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Lição 9 – Gálatas 3 – Obras da Lei Epístola aos Gálatas – Enxertados

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Lição 9 – Gálatas 3 – Obras da Lei Epístola aos Gálatas – Enxertados

Questões

  Se não sou “salvo” (ou incluido em Israel) pelas “obras da lei” – não é a Lei anulada?

  Porque é que Paulo nos diz em Romanos 3:31 que estabelecemos a lei pela fá, e no entanto em Gálatas parece contrastar as “obras da lei” com a fé?

  O que quer ele dizer com “obras da lei”?

  De que lei é que Paulo fala em Gálatas 3?

Na Última Lição…  Vimos que Paulo usa as palavras “justiça” e “justificação” em Gálatas não no sentido de salvação, mas para transmitir a falsa premissa de que se podia ser incluído na comunidade do concerto (ser justificado) pela conversão ritual.

 Ao longo dos Escritos Apostólicos quase todas as utilizações de “justiça” se referem a boas obras e não à justiça que é imputada aos crentes pela fé.

 Quando vemos o uso pela parte de Paulo de certas palavras, num sentido “teológico”, elas contradizem-se. Mesmo a sua utilização de nomos [lei] não pode ser encarado de forma consistente.

 Gálatas 3:12: a lei não é da fé.

 Romanos 3:31: a lei é estabelecida pela fé

Obras da Lei   Gálatas 2:16a: Não justificado pelas obras da lei

  “obras da lei” aparece 8x nos Escritos Apostólicos (2x em Romanos, 6x em Gálatas)

  A frase Grega: ergon nomou [obras da lei] não aparece na LXX.

  Não só nomos (Grego) nem sempre significa “Torá” – no hebraico do período do 2º Templo a palavra “torah” nem sempre se refere às instruções de Deus. A Mishna refere-se às decisões do Sinédrio como “a lei a sair” (m.Sanedrin 11.2ff citando Is 2:3).

  O Dr. James Dunn conclui que se Paulo tivesse querido dizer “actos ou acções que a lei requer” então o seu uso de “obras da lei” teria sido completamente aceite pelo Judaísmo da época. Por outras palavras, o Judaísmo do período do 2º Templo ensinava que ninguém alcançava ou era justificado (num sentido “teológico”) por Deus, por cumprir os mandamentos da Torá.

Obras da Lei   Os DSS revelam que a frase “obras da lei” se referia aos requisitos da seita (para entrada ou permanência), e não aos requisitos de Deus.

  4Q398 2 ii 2-8 – Fragmento do 4QMMT ou MMT – Maseket Ma’asei haTorá – Algumas das Obras da Lei

E também nós te escrevemos algumas das obras da Torá que pensamos boas para ti e para teu povo, pois vimos em ti inteligência e conhecimento da Torá. Considera todas estas coisas e busca diante dEle que Ele confirme o teu conselho e afaste de ti os maus pensamentos e o conselho de Belial de maneira que possas alegrar-te no final do tempo no descobrimento de que algumas de nossas palavras são verdadeiras. E te será imputado como justiça, quando fizeres o que é reto e bom diante dele, para teu bem e o bem de Israel.19

  Este uso de “obras da lei” encaixa perfeitamente com a mensagem de Paulo aos Gálatas (Os Gentios não podem entrar na comunidade do concerto por vias da conversão ritual) bem como do uso que ele faz das palavras “justificação” e “justiça”.

 Que alguém só entra na comunidade do concerto pela graça não é um ensinamento novo. Paulo não o inventou. Vem desde o principio – os líderes Judaicos diziam o mesmo.

 Êxodo 34:6-7: YHWH o misericordioso

  Job 9:2; 25:4: pode o homem ser justo para com Deus?

 Salmo 130:3-4: Se YHWH observasse a iniquidade, quem subsistiria?

 Salmo 143:2: Ninguém é justo

Pela Graça Apenas… - Não só nas Epístolas de Paulo -

  Eclesiastes 7:20: Não há justo que nunca peque.

 Romanos 3:21-26: Deus demonstra a Sua justiça, testemunhada pela Torá e pelos Profetas, passando sobre o pecado para justificar o que deposita a sua fé em Yeshua.

  Romanos 5:1: Justificados pela fé no Messias Yeshua

  2Coríntios 5:21: No Messias tornamo-nos a justiça de YHWH (justiça imputada).

 Ao contrário do que se pensa, Paulo aos Gálatas não argumenta contra “obras” vs “graça” pois o Judaísmo nunca ensinou que alguém era salvo pelas obras, mas sim pela graça de Deus. O argumento de Paulo era contra a integração do Gentio por via da Conversão Ritual ou... Salvação por via do estatuto étnico (tornar-se Judeu).

Pela Graça Apenas… - Não só nas Epístolas de Paulo -

 E no entanto temos muitas passagens que revelam que o povo de Deus não é apenas chamado “justo” – vivem vidas justas.

 Habacuque 2:4 é a passagem chave de todas as Escrituras. É citadas 3x nos Escritos Apostólicos.

 Habacuque 2:4: o justo pela sua fé viverá.

 Romanos 1:16-18: na Boa-Nova, a justiça de Deus revela-se a partir da fé.

 Gálatas 3:11: Ninguém é justificado pela lei.

 Hebreus 10:35-39: Após fazermos a vontade de Deus, recebemos a promessa.

Os Justos Pela Fé Viverão

Exegése – V. 1

Gálatas 3:1 Ó insensatos gálatas! quem vos fascinou a vós, ante cujos olhos foi representado Jesus Cristo como crucificado?

  Linguagem forte. Na CJB “insensatos” = “estúpidos”

  “fascinou” – noutras traduções “enfeitiçou” (e.g. KJV Port.; CJB)

  Pelas “palavras mansas” dos influenciadores; ou,

  Possível que ele considerasse este volte face como fruto de actividade demoniaca.

  Paulo teria apresentado a morte de Yeshua aos Gálatas de forma muito viva, de tal maneira que podia falar como se eles a tivessem presenciado.

Exegése – V. 2 Gálatas 3:2 Só isto quero saber de vós: Foi por obras da lei que recebestes o Espírito, ou pelo ouvir com fé?

  Paulo aponta para a evidente obra do Espírito na vida dos Gálatas como prova de que estes foram recebidos na família de Deus.

  “obras da lei” – requisitos definidos por cada grupo para admissão no grupo – neste caso, Circuncisão Ritual ou proselitismo.

  “ouvir com fé” – ‘confiança fiel’ ou ‘fidelidade confiante’

  O sentido de ‘ouvir’ é ‘obedecer’.

