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LIMITAÇÕES DA FERTILIDADE DO SOLO E USO DE FERTILIZANTES E COMPOSTO ORGÂNICO NO RESFLORESTAMENTO DAS ÁREAS DE CLAREIRAS DO POLO PETROLIFERO DO URUCU, AMAZONAS Adónis Moreira, Ell1brapa Pecuária Sudeste, São Carlos, SP - E-Illail: [email protected]; Wenceslau Geraldes Teixeir, 2 Elllbrapa Amazónia Ocidental, MélllélllS. AM - Elllail: lau(íikpaa.embrapa.br: - Gilvan Coimbra Martins, [email protected]:lllbrapa.br Jntrodução Na província petrolífera Base Operacional Geólogo Pedro de Moura (BOGPM), localizada as margens do rio Urucu no municipio de Coari - AM, são encontradas areas ai teradas para a prospecção de gás natural e de petróleo e, principalmente, para retirada de grandes quantidades de terra para construção de estradas, que propiciam manutenção aos dutos e infraestrutura para na realização dos trabalhos. Nas areas alteradas após a retirada da terra, e em muitas vezes a desposição de material é feito o reflorestamento com espécies nativas da região. Apesar da exuberância, a floresta Amazônica está estabelecida em grande parte, em solos pobres em nutrientes minerais. o que torna sua manutenção dependente dos ciclos biogeoquímicos dos excassos nutrientes. Desse modo, os nutrientes no processo de ciclagem, passam do meio biótico para o abiótico e VI ce-versa, sendo esse processo proveniente equilíbrio dinâmico (Poggiani & Schumacher, 2004). Com a remoção da floresta esse ciclo é quebrado. alterando a qualidade e a quantidade de matéria orgânica do solo (Malavolta. 1987). havendo diminuição da atividade da biomassa microbiana, principal responsável pela ciclagel11 de nutrientes e pelo fluxo de energia dentro do solo. e que exerce influência na liberação e na imobilização de nutrientes (Jenkinson & Ladd, 1981). Os efeitos dessa perturbação nas propriedades do solo interferem na capacidade de regenerar a floresta ou mesmo a introdução de outras plantas (Nascimento & Homma, 1984). PROCI-2006.00141 O objetivo deste trabalho Eoi comparar a fertilidade do so lo nas áreas cobertas pela floresta original e a solo expostu na superfície das clareiras com diren:ntes idades. Material c Métodos Os trabalhos foram realizados na BOCJ PM - Base Operacional Geólogo Pedro de Moura, Petrobras-BR, situada nas coordenad as geogrú ficas 04 °5:3' S e 65°11 'W, município ele Coari. Estado do Amazonas. Nesta região um trabalho de mapea lT\Cnto semidetalbado estú em andamento, entretanto sabe-sç da existência dç úreéls com Argissolos. Plintossolos. Latclsso[os e Gleissolos. O clima predominante é o tropical úmido, tipo Afi pela classificação de Kbppen. apresentando chuvas relativamente abundanks durante todo o ano (média de 2.518 mm), sendo CJue a quantidade no mês de menor precipiLJ c; ão é sempre superior a 60 mm (Arruda, 2(05). A temperatura média anual da regiJo é de aproximadamente 26"C (Vieira & Santos. 1987). Areas de 11OJ'esta pril1lúria adjacente as Jazidas 10 e 21 e as áreas alteradas localizadas nas clareiras 18. 21 c 22 ruram amostradas e comparadas. A cOITcção da acidez foi feita com de duas tonelad as de calcário dolomítico e adubação padrão no plantio das mudas em covas de 40:-<:-+Ox:40 cm , feitas com brocas l11ccanizacl;\s. e posterior aplicação dois litros de compos to orgânico, 200 gramas do formulado 1 ()-3()- 10 (N-P 2 0s-K 2 0) e 50 g de de magnésio (Relatório Parente Andrade. np). Foram coletadas amostras dç solo em diferentes profundidades. Depoi s de coletadas. as amostras foram seCé.S ao ar. Limitações da fertilidade do

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LIMITAÇÕES DA FERTILIDADE DO SOLO E USO DE FERTILIZANTES E COMPOSTO ORGÂNICO NO RESFLORESTAMENTO DAS ÁREAS DE CLAREIRAS DO POLO PETROLIFERO DO URUCU, AMAZONAS

