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LETRAMENTO DIGITAL E ENSINO
Ana Paula da Costa Alves (UESPI - Bolsista PIBIC/ CNPq) Cyntia Raquel de Sousa Lopes (UESPI - Colaboradora PIBIC/ CNPq)
Dra. Bárbara Olímpia Ramos de Melo (Orientadora - UESPI)
RESUMO O sistema educacional, com a intensa ascensão das tecnologias, apresenta significativas mudanças no processo ensino-aprendizagem. O presente estudo apresenta dados da pesquisa desenvolvida no Programa Institucional de Iniciação Científica (PIBIC), com fomento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e orientado pela professora Doutora Bárbara Olímpia Ramos de Melo. Dessa forma, pretendemos discutir as relações do letramento, considerando um novo tipo de gênero, o digital, tendo por base as situações comunicativas delineadas pela Plataforma Moodle (Ambiente virtual de aprendizagem – AVA). Assim, o trabalho se desenvolveu como uma pesquisa de campo que observou os eventos comunicativos dos agentes envolvidos no curso à distância de Licenciatura Plena em Letras/ Espanhol, na Universidade Estadual do Piauí (UESPI), com o intuito de descrever as práticas de letramento que envolvem os gêneros digitais e, ainda, relacionando o aspecto pedagógico. Para a atividade de análise e ampliação do contato com a problemática levantada, nos baseamos em Araújo; Rodrigues (2005), Faraco (2008); Marcuschi; Xavier (2004), Xavier (2002; 2009), entre outros. Enfim, as relações possíveis pela virtualidade são reflexos das mudanças nas relações humanas (transmissão de informações e os eventos de comunicação) que são recorte para discussão. Portanto, o grau de intimidade dos estudantes e professores com a ferramentas do AVA refletem diretamente nos níveis de satisfação no que se refere às relações mantidas nesse espaço.
PALAVRAS-CHAVE: Gêneros Digitais. Letramento. Plataforma Moodle.
ABSTRACT The educational system, with the intense rise of technology, shows a significant shift in the
teaching-learning process. This study presents data from research developed in the
Institutional Program for Scientific Initiation (PIBIC) with promotion of the National Council
for Scientific and Technological Development (CNPq) and directed by teacher Dr. Barbara
Olympia Ramos de Melo. Thus, we intend to discuss the relationship of literacy, considering
a new type of genre, digital, based on the communicative situations outlined by the platform
Moodle (Virtual Learning Environment - VLE). Thus, the work has developed as a field
research that looked at the communicative events of those involved in distance learning
course for Full Degree in Arts / Spanish, State University of Piauí (UESPI), in order to
describe the literacy practices that involving digital genres, and also relating the teaching
aspect. For activity analysis and expansion of contact with the problems raised, we rely on
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Araujo, Rodrigues (2005), Faraco (2008); Marcuschi, Xavier (2004), Xavier (2002, 2009),
among others. Finally, the possible relations by the virtual are reflections of changes in human
relations (communication of information and communication events) that are cut out for
discussion. Therefore, the degree of intimacy of students and teachers with the tools of the
VLE directly reflect the levels of satisfaction with regard to the relations in this space.
KEYWORDS: DIGITAL GENRES, LITERACY, MOODLE PLATFORM.
CONSIDERAÇÕES INICIAIS Os avanços alcançados pela tecnologia transformaram velozmente os usos e costumes
entre as culturas, apresentando, dentre tantas revoluções tecnológicas, uma rede em constante
expansão, a Internet e, atualmente, se discute ainda a web 2.01. Assim, os conceitos de espaço
e tempo se refazem à medida que se invencionam as ferramentas, facilitando o contato entre
povos e alterando a maneira de pensar, trabalhar e comunicar-se.
O acesso ilimitado à informação por vias de consulta às fontes encontradas nos
ambientes virtuais ressalta a necessária reflexão sobre a linguagem segundo as mudanças
comportamentais da sociedade. Para tanto, disponibilizaremos dados da pesquisa, resultado
do Projeto Letramento Digital e Ensino, que se propôs compreender os gêneros digitais em
seu uso educacional, bem como as consequentes práticas de letramento vivenciadas nesta
modalidade da educação.
1 LETRAMENTO : PRÁTICAS E POSSIBILIDADES DO CONTEXT O DIGITAL O ensino a distância, na perspectiva atual, estrutura suas relações por meio da
virtualidade, ou seja, o acesso intenso às tecnologias produz especificidades nos eventos
comunicativos dos agentes essenciais do processo ensino-aprendizagem (professor e aluno),
por isso atribuindo um novo formato às práticas de letramento.
