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Lifestyle Letters Volume 1, Número 13, 2018 Lifestyle Letters Editores: Leslie Andrews Portes Natália Cristina de Oliveira DIETAS LOW CARB Nesta Edição: Comentário sobre o Estudo “Consumo Dietético de Carboidratos e a Mortalidade: estudo prospectivo de coorte e meta- análise” Leslie Andrews Portes (Coordenador do LAFEX – Laboratório de Fisiologia do Exercício do UNASP – Centro Universitário Adventista de São Paulo. Docente do Programa de Mestrado em Promoção da Saúde do UNASP. Membro do GEFEV – Grupo de Pesquisas em Exercício Físico, Estilo de Vida e Promoção da Saúde) 1. Dietas Low Carb No último dia 16 de agosto, foi publicado, online, o estudo de Seidelmann e colaboradores ( 2018), tratando das dietas denominadas de Low Carb”, dietas de baixo conteúdo de carboidratos, e sua relação com a mortalidade. Dietas Low Carb são aquelas em que o consumo de carboidratos é restrito em favor do aumento do consumo de proteínas e gorduras. Como muitas outras modas em saúde, a dieta low carb tem sido apaixonadamente defendida e, naturalmente, um estudo como esse (Seidelmann et al., 2018), suscitou polêmica. Mesmo diante do mais recente guia da Associação de Cardiologia Americana (American Heart Association) sobre Gorduras Dietéticas e Doenças Cardiovasculares (Sacks et al., 2017), reforçando a recomendação de que o consumo de gorduras totais não ultrapasse 30% de todas as calorias diárias, que o baixo consumo de gorduras saturadas, associado ao maior consumo de gorduras vegetais poli- insaturadas e monoinsaturadas resultam em menores taxas de doenças cardiovasculares, existe uma “febre” a respeito das dietas low carb. Embora o Departamento de Saúde e Serviços humanos e o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, 2015) recomendem que um padrão de alimentação saudável deve conter uma variedade de vegetais de todos os seus subgrupos, frutas inteiras, grãos integrais, laticínios sem gordura ou de baixo teor de gordura, vários alimentos proteicos, incluindo leguminosas (feijões), castanhas, sementes e derivados de soja, com limitado consumo de gorduras saturadas, gorduras trans, açúcares e sódio, divulga-se intensamente as dietas low carb e o número de adeptos é assustador. A própria Organização Mundial da Saúde (WHO, 2018) atualizou, no último dia 24 de agosto, em seu site, as recomendações para uma dieta saudável, incluindo ingestão total de gordura não superior a 30% das calorias totais, que a ingestão de gorduras saturadas seja inferior a 10%, e que o consumo de gorduras trans seja inferior a 1% do consumo energético total. Apesar disso, são inúmeros os vídeos no Youtube e em outras mídias sobre as dietas low carb. A impressão que fica é a de um completo divórcio entre o que as evidências científicas demonstram e o que a população tende a acreditar. O

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Page 1: Lifestyle Letters 2018 v1 n13 - UNASP€¦ · visita foi realizada entre 1987 e 1989, a 2ª visita entre 1990 e 1992, a 3ª visita entre 1993 e 1995, a 4ª visita entre 1996 e 1998,

Lifestyle Letters Volume 1, Número 13, 2018

Lifestyle

Letters

Editores:

Leslie Andrews Portes

Natália Cristina de Oliveira

DIETAS LOW CARB

Nesta Edição:

Comentário sobre o Estudo “Consumo

Dietético de Carboidratos e a Mortalidade:

estudo prospectivo de coorte e meta-

análise”

Leslie Andrews Portes (Coordenador do LAFEX – Laboratório de Fisiologia do Exercício do UNASP – Centro

Universitário Adventista de São Paulo. Docente do Programa de Mestrado em Promoção da Saúde do UNASP.

