liberalizaÇÃo econÔmica e polÍtica internacional municipal ...aninter.com.br/anais coninter 3/gt...

20
LIBERALIZAÇÃO ECONÔMICA E POLÍTICA INTERNACIONAL MUNICIPAL: O CASO DE SÃO PAULO - SCHINCARIOL, Vitor Eduardo; ANDRADE, Marina Morais de Salvador BA: UCSal, 8 a 10 de Outubro de 2014, ISSN 2316-266X, n.3, v. 2, p. 791-810 791 LIBERALIZAÇÃO ECONÔMICA E POLÍTICA INTERNACIONAL MUNICIPAL: O CASO DE SÃO PAULO SCHINCARIOL, Vitor Eduardo Professor do Programa de Pós-Graduação em Ciências Humanas e Sociais da UFABC [email protected] ANDRADE, Marina Morais de Mestranda no Programa de Pós-Graduação em Ciências Humanas e Sociais da UFABC [email protected] RESUMO O presente trabalho se apresentou como candidato ao Grupo de Trabalho 2 (dois), cujo tema é “Economias e Trabalho”, propondo uma discussão que se insere no item “dinâmicas da economia entre o global e o local”. O objetivo deste artigo é refutar a tese de que os conceitos de globalização e interdependência, de matriz neoliberal, são adequados para explicar as motivações da recente intensificação da inserção internacional das cidades no Brasil. A partir de estudos prévios foi possível constatar que a liberalização da economia brasileira pode estar na raiz deste fenômeno. A partir disso, a intenção é estudar o caso de São Paulo, de maneira a fazer um mapeamento inicial sobre as políticas e mudanças na legislação da Prefeitura Municipal de São Paulo (PMSP), em especial, em suas relações internacionais dos anos 1990, década em que se inicia a liberalização da economia brasileira, e 2000. Palavras-chave: liberalização econômica; internacionalização de cidades; São Paulo. ABSTRACT This work was presented as a candidate for the Working Group 2 (two), whose theme is "Economy and Work", proposing a discussion in the item "dynamics of the economy between the global and the local." The purpose of this article is to refute the claim that the concepts of globalization and interdependence, the neoliberal matrix, are adequate to explain the motivations of the recent intensification of international insertion of cities in Brazil. From previous studies it was found that the liberalization of the Brazilian economy may be at the root of this phenomenon. From this, the intention is to study the case of São Paulo, in order to make an initial mapping of policies and changes in legislation of the City of São Paulo (São Paulo Municipal Government), in particular in their international relations in 1990, the decade in which starts the liberalization of the Brazilian economy, and in the 2000’s. Key-words: economic liberalization; cities internationalization; São Paulo.

Upload: dinhtruc

Post on 31-Jan-2018

215 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

LIBERALIZAÇÃO ECONÔMICA E POLÍTICA INTERNACIONAL MUNICIPAL: O CASO DE SÃO PAULO - SCHINCARIOL, Vitor

Eduardo; ANDRADE, Marina Morais de

Salvador BA: UCSal, 8 a 10 de Outubro de 2014,

ISSN 2316-266X, n.3, v. 2, p. 791-810

791

LIBERALIZAÇÃO ECONÔMICA E POLÍTICA INTERNACIONAL

MUNICIPAL: O CASO DE SÃO PAULO

SCHINCARIOL, Vitor Eduardo

Professor do Programa de Pós-Graduação em Ciências Humanas e Sociais da UFABC [email protected]

ANDRADE, Marina Morais de

Mestranda no Programa de Pós-Graduação em Ciências Humanas e Sociais da UFABC [email protected]

RESUMO

O presente trabalho se apresentou como candidato ao Grupo de Trabalho 2 (dois), cujo tema é

“Economias e Trabalho”, propondo uma discussão que se insere no item “dinâmicas da economia entre o global e o local”. O objetivo deste artigo é refutar a tese de que os conceitos de globalização e

interdependência, de matriz neoliberal, são adequados para explicar as motivações da recente

intensificação da inserção internacional das cidades no Brasil. A partir de estudos prévios foi possível constatar que a liberalização da economia brasileira pode estar na raiz deste fenômeno. A partir disso,

a intenção é estudar o caso de São Paulo, de maneira a fazer um mapeamento inicial sobre as políticas

e mudanças na legislação da Prefeitura Municipal de São Paulo (PMSP), em especial, em suas relações internacionais dos anos 1990, década em que se inicia a liberalização da economia brasileira,

e 2000.

Palavras-chave: liberalização econômica; internacionalização de cidades; São Paulo.

ABSTRACT This work was presented as a candidate for the Working Group 2 (two), whose theme is "Economy

and Work", proposing a discussion in the item "dynamics of the economy between the global and the

local." The purpose of this article is to refute the claim that the concepts of globalization and interdependence, the neoliberal matrix, are adequate to explain the motivations of the recent

intensification of international insertion of cities in Brazil. From previous studies it was found that the

liberalization of the Brazilian economy may be at the root of this phenomenon. From this, the intention

is to study the case of São Paulo, in order to make an initial mapping of policies and changes in legislation of the City of São Paulo (São Paulo Municipal Government), in particular in their

international relations in 1990, the decade in which starts the liberalization of the Brazilian economy,

and in the 2000’s.

Key-words: economic liberalization; cities internationalization; São Paulo.

LIBERALIZAÇÃO ECONÔMICA E POLÍTICA INTERNACIONAL MUNICIPAL: O CASO DE SÃO PAULO - SCHINCARIOL, Vitor

Eduardo; ANDRADE, Marina Morais de

Salvador BA: UCSal, 8 a 10 de Outubro de 2014,

ISSN 2316-266X, n.3, v. 2, p. 791-810

792

1. INTRODUÇÃO

A partir da década de 1990, com o fim da Guerra Fria, o aumento dos fluxos de

capital, a internacionalização do sistema financeiro e com o aumento na velocidade das

comunicações é possível observar a crescente participação de entes federados na arena

internacional. Assim, a partir deste momento muitos autores analisam a projeção internacional

de movimentos sociais, organizações não governamentais, empresas multinacionais, entre

outros atores não estatais, que ganham voz e espaço nas negociações e nos grandes foros.

Dentre estes novos atores, um grupo de estudiosos concentrados ao Norte geopolítico busca

entender a internacionalização de governos subnacionais, ou seja, governos de outros níveis

que não o nacional.

Os autores que trabalham este tema atribuem à globalização e ao crescimento da

interdependência as causas para a crescente internacionalização de cidades, províncias,

landërs, estados, municipalidades etc.. Por outro lado, estas unidades subnacionais têm

crescentemente se envolvido de maneira ativa em questões e espaços internacionais, buscando

apoio para o desenvolvimento local em fontes de financiamento internacional, se inserindo em

redes de cidades vistas como movimentos de articulação internacional para fazer ganhar voz

as reivindicações locais e mantido contato com seus pares estrangeiros ou mesmo governos

nacionais com o intuito de promover suas relações comerciais.

Tendo isto em vista, este trabalho se focará em uma discussão teórica acerca das

motivações para a internacionalização dos governos subnacionais com o objetivo de gerar

novas reflexões teóricas para estes estudos e servir, posteriormente, como ferramenta analítica

para análises empíricas.