  O ES na vida dos Gálatas aconteceu, não pelo cumprimento de rituais humanos nem pelo cumprimento da Torá, mas pela graça de Deus, quando, à semelhança de Abraão, depositaram a sua confiança em Deus e Lhe foram fieis.

  A “obediência que resulta da fé” é contrastada com “obras da lei” – uma é a dádiva de Deus, a outra é um programa de homens.

Exegése – V.3

Gálatas 3:3 Sois vós tão insensatos? tendo começado pelo Espírito, é pela carne que agora acabareis?

  “tendo começado… agora acabareis” (Gr. enarxomai; epiteleo) – Ele usa a mesma expressão aqui:

  2Cor.8:6 – …exortamos a Tito que, assim como antes tinha começado, assim também completasse entre vós ainda esta graça.

  Filip.1:6 – …aquele que em vós começou a boa obra a aperfeiçoará até o dia de Cristo Jesus

  Em ambos os casos Paulo refere-se à relação entre ‘Justificação’ (i.e. ser declarados justos perante Deus) e ‘Santificação’.

  Paulo considera o ‘ser declarado justo’ como o início e o decorrente processo de santificação como a conclusão ou aperfeiçoamento da nossa salvação.

Exegése – V.3

Gálatas 3:3 Sois vós tão insensatos? tendo começado pelo Espírito, é pela carne que agora acabareis?

  ‘carne’ – ler nas entrelinhas: ‘identidade étnica’

  Argumento de Paulo:

  Abraão – de acordo com os influenciadores, um pecador pois não era circuncidado (tal como os Gálatas) – é declarado justo antes da circuncisão;

  Os Gálatas, como Abraão, haviam sido justificados (evidenciado pela recepção do ES) antes da circuncisão (leia-se, Conversão Ritual);

  Em Gén.17 Abraão é admoestado para continuar a caminhar com Deus e a ser perfeito (o Heb. Indica uma acção decorrente) – i.e. Abraão já o fazia – já demonstrava a sua fé pela sua obediência;

  A circuncisão que vem mais tarde é apenas um sinal ou selo da justificação que já lhe havia sido atribuída, ou um sinal do Concerto do qual ele já era participante.

Exegése – V.3 Gálatas 3:3 Sois vós tão insensatos? tendo começado pelo Espírito, é pela carne que agora acabareis?

  O mesmo se aplicava aos Gálatas. A sua fé em Yeshua confirmava-os como membros do Concerto.

  A presença do ES era uma indicação das bençãos prometidas pelos Profetas:

  Ezeq.36 – 24 Pois vos tirarei dentre as nações… 25 …aspergirei água pura sobre vós… de todos os vossos ídolos, vos purificarei. 26 …porei dentro de vós um espírito novo… 27 …porei dentro de vós o meu Espírito, e farei que andeis nos meus estatutos, e guardeis as minhas ordenanças, e as observeis.

  Joel 2:28 – Acontecerá depois que derramarei o meu Espírito sobre toda a carne;

  Isaías 44:3 – derramarei o meu Espírito sobre a tua posteridade, e a minha bênção sobre a tua descendência.

  => Deus cumpria as suas promessas e os gentios estavam a ser enxertados.

Exegése – V. 4

Gálatas 3:4 Será que padecestes tantas coisas em vão? Se é que isso foi em vão.

  ‘Pasxo’ – sentido mais amplo que sofrimento ou padecimento

  Strong’s Concordance Definition: I am acted upon in a certain way, either good or bad; I experience ill treatment, suffer.

Thayer's Greek Lexicon: to be affected or have been affected, to feel, have a sensible experience, to undergo; used in either a good or a bad sense

  Pelo contexto do vers. seguinte, as experiências que Paulo refere aqui são coisas boas, i.e. a recepção do Espírito Santo.

Exegése – V. 5

Gálatas 3:5 Aquele pois que vos dá o Espírito, e que opera milagres entre vós, acaso o faz pelas obras da lei, ou pelo ouvir com fé?

  Paulo regressa ao argumento primário: os Gálatas tiveram estas experiências – o Espírito Santo e os milagres – como resultado da Conversão Ritual ou por terem confiado e sido fieis?

  Paulo agora abandona o argumento que se baseava nas evidências na vida dos Gálatas e inicia o seu 3º argumento (até ao cap.4).

  1º Argumento – o acordo em Jerusalém;

  2º Argumento – a experiência de vida dos próprios Gálatas;

  3º Argumento – o testemunho das Escrituras.

  Ele deixa este para último porque todos os outros têm de ser interpretados à luz das Escrituras.

  …e ele começa com Abraão.

Exegése – V. 6-7

Gálatas 3:6-7 Assim como “Abraão creu a Deus, e isso lhe foi imputado como justiça.” 7 Sabei, pois, que os que são da fé, esses são filhos de Abraão.

  É possível que os influenciadores tenham apontado para Abraão como seu exemplo. Ele fora circuncidado, logo era um prosélito – abordagem anacronística pois a circuncisão de Abraão não era a Conversão Ritual.

  Paulo realça que a justificação de Abraão e a promessa do Concerto ocorrem antes da circuncisão, não após esta.

  Escrituras declaram que a justificação de Abraão ocorre com base na sua fé e não na sua circuncisão.

  Para Paulo a sequência de eventos é importante. Quer no caso de Abraão, quer no de Cornélio, eles são aceites como membros do Concerto antes de serem circuncidados à aceitação no Concerto é com base na fé (confiança depositada em Deus) sem a circuncisão.

Exegése – V. 6-7

Gálatas 3:6-7 Assim como “Abraão creu a Deus, e isso lhe foi imputado como justiça.” 7 Sabei, pois, que os que são da fé, esses são filhos de Abraão.

  O que significa ‘ser um membro do Concerto’? Significa ser aceite perante os olhos de Deus.

  ‘imputado’ – Gr.logizomai – termo contabilístico que significa ‘creditar’.

  Deus credita justiça ao pecador porque Yeshua pagou o preço do seu pecado.

  Deus creditou justiça a Abraão devido ao pagamento pelo pecado efectuado pela Semente em quem Abraão confiou.

  Assim, obediência (prática de justiça/Torá) é o fruto inevitável da nossa confiança (fé) em Deus. Mas a fé precede a obediência e não vice-versa.

Exegése – V. 6-7

Gálatas 3:6-7 Assim como “Abraão creu a Deus, e isso lhe foi imputado como justiça.” 7 Sabei, pois, que os que são da fé, esses são filhos de Abraão.

