no-manuais tambm podem ser utilizadas como marcas do

    discurso, indicando as trocas entre os interlocutores, o fluxo da conversao, conforme

    o exemplo a seguir:

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    Dilogo Cenrio: Vestibular Letras/Libras

    Sinalizante A: Oi tudo bem?

    Sinalizante B: Sim, tudo bem.

    A: Voc sumiu, por qu?

    B: Eu estudar para o vestibular Letras/Libras.

    A: Ah, bom... mas porque escolher este curso?

    B: Porque eu quero ser professor de Libras.

    A: Bom... j acabou inscrio vestibular?

    B: Ainda no, acabar amanh, aproveitar fazer inscrio Internet.A: Depois voc me passar email explicar com detalhes, ok?

    B: Pode deixar.

    A: Muito obrigado me informar.

    B: De nada, bom ajudar.

    A: Eu tenho compromisso agora, depois encontrar.

    B: Bom te encontrar, depois e-mail.

    A: Tchau

    B: Tchau

    HOITING, N.; SLOBIN, D. I. (2002), em um trabalho sobre um sistema de transcrio

    de lngua de sinais, organizam os componentes no-manuais de outra forma, separando-

    os em quatro tipos:

    1. Operadores: tm escopo sobre uma expresso ou orao (negao, interrogao,tpico, orao relativa, condicional, etc).

    - Fui loja, mas no comprei nada.

    - S vou viajar, se tiver dinheiro.

    - Voc passou minha camisa?

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    2. Modificadores: podem acrescentar uma dimenso para o significado referencialde um item lexical ou uma proposio por meio de uma articulao no-cannica do

    sinal e/ou pelo acompanhamento de expresses faciais, tanto aumentativas quanto

    diminutivas de tamanho, proporo ou intensidade.

    - Ele estudar muito, ela estudar pouco.

    - Mar do nordeste mais azul do que o do sul.

    - Eu ter dinheiro pouco, ele muito.

    3. Afetivos: so acompanhamentos dos sinais realizados pelo rosto, boca ou corpo,indicando a postura do sinalizador frente situao que est sendo comunicada

    (surpresa, excitamento, angstia, raiva, etc).

    - Voc casou? Eu no sabia!

    - Ele foi assaltado? Coitado!

    - No sei se fui bem vestibular. Estou angustiado!

    4. Marcas do discurso: regulam o fluxo da conversao, as trocas entre osinterlocutores, verificando se h compreenso, concordncia, etc por parte dos

    mesmos. Esses componentes no-manuais correspondem entonao e

    interjeies nas lnguas faladas.

    - Voc fazer vestibular Letras/Libras?

    - Sim, importante futuro professor Libras!

    - Certo! Eu tambm vou fazer. Boa sorte!

    2. Estrutura da sentena em LIBRAS

    Sentena um enunciado que se organiza em torno de um verbo.

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    2.1 Panorama da ordem das palavras

    A ordem das palavras o conceito bsico relacionado estrutura da

    sentena de uma lngua. A idia de que as lnguas podem apresentar diferentes ordens

    bsicas teve um papel significativo na anlise lingstica. Por exemplo, Greenberg(1966) observou que das seis combinaes possveis de sujeito (S), de objeto (O) e de

    verbo (V), determinadas ordens de palavras so muito mais comuns do que outras.As

    lnguas frequentemente permitem diversas ordens, mas Greenberg observou que mesmo

    que essa variao exista, geralmente cada lngua tem uma nica ordem de palavras

    dominante. De acordo com ele, a ordem dominante pode ser SOV, SVO ou VSO.Ele

    observou que a ordenao dos elementos tende a ser consistente, isto , uma lngua VO

    ter o objeto aps a preposio, enquanto uma lngua OV ter a ordem oposta, objeto eento preposio.

    Essas generalizaes foram formalizadas no desenvolvimento da teoria

    X-barra (Jackendoff, 1977; Chomsky, 1981). Em termos da teoria X-barra, o sistema

    da estrutura da sentena para uma lngua particular amplamente restringido

    especificao dos parmetros que determinam a ordenao ncleo-complemento,

    ncleo-adjunto, e especificador-ncleo (Chomsky e Lasnik, publicados primeiramente

    em 1993, e posteriormente em 1995:53).O ncleo pode ocupar uma posio final, como

    em lnguas tais como o alemo, ou uma posio inicial, como nas lnguas tais como o

    portugus. Esse o parmetro do ncleo, isto , lnguas so tanto de ncleo inicial

    como de ncleo final.

    Alm do termo ordem bsica das palavras, os termos ordem cannica

    e ordem subjacente das palavras so tambm usados para descrever a ordem em

    diferentes lnguas. Dos estudos tipolgicos aos estudos formais, ns vemos uma

    distino entre ordem bsica ou cannica e ordem subjacente das palavras. A

    primeira relacionada ordem das palavras de superfcie em uma lngua. Como

    mencionado antes, Greenberg observou que algumas ordens de palavra parecem ser

    dominantes nas lnguas do mundo e , por esta razo, que so chamadas bsicas ou

    cannicas. Em toda a lngua particular, a deciso para rotular uma ordem particular

    como dominante baseada na ordem de palavras de oraes simples no-marcadas.

