letalidade no sistema de defesa social de minas …³rio_let... · c. casos de ferimentos...

16
Belo Horizonte, Dezembro de 2009 PRODUTOS III, IV, V e VI LETALIDADE NO SISTEMA DE DEFESA SOCIAL DE MINAS GERAIS 2008 e 2009 Capacitação dos Pesquisadores Realização do Trabalho de Campo Processamento dos Dados Produção de Relatório PRODUTOS III, IV, V e VI

Upload: vuongtruc

Post on 26-Jan-2019

213 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Belo Horizonte, Dezembro de 2009

PRODUTOS III, IV, V e VI

LETALIDADE NO SISTEMA DE DEFESA SOCIAL DE MINAS GERAIS 2008 e 2009

Capacitação dos Pesquisadores

Realização do Trabalho de Campo

Processamento dos Dados

Produção de Relatório

PR

OD

UTO

S II

I, IV

, V e

VI

1

GOVERNADOR DO ESTADO DE MINAS GERAIS Aécio Neves da Cunha VICE-GOVERNADOR/ PRESIDENTE DO COMITÊ DE DEFESA SOCIAL Antônio Augusto Junho Anastasia SECRETÁRIO DE ESTADO DE DEFESA SOCIAL Maurício Campos de Oliveira Júnior COMANDANTE-GERAL DA POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS Coronel Renato Vieira de Souza CHEFE DE POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DE MINAS GERAIS Delegado Geral Marco Antônio Monteiro de Castro COMANDANTE-GERAL DO CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DE MINAS GERAIS Coronel BM Gilvan de Almeida Sá SECRETÁRIA-ADJUNTA DE ESTADO DE DEFESA SOCIAL Luzia Soraia Silva Ghader SUPERINTENDENTE DE AVALIAÇÃO E QUALIDADE DA ATUAÇÃO DO SISTEMA DE DEFESA SOCIAL José Francisco da Silva EMPREENDEDORA PÚBLICA/ GERENTE DO PROJETO ESTRUTURADOR Silvia Caroline Listgarten DIRETORA DE ANÁLISE E AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO OPERACIONAL Juliana Maron GERENTE DE ANÁLISE E AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO OPERACIONAL Edmilson Antonio Pereira Junior CORREGEDORES Cel. César Romero Machado Santos (Corregedor da Polícia Militar) Dr. Geraldo de Moraes Júnior (Corregedor-Geral de Polícia Civil) Cel. Israel Marcos Rosa Pereira (Corregedor do Corpo de Bombeiros Militar) Dra. Luciana Nobre de Moura (Corregedora da SEDS)

2

COLABORADORES Ten Marco Túlio Machado – Corregedoria CBMG Ten Alex Lamy de Gouvea – Corregedoria PMMG Maj. Carlos Gonçalves Silva Júnior - PMMG Ana Flávia Alves Moreira - ACADEPOL Antônio Gama Júnior – Corregedoria PCMG Luciana Nobre de Moura – Corregedoria SEDS Aroldo Júnior Vilela Paes – Corregedoria SEDS Vivian Gonçalves Sant'Ana – Corregedoria SEDS Ten. Cel. Carlos Putini Neto - Ouvidoria Geral MG Gustavo Gorgosinho Alves de Meira - Defensoria Pública - Corregedoria Geral Letícia D' Ercoli Rodrigues - Ordem dos Advogados do Brasil COORDENADORA DA AÇÃO Viviane Ferreira Batista DIRETORIA DE ANÁLISE E AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO OPERACIONAL Aline Soares Gonzaga Márcia Cássia Pinto Sales Nilo Vianna Teixeira Rhona Maria Correa Kayello Vanessa Viana de Carvalho

3

COORDENADOR DA PESQUISA Ignacio Cano (LAV-UERJ) EQUIPE DE PESQUISA: Alberto Alvadia Thais Lemos Duarte Andreia Cidade Marinho Sandra Regina Cabral

4

Sumário

I – Introdução ................................................................................................................. 5

II - Especificação da estratégia e conteúdo da capacitação ........................................ 6

III – Organização da Capacitação ................................................................................ 6

IV - Realização do Treinamento e Preparação dos Profissionais de Coleta ............. 7

5

I – Introdução

O presente relatório tem como objetivo fornecer informações sobre o andamento

da pesquisa de “Letalidade da Ação Policial em Minas Gerais 2008/2009” à

Superintendência de Avaliação e Qualidade de Atuação do Sistema de Defesa Social

(SASD). Neste volume, especificamente, constam as especificações acerca dos produtos

três, quatro, cinco e seis, previstos na proposta submetida ao Edital 27/2009, a saber: (1)

Capacitação dos Pesquisadores, (2) Realização do Trabalho de Campo, (3)

Processamento dos Dados, e (4) Produção de Relatório.