 Os influenciadores sabiam que Abraão havia sido justificado antes de ser circuncidado. A questão é se “crer” em Gén.15:6 traduz confiança em Deus ou é uma previsão profética da fidelidade de Abraão no Monte Moriá (Gén.22). Este último é um ponto de vista rabínico comum.

 Há quem entenda ser este o ponto de vista de Tiago em 2:21

 Mas para Tiago, Gén.15:6 era o mesmo que para Paulo – não uma profecia que aguardava cumprimento mas uma prova inequívoca da confiança que Abraão tinha em Deus e na Sua Palavra. Isso torna-se claro nos vers.22-23. Fé e obras combinam-se necessariamente se a fé for genuína.

Exegése – V. 6-7

Gálatas 3:6-7 Assim como “Abraão creu a Deus, e isso lhe foi imputado como justiça.” 7 Sabei, pois, que os que são da fé, esses são filhos de Abraão.

  “os que são da fé, esses são filhos de Abraão” – ponto principal: como é que alguém se torna um filho de Abraão?

  Para os influenciadores era pela linhagem (nascimento) ou pela via da Conversão Ritual (prosélitismo). Na Mishna e no Talmude debate-se se um prosélito poderia chamar ‘pai’ a Abraão;

  Para Paulo era pela fé. Até mesmo os descendentes físicos de Abraão que fossem desobedientes ao Concerto seriam cortados (Romanos 11)

  O que significa ‘ser um membro do Concerto’? Significa ser aceitável aos olhos de Deus.

Exegése – V. 8

Gálatas 3:8 Ora, a Escritura, prevendo que Deus havia de justificar pela fé os gentios, anunciou previamente a boa nova a Abraão, dizendo: Em ti serão abençoadas todas as nações.

  Os que partilham a fé com Abraão podem, como ele, ser considerados membros do Concerto.

  Mas mais… o Concerto Abraâmico englobava os Gentios…

  O “Evangelho” é pregado a Abraão não apenas em relação a si e à sua semente mas também em relação às nações.

  à o Concerto está incompleto sem os Gentios. A graça dada a Abraão estaria incompleta se não produzisse efeitos entre as nações.

  Aos Gentios seria creditada justiça pela fé, tal como fora a Abraão.

  Transformar os Gentios em Judeus por via da Conversão Ritual anularia a promessa do concerto pois o Concerto abrangia os Gentios

Exegése – V. 9

Gálatas 3:9 De modo que os que são da fé são abençoados com o crente Abraão.

 A perspectiva de Paulo resulta da combinação de dois textos:

Gén.15:6 – A Abraão são prometidas bençãos como resultado da sua fé (confiança);

Gén.12:3 – A promessa feita a Abraão incluía uma benção para as nações;

 à as nações também receberiam a benção de Abraão como resultado da sua fé.

Exegése – V. 10

Gálatas 3:10 Pois todos quantos são das obras da lei estão debaixo da maldição; porque escrito está: “Maldito todo aquele que não permanece em todas as coisas que estão escritas no livro da lei, para fazê-las.”

  ‘Maaseh HaTorah’ – ‘Obras da Lei’ – Requisitos de cada grupo para entrada ou permanência no grupo.

  Paulo acabara de falar de bençãos e agora fala de maldições – para uma audiência Judaica isto remete para Deuteronómio que ele aqui cita (Deut.27:26)

 O que choca nas palavras de Paulo é a associação que ele faz dos ‘das Obras da Lei’ com os amaldiçoados que não cumpriam a Torá. Na óptica deles, eles cumpriam… Paulo e os demais é que não.

Exegése – V. 10

Gálatas 3:10 Pois todos quantos são das obras da lei estão debaixo da maldição; porque escrito está: “Maldito todo aquele que não permanece em todas as coisas que estão escritas no livro da lei, para fazê-las.”

  Paulo apercebe-se que as 18 Medidas / Conversão Ritual cavam o fosso e acentuam o ódio entre Judeu e Gentio.

 A Torá manda-nos ter misericórdia e hospitalidade para com o estrangeiro.

 Ao apoiar as 18 Medidas estamos a transgredir a Torá.

 à estamos debaixo da maldição da Torá.

 Convictos de que obedeciam à Torá quando na realidade não o faziam.

Exegése – V. 11

Gálatas 3:11 É evidente que pela lei ninguém é justificado diante de Deus, porque: “O justo viverá da fé;”

 Habacuque 2:4 é a passagem chave de todas as Escrituras. É citada 3x nos Escritos Apostólicos. (slide 8)

  Para Paulo, Habacuque confirma o que Moisés havia escrito: a justificação advinha da nossa fé, não do nosso estatuto étnico.

  “pela lei” – em contexto significa “pelas [obras] da lei” – i.e. um Gentio não é justificado por se tornar um prosélito.

  Paulo não está em desacordo com Tiago (2:21-26) pois este apenas afirma que a nossa justificação é visível pelas nossas obras.

Exegése – V. 11

Gálatas 3:11 É evidente que pela lei ninguém é justificado diante de Deus, porque: “O justo viverá da fé;”

  Influenciadores:

 Os Gentios nunca podem fazer parte do Concerto. Este foi apenas dado a Israel (Judá), logo se um Gentio quiser fazer parte do Concerto tem de se tornar “Judeu”.

 Negava a promessa do Concerto segundo a qual todas as nações seriam abençoadas à nega a Torá ao invés de a estabelecer

  Paulo e demais:

 A inclusão no Concerto era o fruto da fé pois, como com Abraão, a fé em Deus e no Seu Messias produz sempre Justiça (obediência). Todos os que têm fé são portanto membros do Concerto.

Exegése – V. 12

Gálatas 3:12 ora, a lei não é da fé, mas: “O que fizer estas coisas, por elas viverá.”

  “a lei não é da fé” – em contexto significa “as [obras] da lei não se baseiam na fé” à a Circuncisão Ritual não se baseia na nossa confiança e fidelidade para com Deus mas no nosso estatuto étnico.

  Lei ou Obras da Lei – tudo era visto como Torá. Paulo não entra nesse argumento.

  Paulo cita Levítico 18:5 – Guardareis, pois, os meus estatutos e as minhas ordenanças, pelas quais o homem, observando-as, viverá…

  Paulo enfatiza o contexto de Levítico: a obediência é o modo de vida de um membro do Concerto, não a porta de entrada no Concerto. Aqueles que cumprem os estatutos e as ordenanças são aqueles que já foram remidos e se encontram dentro do Concerto. Levítico 18 descreve a vida dentro do Concerto, não o modo de lá entrar.