    Por outro lado, a ordem subjacente aquela que gerada na estrutura

    profunda da sentena. A estrutura profunda a estrutura nua no sentido de Chomsky

    (1965), isto , a estrutura antes que todas as transformaes lhe sejam aplicadas. A

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    estrutura profunda no corresponde obrigatoriamente forma do que pronunciado

    (isto , a estrutura de superfcie).Com o desenvolvimento da teoria X-barra (Chomsky,

    1981), a estrutura profunda (D-structure) transformou-se em um nvel abstrato da

    sintaxe que relaciona o sistema computacional e o lxico; assim, uma interface

    interna.A variao na ordem das palavras ser expressa pelo componente fonolgico,

    em que os elementos na estrutura so pronunciados. Nesse nvel do sistema

    computacional da lngua, ns observamos o resultado das transformaes em diferentes

    derivaes.Isso nos d as possveis ordens de palavras permitidas pela lngua. A ordem

    de palavras subjacente, nesse sentido, relacionada ao parmetro mencionado antes, o

    parmetro do ncleo. A(s) ordem(ns) subjacente(s) (so) aquelas a que as operaes

    se aplicaro. Por exemplo, a ordem de palavras subjacente de uma sentena

    topicalizada ser uma em que no h nenhuma topicalizao. Veja as glosas abaixo com

    exemplos:

    Ordem subjacente em LIBRAS de uma estrutura com tpico

    JOO COMPROU CARRO

    Ordem derivada

    top JOO COMPROU

    A variao na ordem de palavras tanto o resultado das diferentes

    derivaes que esto sendo permitidas por lnguas diferentes, como de diferentes ajustes

    do parmetro do ncleo.

    A finalidade desta seo analisar a ordem de palavras subjacente na

    lngua de sinais brasileira como uma parte de sua estrutura da sentena. importante

    saber o que a ordem subjacente capaz de analisar mudanas da ordem de palavras

    dessa lngua (as mudanas que sero analisadas nas sees seguintes dessa disciplina).

    A variao na ordem de palavras determinada por operaes sintticas que somotivadas por relaes semnticas e fonolgicas, isto , os componentes PF (interface

    fonolgica) e LF (interface semntica).

    Ns veremos que a lngua brasileira de sinais mostra flexibilidade na ordem das

    palavras. Conseqentemente, determinar a ordem bsica dessa lngua no assim

    trivial.

    2.2 Ordem de palavras na ASL

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    Ns usaremos a pesquisa realizada sobre a lngua de sinais americana

    (ASL), como um ponto de partida para nossa anlise. H vrios estudos em ASL

    relacionados ordem das palavras devido a sua flexibilidade. Ns apresentaremos uma

    reviso breve da pesquisa sobre a ASL e sua ordem bsica das palavras - SVO. Ns

    apresentamos tambm algumas anlises de diferentes ordenaes encontradas nessa

    lngua, tal como SOV e OSV como derivadas de SVO.

    2.2.1 Ordem SVO

    Fisher (1973) apresentou uma anlise da ordem das palavras em ASL

    considerando aspectos sintticos e semnticos. Sua anlise indica que SVO a ordem

    bsica das palavras em ASL, j que essa a ordem que encontrada com sujeito e

    objeto reversveis e a que aparece em oraes encaixadas com dois NPs preenchidos.

    Reversvel refere-se a uma noo semntica conforme Fischer observou:

    Se o verbo for transitivo e o sujeito ou o objeto forem

    reversveis (isto , poderiam ser o sujeito ou o objeto e

    ainda ser semanticamente plausveis), as ordens

    permissveis so mais restritas (). (Fischer, 1973:15)

    Glosas com exemplos:

    Sentenas com argumentos reversveis:

    JOO GOSTA MARIA

    MARIA GOSTA JOO

    Sentenas com argumentos no-reversveis:

    JOO COMPRAR CARRO

    *CARRO COMPRAR JOO

    Se os argumentos forem no reversveis, parece haver mais flexibilidade

    na ordem das palavras em ASL. Entretanto, Fischer observou que todas as outras

    possibilidades de ordenao permitidas em ASL tm quebras de entonao

    (topicalizao ou foco) ou concordncia pronunciada, isto , uma utilizao rica do

    espao. As ordens das palavras que Fischer listou para ASL so OSV, VOS e SOV

    (com argumentos no reversveis ou com uso do espao). Os dois primeiros casosresultam da topicalizao. Conseqentemente, ns podemos concluir das anlises de

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    Fischer que a ASL tem a ordem de palavras SVO como a ordem bsica e todas as outras

    possibilidades parecem ser derivadas daquela. Assim como Fischer, Liddell (1980)

    tambm analisou as outras ordens de palavra como sendo derivado de SVO.

    Um forte argumento de Fischer na sustentao da ordem bsica SVO em

    ASL baseado em oraes encaixadas. Ela observou que ns no podemos ter a ordem

    SOV quando o objeto est em uma orao encaixada. Liddell apresentou um argumento

    adicional para a ordem SVO em ASL. Ele observou que a nica ordem possvel em

    perguntas de s/n SVO.