Na seção de “Capacitação dos Pesquisadores”, são apresentadas as informações

referentes aos seguintes serviços já executados: (1) Especificação da estratégia e

conteúdo da capacitação, (2) organização da capacitação, e (3) realização do

treinamento e preparação dos profissionais de coleta, assim como os responsáveis

pela gestão, supervisão, coordenação e crítica dos dados .

6

II – Capacitação dos Pesquisadores

2.1. Especificação da estratégia e conteúdo da capacitação

Dada a necessidade de consolidar os dados a respeito dos casos de letalidade da

ação policial para os anos de 2008 e 2009, a coordenação da pesquisa optou por formar

uma equipe composta por quatro pesquisadores de campo. Seguindo a estratégia

utilizada em anos anteriores, a equipe foi capacitada nas seguintes tarefas durante o mês

de setembro:

1. Identificação dos critérios de inclusão dos casos na pesquisa de letalidade da

ação policial;

2. Preenchimento do Formulário de Caso;

3. Busca na internet (no site de clippagem eletrônica www.ideiafixa.com) por

reportagens de jornal que contivessem casos de interesse da pesquisa;

4. Procedimentos para limpeza do banco de dados e detecção de duplicidades.

2.2. Organização da Capacitação

Como os formulários de caso foram levemente modificados em relação ao usados

em 2007, a coordenação da pesquisa optou por não utilizar o banco de dados já

consolidado ao fim do primeiro semestre de 2008 e já disponível por meio da pesquisa

preliminar realizada no ano passado. A partir do novo formato de formulário, a equipe

foi orientada a retornar a todos os documentos sobre os casos do primeiro semestre de

2008, para realizar novo preenchimento das informações de acordo com os novos

requisitos. A partir desse procedimento, foi possível garantir a uniformidade de critérios

de preenchimento de todos os formulários utilizados para agregar as informações

referentes aos casos de letalidade registrados em 2008.

Uma outra justificativa para tomar esta decisão foi o receio de que alguns dos

casos ocorridos durante o primeiro semestre tivessem sido informados posteriormente e,

portanto, não constassem no banco elaborado no ano passado.

7

2.3. Realização do Treinamento e Preparação dos Profissionais de Coleta

Durante o mês de setembro de 2009, a capacitação foi realizada nas seguintes

fases:

1. Os pesquisadores receberam os formulários e houve uma sessão de estudo dos

mesmos;

2. Houve um primeiro preenchimento de casos a partir dos documentos e

reuniões periódicas para resolver dúvidas e unificar critérios;

3. As dúvidas e casos limite se traduziram em decisões que foram tomadas nas

sucessivas reuniões e incorporadas como critérios gerais. As decisões mais

importantes diziam respeito à inclusão ou exclusão de casos dentro dos critérios

da pesquisa.

4. Depois do preenchimento dos formulários e a digitação dos mesmos num

banco de dados, os pesquisadores foram treinados em procedimentos de limpeza

do banco e em mecanismos para a identificação de duplicidade, o que era de

suma importância considerando que havia várias fontes que poderiam estar

informando dos mesmos episódios. Como nem todas as fontes possuem todas as

informações, existia o risco de repetição inadvertida de um caso.

Os procedimentos de limpeza foram implementados através de um programa

(sintaxe) elaborado em software SPSS. Esse programa reordenava os casos de diversas

maneiras para que uma leitura manual facilitasse a identificação de repetições. As

variáveis mais importantes que foram usadas neste procedimento foram as seguintes:

a) número de B.O.

b) data do fato ou de elaboração do B.O.

c) local de ocorrência

d) nome dos envolvidos

e) unidade de lotação dos agentes públicos

Reuniões posteriores tiveram como objetivo a correção dos erros detectados na

limpeza e a integração dos casos repetidos (mais de uma dezena) num único caso

integrando todas as informações.

8

Por fim, um único pesquisador foi nomeado responsável pela busca das

reportagens no site de clippagem eletrônica www.ideiafixa.com. Tal pesquisador foi

treinado no mecanismo de busca automático disponível na internet, de forma a utilizar

diversos critérios de seleção dos casos desejados (por data, por jornal, e por palavras

chaves). Os mesmos procedimentos foram seguidos para os 5 jornais escolhidos

(“Estado de Minas”, “O Tempo”, “Hoje em Dia”, “Aqui” e “Super Notícia”).