Adónis Moreira, Ell1brapa Pecuária Sudeste, São Carlos, SP - E-Illail: [email protected]; Wenceslau Geraldes Teixeir, 2 Elllbrapa Amazónia Ocidental, MélllélllS. AM - Elllail:

lau(íikpaa.embrapa.br: -Gilvan Coimbra Martins, [email protected]:lllbrapa.br

Jntrodução

Na província petrolífera Base Operacional Geólogo Pedro de Moura (BOGPM), localizada as margens do rio Urucu no municipio de Coari - AM, são encontradas areas ai teradas para a prospecção de gás natural e de petróleo e, principalmente, para retirada de grandes quantidades de terra para construção de estradas, que propiciam manutenção aos dutos e infraestrutura para na realização dos trabalhos. Nas areas alteradas após a retirada da terra, e em muitas vezes a desposição de material é feito o reflorestamento com espécies nativas da região.

Apesar da exuberância, a floresta Amazônica está estabelecida em grande parte , em solos pobres em nutrientes minerais. o que torna sua manutenção dependente dos ciclos biogeoquímicos dos excassos nutrientes. Desse modo, os nutrientes no processo de ciclagem, passam do meio biótico para o abiótico e VI ce-versa, sendo esse processo proveniente equilíbrio dinâmico (Poggiani & Schumacher, 2004).

Com a remoção da floresta esse ciclo é quebrado. alterando a qualidade e a quantidade de matéria orgânica do solo (Malavolta. 1987). havendo diminuição da atividade da biomassa microbiana, principa l responsável pela ciclagel11 de nutrientes e pelo fluxo de energia dentro do solo. e que exerce influência na liberação e na imobilização de nutrientes (Jenkinson & Ladd, 1981). Os efeitos dessa perturbação nas propriedades do solo interferem na capacidade de regenerar a floresta ou mesmo a introdução de outras plantas (Nascimento & Homma, 1984).

PROCI-2006.00141

O objetivo deste trabalho Eoi comparar a fertilidade do solo nas áreas cobertas pela floresta original e a solo expostu na superfície das clareiras com diren:ntes idades.

Material c Métodos Os trabalhos foram realizados na BOCJ PM - Base Operacional Geólogo Pedro de Moura, Petrobras-BR, situada nas coordenadas geogrú ficas 04 °5:3' S e 65°11 'W, município ele Coari. Estado do Amazonas. Nesta região um trabalho de mapea lT\Cnto semidetalbado estú em andamento, entretanto sabe-sç da existência dç úreéls com Argissolos. Plintossolos . Latclsso[os e Gleissolos. O clima predominante é o tropical úmido, tipo Afi pela classificação de Kbppen. apresentando chuvas relativamente abundanks durante todo o ano (média de 2.518 mm), sendo CJue a quantidade no mês de menor precipiLJ c;ão é sempre superior a 60 mm (Arruda, 2(05). A temperatura média anual da regiJo é de aproximadamente 26"C (Vieira & Santos. 1987).

Areas de 11OJ'esta pril1lúria adjacente as Jazidas 10 e 21 e as áreas alteradas localizadas nas clareiras 18. 21 c 22 ruram amostradas e comparadas. A cOITcção da acidez foi feita com de duas tonelad as de calcário dolomítico e adubação padrão no plantio das mudas em covas de 40:-<:-+Ox:40 cm, feitas com brocas l11ccanizacl;\s. e posterior aplicação dois litros de compos to orgânico, 200 gramas do formulado 1 ()-3()-10 (N-P20s-K 20) e 50 g de sull~lto de magnésio (Relatório Parente Andrade. np).

Foram coletadas amostras dç solo em diferentes profundidades. Depoi s de coletadas. as amostras foram seCé.S ao ar.

Limitações da fertilidade do

peneiradas e levadas ao laboratório para determinação do pH (água), Carbono e Matéria Orgânica (Walkley-Black), P e K disponível (extrator Mehlich 1) e Ca. Mg e AI trocável (extrator KCI 1,0 moI L-I) e lHAI trocável (extrator Ca(CH3COO)2.H20 0,5 moI L-I), Cu, Fe, Mn e Zn disponível (extrator Mehlich I), conforme metodologias descritas pela Embrapa (1997). O teor de carbono orgânico l'oi transformado cm matéria orgânica total (MOS), multipl icando pelo fator 1.724 (Embrapa, 1997).