    Glosas com exemplos:

    JOO QUERER ELA COMPRAR CARRO*JOO QUERER ELA CARRO COMPRAR

    Aps as anlises de Fischer, muitos outros estudos investigaram a ordem

    das palavras em ASL. Basicamente, todos concluem que ASL tem a ordem SVO como

    ordem bsica. Entretanto, isto no o que Friedman (1976) concluiu. Ela discute que a

    flexibilidade da ordem das palavras em ASL o resultado de uma falta de uma ordem

    fixa. Ns mencionamos a posio de Friedman apenas para mostrar as possibilidadespotenciais de anlise que puderam ser consideradas para explicar a aparente

    flexibilidade da ordem das palavras em ASL. Essa exatamente a situao que ns

    observamos na LIBRAS; ns poderamos facilmente ter uma anlise diferente se ns

    olhssemos somente a ordem de superfcie das sentenas. Liddell (1980) considerou a

    anlise de Friedman equivocada e o trabalho subseqente sups que a ASL tem a ordem

    SVO como bsica. Ns nos concentraremos nos resultados daqueles que explicam

    porque as ordens SOV e OSV esto disponveis em alguns contextos da ASL. A razo

    para nosso interesse nessas ordens que a LIBRAS mostra variaes similares na

    ordem das palavras, embora talvez com menos restries do que a ASL.

    2.2.2 Ordem SOV

    Liddell (1980) discute que as sentenas com ordem SOV devem ter

    caractersticas especiais. Por exemplo, ele mostra que as sentenas SOV incluem as

    estruturas que tm alguma iconicidade.

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    Iconicidade a expresso de algo que reproduz as caractersticas maissalientes de uma ao ou de um objeto.

    Glosa com exemplo:

    MULHER TORTA COLOCAR-NO-FORNO (Liddell, 1980:89 - 91).

    A informao sobre a relao entre a atividade e o objeto envolvidos

    claramente expressa em um sentido espacial, pictorial.

    Chen (1998) analisou esse tipo de estrutura em ASL. Ela observou que

    exemplos como o mencionado por Liddell tm uma caracterstica importante em

    comum: () uma mo deixada em um lugar em cima da articulao do objeto e serve

    como base para o verbo. Chen destaca que esses verbos tm a propriedade

    misteriosa de licenciar a ordem SOV modificada espacial/simples. Como mencionado

    por Chen, Padden (1990) prope que esses verbos podem ter clticos anexados,

    permitindo uma ordem de palavra diferente. Se esses forem clticos, h aspectos das

    lnguas de sinais que caracterizam clticos como um fenmeno diferente daquele das

    lnguas faladas.

    Clticos designam a palavra que depende fonologicamente de outra. Utiliza-se para classificar os pronomes tonos, pois esto ligados a formas verbais.Ex.: me, te, se, lhe, nos, vos, lhes, o, a, os, as.

    Outro caso SOV mencionado por Liddell (1980: 88) a sentena

    gramatical HOMEM LIVRO LER, em contraste com a agramatical *HOMEM FILME

    VER, *HOMEM NMERO ESQUECER e *MENINO DOCE NO GOSTAR.Liddell

    considera esses tipos de sentenas como parte de uma classe muito restrita em ASL; aqual ele chama sentenas com verbos manuais. Verbos manuais, como mencionados

    por Chen (1998), envolvem uma configurao de mo que uma imitao de uma mo

    real segurando um objeto (Schick, 1990:28). Chen (1998) concorda com o Matsuoka

    (1997) em concluir que verbos manuais permitem o movimento do verbo e ocorrem

    com verbos aspectuais.

    Veja o que aspecto verbal no sitehttp://www.portrasdasletras.com.br/pdtl2/sub.php?op=gramatica/docs/aspect

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    overbal

    Matsuoka deriva estruturas tais como SALLY PAPEL DIGITAR[asp] com

    marcao aspectual, conforme indicado entre os colchetes, da ordem SVO. Baseado em

    sua anlise possvel explicar os casos em que h ordens de palavras SOV e OSV em

    ASL sem marcador de tpico, mas com marcador de aspecto.

    Padden (1990) analisou sentenas SOV como incluindo trs oraes diferentes.

    Ela prope que o sujeito e o objeto so predicados independentes introduzidos no

    discurso com o estabelecimento de pontos de referncia no espao. Primeiramente, o

    sinalizante sinaliza o sujeito em um ponto especfico no espao e ento sinaliza o objeto

    em outro ponto. Esses pontos correspondem ao estabelecimento nominal, por exemplo,

    AQUI-EST-MARIA em um ponto especfico no espao frente do sinalizante.

    Depois disso, o sinalizante usa esses pontos para estabelecer a relao e a ao

    por meio de um verbo. Essas trs partes so independentes. Isso claramente visto com

    verbos com concordncia: JOHNa ( direita no ponto (a)), MARYb ( esquerda no

    ponto (b)), DAR LIVRO (em que o sinal DAR sinalizado do ponto (a) para o

    ponto (b), com o significado Ele deu o livro para ela).

    Nessa sentena, h uma pausa entre cada referente introduzido no espao,

    conseqentemente h sentenas mltiplas, segundo Padden (1990). Entretanto, a anlise

    de Padden da sentena mencionada no a nica anlise para a ordem SOV na

    LIBRAS, j que observamos exemplos nessa lngua em que no h pausas assim como

    acontece quando verbos manuais e verbos aspectuais esto presentes.

