levantamento das potencialidades apa nhamundá

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Marupiara Ano 4 Nº 5 Jan/Jun 2011 ISSN 1981-0326 LEVANTAMENTO DAS POTENCIALIDADES TURÍSTICAS NA REGIÃO DO PARANÁ DO ESPÍRITO SANTO, APA NHAMUNDÁ, AMAZONAS * 1 Izabel Farias Valente Graduada em Geografia/Universidade do Estado do Amazonas João D’Anuzio Menezes de Azevedo Filho Msc., Professor da Universidade do Estado do Amazonas, [email protected] Resumo A presente pesquisa faz um levantamento das potencialidades turísticas na região do Paraná do Espírito Santo, dentro da Área de Proteção Ambiental do Nhamundá, no estado do Amazonas. A APA Nhamundá está localizada no extremo leste do Estado do Amazonas, em um espaço físico ao norte do município de Parintins e ao sul do município de Nhamundá. A referida APA foi criada através do Decreto nº. 12.836, de 09 de março de 1990, com área de 195.900 hectares pertencendo 70% ao município de Parintins e 30% ao município de Nhamundá. Contém dois ecossistemas, um de terra firme (15%), e outro de várzea (85%). Cerca de 1.400 famílias vivem em 33 comunidades que juntas totalizam cerca de 7.000 pessoas. Possui uma paisagem composta por grande quantidade de recursos naturais terrestres e aquáticos entre os quais se destacam lagos e baixadas de rara beleza conhecidos como complexo do Macuricanã. Nesta perspectiva, a pesquisa realizou um levantamento do potencial turístico na região do Paraná do Espírito Santo na borda sul da APA Nhamundá, a qual pertencem as comunidades de Vila Bentes, Santa Rita do Igarapé do Boto, São Sebastião do Boto, São José do Paraná do Espírito Santo de Cima, Paraná do Espírito Santo do Meio e Paraná do Espírito de Baixo. A atividade turística ganha relevância naquela área não somente por suas características naturais, mas em especial, pela possibilidade de melhoria da qualidade de vida da população local que vê no turismo uma saída para melhorar sua renda familiar. Palavras chave: turismo áreas protegidas sustentabilidade A STUDY OF THE TOURISTIC POTENTIAL OF THE REGION OF THE PARANÁ DO ESPIRITO SANTO, APA NHAMUNDÁ, AMAZONAS Abstract This research makes a study of the touristic potential of the region of the Paraná do Espirito Santo, inside the environmental protection area of the town of Nhamundá, Amazonas State, Brazil. The EPA Nhamundá is localized in the extreme east of the Amazon state, to the north of the municipality of Parintins and to the south of the municipality of Nhamundá. This EPA was created via the decree No 12.836, of 9th March 1990 and possesses an area of 195,900 hectares, 70% belonging to the municipality of Parintins and 30% to the municipality of Nhamundá. It contains two ecosystems, one of terra firma (15%) and one of lowland inundated with the rise of the river (85%). Around 1,400 families live in 33 communities that together total about 7000 people. It has a landscape made up of a great quantity of natural land and water resources where beautiful lakes and lowlands maybe found, known as the Macuricanã Complex. In this perspective, the research studiedthe touristic potential of the Paraná do Espirito Santo region on the southern border of the EPA of Nhamundá, to which belong the communities of Vila Bentes, Santa Rita do Igarapé do Boto, São Sebastião do Boto, São José do Paraná do Espírito Santo de Cima, Paraná do Espírito Santo do Meio and Paraná do Espírito de Baixo. The touristic activity becomes important in this area, not only because of the natural characteristics of the area, but especially because of the possibility of improving the quality of life of the local population that acknowledges that tourism is an opportunity to raise their family income. Keywords: Tourism, Protected areas, Sustainability 1 Publicado na Marupiara, Revista Científica do Centro de Estudos Superiores de Parintins/Universidade do Estado do Amazonas, edição nº 5, jan/jun/2011.

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Page 1: Levantamento das potencialidades APA Nhamundá

Marupiara Ano 4 – Nº 5 Jan/Jun 2011 ISSN 1981-0326

LEVANTAMENTO DAS POTENCIALIDADES TURÍSTICAS NA REGIÃO DO

PARANÁ DO ESPÍRITO SANTO, APA NHAMUNDÁ, AMAZONAS *1

Izabel Farias Valente

Graduada em Geografia/Universidade do Estado do Amazonas

João D’Anuzio Menezes de Azevedo Filho

Msc., Professor da Universidade do Estado do Amazonas, [email protected]

Resumo

A presente pesquisa faz um levantamento das potencialidades turísticas na região do Paraná do Espírito Santo,

dentro da Área de Proteção Ambiental do Nhamundá, no estado do Amazonas. A APA Nhamundá está

localizada no extremo leste do Estado do Amazonas, em um espaço físico ao norte do município de Parintins e

ao sul do município de Nhamundá. A referida APA foi criada através do Decreto nº. 12.836, de 09 de março de

1990, com área de 195.900 hectares pertencendo 70% ao município de Parintins e 30% ao município de