Tendo em vista uma reflexão sobre o conceito de letramento, Soares (2009, p. 06) o
esclarece como: “a necessidade de reconhecer e nomear práticas sociais de leitura e de escrita
mais avançadas e complexas que as práticas do ler e do escrever resultantes da aprendizagem
do sistema de escrita”.
1Termo criado em 2004 que designa web como plataforma, onde vários programas podem se integrar.
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O sujeito a que nos referimos habilita-se de letramentos múltiplos, inclusive o digital,
que o configura como hábil a utilizar-se dessas capacidades (leitura e escrita) para,
efetivamente, coexistir em seu momento sócio-histórico, administrando favoravelmente as
relações de informações para então agir como cidadão de seu tempo, defende Xavier (2009).
Logo, a plataforma Moodle consiste no espaço das trocas, da efetivação de rotinas
comunicativas que, sustentadas pela hipertextualização deste ambiente, redimensionam as
relações humanas, pois do hipertexto emergem os gêneros digitais que agregam uma outra
possibilidade de letramento, como salienta Marcuschi (2004, p.66): “os novos meios
eletrônicos não estão atingindo a estrutura da língua, mas estão atingindo o aspecto nuclear do
uso pela manifestação mais importante que é o texto”.
Portanto, se deve considerar que as apropriações das práticas de letramento em tal
contexto são um marco na era da informação, onde os estudos da linguagem tratam das
situações comunicativas, bem como suas implicações para o desenvolvimento de novas
habilidades de leitura e consequente aumento da interatividade, uma vez que surgem novas
concepções de autorias e ressignificação da construção de conhecimento. A seguir, a
concepção de espaço hipertextual será discutida com ênfase nas suas atribuições às atividades
interativas.
2 AMBIENTES HIPERTEXTUAIS: A SALA DE AULA DA EAD
Como se sabe a escrita foi sempre fator determinante para que esta ou aquela
sociedade transmitisse ou perpetuasse seu saber, fato que alterou e modificou as relações ao
longo dos tempos. Por isso, Lévy (1998), aponta para as mudanças no ato de ler e escrever
geridas pelo hipertexto digital.
Nos ambientes de aprendizagem da EaD, o exercício da leitura e escrita se desenvolve
em um contexto diferente do propiciado pelas ferramentas comuns na arte de registrar as
impressões humanas, à propósito tecnologias que se encontram arcaicas dada a superação/
substituição por ferramentas ambientadas na esfera virtual que redescobrem e por fim,
reformulam os suportes e seus usos.
Compreende-se as interações no ciberespaço como a oportunidade de esclarecer aos
alunos a diferença/ estímulo das potencialidades na interação virtual, resultando na noção que
ambos representam aplicações diferentes da língua. Pois, conforme Araújo (2005, p.51), “o
uso do hipertexto aperfeiçoaria a cognição, alterando o modo de pensar das pessoas,
contribuindo efetivamente para a autonomia do indivíduo e do saber produzido”.
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Por isso, se torna indispensável considerar as relações e suas formas bem ou mal
sucedidas dos sujeitos durante os eventos comunicativos, a começar pelas principais
características que constituem a essência da EaD, que segundo Faraco (2008, p. 56), são:
� a separação do professor e do aluno, no tempo e no espaço, durante o processo
de instrução;
� o uso de mídia educacional para unir professor e aluno e para transmissão do
conteúdo;
� o oferecimento de uma “via dupla” de comunicação entre o professor/tutor e o
aluno.
Por isso, como evidencia Xavier (2009), o hipertexto é uma tecnologia inerente ao
modo de enunciação digital, que, através de seus atalhos, apresenta inúmeras alternativas ao
usuário. Sendo sustentáculo para disseminação do material didático no ambiente virtual, cujo
acesso se dá através de espaços interligados, que possibilitam a flexibilidade do saber em
construção. Faz-se necessário inferir que os links afetam diretamente a compreensão da
informação e influenciam positivamente as capacidades de aprender e ensinar.
