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LEONARDO GONÇALVES VIEIRA AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL E EIA/RIMA: BASES LEGAIS E PROBLEMAS RECORRENTES LONDRINA 2009

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LEONARDO GONÇALVES VIEIRA

AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL E EIA/RIMA:

BASES LEGAIS E PROBLEMAS RECORRENTES

LONDRINA

2009

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LEONARDO GONÇALVES VIEIRA

AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL E EIA/RIMA: BASES LEGAIS E PROBLEMAS RECORRENTES

Trabalho de Conclusão de Curso ao Curso

de Geografia da Universidade Estadual de

Londrina, como requisito à obtenção do título

de bacharelado.

Orientadora: Prof. Yoshiya Nakagawara

Ferreira

LONDRINA

2009

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LEONARDO GONÇALVES VIEIRA

AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL E EIA/RIMA: BASES LEGAIS E PROBLEMAS RECORRENTES.

Trabalho de Conclusão de Curso ao Curso

de Geografia da Universidade Estadual de

Londrina, como requisito à obtenção do título

de bacharelado.

COMISSÃO EXAMINADORA

Prof. Dra. Yoshiya Nakagawara Ferreira

Prof. Dra. Eloiza Cristiane Torres

____________________________________

Prof. Ms. Wladimir Cesar Fuscaldo

Londrina, de dezembro de 2009

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DEDICATÓRIA A Deus,

E a minha família.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, por ter me ajudado e iluminado meu

caminho nestes 5 anos de estudo, e ter me dado à chance de realizar este sonho.

Aos meus amados e queridos Pais, Holiudes e Cleide, que foram essenciais

em toda esta jornada, sempre com palavras de amor, carinho e conselhos sábios

quando eu mais precisava, obrigado por tudo que fizeram e fazem por mim. Sem

vocês, a realização deste sonho não seria possível.

As minhas irmãs que eu tanto amo, Élina e Jane Kely, que sempre estiveram

comigo nestes anos; obrigado pelo apoio fundamental que vocês me deram, por me

escutarem e me ajudarem sempre que precisei, vocês foram fundamentais.

E não poderia deixar de agradecer também ao Fernando, pela força dada e

pelas incansáveis buscas na rodoviária às 5 horas da manhã, obrigado por tudo.

Obrigado Família, vocês são a razão do meu viver, obrigado por este amor

incondicional demonstrado o tempo todo. Amo muito todos vocês.

Aos meus amigos de República, Faculdade, Bares, Festas e de todos os

momentos, Marcel, Pedro e Renan, vocês foram muito importantes para que este

sonho fosse realizado, obrigado pela amizade verdadeira que vocês me deram, e

pelo ótimo convívio que tivemos todos estes anos de “Cudela”.

Gostaria de agradecer também aos amigos (as), Nathália, Mariana, Rafael,

João, Guilherme e Márcia, obrigado pela força que vocês deram, esta conquista tem

uma parte de vocês também.

Agradecer também ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e

Tecnológico – CNPQ, por estes anos de bolsa concedidos, que foram de

fundamental importância para a continuidade dos meus estudos.

Agradecer também ao funcionário do IPPUL, Wellington Benben que forneceu

material de grande valia para que este trabalho fosse realizado.

E por fim, agradecer a minha querida orientadora Yoshiya Nakagawara

Ferreira, que muito me ajudou durante estes anos, contribuindo diretamente para o

meu crescimento intelectual, obrigado por tudo, não tenho palavras para agradecer

tudo que a senhora fez por mim.

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VIEIRA, Leonardo Gonçalves. Avaliação de impacto ambiental e EIA/RIMA: bases legais e problemas recorrentes. 2009. Trabalho de Conclusão de Curso de

Geografia (Bacharelado) – Universidade Estadual de Londrina, Londrina, 2009.

RESUMO

A presente monografia tem por objetivo analisar as raízes da Avaliação de Impacto

Ambiental no Brasil e no mundo, mostrando a sua trajetória, as dificuldades, a

estruturação da legislação e a sua contribuição para a preservação e conservação

do meio ambiente, mas também os seus principais problemas e lacunas que muitas

vezes acabam dificultando o real aproveitamento de suas potencialidades e

benefícios.

Palavras – chave: Avaliação de Impacto Ambiental; EIA/RIMA; Legislação

ambiental; Meio ambiente.

ABSTRACT This monograph analyzes the roots of the Environmental Impact Assessment in

Brazil and in the world, showing its ways, difficulties , the structure of legislation and

its contribution for the preservation and conservation of environment, also its major

problems and gaps that sometimes difficult the real development of its potentialities

and benefits.

Keywords: Environmental Impact Assessment; EIA/RIMA; Environmental legislation;

Environment.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO...................................................................................................8

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA............................................................................11

2.1 Impacto Ambiental – Conceitos...........................................................11

2.2 Avaliação de Impacto Ambiental no Mundo.........................................14

2.3 Avaliação de Impacto Ambiental no Brasil...........................................21

3 ALGUNS MARCOS DA LEGISLAÇÃO AMBIENTAL BRASILEIRA................36

4 LICENCIAMENTO AMBIENTAL......................................................................46

5 EIA – ASPECTOS INSTITUCIONAIS..............................................................60

5.1 Termo de Referência: Diretrizes e a sua Importância..........................64

5.2 Implementação do EIA/RIMA...............................................................69

5.3 Metodologias Comumente Utilizadas para a Elaboração de

EIA/RIMA..............................................................................................79

5.4 Equipe Multidisciplinar – Sua Importância...........................................83

5.5 Quadro Comparativo............................................................................87

6 LISTA DE CHECAGEM PARA A ANÁLISE DE EIA/RIMA..............................91

CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................................................96

REFERÊNCIAS.....................................................................................................99

REFERÊNCIAS DE PORTAIS ELETRÔNICOS.................................................101

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1 INTRODUÇÃO

Para se falar sobre a Avaliação de Impactos Ambientais (AIA) no Brasil,

e seus problemas recorrentes, é necessário que se faça primeiro uma breve

apresentação e um breve histórico de como o nosso ambiente vem sendo

tratado e apropriado pelas sociedades ao redor do mundo.

A grande exploração do homem sobre a natureza se dá somente a partir

do século XV, que é quando o homem começa a ver essa natureza como um

recurso, e não mais apenas como um elemento que ditava o ritmo de vida da

população da época, pois, nessa época, o homem se apresentava como um

ser integrante dessa natureza, totalmente dependente das condições que esta

lhe oferecia.

Entretanto, o domínio da natureza pelo homem se dá efetivamente no

século XVIII, com a denominada Revolução Industrial. (PINTO, 2006)

Esta relação entre a natureza e a sociedade, segundo Muratori (1998)

tem-se modificado ao longo dos tempos, apresentando uma dinâmica própria,

de acordo com o contexto histórico vigente.

Portanto, a natureza é um elemento de grande significado histórico, e as

transformações da natureza têm sido ditadas pelo ritmo das transformações da

sociedade.

Ao se analisar os elementos da natureza nos dias de hoje, é

imprescindível compreender as forças do capitalismo que, de forma predatória,

tem agredido a natureza em todas as partes do planeta, causando uma

degradação ambiental intensa, muitas vezes extinguindo espécies animais e

vegetais e alterando substancialmente a riqueza da nossa biodiversidade.

Analisando as concepções de natureza no século XX, Muratori (1998)

assinala que,

A concepção de natureza tem sido aquela imposta pelos

países desenvolvidos, ou seja, uma fonte de recursos para a

manutenção do bem estar, do acúmulo de riquezas de uma

minoria, pouco importando se este tipo de visão subsista em

detrimento da maioria mundial, pobre e sem poder de

enfrentamento dessas questões. (MURATORI, 1998, p. 47)

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Esta forma de desenvolvimento imposto e praticado pelos países

dominadores trouxe algumas relativas melhorias para a humanidade,

entretanto, estas melhorias vieram acompanhadas de uma grande degradação

ambiental, que condena não só seus opressores, mas também todos aqueles

que são oprimidos e marginalizados por esta forma de desenvolvimento, o que

acaba produzindo muitos privilégios para poucos, algumas vantagens melhor

distribuídas e problemas para todos, na análise da autora.

Apesar das discussões em torno da conservação e preservação da

natureza estar em alta, o atual modelo de desenvolvimento impede que estas

realmente aconteçam, pois, apesar dos avanços tecnológicos, o homem ainda

não possui um conhecimento amplo e satisfatório sobre a natureza, pois as

recentes crises ambientais têm afetado indistintamente países pobres e ricos,

gerando muita discussão em torno desta problemática e deste desenvolvimento

econômico, embasado unicamente na exploração dos recursos naturais.

Como conseqüência, a esta visão cartesiana de mundo se

contrapõe o surgimento, ainda embrionário, neste final do

século XX, de uma nova consciência da natureza que se dá

através do sentimento ecológico cada vez mais presente a

nível planetário, em que a Geografia tem um papel

preponderante, pela forma como trata as questões que

envolvem natureza e sociedade, através do estudo das

organizações espaciais. (MURATORI, 1998. p. 48)

Com a degradação ambiental crescendo em todo mundo, surge à

necessidade de uma melhor gestão ambiental em âmbito mundial, que

resolvesse o problema de um crescimento acelerado que acaba gerando uma

grande degradação ambiental.

É a partir desta preocupação que se estabelecem parâmetros, idéias e

métodos para a previsão de impactos ambientais, que tem seu inicio em

meados da década de 1960, quando cresce na sociedade uma maior

preocupação com a degradação ambiental e suas conseqüências sociais

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decorrentes, elevando as preocupações em torno de uma melhor qualidade

ambiental, assinalaram Ab`Saber e Muller-Plantenberg (2002)

Conforme nos mostra Rohde, (1992), era necessário que estes fatores

ambientais estivessem inclusos em projetos gerais e específicos por parte do

governo, pois, os métodos tradicionais usados até o momento se mostravam

ineficazes e insuficientes para tratar com veemência a questão ambiental.

É a partir da pressão da população, principalmente de grupos

ambientalistas, que o governo americano se torna o precursor na Avaliação de

Impactos Ambientais, pois em 1970, o Congresso americano aprova o NEPA

(National Environmental Policy Act), estipulando que qualquer projeto do

governo que afetasse significativamente a qualidade ambiental deveria passar

por uma Avaliação de Impactos Ambientais conforme nos relata Rohde (1992).

A partir daí, essa preocupação ambiental se ampliou rapidamente não só

nos Estados Unidos, mas também por vários países desenvolvidos, e num

segundo momento, para outros países emergentes.

Esta pesquisa está estruturada da seguinte forma: após uma revisão

bibliográfica, partindo dos conceitos de Impactos Ambientais e a sua Avaliação,

tanto no Brasil como em uma breve retomada no mundo.

Nos itens 1 e 2, foi realizada uma revisão na legislação ambiental

brasileira, colocando também a importância e os critérios para licenciamentos

ambientais.

Nos itens 3 e 4, e nos itens 5 e 6, os Aspectos Institucionais do EIA, bem

como a implementação do EIA/RIMA e as metodologias utilizadas para sua

elaboração e a importância da equipe multidisciplinar fizeram parte do estudo.

Nos itens 6 e 7, foram feitos um balanço crítico dos avanços de AIA no

Brasil, Estados Unidos e França, e finalmente no ultimo item 7, foi abordada

uma lista de checagem para a análise de EIA/RIMA.

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2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Impacto Ambiental – Conceitos

Na revisão bibliográfica realizada, a definição de Impacto Ambiental foi

encontrada de diversas formas, porém, todas elas com seus aspectos

principais bem parecidos, no sentido de que todos os impactos ambientais mais

significativos, são aqueles decorrentes da ação humana.

E para efeito de análise neste trabalho, será adotada a definição de

Sánches (2008), que define impacto ambiental como sendo “[...] a alteração da

qualidade ambiental que resulta da modificação de processos naturais ou

sociais provocada por ação humana” (SÁNCHES, 2008, p. 32).

O Impacto ambiental é o resultado de uma determinada ação humana,

que seria a sua causa. No entanto, Sánches (2008) nos mostra que não se

pode confundir a causa com a conseqüência destes impactos, pois uma

rodovia não é um impacto ambiental, e sim, uma rodovia causa impactos

ambientais. Erro este que é apontado pelo autor, como um dos erros básicos e

freqüentes nos estudos ambientais.

Segundo Sánches (2008) o impacto ambiental pode ser causado por

ação humana que implique em:

1- Supressão de certos elementos do meio ambiente

2- Inserção de certos elementos no ambiente

3- Sobrecarga (introdução de fatores de estresse além da

capacidade de suporte do meio, gerando desequilíbrio).

Em relação à supressão de certos elementos do meio ambiente, o autor

coloca que esta pode ser tanto de componentes do ecossistema, como a

vegetação, ou até mesmo pela destruição total de um hábitat, por exemplo, o

aterramento de um mangue, assim como a destruição de elementos culturais

que valorizavam o ambiente, como cavernas, locais sagrados e etc.

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Já com relação à inserção de alguns elementos, o autor diz que esta

pode ser feita pela introdução de uma espécie exótica a este ambiente, como

também a inserção de ambientes construídos, como barragens, rodovias e

áreas urbanizadas.

Com relação à sobrecarga, esta é definida pela introdução de elementos

que causem um excesso sobre a capacidade de suporte do meio, causando

assim um desequilíbrio ecológico.

Pode-se ver na figura I, a esquematização do conceito de impacto

ambiental em projetos que serão ou já foram iniciados.

Figura I - Representação do conceito de impacto ambiental

Projeto iniciadoSituação sem projeto

Situação com projeto

Impacto Ambiental

Tempo

Indicado

rambien

tal

Fonte: Sánches, Luis Henrique,2008

No Brasil, a definição de Impacto Ambiental é dada pela resolução do

Conselho Nacional de Meio ambiente, CONAMA n.001, de 1986, art. 1º, - Para

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efeito desta Resolução, considera-se impacto ambiental qualquer alteração das

propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por

qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que,

direta ou indiretamente, afetam:

I - a saúde, a segurança e o bem-estar da população;

II - as atividades sociais e econômicas;

III - a biota;

IV - as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente;

V - a qualidade dos recursos ambientais.

