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NIVELAMENTO DE LIBRAS BÁSICO I ETAPA 1 O QUE É LIBRAS?

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NIVELAMENTO DELIBRAS BÁSICO I

ETAPA 1O QUE É LIBRAS?

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CENTRO UNIVERSITÁRIOLEONARDO DA VINCI

Rodovia BR 470, Km 71, nº 1.040, Bairro Benedito

89130-000 - INDAIAL/SC

www.uniasselvi.com.br

Curso sobre Nivelamento de Libras Básico ICentro Universitário Leonardo da Vinci

OrganizaçãoAna Clarisse Alencar Barbosa

(Coord. de Pedagogia, Educação Especial e Letras-Libras)

AutoraFabiana Schmitt Corrêa

Reitor da UNIASSELVIProf. Hermínio Kloch

Pró-Reitoria de Ensino de Graduação a DistânciaProf.ª Francieli Stano Torres

Pró-Reitor Operacional de Ensino de Graduação a DistânciaProf. Hermínio Kloch

Diagramação e CapaRenan Willian Pacheco

RevisãoHarry Wiese

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LIBRAS BÁSICO I

“Quando eu aceito a língua de outra pessoa eu aceitei a pessoa... Quando eu rejeito a língua, eu rejeitei a pessoa, porque a língua é parte de nós mesmos... Quando

eu aceito a Língua de Sinais eu aceito o surdo, e é importante ter sempre em mente que o surdo tem o direito de ser surdo...”. (TERJE BASILIER, psiquiatra norueguês)

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CAPÍTULO 1

1. O QUE É LIBRAS

Libras (Língua Brasileira de Sinais) é, segundo a Lei nº 10.436/2002, “Art. 1o É reconhecida como meio legal de comunicação e expressão a Língua Brasileira de Sinais – Libras e outros recursos de expressão a ela associados”.

A necessidade de conhecer e aprender essa língua também se deve ou até, se agradece, às legislações que incentivam a implementação de políticas acessíveis, que incitam a disseminação da língua para garantia de oportunidades. Uma delas nós apresentamos acima, mas também é valioso o Decreto nº 5.626/2005, que confere a inclusão social em diferentes espaços.

Vamos conversar um pouco sobre essa língua, que é de modalidade espaço-visual, diferente do que estamos habituados a perceber, que são as línguas orais-auditivas. Para iniciar nossa reflexão, apresentamos algumas observações realizadas por Gesser (2009). Quando se fala em Libras, é comum pessoas a entenderem como uma língua universal, independentemente do país no mundo, os surdos falariam a mesma língua. Outra questão comum trazida pela autora no contexto atual é a crença de que Libras é uma língua simplificada, que se baseia em ‘escrever’ com as letras do alfabeto a informação, são gestos e mímicas que não conseguem realizar uma comunicação complexa, intensa.

A autora destaca em seu livro que, enquanto Língua, possui gramática própria, semelhante às línguas orais, embora a exploração seja realizada através dos gestos. Há três parâmetros constituintes na língua de sinais: configuração da mão, ponto de articulação ou locação e movimento (CM, PA ou L e M). (GESSER, 2009). Os parâmetros mencionados serão posteriormente discutidos.

Então temos uma língua, que para surpresa de muitos é estruturada com gramática própria, com itens lexicais, morfológicos, sintáticos e semânticos, logo não é a gestualização do português.

Já temos algumas informações que nos auxiliarão a compreender e aprender mais sobre essa língua diferente e tão instigante. Mas, antes de continuar a aprofundar Libras, conheceremos um pouco sobre sua história no mundo e no Brasil.

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1.1. HISTÓRIA DA LÍNGUA DE SINAIS NO MUNDO

“Eu não quero explicar o passado nem adivinhar o futuro. Eu só quero entender o presente”.

Jorge Luis Borges

No ano de 1755, o abade Charles Michel de l’Épée deu início ao que foi um marco na educação de surdos no mundo, bem como na comunicação. Começou a ensinar surdos a associar palavras a figuras, ensinando-os a ler.