3 GÊNEROS DIGITAIS: IMPLICAÇÕES PARA O LETRAMENTO
Segundo Marcuschi (2004), dois aspectos são importantes na caracterização dos gêneros
que emergem no espaço virtual: o tempo e os participantes. Além destes, devemos relevar as
formas comunicativas na figura dos emoticons (ícones que expressam emoções) e ainda a
etiqueta netiana e o caráter informal, tendo em vista o poder de reversibilidade do meio e
rapidez da interação. Porém, estes aspectos não estão distribuídos equitativamente ao longo
dos gêneros digitais, como o mostrado a seguir:
� O e-mail
Seu uso alargou-se nos anos 80, apesar de ter surgido ainda nos anos 70; em virtude do
seu aparecimento esperou-se “o fim dos correios tradicionais”, no entanto, em se tratando de
comunicação, as tecnologias e seus usos administram cooperativamente o espaço. Marcuschi
(2004, p.39) admite que: “o correio eletrônico é uma forma de comunicação normalmente
assíncrona e de remessa de mensagens entre usuários do computador”.
� O chat
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O chat na web representa uma das maneiras de interação em tempo real, além de ser o
mais utilizado entre usuários da Internet. Como requisito para seu acesso, basta o navegador,
que conecta o usuário aos sites que hospedam o chat. Por isso, a partir de seus recursos
semióticos, se concebe o chat como “uma das manifestações hipertextuais da enunciação
digital”, como indica Xavier (2002, p.70).
� A videoconferência
Gênero específico de um dos tipos de chats apontados por Fonseca (2002, apud
ARAÙJO, 2004), onde os participantes possuem acesso ao som da voz e a imagem um dos
outros, o que demanda tecnologia sofisticada e custos elevados, o que justifica o seu uso
reduzido. Como se observa, a escrita é usada ou eximida da atividade interacional, se
aproximando dos telefonemas com o envio de mensagens síncronas aos interlocutores.
� As listas de discussão ou fórum
Formam-se segundo o interesse de grupos bem definidos e operam via e-mails como
forma de contato; caracterizando-se no geral por veicular informações de interesse geral da
comunidade virtual. A conduta de participação nestes eventos é operacionalizada por um
moderador ou webmaster que para Marcuschi (2004, p.58) “é uma figura que direciona as
mensagens e faz triagens para evitar o envio inoportuno de mensagens que não cabem ao
tópico em desenvolvimento”.
� Os blogs (weblogs)
O termo provém de duas palavras: web (rede de computadores) e log (um a espécie de
diário de bordo dos navegadores que anotavam as posições do dia), resultando em um gênero
que é construído e atualizado devido às expectativas e demanda do seu usuário e por
conseqüência, do seu público leitor. A expressão blog abriga uma diferença essencial em
relação a site, uma vez que o primeiro é “facilmente atualizado seguindo as datações e
circunstâncias” (MARCUSCHI, 2004, p.60).
4 METODOLOGIA
Na execução deste trabalho, através de um estudo de campo com análises quantitativas
e qualitativas, objetivamos evidenciar os gêneros digitais recorrentes na plataforma Moodle2,
destacando quatro Polos de Apoio Presencial do Sistema UAB: Campo Maior, Oeiras, Picos e
Piripiri, pois reuniam alunos, graduandos do segundo período da Licenciatura em
2 Ambiente virtual de aprendizagem da UAB/ UESPI.
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Letras/Espanhol, portanto, se tratava de uma amostra razoável para aplicação de questionários
e identificação das rotinas comunicativas.
No concernente à forma de interação mantida com os sujeitos³, estabelecemos através
do gênero e-mail o nosso primeiro contato, uma vez que percebemos “as vantagens na
velocidade da transmissão da mensagem, o potencial de uma mesma mensagem poder ser
enviada para muitas pessoas, facilitando o contato com o usuário” (PAIVA, 2004, p. 72).
Os questionários foram reaplicados entre dezembro/ 2009 e janeiro/ 2010, sendo que
desta vez optamos pela via presencial, com os questionários sendo aplicados em cada um dos
polo. O que, somado a observação do AVA (Ambiente Virtual de Aprendizagem),
proporcionou algumas das reflexões registradas abaixo, por isso lançamos um olhar sobre o
ambiente que sustenta/ suporta os gêneros pelos quais se promovem as práticas investigadas:
Figura 1 – Panorama das disciplinas quando acessada à Plataforma Moodle.
_____________________
³ Professor: coordenador de curso, tutores presenciais e a distância, professores formadores, conteudistas e
alunos.
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Figura 2 – Organização dos gêneros digitais e material didático por disciplina.
5 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS
Para análise consideramos um recorte de quatro polos do ensino EaD, do curso de
Letras/ Espanhol, Bloco II, UAB/ UESPI foram eles: Campo Maior, Oeiras, Picos e Piripiri.
O construto abaixo, se refere ao entendimento adquirido por meio do aprofundamento teórico
somado a reaplicação dos questionários, desta vez aplicado via presencial nos polos referidos.