Membro do GEFEV – Grupo de Pesquisas em Exercício Físico, Estilo de Vida e Promoção da Saúde)

1. Dietas Low Carb No último dia 16 de agosto, foi

publicado, online, o estudo de Seidelmann e colaboradores (2018), tratando das dietas denominadas de “Low Carb”, dietas de baixo conteúdo de carboidratos, e sua relação com a mortalidade. Dietas Low Carb são aquelas em que o consumo de carboidratos é restrito em favor do aumento do consumo de proteínas e gorduras. Como muitas outras modas em saúde, a dieta low carb tem sido apaixonadamente defendida e, naturalmente, um estudo como esse (Seidelmann et al., 2018), suscitou polêmica.

Mesmo diante do mais recente guia da Associação de Cardiologia Americana (American Heart Association) sobre Gorduras Dietéticas e Doenças Cardiovasculares (Sacks et al., 2017),

reforçando a recomendação de que o consumo de gorduras totais não ultrapasse 30% de todas as calorias diárias, que o baixo consumo de gorduras saturadas, associado ao maior consumo de gorduras vegetais poli-insaturadas e monoinsaturadas resultam em menores taxas de doenças cardiovasculares, existe uma “febre” a respeito das dietas low carb.

Embora o Departamento de Saúde e Serviços humanos e o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA,

2015) recomendem que um padrão de alimentação saudável deve conter uma variedade de vegetais de todos os seus subgrupos, frutas inteiras, grãos integrais, laticínios sem gordura ou de baixo teor de gordura, vários alimentos proteicos, incluindo leguminosas (feijões), castanhas, sementes e derivados de soja, com limitado

consumo de gorduras saturadas, gorduras trans, açúcares e sódio, divulga-se intensamente as dietas low

carb e o número de adeptos é assustador.

A própria Organização Mundial da Saúde (WHO, 2018) atualizou, no último dia 24 de agosto, em seu site, as recomendações para uma dieta saudável, incluindo ingestão total de gordura não superior a 30% das calorias totais, que a ingestão de gorduras saturadas seja inferior a 10%, e que o consumo de gorduras trans seja inferior a 1% do consumo energético total. Apesar disso, são inúmeros os vídeos no Youtube e em outras mídias sobre as dietas low carb.

A impressão que fica é a de um completo divórcio entre o que as evidências científicas demonstram e o que a população tende a acreditar. O

Page 2: Lifestyle Letters 2018 v1 n13 - UNASP€¦ · visita foi realizada entre 1987 e 1989, a 2ª visita entre 1990 e 1992, a 3ª visita entre 1993 e 1995, a 4ª visita entre 1996 e 1998,

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apelo das “modas em saúde” parece superar em muito o rigor metodológico, a formalidade e seriedade dos consensos e trabalhos científicos. Admito que existem razões para o ceticismo por parte da população, o que cria condições para a proliferação de recomendações de risco à saúde das pessoas. Coerência e credibilidade são vitais na Ciência da Saúde.

2. Questão aberta Seidelmann et al. (2018) notaram que

o assunto está longe de um consenso. Por um lado, existem claras evidências de que a dieta low carb é tão efetiva quanto dietas com baixo teor de gordura para a redução do peso e de alguns fatores de risco para as doenças cardiovasculares (Nordmann et al.,

2006, Bazzano et al., 2014), enquanto outros não notaram diferenças entre essas dietas, especialmente com relação à mortalidade (Nilsson et al., 2012,

Naude et al., 2014).