Resultados e Discussão Nas Tabelas 1 e 2 são apresentados

os resultados de fertilidade do solo em diferentes profundidades de quatro áreas alteradas (jazidas). Os resultados mostraram que, independentemente das profundidades e do teor de matéria orgânica do solo, a aplicação de corretivos, fertilizantes e de composto não acarretou em aumento da fertilidade, ficando os teores de P e K disponível e Ca e Mg trocável, abaixo das faixas consideradas adequadas por Ribeiro ct a!. (1999), C0111

os extratores Mehlich I e KCI 1,0 moI L-I. Segundo Demattê (1988), os solos das regiões apresentam carência de bases

Agl:adecimentos A Petrobras pelo apoio logístico e

suporte financeiro para realização deste trabalho.

Bibliografia Citada ARRUDA, W. da C. Estimativa dos processos erosivos na base de Operações Geólogo Pedro de Moura - Urucu - Coari

AM. ur AM, Manaus, 2005.80p. (Dissertação de mestrado) DEMATTÊ, lL.I. 1988. Manejo de solos ácidos dos trópicos úmidos - Região Amazônica. Campinas: Fundação Cargill, 215p. EMBRAPA. 1997. Manuul de métodos de análise de solo. Rio ele Janeiro: CNPS/EMBRAPA. 2121'. JENKINSON, D.S.; LADD, lN. 1981.

trocá veis. sendo os sí t lOS ele doca ocupados. qllase que exclusivamente por hidrogênio e alumínio.

Os altos teOles ck matéria ol·g.1l1lca na camada superficial do sob nilo proporcioram efeitC tampfio do pj I ~ no aumento na disponibilidade. em especial dos micronutrientes (T,\belas l 8 :2). que exceto o Fe disponível, os teores c!l: Cu, Mn e Zn disponí\'el, também li cu'am abaixo das faixas consideradas ac!l:c!uadas por Ribeiro et a!. (1999).

Tais resultados corroboral11 os obti dos por Morcira & Costa (2004). (; l11o"tralll que em decorr~ncia da altera~ão do ambiente ocasionada pela retirada d.: toda camada sllperJiciJI cio solo. ~ primordial um aporte inicial com Ill,liorcs q Jal\t ld ades de corretivos e fertilizantes. Je [\) ,'Jl1 a a construir um solo com lt1enor toxiccz de alumínio, menor acideZ e Ill,Uor disponibilidade ele nutrientes. Isto certamente aumentaria a sobrevivêlli.:a das espécies, e a efici~neié\ da ciclagé'1ll de nutrientes que na situação de teores Illuito baixos torna-se ineficiente e lenta, ocasionando em baixo desell\ oh imcnto das plantas, dificultando o proccssl) de regeneração natural da floresta implan tada.

Microbial biomass in soi I I1ll'élS Llré' 11ent and turno,er. ln: PAUL. I~.!\.; LADO. lN. (Eds.). Soil Biochemis/!y. New '{mk: Dekker, v.5, MALA VOLTA. E. I ()87. Fertiliclnc1c dos solos da Amazónia. [11 : VIEJR1\, l.S.; SANTOS, P.C.T.c. (Eds.) .'J/lw::ôll io; ,\eus so!os e oulros recursos /lu/uruis Silo Paulo: Agronómica Ceres. p.37~-416 MORElR!\. A.; COSTA. D.e. 2()0 ~.

Dinúmica ela matéria org.<1nicH na recuperação ele clareiras (1::1 tlorcsta amazot1lca. P<!sq/tisu Ag/'OjJ<!l'uiÍria /Jrasileira. v.39. n.l0, p.1013-1019. NASCIMENTO, C.; I-IOMMA . !\. 1984. Al1w::;ôniCl. meio wnhielltc e te .. :n J!ogia agrícola. Belém: Embrapa/Cr> ATL. 282p. POeGIAN[ , F.; SCF-IlJMt\CHEI~. :VI.V. 2004. Nutrient cycling in native t'orcsts . ln:

GONÇALVES, J.L.M.; BENEDETTI, V. (Eds.). Fores! nutri/ion Gnd fertilizo/iol1. Piracicaba: lPEF. p.285-306. RlBEfRO, A.e.; GUIMARÃES, P.T.G.; ALV AREZ, V.H. 359p.Recomendaçí'jes para liSO de corretivos e /erti!izonles em Minas Gerais, jª aproximação. Viçosa: SFSEMG, 1999. VIEIRA, L.S.; SANTOS, P.e.T.e. 1987. Amazônia: seus solos e outros reclIrsos nutumi.\' . São Paulo: Editora Ceres, 416p.