No ano de 1865, os Estados Unidos fundaram a primeira instituição de ensino superior para surdos, a Gallaudet University, em Washington (EUA).

FIGURA 1 - GALLAUDET UNIVERSITY

FONTE: Disponível em: <https://www.thinglink.com/scene/492384048933502978>. Acesso em: 10 abr. 2017.

Um marco na história da língua de sinais no mundo ocorreu em um congresso, que se dedicava a escolher a melhor forma de educar surdos, logo envolvia a língua que seria usada. Foi o Congresso Internacional de Surdo-Mudez (Milão – Itália) em 1880, onde votaram entre alguns métodos de ensino para os surdos, sendo escolhido então o oralismo puro, sem nenhum gesto ou sinal, pois se acreditava, então, que a língua de sinais contribuía para que os surdos ficassem preguiçosos para a fala, então esta foi proibida. Interessante é saber que entre os 169 representantes que votaram, somente cinco foram contra a escolha. Os que decidiram sobre a vida dos surdos eram ouvintes.

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1.2 HISTÓRIA DA LIBRAS NO BRASIL

A autora Albres (2005), em publicação pela Editora Arara Azul, apresenta achados sobre a história da Libras no Brasil. Ela aponta que a origem é baseada na Língua de Sinais Francesa, considerando que quem iniciou os trabalhos no Brasil em relação à língua foi um professor francês, Eduardo Huet, com o assentimento do imperador D. Pedro II, e o objetivo da sua vinda era a escola para surdos, desde então no Rio de Janeiro – o “Imperial Instituto dos Surdos-Mudos”, atualmente “Instituto Nacional de Educação de Surdos”, INES. Atualmente é órgão do Ministério da Educação – MEC.

A seguir, imagens de como era e como está hoje:

FIGURA 2 - Instituto Nacional de Educação de Surdos

FONTE: Disponível em: <https://diversidadeemcomunicar.wordpress.com/tag/libras> e <http://inclusaodossurdos.blogspot.com.br>. Acesso em: 10 abr. 2017.

Os surdos passaram por várias formas de serem percebidos em nossa sociedade. Strobel (2009) apresenta de maneira clara no quadro a seguir, indicando o processo que passou a língua de sinais até ser considerada oficial:

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Historicismo História Crítica História Cultural

Os surdos narrados como deficientes e patológicos

Os surdos são categorizados em graus de surdez

A educação deve ter um caráter clinico terapêutico e de reabilitação

A língua de sinais é prejudicial aos surdos

Os surdos narrados como ‘coitadinhos’ que precisam de ajuda para se promoverem, se integrar

Os surdos têm capacidades, mas dependentes

A educação como caridade, surdos ‘precisam’ de ajuda para apoio escolar, porque têm dificuldades de acompanhar

A língua de sinais é usada como apoio ou recurso

Os surdos narrados como sujeitos com experiências visuais

As identidades surdas são múltiplas e multifacetadas

A educação de surdos deve ter respeito à diferença cultural

A língua de sinais é a manifestação da diferença linguística- cultural relativa aos surdos

QUADRO 1 – QUADRO HISTÓRICO REPRESENTATIVO

FONTE: História da Educação de Surdos, (p. 32, 2009)

Foram anos até o reconhecimento do sujeito surdo e da língua de sinais. O reconhecimento da língua de sinais somente ocorreu em 2002, do sujeito surdo é sabido que no contexto atual ainda são percebidos por muitos como pessoas dignas de pena, sem capacidade e sem potencial de aprendizagem, infelizmente. Mas há que se comemorar as muitas mudanças e conquistas pelos surdos, desde os achados históricos.

FIGURA 3 – LINHA DO TEMPO

FONTE: Rev. Bras. Educ. (2015)

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É fato que muita coisa mudou na vida das pessoas surdas a partir no reconhecimento da Libras e das legislações acerca da acessibilidade. Desde então, o que parecia absurdo aconteceu. Os surdos não precisavam mais sentar sobre as mãos para evitar que sinalizassem, ou escondê-las se estivessem em lugares públicos, até mesmo levar reguadas se fizessem algum gesto em sala de aula.

