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Lima Barreto 1881-1922

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Lima Barreto1881-1922

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Vida

• Nasceu e faleceu no Rio de Janeiro

• Filho de escravos, sentiu os efeitos da escravidãoaté os 7 anos de idade,

• Sua mãe foi educada, tornando-se professora da 1a 4ª série; ela faleceu quando o autor tinha 6 anos

• Lima Barreto tinha na Figura do Visconde de OuroPreto um mecenas

• Foi o escritor mais crítico da República Velha,rompendo com o sentimento ufanista da época

• Sua vida e obra privilegiaram os pobres, osarruinados e boêmios

• Trabalhou como jornalista no periódico A semanailustrada, no RJ

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Bibliografia.

• 1906 - O Subterrâneo do Morro do Castelo• 1909 - Recordações do Escrivão Isaías Caminha• 1911 - O homem que sabia javanês• 1912 - As Aventuras do Doutor Bogóloff• 1915 - Triste Fim de Policarpo Quaresma• 1915 - Numa e a Ninfa• 1919 - Vida e Morte de M. J. Gonzaga de Sá• 1920 - Histórias e Sonhos• 1922 - Os Bruzundangas• 1923 - Bagatelas• 1948 - Clara dos Anjos (póstumo)• 1953 - Diário Íntimo• 1953 - Feiras e Mafuás• 1953 - Marginália• 1956 - Cemitério dos Vivos (póstumo e inacabado)• 1956 - Coisas do Reino de Jambom• 1956 - Impressões de Leitura• 1956 - Vida Urbana• 1957 - Correspondência, Ativa e passiva 2 tomos

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Fragmento do romance Recordações doEscrivão Isaías Caminha.

[...] Não sei o que sentia de ignóbil em mim mesmo enaquilo tudo, que no fim estava sombrio, calado echeio de remorsos. Desesperava-me o mau empregodos meus dias, minha passividade, o abandono dosgrandes ideais que alimentara. Não; eu não tinhasabido arrancar da minha natureza o grande homemque desejara ser; abatera-me diante da sociedade;não soubera revelar-me com força, com vontade egrandeza... Sentia bem a desproporção entre o meudestino e os meus primeiros desejos; mas ia.

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Fragmentos do romance Triste Fim de Policarpo Quaresma.

- Bons-dias, “sá dona”.- Então trabalha-se muito, Felizardo?- O que se pode.- Estive ontem no Carico, bonito lugar... Onde é que você mora,Felizardo?- É doutra banda, na estrada da vila.- É grande o sítio de você? 54- Tem alguma terra, sim, senhora, “sá dona”.- Você por que não planta para você?- “Quá, sá dona!” O que é que a gente come?- O que plantar ou aquilo que a plantação der em dinheiro.- “Sá dona tá” pensando uma cousa e a cousa é outra. Enquantoplanta cresce, e então? “Quá, sá dona”, não é assim.Deu uma machadada; o tronco escapou; colocou-o melhor nopicador e, antes de desferir o machado, ainda disse:- Terra não é nossa... E “frumiga”?... Nós não “tem” ferramenta... issoé bom para italiano ou “alamão”, que o governo dá tudo... Governonão gosta de nós...Desferiu o machado, firme, seguro; e o rugoso tronco se abriu emduas partes, quase iguais, de um claro amarelado, onde o cerneescuro começava a aparecer.

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Por que estava preso? Ao certo não sabia; o oficial que o conduziranada lhe quisera dizer; e, desde que saíra da ilha das Enxadas para a dasCobras, não trocara palavra com ninguém, não vira nenhum conhecidono caminho, nem o próprio Ricardo que lhe podia, com um olhar, comum gesto, trazer sossego às suas dúvidas. Entretanto, ele atribuía aprisão à carta que escrevera ao presidente, protestando contra a cenaque presenciara na véspera. Não se pudera conter. Aquela leva dedesgraçados a sair assim, a desoras, escolhidos a esmo, para umacarniçaria distante, falara fundo a todos os seus sentimentos; puseradiante dos seus olhos todos os seus princípios morais; desafiara a suacoragem moral e a sua solidariedade humana; e ele escrevera a cartacom veemência, com paixão, indignado. Nada omitiu do seupensamento; falou claro, franca e nitidamente.Devia ser por isso que ele estava ali naquela masmorra, engaiolado,trancafiado, isolado dos seus semelhantes como uma fera, como umcriminoso, sepultado na treva, sofrendo umidade, misturado com osseus detritos, quase sem comer... Como acabarei? Como acabarei? E apergunta lhe vinha, no meio da revoada de pensamentos que aquelaangústia provocava pensar. Não havia base para qualquer hipótese. Erade conduta tão irregular e incerta o Governo que tudo ele podiaesperar: a liberdade ou a morte, mais esta que aquela.O tempo estava de morte, de carnificina; todos tinham sede de matar,para afirmar mais a vitória e senti-la bem na consciência cousa sua,própria, e altamente honrosa.