2. PARADIPLOMACIA

A inserção dos governos subnacionais nas relações internacionais é conhecida como

para diplomacia. Este termo foi proposto por Panayotis Soldatos para designar a ação

internacional de regiões, estados e municípios, ou seja, unidades de governos não-centrais ou

subnacionais, nas relações internacionais, sendo denominado pelo autor como o fenômeno da

“muitas vozes” na política externa. Noé Cornago Pietro (2004, p. 252) a define como,

LIBERALIZAÇÃO ECONÔMICA E POLÍTICA INTERNACIONAL MUNICIPAL: O CASO DE SÃO PAULO - SCHINCARIOL, Vitor

Eduardo; ANDRADE, Marina Morais de

Salvador BA: UCSal, 8 a 10 de Outubro de 2014,

ISSN 2316-266X, n.3, v. 2, p. 791-810

793

[…] o envolvimento de um governo subnacional nas relações internacionais,

por meio do estabelecimento de contatos, formais e informais, permanentes ou provisórios (‘ad hoc’), com entidades estrangeiras públicas ou privadas,

objetivando promover resultados socioeconômicos ou políticos, bem como

qualquer outra dimensão externa de sua própria competência constitucional.

De acordo com Soldatos (1990), este fenômeno pode ser considerado novo em termos

quantitativos e qualitativos, representando, respectivamente, o crescente número de interações

e a maior capacidade de mobilização dos governos subnacionais em torno dos seus objetivos.

De maneira geral, os autores que abordam o tema acreditam que a ação internacional das

unidades subnacionais se dá como uma alternativa para promover o desenvolvimento local

através de outras fontes na ausência do estado-nação como, por exemplo, com recursos

externos, na transferência de know how, entre outros.

Segundo os autores da paradiplomacia, esta teria surgido no Brasil como ferramenta

para promover o desenvolvimento local, em uma época de descentralização do regime político

do país no fim do autoritarismo. Com o esgotamento do milagre econômico, a União

brasileira teria perdido a capacidade de responder às demandas locais como agente único

promotor do desenvolvimento. “Ocorre um processo de transferência dessa responsabilidade

para os níveis locais, que se veem constrangidos a enfrentar o desafio de sua própria

sobrevivência nos planos econômico, político e social” (CASTELLS; BORJA, p.1996). E,

com isso, o modelo tradicional burocrático de gestão municipal teria entrado em crise, e se

faria necessário um novo tipo de Estado Local (ROMERO, 2004).

A Constituinte Brasileira de 1988, conhecida como a Constituição Cidadã, reafirmaria

esta mudança ao conceder maiores competências ao poder local (PRAZERES, 2004). O que

ocorreu foi uma mudança de status dos municípios elevando-os ao de entes federados

(ONUKI, 2005) fazendo com que se tornassem atores imbuídos de maior autonomia e, por

conseguinte, de maiores responsabilidades perante o desenvolvimento local. Diante deste

processo histórico, a inserção internacional teria surgido como uma alternativa à solução das

demandas locais neste novo modelo de gestão. Muitos municípios teriam começado a buscar

oportunidades no ambiente internacional para impulsionar o desenvolvimento local.

A Carta Magna de 1988 e as transformações políticas ocorridas no país com o fim do regime militar proporcionaram um espaço cada vez maior para que

tais entes federados brasileiros desenvolvessem iniciativas externas, visando

novas perspectivas de cooperação cultural e científica, bem como parcerias para o desenvolvimento econômico e comercial (BRIGAGÃO, 2005, p. 11).

LIBERALIZAÇÃO ECONÔMICA E POLÍTICA INTERNACIONAL MUNICIPAL: O CASO DE SÃO PAULO - SCHINCARIOL, Vitor

Eduardo; ANDRADE, Marina Morais de

Salvador BA: UCSal, 8 a 10 de Outubro de 2014,

ISSN 2316-266X, n.3, v. 2, p. 791-810

794

A instalação dos aeroportos internacionais nas grandes cidades brasileiras, a

ocorrência de eventos internacionais, o estabelecimento de parcerias externas e a crescente

movimentação do capital estrangeiro levariam as prefeituras a investirem em suas relações

internacionais. Atualmente existe uma gama de municípios brasileiros que possuem

Secretarias Municipais de Relações Internacionais (SMRI´s). A institucionalização de um

órgão municipal voltado para este tipo de política na administração local poderia

proporcionar, através de um corpo de funcionários especializados na área de Relações

Internacionais, novas parcerias, planejamento das ações de âmbito internacional, projeção

política, atração de investimentos, articulação dos objetivos de cada governo com as

oportunidades oferecidas pelo ambiente internacional.

Através de redes de cidades, da cooperação técnica internacional ou da captação

internacional de recursos, muitos departamentos de relações internacionais conseguiriam

angariar recursos financeiros, conhecimentos técnicos e know how para o financiamento de

projetos e o aprimoramento das políticas públicas municipais. Além disso, cada vez mais, as

cidades encontrariam novos espaços para a atuação na arena internacional, sendo que as

políticas desenvolvidas pelos municípios, neste âmbito, poderiam amparar ou fortalecer sua

ação como promotor do desenvolvimento local.

O autor Michael Keating (2004) vincula as causas do fenômeno da inserção

internacional de regiões, podendo ser aplicada às cidades também, ao processo globalizante e

afirma que a participação das localidades no cenário internacional poderia partir de três

motivações principais fortalecidas pela globalização: política, cultural e econômica. A

motivação política estaria vinculada às aspirações a separação de uma localidade do Estado a

que pertence, como também ao crescimento de Regimes Internacionais de Livre Comércio,

firmados pelo Estado, colocando os governos subnacionais sob a sua jurisdição e invadindo as

competências do governo local. A motivação cultural estaria ligada às razões de origem

histórica que fariam com que dois territórios distantes possuíssem semelhanças históricas que

os vinculassem e que ganhariam mais destaque com o processo globalizante. A última

motivação, econômica, de todo modo, seria considerada a mais estimulante para a ação

paradiplomática. De acordo com Michael Keating (2004, p. 3):

As national economies have faced the challenges of globalization, centralized regional development policies have declined. Regions have

emerged as a key level of economic transformation and innovation and are

LIBERALIZAÇÃO ECONÔMICA E POLÍTICA INTERNACIONAL MUNICIPAL: O CASO DE SÃO PAULO - SCHINCARIOL, Vitor

Eduardo; ANDRADE, Marina Morais de

Salvador BA: UCSal, 8 a 10 de Outubro de 2014,

ISSN 2316-266X, n.3, v. 2, p. 791-810

795

increasingly pitched into competition in global markets without the

protection of the national state. [..]Where economic development is concerned, regions go into the international arena for inward investment;

for markets, and for technology.1

É também relevante observar que o próprio Direito Internacional só reconhece como

sujeitos de direito, para celebrar tratados e assumir compromissos internacionais, os Estados.

Este debate em torno da legalidade destas ações em nome do reconhecimento da autoridade

dos atores subnacionais, tanto no caso brasileiro como para além dele, pode ser compreendido

à luz do estatuto dos novos atores nas Relações Internacionais, firmado pela teoria neoliberal.

Na verdade os autores pioneiros na abordagem da paradiplomacia, Panayotis, Michelmann,

Kincaid, entre outros, ampliaram o escopo de novos atores, apresentado pelo neoliberalismo

na disciplina de relações internacionais, para incluir os governos subnacionais.

A teoria neoliberal vem de reformulações da corrente liberal. Os expoentes do

neoliberalismo são Robert Keohane e Joseph Nye, cuja obra mais relevante, Power and

Interdependence: World Politcs in Transition, lançada em 1977, aborda a impossibilidade de

“[...] estudar as relações internacionais olhando apenas para o comportamento dos Estados”

(NOGUEIRA; MESSARI, 2005, p. 82). Na obra em questão, os autores exploram o conceito

de interdependência, calcado na noção de efeitos recíprocos capazes de gerar custos para os

atores envolvidos.