Tais divergências foram impulsionadas pela recente revisão de Dehghan e colaboradores (2017). Nela, os autores analisaram dados de um estudo prospectivo com 135.335 indivíduos de 35 anos a 70 anos, de 18 países dos 5 continentes, por 7,4 anos de mediana. O desfecho primário foi a mortalidade e os principais eventos cardiovasculares (doença cardiovascular fatal, infarto do miocárdio não fatal, derrame e insuficiência cardíaca). O desfecho secundário incluiu todos os tipos de infarto do miocárdio, derrame, mortalidade por doença cardiovascular e mortalidade por doença não cardiovascular. Durante o seguimento, os autores verificaram 5.796 óbitos e 4.784 eventos principais por doença cardiovascular. O maior o consumo de carboidratos se relacionou ao aumento do risco de mortalidade total (aumento de 28%), mas não ao risco de doença cardiovascular e de morte por doença cardiovascular. Curiosamente, o consumo de gordura total e de cada tipo de gordura se associou ao menor risco de mortalidade total (23%). Mais curiosamente ainda, o maior consumo de gordura saturada se associou ao menor risco de derrame (21%). Diante disso, os autores concluíram que as

diretrizes dietéticas globais deveriam ser reconsideradas.

3. Objetivo Diante desses achados controversos,

Seidelmann et al. (2018) utilizaram formas estatísticas que permitissem análises não lineares das associações entre o consumo de alimentos e a mortalidade. Além disso, os autores avaliaram se a substituição dos carboidratos por fontes animal e vegetal de proteínas afetaria as associações observadas.

4. Método O estudo ARIC (Atherosclerosis Risk

in Communities – Risco Aterosclerótico em Comunidades) é um estudo prospectivo, de 25 anos de seguimento, com indivíduos entre 45 anos e 64 anos, recrutados entre 1987 e 1989, de quatro comunidades americanas (Município de Forsyth, NC; município de Jackson, MS; subúrbios de Minneapolis, MN, e município de Washington, MD). A 1ª visita foi realizada entre 1987 e 1989, a 2ª visita entre 1990 e 1992, a 3ª visita entre 1993 e 1995, a 4ª visita entre 1996

e 1998, a 5ª visita entre 2011 e 2013 e a 6ª visita entre 2016 e 2017.

Todos os participantes foram submetidos a um questionário de frequência alimentar semi-quantitativo de 66 itens, na 1ª e na 3ª visita, além de serem colhidas as informações sociodemográficas.

Todas as análises foram ajustadas segundo idade, sexo, origem étnica, consumo energético total, centro de pesquisa, nível educacional, exercício físico de lazer, renda, tabagismo e diabetes.

Foram criadas 6 categorias de consumo de carboidratos na dieta: <30%, 30%-40%, 40%-50%, 50%-55%, 55%-65% e >65%. O grupo referência, contra o qual os demais foram comparados, foi o grupo que consumi 50%-55% de carboidratos na dieta.

5. Principais achados A Figura 1 do estudo de Seidelmann

et al. (2018), abaixo, tem a forma que lembra a letra U. Esse tipo de formato é entendido da seguinte maneira:

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● No eixo X está a quantidade percentual de carboidratos consumidos por dia na dieta.

● No eixo Y está a taxa de mortalidade.

● A linha pontilhada está na altura do número 1,0 do eixo Y, significando o grupo referência que consumia entre 50% e 55% de carboidratos na dieta.

● Para a esquerda do eixo X, ou seja, para consumos menores que 50% de carboidratos na dieta, o risco de morte aumentou até um valor próximo a 1,60, ou seja, o risco de morte aumentou em 60%.

● Para a direita do eixo X, ou seja, para consumos maiores que 55% de carboidratos na dieta, o risco de morte aumentou até um valor superior a 1,10, ou seja, o risco de morte aumentou em 10%.

● O consumo de carboidratos também afetou a expectativa de vida. Aqueles que tinham dieta de low carb, ou seja, ingerindo menos de 30% de carboidratos na dieta, a expectativa de vida foi reduzida em 4,0 anos, comparados aos que consumiam 50% a 55% de carboidratos na dieta.

● Aqueles que ingeriam mais de 65% de carboidratos na dieta, a

expectativa de vida foi reduzida também, mas em apenas 1,1 ano, comparados aos que consumiam 50% a 55% de carboidratos na dieta.