(RESOLUÇÃO CONAMA Nº 001, Artigo 1º de 23 de janeiro de 1986)

Definição que é muito criticada por Sánches (2008), pois o autor alega

que esta definição de impacto ambiental, está muito próxima da definição de

poluição, principalmente quando a resolução diz que “qualquer forma de

matéria e energia” seria a responsável por uma “alteração das propriedades

físicas, químicas ou biológicas” do ambiente.

O autor também revela que o conceito de poluição dado pela Lei da

Política Nacional do Meio Ambiente, reflete melhor o conceito de impacto

ambiental, no que tange os seus aspectos negativos, mas, um impacto

ambiental também pode ter conotações positivas.

No Rio de Janeiro, em 1975, é aprovado o Decreto Lei Estadual nº

134/75, que dispõe sobre a prevenção da Poluição do Meio Ambiente no

Estado do Rio de Janeiro e dá outras providências, e em seu art. 1º, define

poluição como

Art. 1º - Para efeito deste Decreto-Lei, considere-se poluição qualquer alteração das propriedades físicas, químicas ou biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas, que direta ou indiretamente: - seja nociva ou ofensiva à saúde, à segurança e ao bem estar das populações; ...

(DECRETO LEI Nº 134, de 16 de junho de 1975)

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Portanto, nota-se uma grande semelhança na definição de Impacto

Ambiental dada pelo CONAMA, e a definição de Poluição, dada pela Lei do

Estado do Rio de Janeiro.

Porém, quando se tem impactos negativos significativos, perante a Lei

brasileira de Avaliação de Impactos Ambientais, é exigido um estudo de

impacto ambiental, que é o objeto de estudo deste trabalho.

2.2 Avaliação de Impacto Ambiental no Mundo

Como já citado anteriormente, os Estados Unidos da América – EUA,

foram o primeiro país a instituir uma política de Avaliação de Impactos

Ambientais, e isto foi feito através do National Environmental Policy Act –

NEPA, que foi aprovada pelo Congresso Americano em dezembro de 1969, e

entrou em vigor em 1º de janeiro de 1970.

O NEPA determinou que os objetivos e princípios da legislação, ações e

projetos de responsabilidade do Governo Federal, que afetasse

significativamente a qualidade do meio ambiente humano, incluíssem a

Avaliação de Impactos Ambientais.

Além de criar o Council on Environmental Quality (CEQ), que seria o

Conselho de Qualidade Ambiental, que estipula pontos centrais a serem

examinados pelos estudos de impacto ambiental.

O seu texto principal se mantém até hoje, porém, ocorreram algumas

modificações no seu caráter aplicativo, pois algumas questões se mostravam

insatisfatórias, o que fez com que fosse aprovado um regulamento em 1978,

para fixar novas diretrizes.

A decisão da realização ou não de um EIA fica a critério das agências

federais, em função dos procedimentos específicos por ela adotados.

A agência principal fica responsável por todos os procedimentos da

Avaliação de Impactos Ambientais, e todas as atividades estão sob sua

responsabilidade, podendo inclusive elaborar os estudos.

Devido a sua imensa importância e grande aceitação, o número de

estudos elaborados pelas agências americanas, cresceu rapidamente, de 1970

até 1º de julho de 1974, 5.500 estudos de impacto ambiental foram elaborados

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nos Estados Unidos, e nas décadas de 70 e 80, 10.475 Relatórios de impacto

ambiental. Atualmente, são elaborados em média 1.200 estudos/ano, e o custo

médio, está entre 150 mil e 3 milhões de dólares, o que corresponde a 19% do

custo total do empreendimento. (ROHDE, 1992)

Hoje, o grande diferencial destes estudos em relação aos elaborados

nas décadas de 1970 e 1980, diz respeito à qualidade destes estudos, que

agora são muito mais objetivos e possuem diagnósticos muito mais precisos,

facilitando assim, a análise dos pontos que realmente devem ser abordados.

Devido a sua imensa importância e grande aceitação, a Avaliação de

Impactos Ambientais a partir dos anos de 1970 e 1980 passou a ser uma

importante ferramenta na legislação ambiental de vários países, e em

conseqüência, do direito ambiental.

Em 1972, na época da Conferência de Estocolmo, existiam apenas onze órgãos ambientais nacionais, a maioria em países industrializados. Em 1981, a situação havia mudado de forma dramática: contavam-se 106 países, na maioria em desenvolvimento. Uma nova década se passa, em 1991, praticamente todos os países dispõem de algum tipo de instituição similar. (MONOSOWSKI, 1993, p. 3, apud, SÁNCHES, 2008, p. 53)

Os primeiros países a adotarem a Avaliação de Impactos Ambientais

logo após os Estados Unidos da América foram Canadá e Nova Zelândia, em

1973, e Austrália em 1974, e logo após estes países, se seguiram inúmeros

países desenvolvidos, os quais podem ser observados no Quadro I.

Quadro I – Introdução de AIA em alguns países desenvolvidos.

JURISDIÇÃO ANO DE

INTRODUÇÃO

PRINCIPAIS INSTRUMENTOS LEGAIS

EUA 1970 National Environmental Policy Act – NEPA,

1970.

Canadá

1973

Processo de avaliação e exame ambiental

em 20/12/1973, modificado em 15/02/1977;

Decreto sobre as diretrizes do processo de

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avaliação e exame ambiental, de 22/06/1984;

Lei Canadense de Avaliação Ambiental,

sancionada em 23/06/1992

França 1976 Lei 629 de Proteção da Natureza,

10/07/1976;

Lei 663 sobre as Instalações Registradas

para a Proteção do Ambiente, 19/07/1976;

Decreto 1.133, de 21/07/1977, sobre

instalações registradas;

Decreto 1.141, de 12/10/1977, para

aplicação da Lei de Proteção da Natureza;

Lei 630, de 12/07/1983, sobre a

democratização das consultas públicas.

União

européia

1985 Diretiva 85/337/EEC, de 27/06/1985, sobre a

avaliação dos efeitos ambientais de certos

projetos públicos e privados;

Modificada pala Diretiva 97/11/EC, em

03/03/1997.

Rússia

(União

Soviética)

1985 Instrução do Soviete Supremo para a

realização de “peritagem ecológica de

Estado”;

Decisão do Comitê Estatal de Construção de

1989 estabelecendo a apresentação de uma

“avaliação documentada de impacto

ambiental”;

Lei de Proteção Ambiental da República

Russa de 1991;

Regulamento de 1994 do Ministério do Meio

Ambiente, sobre AIA.

Holanda 1987 Decreto sobre AIA, de 01/07/1987,

modificado em 01/07/1994.

República

Tcheca

1992 Lei 244, de 15/04/1992, sobre AIA;

Decreto 499, de 01/10/1992, sobre

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competência profissional para avaliação de

impactos sobre meios e procedimentos pra

discussão pública da opinião dos peritos.

Hungria 1993 Decreto 86: regulamento provisório sobre a

avaliação dos impactos ambientais de certas

atividades

Lei Ambiental de 03/1995, incluindo um

capítulo sobre AIA.

Hong Kong 1997 Lei de AIA, de 05/02/1997;

Japão 1999 Lei de Avaliação de Impacto Ambiental,

12/06/1999.

Org. VIEIRA, Leonardo G. (2009), com base em SÁNCHES, L. H. (2008).

Após 1975, algumas instituições, organismos e agências financeiras

internacionais, passaram a incluir a Avaliação de Impactos Ambientais em seus

programas, conforme assinala Rohde (1992). Segundo suas expressões “as

grandes agências financeiras internacionais adotaram o mesmo procedimento,

como forma de respostas às pressões da comunidade científica internacional e

dos cidadãos dos países desenvolvidos”. Uma das causas citadas é porque

estes, “[...] passaram a se sentir responsáveis pelos problemas ambientais do

terceiro mundo, resultantes de projetos multinacionais ou financiados por

aqueles países”. (ROHDE 1992, p. 28 -29).

Segundo Siqueira & Marques (2002) a França era o país que possuía

um sistema formal mais relevante. Tanto que em 1977, foi regulamentada no

país, uma Lei de proteção ambiental que previa que a elaboração dos estudos

de impacto ambiental deveria ser realizada antes da tomada de certas decisões

sobre o empreendimento.

Esta Lei, segundo Sánches (2008), se efetivou e espalhou rapidamente

por todo o território francês, fazendo com que fossem elaborados em torno de 5

a 6 mil estudos de impacto por ano.

Entretanto, Siqueira & Marques (2002), relatam que desde que foi

aprovada, esta legislação ambiental tem sofrido poucas alteração.

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Até 1988 não houve nenhuma alteração da legislação, mas o Ministério de Meio ambiente tem feito estudos para alteração no procedimento adotado, tais como: para empreendimentos de menor impacto, são exigidos “Nota de Impacto”, nos quais são apresentadas as possíveis conseqüências ambientais e condições necessárias para que o empreendimento respeite o meio ambiente. (SIQUEIRA & MARQUES, p. 5, 2002).

Um diferencial adotado no País, é que para o empreendedor, seja ele

público ou privado, a variável ambiental na fase de planejamento, tem um peso

maior na tomada das decisões, obtendo assim uma maior participação da

população em relação a todas as implicações ambientais do empreendimento.

Siqueira & Marques (2002), relatam que a Comunidade Econômica

Européia (CEE), em 1985, adotou uma diretriz no sentido de que os países que

fizessem parte da CEE, implementassem um procedimento técnico e formal,

anterior à concessão do licenciamento, para que por meio deste procedimento,

fosse possível se reconhecer os empreendimentos potencialmente causadores

de grandes impactos, e também, com o intuito de uniformizar as exigências.

Segundo Sánches (2008), nos países desenvolvidos, a adoção da

Avaliação de Impactos Ambientais, se deu fundamentalmente em decorrência

da similaridade dos problemas ambientais oriundos de um estilo de

desenvolvimento que, historicamente explora indevidamente os recursos

naturais. Fato este, que segundo o autor, se tornou totalmente visível, após a

Segunda Guerra Mundial, quando se teve uma acumulação destes impactos.

Já em relação aos países ditos em desenvolvimento, as causas da

implementação da Avaliação de Impactos Ambientais são muitas, e dentre

elas, destacamos duas, que seria segundo Sánches (2008), a própria forma de

desenvolvimento adotado nestes países, que sempre foi baseada na

exploração de recursos naturais e também por meio de agências e organismos

internacionais.

Também teve importante papel na adoção do instrumento pelos países do Sul a atuação das agências bilaterais de fomento ao desenvolvimento, como a U.S. Agency for International development (USAID) e suas congêneres dos países da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico), assim como as agências multilaterais, que são os bancos de desenvolvimento, como o

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Banco Mundial e o Banco Interamericano de Desenvolvimento. (SÁNCHES, 2008, p. 53)

Com isso, vários países adotaram e criaram Leis referentes à Avaliação

de Impactos Ambientais, com destaque para a Colômbia, que foi o primeiro

pais entre os países em desenvolvimento, a adotar a Avaliação de Impactos

Ambientais em seu Código Nacional de Recursos Naturais Renováveis e de

Proteção do Meio Ambiente, em 1974.

No quadro II, pode-se observar a institucionalização da Avaliação de

Impactos Ambientais, em alguns países em desenvolvimento.

Quadro II – Institucionalização da AIA em alguns países em

desenvolvimento

JURISDIÇÃO ANO DE

INTRODUÇÃO

PRINCIPAIS INSTRUMENTOS LEGAIS

Colômbia 1974 Código Nacional de Recursos Naturais

Renováveis e de Proteção do Meio

Ambiente, 18/12/1974;

Filipinas 1978 Decreto sobre Política ambiental;

Decreto sobre o Sistema de Estudos de

Impacto Ambiental, de 1978;

Regulamento sobre EIAs do Conselho

Nacional de Proteção Ambiental, de 1979

China 1979 Lei “Provisória” de Proteção Ambiental,

revista e finalizada em 1989;

Decreto de 1981 sobre “Proteção Ambiental

de Projetos de Construção”, modificado em

1986 e em 1998

Decreto de 1990 sobre procedimentos de

AIA;

Lei de Avaliação de Impacto Ambiental, de

2002.

México 1982 Lei Federal de Proteção Ambiental, de

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20

1982;

Lei Geral do Equilíbrio Ecológico e da

Proteção do Ambiente, de 1998;

Regulamento de 2000.

Indonésia 1986 Lei de Provisões Básicas para Gestão

Ambiental, de 1982;

Regulamento 29 de 1986, sobre análise de

impacto ambiental, modificado pelo

Regulamento 51, de 1993 e pelo

Regulamento 27, de 1999, incluindo

mecanismos de participação pública.

África do Sul 1991 Art. 39 da Lei de Mineração, de 1991;

Lei de Conservação Ambiental, de 1989, e

regulamento sobre Avaliação de Impacto

Ambiental, de 1997, relativo à Lei de

Conservação Ambiental.

Tunísia 1991 Decreto sobre estudos de impacto

ambiental.

Chile 1994 Lei de Bases do Meio Ambiente, 1994;

Regulamento do Sistema de Avaliação de

Impacto Ambiental, 1997, modificado em

2002.

Uruguai 1994 Lei 16.246, de 1992, requer AIA para

atividades portuárias;

Lei de Prevenção e Avaliação de Impacto

Ambiental 16.466, de 1994;

Equador 1999 Lei de Gestão ambiental;

Texto unificado de Legislação Ambiental

Secundária.

Org. VIEIRA, Leonardo G. (2009), com base em SÁNCHES, L. H. (2008).

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21

Atualmente, a maioria dos países em desenvolvimento possui leis

referentes à Avaliação de Impactos Ambientais, o que facilita não só na

aprovação e adequação de projetos, como também auxilia na concessão de

empréstimos, ou ajudas econômicas que estes países recebem de Bancos ou

Agências internacionais, pois este dinheiro é liberado de forma mais rápida

quando o país em desenvolvimento se compromete com a qualidade de vida

da população e também com a qualidade ambiental.