Os autores definem a nova configuração da ordem mundial com o termo

Interdependência Complexa, admitindo a existência de múltiplos canais de comunicação e

negociação; a diversidade de atores; a existência de uma agenda múltipla; de fronteiras

difusas entre o doméstico e o internacional; e, por fim, pela presença de diferentes atores nos

processos transnacionais.

3. A PARADIPLOMACIA SOB O OLHAR DA TEORIA DO SISTEMA-MUNDO

Após situar os conceitos utilizados pelos teóricos da paradiplomacia na abordagem

neoliberal das Relações Internacionais, nesta sessão buscar-se-á questionar a validade destes

1 “Como as economias nacionais têm enfrentado os desafios da globalização, as políticas centralizadas de

desenvolvimento regional têm diminuído. As regiões surgiram como um nível fundamental de transformação

econômica e inovação e são cada vez mais lançadas a concorrência nos mercados globais sem a proteção do

Estado nacional. [..] Quando o desenvolvimento econômico está em causa, as regiões vão para a arena

internacional para o investimento estrangeiro; para os mercados e para a tecnologia.” (KEATING, 2004, p. 3)

LIBERALIZAÇÃO ECONÔMICA E POLÍTICA INTERNACIONAL MUNICIPAL: O CASO DE SÃO PAULO - SCHINCARIOL, Vitor

Eduardo; ANDRADE, Marina Morais de

Salvador BA: UCSal, 8 a 10 de Outubro de 2014,

ISSN 2316-266X, n.3, v. 2, p. 791-810

796

conceitos, o de globalização e interdependência, a partir das reflexões extraídas da teoria do

Sistema-Mundo. Portanto, a intenção é expor a teoria do Sistema-Mundo, em contraposição a

visão exposta anteriormente, sob a perspectiva dos seus dois autores seminais Immanuel

Wallerstein (2006) e Giovanni Arrighi (1997, 2007).

A Teoria do Sistema-Mundo faz parte do arcabouço teórico das Relações

Internacionais e Economia Política Internacional e tem por objetivo explicar as dinâmicas

relações do sistema moderno. Esta abordagem foi construída tendo por influência três

principais linhas pensamento: o estruturalismo de Fernand Braudel, pertencente à escola dos

Annales, os conceitos de Karl Marx e os escritos da Teoria da Dependência concebidos na

América Latina. As reflexões do Sistema-Mundo surgem na década de 1970 propondo ser

uma forma crítica de analisar o status quo, por considerarem os paradigmas dominantes à

época mais como barreiras para entender a realidade social do que ferramentas para analisá-la

(WALLERSTEIN, 2006).

Nesta teoria a unidade de análise deixaria de ser o Estado nacional e passaria a ser o

Sistema-Mundo, que em sua forma moderna seria caracterizado por uma economia-mundo,

isto é, uma zona que cruza unidades integradas que respondem a regras sistêmicas, neste caso,

capitalistas, as quais regeriam as relações internacionais desde o século XVI. A teoria busca

explicar, em termos gerais, que o mundo capitalista geraria uma divisão internacional do

trabalho hierarquizada fazendo com que países ocupassem posições de centro e periferia de

acordo com seus diferentes modos de produção.

Nesta divisão o centro monopolizaria os processos de produção considerados

essenciais e com maior valor agregado na economia-mundo, em dado contexto histórico, e os

produtos de menor valor agregado seriam produzidos pela periferia. Este mecanismo

funcionaria como uma forma de manter o status quo da divisão internacional do trabalho,

gerando trocas desiguais que favoreceriam, através da transferência da mais-valia, isto é, dos

lucros reais de países da periferia para o centro, a manutenção do jogo de poder vigente.

Centro e periferia seriam, portanto, dois conceitos relacionais que coexistiriam, ou seja, não

teriam significados independentes (WALLERSTEIN, 2006).

Vale esclarecer que a economia capitalista pressuporia a acumulação de capital sem

fim e, para tanto, os Estados econômica, política e militarmente fortes seriam importantes ou

mesmo essenciais aliados políticos das empresas na criação de monopólios ou oligopólios,

para ajudarem a manter o objetivo de acumulação sem fim (WALLERSTEIN, 2006).

LIBERALIZAÇÃO ECONÔMICA E POLÍTICA INTERNACIONAL MUNICIPAL: O CASO DE SÃO PAULO - SCHINCARIOL, Vitor

Eduardo; ANDRADE, Marina Morais de

Salvador BA: UCSal, 8 a 10 de Outubro de 2014,

ISSN 2316-266X, n.3, v. 2, p. 791-810

797

Além disso, a teoria do Sistema-Mundo defende a existência de Ciclos de Acumulação

de capital. Os Ciclos Sistêmicos de Acumulação (CSA) se repetiriam na história do

capitalismo mundial e seriam “caracterizados por uma forte concentração de capital numa

região geográfica que exerceu a hegemonia sobre o sistema mundial de seu tempo.” (AREND,

2012, p. 04). Considera-se a existência de quatro hegemonias desde a origem do sistema: a

genovesa, a holandesa, a britânica e a estadunidense.

Os Ciclos de Acumulação capitalista possuiriam duas fases: a de expansão material e a

de expansão financeira e estagnação. Na primeira fase de expansão material, determinado tipo

de produção central, se expandiria na economia-mundo servindo, através de investimentos

produtivos, ao objetivo de acumulação sem fim. Quando esta fase de expansão acabasse e os

países centrais não tivessem mais para onde expandir seu mercado e sua produção, os custos

cresceriam e os lucros diminuiriam, levando à fase de estagnação do ciclo. Neste ínterim,

como não seria possível alcançar os níveis anteriores de lucro o capital abandonaria o sistema

produtivo e recorreria ao sistema financeiro, onde a especulação seria capaz de gerar lucros e

ainda alguma acumulação de capital. Neste momento, a hegemonia já mostraria sinais de

decadência. A fase de transição hegemônica e de ciclos abriria espaço para a emergência de

um novo modo de produção a ser monopolizado pelo centro e também para o surgimento de

uma nova hegemonia localizada territorialmente. É desta maneira, que o objetivo de

acumulação sem fim levaria ao esgotamento de modelos produção e geraria danos

irreparáveis à saúde do próprio sistema, colocando fim a um ciclo, ou, em longo prazo, ao

sistema.

Na década de 1970, início da fase de estagnação do presente ciclo, segundo Arrighi

(2007), teria sido possível observar o declínio da hegemonia estadunidense e a instauração de

um “caos sistêmico” na economia-mundo, através dos movimentos especulativos no mercado

financeiro. Foi neste momento em que emergiu a teoria do Sistema-Mundo e o discurso da

globalização. Este último viria substituir o discurso hegemônico anterior que defendia

desenvolvimentismo, o qual fazia sentido como um modo de superar a polarização global

existente até a Guerra-Fria (WALLERSTEIN, 2006). A globalização seria uma forma de

convocar o Terceiro-Mundo à abertura de suas fronteiras e ao livre fluxo de capital, sob o

respaldo da ideologia neoliberal, agora adaptada às novas demandas do capitalismo.