    Ns vamos apresentar a ordem SOV na LIBRAS como derivada de SVO quando

    uma construo dupla estiver presente.A construo dupla uma estrutura especial

    observada na ASL (Cf. Petronio, 1993) e tambm na LIBRAS, em que h uma repetio

    dos ncleos na posio final. Por exemplo, na LIBRAS h sentenas tais comoHOMEM COMPRAR CARRO COMPRAR, em que a ltima ocorrncia do verbo

    COMPRAR est na posio de foco e permite o apagamento da primeira ocorrncia de

    COMPRAR. Tambm vamos mostrar que a ordem SOV pode ser derivada quando

    houver verbos aspectuais.

    2.2.3 Ordem OSV

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    Topicalizao o processo mais comum para explicar a ordem OSV na

    ASL. Liddell (1980) mostra que a ordem OSV derivada de SVO. Aarons (1994)

    observou que h trs marcadores no manuais diferentes para identificar sentenas com

    tpico na ASL. Uma delas considerada tpica para todos os estudos do topicalizao

    em ASL.

    Tambm, Liddell observou um caso especfico em que a ordem OSV

    permitida em ASL sem o marcador de tpico tpico. Exemplos tais como as glosas,

    BOLA JOO BATER-COM-BASTO e CERCA GATO DORMIR (1980: 91-100)

    no tem marcador de tpico. Liddell discute que o substantivo inicial est relacionado

    ao ponto de referncia locativo usado no que ele chama um predicado complexo

    (verbos classificadores). Esses predicados so considerados complexos porque com

    apenas um sinal, voc pode expressar um locativo e um substantivo (o basto batendo

    na bola).Como ns mencionamos anteriormente, Chen (1998) estabelece uma relao

    entre esse tipo de verbo, que ela tambm chama de verbos manuais, e verbos aspectuais

    em ASL (Matsuoka, 1997) explicando essas construes como derivadas de SVO.

    Fischer (1973) refere-se aos casos aspectuais como aqueles que usam o

    mecanismo gramatical espacial. A ordem OSV observada nos exemplos de glosas, tais

    como TOMATE MENINA COMER [aspecto durativo]. Liddell analisou esse tipo de

    estrutura como derivada de SVO. O objeto movido para a posio inicial e separado

    da orao principal. A razo para isso o que Liddell chama de peso do verbo. Como

    ele observou, o verbo flexionado para o aspecto durativo e demora mais para sinalizar.

    H tambm a possibilidade de derivar algumas estruturas somente a

    partir do verbo quando esse marca concordncia, omitindo-se o sujeito e o objeto,

    (S)V(O), (Lillo-Martin, 1986), por exemplo, 1ENTREGAR2, em que o sujeito EU e o

    objeto VOC esto omitidos.

    Concluindo, a ordem bsica das palavras em ASL SVO. Entretanto, a

    interao de mecanismos gramaticais deriva outras ordens nessa lngua:

    Ordem SOV - o deslocamento do objeto por causa da presena de verbos manuais(Chen, 1998), verbos aspectuais (Matsuoka, 1997; Braze, 1997), e concordncia

    (Fischer, 1975); h tambm verbos espaciais-simples especiais com clticos e a

    possibilidade de analisar um nico caso de SOV como consistindo de trs sentenas

    em vez de uma (Padden, 1990);

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    OSV - topicalizao (Fischer 1975; Liddell 1980, Aarons, 1994); deslocamento doobjeto por causa da presena de verbos manuais (Chen, 1998), verbos aspectuais e

    verbos classificadores (Matsuoka, 1997; Braze, 1997; Liddell, 1980);

    (S) V (O) - argumentos nulos possveis (Lillo-Martin, 1986).

    Ns consideraremos em detalhe cada um desses aspectos, j que a

    LIBRAS apresenta ordens OSV e SOV, alm da ordem SVO.

    2.3 Ordem das palavras na LIBRAS

    H dois trabalhos que mencionam a flexibilidade da ordem das palavras

    na LIBRAS: Felipe (1989) e Ferreira-Brito (1995). Elas indicam que essa lngua tem

    possibilidades diferentes para a ordenao das palavras na sentena, mas mesmo com

    esta flexibilidade, parece existir a ordem bsica SVO.Ns apresentaremos sustentao

    emprica para essa intuio e proporemos uma representao da estrutura da frase para

    essa lngua. A evidncia vem de sentenas simples, de sentenas com oraes

    encaixadas, de sentenas com advrbios, com modais e auxiliares. As outras ordens

    permitidas na LIBRAS resultam da interao de mecanismos gramaticais, tais como,

    aqueles mencionados para ASL, assim como outros. No obstante, a nfase da seo

    atual estar na ordem subjacente e na estrutura da sentena na LIBRAS.

    2.3.1 SVO como ordem bsica

    H sentenas na LIBRAS que podem ter as ordens SVO, OSV, SOV e

    VOS. Ns apresentamos sentenas com verbos com concordncia e sem concordncia,

    porque essa assimetria na concordncia que distingue esses verbos na LIBRAS pode tere, provavelmente, deve ter, comportamento diferente na estrutura sinttica.