2.3 Avaliação de Impacto Ambiental no Brasil

Segundo Siqueira & Marques (2002), logo após a sua independência,

em 1882, o governo Imperial e a República só se preocuparam em consolidar a

ocupação do imenso território brasileiro, que até então se encontrava

praticamente despovoado.

E a expansão de atividades agrícolas e pecuárias ignorou qualquer

cuidado com a proteção do meio ambiente, o que levou a destruição de novas

e imensas áreas florestadas, sem contar ainda com as primeiras unidades

industriais, que se implantou como se os recursos ambientais fossem

inesgotáveis.

Desde a sua independência, a idéia no país sempre foi a de que a

devastação da natureza e a poluição eram sinônimas de progresso e

desenvolvimento.

No entanto, como nos mostra Siqueira & Marques (2002) somente na

década de 1930, esta idéia começa a mudar, e o governo brasileiro começa a

controlar a utilização de alguns recursos naturais, e para isto criam-se os

Códigos das Águas e da Mineração e o primeiro código Florestal em 1934, e

alguns anos depois, é criado a Proteção ao Patrimônio Histórico em 1937 e o

Código da Pesca em 1938.

Contudo, nessa época, a gestão de cada recurso fazia-se por meio de

ações isoladas e descoordenadas, servindo à preservação de reservas para

uso futuro, relata os autores.

Já em 1965, o autor coloca que a promulgação do Estatuto da Terra e

do Código Florestal, possibilitou o surgimento de uma moderna legislação

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ambiental, pois esta criava condições para que o Poder Público interferisse nas

atividades econômicas que modificariam o ambiente.

E em resposta às recomendações da Conferência das Nações Unidas

sobre o Meio Ambiente, realizada em Estocolmo, o governo brasileiro cria em

1973 a Secretaria Especial do Meio Ambiente – SEMA.

A SEMA recebeu entre outras, a atribuição de coordenar as ações dos órgãos governamentais relativas à proteção ambiental e ao uso dos recursos naturais. Os programas de controle ambiental e a complementação da legislação federal, por meio de normas e padrões de qualidade referentes a alguns componentes do meio ambiente, passam a ser executadas pela SEMA e pelas entidades estaduais criadas a partir de 1974. (SIQUEIRA & MARQUES, 2002, p. 2)

E em 1989, foi criado o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos

Recursos Naturais Renováveis – IBAMA, que reuniu as competências da

SEMA, do Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal – IBDF e da

Superintendência do Desenvolvimento da Borracha e da Pesca.

Entretanto, é antes da criação do IBAMA, que surge no Brasil, entre o

final da década de 1970 e começo da década de 1980, uma preocupação

referente exclusivamente à Avaliação de Impactos Ambientais.

Segundo Sánches, a década de 1970 foi muito próspera

economicamente para o Brasil, que foi marcada também pela grande expansão

de fronteiras para as regiões do cerrado e da Amazônia, expansão esta

impulsionada por grandes obras governamentais como a rodovia

Transamazônica e a barragem de Itaipu, que causaram grandes críticas de

intelectuais brasileiros.

É nessa época, que se começa a ter no Brasil, um pensamento mais

voltado para o meio ambiente.

Para tanto, dois trabalhos serviram de referência, um do Banco Mundial

de 1974 intitulado, “Environment, Health, and humam ecologic considerations in

economic development projects.”, e um do CIFCA (Centro Internacional de

Formación em Ciencias Ambientales) de 1977, intitulado “Las evaluaciones de

impacto ambiental”, como nos mostra Ab`Saber e Müller-Plantengerg, (2002).

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A partir de então, técnicos e cientistas colaboradores eventuais da

Companhia Estadual de Energia Elétrica do Estado de São Paulo (CESP),

atentaram para a necessidade de análise de impactos ambientais gerados pela

construção de hidrelétricas, assinalaram Ab`Saber e Müller-Plantengerg,

(2002).

Em relação a sua institucionalização, Sánches (2008) revela que a

Avaliação de Impactos Ambientais no Brasil, chegou ao país por meio de

legislações estaduais, no caso, Rio de Janeiro e Minas Gerais.

A Legislação Estadual do Rio de Janeiro tem seu inicio ligado a um

sistema estadual de licenciamento de fontes de poluição, no ano de 1977, e

depois esta legislação servirá como uma das bases da criação da Avaliação de

Impactos Ambientais no país.

A primeira Avaliação de Impactos Ambientais foi introduzida no país em

1980, ainda de forma tímida, pela lei n. 6.803, de 02.07.1980 que dispõe sobre

as diretrizes básicas para o zoneamento industrial nas áreas críticas de

poluição.

Essa lei passou a exigir um estudo prévio de impacto ambiental para a

aprovação de zonas estritamente industriais (ZEIs), destinadas à localização de

pólos petroquímicos, cloroquímicos, carboquímicos e instalações nucleares.

(RIBEIRO, 2004, p.765)

E quando se refere aos instrumentos de gestão ambiental, é preciso

remeter à Lei 6.938/81 da Política Nacional de Meio Ambiente, que segundo

Milaré (2004) elegeu como ações preventivas de responsabilidade do Estado, a

Avaliação de Impactos Ambientais e o licenciamento para a instalação de obras

ou atividades potencialmente poluidoras.

O papel da Avaliação de Impactos Ambientais, instituída pela Lei

6.938/81 no ordenamento jurídico brasileiro, segundo Iara Verocai dias Moreira

(1990), pode ser assim resumido

Instrumento de política ambiental, formado por um conjunto de

procedimentos capaz de assegurar, desde o início do

processo, que se faça um exame sistemático dos impactos

ambientais de uma ação proposta (projeto, programa, plano ou

política) e de suas alternativas, e que os resultados sejam

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apresentados de forma adequada ao público e aos

responsáveis pela tomada de decisões, e por eles

considerados. Além disso, os procedimentos devem garantir a

adoção das medidas de proteção do meio ambiente

determinadas, no caso de decisão sobre a implantação do

projeto. (MOREIRA, 1990, p. 33)

Conforme Milaré (2004), foi a partir da mobilização social ocorrida no

Brasil na década de 1980, principalmente com o surgimento do movimento

ambientalista e no apagar das luzes do regime autoritário, que a Avaliação de

Impactos Ambientais ganha uma nova função e amplitude através da Lei 6.938,

de 31.08.1981, que cuida da “Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e

mecanismos de formulação e aplicação”.

A Lei 6.938/81 relata no Artigo 2º que:

Art. 2º - A Política Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo a

preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida,

visando assegurar, no País, condições ao desenvolvimento sócio-econômico,

aos interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida

humana, atendidos os seguintes princípios:

I - ação governamental na manutenção do equilíbrio ecológico,

considerando o meio ambiente como um patrimônio público a ser

necessariamente assegurado e protegido, tendo em vista o uso coletivo;

II - racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e do ar;

Ill - planejamento e fiscalização do uso dos recursos ambientais;

IV - proteção dos ecossistemas, com a preservação de áreas

representativas;

V - controle e zoneamento das atividades potencial ou efetivamente

poluidoras;

VI - incentivos ao estudo e à pesquisa de tecnologias orientadas para o

uso racional e a proteção dos recursos ambientais;

VII - acompanhamento do estado da qualidade ambiental;

VIII - recuperação de áreas degradadas;

IX - proteção de áreas ameaçadas de degradação;

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25

X - educação ambiental a todos os níveis de ensino, inclusive a

educação da comunidade, objetivando capacitá-la para participação ativa na

defesa do meio ambiente.

Em consonância, o Artigo 3º relata que

Art. 3º - Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por:

I - meio ambiente, o conjunto de condições, leis, influências e

interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a

vida em todas as suas formas;

II - degradação da qualidade ambiental, a alteração adversa das

características do meio ambiente;

III - poluição, a degradação da qualidade ambiental resultante de

atividades que direta ou indiretamente:

a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população;

b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas;

c) afetem desfavoravelmente a biota;

d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente;

e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões

ambientais estabelecidos;

IV - poluidor, a pessoa física ou jurídica, de direito público ou

privado, responsável, direta ou indiretamente, por atividade causadora de

degradação ambiental;

V - recursos ambientais: a atmosfera, as águas interiores,

superficiais e subterrâneas, os estuários, o mar territorial, o solo, o subsolo, os

elementos da biosfera, a fauna e a flora.

Já no artigo 4º, da Lei 6.938/81, são delimitados os objetivos da Política

Nacional do Meio ambiente.

Art. 4º - A Política Nacional do Meio Ambiente visará:

I - à compatibilização do desenvolvimento econômico-social com a

preservação da qualidade do meio ambiente e do equilíbrio ecológico;

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II - à definição de áreas prioritárias de ação governamental relativa

à qualidade e ao equilíbrio ecológico, atendendo aos interesses da União, dos

Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios;

III - ao estabelecimento de critérios e padrões de qualidade

ambiental e de normas relativas ao uso e manejo de recursos ambientais;

IV - ao desenvolvimento de pesquisas e de tecnologias nacionais

orientadas para o uso racional de recursos ambientais;

V - à difusão de tecnologias de manejo do meio ambiente, à

divulgação de dados e informações ambientais e à formação de uma

consciência pública sobre a necessidade de preservação da qualidade

ambiental e do equilíbrio ecológico;

VI - à preservação e restauração dos recursos ambientais com

vistas à sua utilização racional e disponibilidade permanente, concorrendo para

a manutenção do equilíbrio ecológico propício à vida;

VII - à imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de

recuperar e/ou indenizar os danos causados e, ao usuário, da contribuição pela

utilização de recursos ambientais com fins econômicos.

Ainda no Artigo 8º, § II, da Lei 6.938/81, é promulgada ao Conselho

Nacional do Meio Ambiente – CONAMA a função de determinar, quando julgar

necessário, a realização de estudos das alternativas e das possíveis

conseqüências ambientais de projetos públicos ou privados, requisitando aos

órgãos federais, estaduais e municipais, bem assim a entidades privadas, as

informações indispensáveis para apreciação dos estudos de impacto

ambiental, e respectivos relatórios, no caso de obras ou atividades de

significativa degradação ambiental, especialmente nas áreas consideradas

patrimônio nacional.

E em seu Artigo 9º, a Lei 6.938/81, apresenta os Instrumentos da

Política Nacional do Meio Ambiente: a Avaliação de Impactos Ambientais e o

licenciamento e a revisão de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras.

Esta Lei é considerada um importante marco no ambientalismo

brasileiro, pois através dela, a Avaliação de Impactos Ambientais é erigida à

categoria de instrumento da política nacional do meio ambiente, sem qualquer

limitação ou condicionante, já que é exigível tanto nos projetos públicos quanto

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particulares, industriais e não industriais, urbanos e rurais, em áreas de

poluição consideradas criticas ou não, conforme nos mostra Milaré (2002).

Siqueira & Marques (2002), relatam que a Avaliação de Impactos

Ambientas, se mostra de grande importância também no que diz respeito à

gestão institucional de planos, programas e projetos tanto em nível federal,

quanto estadual, e também municipal, por meio da Lei 6.938/81, a qual prevê a

Avaliação de Impactos Ambientais e uma série de outros instrumentos

complementares e inter-relacionados.

Um destes instrumentos, segundo os autores seriam o licenciamento e a

revisão de empreendimentos ou atividades com um efetivo potencial poluidor, a

qual se exige a elaboração de EIA/RIMA e/ou outros documentos técnicos, que

fazem parte dos instrumentos básicos de implementação da Avaliação de

Impactos Ambientais.

Outro instrumento citado, diz respeito ao zoneamento ambiental, no qual

se busca o estabelecimento de alguns padrões de qualidade ambiental e

também a criação de Unidades de Conservação, que determinam e guiam a

elaboração de EIA/RIMA e também de outros documentos técnicos

necessários para o referido licenciamento ambiental.

Ainda segundo Siqueira & Marques (2002), têm-se também os

Cadastros técnicos, os Relatórios de Qualidade Ambiental, os incentivos a

produção e à instalação de equipamentos, à criação ou absorção de

tecnologias, e as penalidades disciplinares ou compensatórias.

Todos estes aspectos visam uma melhoria na qualidade ambiental e

também facilitar ou condicionar o processo de Avaliação de Impactos

Ambientais em suas diferentes etapas.

Mas as orientações básicas para a elaboração do EIA/RIMA, estão na

Resolução 001/86 do CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente), por

meio da qual são estabelecidas as definições, as responsabilidades, os

critérios básicos e as diretrizes gerais para o uso e a implementação da

Avaliação de Impactos Ambientais como um dos instrumentos da Política

Nacional do Meio Ambiente.

Segundo Siqueira & Marques (2002) , em julho de 1989, foi sancionada

a Lei 7.804, que por sua vez modificou a Lei 6.938/81, conservando, entretanto

os seus principais dispositivos.

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A Avaliação de Impactos Ambientais ainda se mostra muito detalhada

nos itens descritivos, e pouco nos itens que diz respeito à identificação e

valoração dos impactos. E para que este processo se inverta, ou seja, para que

ele se torne mais analítico e menos descritivo, deveria haver uma melhor

definição dos conteúdos dos Termos de Referência, o qual veremos mais

adiante.

Sánches (2008) nos mostra que os principais objetivos da Avaliação de

Impactos Ambientais segundo a Associação Internacional de Avaliação de

Impactos – IAIA seria o de assegurar que as considerações ambientais sejam

explicitamente tratadas e incorporadas ao processo decisório; antecipar, evitar,

minimizar ou compensar os efeitos negativos relevantes biofísicos, sociais e

outros; proteger a produtividade e a capacidade dos sistemas naturais, assim

como os processos ecológicos que mantêm suas funções; e por fim, promover

o desenvolvimento sustentável e aperfeiçoar o uso e as oportunidades de

gestão de recursos. (SÁNCHES, 2008, p. 95)

O CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente) vem

regulamentando o licenciamento de obras, atividades e projetos mediante a

Avaliação Ambiental, estabelecendo, para cada caso, um tipo de estudo capaz

de mostrar o meio mais adequado e correto de diagnosticar as interferências

negativas no ambiente.