Partindo da teoria do Sistema-Mundo, portanto, é possível questionar a forma como a

teoria neoliberal analisa as dinâmicas mundiais. Primeiramente, destaca-se que se Robert

LIBERALIZAÇÃO ECONÔMICA E POLÍTICA INTERNACIONAL MUNICIPAL: O CASO DE SÃO PAULO - SCHINCARIOL, Vitor

Eduardo; ANDRADE, Marina Morais de

Salvador BA: UCSal, 8 a 10 de Outubro de 2014,

ISSN 2316-266X, n.3, v. 2, p. 791-810

798

Keohane é um cientista político estadunidense formado em Harvard, por outro lado, Joseph

Nye, também cientista político, esteve envolvido diretamente com a formulação da política

externa estadunidense por diversos momentos, atualmente atua como membro da Coalizão de

Orientadores para o Projeto de Segurança Nacional e já serviu na administração Clinton como

Secretário Adjunto de Defesa para Assuntos de Segurança Internacional. Assim, é possível

questionar se a teoria da Interdependência Complexa, fundamentada por Keohane e Nye,

partindo dos Estados Unidos para o globo, poderia estar disseminando uma visão de mundo

conveniente ao governo estadunidense e suas intenções.

Além disso, ao defender a existência de efeitos recíprocos gerados por tal

interdependência, pressupõe-se a existência de certa igualdade de poder entre os Estados.

Desta maneira, estaria ausentando às relações internacionais o jogo de interesses de classes e

de poder, transmitindo a ideia de que temos um Sistema Internacional, atualmente, mais

democrático. No caso da paradiplomacia, ao se admitir a inserção de novos atores e a ausência

de hierarquia entre os temas da agenda das negociações internacionais, seria possível

questionar se esta perspectiva teórica não estaria omitindo as dinâmicas reais motivadoras

deste fenômeno.

Até a década de 1970, época em que os autores da teoria do Sistema-Mundo

caracterizam como início da fase da estagnação do presente ciclo de hegemonia

estadunidense, o capital teria estado a procura de altos lucros que não eram mais gerados pelo

sistema produtivo e os países latino-americanos teriam se aproveitado da abundância de

capital a juros acessíveis para contrair empréstimos para financiar seu desenvolvimento e

industrialização. É importante lembrar que as principais fontes de financiamento privado

deste período estavam sediadas nos Estados Unidos da América (EUA).

Em 1973 e 1979 ocorreram as crises do petróleo, as quais geraram inflação e recessão

na economia estadunidense. Diante da situação o governo dos EUA decidiu aumentar

unilateralmente as taxas de juros, fazendo com que, por consequência, aumentasse

exorbitantemente o endividamento de todos os países que haviam se beneficiado da época

anterior para financiar o crescimento nacional com capital internacional.

Em 1983, a crise da dívida e a busca por novos empréstimos levou o Brasil, assim

como outros países latino-americanos, a assinar com o Fundo Monetário Internacional (FMI)

um acordo que previa a liberalização da economia nacional e o controle do déficit público

como contrapartida à concessão de empréstimos.

LIBERALIZAÇÃO ECONÔMICA E POLÍTICA INTERNACIONAL MUNICIPAL: O CASO DE SÃO PAULO - SCHINCARIOL, Vitor

Eduardo; ANDRADE, Marina Morais de

Salvador BA: UCSal, 8 a 10 de Outubro de 2014,

ISSN 2316-266X, n.3, v. 2, p. 791-810

799

Em 1989, ao fim da Guerra Fria, se reuniram em Washington funcionários do governo

estadunidense e de organismos internacionais, em caráter acadêmico, com a finalidade de

avaliar as reformas que vinham sendo realizadas na América Latina. Esta reunião resultaria no

Consenso de Washington, o qual ficaria conhecido por agrupar recomendações, antes

esparsas, para as reformas na América Latina como condição para cooperação financeira.

As recomendações do Consenso de Washington desmoralizariam o

desenvolvimentismo proposto pela Comissão Econômica para América Latina e o Caribe da

ONU (CEPAL), baseado na participação ativa do Estado como regulador e empresário na

economia nacional, e receitariam medidas neoliberais para o ajustamento macroeconômico.

As dez medidas do receituário neoliberal eram as seguintes: 1) disciplina fiscal,

equilíbrio das finanças para combate à inflação, eliminando o déficit publico; 2) priorização

dos gastos públicos; 3) reforma tributária, acentuando o peso dos impostos indiretos; 4)

liberalização financeira, permitindo instituições estrangeiras atuarem em igualdade com as

nacionais; 5) regime cambial competitivo; 6) liberalização comercial, redução das taxas de

importação e estímulo à exportação; 7) políticas para atração de investimento direto

estrangeiro, de maneira a eliminar as restrições; 8) privatização; 9) desregulação, reduzindo o

controle da economia e flexibilizando a legislação trabalhista; e, por fim, 10) a adoção da

legislação de propriedade intelectual. Esta lista de reformas implicaria em uma drástica

redução do estado, abertura à importação de bens e serviços e à entrada de capitais de risco.

De acordo com Paulo Nogueira Batista (1994), diplomata brasileiro, as recomendações

do Consenso de Washington teriam sido pensadas levando em conta apenas as necessidades

de capital dos credores, sem considerar a capacidade de pagamento dos países devedores, os

quais teriam sido compelidos a emitir moedas, gerar endividamento interno e aumentar as

taxas de juros, se tornando exportadores líquidos de capital. Com o serviço da dívida

consumindo muitos recursos internos, equilibrar as contas nacionais era uma tarefa difícil.

A tese do estado mínimo estava explícita em tais recomendações. As privatizações,

vindas com os ideais de eficiência na gestão, se por um lado, asseguravam a esses estados

recursos não inflacionários e não tributários, por outro, enfraqueciam o papel do estado em

áreas estratégicas. A abertura não negociada e unilateral não levaria em conta os oligopólios

existentes no comércio internacional, o comércio intrafirmas e a, consequente,

desindustrialização e desempregos que seriam causados, de maneira a perpetuarem as

vantagens comparativas. Os investimentos estrangeiros diretos se constituiriam uma forma de

LIBERALIZAÇÃO ECONÔMICA E POLÍTICA INTERNACIONAL MUNICIPAL: O CASO DE SÃO PAULO - SCHINCARIOL, Vitor

Eduardo; ANDRADE, Marina Morais de

Salvador BA: UCSal, 8 a 10 de Outubro de 2014,

ISSN 2316-266X, n.3, v. 2, p. 791-810

800

endividamento e também de transferência das decisões empresariais para o exterior. A

propriedade intelectual garantiria o monopólio dos países desenvolvidos.

Enfim, os resultados da reforma se restringiram à estabilização monetária e ao

equilíbrio fiscal, sendo que na dimensão social restou um legado de miséria, desigualdade

social, desemprego e inúmeras tensões sociais. Em âmbito local os resultados foram sentidos

fortemente. Batista (1994, p. 12) revela que o então assessor da presidência do Banco

Interamericano de Desenvolvimento (BID) disse à época que

[...] para levar a cabo as reformas sociais de que necessita a América Latina

não se voltaria, porém, a confiar no Estado. Muito pelo contrário. Tratar-se-

ia de descentralizar ao máximo o setor público, pela municipalização dos recursos oficiais e pela mobilização das organizações não-governamentais,

sabidamente estrangeiras em sua maioria. [...] para garantir a

governabilidade e as reformas liberais, seria necessário, nada menos nada mais, que ‘desagregar o Estado’.

Portanto, a descentralização estatal pautou de maneira geral os debates das reformas

liberais das décadas de 1980 e 1990. A descentralização foi recomendada à época pelas

agências de financiamento internacionais, pelas teorias liberais e até mesmo participativas.