A ideia de termos dois mundos, do ouvinte e do surdo, também já é uma divisão que gradativamente vem diminuindo. Hoje não se precisa mais ter receio de ingressar no mercado de trabalho, disfarçar a surdez, e para a alegria de muitos, temos legenda, acesso às informações em boa parte das emissoras. Professores não repreendem alunos surdos por sinalizarem e principalmente, crianças surdas têm acesso à educação na sua cidade, próximo as suas residências, não precisam se deslocar a outro estado e passar muito tempo longe da sua família para receber ‘uma educação adequada’. Estamos em tempos melhores!

2. PARÂMETROS DA LIBRAS

Antes da década de 1960, não se tinha conhecimento acerca da existência da decomposição das línguas de sinais em partes menores. As pesquisas do linguista americano Stokoe identificaram de maneira muito clara que as línguas de sinais, bem como em línguas orais, se segmentavam em partes menores, quando isoladas não apresentavam significado algum, conhecidas como fonemas.

No princípio, eram conhecidas como ‘quiremas’ e, com o avançar das investigações, os pesquisadores passaram a chamar essas partes menores pelo termo fonema (QUADROS; KARNOPP, 2004). As autoras ainda acrescentam que Libras, bem como outras línguas de sinais, têm sua produção prioritariamente nas mãos, mas há movimentos de corpo e face, que têm suas funções específicas.

As pesquisas atuais indicam que se encontram cinco parâmetros na Língua de Sinais: configuração de mão, ponto de articulação, movimento, orientação de palma e as expressões. Para colaborar com o entendimento acerca desses parâmetros, seguem imagens ilustrativas com sentenças explicativas:

Configuração de mão – sinais iguais, que se diferenciam pela configuração da mão, ou seja, como está a forma da mão. Em relação às configurações de mão, temos hoje 62 identificadas:

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FIGURA 4 – CONFIGURAÇÕES DE MÃOS

FONTE: Disponível em: <http://tertuliasdelibras.blogspot.com.br>. Acesso em: 4 abr. 2017.

Seguem exemplos clarificando a diferença da configuração na execução do sinal:

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Ponto de Articulação – lugar no corpo onde acontecera o sinal. Segundo Quadros e Karnopp (p. 57, 2004): “[...] o espaço de enunciação é uma área que contém todos os pontos dentro do raio de alcance das mãos em que os sinais são articulados”.

FONTE: Disponível em: <http://www.libras.ufsc.br/colecaoLetrasLibras/eixoFormacaoEspecifica/linguaBrasileiraDeSinaisIII/assets/263/figura1.png>. Acesso em: 4 abr. 2017.

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FIGURA 5 – ESPAÇO DE REALIZAÇÃO E AS QUATRO ÁREAS PRINCIPAIS DE ARTICULAÇÃO DOS SINAIS

FONTE: Quadros; Karnopp (2004, p. 57)

Ainda em relação ao espaço apresentado nas figuras acima, as autoras destacam que:

O espaço de enunciação é um espaço ideal, no sentido de que se considera que os interlocutores estejam face a face. Pode haver situações em que o espaço de enunciação seja totalmente reposicionado e/ou reduzido; por exemplo, se um enunciador A faz sinal para B, que está à janela de um edifício, o espaço de enunciação será alterado. O importante é que, nessas situações, os pontos de articulação têm posições relativas àquelas da enunciação ideal (QUADROS; KARNOPP, 2004, p. 57).

A seguir, descrições de locações:

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Cabeça TroncoTopo da cabeça

TestaRosto

Parte superior do rostoParte inferior do rosto

OrelhaOlhosNarizBoca

BochechasQueixo

PescoçoOmbroBusto

EstômagoCintura

BraçosBraço

AntebraçoCotovelo

PulsoMão Espaço neutro

PalmaCostas das mãos

Lado do indicadorLado do dedo mínimo

DedosPonta dos dedosDedo mínimo

AnularDedo médio

IndicadorPolegar

QUADRO 2 – DESCRIÇÕES DE LOCAÇÕES

FONTE: Quadros; Karnopp (2004, p. 58)

Uma curiosidade interessante: a mudança de um lugar pode modificar o significado do sinal, como no exemplo a seguir:

A mudança parece ser mínima, mas o suficiente para termos outro significado, testa – aprender e queixo – sábado.