Exegése – V. 13

Gálatas 3:13 Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se maldição por nós; porque está escrito: “Maldito todo aquele que for pendurado no madeiro;”

 Os gentios, estando fora do Concerto, eram caracterizados por todas as coisas que atraiam as maldições do Concerto: idolatria, blasfémia, imoralidade, etc. Só quem estava no Concerto é que poderia receber as bençãos.

  Pelo sistema sacrificial Paulo dá-se conta que o método que Deus tem para perdoar não passa por renunciar às maldições que Ele próprio prometera, mas fazê-las incidir sobre um representante por forma a que não incidam sobre aqueles que esse representante representa. O representante é Yeshua.

  “Resgate” – Gr. Exagarazo – exige sempre o pagamento de um preço.

Exegése – V. 14

Gálatas 3:14 para que aos gentios viesse a bênção de Abraão em Jesus Cristo, a fim de que nós recebêssemos pela fé a promessa do Espírito.

 Apesar dos Gentios estarem fora do Concerto, através da redenção efectuada por Yeshua eles poderiam entrar e beneficiar das bençãos do mesmo.

 União ao Messias através da fé é a forma de entrada no Concerto que resulta numa vida de justiça / obediência e nas bençãos que Deus prometeu a todos quantos Lhe obedecem.

 …e assim se cumpre a promessa de bençãos às nações dada a Abraão.

Exegése – V. 14

Gálatas 3:14 para que aos gentios viesse a bênção de Abraão em Jesus Cristo, a fim de que nós recebêssemos pela fé a promessa do Espírito.

  “a fim de que nós recebêssemos pela fé a promessa do Espírito” – a 2ª parte do versículo não é dependente da 1ª. Os Gentios não precisavam de ser abençoados para que os Judeus recebessem o Espírito.

  Paulo está a dizer a mesma coisa duas vezes:

“Cristo nos resgatou da maldição…”

•  “para que aos gentios viesse a benção…”

•  “a fim de que nós recebêssemos… a promessa do Espírito”

 Note-se que a promessa do Espírito é “pela fé”, não por qualquer outro meio.

Exegése – V. 15

Gálatas 3:15 (KJA) Caros irmãos, eu vos falarei em termos simplesmente humanos. Assim, mesmo considerando que um testamento seja feito por mãos humanas, ninguém o poderá anular depois de haver sido ratificado, nem ao menos lhe acrescentar algo.

 Mesmo em termos humanos um documento legal que seja ratificado não deve ser alterado. Isto ele vai agora aplicar aos Concertos:

 O argumento dos influenciadores poderia ser algo assim:

“Fé e fidelidade são dois lados da mesma moeda. Assim, obediência ao Concerto é tão importante como confiar em Deus. Abraão não apenas creu como obedeceu (foi circuncidado), caso contrário não teria entrado no Concerto”

Exegése – V. 15

Gálatas 3:15 (KJA) Caros irmãos, eu vos falarei em termos simplesmente humanos. Assim, mesmo considerando que um testamento seja feito por mãos humanas, ninguém o poderá anular depois de haver sido ratificado, nem ao menos lhe acrescentar algo.

 A questão a que Paulo se opunha não era de forma alguma obediência à Torá mas a forma como a identidade étnica se havia tornado a forma de entrada no Concerto.

 A circuncisão havia sido transformada num ritual de transformação étnica. Paulo procura atribuir à circuncisão o seu significado bíblico com base no seu contexto histórico para que ela não continuasse a ser uma pedra de tropeço para todos os Gentios que a ela se submetessem.

Exegése – V. 15

Gálatas 3:15 (KJA) Caros irmãos, eu vos falarei em termos simplesmente humanos. Assim, mesmo considerando que um testamento seja feito por mãos humanas, ninguém o poderá anular depois de haver sido ratificado, nem ao menos lhe acrescentar algo.

  Ao tempo de Paulo a circuncisão havia deixado de ser uma estipulação do Concerto Abraâmico para passar a pertencer ao Concerto Moisaico. Circuncisão e Torá haviam-se misturado.

  Para os influenciadores não observar a circuncisão era quebrar o Concerto Moisaico. Um incircunciso não podia, para eles, ser considerado um membro do Concerto do Sinai (ou um Israelita pois foi no Sinai que Israel recebeu a sua identidade como Povo do Concerto).

  Na realidade a circuncisão é o sinal do Concerto Abraâmico e o Sábado é o Sinal do Concerto Moisaico – e um Concerto posterior não anula um anterior.

Exegése – V. 16

Gálatas 3:16 Ora, a Abraão e a seu descendente foram feitas as promessas; não diz: “E a seus descendentes”, como falando de muitos, mas como de um só: “E a teu descendente”, que é Cristo.

  Paulo usa um Midrash engenhoso para provar que a entrada no Concerto é pela fé no Messias. Ele regressa ao seu ponto inicial:

“Sabei, pois, que os que são da fé, esses são filhos de Abraão.” (v.7)

 Uma vez que Abraão entrou no Concerto pela fé e não pela circuncisão é razoável argumentar que todos quantos queiram entrar no Concerto devem seguir o exemplo de Abraão.

  Este Midrash assenta no uso da palavra ‘zera’ (semente) – colectivo singular (palavra singular que representa uma entidade plural).

Exegése – V. 16

Gálatas 3:16 Ora, a Abraão e a seu descendente foram feitas as promessas; não diz: “E a seus descendentes”, como falando de muitos, mas como de um só: “E a teu descendente”, que é Cristo.

 A Torá consistentemente usa esta palavra no singular. Para Paulo, enquanto rabi, tinha de haver uma razão teológica e essa razão era que a palavra apontava para a derradeira semente de Abraão – o Messias.

 O termo ‘semente de Abraão’ não era equacionado com ‘Messias’ mas o termo ‘semente de David’ sim e correctamente. Paulo faz um paralelo entre estas duas expressões.

Exegése – V. 16

Gálatas 3:16 Ora, a Abraão e a seu descendente foram feitas as promessas; não diz: “E a seus descendentes”, como falando de muitos, mas como de um só: “E a teu descendente”, que é Cristo.

  E os rabis até estariam de acordo pois também eles fazem analogias (‘midrashim’) semelhantes:

Gén 4:25 – Tornou Adão a conhecer sua mulher, e ela deu à luz um filho, a quem pôs o nome de Sete; porque, disse ela, Deus me deu outro filho [outra semente – zerá] em lugar de Abel…

  “E ela chamou o seu nome Sete: pois Deus me deu outra semente, etc. R.Tanchuma disse no nome de Samuel Kozith: [Ela apontou para] aquela semente que surgiria de outra fonte, i.e. o rei Messias.” (Midrash Rabba sobre Génesis 4:25)

  Para Paulo o Messias é recipiente final das promessas dadas a Abraão à todos os que estão Nele, partilham as promessas dadas a Abraão

Exegése – V. 17

Gálatas 3:17 (KJA) Em outras palavras: A Lei, que veio quatrocentos e trinta anos depois, não anula a aliança previamente estabelecida por Deus, de maneira que venha a invalidar a promessa.