Tnbcln t. Resultados de pH, P, K, Ca, Mg, H+A I e matéria orgânica de úreas altelâClas c da sob flOl"ésta I'r inlal'ia na BOGPM - Comi - AM

Jazidas/profundidade N

21 (Flo res ta) ( I) 0-5cm 5-50cl11

10 (F lores ta ) 0-25cl11 25-30cl11

18 (Reflo restada 1011999) O-IOcm 15-30cl11

21 (Reflorestada 10/2003 ) O-I Oe 111

15-30cl11

22 (Reflo restada 03 / 1994) O-IOel1l 15-]Ocl11

em

em

em

Ribeiro rt aI. (1999)11)

( I )

(3)

(2)

(3)

pH - água -

4,03 4,09

4,06 3,84

5,0 I 5,11

6.56 5,93

4,61 4,88

5,5 - 6,0

P K Ca Mg ----- mg <1m-3

----- ------------- ,mo i" cI m

... 2 63 0,05 0, II

34 0,03 0.02

2 1 0,03 0,06 40 0,04 0,07

4 25 0,38 0,05

° 20 0,21 0,0 I

I 30 2,13 0,17

° 22 0,95 0.09

2 42 0,03 0,03

° 23 0,02 0,04

8,1 - 12,0 71 - L20 2,4 - 4,0 0,9 - 1,5 N nLlll1cro entre parênteses n.:pn:sCllta ii quantidade de: ,Imostra por cl'lreir'l: KIÚ m,lt~ria org{lIlica . Ill tcor cllllsidcrado alto

I/+AI 1\1.0, -3 - g I.g -I ----------- -

13 ,·18 X2 .77 8,61 17.~2

10,75 28 .98 12 ,84 49.~0

8,61 12 ,63 8,26 5.n

3,00 9.15 '-1,8<-1- 3,H

10, ] I 16.77 7,77 5.7 ')

5,0 - 9,0111 4,0 - 7,0

11 1lt'or considera do n OI11. eÀtra[orcs Mch I ich I (P c K clisponí\ell . I(CI 1.0 mo i L-I (Ca c .\lg twc:lvc IJ .• ICc'(81) ele c ·tlcio (I I, AI trocáve l) c Walklcy Il lack (M.O)

Tabela 2. Teores de AI, Cu , Fe, Mn, e Zn de ái"eas alteradas e ela sob floresta primaria l1a 80GI'M - C:o,l li =-~~

Jnzidas/profundidade N AI Cu Fe Mil ZI I

- emol c dm -3 ------------ --------- ------ - _ _ Itl g d 111 -.1 ____ _____ __ ____ __________ __ -2 I (Floresta) ( I) 0-5em 3,66 0,27 241 1,72 1.(1 5-50el11 3,49 0,33 267 1.43 0,9

10 (Floresta) ( I ) 0-25el11 4,49 (),38 208 0.84 0.60 25-30cl11 4.64 0.43 211 1,01 0.97

18 (( Reflorestada e 111 (3) 10/ 1999) O-IOcl11 4,53 0.21 21 0,26 () 41 15-30cl11 5.62 0.25 9 0,21 0.37

21 ((Reflorestada em (2) 10/2003) O-IOel11 1.55 0,63 92 1,3 1 1.31 15-30cl11 3,35 0.20 49 0,5 IUI

22 (( Reflmestacla cm (3 ) 03119")4 ) O-IOel11 6,68 0.30 45 0. 17 iJ .6 ) 15-30cl11 6.2 0 0,31 14 0, 13 lU)

Ribeiro ct a I. (1999)(1) N IlLlmero ele amostra por chlre im.

1,0 - 2,0 1,3 - 1,8 3 L - ... 5 9 - 12 I,I> _=--~ .,~-

(Il tcor considerado BOI11, extrator.::s Mchlich I (Cu. fe , Mil e Zn disp(jllí\'~ I) e KC I 1,011101 L·I (, \llr\ll'6 \'el)