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Temos ainda sinais não ancorados no corpo, são realizados no espaço neutro, como no exemplo a seguir.

Movimento – É o movimento realizado pelas mãos do enunciador no espaço. É um parâmetro complexo que pode envolver formas e direções diferentes (QUADROS; KARNOPP, 2004, p. 54).

As autoras destacam ainda que, nas línguas de sinais, as mãos de quem sinaliza representam o objeto e o espaço que utilizamos nesse momento é nossa área de enunciação.

Interessante observar, de acordo com Quadros e Karnopp (p. 56, 2004), características próprias desse parâmetro, sendo descritas por elas segundo Ferreira-Brito (1990):

Categorias do parâmetro movimento na língua de sinais brasileira (FERREIRA-BRITO, 1990)

TIPO Contorno ou forma geométrica: retilíneo, helicoidal, circular, semicircular, sinuoso, angular, pontual; Interação: alternado, de aproximação, de separação, de inserção, cruzado; Contato: de ligação, de agarrar, de deslizamento, de toque, de esfregar, de riscar, de escovar ou de pincelar; Torcedura do pulso: rotação, com refreamento; Dobramento do pulso: para cima, para baixo; Interno das mãos: abertura, fechamento, curvamento e dobramento (simultâneo/ gradativo)

DIRECIONALIDADE Direcional- Unidirecional: para cima, para baixo, para direita, para esquerda, para dentro,

para fora, para o centro, para lateral inferior esquerda, para lateral inferior direita, para lateral superior esquerda, para lateral superior direita, para específico ponto referencial;

- Bidirecional: para cima e baixo, para esquerda e direita, para dentro e fora, para laterais opostas – superior direita e inferior esquerda;

Não direcional

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MANEIRA Qualidade, tensão e velocidade - contínuo; - de retenção; - refreado.FREQUÊNCIA Repetição - simples; - repetido.

O parâmetro movimento pode alterar o significado do sinal, abaixo um exemplo:

Orientação de Palma – é para onde se mostra a palma da mão na execução do sinal.

FONTE: Quadros e Karnopp (2004, p. 59)

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FONTE: Quadros e Karnopp (2004, p. 60)

FONTE: Quadros e Karnopp (2004, p. 60)

Expressões – enquanto sinalizamos, articulamos os sinais, indicamos expressões faciais e corporais, movimentamos nosso corpo, ou face, ou cabeça e olhos, movimentos do corpo, da face, da cabeça e dos olhos. Observe o movimento de cabeça no primeiro sinal.

FONTE: CAPOVILLA; RAPHAEL (2001)

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Sobre as expressões, devemos ainda destacar a existência de expressões afetivas e as gramaticais. Vejamos a diferença entre elas:

Expressões afetivas indicam nosso estado emocional, afetivo no momento da sinalização, são as famosas caretas que fazemos enquanto sinalizamos, mas que estão presentes também durante a conversa entre pessoas ouvintes na língua oral.

Já as expressões gramaticais indicam nos adjetivos o grau de intensidade, também

se afirmo, se interrogo, se exclamo uma afirmação, se é relativo. Mas posteriormente serão explicadas com mais ênfase.

3. ALFABETO MANUAL

São 26 letras do alfabeto manual, que estão também inseridas no montante das configurações de mãos apresentadas anteriormente.

Para iniciar falando sobre o alfabeto manual, segue uma imagem ilustrativa:

FIGURA 6 – ALFABETO MANUAL

FONTE: Disponível em: <http://1.bp.blogspot.com/_mobhLXJIvbI/SXxWsaHPI/AAAAAAAAACc/04kwG8XAdXA/s320/Alfabeto+de+Libras.GIF>. Acesso em: 4 abr. 2017.