Nhamundá. Contém dois ecossistemas, um de terra firme (15%), e outro de várzea (85%). Cerca de 1.400

famílias vivem em 33 comunidades que juntas totalizam cerca de 7.000 pessoas. Possui uma paisagem composta

por grande quantidade de recursos naturais terrestres e aquáticos entre os quais se destacam lagos e baixadas de

rara beleza conhecidos como complexo do Macuricanã. Nesta perspectiva, a pesquisa realizou um levantamento

do potencial turístico na região do Paraná do Espírito Santo na borda sul da APA Nhamundá, a qual pertencem

as comunidades de Vila Bentes, Santa Rita do Igarapé do Boto, São Sebastião do Boto, São José do Paraná do

Espírito Santo de Cima, Paraná do Espírito Santo do Meio e Paraná do Espírito de Baixo. A atividade turística

ganha relevância naquela área não somente por suas características naturais, mas em especial, pela possibilidade

de melhoria da qualidade de vida da população local que vê no turismo uma saída para melhorar sua renda

familiar.

Palavras chave: turismo – áreas protegidas – sustentabilidade

A STUDY OF THE TOURISTIC POTENTIAL OF THE REGION OF THE PARANÁ DO ESPIRITO

SANTO, APA NHAMUNDÁ, AMAZONAS

Abstract

This research makes a study of the touristic potential of the region of the Paraná do Espirito Santo, inside the

environmental protection area of the town of Nhamundá, Amazonas State, Brazil. The EPA Nhamundá is

localized in the extreme east of the Amazon state, to the north of the municipality of Parintins and to the south of

the municipality of Nhamundá. This EPA was created via the decree No 12.836, of 9th March 1990 and

possesses an area of 195,900 hectares, 70% belonging to the municipality of Parintins and 30% to the

municipality of Nhamundá. It contains two ecosystems, one of terra firma (15%) and one of lowland inundated

with the rise of the river (85%). Around 1,400 families live in 33 communities that together total about 7000

people. It has a landscape made up of a great quantity of natural land and water resources where beautiful lakes

and lowlands maybe found, known as the Macuricanã Complex. In this perspective, the research studiedthe

touristic potential of the Paraná do Espirito Santo region on the southern border of the EPA of Nhamundá, to

which belong the communities of Vila Bentes, Santa Rita do Igarapé do Boto, São Sebastião do Boto, São José

do Paraná do Espírito Santo de Cima, Paraná do Espírito Santo do Meio and Paraná do Espírito de Baixo. The

touristic activity becomes important in this area, not only because of the natural characteristics of the area, but

especially because of the possibility of improving the quality of life of the local population that acknowledges

that tourism is an opportunity to raise their family income.

Keywords: Tourism, Protected areas, Sustainability

1 Publicado na Marupiara, Revista Científica do Centro de Estudos Superiores de Parintins/Universidade do

Estado do Amazonas, edição nº 5, jan/jun/2011.

Page 2: Levantamento das potencialidades APA Nhamundá

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Introdução

O turismo é uma atividade econômica e social que tem na atualidade seu crescimento

intimamente ligado à conservação ambiental e ao desenvolvimento sustentável tanto em nível

nacional e regional como municipal.

É crescente o aproveitamento das Unidades de Conservação para a prática do turismo

como busca de uma relação mais íntima do homem com a natureza. Em se tratando da região

amazônica, essas unidades possuem características peculiares no que tange às características

físicas, sociais e culturais que as difere das existentes nas demais regiões do país.

A presente pesquisa faz um levantamento das potencialidades turísticas na região do

Paraná do Espírito APA Nhamundá, Amazonas. A Área de Proteção Ambiental Nhamundá

está localizada no extremo leste do Estado do Amazonas, em um espaço físico ao norte do

município de Parintins e Sul do município de Nhamundá, contendo dois ecossistemas, sendo

estes de terra firme (15%) e de várzea, (85%), onde se localiza um complexo de lagos

denominado complexo do Macuricanã, rico em espécies aquáticas.

Verificou-se a necessidade de se fazer um levantamento na referida APA, visto que,

como afirma Nelson e Pereira (2004), o desenho e a implementação de projetos turísticos

nessas áreas devem ser capazes de desenvolver modelos alternativos, conservar a base de

recursos naturais, responder ao imaginário coletivo e assegurar a participação e o engajamento

efetivo das populações locais no processo de tomada de decisões.

Para o embasamento desse trabalho faz-se uma abordagem sobre o turismo versus

desenvolvimento sustentável na Amazônia, visto que as atenções se voltam principalmente

para suas riquezas naturais e culturais, notando-se, entretanto, uma preocupação em escolher

modelos de desenvolvimento que se identifiquem de fato com a realidade local.

Dentre as modalidades de turismo, destacam-se: o ecoturismo, que está se

intensificando a partir de preocupações de ordem ambiental, econômica e social e por estar

ligado a um tipo de turismo cujas bases concentram-se na manutenção do desenvolvimento

sustentável e o turismo de pesca, atividade turística que é considerada de elevado potencial

para gerar desenvolvimento em longínquas áreas.