Os autores avaliaram também os efeitos da substituição dos carboidratos nas dietas low carb por proteínas e gorduras de origem animal e vegetal (Tabela 3, abaixo). Na parte superior, estão os estudos, incluindo o ARIC, nos quais a dieta low carb foi acrescida de alto teor de proteínas e gordura de origem animal.

● O risco de morte variou de 1,00 (sem risco) até 1,31 (31% maior risco de morte).

● O risco médio, considerando o estudo ARIC e os demais estudos utilizados na meta-análise, foi de 1,18, ou seja, 18% maior risco de morte por utilizar proteínas e gorduras de origem animal em uma dieta low carb.

Na parte inferior da Tabela 3 (acima), estão os riscos de se fazer uma dieta low carb com acréscimo de proteínas e gorduras de origem vegetal.

● Os riscos variaram de 0,79 (21% menor) a 0,92 (8% menor).

● O risco médio foi de 0,82, ou seja, 19% menor risco de morte por fazer uma dieta low carb com acréscimo de proteínas e gorduras de origem vegetal.

Os resultados observados no estudo ARIC foram consistentes com os demais estudos listados na Tabela 3. Em conjunto, esses dados indicam que a mortalidade pode ser afetada por uma dieta low carb com diferentes origens de proteínas e gorduras (animal ou vegetal) adicionadas à dieta.

6. Comparação com o estudo de

Dehghan et al. (2017) A Figura 2 (abaixo) compara as

curvas de mortalidade em função da ingestão de carboidratos na dieta dos estudos de Seidelmann et al. (2018) e de Dehghan et al. (2017). O formato da curva do estudo de Deghan et al. (2017) lembra mais um J. Esse tipo de curva

levou os autores a concluírem, como já mencionei, que o aumento do consumo de carboidratos, e não o de gordura, se relacionou à maior mortalidade. O consumo mediano de energia derivada dos carboidratos no estudo de Dehghan et al. (2017) foi de 61,2%, enquanto no estudo de Seidelmann et al. (2018) foi de 49%. Embora a amostra incluísse pessoas de 18 países dos 5 continentes, é possível que caracterizassem populações com valores medianos de consumo de carboidratos mais elevados, o que levaria ao formato em J da associação entre carboidratos e mortalidade, e à conclusão de que o risco se relaciona somente ao aumento do consumo de carboidratos.

Observando bem a forma da Figura 3, relativa ao estudo PURE, de Dehghan et al. (2017), possivelmente, se a amostra incluísse maior amplitude de consumo calórico (especialmente para o lado esquerdo da Figura 3), talvez ocorresse como ocorreu com o lado da direita, onde as curvas virtualmente se sobrepõem, indicando que as taxas de mortalidade com o aumento do consumo de carboidratos são muito semelhantes. Talvez isso ocorresse para

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o lado esquerdo, o que poderia alterar as conclusões dos autores.

7. Uma palavra sobre ajustes Nas legendas das Figuras 1 e 2,

respectivamente dos estudos de Seidelmann et al. (2018) e de Dehghan et al. (2017), os autores indicam que as taxas de mortalidade em função do consumo calórico derivado de carboidratos, foram calculadas após terem sido feitos ajustes (idade, sexo, educação, relação cintura-quadril, tabagismo, atividade física, diabetes, localização da moradia, local da pesquisa, região geográfica e consumo energético total). Esses ajustes indicam que foram comparadas pessoas com as mesmas características (idade, sexo, educação, relação cintura-quadril, tabagismo, atividade física, diabetes, localização da moradia, local da pesquisa, região geográfica e consumo energético total), sendo que, a única diferença entre elas foi o consumo percentual calórico derivado dos carboidratos. Por exemplo, não foram comparadas pessoas diabéticas com não diabéticas. Não foram comparadas

pessoas jovens com idosas, nem magras com obesas. As comparações foram

feitas segundo todas as características citadas, deixando que as diferenças entre elas fossem somente com respeito à ingestão de carboidratos. Após esses ajustes as curvas foram construídas e mostram que o consumo que representa mínimo risco de morte é o que está entre 50% e 55% de carboidratos na dieta.