    Glosas de construes SVO

    MARIA CONHECER COMPUTADOR

    JOO xASSISTIRj FUTEBOL

    ELA GOSTAR COMIDA MINEIRA

    ELE TRABALHAR FBRICA

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    ELA ESTUDAR LETRAS

    ELE xENTREGARj LIVRO J

    As sentenas SVO so muito naturais em LIBRAS e exemplos que usam

    esta ordem so considerados sempre gramaticais.

    Os exemplos com concordncia sinalizada no verbo apresentam o

    marcador no-manual especial que est associado com o sujeito e o objeto da sentena.

    Ns vemos o corpo deslocar e o olhar direcionado para o objeto do sujeito. A direo do

    olhar marcada na glosa pela linha sobre a sentena. importante esclarecer que

    possvel ter outros marcadores no-manuais associados com cada sentena. Por

    exemplo, o aceno de cabea pode simultaneamente ser associado com estes exemplos.

    Entretanto, estes outros marcadores no-manuais no so obrigatrios. Para nossafinalidade, ns estamos considerando somente a direo do olhar e o deslocamento do

    corpo com verbos no-simples.

    Esse marcador no-manual especial que pode combinar a direo do

    olhar e o deslocamento do corpo foi descrito primeiramente por Bahan (1996) para

    marcadores no-manuais de concordncia na ASL. Ele observou que este marcador no-

    manual co-ocorre com a sentena inteira quando a concordncia sinalizada, enquanto

    for opcional com sentenas em que no h concordncia sinalizada. interessanteanalisar esse marcador no-manual, porque ele parece se comportar similarmente em

    LIBRAS sendo associado com a assimetria entre verbos com e sem concordncia. A

    concordncia juntamente com o marcador no-manual parece ser importante para a

    ocorrncia das mudanas na estrutura bsica. Parece ter algo para fazer com a

    informao no verbo que licencia diferentes derivaes.

    As sentenas em ASL com concordncia realizada tm sido discutidas

    como exemplos de ordem de palavras flexvel desde Fischer (1973). Ns podemos ver

    que isso tambm ilustrado na LIBRAS com os exemplos. A nica diferena que

    aparece o fato que em sentenas sem concordncia marcada, elas podem ser

    sinalizadas sem o marcador no-manual (direo do olhar e deslocamento do corpo),

    mesmo que este resulte em uma ligeira degradao de aceitabilidade da sentena. Na

    LIBRAS, parece que o marcador no-manual traz um trao adicional que licencie

    mudanas na ordem das palavras. Isso d, tambm, sustentao hiptese que a ordem

    bsica das palavras na LIBRAS SVO. Quando no h nenhuma informao no-

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    manual adicional na sentena com verbos com concordncia, a ordem das palavras

    SVO, como mostrado nas glosas abaixo:

    IX JOOa aASSISTIRb bTV

    direo do olhar

    * TVb IX JOOa aASSISTIRb

    < TVb> direo do olhar

    * IX JOOa TVb aASSISTIRb

    direo do olhar

    Comparando as sentenas com o marcador no-manual com sentenas

    sem o marcador no-manual, conclumos que ele o marcador especial que permite que

    os constituintes sejam movidos na LIBRAS.

    H tambm outro marcador no-manual, o aceno de cabea que pode ser

    tambm associado com verbos sem concordncia, embora no seja o mesmo como

    aquele que aparece com verbos com concordncia. H um aceno de cabea que se

    espalhe sobre o ltimo elemento de cada exemplo. A mesma anlise fornecida antes

    com as sentenas com marcao manual e sem marcao pode aplicar-se s sentenas

    com essa marca no manual. O aceno de cabea opcional com a sentena SVO, mas

    obrigatrio nas sentenas em que a ordem outra. Mais uma vez ns temos mais um

    argumento a favor da ordem SVO como sendo ordem de palavra subjacente. O aceno de

    cabea parece permitir o movimento do objeto; assim, se as sentenas no tiverem este

    marcador no-manual, elas devem ser agramaticais. Isso exatamente o que acontece

    nas glosas com os exemplos a seguir:

    Construo SVO

    IX JOO GOSTAR FUTEBOL

    Construo OSV

    *FUTEBOL IX JOO GOSTAR

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    Construo SOV

    * IX JOO FUTEBOL GOSTAR

    Os exemplos mostram mais uma parte da evidncia para a ordem bsica

    SVO na LIBRAS, j que as sentenas OSV e SOV so consideradas agramaticais,

    mesmo com o marcador no-manual, enquanto a ordem SVO ainda gramatical.

    Como vimos antes, Fischer (1975) analisou exemplos com sujeito e objeto

    reversveis em ASL como agramaticais quando no observavam a ordem SVO. O que

    acontece que em JOO GOSTAR MARIA, JOO e MARIA so reversveis porque

    cada um pode ser sujeito ou objeto da sentena, enquanto em JOO GOSTAR

    FUTEBOL, JOO e o FUTEBOL no so.Ela observou que se o objeto e o sujeito so

    no-reversveis, mudanas na ordem podem ocorrer. Isto parece tambm acontecer com

    os exemplos mostrados na LIBRAS. A pergunta que ns levantamos aqui porque

    possvel ter argumentos no-reversveis em sentenas com as ordens SOV e OSV,

    enquanto isso no possvel com argumentos reversveis. A anlise de Fischer

    baseada em restries semnticas. Pode haver tambm alguma restrio sinttica sendo

    violada neste tipo de sentena. Se este no for o caso, este tipo de estrutura deve ser

    pronunciado sem problema, e seria inaceitvel apenas devido a no plausabilidade no

    significado.