  Paulo procura demonstrar a sequência de eventos e a sua relação com as promessas dadas a Abraão:

 Abraão recebe a promessa do Concerto (Gén.12 e 15) antes do mandamento da circuncisão ser dado (Gén.17). É um Concerto unilateral dado pela graça de Deus.

  Se o Concerto com Abraão é um Concerto unilateral de Promessa dado pela graça de Deus e não como recompensa por algo que Abraão pudesse ter feito, o mandamento da circuncisão, que surge depois, não altera a natureza do Concerto. Tem de estar em sintonia com ela.

Exegése – V. 17

Gálatas 3:17 (KJA) Em outras palavras: A Lei, que veio quatrocentos e trinta anos depois, não anula a aliança previamente estabelecida por Deus, de maneira que venha a invalidar a promessa.

 Deus ratifica o Seu Concerto com Abraão – que inclui a Sua promessa à nações – 430 anos antes do Concerto do Sinai.

 O Concerto do Sinai, dado depois, não pode anular o Concerto com Abraão que inclui a promessa às nações.

 Deus não faz concertos à posteriori com o intuito de anular concertos e promessas que ele fez antes e que jurou por Si próprio à isso faria dEle mentiroso.

 De acordo com Paulo um concerto posterior não pode anular um concerto anterior (isto é teologia cristã).

Exegése – V. 17

Gálatas 3:17 (KJA) Em outras palavras: A Lei, que veio quatrocentos e trinta anos depois, não anula a aliança previamente estabelecida por Deus, de maneira que venha a invalidar a promessa.

 Concerto Abraâmico é unilateral.

 Concerto Moisaico é bilateral.

 A razão primária de todos os concertos era a vinda do Messias. Todos trabalham em conjunto para atingir esse fim.

  Paulo dá-se conta que se o Concerto com Abraão (cujo sinal era a circuncisão) dependesse da obediência de Abraão e sua descendência isso colocaria em causa a promessa do Messias. Poderia Deus ter feito a redenção da humanidade depender da obediência humana?

Exegése – V. 17

Gálatas 3:17 (KJA) Em outras palavras: A Lei, que veio quatrocentos e trinta anos depois, não anula a aliança previamente estabelecida por Deus, de maneira que venha a invalidar a promessa.

  “Abraão e a sua descendência foram escolhidos soberanamente por Deus para serem o povo do Seu concerto. Incluída no concerto dado a Abraão estava a promessa de bençãos para as nações (Gentios). Depreende-se portanto que também os Gentios são soberanamente escolhidos pela graça de Deus. Sugerir que a sua inclusão no concerto se baseava na sua obediência ao ritual rabínico do proselitismo é, portanto, contrário ao próprio concerto.”

(“A Study of Galatians”, Tim Hegg, pág.118)

Exegése – V. 18

Gálatas 3:18 Pois se da lei provém a herança, já não provém mais da promessa; mas Deus, pela promessa, a deu gratuitamente a Abraão.

 As promessas do Concerto Abraâmico não são dadas como recompensas pela obediência mas pela soberana graça de Deus. Dizer que as promessas eram recompensas é colocar a promessa do Messias e da salvação que Ele traz na dependência da obediência humana, o que vira o Concerto de pernas para o ar.

  “Paulo não diminui a Torá mas coloca-a no seu devido lugar dentro do plano de redenção Divino. A Torá conduz à fé e especificamente ao objecto da fé que é Yeshua. Como tal é boa e valiosa. Mas não é o meio de admissão no concerto. Tentar colocar a Torá neste papel é fazer dela algo que Deus nunca pretendeu e é, como tal, diminui-la e distorcê-la.” (“A Study of Galatians”, Tim Hegg, pág.119)

Exegése – V. 19 Gálatas 3:19 Logo, para que é a lei? Foi acrescentada por causa das transgressões, até que viesse o descendente a quem a promessa tinha sido feita; e foi ordenada por meio de anjos, pela mão de um mediador.

 Argumento de Paulo nos vers. anteriores – a herança das bençãos alcança-se:

1.  Por promessa (não por algo que façamos); 2.  Estando na semente (i.e. no Messias); 3.  Essa promessa não pode ser anulada ou modificada pela

subsequente dádiva da Torá.

  Paulo antecipa as perguntas da sua audiência: “Se a Torá não foi dada como um meio de entrar no Concerto, para que é que serve?”

  Paulo ensina que a Torá é não só necessária, como essencial.

Exegése – V. 19 Gálatas 3:19 Logo, para que é a lei? Foi acrescentada por causa das transgressões, até que viesse o descendente a quem a promessa tinha sido feita; e foi ordenada por meio de anjos, pela mão de um mediador.

  Este vers. é muitas vezes lido como se a Torá tivesse sido dada para tornar Israel culpada da sua transgressão. Mas a própria Torá não diz isso:

Deut.30:11-14 – a Torá não é difícil de cumprir;

Deut.30:6-... – YHWH circuncidará seus corações para que lhe obedeçam como Ele pretende;

Deut.30:15-... – A Torá é dada para que Israel vivesse.

 A desobediência de Israel acarretaria as maldições da Torá, mas não era este o seu propósito.

 O seu propósito é conduzir Israel nos caminhos da justiça.

Exegése – V. 19 Gálatas 3:19 Logo, para que é a lei? Foi acrescentada por causa das transgressões, até que viesse o descendente a quem a promessa tinha sido feita; e foi ordenada por meio de anjos, pela mão de um mediador.

  “foi acrescentada [à revelação dada no Concerto Abraâmico]” – para revelar o método de Deus lidar com as inevitáveis transgressões individuais e colectivas.

 Como deveriam os membros do concerto lidar com a transgressão?

 Arrependimento e aceitação do perdão divino pela dádiva graciosa de um substituto que pagasse o preço da transgressão no nosso lugar.

 O sacrifício que pagava o preço apontava para o Messias.

  “até que viesse o descendente a quem a promessa tinha sido feita” – Não que a Torá vigorasse até Yeshua mas sim que a revelação da Torá sobre a forma de Deus lidar com as transgressões culmina em Yeshua – Romanos 10:4.

