liderança no reino: capítulo 12 - um modelo bíblico para a igreja

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  • 8/13/2019 Liderana no Reino: Captulo 12 - Um Modelo Bblico para a Igreja

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    DO LIVROLIDERANA NO REINO

    por DR. IAN FAIR

    CAPTULO 12: UM MODELO BBLICO PARA A IGREJAUM MODELO TRADICIONAL

    Nos captulos anteriores, discutimos o governo da igreja e em vrias ocasies fizemos

    referncia a um modelo hierrquico piramidal para a igreja na qual Cristo, como cabea da

    igreja, o pice da pirmide. Abaixo de Cristo so os presbteros com os diconos e evangelistas

    numa posio abaixo dos presbteros por servirem sob a superviso dos presbteros. Os membros

    formam a base da pirmide.

    Entre as igrejas de Cristo h uma confuso sobre onde colocar os evangelistas nesta

    pirmide. Obviamente, servem sob os presbteros, mas devem ser colocados acima ou abaixo dos

    CRISTO

    PRESBTEROS PRESBTEROS

    DICONOS DICONOS DICONOS

    MEMBROS MEMBROS MEMBROS MEMBROS

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    diconos? Oferecemos o seguinte comentrio de maneira descontrada, mas com verdade no

    humor. Igrejas de Cristo tm colocado os evangelistas, por serem membros da equipe pagos, fora

    da pirmide, sem segurana se o evangelista realmente membro da congregao ou no.

    Lderes da igreja tiram e pe os evangelistas da congregao com frequncia.

    Uma vantagem deste modelo hierrquico e piramidal que um modelo eficiente. Este

    modelo, no entanto, no bblico, porm catlico romano, anglicano ou corporativo herdado de

    um paradigma gerencial ou administrativo que atualmente est caindo em popularidade com a

    teoria corporativa de gesto.

    O problema que temos com este modelo que simplesmente no h um modelo

    administrativo eclesistico nas escrituras parecido com esta estrutura de pirmide. Pode at ter

    sido eficiente numa poca no mundo corporativo, ou talvez tenha atrativos mentalidade

    hierrquica da Igreja Catlica Romana, ele configura uma estrutura de dominncia autoritria

    contrria s Escrituras. Um problema fundamental para pensamento bblico que este paradigma

    coloca autoridade bblica no contexto de um escritrio ou numa posio elevada de status, em

    vez do contexto de ministrio e servio.

    Neste captulo exploraremos um modelo bblico da igreja, um que foi construdo de uso

    paulino em vez de um modelo herdade do modelo catlico ou corporativo. Descobriremos que

    este modelo expressa cada preocupao que poderamos ter em quanto igreja servindo sob a

    liderana de Cristo e questes de autoridade em ministrio. Este modelo fornecer um paradigma

    para entender liderana participativa e ministrio mtuo sob a autoridade de Cristo e as

    Escrituras.

    A IGREJA COMO O CORPO DE CRISTO

    Temos uma analogia excelente na Bblia para a organizao da igreja local. Figura 4 na

    pgina seguinte descreve este modelo. Este modelo descrito em vrias passagens, mas 1

    Corntios 12:12-27 e Efsios 4:16 bastam para nossa ilustrao. Nesses textos Paulo argumenta

    que a igreja o corpo de Cristo e que cristos so todos membros daquele nico corpo. Em

    ambas as passagens, a preocupao de Paulo unio congregacional. 1 Corntios 12

    especificamente contra posicionar certos cristos sobre outros por causa de dons.

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    A beleza deste modelo que ele ilustrativo de como todos os cristos so membros de um

    corpo do qual Cristo a nica cabea. Devemos observar que nestes textos Paulo est discutindo

    relacionamentos dentro das congregaes locais. Ele tira vrios lies profundas desta analogia.

    A primeira que nenhum cristo mais importante ou essencial sade e vitalidade do corpo de

    Cristo do que qualquer outro membro; nenhum ministrio mais essencial, mais glorioso ou

    mais espiritual do que qualquer outro ministrio (1 Corntios 12:13-31).