A segunda parte trata do Turismo em Unidades de Conservação expondo sobre da

importância que estas vêm adquirindo por sua excepcional beleza cênica e importância

ecológica e cultural e principalmente por sua importância para a sustentabilidade.

Page 3: Levantamento das potencialidades APA Nhamundá

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Para o bom desempenho da pesquisa buscou-se alcançar os objetivos estabelecidos

no projeto que foram: estudar os aspectos físicos e humanos que compõem a paisagem da

região do Paraná do Espírito Santo, APA Nhamundá, identificar os ambientes propícios à

realização de atividades turísticas e discutir com a população local sobre um plano de

desenvolvimento turístico local sustentável.

A metodologia utilizada consistiu de um levantamento bibliográfico e documental

acerca do tema e sobre a APA Nhamundá. O método fenomenológico foi utilizado na

abordagem, assim como as técnicas de pesquisas observação e o modelo SWOT, termo

resultante da conjugação das iniciais das palavras anglo-saxónicas Strengths (forças),

Weaknesses (fraquezas), Opportunities (oportunidades) e Threats (ameaças), tendo em vista

fazer o levantamento das potencialidades turísticas naquela região.

Na terceira parte se discute sobre a APA Nhamundá caracterizando-a de acordo com

seus aspectos que são: naturais- localizada sobre a planície fluviolacustre formada no

encontro dos rios Nhamundá e Amazonas; a biodiversidade - de grande relevância para a

conservação da biota aquática da Amazônia e a infra-estrutura – que consiste de uma pequena

Base flutuante e o escritório da Coordenação Estadual de Unidades de Conservação (CEUC).

A título de conclusão faz-se considerações sobre o potencial turístico encontrado na

região estudada, voltado para seus atributos naturais e culturais, dando-se maior relevância ao

elemento homem.

Turismo versus desenvolvimento sustentável na Amazônia

Ao se falar em turismo na Amazônia as atenções se voltam principalmente para as

suas riquezas naturais e culturais. Ao mesmo tempo se tem cada vez mais, a preocupação em

escolher modelos de desenvolvimento que se identifiquem de fato com a realidade local,

tendo como premissa a sustentabilidade.

O turismo vem denotando também um meio de diferentes valores sobre a natureza,

determinando uma articulação de formas e interesses entre os diferentes setores da sociedade

que desempenham papéis diversificados, tais como as populações locais, o poder municipal e

a cooperação internacional. Valores estes de conservação, de sobrevivência e de mercado.

O crescimento do turismo está intimamente ligado ao desenvolvimento sustentável

que significa qualificar o crescimento e reconciliar o desenvolvimento econômico com a

necessidade de se preservar o meio ambiente (CAVALCANTI, 2001).

Page 4: Levantamento das potencialidades APA Nhamundá

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Na Amazônia as possíveis articulações entre conservação ambiental e

desenvolvimento sustentável como viabilidade econômica emergem em locais onde existem

projetos comunitários, no entanto, o âmago da sustentabilidade pode ser alcançado também

em outros recortes tais como as unidades de conservação.

Como exemplo de turismo com base local pode-se citar o município de Silves no

Amazonas onde, devido a ameaça da fome e com ajuda da Igreja Católica, comunidades

locais se organizaram em torno de uma ONG, a Associação de Silves pela preservação

Ambiental e Cultural (ASPAC) que conseguiu junto à Câmara de vereadores a proibição da

pesca comercial e a criação do manejo da pesca artesanal por meio de proteção dos lagos.

O programa de educação ambiental comunitário denominado “caravana mergulhão”,

valorizou e mobilizou a participação e o debate sobre a importância do respeito às normas e

legislação municipal sobre conservação da pesca.

Paralelamente ao trabalho de educação ambiental e conservação dos recursos

pesqueiros, a ASPAC, com apoio do WWF (World Wild Found), optou pelo desenvolvimento

do turismo como alternativa econômica para as comunidades ribeirinhas.

Foi construída uma Pousada (aldeia dos lagos) onde há uma participação intensa das

comunidades ribeirinhas tanto na atividade de hospedagem como nas atividades de lazer do

turista. Os turistas conhecem como vive o ribeirinho, como ele pesca, planta, faz a farinha, faz

o peixe para comer além de fazerem os passeios dentro da floresta e na cidade, deixando

divisas para o município (TAMAIO; CARREIRA, 2000).

Esse diferencial tem atraído nos últimos três anos, aproximadamente 600 turistas por

ano, em sua maioria, estrangeiros em busca do turismo responsável.

Sabe-se que a sustentabilidade é desafiante, pois, é um modelo de desenvolvimento

que necessita de padrão permanente de organização da sociedade, mudança de

comportamentos e hábitos de produção e consumo de cada ator social.

Desses fatos, depreende-se que o turismo age como indutor benéfico, sobretudo se

houver um desenvolvimento planejado que organize as atividades turísticas, como por

exemplo, programas educativos que possam capacitar os moradores locais, levando-os a se

tornar cada vez mais orgulhosos da sua cultura e do lugar em que vivem. Ressaltamos, no

entanto, que o turismo não é isento de riscos e ameaças já que é uma ação antrópica.