Compete ao CONAMA, estabelecer, mediante proposta do IBAMA,

normas e critérios para o licenciamento de atividades efetiva ou potencialmente

poluidoras, que deve ser concedido pela União, Estados, Distrito Federal e

Municípios e supervisionada pelo referido Instituto e também determinar,

quando julgar necessário, a realização de estudos das alternativas e das

possíveis conseqüências ambientais de projetos públicos ou privados,

requisitando aos órgãos federais, estaduais e municipais, bem assim a

entidades privadas, as informações indispensáveis para apreciação dos

estudos de impacto ambiental, e respectivos relatórios de impacto ambiental,

no caso de obras ou atividades se significativa degradação ambiental,

especialmente nas áreas consideradas patrimônio nacional. (MILARÉ, 2004)

Pode-se dividir o processo de Avaliação de Impactos Ambientais,

segundo Sánches (2008), em 3 etapas, sendo que em cada uma delas, se tem

diferentes atividades.

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No quadro III, é mostrado um esquema de Avaliação de Impactos

Ambientais, que não representa fielmente o modelo brasileiro, nem o de

nenhum outro país, ou seja, seria um modelo genérico, pois todos os

processos de Avaliação de Impactos Ambientais têm inúmeras semelhanças

entre si.

Com isso, cada jurisdição adequa este processo genérico às suas reais

necessidades, baseadas em suas leis e normas jurídicas.

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30

Apresentação de uma proposta Etapa Inicial: Triagem

A proposta pode causar impactos ambientais significativos? Talvez Não Avaliação ambiental inicial Sim Licenciamento Licenciamento Ambiental convencional apoiado em EIA

Determinação do

Análise Detalhada escopo de estudo Análise Técnica Elaboração do EIA e Rima Consulta pública Decisão Etapa Pós – aprovação Reprovação Aprovação

Monitoramento e gestão ambiental

Acompanhamento

Quadro III – Processo de avaliação ambiental Fonte: Sánches, Luis H. 2008

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Este processo tem seu início na etapa de apresentação da proposta, ou

seja, o empreendedor apresenta um projeto ou um plano, programa ou política

para alguma organização com poder de decisão instuticionalizado sobre o

referido caso, nos relata Sánches (2008).

A próxima etapa segundo o autor se dá no processo de triagem, que

esta prevista na Resolução CONAMA 001/86, art. 2º, onde são selecionadas as

ações humanas que podem causar significativos impactos ambientais. Com a

experiência adquirida ao longo do tempo, sabe-se os tipos de ações que

podem causar impactos representativos e as ações que podem causar

impactos irrelevantes.

Contudo, se tem um meio termo, ou seja, ações que podem causar ou

não impactos significativos, e daí advém à necessidade da triagem, pois é por

meio desta triagem que se pode enquadrar uma determinada ação em alguma

categoria.

Estas categorias se dividem em 3 tipos: ações que necessitam de um

estudo aprofundado; ações que não necessitam de estudos aprofundados; e

ações onde não se sabe o potencial de causar impactos da referida atividade.

Segundo Sánches (2008), existem alguns critérios básicos para o

enquadramento:

• Listas positivas: projetos onde a realização do estudo detalhado é

obrigatório;

• Listas negativas: São projetos onde não é necessária a realização

de estudos aprofundados, apenas medidas mitigadoras para minimizar os

impactos;

• Critérios de corte: baseado no tamanho do empreendimento, não

importando se o empreendimento faz parte da lista positiva ou negativa;

• Localização do empreendimento: Dependendo da área de

localização do projeto, a realização de estudos completos é exigida

independente do porte e do tipo de empreendimento;

• Recursos ambientais potencialmente afetados: Para projetos que

interfiram em áreas de interesse social.

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Todos estes recursos auxiliam no enquadramento, mas não conseguem

enquadrar todos os projetos, daí ocorre à elaboração de algum estudo

simplificado.

Nas áreas onde se mostra necessário a elaboração de EIA, primeiro é

preciso fazer uma determinação do escopo do EIA, que está previsto na

Resolução CONAMA 001/86, Art. 6º, escopo este que visa determinar a

abrangência e profundidade dos estudos, de acordo com o tipo de

empreendimento.

Por exemplo, em um projeto de geração de eletricidade a partir de combustíveis fósseis, evidentemente o EIA deverá dar grande atenção aos problemas de qualidade do ar. Já em uma barragem certamente devem receber grande atenção as questões relativas à qualidade das águas, à existência de remanescentes de vegetação nativa na área de inundação e à presença de populações e atividades humana nessa área, enquanto a qualidade do ar possivelmente seria trata de maneira rápida no EIA, uma vez que os impactos de uma barragem sobre esse elemento são geralmente de pequena magnitude e importância. (SÁNCHES, 2008, p. 99)

A determinação da abrangência ocorre com a elaboração do Termo de

Referência, que estabelece as diretrizes dos estudos que devem ser

realizados.

A próxima etapa diz respeito à elaboração do Estudo de Impacto

Ambiental, que está previsto na Resolução CONAMA 001/86, nos Arts. 5º, 6º,

7º, 8º e 9º, e que segundo Sánches (2004) é a atividade central do processo de

Avaliação de Impactos Ambientais, e por isso, demanda mais tempo e recursos

para a sua realização, pois é nesta etapa que são estabelecidas as bases para

a análise da viabilidade ambiental do projeto.

Após a realização do Estudo de Impacto Ambiental, ocorre a análise

técnica deste estudo, que seria a quinta parte deste processo. Etapa esta que

também está prevista na Resolução CONAMA 001/86, Art. 10, e que consiste

na análise destes estudos pelo órgão governamental responsável pela

autorização do projeto, ou pela empresa financiadora do empreendimento.

O próximo passo, e um dos mais importantes do processo, é a consulta

pública, que segundo Sánches (2004), teve a sua origem na legislação

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americana, e hoje se dá de diversas maneiras, sendo que a mais importante

delas é a audiência pública, pois é por meio dela que após a conclusão do

estudo, poderá o cidadão interferir diretamente na decisão a ser tomada.

A consulta pública está prevista na Resolução CONAMA 001/86, art.

11º, e promulga que esta consulta se dará por meio do Relatório de Impacto

Ambiental (RIMA), que será acessível ao público.

Decisão esta que se torna a próxima etapa do processo, e que segundo

Sánches (2004), pode ser feita por autoridade ambiental; pela autoridade

responsável pela referida área do projeto; pelo governo, ou pelo modo mais

utilizado no Brasil, que seria a decisão colegiada, que se dá por meio de um

conselho com participação da sociedade civil, sendo estes colegiados

subordinados à autoridade ambiental.

A Resolução CONAMA 001/86, regulamenta a decisão dos órgãos

ambientais competentes nos Arts. 4º e 11º.

Ainda conforme Sánches (2004), três formas de decisão são possíveis,

que seria a não aprovação do empreendimento; a aprovação incondicional; ou

a aprovação com algumas condições.

Em decorrência de uma decisão positiva, o empreendimento deve

passar por outro processo, que seria o de monitoramento e gestão ambiental,

que está previsto na Resolução CONAMA 001/86, Art. 6º, por meio do qual a

implementação do projeto deve ser monitorada, buscando um controle e

diminuição dos impactos negativos, ou potencialização dos impactos positivos.

O monitoramento é parte essencial das atividades de gestão ambiental e, entre outras funções, deve permitir confirmar ou não as previsões feitas no estudo de impacto ambiental, constatar se o empreendimento atende aos requisitos aplicáveis (exigências legais, condições da licença ambiental e outros compromissos) e, por conseguinte, alertar para a necessidade de ajustes e correções. (SÁNCHES, 2008, p. 100)

A gestão ambiental, ainda segundo Sanches (2008), corresponde a

todas as atividades pós planejamento ambiental, e que buscam uma

implementação completa do plano.

A última etapa desse processo seria o acompanhamento, que para

Sánches (2004) é um conjunto de atividades que incluem a fiscalização,

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supervisão e/ou auditoria, que buscam mecanismos para garantir o total

cumprimento de todos os compromissos assumidos pelo empreendedor e

demais intervenientes.

A quantidade de documentos necessários no processo de Avaliação de

Impactos Ambientais é muito grande, daí advém a sua grande complexidade e

demora na obtenção da licença.

O quadro IV fornece uma idéia geral deste vasto conjunto de

documentos exigidos no processo de licenciamento ambiental brasileiro.

Quadro IV - Principais documentos técnicos das diversas etapas do processo de AIA.

DOCUMENTOS DE

ENTRADA

ETAPA DOCUMENTOS RESULTANTES

Memorial descritivo

do projeto

Publicação em jornal

anunciando a

intenção de realizar

determinada iniciativa

Apresentação da

proposta

Parecer técnico que define o nível

de avaliação ambiental e o tipo de

estudo ambiental necessários

Avaliação ambiental

inicial ou estudo

preliminar

Triagem Parecer técnico sobre o nível de

avaliação ambiental e o tipo de

estudo ambiental necessários

Plano de trabalho Definição da

abrangência e

conteúdo do EIA

Termos de Referência

Termos de referência Elaboração do

EIA e do RIMA

EIA e RIMA

EIA Análise técnica Parecer técnico

EIA e RIMA

Publicação em jornal

Consulta pública Atas de audiência e outros

documentos de consulta pública

EIA, estudos

complementares,

Análise técnica Parecer técnico conclusivo

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35

documentos de

consulta pública

EIA, RIMA, pareceres

técnicos, documentos

de consulta pública

Decisão Licença Prévia (ou denegação do

pedido de Licença)

Planos de gestão

Relatórios de

implementação do

plano de gestão

Decisão

Implantação /

construção

Licença de instalação

Licença de operação

Vários documentos Operação Renovação da Licença de

operação, relatórios de

monitoramento e desempenho

ambiental

Plano de fechamento Desativação Licença de desativação

Org. VIEIRA, Leonardo G. (2009), com base em SÁNCHES, L. H. (2008). Estas Leis são de caráter federal, cabendo aos estados, devido a sua

relativa autonomia, o poder de modificar estes termos, ou seja, o nome de cada

documento dependerá da regulamentação em vigor de cada estado.

Segundo Milaré (2004), existe certa tendência entre os ambientalistas

brasileiros, inclusive entre as autoridades ambientais, de confundir o

instrumento da Política Nacional do Meio Ambiente, a “Avaliação de Impactos

Ambientais” com uma ferramenta do licenciamento ambiental, que seria o

nosso objeto de estudo, que seria o “Estudo de Impacto ambiental” (EIA).

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3 ALGUNS MARCOS DA LEGISLAÇÃO AMBIENTAL BRASILEIRA

O Brasil possui hoje, um grande e complexo sistema de gestão do meio

ambiente, que é regulamentado por uma série de Leis e decretos, que

aprovados em contexto sociais, políticos e econômicos pretéritos, continuam

em vigor até hoje, passando apenas por algumas mudanças para a

readequação com a realidade atual.

No quadro V, se encontram as principais Leis e instituições federais,

responsáveis pela gestão ambiental brasileira.

Quadro V – Principais leis e instituições federais referentes à gestão ambiental

ANO INSTRUMENTO LEGAL INSTITUIÇÃO

ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS NATURAIS

1934 Código de Águas e Política

Nacional de Recursos Hídricos –

1997

DNAEE (Departamento Nacional

de Águas e Energia Elétrica),

atual Aneel (Agência Nacional de

Energia Elétrica).

ANA (Agência Nacional de

Águas)

1934 Código Florestal (modificado em

1965)

Serviço Florestal (desde 1921),

depois DRNR (Departamento de

Recursos Naturais Renováveis)

(1959), IBDF (Instituto Brasileiro

de Desenvolvimento Florestal)

(1967), atual IBAMA (Instituto

Brasileiro do Meio Ambiente e

dos Recursos Naturais

Renováveis) desde 1989.

1934 Código de Minas (posteriormente DNPM (Departamento Nacional

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Código de Mineração – 1967,

modificado em 1996)

de Produção Mineral)

1937 Decreto – lei de Proteção ao

Patrimônio Histórico, Artístico e

Arqueológico

Iphan (Instituto do Patrimônio

Histórico e Artístico Nacional)

também, ao longo dos anos,

Sphan (Serviço do Patrimônio

Histórico e Artístico Nacional) e

IBPC (Instituto Brasileiro do

Patrimônio Cultural)

1938 Código de Pesca (modificado em

1967)

Sudepe - Superintendência do

Desenvolvimento da Pesca

(1962) (atual IBAMA)

1961 Lei sobre monumentos

arqueológicos e pré-históricos

Não é criada nova instituição

1967 Lei de Proteção à Fauna IBDF ((Instituto Brasileiro de

Desenvolvimento Florestal) atual

IBAMA

2000 Lei do sistema Nacional de

Unidades de Conservação

Não cria nova instituição

CONTROLE DA POLUIÇÃO INDUSTRIAL

1973 Decreto 73.030 (criação da

SEMA)

Sema (Secretaria de Estado de

Meio Ambiente) (1974) atual

IBAMA

1975 Decreto – Lei 1.413 – Controle da

poluição industrial

Sema, atual IBAMA

PLANEJAMENTO TERRITORIAL

1979 Lei 6.766 – Parcelamento do solo

urbano

Não cria nova instituição

1980 Lei 6.803 – zoneamento Não cria nova instituição

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ambiental nas áreas críticas de

poluição

1988 Lei 7.661 – Plano Nacional de

Gerenciamento Costeiro

Parte integrante da Política

Nacional do Meio Ambiente

2001 Lei 10.257 – Estatuto da Cidade Não cria nova instituição

2002 Decreto 4.297 – Zoneamento

ecológico – econômico

Parte integrante da Política

Nacional do Meio Ambiente

POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE

1981 Lei 6.938 – Política Nacional do

Meio Ambiente (alterações: leis

7.804/89 e 9.028/90)

SISNAMA (Sistema Nacional do

Meio Ambiente).