    Este ponto enfatizado em 1 Corntios 12 com implicaes profundas para aquele que

    sentem que seus talentos ou dons so melhores do que os de outros, ou que sua posio ou

    papel na igreja de maior valor congregao do que aqueles que tm menos dons. Jesus, em

    vrias ocasies, tinha arrazoado com seus discpulos sobre esta mesma questo. Buscar auto-

    realizao e importncia atravs de posio uma mentalidade mundana indigna do reino

    (Mateus 18:1ff, 20:20ff, Lucas 22:27). Paulo faz aplicao deste ponto claramente no contexto

    das discusses dos corntios sobre posio, autoridade e auto-engrandecimento. No posio

    nem dons que so importantes ao corpo, mas a disposio de cada membro do corpo usar seus

    dons para o benefcio do corpo inteiro em vez de usa-los para promoo egosta.

    O argumento de Paulo em Efsios 4:11-16 reitera esta viso. Neste contexto Paulo est

    preocupado com a unio do corpo. Ele j argumentou que esta unio criada pelo Esprito (cf.

    Tambm 1 Corntios 12:12ff), e que cristos devem procurar a preservar essa unidade do

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    Esprito no vnculo da paz (Efsios 4:3). Seu ponto final que nesse esprito de unidade cada

    membro do corpo deve estar equipado para o desempenho do seu servio para que todo

    membro pudesse estar unido e suprir qualquer dom necessrio para a edificao mtua do corpo.

    O corpo cresce e funciona de maneira apropriada somente quando cada membro est

    funcionando devidamente. Paul enfatiza neste texto que o ministrio primordial de

    evangelistas (ministros/pregadores) e pastores professores (presbteros, bispos e pastores)

    equipar os membros para ministrar de forma significativa.

    A concluso que queremos fazer desta analogia da igreja como um corpo que, quando

    colocamos dons no contexto de ministrio mtuo em vez do contexto de posio ou autoridade, a

    igreja prospera. Quando dons so vistos como uma questo de posio de autoridade (e deve ser

    enfatizado que ser um presbtero, dicono ou evangelista claramente um dom de Deus e uma

    questo de dom concedido por Deus), a igreja est impedida, e frustrao e apatia surgem como

    resultado.

    LIDERANA ATRAVS DE MINISTRIO RECPROCO

    No setor em que enfatizamos o modelo bblico da igreja como o corpo de Cristo, notamos que

    Paulo desenvolveu um conceito de ministrio mtuo ou recproco no qual membros da igreja

    servem uns aos outros em edificar o corpo na direo de maturidade em Cristo. Isso enfatiza uma

    comunidade exclusiva e dinmica no cristianismo na qual cristos esto sinceramente

    interessados uns nos outros. O Novo Testamento presta muita ateno expresso uns aos

    outros. Ela aparece pelo menos 61 vezes em 54 versculos nas epstolas na verso Revised

    Standard em ingls tanto em admoestaes positivas como negativas. Uma grande nfase dada

    para amar uns aos outros (Romanos 12:10...). Cristos devem viver em harmonia uns com os

    outros (Romanos 12:16), no julguemos uns aos outros (Romanos 14:13), acolhei-vos uns

    aos outros (Romanos 15:7) e no haja diviso no corpo, mas... cooperem os membros, com

    igual cuidado, em favor uns dos outros (1 Corntios 12:25). O prprio Jesus disse Novo

    mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei, que tambm vos

    ameis uns aos outros. Nisto conhecero todos que sois meus discpulos: se tiverdes amor uns aos

    outros (Joo 13:34,35). Estes so apenas alguns poucos exemplos de reciprocidade e ministrio

    mtuo atravs de amar uns aos outros enfatizados nos Evangelhos e nas Epstolas.

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    Chamando ateno ao ministrio mtuo e reciprocidade enfatiza a dinmica

    desenvolvida num modelo novo testamentrio da igreja. A igreja no Novo Testamento no

    tem uma estrutura hierrquica, piramidal no qual membros funcionam em nveisdiferentes de autoridade, mas um modelo plano no qual todos os membros so igualmente

    importantes ao corpo num ministrio mtuo. Este modelo no rejeita o fato bblico que

    cada ministrio tem em si mesmo a autoridade para funcionar. Ele transfere a base de

    autoridade de uma viso hierrquica sobre posio e cargo para uma base de funo

    ministerial. Falaremos mais sobre este ponto mais tarde.