Page 5: Levantamento das potencialidades APA Nhamundá

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O Ecoturismo

Na sua ânsia voraz por conquistar o espaço e os de recursos, o homem de modo

preocupante e avassalador alterou drasticamente seu meio ambiente, provocando uma forte

ameaça à qualidade ambiental, e em curto prazo, suas possibilidades de uso.

O interesse crescente pelo ambiente natural, preservado e ou conservado, fez nascer

o ecoturismo, uma atividade que tem relação direta com o desenvolvimento sustentável.

Ecoturismo, turismo ecológico e turismo de natureza são algumas denominações de

caráter geral atribuídas ás práticas de turismo que estão ocorrendo em áreas naturais

[...]Essas modalidades de turismo diretamente relacionadas á natureza, mais

comumente chamadas de ecoturismo, crescem – conforme propalam organismo

oficias – a um ritmo acelerado (CRUZ, 2003, p.17-18).

O ecoturismo está ligado a um tipo de turismo cujas bases concentram-se na

manutenção do desenvolvimento sustentável, traduzido como a preocupação com as gerações

futuras e com a preservação dos biomas.

A demanda que o ecoturismo emite para as áreas naturais é relevante e contínua.

Porém, os empresários que exploram essa atividade, não se preocupam em incluir no

planejamento das mesmas, a comunidade local, quando o ideal seria que as populações

residentes nos locais explorados tivessem participação efetiva no desenvolvimento dessas

atividades, mesmo porque são eles que ficam expostos ao perigo da imposição cultural,

doenças e excesso de lixo deixado pelos turistas.

Evidencia-se que o ecoturismo implica medidas de conservação e manejo,

apresentando uma relação intrínseca entre as empresas privadas que organizam viagem pela

natureza e as entidades (governamentais e não-governamentais) responsáveis pela proteção

das áreas naturais além da população local (FARIA; CARNEIRO, 2001).

Contudo, é importante ressaltar que apesar do ecoturismo ser um instrumento em

prol do desenvolvimento sustentável, algumas comunidades não tem alcançado os benefícios

almejados, já que o objetivo posto em prática tem sido a curto prazo e não o desenvolvimento

através dos princípios defendidos pelo ecoturismo. Esse é um problema que acontece não

apenas com empresários, mas também com governos de países que lançam um olhar para o

ecoturismo como a solução para suprir a falta de empregos e conseguir capital para infra-

estrutura.

Page 6: Levantamento das potencialidades APA Nhamundá

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O Turismo de Pesca

Estudos realizados na Amazônia brasileira apontam que ela detém cerca de 10% da

diversidade de peixes existente no planeta, o que a torna uma das regiões mais propícias para

investimentos no aproveitamento desse potencial para o turismo de pesca.

Uma das vantagens do turismo de pesca é que ele conta necessariamente com a

população local já ligada à pesca para se desenvolver, sendo considerada uma atividade com

potencial de gerar desenvolvimento em distantes áreas, podendo substituir outros tipos de

atividades econômicas que geram degradação ao meio ambiente e ser uma oportunidade de

emprego e renda para as comunidades tradicionais e ribeirinhas.

Devido a um grande potencial, em praticamente todo o território nacional, foi criado

em 1997, pelo Ministério do Esporte e do Turismo e o Ministério do Meio Ambiente, o

Programa Nacional de Desenvolvimento da Pesca Amadora - PNDPA, que tem o objetivo

transformar a atividade de Pesca Amadora em instrumento de desenvolvimento econômico,

social e de conservação ambiental (AMAZONAS, 2004)

No Amazonas este programa é executado pelo Governo Estadual por intermédio do

órgão oficial de turismo do Estado, a Empresa Estadual de Turismo (AMAZONASTUR), em

parceria com as prefeituras municipais e recebem apoio do governo federal.

A AMAZONASTUR ordena a pesca amadora, divulga e promove a atividade nos

mercados nacional e internacional, com propósito de tornar o destino ao Amazonas

consolidado.

Mas para que aconteça o ordenamento da pesca amadora no Estado é ainda

necessário promover o aumento do número de pescadores esportivos associados e legalizados,

acrescentar o número de pescadores brasileiros e estrangeiros, melhorar a prestação de

serviços por piloteiros e guias de pesca, procurar envolver as comunidades locais (a fim de

que possam melhorar sua qualidade de vida), descobrir e divulgar novas áreas de Pesca

Amadora, além de sensibilizar os turistas quanto aos riscos que podem causar ao ambiente.

As Unidades de Conservação e o seu Aproveitamento para o Turismo

Em se tratando do aproveitamento das unidades de conservação no Amazonas para o

turismo sustentável, é válido ressaltar que possuem características peculiares dentro do seu

aspecto físico e cultural que as diferencia das demais regiões do país.

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As Unidades de Conservação apresentam excepcional beleza cênica e elevada

importância ecológica e cultural. Quanto aos objetivos relacionados à sua criação,

modificaram-se com o decorrer dos anos, seguindo tendências que variam entre o

aproveitamento para recreação até os conceitos atuais.