CONAMA (Conselho Nacional do

Meio Ambiente).

Org. VIEIRA, Leonardo G. (2009), com base em SÁNCHES, L. H. (2008).

Dentre todas estas Leis, a Lei 6.938/81, que instituiu a Política Nacional

do Meio Ambiente (PNMA), é a que mais nos interessa, por se tratar da Lei que

instituiu a Avaliação de Impacto Ambiental e também o Licenciamento

Ambiental na legislação brasileira.

Os instrumentos desta Lei, segundo se Art. 9º seriam.

Art. 9º - São instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente:

I - o estabelecimento de padrões de qualidade ambiental;

II - o zoneamento ambiental;

III - a avaliação de impactos ambientais;

IV - o licenciamento e a revisão de atividades efetiva ou potencialmente

poluidoras;

V - os incentivos à produção e instalação de equipamentos e a criação

ou absorção de tecnologia, voltados para a melhoria da qualidade ambiental;

VI - a criação de espaços territoriais especialmente protegidos pelo

Poder Público federal, estadual e municipal, tais como áreas de proteção

ambiental, de relevante interesse ecológico e reservas extrativistas;

VII - o sistema nacional de informações sobre o meio ambiente;

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VII - o sistema nacional de informações sobre o meio ambiente;

VIII - o Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumentos de

Defesa Ambiental;

IX - as penalidades disciplinares ou compensatórias ao não cumprimento

das medidas necessárias à preservação ou correção da degradação ambiental.

X - a instituição do Relatório de Qualidade do Meio Ambiente, a ser

divulgado anualmente pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos

Naturais Renováveis - IBAMA;

XI - a garantia da prestação de informações relativas ao Meio Ambiente,

obrigando-se o Poder Público a produzi-las, quando inexistentes;

XII - o Cadastro Técnico Federal de atividades potencialmente

poluidoras e/ou utilizadoras dos recursos ambientais.

XIII - instrumentos econômicos, como concessão florestal, servidão

ambiental, seguro ambiental e outros

Segundo Sánches (2008), a inovação desta Lei no que diz respeito à

parte institucional, se deu no sentido de que foi criada uma articulação dos

órgãos governamentais nos 3 níveis de governo, por meio do Sistema Nacional

do Meio Ambiente – SISNAMA, e também inovou ao criar o Conselho Nacional

de Meio ambiente – CONAMA que é composto por representantes de diversas

partes da sociedade, como representantes do governo federal, dos governos

estaduais e também de entidades da sociedade civil, como também

organizações empresariais e organizações ambientalistas.

E foram regulamentadas ao Conselho Nacional de Meio ambiente

CONAMA diversas funções, dentre as quais a de regulamentar a Lei nº

6.938/81, como também a função de formular diretrizes de política ambiental,

como podemos ver no Artigo 8º da Lei 6.938/81, que foi modificada pelas Leis

7.804/89 e 8.028/90.

No artigo 8º da Lei 6.938/81, ficou promulgado ao Conselho Nacional de

Meio ambiente – CONAMA, as seguintes competências:

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Art. 8º Compete ao CONAMA:

I - estabelecer, mediante proposta do IBAMA, normas e critérios para o

licenciamento de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras, a ser

concedido pelos Estados e supervisionado pelo IBAMA;

II - determinar, quando julgar necessário, a realização de estudos das

alternativas e das possíveis conseqüências ambientais de projetos públicos ou

privados, requisitando aos órgãos federais, estaduais e municipais, bem assim

a entidades privadas, as informações indispensáveis para apreciação dos

estudos de impacto ambiental, e respectivos relatórios, no caso de obras ou

atividades de significativa degradação ambiental, especialmente nas áreas

consideradas patrimônio nacional.

III - decidir, como última instância administrativa em grau de recurso,

mediante depósito prévio, sobre as multas e outras penalidades impostas pelo

IBAMA;

V - determinar, mediante representação do IBAMA, a perda ou restrição

de benefícios fiscais concedidos pelo Poder Público, em caráter geral ou

condicional, e a perda ou suspensão de participação em linhas de

financiamento em estabelecimentos oficiais de crédito;

VI - estabelecer, privativamente, normas e padrões nacionais de controle

da poluição por veículos automotores, aeronaves e embarcações, mediante

audiência dos Ministérios competentes;

VII - estabelecer normas, critérios e padrões relativos ao controle e à

manutenção da qualidade do meio ambiente com vistas ao uso racional dos

recursos ambientais, principalmente os hídricos.

Com estes consideráveis avanços na legislação ambiental brasileira, o

estudo de impacto ambiental, nosso objeto de estudo, está presente em uma

lista de diversos tipos de estudos ambientais presentes na legislação ambiental

federal, desde a Resolução do CONAMA 001/86, até a Resolução do CONAMA

316/01. Como vemos no quadro VI.

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Quadro VI – Tipos de estudos ambientais previstos na legislação brasileira

DENOMINAÇÃO REFERÊNCIA LEGAL APLICAÇÃO

Estudos

ambientais

Resolução CONAMA

237, de 19/12/1997

“são todos e quaisquer estudos

relativos aos aspectos ambientais

relacionados à localização,

instalação, operação e ampliação

de uma atividade ou

empreendimento, apresentado

como subsídio para a análise da

licença requerida” (Art. 1º, III)

Estudo Prévio

de Impacto

Ambiental

Constituição Federal,

Art. 225, 1º, IV (1988)

Instalação de obra ou atividade

potencialmente causadora de

significativa degradação

ambiental.

EIA/RIMA

Estudo e

Relatório de

Impacto

Ambiental

Resolução CONAMA

1, de 23/01/1986

Licenciamento de atividades

modificadoras do meio ambiente,

exemplificadas no Art. 2º da

Resolução.

PBA – Projeto

Básico

Ambiental

Resolução CONAMA

6, de 16/09/1987

Obtenção de licença de instalação

de empreendimentos do setor

elétrico

PRAD – Plano

de Recuperação

de Áreas

degradadas

Decreto Federal nº

97.632, de 10/04/1989

Obrigatoriedade de apresentação

para todo empreendimento de

mineração; deve ser incorporado

ao EIA para novos projetos

PCA – Plano de

controle

Ambiental

Resolução CONAMA

9, 06/12/1990

Obtenção de licença de instalação

de empreendimentos de

mineração: “(...) conterá os

projetos executivos de

minimização dos impactos

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42

Resolução CONAMA

286, de 20/08/2001

Resolução CONAMA

23, de 07/12/1994

ambientais (...)”

Obtenção de licença de instalação

de empreendimentos de irrigação

Obtenção de licença de operação

para produção de petróleo e gás.

RCA – Relatório

de controle

Ambiental

Resolução CONAMA

10, de 06/12/1990

Resolução CONAMA

23, de 07/12/1994

Obtenção de licença de instalação

de empreendimentos de extração

de bens minerais de uso imediato

na construção civil;

Obtenção de licença prévia para

perfuração de poços de petróleo

EVA – Estudo

de Viabilidade

Ambiental

Resolução CONAMA

23, de 07/12/1994

Obtenção de licença prévia para

pesquisa da viabilidade

econômica e de um campo

petrolífero

RAA – Relatório

de Avaliação

Ambiental

Resolução CONAMA

23, de 07/12/1994 Obtenção de licença de instalação

para perfuração de poços de

petróleo

EVQ – Estudo

de Viabilidade

de Queima

Resolução CONAMA

264, de 20/03/2000

Licenciamento de co –

processamento de resíduos em

fornos de cimento

Plano de

Encerramento

Resolução CONAMA

273, de 29/11/2000

Desativação de postos de

combustíveis

RAS – Relatório

Ambiental

Simplificado

Resolução CONAMA

279, de 27/06/2001

Obtenção de licença prévia de

empreendimentos do setor elétrico

de pequeno potencial de impacto

ambiental

Plano de

Emergência

Individual

Resolução CONAMA

293, de 12/12/2001

Licenciamento de portos

organizados, instalações

portuárias ou terminais, dutos,

plataformas e instalações de apoio

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Plano de

Contingência

Plano de

Emergência,

Plano de

Desativação

Resolução CONAMA

316, de 29/10/2002

Resolução CONAMA

316, de 29/10/2002

Licenciamento de unidades de

tratamento térmico de resíduos

Encerramento de atividades dos

sistemas de tratamento térmico de

resíduos

AAE - Avaliação

Ambiental

Estratégica

Resolução CONAMA

237, de 19/12/1997

Avaliação precedente à avaliação

de impactos ambientais.

Org. VIEIRA, Leonardo G. (2009), com base em SÁNCHES, L. H. (2008).

Por meio da Resolução CONAMA 237/97, foi instituída a possibilidade

da apresentação de formas alternativas de avaliação ambiental, como exposto

no quadro acima.

O Relatório de Controle Ambiental (RCA), o qual é previsto na

Resolução CONAMA 10/90, art. 3º, como exigência do órgão ambiental ao

empreendedor, no caso de uma solicitação de licença prévia (LP) (termo que

será explicitado mais adiante) para explorar bens minerais de Jazidas da

Classe II.

Segundo o Ministério de Minas e Energia, no capítulo II, do código da

mineração, Jazidas da Classe II seriam jazidas de substâncias minerais de

emprego imediato na construção civil, como por exemplo, ardósias, areias,

cascalhos, quartzitos e saibros, quando utilizados “in natura”, e que não se

destinem como matéria-prima, a indústria de transformação, exigido no caso de

dispensa do EIA/RIMA.

O Plano de Controle Ambiental (PCA), plano este que deverá ser

entregue ao órgão ambiental, quando for solicitada a Licença de Instalação (LI)

(Termo explicitado mais adiante) para atividades mineradoras, classes I, III, IV,

V, VI, VII, VIII e IX, em consonância com o Art. 5º da Resolução CONAMA

09/90, o qual deverá conter os projetos executivos de minimização de impactos

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ambientais apresentados no EIA/RIMA, na fase da solicitação da Licença

Prévia (LP).

Quadro VII – Classificação de Jazidas Minerais por classes

Classes Classificação

Classe I

Jazidas de substâncias minerais metalíferas (alumínio,

cobalto, cromo, chumbo, cobre, estanho, ferro, lítio,

manganês, magnésio, mercúrio, níquel, ouro, prata, zinco

e etc.)

Classe III Jazidas de fertilizantes (fosfatos, guano, sais de potássio e

salitre).

Classe IV

Jazidas de combustíveis fósseis sólidos (carvão, linhito,

turfa e sapropelitos).

Classe V

Jazidas de rochas betuminosas e pirobetuminosas (rochas

betuminosas e pirobetuminosas).

Classe VI

Jazidas de gemas e pedras ornamentais (gemas e pedras

ornamentais).

Classe VII

Jazidas de minerais industriais, não incluídas nas classes

precedentes (areias de fundição, argilas, ardósias, barita,

calcário, calcita, diamantes industriais, enxofre, feldspatos,

fluorita, grafita, granada, mármore, micas, pirita, quartzo,

quartzito, basalto, gnaisses, granitos etc.).

Classe VIII Jazidas de águas minerais. (águas minerais).

Fonte: Ministério de Minas e Energia (1987) Org. VIEIRA, Leonardo G. (2009)

Já o Plano de Recuperação de Áreas Degradadas (PRAD), deve ser

apresentado ao órgão ambiental junto com o EIA/RIMA,quando se tratar de

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empreendimentos que se destinam à exploração de recursos minerais,

conforme Decreto Federal 97.635/89, que dispõe sobre a regulamentação do

Artigo 2°, inciso VIII, da Lei n° 6.938, de 31 de agosto de 1981.

O Projeto Básico Ambiental (PBA), que deve ser entregue ao órgão

ambiental quando da solicitação de Licença de Instalação para Usinas

hidrelétricas, termoelétricas e Linhas de Transmissão, em conformidade com a

Resolução CONAMA 006/87, art.8º. Em suma, seria um detalhamento mais

preciso das medidas mitigadoras e compensatórias apresentadas no EIA/RMA.

Outra forma de avaliação ambiental, não citada no quadro, seria a

Avaliação Ambiental Estratégica (AAE), que diferente das outras formas de

avaliação, esta se torna uma atividade precedente à Avaliação de Impactos

Ambientais.

As ações devem ser sucessivas e aplicadas para checagem de

adequação do Plano em relação às Políticas setoriais e as perspectivas de

sucesso e qualidade ambiental e social após a sua implantação. Este tipo de

avaliação se torna um complemento das Avaliações de Impactos Ambientais,

principalmente em estudos de projetos de desenvolvimento tecnológico.

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46

4 LICENCIAMENTO AMBIENTAL

O processo de licenciamento ambiental é um dos instrumentos exigidos

para a implantação de qualquer atividade causadora de significativo impacto

ambiental.

Caberá ao CONAMA também fixar os critérios básicos, segundo os

quais serão exigidos estudos de impacto ambiental para fins de licenciamento,

contendo, entre outros, os seguintes itens:

a) diagnóstico ambiental da área;

b) descrição da ação proposta e suas alternativas; e

c) identificação, análise e previsão dos impactos significativos,

positivos e negativos.

E estas atividades, estão listadas nas Resoluções do CONAMA 001/86,

011/86, 006/87, 006/88, 009/90 e 010/90, nas quais cada empreendimento terá

suas especificações quanto a Licença Prévia (LP), Licença de Instalação (LI) e

Licença de Operação (LO). Devido a sua grande especificidade, será feito aqui,

um estudo genérico destas licenças.

Segundo Bastos e Almeida (2004), a Licença Prévia (LP), é concedida

na fase preliminar do projeto, e por este fato, contém alguns requisitos básicos

sobre a localização, instalação e a operação do empreendimento proposto,

assim como também a análise dos planos municipais, estaduais ou federais de

uso do solo.