    MODELO DE LIDERANA PARTICIPATIVA NO LIVRO DE ATOS

    O livro de Atos, no Novo Testamento, nico em pelo menos dois aspectos. Primeiro,ele a nica obra escrita como sequncia a um Evangelho no Novo Testamento. 142 Os

    vnculos literrios entre Lucas 1:1-4 e Atos 1:1-5 so semelhantes demais para considerar

    coincidente. este aspecto sequencial que contribui ao papel nico que Atos tem na

    teologia do Novo Testamento.

    PRESBTERO

    REGENTE DE CNTICOS DICONO

    CRISTO

    EVANGELISTA PROFESSOR(A)

    MEMBRO

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    Segundo, o nico livro no Novo Testamento no qual podemos observar a igreja

    neo-testamentria em ao, fazendo o que igrejas devem fazer, ou seja, estabelecendo vida

    comunitria em congregaes e levando o evangelho ao mundo inteiro. chamado Atos

    devido ao ttulo grego para a obra, Praxeis Apostolon, que traduzo em ingls como The

    Acts of the Apostles143 (Os Atos dos Apstolos). O livro entendido melhor como oprxis da

    igreja. Consequentemente, vemos em Atos a igreja primitiva vivendo sua f epraticando sua

    religio sob a comisso de Cristo.

    Vrias passagens significantes em Atos indicam que a igreja praticava um modelo

    participativo de liderana ou governo com certos lderes iniciando e guiando a igreja no

    processo. A primeira em Atos 1:15-26 na substituio de Judas como um apstolo. O

    processo iniciado pelo Apstolo Pedro que envolve ambos o Esprito Santo e a Escritura

    para apoiar o processo que ele est iniciando. Algum precisava ser escolhido para

    substituir o lugar de Judas no ministrio dos apstolos. Pedro definiu os parmetros do

    processo e depois entregou o processo ao grupo que, pelo contexto, deciframos que tinha

    pelo menos 120 pessoas. Dois nomes foram propostos pelo grupo. Depois do grupo orar

    pedindo para o Senhor trabalhar atravs deles na escolha do substituto, o grupo sorteou e

    Matias foi escolhido e votado com os outros onze apstolos.

    Vrios fatores se destacam neste texto. Primeiro, liderana forte foi provida pela

    parte apropriada Pedro agindo em nome dos apstolos. Segundo, Pedro forneceuparmetros para o processo. Terceiro, orao, Escritura e dependncia no Senhor foram

    ingredientes fundamentais no processo. Quatro, o grupo inteiro foi envolvido no processo.

    O surpreendente que a deciso sendo feito pelo grupo no foi uma questo insignificante.

    A Ao de selecionar um novo apstolo foi vital vida da igreja como um todo. At aqui,

    isso tinha sido a responsabilidade do prprio Senhor. Mas nesta ocasio a deciso no foi

    tomada pelos apstolos, como esperaramos, numa reunio fechada na ausncia do grupo

    inteiro. O processoparticipativo de tomar decises deve tocar no corao de questes quetm implicaes significativas para ogrupo inteiro. Ento, as decises de significncia para

    o grupo inteiro devem ser tomadas pelo grupo inteiro.

    Aprendemos vrias lies importantes relativas ao processo participativo deste

    texto. Liderana forte e decisiva necessria para iniciaro processo participativo de tomar

    decises. Parmetros so chaves ao sucesso da operao. Muita orao e direo das

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    Escrituras e do Senhorso envolvidas. O processo participativo no , como alguns

    imaginam, o grupo perambulando sem liderana em direo a alguma concluso.

    O prximo exemplo de liderana participativa em Atos encontra-se em Atos 6:1-6.

    Nesta ocasio dois grupos de vivas na igreja estavam tendo dificuldades as helenistas

    (provavelmente crists judias da Galilia ou a Dispora que falavam grego) e as hebraicas

    (crists de Jerusalm e Judeia que falavam aramaico). O problema surgiu na distribuio

    diria de comida para essas vivas, mas era mais profundo do que uma simples questo

    sobre comida, porque envolvia nuanas tnicas e religiosas srias.