Segundo Brasil (2000), a UC seria espaço territorial e seus recursos ambientais,

incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente

instituídos pelo poder público com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime

especial de administração ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção.

É crescente o interesse em conhecer lugares com culturas tradicionais que não estão

incorporados ao capital nacional e internacional em função de sua localização estar distante

do centro político e por serem considerados fronteira do desenvolvimento, como é o caso do

Amazonas.

As Políticas Públicas de Turismo aplicadas hoje no âmbito Estadual é parte

integrante da Política Nacional de Turismo, desenvolvida em nível local e as estratégias

elaboradas a nível Federal. Esses programas devem ser manejados com rapidez para que haja

dinamização do setor turístico, evitando desperdício de tempo e recursos financeiros.

Essa participação pode alternar-se entre uma mera visita turística, aquela em os

moradores partilham o conhecimento com o visitante, a uma consultoria em um projeto

ecoturístico ou ainda a comunidade vir a tornar-se dona do seu próprio empreendimento.

Faria (2001) argumenta que oferecer aos turistas a possibilidade de compartilhar e

descobrir o que é valorizado pelas comunidades locais coloca a atividade turística em sintonia

com a crescente importância dada às culturas locais, além de oportunizar a esse visitante

conviver com o diferente.

Logo, o envolvimento dos moradores das comunidades em turismo sustentável é

componente essencial para a conservação ambiental, seu desenvolvimento sociocultural e

econômico. Sem esse envolvimento não se pode levar nenhum plano adiante.

Procedimentos Metodológicos

A metodologia empregada consistiu de um levantamento bibliográfico e documental

acerca do tema e sobre a APA Nhamundá, pois, como afirma Gil (1999) é fundamental a

realização da pesquisa bibliográfica, uma vez que a mesma, parte dos materiais já elaborados,

constituídos em sua maioria por livros e artigos científicos, além de coleta de dados

Page 8: Levantamento das potencialidades APA Nhamundá

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secundários sobre o assunto versado. Embora a pesquisa documental siga os mesmos passos

da bibliográfica é diferenciada aqui pela utilização de um documento que não recebeu

tratamento analítico, sendo fornecido por um órgão público do Governo do Estado do

Amazonas (Secretária de Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável), que

dispôs o Plano de Proteção da APA Nhamundá.

No que concerne ao método de abordagem foi utilizado o método fenomenológico que

trata de fenômenos como algo que aparece para a consciência, que é sempre a consciência de

algo, “tem a ver com princípios, com as origens do significado e da experiência” (RELH

1979, p.1). Logo, foi útil para entender a realidade local, principalmente a partir das

informações coletadas nas comunidades, já que fenomenologia analisa a essência dos fatos

empíricos.

No que se refere às técnicas de pesquisa, fora realizada junto às comunidades

localizadas na APA uma reunião para discutir as possibilidades da prática do turismo na área,

seus recursos e potencialidades. Para tanto foi utilizado o modelo SWOT que corresponde à

identificação por parte de uma organização e de forma integrada dos principais aspectos que

caracterizam a sua posição estratégica num determinado momento, tanto a nível interno como

externo (GOLDSCHMIDT, 2006). Neste caso em específico é uma visão que vai de “dentro

para fora” auxiliando em uma melhor compreensão dos verdadeiros potenciais daquela região

e a observação que ajudou na compreensão dos dados coletados e análise da real situação

pesquisada.

A população investigada foi composta pelas comunidades da região do Paraná do

Espírito Santo na borda sul da APA do Nhamundá, a qual pertencem as comunidades Vila

Bentes, Santa Rita do Igarapé do Boto, São Sebastião do Boto, São José do Paraná do Espírito

Santo de Cima, Paraná do Espírito Santo do Meio e Paraná do Espírito de Baixo, inseridas no

setor 01, pela classificação do Plano de Proteção da mesma.

As comunidades selecionadas para o estudo foram eleitas levando-se em

consideração o fator distância, posto que as comunidades elencadas situam-se próximas umas

em relação ás outras e de todas em relação ao núcleo receptor, a cidade de Parintins, o que

facilita a locomoção e também por estarem localizadas na área de várzea, maior porção da

APA - oitenta e cinco por cento (85%), o que torna relevante o estudo nessas comunidades.

Page 9: Levantamento das potencialidades APA Nhamundá

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A APA Nhamundá

Uma Área de Proteção Ambiental é uma categoria de Unidade de Conservação de

uso sustentável caracterizada por área extensa, com certo grau de ocupação humana, dotada

de atributos naturais ou culturais importantes para a qualidade de vida das populações

humanas, cujos objetivos são: proteger a diversidade biológica, disciplinar a ocupação e

assegurar a sustentabilidade do uso de recursos naturais; visitação permitida; terras públicas

ou privadas (MMA, 2002).

A Área de Proteção Ambiental Nhamundá, criada através do Decreto nº. 12.836, de

09 de março do ano de 1990, com uma área de 195.900 hectares, localiza-se no extremo leste

do Estado do Amazonas, em um espaço físico ao norte do município de Parintins e sul do

município de Nhamundá. Contém dois ecossistemas, sendo estes, de terra firme, quinze por

cento (15%), e várzea, oitenta e cinco por cento (85%).

