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Page 1: Liberdade Repensar detrabalhar · PDF filechinesa em bu (Anchie ta–enig-maticamente cancelada. m meados do século passado o mer-cado do Japão para minério teve um papel central

OPINIÃO15TERÇA-FEIRA, 21 DE ABRIL DE 2015 A GAZETA

Liberdadede trabalhar

Gutman Uchôa de MendonçaEscreve aos sábados e às terças-feiras neste espaçoSite: www.uchoademendonca.jor.br

Donos de bares da Serra vão ingressar na Justiçapara trabalhar até mais tarde. É preciso que apolícia busque os bandidos que andam armados

Em qualquer parte do mundo ondereine a liberdade, as pessoas são livrespara produzir, desde que respeitem asleis, a ordem constituída. Nunca se tevenotícia, no mundo livre, onde reina aliberdade individual, de o sujeito serobrigado a produzir, a colocar em exe-cução seus dons mercantis ou criativospara se estabelecer, mesmo que sejapara produzir batatas, uma das ati-vidades agrícolas mais difíceis, apri-morada durante dezenas de anos.

O dono de uma propriedade rural, noBrasil, não arma um galinheiro, umapocilga em área, pormais remota que seja,sem pedir licença, semacertar contas com a Vi-gilância Sanitária, o Idafe outros órgãos burocrá-ticos criados pelo gover-no para atormentar suaexistência. Para montaruma indústria, um sim-ples boteco para vendercaldo de cana e pastéis,tem que, primeiro, con-tratar os serviços profis-sionais de um contador eum despachante.

Na prefeitura de modesto município,com muito “amaciante”, um empreen-dedor consegue liberar uma licença paraobra ou montar um empreendimento emsofridos quatro anos. Ele jamais se li-vrará dos formidáveis fiscais municipais,do Ministério do Trabalho, da Previ-dência Social, do Ibama, do Iema e odiabo a quatro, até o final de seus dias.

Agora mesmo donos de bares do mu-nicípio da Serra vão ingressar na Justiçapara trabalhar até mais tarde. É precisodizer que a Serra é um dos mais vio-lentos do Brasil. As autoridades mu-nicipais e a polícia acham que a cri-minalidade do município está instaladaali por culpa dos bares e não pelafragilidade do aparelho policial.

Os bares e restaurantes, em qualquerparte do mundo civilizado, criam a at-mosfera da existência de uma civilização,ajudam a movimentar a massa humana e,

consequentemente, a pro-mover a mobilidade urba-na. Nas ruas sem vida, fa-cilita-se a ação do bandido,do marginal.

É preciso que a políciabusque os bandidos queandam armados, ator-mentando a vida dos queproduzem e trabalham. Avida será melhor para to-dos e põe-se um fim a essaperseguição a frequenta-dores de bares, enquantoos marginais pintam ebordam.

Repensaro Estado

Roberto Garcia SimõesÉ professor da Ufes e especiaIista em políticas públicasE-mail: [email protected]

A dependência acentuada das commodities marcaa vulnerabilidade do ES, atenuada por algumadiversificação agrícola localizada e industrial

Dois fatores interligados encerram umtempo de bonança e deveriam impul-sionar o repensar do modelo de cres-cimento no Estado: mudanças na Chinae queda do preço das commodities. Nosanos 1990, pós-Real, foi a última vez emque essa possibilidade também esteveaberta, mas foi fechada pelos efeitosadvindos da flexibilização do mono-pólio do petróleo (97/98), da China edo café – revigorando a continuidade domodelo extrativista e concentrado emprodutos exportáveis de baixo valor.

Do final do século XX até o momento,a China, devido a sua voraz demanda decommodities, propiciou o aumento dasexportações de matérias-primas pelalogística estadual, especialmente mi-nério de ferro e pelotas. Também che-gou a ser anunciada uma siderúrgicachinesa em Ubu (Anchieta) – enig-maticamente cancelada.

Em meados do século passado, o mer-cado do Japão para minério teve umpapel central para o Estado ao ter mo-tivado a estruturação do complexo mi-na-EFVM-Porto de Tubarão-navegação,e ter efetivado o segmento minero-si-derúrgico. Há semelhanças nos efeitosdo Japão e da China no Espírito Santo.