    Os apstolos, entendendo que seu ministrio era mais abrangente do que o

    problema atual e que seu ministrio ficaria seriamente restrito se tivessem que cuidar do

    problema, exerceram iniciativa criativa. A soluo ao problema estava na prpria

    congregao, no no ministrio dos apstolos. Os doze, ento, instruram a congregao a

    escolher sete homens sbios de boa reputao e cheios do Esprito Santo para cuidar do

    problema. A congregao escolheu sete homens com estas qualificaes que foram

    consagrados no novo ministrio atravs de orao e a imposio de mos.

    Os resultados foram imediatos e agradveis ao grupo inteiro. O crescimento que

    seguiu a diviso de ministrio foi impressionante (Atos 6:7). De modo semelhante a Atos

    1:15-26, encontramos iniciativa criativa e liderana pelos apstolos,parmetros e

    qualidades sendo definidos, envolvimento participativo na parte da congregao inteira eorao. Este evento fornece um exemplo criterioso de liderana participativa na seleo de

    servos ministeriais (possivelmente diconos) e de ministrio participativo numa situao

    voltil e sensvel que poderia ter um impacto severamente negativo na vida e bem-estar da

    igreja, no somente em Jerusalm, mas numa escala muito maior.

    Talvez a ocasio de liderana participativa e do processo de tomar decises mais

    impressionante e significante em Atos seja encontrado em Atos 15:1-35; o Conselho de

    Jerusalm ou Conferncia de Jerusalm.144

    Atos 14 fecha com Paulo e Barnab emAntioquia; tinham voltado da Galcia e a primeira viagem missionria de Paulo, relatando

    os resultados dramticos do evangelho entre os gentios naquela ria. Atos 15 abre com o

    relatrio que certos homens da Judeia contestaram a mensagem do evangelho pregado por

    Paulo e Barnab, afirmando que era necessrio que os novos convertidos se

    circuncidassem de acordo com a lei de Moiss. Paulo e Barnab opuseram esta viso

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    enfaticamente com o resultado que Paulo, Barnab e outros foram eleitos pela igreja para

    viajar para Jerusalm, de onde o problema parecia ter originado.

    Devemos notar que, mesmo nesta fase inicial da vida da igreja em Atos, um apstolo

    foi escolhido pela igreja para viajar para Jerusalm. Em questes de governo da igreja local,

    at mesmo um apstolo se submete aos cuidados e liderana da igreja. Quando Paulo e os

    outros voltaram para Antioquia como relatado em Atos 15:30, chamaram a congregao

    para dar um relatrio sobre sua reunio em Jerusalm.

    Quando Paulo e Barnab chegaram em Jerusalm, reuniram-se com os apstolos,

    presbteros e a congregao inteira numa assembleia (Atos 15:6, 12, 22). Inicialmente,

    Pedro discursou, seguido por Barnab, Paulo e Tiago. Finalmente, a igreja inteira enviou

    Judas e Silas junto com Paulo e Barnab quando voltaram para Antioquia com uma carta

    para a igreja naquela cidade.

    O problema sendo tratado era um de grande importncia, envolvendo srias

    implicaes para o ministrio de Paulo. Se seus inimigos sucedessem em obrigar a lei e a

    circunciso sobre o evangelho de Paulo, sua mensagem teria sido destruda. 145 Poderia

    pensar, dadas nossas perspectivas de autoridade apostlica, que Paulo e Barnab teriam

    reunido com os apstolos em Jerusalm, ou pelo menos com os presbteros.

    Surpreendentemente, porm, eles reuniram-se com a igreja inteira! Este processo

    participativo de tomar decises obviamente deve ter tomado bastante tempo numa reunioto importante. Isso enfatiza o ponto que em algumas circunstncias a efetividade muito

    mais importante do que a eficincia!

    Nesta passagem novamente vemos umprocesso participativo envolvendo grandes

    decises doutrinarias. Liderana decisiva forte inicia o processo (Paulo, Barnab, Pedro,

    Tiago). Parmetros claros so estabelecidos por Pedro e Tiago (Atos 15:7, 14). A presena e

    vontade do Esprito Santo esto envolvidas no processo. Tempo permitidopara todos que

    desejam fazerem seus comentrios e estarem envolvidos na deciso. A congregao inteiraest envolvida. Os resultados de uma deciso delicada foram bem recebidos pela igreja

    porque todos foram ouvidos e o medo de manipulao foi removido.