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Iria morrer, quem sabe se naquela noite mesmo? E quetinha ele feito de sua vida? Nada. Levara toda ela atrás damiragem de estudar a pátria, por amá-la e querê-la muito,no intuito de contribuir para a sua felicidade eprosperidade. Gastara sua mocidade nisso, a sua virilidadetambém; e, agora que estava na velhice, como ela orecompensava, como ela o premiava, como ela ocondecorava? Matando-o. E o que não deixara de ver, degozar, de fruir, na sua vida? Tudo. Não brincara, nãopandegara, não amara - todo esse lado da existência queparece fugir um pouco à sua tristeza necessária, ele nãovira, ele não provara, ele não experimentara.Desde dezoito anos que o tal patriotismo lhe absorvia epor ele fizera a tolice de estudar inutilidades. Que lheimportavam os rios? Eram grandes? Pois que fossem... Emque lhe contribuiria para a felicidade saber o nome dosheróis do Brasil? Em nada... O importante é que ele tivessesido feliz. Foi? Não. Lembrou-se das suas cousas de tupi, dofolklore, das suas tentativas agrícolas... Restava disso tudoem sua alma uma satisfação? Nenhuma! Nenhuma!O tupi encontrou a incredulidade geral, o riso, a mofa, oescárnio; e levou-o à loucura. Uma decepção. E aagricultura? Nada. As terras não eram ferazes e ela não erafácil como diziam os livros. Outra decepção. E, quando oseu patriotismo se fizera combatente, o que achara?Decepções. Onde estava a doçura de nossa gente? Pois elenão a viu combater como feras? Pois não a via matarprisioneiros, inúmeros? Outra decepção. A sua vida erauma decepção, uma série, melhor, um encadeamento dedecepções.

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Fragmentos do conto Um Homem que Sabia Javanês.

- Cansa-se; mas, não é disso que me admiro. O que me admira, é que tenhascorrido tantas aventuras aqui, neste Brasil imbecil e burocrático.- Qual! Aqui mesmo, meu caro Castro, se podem arranjar belas páginas devida. Imagina tu que eu já fui professor de javanês.- Quando? Aqui, depois que voltaste do consulado?- Não; antes. E, por sinal, fui nomeado cônsul por isso.- Conta lá como foi. Bebes mais cerveja?- Bebo.Mandamos buscar mais outra garrafa, enchemos os copos, e continuei:- Eu tinha chegado havia pouco ao Rio estava literalmente na miséria. Viviafugido de casa de pensão em casa de pensão, sem saber onde e como ganhardinheiro, quando li no Jornal do Comércio o anuncio seguinte:"Precisa-se de um professor de língua javanesa. Cartas, etc." Ora, disse cácomigo, está ali uma colocação que não terá muitos concorrentes; se eucapiscasse quatro palavras, ia apresentar-me. Saí do café e andei pelas ruas,sempre a imaginar-me professor de javanês, ganhando dinheiro, andando debonde e sem encontros desagradáveis com os "cadáveres". Insensivelmentedirigi-me à Biblioteca Nacional. Não sabia bem que livro iria pedir; mas, entrei,entreguei o chapéu ao porteiro, recebi a senha e subi. Na escada, acudiu-mepedir a Grande Encyclopédie, letra J, a fim de consultar o artigo relativo a Javae a língua javanesa. Dito e feito. Fiquei sabendo, ao fim de alguns minutos,que Java era uma grande ilha do arquipélago de Sonda, colônia holandesa, e ojavanês, língua aglutinante do grupo maleo-polinésico, possuía uma literaturadigna de nota e escrita em caracteres derivados do velho alfabeto hindu.

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Monteiro Lobato1882-1948

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Vida.