Figura 01: Mapa da Área de Proteção Ambiental do Nhamundá

Fonte: Secretária de Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, 2008.

Page 10: Levantamento das potencialidades APA Nhamundá

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A terra firme é uma ilha de aproximadamente 30.000 hectares onde estão localizadas

8 comunidades, destacando-se na paisagem pela forte presença de Castanheiras, quintais com

laranjeiras e criação de animais de grande e pequeno porte. A Várzea, o mais rico ecossistema

da bacia amazônica, predomina na referida APA; sua paisagem se sobressai sob duas formas:

uma representada pelas restingas, igarapés, furos e lagos, onde estão localizadas as 25

comunidades e moradores isolados e a outra, formada pela presença de áreas inundadas,

mesmo no período da estiagem, chamada de lagos e baixo, rico em espécies aquáticas

formando o conhecido complexo Macuricanã (SDS, 2008).

As 1.400 famílias, que juntas totalizam cerca de 7.000 pessoas, possuem como

abrigo 33 comunidades, que através do Plano de Proteção da referida APA estão agrupadas

em 6 setores da seguinte forma:

Setor 4

Castanhal

Boa Vista / Fazenda Grande

Bom Fim

Arnacaru

São Pedro

Sapucaia conceição

Setor 5

Laguinho

Cutipana

Merajuba

Setor 6

Araraua

Urucuri

Aminaru

Aminaruaçu

Carana

Cúria

Quanto aos aspectos naturais da APA, está localizada sobre a planície fluviolacustre

formada no encontro dos rios Nhamundá e Amazonas. Sua vegetação é predominante de

Floresta Ombrófila densa, fortemente influenciada pelo regime de inundação dos rios. As

espécies da flora local apresentam adaptações que permitem suportar meses de alagamento

e/ou submersão. Destaca-se ainda um conjunto de lagos de rara beleza denominado Complexo

do Macuricanã.

Setor Comunidades

Setor 1

Vila Bentes

Santa Rita do Igarapé do Boto

São Sebastião do Boto

São José do Paraná do Espírito Santo de

Cima

Paraná do Espírito Santo do Meio

Paraná do Espírito de Baixo

Setor 2

Imaculada Conceição do Itaboraí de Cima

Menino Deus do Itaboraí do Meio

São Vicente do Itaboraí

Boa Vista do Itaboraí

São José do Itaboraí de Baixo

Setor 3

Saude da Boca do Jacaré

Santa Ana do Igarapé do Jacaré

São Raimundo do Araçá

N. Sra. Aparecida do ANABU

N. Sra. de Nazaré Caldeirão

Cristo Rei do Caldeirão

Capitão

Tabela 01: Comunidades agrupadas em Setores

Fonte: Secretária de Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, 2008.

Page 11: Levantamento das potencialidades APA Nhamundá

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As primeiras comunidades de Parintins a construírem de modo participativo e ter

instituído pelo IBAMA o Acordo de Pesca foram: Brasília, Catespera, Divino Espírito Santo,

São Francisco, São José, Santa Rita do Boto e São Sebastião do Boto, com o apoio da Colônia

de Pescadores Z-17, Sindicato dos Trabalhadores Rurais, Escritório Regional do IBAMA em

Parintins e ProVárzea/IBAMA.

Os lagos mapeados pelo Provázea e IBAMA foram 94, sendo que 45 estão destinados

à manutenção (subsistência das famílias, com a venda do excedente dentro das próprias

comunidades); 22 para procriação, destinados unicamente à reprodução das espécies, onde a

pesca fica proibida por tempo indeterminado; e 27 são comerciais, destinados à pesca de

subsistência e à pesca comercial.

A biodiversidade da APA é de grande relevância para a conservação da biota

aquática da Amazônia. Seus variados lagos são importantes abrigos para aves como o socó-

boi e o arapapá; mamíferos aquáticos como o peixe-boi, ameaçado de extinção e várias

espécies de quelônios

A infra-estrutura segundo a SDS (2008) consiste das seguintes bases de apoio:

- Uma pequena Base flutuante, pertencente ao GRUPACOM (Grupo de Proteção

Ambiental do Complexo Macuricanã), situada na entrada do Igarapé do Bom Sucesso que

serve de apoio para os membros do grupo em suas atividades voluntárias de monitoramento

do acordo de pesca do complexo Macuricanã município de Parintins.

- Base de apoio que foi reformada pela Prefeitura de Nhamundá, situada no

entroncamento dos Igarapés Sapucaia, Jacaré, Macuricanã e Capitão, ponto estratégico para o

controle e fiscalização de parte da APA pertencente ao Município de Nhamundá.

- Escritório do CEUC em fase de implantação na sede do município de Parintins,

anexo ao Escritório do IDAM.