    As ordens OSV e SOV parecem ser geradas pelo movimento de um

    ponto de vista sinttico. Agramaticalidade da sentena JOO MARIA GOSTAR ou

    MARIA GOSTAR JOO parece resultar do fato que GOSTAR um verbo transitivo e,

    por razes semnticas, a nica interpretao disponvel JOO e MARIA como

    sujeitos da sentena; essas sentenas so excludas por causa da falta do objeto, JOO E

    MARIA GOSTAM (de qu?). Esse no o caso com argumentos no-reversveis em

    que a interpretao semntica da relao gramatical plausvel. interessante que, naLIBRAS, as ordens OSV e SOV com argumentos reversveis em sentenas com verbos

    simples podem ser pronunciados com um auxiliar. Veja as glosas:

    ___________eg _________________eg ___hn

    IX JOOa IX MARIAb aAUXb GOSTAR

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    __________eg ___________eg _____eg ___hn

    IX MARIAb IX JOOa aAUXb GOSTAR

    O AUXILIAR um recurso gramatical que no aparea em ASL, mas

    possvel na LIBRAS nesses contextos. O papel do AUXILIAR nesses exemplos

    compensar a falta de concordncia. Da mesma maneira que com verbos com

    concordncia, as sentenas precisam ser pronunciadas com o marcador no-manual.

    Considerando a intuio natural dos sinalizantes, ns supomos que outras

    combinaes dos constituintes no so aceitveis na LIBRAS. As sentenas com o

    sujeito em posio final (exceto quando h marcao de foco) so supostamente

    agramaticais, assim como aquelas com ordem VSO, como mostrado nas seguintes

    glosas:

    Construes VOS

    _______________eg ___________eg

    *aOLHARb IX JOO X MARIA

    __________hn

    *GOSTAR FUTEBOL IX MENINO

    Construes OVS

    __________________eg ___________eg

    * IX JOOb aOLHARb IX aMARIA

    __________hn

    *FUTEBOL GOSTAR IX MENINO

    Construes VSO

    ____eg _________eg _________eg

    *aOLHARb IX MARIA IX JOO

    _________hn

    *GOSTAR IX MENINO FUTEBOL

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    At agora, ns vimos que a LIBRAS permite trs ordens de palavras

    possveis: SVO, SOV e OSV. Contudo, os fatos indicam que as ordens SOV e OSV so

    derivadas de SVO, assim como em ASL. Conseqentemente, ns podemos supor SVO

    como a ordem bsica na LIBRAS.

    A etapa seguinte usar os testes principais aplicados a ASL a respeito da

    ordem de palavras para verificar se as mesmas restries observadas nessa lngua so

    encontradas tambm na LIBRAS. Liddell (1980) observou que a nica ordem possvel

    com construes sim/no em ASL SVO. Na LIBRAS, entretanto, ns encontramos

    perguntas s/n com ordens SOV e OSV, assim como com SVO (como mostrado nas

    glosas a seguir).

    yn

    yn

    yn

    yn

    Na LIBRAS, possvel ter perguntas de s/n com ordens SVO, SOV e

    OSV como mostrado nos exemplos. Por um lado, para ASL, a ausncia das ordens SOV

    e OSV com perguntas de s/n um argumento para a reivindicao que a ordem bsica

    SVO. Na LIBRAS, por outro lado, esse teste no diz qualquer coisa sobre a ordenao

    bsica, porque as mesmas restries no se aplicam.

    As estruturas complexas com oraes encaixadas mostram mais

    restries na distribuio dos constituintes. Conseqentemente, a distribuio possvel

    destas construes um teste comum para verificar a ordem de palavras em diferentes

    lnguas. Fischer (1973, 1975) verificou que em ASL ns no podemos ter a extrao do

    objeto para uma posio mais alta em uma estrutura complexa como possvel em

    estruturas simples. Ns vemos que o mesmo verdadeiro para LIBRAS nas glosas dos

    seguintes exemplos:

    IX PENSAR [IPIX MARIAa aPARTIRloc].

    *IX [IPIX MARIAa aPARTIR] PENSAR.IX QUERER [IPIX MARIA TRABALHAR MELHOR].

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    *IX [IPIX MARIA TRABALHAR MELHOR] QUERER.

    As sentenas nos mostram que no possvel ter a ordem SOV quando o

    objeto uma orao subordinada, ao contrrio do que ns vimos em sentenas simples

    tais como JOO [FUTEBOL] hn e MARIA [LIVRO] eg/bs

    assim como visto anteriormente. Os exemplos com estruturas encaixadas ilustram que a

    ordem SOV tem uma restrio adicional, fornecendo novamente um forte argumento a

    favor de SVO como a ordem de palavras bsicas na LIBRAS. Entretanto, ns no

    observamos esta restrio com OSV como mostrado nas glosas a seguir:

    IX PENSAR [IPIX MARIAa aPARTIRloc].