Posteriormente, outros dois pesquisadores receberam o mesmo treinamento e repetiram

a busca na internet para validar os resultados obtidos pelo primeiro.

III – Realização do Trabalho de Campo

3.1. Desenhar o plano operativo para a realização do trabalho de campo

Como foi dito anteriormente, a equipe responsável pelo trabalho de campo foi

composta por quatro pesquisadores. Três se dedicariam exclusivamente ao trabalho de

inserir no banco de dados os formulários de informações repassadas pelas polícias,

enquanto o quarto ficaria responsável pela checagem do material de imprensa.

Para os dados referentes às ocorrências registradas em 2008, acertou-se com a

equipe de pesquisa que todo o trabalho de inserção das informações na estrutura de

dados, a formatação e a checagem dos bancos de dados, assim como a produção dos

primeiros resultados da pesquisa deveriam ser realizados até o final da primeira

quinzena de outubro.

No que se refere às ocorrências registradas em 2009, determinou-se que a equipe

de pesquisa fosse inserindo as informações contidas nos formulários à medida em que

eles fossem sendo repassados à coordenação pela equipe da Superintendência de

Avaliação e Qualidade da Atuação do Sistema de Defesa Social (SASD). Estima-se que,

até o final de janeiro de 2010, o banco de dados referente aos casos registrados em 2009

já esteja formatado e apto a gerar relatório.

3.2. Realizar o trabalho de campo

No que se refere às ocorrências registradas em 2008, o trabalho de inserção das

informações na estrutura de banco de dados aconteceu durante o mês de outubro, assim

como a checagem de consistência desse banco de dados gerado. Além disso, teve início

o trabalho de digitalização dos formulários referentes às ocorrências registradas em

9

2010, trabalho este que será realizado à medida em que os dados forem sendo

repassados pela SASD.

3.3. Realizar crítica, tabulação, codificação e checagem dos dados

Como foi mencionado nos relatórios anteriormente encaminhados à SASD, as

instituições policiais repassam sistematicamente informações sobre os episódios de

letalidade à SEDS desde 2005. No entanto, o que se observa é que o encaminhamento

destes dados não se mostra isento de problemas e, em diversos momentos, apresentam-

se indícios de que a cobertura não é completa. Contudo, este processo rotineiro permitiu

iniciar um monitoramento sistemático a partir do ano de 2005, refletido em relatórios

sobre a letalidade policial nos anos de 2005, 2006 e 2007. O acúmulo de informações ao

longo do tempo possui a vantagem de criar uma série temporal para estudar a evolução

do fenômeno.

Assim como em anos anteriores, uma equipe de pesquisadores leu os

documentos e resumos fornecidos pelas corporações policiais, ou obtidos de outras

fontes, e preencheu um formulário para cada caso, com o objetivo de extrair os dados

relevantes. A informação dos formulários foi digitada para compor o banco de dados

que foi utilizado na análise. A contraposição das informações oficiais a informações de

imprensa ou de outras fontes constitui forma de verificar a consistência e a

confiabilidade dos dados repassados pelas corporações policiais.

No caso das ocorrências registradas em 2008, por exemplo, verificou-se que a

imprensa mineira registrou seis casos cujas informações não foram repassadas pelas

polícias Civil e Militar.

IV – Processamento dos Dados

4.1. Classificar, organizar e compilar instrumentos

Os critérios de inclusão para os casos contemplados pela pesquisa foram os

seguintes:

1. Episódios relatados nos quais houve disparo de arma de fogo que provocou

morte ou ferimento em alguns dos participantes.

10

2. Episódios relatados nos quais houve participação de agentes de segurança

pública, seja na qualidade de autores ou na qualidade de vítimas (ou ambos

simultaneamente). Casos em que os agentes de segurança eram apenas

testemunhas ou registraram os fatos acontecidos sem a sua participação

direta foram desconsiderados.

3. Fatos acontecidos entre os dias 1 de janeiro e 31 de dezembro de 2008.

Para que um caso fosse incluído era preciso que satisfizesse os três critérios

simultaneamente. Observe-se que tanto homicídios quanto suicídios e acidentes podem

cumprir as condições estabelecidas.