É muito importante conhecer e entender os recursos estatísticos utilizados pelos autores para a devida compreensão dos resultados e das conclusões.

8. Críticas Entre os muitos vídeos disponíveis na

Internet, especialmente no Youtube, dois me chamaram a atenção. Um deles (https://youtu.be/GZ91F77JNXs), da Globonews, por citar o estudo de Seidelmann et al. (2018), revelando o que discutimos aqui, que o baixo consumo de carboidratos reduz a expectativa de vida em 4,0 anos e o elevado consumo em 1,1 ano. O outro

vídeo, do médico Gabriel Azzini (https://youtu.be/c7PI4c9CeG8), por criticar fortemente a reportagem da Globonews, pedindo que as pessoas estudem melhor os artigos científicos e mostrem todos os lados dos estudos.

De forma irônica, o médico inicia seu comentário pedindo que as pessoas ingiram bastante carboidratos e depois faz algumas propagandas para um sorteio que seria realizado. Em seguida, ele mostra o estudo de Seidelmann et al. (2018) sugerindo que a reportagem da Globonews foi sensacionalista. O médico demonstra claramente que leu o estudo, faz afirmações que demonstram certo desconhecimento.

● Ele sugere que a reportagem se deteve somente no resumo do estudo, mas os dados revelados pela reportagem mostram que não foi o caso.

● Quando ele menciona que “o grupo que consumia menos carboidratos tinha 50% mais fumantes que o grupo que consumia mais carboidratos”, ele está se referindo à Tabela 1, que mostra as características da amostra.

● De fato, o grupo que consumia 37% de carboidratos em sua dieta tinha 33% de fumantes, enquanto o grupo que consumia 61% de carboidratos, tinha 22% de fumantes.

● Ele também menciona que no grupo Low Carb, “a quantidade de pessoas que praticava atividades físicas foi 30% menor”, o que não corresponde à verdade.

● No grupo Low Carb, 15% praticavam atividades físicas, contra 20% do grupo que consumia mais carboidratos, ou seja, 5 pontos percentuais a menos que no grupo que consumia mais carboidratos.

● Finalmente, ele menciona que no grupo Low Carb tinha 30% mais diabéticos, o que também não é verdade.

● A prevalência de diabéticos no grupo Low Carb foi de 13% e no grupo que consumia mais carboidratos foi de 10%.

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● Nos dois casos, embora 33% seja 30% maior que 22% (com relação à atividade física) e 13% seja 30% maior que 10% (em relação ao diabetes), essa forma que tratar valores percentuais é um grave equívoco.

● Com relação a atividade física, 33% é 11 pontos percentuais superior a 22% e, com relação ao diabetes, 13% é 3 pontos percentuais maior que 10%, e não os valores mencionados por ele.

● Além disso, o médico Gabriel Azzini, não considerou o que está na legenda das Figuras 1 e 2. Como considerei no item 7, foram feitos ajustes para que não fossem comparadas pessoas tabagistas com não tabagistas, sedentárias com fisicamente ativas, diabéticos com não diabéticos, além dos outros ajustes.

● Por isso, repito, é muito importante conhecer e entender os recursos estatísticos utilizados pelos autores para a devida compreensão dos resultados e das conclusões.

9. Considerações Finais Ainda não há consenso a respeito dos

benefícios e malefícios das dietas low

carb. Embora existam fortes evidências de que são mais impactantes sobre a redução do peso corporal, existem dados de que aumentam o risco de morte e reduzem a expectativa de vida.

Referências bibliográficas

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♥Médico Gabriel Azzini de 19 de agosto de 2018, sobre Dietas Low Carb (https://youtu.be/c7PI4c9CeG8).

♥Globonews de 17 de agosto de 2018. 34’20” até 43’05”. (Dietas Low Carb. https://youtu.be/GZ91F77JNXs).