Entretanto, é possível resgatar as palavras da autora Marta Arretche (1996) que procura

desmistificar o fato de que a realização da democracia depende do nível de governo em que a

decisão é tomada e salienta que esta tem mais relação com a natureza das instituições

responsáveis pelo processo de decisão e com a possibilidade de que os princípios

democráticos eleitos possam ser traduzidos em instituições concretas.

Neste contexto de liberalização é possível observar alguns impactos deste movimento,

por exemplo, na cidade de São Paulo. Na década de 1990, o governo do presidente Fernando

Henrique Cardoso (1995-2002) iniciou uma política de desfinanciamento das empresas

públicas estaduais e municipais, tendo em vista que estas, a partir de então, deveriam

comprovar capacidade de endividamento para adquirir empréstimos da União.

Concomitantemente o Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES) e parte dos recursos do

Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) passaram a financiar privatizações de

empresas estaduais e municipais (ARRETCHE, 2002), como o caso da Eletropaulo,

privatizada por multinacional em 1995.

A partir da liberalização também é possível situar o que Saskia Sassen denominou

cidade global. Para a autora as cidades-globais compõem uma rede global de lugares

LIBERALIZAÇÃO ECONÔMICA E POLÍTICA INTERNACIONAL MUNICIPAL: O CASO DE SÃO PAULO - SCHINCARIOL, Vitor

Eduardo; ANDRADE, Marina Morais de

Salvador BA: UCSal, 8 a 10 de Outubro de 2014,

ISSN 2316-266X, n.3, v. 2, p. 791-810

801

estratégicos que estão no mercado das altas finanças, possuem uma economia de serviços

especializada e uma crescente internacionalização da produção manufatureira, entre outros

aspectos (SASSEN, 2004). Sassen afirma que a globalização econômica marca uma

transformação na organização territorial da atividade econômica e do poder político.

A dispersão das atividades econômicas em âmbito global tão propalada esconde o fato

de que essa dispersão geográfica ocorre através de estruturas corporativas extremamente

integradas que concentram e controlam o poder e a renda da cadeia que se estabelece. Esta

concentração de funções representa um fator estratégico na economia global e se localiza em

particular nas cidades-globais, sendo que, a partir dos anos 1990, se expandem para cidades

do sul, em forma de filiais.

La globalizacion econômica hace que las juridicciones locales rivalicen

entre sí por atraer industrias que operan nacional o transnacionalmente. La posibilidad de mudarse a las jurisdicciones que tengam menores exigencias

regulatoria ejerce presiones descendentes sobre el nivel de las regulaciones

en todas las jurisdicciones […] (SASSEN, 2004, p. 386).2

As inovações legais assim, em caráter desregulamentação/reforma/integração global

abririam espaço maior para a movimentação financeira em alta velocidade, instaurando esse

modus operandi na economia mundial. Assim o papel regulatório dos Estados sobre as

movimentações transnacionais se reduziria não apenas porque se trata de uma economia

global, mas também porque as empresas que operam em seu território fazem parte de uma

rede parcialmente estabelecida em territórios nacionais. Teria ocorrido uma reacomodação da

autoridade que transformou a capacidade dos governos e os regimes legais com a sua

liberalização ou “‘estadunidización’ de la normatividad”. A desregulamentação, portanto, não

poderia ser simplificada na diminuição do Estado, mas em um mecanismo de negociação da

justaposição com o mercado.

A partir deste cenário, também pode ser citado Cornago Pietro (2004) que, ao tratar de

casos da Ásia-Pacífico, teria percebido que “o processo de liberalização econômica que

caracterizou essa região durante as últimas décadas tem importantes implicações nas

economias locais e regionais, fomentando o envolvimento de governos subnacionais em

questões internacionais” (PIETRO, 2004, p. 260). O autor ainda afirma que no caso chinês, no

2 “A globalização econômica faz com que as jurisdições locais criem rivalidades entre si para atrair indústrias

que operem em nível nacional ou transnacional. A possibilidade de se mudar para as jurisdições que tenham

menores exigências regulatórias exerce pressões descendentes sobre o nível da regulação de todas as jurisdições

[...]” (SASSEN, 2004, p. 386).

LIBERALIZAÇÃO ECONÔMICA E POLÍTICA INTERNACIONAL MUNICIPAL: O CASO DE SÃO PAULO - SCHINCARIOL, Vitor

Eduardo; ANDRADE, Marina Morais de

Salvador BA: UCSal, 8 a 10 de Outubro de 2014,

ISSN 2316-266X, n.3, v. 2, p. 791-810

802

início da fase de transição para o capitalismo, foi possível observar um aumento da relação

entre as províncias e o ambiente externo, reduzindo, ao mesmo tempo, a relação

interprovincial e aumentando a competitividade entre elas.

Após analisar a paradiplomacia no contexto pós-soviético, na região da Ásia-Pacífico

e na América Latina, Pietro (2004, p. 273) conclui que a “governança subnacional vem

adquirindo uma dimensão claramente internacional [...] [e que] Seria razoável afirmar,

portanto, que o crescente envolvimento subnacional em questões internacionais é uma

característica estrutural do sistema político mundial”.

Adiciona-se a isto, em consonância com as elucidações acerca do Sistema-Mundo, as

reflexões de Milton Santos, reconhecido geógrafo brasileiro, que traz importantes

contribuições acerca da globalização e seus impactos nos territórios. Santos (1993, p.71)

afirma que a globalização faz com que os espaços geográficos se tornem “mundializados”. Ao

passo que avança o processo de globalização, tornam-se caracterizados pela formação de um

meio técnico, científico e informacional, pela intensificação da especialização produtiva

espacial, pela crescente tensão entre localidade e totalidade. Os espaços nacionais acabam por

transformar-se em espaços da economia internacional, isto é, subsistemas do espaço global,

que devido ao seu elevado nível de tecnicidade e racionalidade, se constituem em espaços de

fluxo, dos quais somente os atores hegemônicos conseguem usufruir a partir das redes

internacionais que constituem.

O autor acredita ainda que “[…] cuanto más se afirma el mundo en el lugar, tanto

más este último se convierte en único.”3 (SANTOS, 1993, p. 75), disseminando um tipo de

regulação do espaço a serviço dos atores hegemônicos. Por conta disso, Santos (1993)

considera a globalização um fenômeno débil, que circula os recursos de informação de

maneira a privilegiar os atores hegemônicos.

O grande número de empresas multinacionais, que se instalaram nas grandes cidades

dos países subdesenvolvidos era visto, de maneira geral, como elemento difusor do

“progresso” nestas localidades, por trazer empregos e novas tecnologias. Todavia, Santos

(2001) enxerga a chegada destes Investimentos Externos Diretos (IED) como o início da

instauração de um processo de desequilíbrio, em que o poder público local passa a ter que se

submeter aos interesses do capital privado internacional,

3 "Quanto mais o mundo está indicada no site, mais o último torna-se único." (Santos, 1993, p. 75)

LIBERALIZAÇÃO ECONÔMICA E POLÍTICA INTERNACIONAL MUNICIPAL: O CASO DE SÃO PAULO - SCHINCARIOL, Vitor

Eduardo; ANDRADE, Marina Morais de

Salvador BA: UCSal, 8 a 10 de Outubro de 2014,

ISSN 2316-266X, n.3, v. 2, p. 791-810

803

4. O CASO DE SÃO PAULO

Neste contexto de liberalização é possível observar alguns impactos deste movimento

global na cidade de São Paulo. É preciso lembrar, entretanto, os legados deixados pelas

décadas anteriores. Campanario e Komarick (1993) afirmam que o crescimento industrial

brasileiro promovido desde a década de 1950 se concentrou na região metropolitana de São

Paulo e foi promovido por setores trasnacionalizados.