Exegése – V. 19 Gálatas 3:19 Logo, para que é a lei? Foi acrescentada por causa das transgressões, até que viesse o descendente a quem a promessa tinha sido feita; e foi ordenada por meio de anjos, pela mão de um mediador.

  “foi ordenada por meio de anjos, pela mão de um mediador” – tem sido usado por comentadores cristãos para dizer que a Torá não teve origens divinas mas que, inclusivé, é o produto de poderes angélicos demoníacos.

Êx.31:19; Deut.31:10 – Tábuas escritas pelo dedo de Deus;

2Tim.3:16 – “Toda a Escritura Divinamente inspirada...”

Exegése – V. 19 Gálatas 3:19 Logo, para que é a lei? Foi acrescentada por causa das transgressões, até que viesse o descendente a quem a promessa tinha sido feita; e foi ordenada por meio de anjos, pela mão de um mediador.

  Pelo contrário, Paulo salienta a majestade e solenidade que acompanharam a dádiva da Lei, algo que é corroborado pelos Rabis e pelos Escritos Apostólicos:

  “Quando Ele sai para a batalha, Ele vai sozinho, pois está escrito ‘O Senhor é homem de guerra’ (Êx.15:3), mas quando Ele veio dar a Torá no Sinai, miríades [de anjos] O acompanhavam, pois está escrito ‘Os carros de Deus são miríades, milhares de milhares’ (Salmo 68:17)” (Midrash Rabba Êxodo 29:8)

  ...entre muitos outros escritos rabínicos

Actos 7:53; Hebreus 2:2

Exegése – V. 19 Gálatas 3:19 Logo, para que é a lei? Foi acrescentada por causa das transgressões, até que viesse o descendente a quem a promessa tinha sido feita; e foi ordenada por meio de anjos, pela mão de um mediador.

 Ao invés de rebaixar a Torá, Paulo eleva-a e exalta o seu papel como o veículo da revelação Divina no que toca à salvação, enfatizando o facto de que foi dada com grande majestade.

 O facto de ela não desempenhar um papel na nossa inclusão no Concerto de modo algum diminui o seu propósito.

Exegése – V. 20

Gálatas 3:20 Ora, o mediador não o é de um só, mas Deus é um só.

 Um mediador, por definição, é alguém que faz a ponte entre duas partes.

 O Concerto do Sinai é bilateral e carece de um mediador entre Deus e o Povo – Moisés. Já o Concerto Abraâmico sendo unilateral não carece de mediador.

  “mas Deus é um só” – Ele é o único capaz de cumprir o Concerto e, como tal, jurou por si próprio.

 Mais uma vez, um concerto posterior – Sinai – não pode anular ou alterar um Concerto anterior – Abraão – que, para mais, depende apenas da fidelidade e poder de Deus para o seu cumprimento à Deus jurou incluir os Gentios por via da Sua graça (promessa) não por via do proselitismo (transformando-os em Judeus).

Exegése – V. 20

Gálatas 3:20 Ora, o mediador não o é de um só, mas Deus é um só.

  Mas mais... A Torá é dada como auxiliar do Concerto Abraâmico. O seu propósito não é anulá-lo nem acrescentar requisitos mas sim assegurar o seu sucesso.

  Podemos equacionar:

  Concerto Abraâmico – Justificação

  Concerto Moisaico – Santificação

  Os influenciadores baralhavam estes dois conceitos: ensinavam que inclusão no Concerto (justificação) só podia ser alcançada aderindo à sua interpretação do Concerto Moisaico (santificação) – punham o carro à frente dos bois.

  A santificação é o resultado inevitável da justificação, não o meio de a obter.

Exegése – V. 21

Gálatas 3:21 É a lei, então, contra as promessas de Deus? De modo nenhum; porque, se fosse dada uma lei que pudesse vivificar, a justiça, na verdade, teria sido pela lei.

  Paulo esclarece: os seus ensinos sobre a Torá não devem ser entendidos como se a Torá e a Promessa estivessem em contradição

  “A resposta indica claramente que Paulo negaria a antítese entre lei e promessa que tantos inferem do versículo 20. Pelo contrário, o papel da lei é consistente com, e integrado, no da promessa.” (James Dunn, Galatians, pág.192)

  “...as promessas de Deus, que incluem bençãos, salvação, protecção e a vinda do Messias para cumprir todas estas coisas, não são de forma alguma distintas nem contrárias à Torá.” (Tim Hegg, A Study of Galatians, pág. 126)

Exegése – V. 21

Gálatas 3:21 É a lei, então, contra as promessas de Deus? De modo nenhum; porque, se fosse dada uma lei que pudesse vivificar, a justiça, na verdade, teria sido pela lei.

 As dificuldades surgem quando tentamos usar a Torá de uma forma que Deus nunca pretendeu, ou seja:

  Pensar que as nossas tentativas de obediência à Torá poderiam fazer expiação pelo nosso pecado;

  Pensar que um Gentio poderia entrar no Concerto com base na sua obediência à Torá (tanto Escrita como Oral).

  “lei que pudesse vivificar” – vida vivida no seio do Concerto, i.e., tendo os pecados perdoados e as bençãos de Deus. Por outras palavras o Novo Concerto de Jeremias 31.

Exegése – V. 21

Gálatas 3:21 É a lei, então, contra as promessas de Deus? De modo nenhum; porque, se fosse dada uma lei que pudesse vivificar, a justiça, na verdade, teria sido pela lei.

 O perdão dos pecados anda de mãos dadas com a Torá escrita no coração (mente) o que, claramente, é obra do Espírito.

  Tal obra do Espírito não é merecida mas é fruto da soberana graça de Deus.

 A mudança de um coração de pedra por um coração de carne – vivificar – é obra do Espírito. Deus nunca pretendeu que fosse esse o papel da Torá.

  “a justiça” – usa o artigo definido. Refere-se à mesma justiça que foi imputada a Abraão com base na sua fé (3:6), i.e. ‘justificação’ à vivificar.

Exegése – V. 21

Gálatas 3:21 É a lei, então, contra as promessas de Deus? De modo nenhum; porque, se fosse dada uma lei que pudesse vivificar, a justiça, na verdade, teria sido pela lei.

  “a justiça, na verdade, teria sido pela lei” - Caso tivesse sido essa a Sua intenção então a justificação teria sido pela Torá, mas nunca foi.

  A Torá, quando aplicada numa sociedade, produz justiça, mas não é dessa justiça que Paulo aqui fala, mas sim de justificação.

  Justificação é ser declarado justo pelo Rei de toda a Terra – ter o coração modificado para poder andar nos Seus caminhos e crescer em justiça perante Ele. Isto, a Torá não pode fazer pois nunca foi concebida com esse propósito.