Para falar sobre esse tema, às vezes banalizado, apresentamos a elucidação acerca do alfabeto manual, apresentada por Leite (2004), destacando que ele é utilizado em algumas situações, para nomes próprios, palavras estrangeiras, de lugares e apelidos, para facilitar em muitas situações o entendimento de um sinal não compreendido.

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Destacamos outras observações interessantes que podemos fazer acerca do alfabeto manual. A autora Gesser (2009, p. 27-28) aponta que:

[...] o alfabeto manual tem uma função de interação entre os usuários da língua de sinais. Lança-se mão desse recurso para soletrar nomes próprios de pessoas ou lugares, siglas, e algum vocábulo não existente na língua de sinais que ainda não tenha sinais. Podemos ainda acrescentar que é um recurso para auxiliar também pessoas não fluentes, mas iniciantes no processo comunicacional em Libras.

Para muitos, o alfabeto manual era a base para a formação de sinais, o que é incorreto, uma vez que observamos vários sinais sendo produzidos com configurações que não são oriundas do alfabeto manual, por exemplo, os sinais NAMORAR, PRETO, FRIO não são sinalizados com letras do alfabeto.

Diferentemente de sinais como VERDE, IMPORTANTE, AZUL, que, além de fazerem uso de letras do alfabeto manual, também são considerados um empréstimo linguístico, pois fazem uso da sinalização de letras oriundas da Língua Portuguesa, bem como os ouvintes, ao falarem PEN-DRIVE, também estão realizando um empréstimo linguístico. Outra curiosidade: assim como as línguas de sinais, o alfabeto manual é característico de cada país.

FIGURA 7 – ALFABETO MANUAL DE OUTROS IDIOMAS

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FONTE: Disponível em: <http://enflibras.blogspot.com.br/2009/03/alfabeto-manual-em-varios-idiomas-na.html>. Acesso em: 4 abr. 2017.

As diferenças observadas nos alfabetos nos auxiliam a compreender que as línguas de sinais também são próprias de cada país, não são universais.

Segue um recorte do texto de Bisol e Valentini (2011, s.p.), no artigo referente ao Alfabeto Manual, quando trazem equívocos comuns relacionados ao desconhecimento acerca da comunidade surda:

a) achar que o alfabeto manual é a própria língua de sinais: o alfabeto manual permite soletrar palavras específicas e complementa a utilização da língua de sinais. Esta, por sua vez, possui uma estrutura tão complexa quanto qualquer língua oral (Língua Portuguesa, Língua Inglesa, etc.). b) achar que utilizando o alfabeto manual não será necessário aprender a língua de sinais: a língua de sinais possibilita aos surdos uma forma de comunicação viva, rica, aberta, como qualquer língua. Assim, para um surdo que cresceu tendo como sua primeira língua a língua de sinais, a língua oral do país onde ele vive (do grupo ouvinte majoritário) será para ele como uma segunda lín-gua: ele a conhece – uns a conhecem mais do que outros, ele é capaz de ler com fluência (novamente, uns mais fluentes do que outros), mas não é a sua forma preferencial de comunicação. Por isso, um intérprete de língua de sinais traduzirá da língua oral em questão – Português, por exemplo, para Libras, e somente utilizará o alfabeto manual nos casos mencionados anteriormente. c) achar que a leitura labial será suficiente para que o surdo entenda o que diz um ouvinte: é verdade que a leitura labial pode ser um recurso utilizado pelos surdos no contato com ouvintes, principalmente com ouvintes que não conhecem a língua de sinais. Porém é importante saber que existem dificuldades

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relacionadas, entre outras questões, à identificação de palavras, à visibilidade dos sons nos lábios, homofonias, manutenção constante do foco no rosto do interlocutor, compreensão do contexto e integração de elementos verbais e não verbais. Portanto, a leitura labial auxilia, mas não garante por si só que haja compreensão.

Enfim, vários foram os argumentos acerca da importância do alfabeto manual. Lembrando que é importante que se aprenda, mas não é garantia de comunicação com sujeito surdo.

Agora, mãos à obra! Assista aos vídeos complementares a esta etapa, cujos sinais iremos aprender neste capítulo, a fim de auxiliar você a compreender melhor a execução dos sinais.