    [IPIX MARIAa aPARTIRloc]IX PENSAR

    IX QUERER [IPIX MARIA TRABALHAR MELHOR]

    [IPIX MARIA TRABALHAR MELHOR] IX QUERER

    Essas sentenas no exibem a restrio observada anteriormente. Assim,

    parece ser possvel ter OSV com um objeto oracional. Novamente, esse movimento

    parece ser licenciado pela presena do marcador no-manual (aceno de cabea) na

    posio final.

    At agora, parece que SVO a ordem subjacente na LIBRAS, e que as

    ordens OSV e SOV so derivadas de SVO. Em particular, ns vimos que essas ordens

    resultam das operaes sintticas motivadas por algum trao adicional, como a

    concordncia ou marcadores no-manuais. Ns no discutimos as operaes especficas

    ainda, e ns no explicamos exatamente como cada sentena pode ser diferentemente

    derivada.

    No caso das ordens OSV e SOV, necessrio que a sentena apresente alguma

    coisa a mais, como o uso de concordncia e de marcas no-manuais. Caso isso no

    ocorra, a sentena considerada agramatical.

    OSV

    do JOO USAR

    GELADEIRA MARIA LIMPAR

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    CAMA ELA DORMIR

    CELULAR ELE USAR

    LIVRO MARIA LER

    SOV

    JOO TELEVISO ASSISTIR

    MARIA CELULAR USAR

    VOC LIVRO LER

    EU CAMA DORMIR

    ELA GELADEIRA LIMPARELE COMPUTADOR TRABALHAR

    Entretanto, existem algumas situaes em que, mesmo utilizando a marcao

    no-manual e a concordncia, uma sentena em uma dessas ordens apresentadas acima

    no possvel. Quando houver uma estrutura complexa na posio de objeto, como uma

    orao subordinada, a ordem no poder ser modificada.

    EU ACHAR MARIAa do (SVO)

    * MARIAa do ACHAR (OSV)

    Outro fenmeno sinttico que eleva o objeto para a posio pr-verbal o uso de

    topicalizao. Esse recurso bastante utilizado na lngua de sinais brasileira e caracterizado pela marcao no-manual de elevao das sobrancelhas, alm de uma

    pequena pausa entre o elemento topicalizado e o restante da sentena. Essa marcao

    tem como escopo somente o elemento topicalizado, sendo possvel a ocorrncia de outra

    marca no-manual na seqncia, de acordo com o tipo de construo que segue. A

    marcao de tpico em toda a sentena agramatical.

    OSV:

    top, afirm

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    top, neg

    top, sn

    top, qu

    *top

    top, afirm

    top neg

    top sn

    top qu

    *top

    Alm disso, o elemento topicalizado na lngua de sinais brasileira est

    geralmente relacionado a posies argumentais, ou seja, ligado ao sujeito e/ou ao objeto

    da sentena. Porm, tambm possvel gerar um tpico sem que este tenha relao com

    posies argumentais.

    top < EU IR ti>afirm (OSV)

    top afirm

    top top tjafirm (SOV)

    top top tjafirm

    top EU GOSTAR GATO (OSVO)

    top ELE GOSTAR FILME

    No caso das construes com foco, possvel derivar mais uma ordem na lngua

    de sinais brasileira, que a VOS. Esta ocorre em contextos bem especficos, somente

    nos casos de foco contrastivo.

    VOS:

    qu

    COMPRAR CARRO afirm

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    qu

    ASSISTIR NOVELA afirm

    Ainda sobre as construes com foco, existem os casos de foco de nfase em que

    h duplicao do elemento focalizado e que so chamados de foco duplicado. possvel

    realizar construes duplas com diferentes classes de palavras, como verbos, advrbios,

    modais, quantificadores, negao, elemento QU. Veja as glosas abaixo:

    EU PODER IR afirm

    EU TER DOIS CARRO afirm

    EU PERDER LIVRO afirm

    qu qu

    EU neg neg

    AMANH ELE COMPRAR CARRO afirm

    EU CONHECER ELA afirm

    EU QUERO UMA CASA afirm

    EU LER LIVRO afirm

    QUEM ASSISTIR NOVELA qu

    EU NO DAR PRESENTE neg

    HOJE JOO TRABALHAR COMPUTADOR afirm

    H tambm o foco de nfase em que o elemento focalizado aparece somente no

    final da sentena. Ele chamado de foco final e possibilita, assim como os outros dois

    focos apresentados, a variabilidade na ordem das palavras na frase.

    EU PODER IR afirm

    EU TER DOIS CARRO afirm

    EU PERDER LIVRO afirm

    qu qu

    EU neg neg

    AMANH ELE COMPRAR CARRO afirm

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    EU CONHECER ELA afirm

    EU QUERO UMA CASA afirm

    EU LER LIVRO afirm

    QUEM ASSISTIR NOVELA qu

    EU NO 1DAR2 PRESENTE neg

    HOJE JOO TRABALHAR COMPUTADOR afirm

    As estruturas com verbos que apresentam concordncia so bastante flexveis.

    possvel omitirmos tanto o sujeito quanto o objeto, derivando uma ordem com os

    argumentos nulos. A omisso dos argumentos possvel dentro do discurso, em que os

    referentes podem ser recuperados.(S)V(O):

    1PERGUNTAR2, 2PERGUNTAR1, aPERGUNTAR2, bPERGUNTARa

    2AJUDAR1, 1AJUDAR2, aAJUDARb, bAJUDARa, 1AJUDARb

    aENTREGARb, bENTREGARa, 1ENTREGAR2, 2ENTREGAR1

    Com esses verbos, tambm possvel pronunciar os argumentos da sentena,

    utilizar a ordem SOV ou omitir o sujeito ou o objeto, conforme apresentado nas glosas a

    seguir.