  A Torá é dada a um povo já redimido, não com o propósito de alcançar a sua redenção

  A Torá orienta o povo no caminho em que deve andar – em direcção ao Messias. Destina-se a membros do Concerto; não é o meio de nos tornarmos membros.

Exegése – V. 22

Gálatas 3:22 Mas a Escritura encerrou tudo debaixo do pecado, para que a promessa pela fé em Jesus Cristo fosse dada aos que crêem.

  Todos os homens, independentemente de etnicidade, são pecadores e encontram-se debaixo da justa condenação da Lei. Pelos seus meios não têm como se libertar. A Torá não oferece solução para este problema.

  A única solução vem pelo perdão gracioso de Deus. É esta a promessa dada também aos Gentios: “por meio de ti e da tua descendência serão benditas todas as famílias da terra.”

  “pela fé em Jesus Cristo” – Paulo já havia demonstrado que a promessa se cumpre em Yeshua e, como tal, as bençãos do Concerto vêm apenas por Ele.

  As Escrituras demonstram que todos, independentemente de etnicidade, estão debaixo do pecado e apontam o caminho para o único modo aceitável de redenção desse pecado – Yeshua. Assim, a Torá opera em conjunto com a promessa dada a Abraão, para a cumprir.

Exegése – V. 23

Gálatas 3:23 Mas, antes que viesse a fé, estávamos guardados debaixo da lei, encerrados para aquela fé que se havia de revelar.

 No vers. anterior (22), Paulo personifica as Escrituras: foram elas que nos encerraram debaixo do pecado (metáfora) e não dotaram o homem da capacidade de alterar por si só, essa situação.

  “antes que viesse a fé” – não significa que tenha havido um tempo em que não houve fé e um ponto a partir do qual a fé tenha passado a existir. Paulo já citou Génesis 15:6 (3:6):

“Abrão creu em YHWH, e isso lhe foi creditado como justiça.”

‘Creu’ = ‘ter fé em Deus’

  Portanto, Paulo não pode estar a dizer aqui que antes de Yeshua vir não havia fé salvadora.

Exegése – V. 23

Gálatas 3:23 Mas, antes que viesse a fé, estávamos guardados debaixo da lei, encerrados para aquela fé que se havia de revelar.

  Que quer Paulo então dizer?

  “a fé” – com artigo definido – refere-se à fé em Yeshua como Messias Salvador, referida no versículo anterior, através da qual nos vêm as promessas do Concerto.

  Paulo inclui-se: ‘estávamos’ – houve uma altura em que Paulo, apesar do seu zelo pela Torá, estava desprovido desta fé salvadora. Tendo rejeitado Yeshua como o Messias, a Torá continuava a funcionar como guarda – apontando para Yeshua apesar dos olhos de Paulo estarem cegos para isso.

  A ideia aqui é que a Torá conduz o pecador para o Messias, o único que apresenta uma solução definitiva para o pecado.

  Para aqueles a quem o Espírito despertava e abria os olhos para entenderem as Escrituras, a ‘fé’ estava mesmo ao virar da esquina, prestes a revelar-se.

Exegése – V. 24-26

Gálatas 3:24-26 De modo que a lei se tornou nosso aio, para nos conduzir a Cristo, a fim de que pela fé fôssemos justificados. 25 Mas, depois que veio a fé, já não estamos debaixo de aio. 26 Pois todos sois filhos de Deus pela fé em Cristo Jesus.

  “Paulo emprega agora a metáfora do pedagogo (Gr.paidagogos) para explicar este papel da Torá. A tradução ‘tutor’ não é a melhor. A palavra paidagogos significa literalmente ‘um líder de rapazes. A imagem é a de um escravo que conduz um rapaz de e para a escola.’ Ele não era um professor, mas um guardião que levava o rapaz ao seu professor. É este o papel da Torá que Paulo aqui quer enfatizar. Não é o único papel, note-se, mas aquele que melhor se encaixa no presente argumento de Paulo. Assim, a Torá tinha guarda sobre Israel e todos os que se lhe juntassem para os conduzir a Yeshua em quem há justificação pela fé. Como um rapaz numa sociedade hostil que precisava de ser protegido quando ia ter com o seu professor, também Israel, rodeada pelo paganismo e idolatria..., precisava da Torá para a guardar e a conduzir ao seu Messias. Eis aqui portanto uma surpreendente afirmação de Paulo: um dos papéis da Torá é ensinar justificação pela fé.” (Tim Hegg, A Study of Galatians, pág.130)

Exegése – V. 24-26

Gálatas 3:24-26 De modo que a lei se tornou nosso aio, para nos conduzir a Cristo, a fim de que pela fé fôssemos justificados. 25 Mas, depois que veio a fé, já não estamos debaixo de aio. 26 Pois todos sois filhos de Deus pela fé em Cristo Jesus.

http://www.dicionarioinformal.com.br/significado/aio/3329/

Significado de Aio:

A palavra "aio" vem de uma palavra grega que quer dizer, literalmente, "uma pessoa que conduz uma criança".

Exemplo do uso da palavra Aio:

No periodo do Imperio Romano, eles eram servos responsáveis pela proteção dos filhos de seus senhores, levando-os para a escola, corrigindo-os, etc. Não foram os professores, nem os pais, mas serviam para cuidar da criança. É claro que esta função foi temporária. Quando o filho chegou à maioridade, não estava mais sujeito ao aio.

Exegése – V. 24-26

Gálatas 3:24-26 De modo que a lei se tornou nosso aio, para nos conduzir a Cristo, a fim de que pela fé fôssemos justificados. 25 Mas, depois que veio a fé, já não estamos debaixo de aio. 26 Pois todos sois filhos de Deus pela fé em Cristo Jesus.

  “depois que veio a fé, já não estamos debaixo de aio” – Os crentes Gentios já tinham chegado ao professor (Yeshua). Já não precisavam que a Torá agisse como aio para os conduzir até lá. A Torá, para eles, já não tinha esta função.

  Mas a Torá continua a funcionar como aio (mesmo hoje) para aqueles que ainda não chegaram ao professor.

  Mas quando chegamos ao professor, certamente não desprezamos o aio que nos conduziu até ele. Pelo contrário, estamos-lhe gratos por ter desempenhado bem o seu papel.

  “todos sois” – Paulo dirige-se agora particularmente aos Gálatas dizendo que eles, pela fé em Yeshua, são tão membros do Concerto quanto os Judeus que creram.