Esta estrutura vem sendo utilizada na implementação e estruturação da APA

Nhamundá, no monitoramento do acordo de pesca, do manejo do Pirarucu e apóio a gestão

comunitária. Os recursos para estas bases são oriundos de parcerias informais com o

Escritório regional de Parintins do IBAMA, Prefeitura de Nhamundá, GRUPACOM e

CEUC/SDS.

O acesso à área pode ser feito por via aérea em vôo comercial ou fretado, no trecho

Manaus-Parintins, ou por via fluvial nos trechos Manaus-Nhamundá e Manaus-Parintins. De

Parintins a Nhamundá, o trecho é percorrido de barco ou voadeira.

As principais atividades econômicas são a agricultura e a pesca. Peixes de maior

valor comercial, como o tambaqui, jaraqui, curimatá, pacu, matrinchã e pirapitinga são

Page 12: Levantamento das potencialidades APA Nhamundá

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abundantes na área. Possui potencial para desenvolver especialmente a silvicultura e a

agricultura. A área é aberta à exploração sustentável das florestas nativas, à visitação turística

e à pesquisa científica. (SDS, 2008)

As Comunidades do Paraná do Espírito Santo: expectativa para o Turismo Sustentável

O envolvimento das comunidades em turismo sustentável é um componente

essencial para o seu êxodo, os moradores desempenham um papel importante para o seu

desenvolvimento sociocultural, econômico e na conservação ambiental (NELSON;

PEREIRA, 2004).

Partindo desse pressuposto, foi realizada no dia 19 do mês de abril de 2009, uma

reunião na comunidade do São José do Paraná do Espírito Santo de Cima, com a presença de

27 comunitários, ocorrendo apresentação de uma mini-palestra que tratou dos seguintes

assuntos:

- O turismo em Áreas Protegidas

- Apresentação de um documentário sobre o turismo ecológico em Silves/AM;

- As potencialidades para Turismo na APA do Nhamundá, Amazonas.

A reunião iniciou-se com pronunciamento do professor da Universidade do Estado

do Amazonas (UEA), se apresentando como orientador da bolsista da Fundação de Amparo à

Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM), idealizadora do Projeto: Levantamento das

potencialidades turísticas na APA do Nhamundá, na região do Paraná do Espírito Santo,

Amazonas.

Após a exposição dos referidos temas foram fornecidos aos participantes

esclarecimentos preliminares sobre o significado de forças, fragilidades, oportunidades e

ameaças, conceitos que compõem a matriz SWOT. Onde os mesmos tiveram a oportunidade

de expor suas visões de dentro para fora, ou seja, uma visão do que eles achavam interessante

para o turismo.

Procurou-se fazer uma seletiva que abrangesse um público diversificado tais como

pescadores, professores, donas de casa, líder comunitário e pequeno criador.

A identificação das forças é particularmente importante por se referir aos lugares

mais propícios à pratica do turismo naquela região tais como: os lagos do Comprido,

Macuricanã, Aningal, Botinho, Boto Grande, São Félix, Matipucu e Boró. Também os

propícios à pesca artesanal e esportiva, havendo inclusive citação da pesca do camarão, do

Page 13: Levantamento das potencialidades APA Nhamundá

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dormitório dos pássaros, o artesanato confeccionado a partir da escama do pirarucu, da cuia e

a festa do peixe liso.

Quanto às fragilidades, os comunitários fizeram uma listagem na qual reconhecem

seus pontos fracos como: a falta de capacitação técnica dos comunitários para o turismo,

sendo esta indispensável para que estes possam dispor de habilidades para um adequado

atendimento na prestação de serviços aos turistas; a falta de capacitação do comunitário para

falar outro idioma que é outro fator a ser destacado visto que ter domínio de uma outra língua

é de fundamental importância para a participação efetiva da comunidade no turismo.

Em se tratando das oportunidades, atentaram para iniciativas e parcerias públicas e

particulares entre as ONG’s e as comunidades, a longo, médio e curto prazo. As comunidades

mostraram-se interessadas em participar das atividades turísticas e foram orientadas a recorrer

à essas parcerias para auxiliá-las a entrar nesse ramo.

Na tabela 02 estão listadas essas oportunidades que vão desde a elaboração de um

projeto de execução em curto prazo, palestras e oficinas em parceria com os órgãos públicos,

entidades e junto à Universidade para estruturação das comunidades para recepcionar o

turista.

Ao se referirem às ameaças, os participantes demonstraram um bom nível de

sensibilização, no que tange ao desmatamento para a implantação da infra-estrutura; perda da

identidade cultural, já que os turistas costumam, através de seus hábitos, exercer influência

sobre os residentes; a falta de planejamento, fator muito importante para que aconteça com

menos impacto a atividade turística, as questões sociais como a prostituição, violência, drogas

e a degradação da natureza principalmente pelo acúmulo de lixo.

A correta listagem das suas forças e fraquezas fornece elementos importantes para

um futuro plano de desenvolvimento sustentável na referida região que tenderá naturalmente a

tirar o maior proveito possível das forças e a minorar ou suavizar ao máximo as fraquezas.

O cruzamento da potencialidade com a oportunidade proporciona ações mais

adequadas a serem desenvolvidas, identificando as prioridades desejáveis.