As altas taxas de crescimento da China(14%, a maior, em 2007) e a demanda deinsumos básicos produziram dois efeitosno Estado. O primeiro foi reafirmar eampliar o modelo dependente de com-modities (de baixo valor agregado) – quetem os seus conhecidos ciclos. Essa de-pendência acentuada marca a vulne-rabilidade do Estado, atenuada por al-guma diversificação: agrícola localizadae industrial no norte (Sudene).

O segundo efeito, decorrente de pro-jetos de minério de ferro em MinasGerais quando o seu preço estava emascensão – tendo chegado a US$ 180 em2011, foi o anúncio de uma sequência de“portos industriais” que pretendiam ex-portá-lo. Algo semelhante se deu com opetróleo. Foram cogitadas várias basesde apoio em portos conjugados ao mi-nério ou em específicos. Agora, com odeclínio do preço do minério de ferropara US$ 50 e do preço do barril depetróleo, esses projetos saíram de cena.E o que entrará?

Além da queda do preço das com-modities, a China transita para outromodelo: “menos dependente de inves-timentos e exportações e mais voltadopara serviços e mercado interno”. Por-tanto, os efeitos no Estado serão du-radouros.

Nas crises do reiterado modelo semprese fala, genericamente, em diversifi-cação e em C,T & I. No repensar doEstado, é possível especificar e buscarconcretizar o que de diferente e derelevante?

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O pianista que marcouépoca na nossa cultura

Rômulo Augusto PeninaEx-reitor da Ufes e membro do Conselho Administrativo da Multivix

O talentoso Hélio Mendes levou a música capixaba para o cenário nacional e internacional

O grande pianista Hélio Mendes nasceuem 23 de julho de 1925 em AlfredoChaves, mudou-se para Vitória aos 17anos e com essa idade começou a tocarna orquestra do maestro Clovis Luiz.Sob a influência de suas irmãs, Hely eRosilda, também pianista, Hélio tocavapiano diariamente. Segundo Cintia Fer-reira de Souza, “foi assim que aprendeua harmonia dos sons; a música passou afazer parte de sua vida artística”.

Conheci o talentoso Hélio Mendes quan-do com sua famosa orquestra tocava noÁlvares Cabral, na Praça Costa Pereira. Em1958, surgiu o seu conjunto, cuja for-mação seguiu o padrão do jazz. O re-pertório era a bossa-nova e os sucessosinternacionais da época como “Yesterday”.O conjunto era formado por Moacyr Bar-ros (saxofone), Cícero Ferreira (trompetee vocal), Marinho Carlos (acordeão), Be-tinho (bateria), Dezinho (guitarra), Edílio

(contrabaixo) e Paulo Ney (guitarra). Oconjunto tornou-se um dos mais requi-sitados em grande bailes e festas, inclusivefora do Estado. O conjunto circulou emoutros países, como Paraguai, Chile eArgentina, durou 18 anos e gravou seteLPs e um compacto duplo.

Em 29 de dezembro de 1963, noTeatro Municipal do Rio de Janeiro, emuma noite de gala em que foram pre-miados e homenageados os artistasmais importantes daquele ano, estava látambém um conjunto do maestro epianista Hélio Mendes. O conjunto foifotografado na Praia do Flamengo, ten-do o Pão de Açúcar ao fundo. O seu clipfoi “Weekend no Rio”.

O êxito do disco deu sequência à sérieWeekend em Guarapari. Nele foi gravado

pela primeira vez a valsa “Guarapari” dePedro Caetano. Eis os discos marcantes:“Hélio Mendes e seu conjunto” traz gra-vação do “Trem das Onze” de AdoniranBarbosa; “Sabor da Juventude”, onde orepertório inclui “Ponteio” de Edu Lobo eCapinam e outros sempre com destaquescomo “Yesterday” e da primeira gravaçãode “Guarapari”.

Este ano completam-se 24 anos de seufalecimento. Sua música e seus LPspermanecem vivos na memória e nosouvidos das pessoas. Essa é a eternalembrança do maior pianista do EspíritoSanto que levou nossa música capixabapara o cenário nacional e internacional.Ele foi homenageado pela Ufes com amedalha do mérito na gestão do reitorAlaor de Queiroz Araújo.