    SVOdiretoOindireto

    EU 1ENTREGARa LIVRO ELA J

    SOdiretoV(Oindireto)

    EU LIVRO 1ENTREGARa J

    (S)VO(Oindireto)

    1ENTREGAR LIVRO J

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    SV(O)

    EU 1ENTREGARa LIVRO J

    Os verbos com concordncia, alm de apresentarem essa flexibilidade na

    ordenao e serem acompanhados obrigatoriamente de marcas no-manuais, se diferem

    tambm dos verbos sem concordncia em relao negao. Com os verbos sem

    concordncia, a negao realizada no final da frase ou antes do verbo quando

    inserido o auxiliar. J os verbos com concordncia no co-ocorrem com o auxiliar e o

    marcador negativo pode realizar-se antes e aps o verbo.

    Glosas de verbos sem concordncia com AUX

    JOOa MARIAb aAUXb DESEJAR

    JOOa MARIAb aAUXb NO DESEJAR

    JOOa MARIAb aAUXb DESEJAR NO

    Glosas de verbos com concordncia

    *JOOa MARIAb aAUXb aENTREGARb (mostrar exemplo errado)

    JOOa MARIAb NO aENTREGARb

    JOOa MARIAb aENTREGARb NO

    Quanto ao elemento interrogativo, possvel encontr-lo na posio inicial da

    sentena ou na posio final, conforme as glosas dos exemplos abaixo:

    qu

    qu

    Alm disso, de acordo com QUADROS e KARNOPP (2004) existem quatro

    marcas no-manuais diferentes para sentenas interrogativas:

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    a. QU 1: aquela que indaga sobre alguma coisa, normalmente associada aos

    elementos qu (QUEM, QUE, QUANDO, POR QUE, ONDE);

    qu

    O QUE MARIA GOSTAR TV

    QUANDO ELE IR EUROPA

    POR QUE ELE NO TRABALHAR

    ONDE ELE COMPRAR CARRO

    b. QU 2 : aquela que expressa dvida, desconfiana (pode ser feita com uma ou duas

    mos).

    EU CURIOSO OS-DOIS CONVERSAR O-QUE

    EU SABER GRUPO COMBINAR O-QUE+loc

    FOFOCALHADA(telegrama+loc) O-QUE+loc

    c. QU 3: aquela que aparece em oraes subordinadas com expresso facialdiferenciada;

    EU SEI QUEM ROUBOU

    EU SEI O-QUE ESCONDIDO

    EU SEI O-QUE DENTRO-CABEA-DELE

    d. QU 4: aquela que pede uma resposta sim/no.

    s/n

    sn

    sn

    sn

    Como pode se perceber, cada uma das marcaes no-manuais apresenta uma

    expresso facial especfica que sempre associada ao tipo de estrutura produzida.

    Assim, na lngua de sinais brasileira, as marcaes no-manuais desempenham um

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    papel fundamental na seleo das estruturas que sero produzidas e na derivao de

    estruturas a partir da ordem bsica SVO.

    At esse ponto, ns vimos os seguintes fatos para supor que a ordem

    SVO a ordem subjacente em LIBRAS:

    (i) todas as sentenas SVO so gramaticais sem nenhuma informao adicional;

    (ii) as ordens OSV e SOV esto permitidas somente quando h alguma caracterstica

    especial (ou trao), como a concordncia e os marcadores no-manuais;

    (iii) no h dvida sobre a interpretao de sentenas SVO com argumentos reversveis,

    como com ordens OSV e SOV; entretanto, as sentenas que contm tais argumentos

    reversveis so consideradas agramaticais com verbos transitivos porque ambos os

    argumentos so interpretados como sujeito, e o objeto eliminado. Este no o caso

    com verbos transitivos opcionais, j que as sentenas com argumentos reversveis so

    ambguas;

    (iv) outras combinaes tais como VSO e OVS parecem no serem possveis na

    LIBRAS, mesmo na presena de um marcador especial.

    A seguinte tabela sumariza nossas descobertas:

    Tabela 1Distribuio da ordem das palavras

    Ordem daspalavras

    Sim No Com restrio

    SVO X

    OSV X

    SOV X

    VOS X

    OVS X

    VSO X

    Baseado nesses fatos, a ordem bsica na LIBRAS SVO. Tendo determinado a

    ordem bsica nessa lngua, as demais ordens, ou seja, OSV, SOV e VOS so derivadas

    da SVO A variabilidade observada na lngua de sinais brasileira est ligada a

    mecanismos gramaticais como a presena de concordncia, de topicalizao, de

    construes com foco, sempre associados ao uso de marcao no-manual especfica.Assim, uma sentena nas ordens OSV, SOV e VOS s vai ser considerada gramatical se

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    houver o uso de elementos no-manuais associados a ela. J uma sentena na ordem

    bsica SVO, pode ou no conter uma marcao no-manual e, mesmo assim, ser

    sempre considerada gramatical.

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