Referente à interação dos alunos através da plataforma Moodle e sua compreensão das
possibilidades agregadas por esse software na assimilação de outra língua (o espanhol), além
da formação docente, entendemos o posicionamento dos sujeitos como uma primeira
oportunidade de opinar acerca do contorno recebido pelo letramento neste recorte, por isso
observemos os quadros abaixo:
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Quadro 1 - Avaliação das relações no ambiente Moodle/ Alunos
Há um equilíbrio entre os usuários quanto à convivência no AVA, pois os níveis
regular, bom e ótimo somam reunidos número superior a 50%. Por isso, como adverte
Marcuschi (2004), anterior às práticas mais aprofundadas no ambiente virtual, se deve
considerar o nível de letramento do indivíduo anterior às habilidades exigidas, no caso, para
então entender a forma como este se relaciona com a ferramenta.
Quadro 2 - A interação no sistema EaD / Professores
Os sujeitos se mostraram satisfeitos com o ambiente Moodle e com a estrutura
oferecida ao desempenho de suas atividades, inclusive quanto às relações interpessoais, que,
conforme afirma Marcuschi (2004), na esfera virtual, se tornam hiperpessoais, devido ao
papel do professor, que na EaD, tem sua figura recategorizada em vários indivíduos no auxílio
ao aluno.
Por isso, para que o indivíduo se articule na virtualidade, deve fazer uso de
diversificados gêneros, que são pontuados pela velocidade e, de acordo com a escolha feita, a
interação ainda ocorrerá de modo síncrono ou assíncrono. De modo que o processo
comunicacional se reveste de múltiplas capacidades de se reinventar, como evidenciam
Araújo; Rodrigues (2005, p.13):
As novas tecnologias decorrentes do uso do computador conectado à internet vem transformando e ampliando as possibilidades das práticas discursivas, especialmente na Web, a rede que mais se destaca pela multimodalidade de recursos semióticos e pela dinamicidade interativa, facilitando o acesso às mais variadas informações que se proliferam vertiginosamente em todas as áreas nos últimos tempos.
É necessário compreender as mudanças/ adequações requeridas pelo ato de educar,
refletindo no surgimento desta forma aprimorada de educação (a distância), que edifica
segundo o uso de computadores atrelados à Internet os processos de ensino-aprendizagem, em
que via presencial e virtual se somam.
Devido a condição virtual ou presencial em que estão as atividades do curso analisado
durante o estudo, propusemos no quadro 3 observar a consonância entre estes dois aspectos.
Deficiente Regular Bom Ótimo
44% 23% 28% 5%
Deficiente Regular Bom Ótimo
0 0 33,3% 66,6%
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Quadro 3 – Colaboração entre as vias virtual e presencial/ Alunos
Em virtude das tecnologias interativas, os leques de contribuição e produção do
conhecimento se multiplicam, a respeito disso Xavier (2002, p.65), entende que “a relação
homem-máquina é o intercâmbio do homem com a tecnologia”, o que explicita a completude
do conceito de interatividade proposto em ambas as vias, ou seja, estas trabalham
favoravelmente e não concorrem entre si.
No estudo realizado, observamos os gêneros digitais e eventuais preferências de
alunos e professores por estes, para que fosse possível projetar um panorama das rotinas e
posteriormente, caracterização do gênero, portanto observemos os quadros 4 e 5:
Quadro 4 - Gênero de maior evidência / Alunos
Foi observado que o gênero fórum esteve em maior evidência (84%), portanto tendo
preferência entre os usuários discentes, sendo os argumentos para tal preferência as
propriedades sustentadas por Marcuschi (2004, p. 35), quando define o gênero em questão
como: “estrutura fixa, onde os participantes pertencem a um grupo fechado (alunos daquele
curso), além do estilo monitorado e o canal/ semiose se dá apenas pelo texto escrito”.
Quadro 5 – Gênero de maior uso no Moodle / Professores
Conferiu-se o fórum como o mais apontado entre os sujeitos citados acima, além da
relevância aludida às mensagens pessoais trocadas via acesso plataforma, e-mail e ao que
parece a uma modalidade de construção de textos denominada via wiki (produção coletiva de
textos), porquanto o fórum (75%) é o gênero que atribui maior significância às rotinas
comunicativas no curso observado.