A matriz utilizada, não é um modelo sistêmico, visto que, não apresenta uma forma

de avaliação e monitoração durante sua execução, no entanto, com esta nova perspectiva

todos os agentes são levados a trabalhar em sintonia, pois uma ação refletirá em outra. Logo, a

participação da comunidade é indispensável para que se alcance as metas de sustentabilidade.

Page 14: Levantamento das potencialidades APA Nhamundá

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Como resultado os participantes apresentaram devidamente anotados nos papeis suas

contribuições, o conteúdo está a seguir transcrito e classificados em Forças, Fragilidades,

Oportunidades e Ameaças.

Forças/ Potencialidades

Pesca artesanal Lagos

Pesca esportiva em épocas certas Artesanato

Pesca do camarão Festa do peixe liso

Visita ao dormitório dos pássaros Criação de capivaras em parceria com

o IBAMA

Fragilidades/ Dificuldades

Falta de capacitação técnica dos

comunitários para o turismo

Organizar uma frota de barco para

levar o turista aos lagos

Estrutura da comunidade Organização comunitária

Falta de capacitação do comunitário para

falar outro idioma Alojamento

Preservação dos recursos naturais locais

e adjacentes

Capacitar para produção de alimento

regional

Segurança do turista

Oportunidades: Iniciativas/ Parcerias (Públicas, Particulares/ ONG’s, Comunidade)

Figura 04: Anotações dos comunitários Figura 03: Moradores da Comunidade São

José do Paraná do Espírito Santo de Cima.

Page 15: Levantamento das potencialidades APA Nhamundá

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Curto Prazo Médio Prazo Longo Prazo

Elaborar um projeto a curto

prazo para ser efetuado Divulgação do Projeto

Estruturação da

comunidade com a

construção de

alojamentos

Construção de um Centro

Social

Palestras em parceria com

os Órgãos Públicos e junto

a Universidade

Parceria com os Órgãos

Públicos para

estruturação da

comunidade para receber

o turista

Ameaças

Desmatamento Questões sociais: (prostituição,

violência, drogas).

Perda da identidade cultural Degradação da natureza

Falta de planejamento Fragilidade dos ecossistemas

Diante do exposto pode-se observar que a referida região possui elevado potencial

para o desenvolvimento do turismo em modalidades como: o ecoturismo, visto que se trata de

um recorte da Amazônia que possui características inerentes à mesma como a área de várzea

rica em vegetação (devido à fertilidade da água branca), na qual se localizam as seis

comunidades citadas; e cultural que apesar de já apresentar fortes sinais de influências da vida

urbana tais como a televisão e a telefonia móvel, pode-se observar que ainda preservam

muitas características peculiares ao ribeirinho com seus hábitos e costumes e o turismo de

pesca pela presença marcante dos lagos ricos em diversidade de peixes.

Considerações Finais

Elementos naturais e culturais de um destino turístico tem grande importância para as

pessoas que os visitam. Entretanto, necessitam que seus habitantes estejam aptos a recebê-los.

O envolvimento da comunidade tem dupla função: decidir as estratégias de ação e se

comprometer na execução do projeto, para que o mesmo possa ocorrer. A literatura demonstra

casos nos quais a participação da comunidade na criação e execução da implantação do

planejamento de um destino turístico, promoveu a ascensão do mesmo.

Tabela 02: Matriz SWOT- APA Nhamundá, AM

Page 16: Levantamento das potencialidades APA Nhamundá

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A partir das observações e levantamentos realizados com ajuda de técnicas

envolvendo a comunidade local, tendo como base as oportunidades/ameaças e pontos

fortes/fracos (matriz SWOT), pode-se confirmar a existência de potencial turístico naquela

área, principalmente se voltado para o desenvolvimento de atividades como o ecoturismo e

turismo de pesca.

A diversidade dos recursos naturais da área constitui, de fato, o seu principal

potencial de atração turística. Esta qualidade ambiental do destino deverá ser inclusa na

construção da imagem ou marca do mesmo.

É válido ressaltar que a atividade turística ganha relevância naquela área, não

somente por suas características naturais, mas em especial, pelo elemento homem que vendo

no turismo uma saída para melhorar a sua qualidade de vida começa, ainda que timidamente a

se interessar por uma organização que o leve a usufruir da renda que poderá ser gerada pela

prática dessa atividade.

Esta pesquisa almejou sensibilizar os moradores, para seu envolvimento em um

planejamento do desenvolvimento sustentável para aquelas localidades, haja vista que este é

componente essencial para a conservação ambiental e seu desenvolvimento sociocultural e

econômico.

Em razão disso, espera-se através deste trabalho ter-se dado início à discussão de

políticas públicas e de iniciativas comunitárias voltadas para o desenvolvimento do turismo

com bases sustentáveis, a fim de amenizar a problemática ambiental trazida por essa prática,

posto que esta não é isenta de riscos e ameaças.

*Trabalho realizado com o apoio da Fundação de Amparo à pesquisa do Amazonas

(FAPEAM)

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(Apresentado para avaliação em 11 de junho de 2010)