• Nasceu e faleceu em São Paulo

• Jornalista, escritor e ensaísta

• Conto, romance, crônica

• O maior crítico do Modernismo Brasileiro

• Crítico do governo Getúlio Vargas por nãoexplorar adequadamente as reservas petróleodescobertas na Bahia, em 1938

• Bacharel em Direito

• As obras Urupês e Sítio do Pica-pau Amarelo,ambas do gênero conto, são suas maioresproduções

• Extremamente moralista, ufanista e positivista

• Tinha uma ideia estereotipada e preconceituosado homem do campo: o pensamento urbano

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O petróleo é nosso!: lema da Campanha do Petróleo, do Governo Getúlio Vargas, queculminou na criação da empresa petrolífera nacional, a Petrobras, em 1953. A frase foi criadapor Otacílio Rainho, professor e diretor do Colégio Vasco da Gama, no Rio de Janeiro, ummarqueteiro casual.

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Fragmento do conto Urupês.

Jeca Tatu é um piraquara do Paraíba, maravilhoso epitome de carneonde se resumem todas as características da espécie.Ei-lo que vem falar ao patrão. Entrou, saudou. Seu primeiromovimento após prender entre os lábios a palha de milho, sacar orolete de fumo e disparar a cusparada d'esguicho, é sentar-sejeitosamente sobre os calcanhares. Só então destrava a língua e ainteligência.- "Não vê que...De pé ou sentado as ideias se lhe entramam, a língua emperra enão há de dizer coisa com coisa.De noite, na choça de palha, acocora-se em frente ao fogo para"aquentá-lo", imitado da mulher e da prole.Para comer, negociar uma barganha, ingerir um café, tostar umcabo de foice, fazê-lo noutra posição será desastre infalível. Há deser de cócoras.Nos mercados, para onde leva a quitanda domingueira, é decócoras, como um faquir do Bramaputra, que vigia os cachinhos debrejaúva ou o feixe de três palmitos.Pobre Jeca Tatu! Como és bonito no romance e feio na realidade!Jeca mercador, Jeca lavrador, Jeca filósofo...

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Sítio do Pica-pau Amarelo1921

De 1952 a 1962, pela Rede Tupi Edição do séc. XXI

É uma obra que reúne os mitos e lendas clássicos ocidentaiscom as histórias populares brasileiras, dialogando o míticocom o místico. É uma das primeiras obras da literaturafantástica brasileira.

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1921 - O Saci1922 - Fábulas1927 - As aventuras de Hans Staden1930 - Peter Pan1931 - Reinações de Narizinho1932 - Viagem ao céu1933 - História do mundo para as crianças1933 - Caçadas de Pedrinho1934 - Emília no país da gramática1935 - Aritmética da Emília1935 - Geografia de Dona Benta1935 - História das invenções1936 - Dom Quixote das crianças1936 - Memórias da Emília1937 - O poço do Visconde1937 - Serões de Dona Benta1937 - Histórias de Tia Nastácia1939 - O Picapau Amarelo1939 - O Minotauro1941 - A reforma da natureza1942 - A chave do tamanho1944 - Os doze trabalhos de Hércules1947 - Histórias diversas

• Os volumes traziam várioscontos narrados ou por D.Benta, ou pela Emília ou pelaTia Nastácia.

• D. Benta representava oclássico com suashistórias sobre os mitos elendas dos povos antigosdo ocidente. Era a ordem,aquela que ensinava.

• Tia Nastácia representavao popular com suashistórias brasileiras. Erameiga a negra quecuidava das crianças.

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Conto: O poço do Visconde

• Neste conto, Lobato adere àcampanha do petróleo e daPetrobrás, sem, no entanto,ter qualquer tipo de empatiaao governo Getúlio Vargas.

• Na história, a turma do sítioencontra petróleo em suasterras e se vê ameaçada porforasteiros (metáfora dospaíses estrangeiros quedesejavam tomar a riquezanatural descoberta no Brasil)

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Tia Nastácia e Dona Benta.

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As personagens principais.

• Emília - Boneca de pano falante, irreverente e divertida.• Visconde de Sabugosa - Sábio boneco de sabugo de milho.• Pedrinho e Narizinho - As crianças que protagonizam as histórias.• Dona Benta - Avó de Pedrinho e Narizinho, dona do Sítio do Pica-pau

amarelo.• Tia Nastácia - Cozinheira do Sítio.• Marquês de Rabicó - O porquinho guloso que só pensa em comida.• Conselheiro - O sábio burro falante que, como o próprio nome já diz, dá

sempre bons conselhos.• Quindim - Um doce rinoceronte.