A finalidade da LP é estabelecer condições tais que o empreendedor possa prosseguir com a elaboração de seu projeto. Corresponde a um comprometimento por parte do empreendedor de que suas atividades serão realizadas observando os pré-requisitos estabelecidos pelo órgão de meio ambiente. (BASTOS e ALMEIDA, 2004, p. 99)

Esta Licença é concedida após a aprovação do Estudo de Impacto

Ambiental e seu respectivo Relatório de Impacto Ambiental, e não dá ao

empreendedor o direito de construir, assim como esta licença tem um prazo de

validade determinado.

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47

Com relação à Licença de Instalação (LI), Bastos e Almeida (2004),

colocam que esta é emitida após a análise e aprovação do projeto e de outros

estudos como, por exemplo, o Plano de Controle Ambiental (PCA), o Relatório

de Controle Ambiental (RCA) e o Plano de Recuperação de Áreas Degradadas

(PRAD), que têm como função, mostrar os dispositivos ambientais a serem

usados em concomitância com o tipo, porte, características e nível de poluição

desta atividade e a respectiva recuperação das áreas degradadas.

Se o empreendimento originar um desmatamento, esta Licença de

Instalação (LI) dependerá da autorização de desmatamento, concedido pelo

IBAMA ou pelo órgão estadual florestal.

Quando a Licença de Instalação (LI) é concedida, o empreendedor

deverá se comprometer a cumprir tudo que foi especificado no projeto ou

comunicar qualquer alteração, e assim como na Licença Prévia (LP), a Licença

de Instalação (LI) não autoriza o início da implantação do empreendimento,

assim como também é dado um prazo de validade determinado.

A Licença de Operação (LO) é concedida após a aprovação da LP e da

LI. Conforme Bastos e Almeida (2004) é a LO que autoriza o início da operação

do empreendimento, porém com algumas condicionantes e um prazo de

validade determinado.

A renovação da LO é concedida após a realização de nova vistoria, quando: vencido seu prazo de validade; a atividade em operação demandar ampliação de sua área de intervenção; reformulação em seu processo produtivo; alteração da natureza de seus insumos básicos, reequipamento. (BASTOS e ALMEIDA, 2004, p. 100)

Quando o empreendedor faz o requerimento para uma nova LO, este

requerimento deverá conter segundo Bastos e Almeida (2004).

a) Cópias das publicações do requerimento de LO e da concessão

de LI no Diário Oficial da União ou estadual e em jornal de grande circulação,

de acordo com os modelos de publicação aprovados através da Resolução

CONAMA 006/86;

b) Recolhimento, pelo empreendedor, da taxa fixada pelo órgão de

meio ambiente para a emissão de LO;

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48

c) Estudo ambiental contendo projetos executivos de minimização

de impacto ambiental, para empreendimentos instalados antes da entrada em

vigor da Resolução CONAMA 001/86, com vistas a seu enquadramento às

exigências de licenciamento ambiental. Esse estudo é exigido, da mesma

forma, para empreendimentos instalados irregularmente, após a publicação da

referida resolução;

d) Relatório técnico de vistoria confirmando se os sistemas de

controle ambientais especificados na LI foram efetivamente instalados;

e) Parecer técnico do órgão de meio ambiente sobre o pedido de

LO.

Contêm condicionantes para continuidade da operação do

empreendimento e prazo de validade da LO. (Bastos e Almeida, 2004, p. 100,

101).

O empreendedor tem os limites de sua ação fixados nos termos da

licença que lhe for concedida, isto é, cabe ao empreendedor operar o seu

Projeto exatamente dentro dos padrões fixados na Licença de Instalação (LI) e

na Licença de Operação (LO) que lhe for outorgada.

No que diz respeito ao licenciamento ambiental, algumas leis federais

servem de parâmetros em todo o país, pois, mesmo que alguns órgãos

estaduais de meio ambiente tenham estabelecido e criado normas e leis de

licenciamento ambiental mais especificas para atender as suas necessidades,

a legislação federal ainda é a mais utilizada em todo o país.

E entre elas, Bastos e Almeida (2004) destacam as seguintes Leis e

Resoluções.

• Lei 6.938/81 – estabelece o Licenciamento ambiental e a revisão

de atividades efetivas ou potencialmente poluidoras como uma dos

instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente.

• Resolução CONAMA 001/86 – estabelece a obrigatoriedade da

elaboração de Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e o seu respectivo Relatório

de Impacto Ambiental (RIMA), em empreendimentos listados em seu art. 2º.

• Resolução CONAMA 006/86 – diz respeito aos modelos de

publicação dos pedidos de licença, em todas as modalidades, suas renovações

e pedidos de Licença.

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49

• Resolução CONAMA 011/86 – modifica e acrescenta as

atividades modificadoras do meio ambiente que foram contempladas no art. 2º

da Resolução 001/86.

• Resolução CONAMA 006/87 – são estabelecidas regras de

licenciamento ambiental para a construção de empreendimentos de grande

porte e com interesse da União, como por exemplo, a construção de

Hidrelétricas.

• Resolução CONAMA 010/87 – é delimitado que todo grande

empreendimento deverá como pré-requisito, construir uma estação ecológica

para reparar os danos ambientais causados pela destruição da floresta e outros

ecossistemas.

• Resolução CONAMA 005/88 – trata de impactos ambientais

significativos em decorrência de obras de saneamento.

• Resolução CONAMA 008/88 – dispõe sobre o licenciamento de

atividade mineral, como o uso do mercúrio metálico e do cianeto em áreas de

mineração de ouro.

• Resolução CONAMA 009/90 – dispõe de normas específicas para

o licenciamento ambiental de extração mineral das classes I, III, IV, V, VI, VII,

VIII e IX.

• Resolução CONAMA 010/90 – trata de normas específicas para

extração mineral de classe II.

• Decreto 99.274/90, capítulo IV – diz respeito a atividades que se

utilizam de recursos ambientais, que são consideradas efetivas ou

potencialmente poluidoras, assim como de empreendimentos que causem

alguma degradação ambiental.

Além destas já citadas, o proponente do projeto deverá analisar ainda as

legislações federais, estaduais e municipais, assim como também a

Constituição Federal, o Código das Águas; o Código Florestal; Estatuto da

Terra; as Resoluções do CONAMA; Leis de proteção do patrimônio

arqueológico, histórico e cultural, entre outras.

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50

A Resolução CONAMA nº 237/97, em seu Anexo 1, traz uma listagem,

exemplificativa, de empreendimentos e as atividades sujeitas ao licenciamento

ambiental.

No entanto, caberá ao órgão ambiental competente definir os critérios de

exigibilidade, o detalhamento e a complementação desse anexo, levando em

consideração as especificidades, os riscos ambientais, o porte e outras

características do empreendimento ou atividade.

• Extração e tratamento de minerais

• Indústria de papel e celulose

• Indústria de borracha

• Indústria de couros e peles

• Indústria química

• Indústria de produtos de matéria plástica

• Indústria têxtil, de vestuário, calçados e artefatos de tecidos

• Indústria de produtos alimentares e bebidas

• Indústria de fumo

• Obras civis

• Empreendimentos de geração e transmissão de energia

• Serviços de utilidade

• Transporte, terminais e depósitos

• Empreendimentos e Atividades de Turismo

• Atividades agropecuárias

• Uso de recursos naturais (§ 2º, Art. 2º da resolução CONAMA nº 237/97).

Nos termos da Resolução CONAMA 237/97, a competência legal para

licenciar, quando definida em função da abrangência dos impactos diretos que

a atividade pode gerar, pode ser: do município – se os impactos diretos forem

locais; do estado – se os impactos diretos atingirem dois ou mais municípios; e

do IBAMA – se os impactos diretos se derem em dois ou mais estados.

Art. 4º - Compete ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos

Recursos Naturais Renováveis – IBAMA, órgão executor do SISNAMA, o

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licenciamento ambiental, a que se refere o artigo 10 da Lei nº 6.938, de 31 de

agosto de 1981, de empreendimentos e atividades com significativo impacto

ambiental de âmbito nacional ou regional, a saber:

I - localizadas ou desenvolvidas conjuntamente no Brasil e em país

limítrofe; no mar territorial; na plataforma continental; na zona econômica

exclusiva; em terras indígenas ou em unidades de conservação do domínio da

União.

II - localizadas ou desenvolvidas em dois ou mais Estados;

III - cujos impactos ambientais diretos ultrapassem os limites territoriais

do País ou de um ou mais Estados;

IV - destinados a pesquisar, lavrar, produzir, beneficiar, transportar,

armazenar e dispor material radioativo, em qualquer estágio, ou que utilizem

energia nuclear em qualquer de suas formas e aplicações, mediante parecer da

Comissão Nacional de Energia Nuclear - CNEN;

V- bases ou empreendimentos militares, quando couber, observada à

legislação específica.

§ 1º - O IBAMA fará o licenciamento de que trata este artigo após

considerar o exame técnico procedido pelos órgãos ambientais dos Estados e

Municípios em que se localizar a atividade ou empreendimento, bem como,

quando couber, o parecer dos demais órgãos competentes da União, dos

Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, envolvidos no procedimento de

licenciamento.

§ 2º - O IBAMA, ressalvada sua competência supletiva, poderá delegar

aos Estados o licenciamento de atividade com significativo impacto ambiental

de âmbito regional, uniformizando, quando possível, as exigências.

O artigo 5º desta mesma Resolução promulga as competências do

licenciamento ambiental ao órgão ambiental estadual.

Art. 5º - Compete ao órgão ambiental estadual ou do Distrito Federal o

licenciamento ambiental dos empreendimentos e atividades:

I - localizados ou desenvolvidos em mais de um Município ou em

unidades de conservação de domínio estadual ou do Distrito Federal;

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II - localizados ou desenvolvidos nas florestas e demais formas de

vegetação natural de preservação permanente relacionadas no artigo 2º da Lei

nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, e em todas as que assim forem

consideradas por normas federais, estaduais ou municipais;

III - cujos impactos ambientais diretos ultrapassem os limites territoriais

de um ou mais Municípios;

IV – delegados pela União aos Estados ou ao Distrito Federal, por

instrumento legal ou convênio.

Parágrafo único. O órgão ambiental estadual ou do Distrito Federal fará

o licenciamento de que trata este artigo após considerar o exame técnico

procedido pelos órgãos ambientais dos Municípios em que se localizar a

atividade ou empreendimento, bem como, quando couber, o parecer dos

demais órgãos competentes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos

Municípios, envolvidos no procedimento de licenciamento.

O Artigo 6º desta mesma resolução fixa as condições sobre as quais

devem ser licenciadas as obras em âmbito municipal.

Art. 6º - Compete ao órgão ambiental municipal, ouvidos os órgãos

competentes da União, dos Estados e do Distrito Federal, quando couber, o

licenciamento ambiental de empreendimentos e atividades de impacto

ambiental local e daquelas que lhe forem delegadas pelo Estado por

instrumento legal ou convênio.

Segundo o Ministério do Meio Ambiente, menos de 1% dos

empreendimentos brasileiros são licenciados pelo IBAMA, ou seja, aqueles

com foco nas grandes obras de infra-estrutura.

Os demais empreendimentos e atividades estão sendo licenciados pelos

órgãos estaduais, já que, a maioria dos municípios não está preparada, com

estrutura mínima necessária para realizar o licenciamento ambiental

(profissionais legalmente habilitados e Conselhos de Meio Ambiente).

Além do que, uma agravante no quadro do licenciamento ambiental, diz

respeito ao fato de que grande parte dos processos nos órgãos estaduais de

licenciamento referem-se a empreendimentos e atividades considerados de

impacto local, que deveriam ser licenciados pelos Municípios.

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Segundo a Resolução 237/97, as atividades ou empreendimentos

sujeitos ao licenciamento ambiental, são:

• Extração e tratamento de minerais • Pesquisa mineral com guia de utilização

• Lavra a céu aberto, inclusive de aluvião, com ou sem beneficiamento

• Lavra subterrânea com ou sem beneficiamento

• Lavra garimpeira

• Perfuração de poços e produção de petróleo e gás natural

• Indústria de produtos minerais não metálicos • Beneficiamento de minerais não metálicos, não associados à

extração

• Fabricação e elaboração de produtos minerais não metálicos tais

como: produção de material cerâmico, cimento, gesso, amianto e

vidro, entre outros.