Neste recorte, construímos a sistematização de nossa compreensão a cerca de alguns
gêneros, que estão ressaltados no decurso de nossas observações, porém assumimos a postura
Deficiente Regular Bom Ótimo
13% 26% 50% 11%
Chat Fórum Blog Outro- especifique
7% 84% 3% 8%
Chat Fórum Blog Outro -
especifique
0 75% 0 25%
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que defende Marcuschi (2004) quando se refere ao cuidado com as definições atribuídas a
esses gêneros, pois o crescente e ininterrupto avanço tecnológico acaba por invalidar algumas
assertivas no que se diz respeito aos gêneros digitais e suas propriedades, nos restando
assemelhá-los sem a negativa de recair sobre o reducionismo das nomenclaturas. No contínuo,
apresentamos em dados quantitativos as condições de uso dos gêneros digitais e material
didático disponível na plataforma Moodle.
6 GÊNEROS E MATERIAL DIDÁTICO: O USO DO AMBIENTE VI RTUAL
Quadro 6 Gêneros, Material didático disponível via plataforma
Pólo Campo Maior, Oeiras, Picos e Piripiri
Filosofia da
Educação
Lengua Espanhola II-Fonética y Fonología
Língua Latina II
Língua Portuguesa
I
Literatura Brasileira
Practica Pedagógi
-ca II
Chat 0 0 11,1% 0 0 0
Fórum 7,1% 11,1% 5,5% 9,6% 15,3% 41,1%
Pdf 42,8% 33,3% 38,8% 29% 38,4% 17,6%
Powerpoint 7,1% 27,7% 0 29% 15,3% 17,6%
Vídeo 0 5,5% 0 0 0 0
Atividade 42,8% 22,2% 44,4% 32,2% 30,7% 23,5%
No que se refere ao material didático, temos a disponibilização exacerbada do material
no formato Pdf, Powerpoint, Vídeo, Atividades variadas que não agregam qualidades
interativas na relação do discente com as temáticas trabalhadas, ou seja, não constituem
gêneros digitais, mas coexistem na plataforma como material de consulta, estes largamente
utilizados na alimentação da mesma, o que contraria a condição referida pelo modo de
enunciação digital que agrega em si todos os outros modos (verbal, sonora, visual), como
afirma Xavier (2009).
Logo, o fórum aparece como opção de maior uso entre os gêneros por permitir
correspondência, seja ela assíncrona, como neste caso, ou síncrona, assemelhando-se a
importância recebida pelo chat (11,1%) que foi apontado como ferramenta de dinamização da
disciplina Língua Latina II, apesar do elemento atividade pontuar 44,4% nesta disciplina, foi
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considerado o fato de serem propostas de natureza diferente que se eximem de comparação no
que está sendo relacionado (gêneros digitais).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O estudo preocupou-se em discutir o redimensionamento das práticas de letramento e
as rotinas comunicativas nos ambientes educacionais, que se modificam e reconstroem através
das práticas de ensino, sugerindo que os suportes e suas possíveis alterações influenciam no
processo de comunicação humana, recriando significados, especificidades e o outro perfil de
interlocutores para aquilo que se comunica ou ensina.
Porquanto, as impressões referidas neste trabalho pontuaram a dificuldade que um
curso a distância, principalmente aquele que se direciona ao processo de apropriação de outra
língua, pode enfrentar pelo uso não adequado das ferramentas e gêneros, o que factualmente é
apontado por Melo (2009), quando admite que quanto maior a diversidade de gêneros que o
indivíduo possa ter contato, em níveis mais elevados estarão suas práticas de letramento.
De modo que as pesquisas e reflexões que tratam da temática “Letramento digital”
intensificam não só o entendimento, mas o melhoramento das condições e percepções de uso
desta prática de letramentos, por exemplo, nas práticas educacionais. A grande quantidade de
usuários que acessa diversos sites, ou AVA’s, tende a burilar o software e as potencialidades
quanto à interatividade, além de viabilizar economicamente sua continuidade pela exposição
do serviço a um grande número de visitantes.
Por isso, o aspecto da colaboração no sistema EaD se faz como elemento essencial das
relações e na produção do conhecimento, sendo viável indagar acerca da importância de
determinados gêneros para esse processo. Constatamos o fórum como gênero de ampla
importância no desenvolvimento das rotinas comunicativas, pois este oportuniza a observação
da produção do outro para basear ou contrapor a produção em andamento num processo
dialógico permanente.
Foi visto que a educação a distância e as tecnologias de informação e comunicação
atribuem ao papel do professor/tutor, a responsabilidade de facilitador do processo de
aprendizagem, passando de detentor do “conhecimento” à posição de co-autor, o que
predispõe ao aluno a oportunidade de desempenhar um papel mais ativo, de criador, um autor.
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