Na década de 1990, o governo do presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2002)

iniciou uma política de desfinanciamento das empresas públicas estaduais e municipais, tendo

em vista que estas, a partir de então, deveriam comprovar capacidade de endividamento para

adquirir empréstimos da União. Concomitantemente o Banco Nacional de Desenvolvimento

(BNDES) e parte dos recursos do Fundo de Garantia do Trabalhador S (FGTS) passaram a

financiar privatizações de empresas estaduais e municipais (ARRETCHE, 2002), como o caso

da Eletropaulo, privatizada em 1995.

Na década de 1990 os reflexos da liberalização do Estado brasileiro se fazem sentir a

nível local em muitas medidas adotadas pela prefeitura de São Paulo, revelando a

incorporação deste ideário neoliberal pelo Estado local. Em 1993 na cidade de São Paulo é

criada pelo Prefeito Paulo Maluf a Secretaria de Privatizações e Parcerias. Em 1999 o prefeito

Celso Pitta promulga o Decreto nº 38.151 criando o Programa Municipal de Desestatização.

Este decreto foi revogado em 2001 pela Prefeita Marta Suplicy.

Ainda neste ínterim, em 2007 a lei 14.517/07 institui o Programa Municipal de

Parcerias Público-Privadas (PPP) e cria a Companhia São Paulo de Parcerias, que através da

lei 15.838/13 se transforma na São Paulo Negócios. O Programa de PPP visa regulamentar a

parceria entre poder público de São Paulo e o setor privado a respeito de obras e serviços. A

Companhia São Paulo de Parcerias, vinculada a Secretaria de Finanças ficaria responsável por

viabilizar o programa e gerir os ativos a ela transferidos. Por não ter conseguido realizar

nenhuma parceria, o escopo de atividades da Companhia foi ampliado em 2013

transformando-se na São Paulo Negócios com novos objetivos sociais, dentro deles destaca-se

para este trabalho: 1) articular com entes públicos e privados estrangeiros para promoção de

negócios no município; 2) potencializar a imagem internacional de São Paulo como pólo de

negócios; e 3) atrair investimentos estrangeiros e incentivar a expansão das empresas aqui

instaladas (São Paulo, 2013).

LIBERALIZAÇÃO ECONÔMICA E POLÍTICA INTERNACIONAL MUNICIPAL: O CASO DE SÃO PAULO - SCHINCARIOL, Vitor

Eduardo; ANDRADE, Marina Morais de

Salvador BA: UCSal, 8 a 10 de Outubro de 2014,

ISSN 2316-266X, n.3, v. 2, p. 791-810

804

A SP Negócios atualmente promove incentivos fiscais para a instalação de empresas

privadas na Zona Leste e também está administrando a contratação de empresa privada para

estudos técnicos e modelagem de projetos para modernização, expansão e manutenção da

infraestrutura da Iluminação Pública do Município de São Paulo.

Em 2007 também foi criada pela lei nº 14.649/07 uma sociedade por ações, a

Companhia São Paulo de Desenvolvimento e Mobilizações de Ativos (SPDA), órgão de

administração pública indireta do município, com o objetivo de auxiliar o Executivo a

promover o desenvolvimento social e econômico da cidade e “na otimização do fluxo de

recursos financeiros para o financiamento de projetos prioritários, bem como na

administração do pagamento de dívidas do Município.” (São Paulo, 2007). Para realizar as

funções da SPDA a companhia está autorizada a buscar empréstimos e financiamentos

nacionais e internacionais.

Tendo em vista a criação de uma política de relações internacionais ou até mesmo da

supracitada identidade internacional, em termos de políticas públicas, alguns municípios

brasileiros passaram, inclusive, a institucionalizar Secretarias Municipais de Relações

Internacionais (SMRI´s) através da aprovação de projetos de lei, para contar com uma equipe

especializada nesta nova área. Em princípio, a institucionalização de um órgão municipal

voltado para as relações internacionais na administração local pode proporcionar, de maneira

mais efetiva e contínua, novas parcerias, planejamento das ações de âmbito internacional,

participação mais ativa nas redes internacionais de cidades, projeção política internacional,

atração de investimentos e, possivelmente, ao longo do tempo, uma maior compreensão

acerca das dinâmicas internacionais que atingem o seu território, bem como um programa de

políticas públicas em relações internacionais inserido no projeto de governo da cidade.

A cidade de São Paulo, que foi escolhida como estudo de caso para essa proposta,

possui uma Secretaria Municipal de Relações Internacionais criada no governo da Prefeita

Marta Suplicy (2001-2005) em 2001. A criação desta secretaria representa um marco

institucional em relação a crescente importância que a política neste âmbito tem adquirido

para cidade.

São Paulo é uma megalópole caracterizada por ser o centro financeiro da América

Latina e possuir uma população de 11.253.503 habitantes, segundo o Censo de 2010 (Ibge, on

line), representando atualmente mais de 10% do PIB do país. A presença dos aeroportos e

rodoviárias em sua região metropolitana possibilitou a cidade receber, em 2010, 11,7 milhões

LIBERALIZAÇÃO ECONÔMICA E POLÍTICA INTERNACIONAL MUNICIPAL: O CASO DE SÃO PAULO - SCHINCARIOL, Vitor

Eduardo; ANDRADE, Marina Morais de

Salvador BA: UCSal, 8 a 10 de Outubro de 2014,

ISSN 2316-266X, n.3, v. 2, p. 791-810

805

de visitantes, sendo 10,1 milhões de turistas nacionais e 1,6 milhão de estrangeiros. A capital

paulista se destaca por possuir, na área dos negócios, 63% dos grupos internacionais

instalados no Brasil, no campo da saúde, o maior e mais renomado complexo hospitalar da

América Latina, o Hospital das Clínicas, e da educação, 46 faculdades e 26 universidades.

São Paulo reúne as principais redes hoteleiras nacionais e internacionais, é conhecida como a

capital sul-americana de feiras de negócios e está entre os 15 principais destinos para eventos

internacionais do mundo, tendo em vista que realiza 90 mil eventos por ano (São..., 2011, on

line).

Diante da grande dimensão econômica revelada por estes números, a cidade de São

Paulo possui uma dimensão numérica maior do que muitos países e na área dos negócios

internacionais é a cidade brasileira que mais se destaca, assim se justifica a sua escolha para o

presente estudo. Neste contexto, ao entender sua natural inserção no ambiente internacional

no contexto atual e os impactos, tanto positivos quanto negativos, produzidos, facilmente se

compreende a necessidade de um planejamento para a atuação internacional da cidade, através

do planejamento de uma política pública voltada para esta área, que possibilite o governo

municipal administrar essa relação.