• Indústria metalúrgica • Fabricação de aço e de produtos siderúrgicos

• Produção de fundidos de ferro e aço / forjados / arames /

relaminados com ou sem tratamento de superfície, inclusive

galvanoplastia

• Metalurgia dos metais não-ferrosos, em formas primárias e

secundárias, inclusive ouro

• Produção de laminados / ligas / artefatos de metais não-ferrosos com

ou sem tratamento de superfície, inclusive galvanoplastia

• Relaminação de metais não-ferrosos, inclusive ligas

• Produção de soldas e anodos

• Metalurgia de metais preciosos

• Metalurgia do pó, inclusive peças moldadas

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• Fabricação de estruturas metálicas com ou sem tratamento de

superfície, inclusive galvanoplastia

• Fabricação de artefatos de ferro / aço e de metais não-ferrosos com

ou sem tratamento de superfície, inclusive galvanoplastia

• Têmpera e cementação de aço, recozimento de arames, tratamento

de superfícies

• Indústria mecânica • Fabricação de máquinas, aparelhos, peças, utensílios e acessórios

com e sem tratamento térmico e/ou de superfície

• Indústria de material elétrico, eletrônico e comunicações • Fabricação de pilhas, baterias e outros acumuladores

• Fabricação de material elétrico, eletrônico e equipamentos para

telecomunicação e informática

• Fabricação de aparelhos elétricos e eletrodomésticos

• Indústria de material de transporte • Fabricação e montagem de veículos rodoviários e ferroviários, peças

e acessórios

• Fabricação e montagem de aeronaves

• Fabricação e reparo de embarcações e estruturas flutuantes

• Indústria de madeira • Serraria e desdobramento de madeira

• Preservação de madeira

• Fabricação de chapas, placas de madeira aglomerada, prensada e

compensada

• Fabricação de estruturas de madeira e de móveis

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• Indústria de papel e celulose • Fabricação de celulose e pasta mecânica

• Fabricação de papel e papelão

• Fabricação de artefatos de papel, papelão, cartolina, cartão e fibra

prensada

• Indústria de borracha

• Beneficiamento de borracha natural

• Fabricação de câmara de ar e fabricação e recondicionamento de

pneumáticos

• Fabricação de laminados e fios de borracha

• Fabricação de espuma de borracha e de artefatos de espuma de

borracha, inclusive látex

• Indústria de couros e peles • Secagem e salga de couros e peles

• Curtimento e outras preparações de couros e peles

• Fabricação de artefatos diversos de couros e peles

• Fabricação de cola animal

• Indústria química • Produção de substâncias e fabricação de produtos químicos

• Fabricação de produtos derivados do processamento de petróleo, de

rochas betuminosas e da madeira

• Fabricação de combustíveis não derivados de petróleo

• Produção de óleos / gorduras / ceras vegetais – animais / óleos

essenciais vegetais e outros produtos da destilação da madeira

• Fabricação de resinas e de fibras e fios artificiais e sintéticos e de

borracha e látex sintéticos

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• Fabricação de pólvora / explosivos / detonantes / munição para caça-

desporto, fósforo de segurança e artigos pirotécnicos

• Recuperação e refino de solventes, óleos minerais, vegetais e

animais

• Fabricação de concentrados aromáticos naturais, artificiais e

sintéticos

• Fabricação de preparados para limpeza e polimento, desinfetantes,

inseticidas, germicidas e fungicidas

• Fabricação de tintas, esmaltes, lacas, vernizes, impermeabilizantes,

solventes e secantes

• Fabricação de fertilizantes e agroquímicos

• Fabricação de produtos farmacêuticos e veterinários

• Fabricação de sabões, detergentes e velas

• Fabricação de perfumarias e cosméticos

• Produção de álcool etílico, metanol e similares

• Indústria de produtos de matéria plástica

• Fabricação de laminados plásticos

• Fabricação de artefatos de material plástico

• Indústria têxtil, de vestuário, calçados e artefatos de tecidos

• Beneficiamento de fibras têxteis, vegetais, de origem animal e

sintéticos

• Fabricação e acabamento de fios e tecidos

• Tingimento, estamparia e outros acabamentos em peças do vestuário

e artigos diversos de tecidos

• Fabricação de calçados e componentes para calçados

• Indústria de produtos alimentares e bebidas

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• Beneficiamento, moagem, torrefação e fabricação de produtos

alimentares

• Matadouros, abatedouros, frigoríficos, charqueados e derivados de

origem animal

• Fabricação de conservas

• Preparação de pescados e fabricação de conservas de pescados

• Preparação, beneficiamento e industrialização de leite e derivados

• Fabricação e refinação de açúcar

• Refino / preparação de óleo e gorduras vegetais

• Produção de manteiga, cacau, gorduras de origem animal para

alimentação

• Fabricação de fermentos e leveduras

• Fabricação de rações balanceadas e de alimentos preparados para

animais

• Fabricação de vinhos e vinagre

• Fabricação de cervejas, chopes e maltes

• Fabricação de bebidas não alcoólicas, bem como engarrafamento e

gaseificação de águas minerais

• Fabricação de bebidas alcoólicas

• Indústria de fumo

• Fabricação de cigarros/charutos/cigarrilhas e outras atividades de

beneficiamento do fumo

• Indústrias diversas

• Usinas de produção de concreto

• Usinas de asfalto

• Serviços de galvanoplastia

• Obras civis

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• Rodovias, ferrovias, hidrovias, metropolitanos

• Barragens e diques

• Canais para drenagem

• Retificação de curso de água

• Abertura de barras, embocaduras e canais

• Transposição de bacias hidrográficas

• Outras obras de arte

• Serviços de utilidade

• Produção de energia termoelétrica

• Transmissão de energia elétrica

• Estações de tratamento de água

• Interceptores, emissários, estação elevatória e tratamento de esgoto

sanitário

• Tratamento e destinação de resíduos industriais (líquidos e sólidos)

• Tratamento/disposição de resíduos especiais tais como: de

agroquímicos e suas embalagens usadas e de serviço de saúde,

entre outros

• Tratamento e destinação de resíduos sólidos urbanos, inclusive

aqueles provenientes de fossas

• Dragagem e derrocamentos em corpos d’água

• Recuperação de áreas contaminadas ou degradadas

• Transporte, terminais e depósitos

• Transporte de cargas perigosas

• Transporte por dutos

• Marinas, portos e aeroportos

• Terminais de minério, petróleo e derivados e produtos químicos

• Depósitos de produtos químicos e produtos perigosos

• Turismo

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• Complexos turísticos e de lazer, inclusive parques temáticos e

autódromos

• Atividades diversas

• Parcelamento do solo

• Distrito e pólo industrial

• Atividades agropecuárias • Projeto agrícola

• Criação de animais

• Projetos de assentamentos e de colonização

• Uso de recursos naturais

• Silvicultura

• Exploração econômica da madeira ou lenha e subprodutos florestais

• Atividade de manejo de fauna exótica e criadouro de fauna silvestre

• Utilização do patrimônio genético natural

• Manejo de recursos aquáticos vivos

• Introdução de espécies exóticas e/ou geneticamente modificadas

• Uso da diversidade biológica pela biotecnologia

E reforçando a Política Nacional do Meio Ambiente, foi sancionada a Lei

nº 9.605, em 12 de fevereiro de 1998, que dispõe sobre as sanções penais e

administrativas lesivas ao meio ambiente, e em seu artigo 60, estabelece a

obrigatoriedade do licenciamento ambiental das atividades degradadoras da

qualidade ambiental, contendo, inclusive, as penalidades a serem aplicadas ao

infrator.

5 EIA – ASPECTOS INSTITUCIONAIS

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Conforme nos mostra Milaré (2004) o primeiro e efetivo passo dado pelo

CONAMA na formulação das bases legais da AIA, foi dado com a edição da

Resolução 001, de 23.01.1986, ainda sob o regime constitucional anterior, isto

é, o da Emenda 1/69, quando não havia ainda nenhuma disposição nomeada

como “proteção ambiental”.

Essa Resolução, segundo o autor, apesar de considerar expressamente

“a necessidade de se estabelecerem as definições, as responsabilidades, os

critérios básicos e as diretrizes gerais para o uso e a implementação da

Avaliação de Impacto Ambiental como um dos instrumentos da Política

Nacional do Meio Ambiente”, acabou por apenas regulamentar a figura do

Estudo de Impacto Ambiental.

Apesar disto, o que importa é ressaltar que, no termos dessa resolução,

todas as atividades modificadoras do meio ambiente, nela exemplificativamente

listadas, dependiam da elaboração de “Estudo de Impacto Ambiental e

respectivo Relatório de Impacto Ambiental”, sem o que não poderiam ser

licenciadas. (Milaré, 2004).

Ainda segundo o autor, em 5 de outubro de 1988 o país passou a viver

sob novo regime constitucional. A atual Constituição brasileira, reconhecendo o

direito à qualidade do meio ambiente como manifestação do direito à vida,

produziu um texto inédito em Constituições em todo o mundo, capaz de

orientar uma política ambiental no país e de induzir uma mentalidade

preservacionista.

E no Art. 225, da Constituição Federal Brasileira, é reconhecido que

todos têm direito a um ambiente ecologicamente equilibrado.

Art. 225 – Todos Têm direito ao meio ambiente ecologicamente

equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida,

impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e

preservá-lo para as presentes e as futuras gerações.

§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder

Público:

[...]

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IV – exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade

potencialmente causadora de significativa degradação ambiental, estudo prévio

de impacto ambiental, a que se dará publicidade;

Com isso, corrigiu-se um equívoco técnico cometido pela legislação,

consolidando o papel do EIA como modalidade de avaliação de obras ou

atividades capazes de provocar significativo impacto, e não de obras ou

atividades simplesmente modificadoras do meio ambiente (como falava a

Resolução CONAMA 001/86), até mesmo porque é impossível conceber uma

atividade antrópica que não altere de alguma forma o ambiente. (Milaré, 2004)

A Resolução CONAMA nº 237/97, em seu artigo 3º, estabelece que:

Art. 3º - A licença ambiental para empreendimentos e atividades

consideradas efetiva ou potencialmente causadoras de significativa

degradação do meio dependerá de prévio estudo de impacto ambiental e

respectivo relatório de impacto sobre o meio ambiente (EIA/RIMA), ao qual dar-

se-á publicidade, garantida a realização de audiências públicas, quando

couber, de acordo com a regulamentação.

§ único – O órgão ambiental competente, verificando que a atividade ou

empreendimento não é potencialmente causador de significativa degradação

do meio ambiente, definirá os estudos ambientais pertinentes ao respectivo

processo de licenciamento.

E hoje, como uma modalidade de Avaliação de Impacto Ambiental, o

Estudo de Impacto Ambiental (EIA) passou a ser considerado um dos mais

importantes instrumentos no que diz respeito a conciliar o desenvolvimento

econômico-social com a preservação da qualidade do meio ambiente, já que

deve ser elaborado antes da instalação de obra ou de atividade potencialmente

causadora de significativa degradação do meio ambiente.

Os EIAs (Estudos de Impactos Ambientais) e os RIMAs (Relatórios de

Impactos Ambientais) foram definitivamente instituídos no país na década de

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80, devido a fortes pressões do Banco Mundial, institucionalização esta que foi

feita através da resolução do CONAMA/001.

E em seu Artigo 2º, esta mesma Resolução 001/86, relata que

Artigo 2º - Dependerá de elaboração de Estudo de Impacto Ambiental e

respectivo Relatório de Impacto Ambiental - RIMA, a serem submetidos à

aprovação do órgão estadual competente, e da SEMA em caráter supletivo, o

licenciamento de atividades modificadoras do meio ambiente, tais como:

I - estradas de rodagem com 2 (duas) ou mais faixas de rolamento;

II - ferrovias;

III - portos e terminais de minério, petróleo e produtos químicos;

IV - aeroportos conforme definidos pelo inciso I, artigo 48, do Decreto-Lei

32, de 18 de novembro de 1966;

V - oleodutos, gasodutos, minerodutos, troncos coletores e emissários

de esgotos sanitários;

VI - linhas de transmissão de energia elétrica, acima de 230 KV;

VII - obras hidráulicas para exploração de recursos hídricos, tais como:

barragem para quaisquer fins hidrelétricos, acima de 10 MW, de saneamento

ou de irrigação, abertura de canais para navegação, drenagem e irrigação,

retificação de cursos d'água, abertura de barras e embocaduras, transposição

de bacias, diques;

VIII - extração de combustível fóssil (petróleo, xisto, carvão);

IX - extração de minério, inclusive os da classe II, definidas no Código de

Mineração;

X - aterros sanitários, processamento e destino final de resíduos tóxicos

ou perigosos;

XI - usinas de geração de eletricidade, qualquer que seja a fonte de

energia primária, acima de 10 MW;

XII - complexo e unidades industriais e agroindustriais (petroquímicos,

siderúrgicos, cloroquímicos, destilarias de álcool, hulha, extração e cultivo de

recursos hidróbios;

XIII - distritos industriais e Zonas Estritamente Industriais - ZEI;

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XIV - exploração econômica de madeira ou de lenha, em áreas acima de

100 ha (cem hectares) ou menores, quando atingir áreas significativas em

termos percentuais ou de importância do ponto de vista ambiental;

XV - projetos urbanísticos, acima de 100 ha (hectares) ou em áreas

consideradas de relevante interesse ambiental a critério da SEMA e dos órgãos

municipais e estaduais competentes;

XVI - qualquer atividade que utilizar carvão vegetal, derivados ou

produtos similares, em quantidade superior a dez toneladas por dia;

XVII - projetos agropecuários que contemplem áreas acima de 1.000ha,

ou menores, neste caso, quando se tratar de áreas significativas em termos

percentuais ou de importância do ponto de vista ambiental, inclusive nas áreas

de proteção ambiental.

E em seu Artigo 5º, a Resolução 001/86, regulamenta que

Artigo 5º - O estudo de impacto ambiental, além de atender à legislação,

em especial os princípios e objetivos expressos na Lei de Política Nacional do

Meio Ambiente, obedecerá às seguintes diretrizes gerais:

I - contemplar todas as alternativas tecnológicas e de localização do

projeto, confrontando-as com a hipótese de não execução do projeto;

II - identificar e avaliar sistematicamente os impactos ambientais gerados

nas fases de implantação e operação da atividade;

III - definir os limites da área geográfica a ser direta ou indiretamente

afetada pelos impactos, denominada área de influência do projeto,

considerando, em todos os casos, a bacia hidrográfica na qual se localiza;

IV - considerar os planos e programas governamentais propostos e em

implantação na área de influência do projeto, e sua compatibilidade.

Parágrafo único - Ao determinar e execução do estudo de impacto

ambiental, o órgão estadual competente, ou a SEMA ou, no que couber, ao

município, fixará as diretrizes adicionais que, pelas peculiaridades do projeto e

características ambientais da área, forem julgadas necessárias, inclusive os

prazos para conclusão e análise dos estudos.

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Segundo Siqueira & Marques (2002) o empreendimento deve atender

também ao que foi estabelecido pelo Código Florestal, Lei Federal nº 4.771, de

15/09/1965, uma vez que o mesmo não desenvolverá diretamente nenhuma

atividade relacionada à utilização das florestas como elemento de produção.

Ainda Segundo os autores para o EIA/RIMA são exigidos os

procedimentos e atividades listadas nas Resoluções CONAMA 001/86, 006/87,

237/97, Lei 9985/00, e outras definidas na legislação de nível estadual e

municipal.

5.1 Termo de Referência – Diretrizes e a sua Importância

O Termo de Referência é o instrumento orientador para a elaboração de

qualquer tipo de Estudo Ambiental, como por exemplo, o Estudo de Impacto

Ambiental e seu respectivo Relatório de Impacto Ambiental (EIA/RIMA), Plano

de Controle Ambiental (PCA); Relatório de Controle Ambiental (RCA), Plano de

Recuperação de Áreas Degradadas (PRAD), e Plano de Monitoramento.