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AUTOATIVIDADE

1 - Vamos treinar a soletração! Assista ao vídeo, cujo link segue, e depois traduza o que compreendeu, inserindo a resposta aqui:

Link do vídeo: <https://www.youtube.com/watch?v=6EYVQfE7Wgk&t=18s>.

Traduza o que você visualizou:__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Dicionário de sinais:MEU

NOME

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IDADE

QUAL SEU

NOME?

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ONDE VOCÊ

MORA?

QUAL SEU ENDEREÇO? (Sinalizamos: qual nome da sua rua)

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CIDADE

BLUMENAU

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POMERODE GASPAR

INDAIAL TIMBÓ

FLORIANÓPOLIS

2 VEZES

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LIBRAS BÁSICO I

BRUSQUE

2 VEZES

Para conhecer mais cidades, acesse o vídeo: <https://www.youtube.com/watch?v=Cl5xszJWapg>.

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REFERÊNCIAS

ALBRES, Neiva de Aquino. Disponível em: <http://www.editora-arara-azul.com.br/pdf/artigo15.pdf>. Acesso em: 23 fev. 2017.

ALFABETO MANUAL. Disponível em: <http://1.bp.blogspot.com/_mobhLXJIvbI/SXxWsaHPI/AAAAAAAAACc/04kwG8XAdXA/s320/Alfabeto+de+Libras.GIF>. Acesso em: 22 fev. 2017.

ALFABETOS MANUAIS DE OUTROS PAÍSES. Disponível em: <http://enflibras.blogspot.com.br/2009/03/alfabeto-manual-em-varios-idiomas-na.html>. Acesso em: 22 fev. 2017.

BISOL, C. A.; VALENTINI, C. B. O alfabeto manual. Objeto de Aprendizagem Incluir – UCS/FAPERGS, 2011. Disponível em: <http://www.grupoelri.com.br/Incluir/downloads/OA_SURDEZ_Alfabeto_Manual_Texto.pdf>. Acesso em: 22 fev. 2017.

CAPOVILLA, Fernando César; RAPHAEL, Walquíria Duarte. Dicionário Enciclopédico Ilustrado Trilíngue LIBRAS. Vol. I e II. São Paulo: USP, 2001.

DICIONÁRIO AURÉLIO. Disponível em: <https://dicionariodoaurelio.com>. Acesso em: 22 fev. 2017.

GESSER, Audrei. LIBRAS? Que língua é essa? Crenças e preconceitos em torno da língua de sinais e da realidade surda. São Paulo: Parábola, 2009.

IMAGEM CONFIGURAÇÃO DE MÃOS. Disponível em: <http://www.libras.ufsc.br/colecaoLetrasLibras/eixoFormacaoEspecifica/linguaBrasileiraDeSinaisIII/assets/263/figura1.png>. Acesso em: 22 fev. 2017.

LEITE, Emeli Marques Costa. Os papéis do intérprete de Libras na sala de aula inclusiva. Coleção Cultura e Diversidade. Rio de Janeiro: Editora Arara Azul, 2004.

O ALFABETO MANUAL. Disponível em: <http://www.grupoelri.com.br/Incluir/downloads/OA_SURDEZ_Alfabeto_Manual_Texto.pdf>. Acesso em: 22 fev. 2017.

QUADROS, Ronice Müller; KARNOPP, Lodenir Becker. Língua de sinais brasileira. Estudos Linguísticos. Porto Alegre: Artmed, 2004.

REVISTA BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-24782015000100167#>. Acesso em: 22 mar. 2017.

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LIBRAS BÁSICO I

STROBEL, Karin. História da educação de surdos. Universidade Federal de Santa Catarina – Licenciatura em Letras – LIBRAS (EAD). Florianópolis: UFSC, 2009.

TESE DE MESTRADO: Disponível em: <file:///c:/users/mgbsantos/downloads/dissertacao_de_mestrado_tarcisio_leite-usp.pdf>. Acesso em: 22 fev. 2017.

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