Ao analisar as grandes cidades de países subdesenvolvidos industrializados, na obra

“Metrópole Corporativa Fragmentada: o caso de São Paulo”, Santos (1990) cunha o termo

“metrópole corporativa fragmentada”. Na “metrópole corporativa” o “poder público [é]

chamado a exercer um papel ativo na produção da cidade, beneficiando a população, mas,

principalmente, as empresas hegemônicas, obedecendo à mais restrita racionalidade

capitalista.” (MAGALHÃES, 2011, p. 157). Na obra em questão, o autor

[...] revela, de forma geral, que a estruturação do espaço urbano paulistano

remete à maneira pela qual o poder público realiza o seu trabalho de gestão, sempre vinculado a atender às exigências do capital privado, transformando

São Paulo numa cidade corporativa que se fragmenta em várias partes

desarticuladas, tanto social como economicamente. (Magalhães, 2011, p. 158)

De acordo com Wanderley (2006) a cidade de São Paulo poderia ser caracterizada

como uma grande metrópole, megametrópole e uma cidade global periférica ou emergente,

porque determinados componentes indicados por Castells e Sassen estão

presentes em São Paulo, porém eles comparecem numa situação subordinada e assimétrica, quer como potencialidades em certos aspectos (expansão do

terciário, bancos internacionais, comércio mundial etc.), mas que não podem

LIBERALIZAÇÃO ECONÔMICA E POLÍTICA INTERNACIONAL MUNICIPAL: O CASO DE SÃO PAULO - SCHINCARIOL, Vitor

Eduardo; ANDRADE, Marina Morais de

Salvador BA: UCSal, 8 a 10 de Outubro de 2014,

ISSN 2316-266X, n.3, v. 2, p. 791-810

806

ser equiparados às cidades de Nova York, Londres e Tóquio (e mesmo

outras), quer apresentando baixa intensidade em outros aspectos (sedes de conglomerados, aeroporto internacional, tecnologia avançada etc.).

(WANDERLEY, 2006, p.196)

Tendo em vista as exposições feitas sobre a abordagem paradiplomática em contraste com

as anteriores, é importante observar que a maioria dos autores que tratam a questão da

paradiplomacia, além de partir do pressuposto da existência de uma interdependência,

também pressupõe a crise do Estado centralizado e desenvolvimentista como impulso para as

ações paradiplomáticas. A ideia de descentralização da política externa como correspondente

a uma maior eficiência, que o Estado central foi incapaz de gerar, compõe grande parte do

discurso vigente. O fato é que a descentralização estatal pautou de maneira geral os debates

das reformas liberais das décadas de 1980 e 1990, responsáveis por criar uma

correspondência, quase que generalizada entre as pessoas, sobre a igualdade entre

descentralização das políticas e democracia. A descentralização foi recomendada à época

pelas agências de financiamento internacionais, pelas teorias liberais e até mesmo

participativas. Entretanto, é possível resgatar a autora Marta Arretche (1996) que procura

desmistificar o fato de que a realização da democracia depende do nível de governo em que a

decisão for tomada e salienta que esta tem mais relação com a natureza das instituições

responsáveis pelo processo de decisão, dependendo da possibilidade de que os princípios

democráticos eleitos possam ser traduzidos em instituições concretas.

5. CONCLUSÕES E APORTES PARA FUTUROS ESTUDOS

De tal modo, a partir das questões levantadas na sessão anterior, é possível observar

que os governos locais, foco deste trabalho, estão mergulhados em novas situações

demográficas, econômicas e sociais, dentro de uma preexistente estrutura normativa do

território, produzidas pelo embate entre “[...] um dinheiro globalizado e as instâncias político-

administrativas do Estado brasileiro” (SANTOS, 2001, p. 96). O capital internacional já criou

raízes nas metrópoles dos países subdesenvolvidos que já produzem efeitos de desarticulação

econômica, social e territorial nessas sociedades.

As reflexões colocadas neste artigo sugerem outros caminhos para analisar a inserção

internacional das cidades e podem se constituir importantes pontos norteadores de futuras

investigações, especialmente, àquelas que tiverem caráter empírico. Assim, tal como esperado

LIBERALIZAÇÃO ECONÔMICA E POLÍTICA INTERNACIONAL MUNICIPAL: O CASO DE SÃO PAULO - SCHINCARIOL, Vitor

Eduardo; ANDRADE, Marina Morais de

Salvador BA: UCSal, 8 a 10 de Outubro de 2014,

ISSN 2316-266X, n.3, v. 2, p. 791-810

807

no inicio deste artigo, a intenção de trazer novos insights para o estudo da internacionalização

de cidades foi alcançada e acredita-se que este trabalho inicial cumpriu a sua função de

verificar a possibilidade de utilizar a Teoria do Sistema-Mundo como aporte teórico para

tratar o tema proposto, bem como o fato de trazer questões, atores e processos negligenciados,

até então, pelas análises que partiram da teoria neoliberal. É uma nova proposta, um olhar

alternativo para um fenômeno ascendente.

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARRETCHE, Marta. Mitos da Descentralização: Maior Democracia e eficiência nas

Políticas Públicas?. Revista Brasileira de Ciências Sociais, São Paulo, v. 11, n.31, p. 44-66,

1996.

ARRETCHE, Marta. Relações federativas nas políticas sociais. Educação & Sociedade,

Campinas, v. 23, n.80, p. 25-48, 2002.

ARRIGHI, Giovani. A Ilusão do Desenvolvimento. Petrópolis: Vozes, 1997.

ARRIGHI, Giovani. Adam Smith em Pequim. São Paulo: Boitempo, 2007.

BATISTA, Paulo Nogueira. O Consenso de Washington: a visão neoliberal dos problemas

latino-americanos. Caderno da dívida externa, n. 69, PEDEX, São Paulo: Peres, 1994.

BRIGAGÃO, Clóvis (Coord.). Relações Internacionais Federativas no Brasil: Estados e

Municípios. Rio de Janeiro: Gramma/Fundação Ford, 2005.

CAMPANÁRIO, Milton; KOWARICK, Lúcio. São Paulo: do milagre à crise. As

desventuras da cidadania. Lua Nova, São Paulo: Cedec, n° 28/29, pp. 249-264, 1993.

CASTELLS, Manuel; BORJA, Jordi. As cidades como atores políticos. Novos Estudos do

Cebrap, São Paulo, n.45, p, 152-166, julho de 1996.

CASTELO BRANCO, Álvaro. A paradiplomacia como forma de inserção dos entes não

centrais no cenário internacional. Brasília : O Autor, 2006.

CASTELO BRANCO, Álvaro. Paradiplomacia & entes não-centrais no cenário

internacional. . Curitiba : Jurua, 2009.

CEZÁRIO, Gustavo de Lima. Atuação Global Municipal: Dimensões e

Institucionalização. Brasília: CNM, 2011.

CORNAGO PIETRO, Noe: O outro lado do novo regionalismo pós-soviético e da Ásia-

Pacífico: a diplomacia federativa além das fronteiras do mundo ocidental. In: VIGEVANI,

LIBERALIZAÇÃO ECONÔMICA E POLÍTICA INTERNACIONAL MUNICIPAL: O CASO DE SÃO PAULO - SCHINCARIOL, Vitor

Eduardo; ANDRADE, Marina Morais de

Salvador BA: UCSal, 8 a 10 de Outubro de 2014,

ISSN 2316-266X, n.3, v. 2, p. 791-810

808

Tullo et al. (Org.). A dimensão subnacional e as relações internacionais. São Paulo:

EDUC; UNESP; EDUSC e FAPESP, 2004..

DUCHACEK, Ivo Duchacek. Perforated sovereignties: towards a tipology of new actors in

International Relations. In:MICHELMANN,H. J.; SOLDATOS, P. Federalism and

International Relations. The role of subnational units. Oxford: Clarendon Press, 1990.