Na medida em que surgiram dúvidas e casos limite, novos critérios mais

específicos foram sendo adotados, entre eles:

a. O ferimento ou a morte deviam ser produzidos diretamente pelos disparos de

arma e não por qualquer outra causa. Casos em que houve disparos que não

provocaram vítimas, mas houve ferimentos por outras causas não foram

contemplados. Especificamente, se o disparo provocou, por exemplo, a

queda de um objeto que, por sua vez, causou dano na vítima, o fato também

não foi aceito, pois o ferimento não foi causado diretamente pela arma. Da

mesma forma, os feridos por faca ou outros meios não foram contabilizados

na contagem total de feridos, mesmo quando existiam no mesmo episódio

outros feridos por arma de fogo.

b. Réplicas de armas e balas de borracha não foram consideradas. Era preciso

que o disparo fosse feito com uma arma de fogo com munição metálica.

c. Casos de ferimentos produzidos por arma de fogo foram aceitos mesmo

quando não provocaram perfuração (por exemplo, pelo efeito do colete anti-

balas), desde que houvesse ferimento. Assim, ferimentos de raspão ou por

estilhaços provocados por arma de fogo foram incorporados.

d. Fatos acontecidos fora do estado de Minas, mas protagonizados por agentes

de segurança pública do Estado de Minas (por exemplo, durante suas férias)

foram incluídos. Prevaleceu a interpretação de que o foco do estudo são as

instituições do estado, independentemente de onde atuem os seus agentes.

11

e. Embora o monitoramento esteja dirigido fundamentalmente ao Sistema de

Defesa Social do estado de MG, são considerados também os casos

protagonizados por agentes federais (como a Polícia Federal e a Polícia

Rodoviária Federal) acontecidos no território do estado.

De uma forma geral, os critérios de inclusão adotados são equivalentes aos usados

em anos anteriores, com o objetivo de poder acompanhar a evolução da série temporal

ao longo do tempo. Cabe observar que, em termos concretos, agentes de segurança

pública reformados foram também considerados, mas a intenção era analisá-los de

forma separada, como foi feito no relatório de 2007. De qualquer forma, em 2008 não

foi registrado nenhum caso relativo a agentes públicos aposentados.

A intenção do monitoramento da letalidade nos últimos anos foi a incorporação de

casos de ferimentos ou mortes por uso de uso de força não letal, o que está parcialmente

incluído na Resolução 01/2004, mas a escassez de informações recebidas neste sentido

fizeram com que a equipe optasse por elaborar uma análise apenas dos casos que

envolviam armas de fogo, na mesma linha que os anos anteriores

4.2. Organizar banco de dados para o processamento das informações

Os bancos de dados formatados a partir das informações referentes a todos os

casos de 2008 e aqueles do primeiro semestre de 2009 serão encaminhados à

Superintendência de Avaliação e Qualidade da Atuação do Sistema de Defesa Social

(SASD) ao final de dezembro de 2009.

V – Produção de Relatório

5.1. Análise dos dados

Ao todo, 163 casos foram registrados dentro dos critérios de admissibilidade. O

número de episódios é inferior ao dos últimos anos, confirmando uma tendência

descendente que vem desde 2005, como demonstra a tabela a seguir:

12

TABELA 1

NÚMERO DE EPISÓDIOS QUE RESULTARAM EM MORTES OU FERIMENTOS POR DISPAROS DE ARMA DE FOGO EFETUADOS POR OU CONTRA AGENTES DE SEGURANÇA PÚBLICA, POR ANO

ANO

2002 2003 2005 2006 2007 2008

Número de Episódios 208 282 300 241 200 164

A grande maioria dos casos foi enviada pelas polícias, particularmente pela

Polícia Militar, conforme a resolução mencionada. O Corpo de Bombeiros encaminhou

dois casos. Diferentemente de anos anteriores, não houve fatos comunicados através de

outras instituições, como a Ouvidoria ou a Assembléia Legislativa.

O procedimento de busca na imprensa pode ser entendido como uma forma de

monitorar o grau de cobertura das informações fornecidas pelas corporações. O

procedimento seguiu critérios parecidos ao realizado em 2007.

A equipe de pesquisa efetuou uma busca no site da agência que realiza o

„clipping‟ para o Governo de Minas (http://www.ideiafixa.com.br/), procurando as

matérias jornalísticas que descrevessem fatos que cumprissem os critérios de seleção do

nosso monitoramento. Para tanto, foram procuradas as matérias que contivessem ao

menos uma das seguintes palavras chaves:

a) ferida

b) ferido

c) morto

d) morte

e) disparo

f) conflito

g) arma

h) bala perdida

i) policiais

j) polícia

Os seguintes jornais foram contemplados nessa busca, os mesmos que tinham sido

incluídos em 2007:

a) Estado de Minas

b) Jornal Hoje em Dia

c) O Tempo

d) Jornal Super

e) Jornal Aqui

13

Cada matéria publicada nesses jornais durante o ano de 2008 que incluísse alguma

das palavras mencionadas acima (e fosse selecionada pelo mecanismo de busca

eletrônico) era lida pela equipe de pesquisa para verificar se continha um caso relevante.