Exegése – V. 27

Gálatas 3:27 Porque todos quantos fostes batizados em Cristo vos revestistes de Cristo.

  “batizados” – do heb. Mikvah – Nos Judaísmos do tempo de Paulo a mikvah era parte do processo de Conversão Ritual ou proselitismo.

 Marcava uma mudança de status de um estado de impureza ritual para um estado de pureza ritual.

  Funcionava na perfeição para demonstrar metaforicamente a mudança de estatuto para aqueles que colocavam a sua fé em Yeshua. A imersão simbolizava a remoção do pecado pela aceitação do sacrifício de Yeshua.

 A imersão em nome de Yeshua manifestava publicamente a fé do imersor. Daí Paulo poder referenciar o baptismo dos Gálatas como prova da sua fé em Yeshua e da sua entrada no Concerto.

Exegése – V. 27

Gálatas 3:27 Porque todos quantos fostes batizados em Cristo vos revestistes de Cristo.

  “vos revestistes de Cristo” – mais uma vez linguagem metafórica. A ideia é a de vestir roupas limpas – imagem usada no Tanach: Isaías 61:10; Zacarias 3:1-5

 Vestirmo-nos de Cristo é remover trajos imundos com pecado e vestir trajos limpos de justiça e santidade.

 Os influenciadores negavam a eficácia desta identidade com Cristo aparte das “obras da lei” (proselitismo). Faziam com que a identidade dos Gentios e a sua aceitação no Concerto deixasse de ser em Cristo para passar a ser com base na aceitação de homens. Isto Paulo não podia permitir.

Exegése – V. 28

Gálatas 3:28 Não há judeu nem grego; não há escravo nem livre; não há homem nem mulher; porque todos vós sois um em Cristo Jesus.

 Conclusão sonante de Paulo para esta secção. No que toca a ser justificado pelo Todo-Poderoso, o nosso estatuto étnico, económico ou o nosso género, não fazem qualquer diferença.

 A única forma de sermos declarados justos é pelo sacrifício de Yeshua.

  “grego” – não por nacionalidade mas sim ‘não-judeu’.

 Mas porquê estes três grupos?

Exegése – V. 28 Gálatas 3:28 Não há judeu nem grego; não há escravo nem livre; não há homem nem mulher; porque todos vós sois um em Cristo Jesus.

Orações da Manhã (m.Berchot 3.3; 7.2)

  Mulheres, escravos e menores estavam isentos da participação nas orações.   A explicação é dada que estes grupos, estando isentos de alguns dos mandamentos dados a varões J u d e u s l i v r e s , s ã o m e n o s afortunados. Ser um varão Judeu livre é um privilégio na medida em que lhes foi dado um maior número de mandamentos.   Paulo lista-os na mesma ordem. No Talmude estas bençãos datam de 150 A.D. mas é provável que já existissem ao tempo de Paulo.

Exegése – V. 28

Gálatas 3:28 Não há judeu nem grego; não há escravo nem livre; não há homem nem mulher; porque todos vós sois um em Cristo Jesus.

  Este versículo não serve para advogar igualdade de funções entre homens e mulheres, por exemplo.

  1Cor.14:34-35 - Mulheres devem permanecer em silêncio em determinadas situações.

  1Tim.2:11-14 – Mulheres não devem deter cargos de autoridade e ensino nas congregações.

  Efésios 6:5-6; Col.3:22; 1Tim.6:1 – Servos devem obedecer aos seus senhores.

  Col.4:1 – Senhores devem tratar os seus servos com equidade.

  O que está em causa aqui não é função mas sim entrada no povo de Deus e ser justificado perante o Todo-Poderoso.

Exegése – V. 29

Gálatas 3:29 E, se sois de Cristo, então sois descendência de Abraão, e herdeiros conforme a promessa.

  Paulo apresenta a sua conclusão – o nosso estatuto neste mundo não é garante de recebermos a graça de Deus.

  Os Gálatas são receptores das bençãos dadas à descendência de Abraão porque partilham a mesma fé com Abraão. Não obtêm as bençãos por linhagem física mas por promessa – a promessa abençoaria as nações na semente de Abraão, i.e. no Messias.

  “se sois de Cristo” – é a chave. Se estamos em Cristo somos contados como descendência de Abraão.

  Não é dizer que todos os que descendem fisicamente de Abraão não são seus descendentes até exercerem fé no Messias, mas...

  Todos os que são verdadeiramente descendentes de Abraão, serão participantes da sua fé (v.7).

Exegése – V. 29

Gálatas 3:29 E, se sois de Cristo, então sois descendência de Abraão, e herdeiros conforme a promessa.

  “herdeiros conforme a promessa” – significa ‘herdeiros pela fé naquele que estava prometido – o Messias’.

  Tal como a promessa de um filho a Abraão – Isaac – se realizou por intervenção divina, também a filiação dos crentes Gentios não se realizou pela carne mas pela obra soberana de Deus nas suas vidas – pelo Espírito que gerou arrependimento e fé.

  Paulo garante aos Gálatas que eles já são o que tanto desejavam ser – membros do Povo de Deus. Já pertencem a Israel e não há distinção entre eles e o Israelita natural.

Exegése – V. 29

Gálatas 3:29 E, se sois de Cristo, então sois descendência de Abraão, e herdeiros conforme a promessa.

 A fé dos Gálatas faz deles herdeiros. Mas herdeiros de quê?

 Da Torá e seus padrões de vida pessoal e comunitária;

 Do Shabbat e da sua alegria – dia dedicado à fidelidade e amor Divinos;

 Das Solenidades – revelam a salvação e a promessa da Sua habitação entre nós;

 Dos Profetas e seu chamamento a uma vida humilde de fé; e, por último,

 De Yeshua, nosso Messias, que nos amou e se ofereceu em nosso lugar.

 Ou seja, estão totalmente integrados no Povo de Israel.

Resumo

  Paulo continua a apresentar o seu argumento principal aos Gálatas: Vocês já foram aceites na Família de Deus. Não precisam da aceitação dos homens para serem parte de Israel.

 Ao contrário das promessas vazias da Conversão Ritual (também conhecida por “circuncisão” ou “jugo da lei”) – só o Messias é que nos pode enxertar na raiz, Israel.

 A Torá nunca foi dada como meio par nos tornarmos parte da comunidade do Concerto. Foi dada para revelar o Messias e a Sua justiça. E ainda o faz…

  Lucas 16:31; João 5:46-47: Ainda o faz … Os que ensinam a abolição da mais pequena parte da Torá estão a ocultar o Messias de Israel. Serão chamados os menores no Reino dos Céus (Mateus 5:19).