DUCHACEK, Ivo Duchacek. The International Dimension of Subnational Self-

Government. In: Federated States and International Relations. Publius, v. 14, n. 4, p. 5-31,

Autumn, 1984. Disponível em: <http://www.jstor.org/stable/3330188> Acesso em: 5 out

2012.

FERREIRA, José W. São Paulo: o mito da cidade-global. Tese de Doutorado. São Paulo:

FAUUSP, 2003.

HUNTINGTON, Samuel. A terceira onda: a democratização no final do século XX. São

Paulo: Ática,1994.

IBGE. Canais: cidades@: São Paulo: São Paulo. 2012. Disponível em:

<http://www.ibge.gov.br/cidadesat/link.php?codmun=355030>. Acesso em: 30 set. 2012.

KEATING, Michael. Regiones y asuntos internacionales: motivos, oportunidades y

estratégias. In: VIGEVANI, Tullo et al. (Org.). A dimensão subnacional e as relações

internacionais. São Paulo: EDUC; UNESP; EDUSC e FAPESP, 2004.

KEOHANE, Robert O.; NYE, Joseph S.. Transgovernmental Relations and International

Organizations. World Politics.Cambridge University Press, V.27, n. 1, p.39-62, out. 1974.

Disponível em: http://www.jstor.org/stable/2009925?origin=JSTOR-pdf>. Acesso em:18 de

jun de 2014.

KINCAID, John. Constituent diplomacy in federal polities and the nation-state conflict and

co-operation. In MICHELMANN, Hans; SOLDATOS, Panayotis. Federalism and

international relations. The role of subnational units. United Kingdom: Oxford University

Press, 1990.

MAGALHÃES, Denise. Resenha: Metrópole Corporativa Fragmentada: O Caso de São

Paulo de Milton Santos. Revista de Desenvolvimento Econômico, n 24, pp. 155-158. 2011

MARIANO, Karina; MARIANO, Marcelo. As teorias de integração regional e os Estados

subnacionais. Impulso, São Paulo, n.31, p.47-70, 2002.

MARIANO, Marcelo P.; BARRETO, Maria Inês: Questão subnacional e integração regional:

o caso do Mercosul. In: VIGEVANI, Tullo et al. (Org.). A dimensão subnacional e as

relações internacionais. São Paulo: EDUC; UNESP; EDUSC e FAPESP, 2004.

MORGENTHAU, Hans. A política entre as nações: a luta pelo poder e pela paz. Brasília,

DF: Edunb: IPRI: São Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2003..

LIBERALIZAÇÃO ECONÔMICA E POLÍTICA INTERNACIONAL MUNICIPAL: O CASO DE SÃO PAULO - SCHINCARIOL, Vitor

Eduardo; ANDRADE, Marina Morais de

Salvador BA: UCSal, 8 a 10 de Outubro de 2014,

ISSN 2316-266X, n.3, v. 2, p. 791-810

809

NOGUEIRA, João Pontes; MESSARI, Nizar. Teoria das Relações Internacionais: correntes

e debates. Rio de Janeiro: Elsevier. 2005.

OLIVEIRA, Henrique. A Política Externa no Pós-guerra Fria. In: Política Externa

Brasileira. São Paulo: Editora Saraiva, 2005.

ONUKI, Janina; OLIVEIRA, Amâncio. Paradiplomacia e as Relações Internacionais: a

experiência de São Paulo. São Paulo, 2007.

ONUKI, Janina (Coord.). Cidades e Inserção Internacional: A experiência de São Paulo.

São Paulo: CAENI, 2005. Relatório Científico.

PRAZERES, Tatiana Lacerda. Por uma atuação constitucionalmente viável das unidades

federadas brasileiras ante os processos de integração regional. In: VIGEVANI, Tullo et al.

(Org.). A dimensão subnacional e as relações internacionais. São Paulo: EDUC; UNESP;

EDUSC e FAPESP, 2004.

RODRIGUES, Gilberto. Marco Jurídico para a Cooperação Descentralizada: Um estudo

sobre o Brasil. Frente Nacional de Prefeitos, São Paulo, 2011. Disponível em: <

http://www.portalfederativo.gov.br/pub/Inicio/ColoquioFederativoCooperacaoInternacional20

11/FNP_MJ_CID_Out2011.pdf> . Acesso em: 01 de julho de 2014.

RODRIGUES, Gilberto. Relações internacionais federativas do Brasil. DADOS – Revista de

Ciências Sociais, Rio de Janeiro, Vol.51, n.04, pp.1015-1034, 2008.

ROMERO, María del Huerto. Poder local y relaciones internacionales en contextos de

integración regional: El caso de la red de mercociudades y la Reunión Especializada de

Municipios e Intendencias (Grupo Mercado Común). In: VIGEVANI, Tullo et al. (Org.). A

dimensão subnacional e as relações internacionais. São Paulo: EDUC; UNESP; EDUSC e

FAPESP, 2004.

SANTOS, Milton. Los espacios de la globalización. Anales de Geografía de la Universidad

Complutense, n 13. Pp. 69-77. Ed. Complutense.1993

SANTOS, Milton. Metrópole corporativa fragmentada: o caso da São Paulo. São Paulo:

Nobel: Secretaria de Estado da Cultura, 1990.

SANTOS, Milton. Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência

universal. 5. ed. Rio de Janeiro : Record, 2001.

SÃO PAULO. Dados da Cidade de São Paulo. 2011. Disponível em:

<http://www.cidadedesaopaulo.com/sp/br/sao-paulo-em-numeros>. Acesso em: 15 out. 2012.

SÃO PAULO. Lei nº 14.649, de 13 de dezembro de 2007. Autoriza a constituição da

Companhia São Paulo de Desenvolvimento e Mobilização de Ativos - SPDA. 2007.

Disponível em: http://www.fiscosoft.com.br/l/5euo/lei-do-municipio-de-sao-paulosp-n-

14649-de-20122007. Acesso em: 28 de jan. de 2014.

LIBERALIZAÇÃO ECONÔMICA E POLÍTICA INTERNACIONAL MUNICIPAL: O CASO DE SÃO PAULO - SCHINCARIOL, Vitor

Eduardo; ANDRADE, Marina Morais de

Salvador BA: UCSal, 8 a 10 de Outubro de 2014,

ISSN 2316-266X, n.3, v. 2, p. 791-810

810

SASSEN, Sasken. El Estado y la nueva geografía del poder. VIGEVANI, Tullo et al.(org.).

A dimensão subnacional e as relações internacionais. São Paulo, EDUC; Ed.Unesp; Bauru,

EDUSC, 2004.

SOLDATOS, Panayotis. An Explanatory Framework for the Study of Federated States as

Foreign-policy Actors. In MICHELMANN, Hans J; SOLDATOS, Panayotis. Federalism

and International Relations: The role of subnational units. Oxford University Press, 1990.

VIGEVANI, Tullo.; WANDERLEY, Luiz. Apresentação. IN: VIGEVANI, Tullo et al. (Org.).

A dimensão subnacional e as relações internacionais. São Paulo: EDUC; UNESP; EDUSC

e FAPESP, 2004.

WALLERSTEIN, Immanuel. World System Analysis: An Introduction. London, Duke

University Press, 2006.

WANDERLEY, Luiz. São Paulo no contexto da Globalização. Lua Nova, São Paulo, n 69, p.

173-203. 2006. Disponível em: < http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-

64452006000400008&script=sci_arttext>. Acesso em: 30 de maio de 2014.

WILLIAMSON, John; KUCZYNSKI, Pedro-Paulo.Depois do Consenso de Washington.

São Paulo: Saraiva, 2004