Entretanto, cumpre registrar que alguns problemas enfrentados com o mecanismo

automatizado de busca no mencionado site não nos permitem oferecer garantia plena de

que a confiabilidade nessa busca seja perfeita.

Desse modo, foi obtido na imprensa um total de 11 de casos, mas apenas 6 não

tinham sido enviados pelas corporações. A diminuição dos episódios que possuem

como fonte exclusiva a imprensa, em comparação com o ano passado (em que houve 13

casos), pode estar indicando que o grau de cobertura das informações das instituições de

segurança pública tem melhorado neste ano. A outra explicação possível, menos

plausível, é uma menor atenção por parte dos jornais aos episódios de letalidade

policial.

A tabela seguinte revela o número de casos que corresponde a cada fonte. Um

mesmo episódio pode ser registrado por mais de uma fonte, razão pela qual o somatório

dessas freqüências é superior ao número total de casos.

TABELA 2

Número de Casos por Fonte

Freqüência %

Polícia Militar 140 85,4

Polícia Civil 19 11,6

Corpo de Bombeiros 2 1,2

Imprensa 11 6.7

No total, 8 casos foram obtidos de mais de uma fonte. Para evitar a possibilidade

de duplicidade, foram realizadas ordenações e revisões de acordo com diversas

variáveis: número de Boletim de Ocorrência, data, local, nome dos envolvidos e

unidades policiais. Mais de dez repetições foram detectadas através destes

procedimentos. Quando era identificado um caso com mais de uma fonte, todas

informações das distintas fontes eram integradas para constituir um episódio único.

A distribuição dos casos mês a mês não é homogênea, mas também não revela

tendência clara numa direção. Por outro lado, não há indício de falta de cobertura no

ultimo mês do ano, como aconteceu em 2007.

14

GRÁFICO 1

NÚMERO DE CASOS POR MÊS

A grande maioria dos episódios, mais de 90%, são protagonizados por policiais

militares. Os policiais civis apenas são partícipes de 8 casos, 10 a menos do que no ano

anterior. Há ainda dois casos de bombeiros, os dois com os agentes como vítimas: um

suicídio e um caso em que o bombeiro foi vítima mortal de disparos. De fato, espera-se

que os bombeiros, em função do seu trabalho de defesa civil, estejam envolvidos muito

raramente em confrontos armados. Agentes penitenciários aparecem também em dois

episódios: um foi baleado ao sair de casa e outro respondeu com disparos a uma

agressão de um detento. Existe ainda um caso com a participação da Polícia Federal.

Como já foi mencionado, neste ano não foi registrado nenhum caso de agente de

segurança pública reformado.

Mês do Fato

DezNovOutSetAgoJulJunMaiAbrMarFevJan

me

ro d

e C

as

os

20

15

10

5

0

15

TABELA 3

Número de Casos por Tipo de Agente Envolvido

Freqüência % do total

Polícia Militar 152 92,7

Polícia Civil 8 4,9

Corpo de Bombeiros 2 1,2

Agentes Penitenciários 2 1,2

Polícia Federal 1 0,6

Entre os civis envolvidos, 92% são homens e 5% mulheres, sendo que o 3%

restante não apresenta informação para determinar o sexo. Os envolvidos civis são

bastante jovens, pois mais da metade deles têm menos de 24 anos. A média de idade é

de 25.6 anos, apenas um ano a mais da registrada em 2007. Esse perfil não surpreende

na medida em que homens jovens são as vítimas preferenciais da violência letal no

Brasil.

5.2. Elaborar relatório

O relatório da Pesquisa de Letalidade 2008 foi encaminhado à Superintendência

de Avaliação e Qualidade da Atuação do Sistema de Defesa Social (SASD) no dia 16 de

novembro de 2009, sendo aprovado no mesmo dia pela Diretoria de Análise e Avaliação

do Desempenho Operacional (DAD). Ao final de dezembro de 2009, a referida diretoria

receberá o relatório refere aos casos registrados no primeiro semestre de 2009, sendo

que o relatório completo para este ano será concluído ao final de janeiro de 2010, tão

logo os dados sejam disponibilizados pelas corporações policiais.