Conforme Siqueira & Marques (2002), o termo de referência tem por

objetivo estabelecer as diretrizes orientadoras, conteúdo, abrangência e

métodos do estudo exigido do empreendedor, em etapa antecedente à

implantação do empreendimento.

Deve ser elaborado criteriosamente, utilizando-se de todas as

informações disponíveis sobre o empreendimento e sobre o local onde será

implantado, bem como da legislação pertinente.

Os agentes responsáveis pela elaboração do termo de referência são os

Órgãos Estaduais de Meio Ambiente (OEMA) ou o Instituto Brasileiro do Meio

Ambiente e dos Recursos Naturais (IBAMA), ou seja, fica a cargo destes

órgãos a definição das diretrizes adicionais àquelas já contidas na Legislação,

que por particularidades da área e do empreendimento, forem julgadas

necessárias, de acordo com o art. 5º da Resolução CONAMA 001/86, relatou

os autores.

Siqueira & Marques (2002) relatam que há de se buscar também, o

auxilio de outros órgãos públicos e/ou agentes sociais neste processo, como

por exemplo, equipes técnicas de outros órgãos da administração pública,

diretamente relacionados com o tipo de atividade considerada, entidades civis,

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detentores de informações sobre a realidade ambiental da área de influência do

empreendimento proposto, pessoas físicas e grupos sociais que podem vir a

ser afetadas pelo empreendimento proposto, entre outros.

Cada jurisdição adota um nome específico para o termo de referência,

entretanto, a elaboração destes segue um padrão, respeitando a Legislação

federal, entretanto, são elaborados sempre buscando se adequar as

especificidades do projeto proposto,

Há diferentes maneiras ou estilos de preparar os termos de referência. Alguns são extremamente detalhados, podendo estabelecer obrigações para o empreendedor e seu consultor quanto à metodologia a ser utilizada para levantamentos de campo, quanto à forma e freqüência de consultas públicas a serem realizadas durante o período de preparação do estudo de impacto ambiental, e ainda quanto à forma de apresentação dos estudos, por exemplo, definindo de antemão as escalas dos mapas a serem apresentados. Outros listam os pontos principais que devem ser abordados, deixando ao empreendedor e seu consultor a escolha das metodologias e procedimentos. (SÁNCHES, 2008, p. 141)

Um Termo de Referência bem elaborado é um dos passos fundamentais

para que um estudo ambiental alcance a qualidade esperada. Segue abaixo,

tabela com roteiro básico de elaboração do termo de referência, elaborado pelo

IBAMA.

Quadro VIII – Roteiro básico de Termo de Referência para EIA/RIMA e outros estudos ambientais exigidos para o licenciamento ambiental

1. Identificação do

empreendedor

1.1. nome ou razão social; número dos registros

legais; endereço completo, telefone, fax, nome,

CPF, telefone e fax dos representantes legais e

pessoas de contato.

2. Caracterização do

empreendimento

2.1. caracterização e análise do projeto, plano ou

programa, sob o ponto de vista tecnológico e

locacional.

3.1. detalhamento do método e técnicas escolhidos

para a condução do estudo ambiental (EIA/RIMA,

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3. Métodos e técnicas

utilizados para a

realização dos estudos

ambientais

PCA, RCA, EVA, PRAD, etc.), bem como dos

passos metodológicos que levem ao diagnóstico;

prognóstico; à identificação de recursos

tecnológicos para mitigar os impactos negativos e

potencializar os impactos positivos; às medidas de

controle e monitoramento dos impactos.

3.2. definição das alternativas tecnológicas e

locacionais

4. Definição da área de

influência do

empreendimento

4.1. delimitação da área de influência direta do

empreendimento, baseando-se na abrangência dos

recursos naturais diretamente afetados pelo

empreendimento e considerando a bacia

hidrográfica onde se localiza. Deverão ser

apresentados os critérios ecológicos, sociais e

econômicos que determinaram a sua delimitação.

4.2. delimitação da área de influência indireta do

empreendimento, ou seja, da área que sofrerá

impactos indiretos decorrentes e associados, sob a

forma de interferências nas suas inter-relações

ecológicas, sociais e econômicas, anteriores ao

empreendimento. Deverão ser apresentados os

critérios ecológicos, sociais e econômicos utilizados

para sua delimitação (a delimitação da área de

influência deverá ser feita para cada fator natural:

solos, águas superficiais, águas subterrâneas,

atmosfera, vegetação/flora, e para os componentes:

culturais, econômicos e sociopolíticos da

intervenção proposta).

5. Especialização da

análise e da

5.1. elaboração de base cartográfica referenciada

geograficamente, para os registros dos resultados

dos estudos, em escala compatível com as

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67

apresentação dos

resultados

características e complexidades da área de

influência dos efeitos ambientais.

6. Diagnóstico

ambiental da área de

influência

6.1. descrição e análise do meio natural e

socioeconômico da área de influência direta e

indireta e de suas interações, antes da implantação

do empreendimento. (Dentre os produtos dessa

análise, devem constar: uma classificação do grau

de sensibilidade e vulnerabilidade do meio natural

na área de influência; caracterização da qualidade

ambiental futura, na hipótese de não realização do

empreendimento)

7. Prognóstico dos

impactos ambientais do

plano ou programa

proposto e de suas

alternativas

7.1 identificação e análise dos efeitos ambientais

potenciais (positivos e negativos) do projeto, plano

ou programa proposto, e das possibilidades

tecnológicas e econômicas de prevenção, controle,

mitigação e reparação de seus efeitos negativos.

7.2. identificação e análise dos efeitos ambientais

potenciais (positivos e negativos) de cada

alternativa ao projeto, plano ou programa e das

possibilidades tecnológicas e econômicas de

prevenção, controle, mitigação e reparação de seus

efeitos negativos.

7.3. comparação entre o projeto ou programa

proposto e cada uma de suas alternativas; escolha

da alternativa favorável, com base nos seus efeitos

potenciais e nas suas possibilidades de prevenção,

controle, mitigação e reparação dos impactos

negativos.

8.1. avaliação do impacto ambiental da alternativa

do projeto, plano ou programa escolhida, através da

integração dos resultados da análise dos meios

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68

8. Controle ambiental

do empreendimento:

alternativas econômicas

e tecnológicas para a

mitigação dos danos

potenciais sobre o

ambiente

físico e biológico com os do meio socioeconômico.

8.2. análise e seleção de medidas eficientes,

eficazes e efetivas de mitigação ou anulação dos

impactos negativos e de potencialização dos

impactos positivos, além de medidas

compensatórias ou reparatórias. (deverão ser

considerados os danos potenciais sobre os fatores

naturais e sobre os ambientais, econômicos,

culturais e sociopolíticos).

8.3. elaboração de Programas de Acompanhamento

e Monitoramento dos Impactos (positivos e

negativos), com indicação dos fatores e parâmetros

a serem considerados.

Fonte: IBAMA, Avaliação de Impacto Ambiental: agentes sociais, procedimentos e

ferramentas. Brasília: IBAMA, 1995.

A ausência de instrumentos complementares à legislação federal tem

comprometido a qualidade do Termo de Referência e, conseqüentemente, do

EIA/RIMA ou outros documentos técnicos exigidos para o licenciamento

ambiental.

Algumas ferramentas alternativas podem ser utilizadas para melhorar a

elaboração do termo de referência, como um banco de dados ambientais

atualizado periodicamente, que contemple informações sobre a legislação

ambiental, sobre os programas, planos e projetos de uso e ocupação do

território, além de tecnologias de controle e o conhecimento acumulado sobre o

espaço, advindo de estudos já aprovados e Cadastro Técnico Federal ou

Estadual, conforme relatou Siqueira & Marques (2002).

Além disto, os órgãos ambientais enfrentam vários problemas para a

elaboração do termo de referência, como a falta de informações corretas e

suficientes sobre o local do empreendimento e seu verdadeiro potencial

modificador, pois na maioria das vezes, a única informação disponível sobre

estes, consta exclusivamente do projeto.

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69

Enfrenta também o problema da falta de qualificação dos técnicos, além

da falta de apoio externo e também a ausência de outros órgãos na elaboração

do termo.

Sem contar a insuficiência de recursos materiais e financeiros que

impede, muitas vezes, a visita de técnicos do órgão ambiental ao local do

empreendimento proposto para coletar informações complementares, que

possam melhor subsidiar a elaboração do termo de referência.

5.2 Implementação do EIA/RIMA

Prever os impactos é uma importante ferramenta para os países do

terceiro mundo, em primeiro lugar, porque revela a capacidade intelectual da

sociedade do país em determinar aspectos futuros que formarão a organização

espacial futura do território, em segundo, porque mostra a força de pressão que

estes grupos têm em relação ao uso de instrumentos legais para garantir uma

boa qualidade ambiental do seu território, em terceiro, mostra a real

potencialidade da legislação disponível para ser aplicada a casos concretos,

conforme Ab’Saber (2002).

Estes estudos seriam uma das formas de tratar o avanço do capitalismo

de forma sustentável, pois se corrige o presente para se ter uma construção

inteligente no futuro, assinalou Ab’Saber (2002).

No entanto, se esta previsão de impactos não passar por processos de

alteração, no sentido de uma melhoria na elaboração destes estudos e por uma

fiscalização mais eficaz por parte do Estado e dos órgãos ambientais

competentes, essa sustentabilidade não será possível.

Prosseguindo, o autor relata que os técnicos e especialistas

responsáveis por estes estudos de impactos ambientais não têm nas mãos o

poder de mudar e transformar as estruturas existentes, mas, têm poder para

exigir uma melhor e mais séria organização dos espaços para onde se voltam

tais projetos que podem causar um relativo impacto ambiental.

No entanto, no período de sua implementação, este estudo se mostrava

muito precário, devido ao mau preparo por parte dos diversos profissionais que

o realizavam.

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Houve, porém, uma corrida de consultores mal preparados na direção dos estudos de impactos, criando distorções numa área de trabalho que exige conhecimento e interdisciplinaridade, a par de independência e honestidade. (AB`SABER E MULLER-PLANTENBERG, 2002, p. 24)

Em muitos casos, estes estudos não tratavam com igualdade diversos

assuntos como ecologia, economia, política e cultura, sem contar as questões

sociais e a população local que muitas vezes são deixadas em segundo plano,

e também que diferentes ecossistemas não estão sendo estudados de maneira

distinta e interativa, e muitas vezes não levavam em conta as características

próprias do local.

Na análise de projetos, o local de implantação deve ser muito bem

avaliado, entretanto, a área de entorno deve ter um nível de estudo muito mais

amplo e aprofundado, pois, é esta a área que mais importa a curto, médio e

longo prazo, relatou Ab`Saber ( 2002).

A implantação de qualquer atividade ou obra efetiva ou potencialmente

degradadora deve submeter-se a uma análise e controles prévios. Tal análise

se faz necessária para se antever os riscos e eventuais impactos ambientais a

serem prevenidos, corrigidos, mitigados e/ou compensados quando de sua

instalação, da sua operação e, em casos específicos, no encerramento das

atividades.

O EIA e o RIMA devem ser elaborados antes da obra ou qualquer

atividade causadora de significativa degradação do meio ambiente, por isso,

Milaré assinala que

Nenhum outro instrumento jurídico melhor encarna a vocação

preventiva do Direito Ambiental do que o EIA. Foi exatamente

para prever (e, a partir daí, prevenir) o dano, antes de sua

manifestação, que se criou o EIA. Daí a necessidade de que o

EIA seja elaborado no momento certo: antes do início da

execução, ou mesmo de atos preparatórios, do projeto.

(MILARÉ, 2004, p. 440)

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71

As expressões Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e Relatório de

Impacto Ambiental (RIMA), muitas vezes consideradas sinônimas, são na

verdade, documentos distintos, porém, possuem uma relação de

interdependência. O estudo é de maior abrangência que o relatório, pois o EIA

compreende o levantamento da literatura científica e legal pertinente, trabalhos

de campo, análises de laboratório e a própria redação do relatório.

O RIMA, destina-se especificamente ao esclarecimento das vantagens

e conseqüências ambientais do empreendimento de maneira clara e objetiva,

ou seja, ele mostrará as conclusões do EIA, que é muito mais complexo e

detalhado, e muitas vezes, tem uma linguagem de difícil compreensão para o

leigo.

O RIMA é a parte mais visível, de mais fácil compreensão do

procedimento, ele se torna o instrumento de comunicação do EIA ao

administrador e ao público.

O EIA é um procedimento analítico técnico-científico, realizado

por equipe multidisciplinar, a respeito da descrição dos

impactos ambientais previsíveis em decorrência de obras ou de

atividades a serem implantadas em determinadas áreas, com

sugestões específicas relacionadas a alternativas que sejam

consideradas mais apropriadas para diminuir impactos

negativos sobre o ambiente. Concluindo o referido estudo, o

responsável por sua realização deverá sintetizá-lo de maneira

clara e concisa, sob a forma de um relatório, denominado

Rima, que deverá servir como instrumento de divulgação.

(ALVEZ, 1995, p. 65).

Ainda segundo Milaré (2004) dois princípios fundamentais se destacam

no EIA/RIMA, que seria a publicidade e a participação pública. A publicidade

diz respeito justamente ao contato direto que a população pode ter com o

documento, pois, o registro de apresentação do estudo, bem como a sua

aprovação ou rejeição devem ser publicados em Diário Oficial e ficar

disponíveis, no respectivo órgão, em local de fácil acesso ao público, nos

centros de documentação ou bibliotecas do IBAMA e do órgão de controle

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ambiental correspondente, e também os órgãos públicos que tiverem interesse

ou relação direta com o projeto, receberão uma cópia do RIMA para

conhecimento e manifestação.

A entrega do RIMA pelo empreendedor aos interessados, deverá

acontecer com antecedência mínima de 15 dias úteis anteriores à data da

realização da audiência pública, medida esta que deverá ser bastante

divulgada.

A participação pública através de audiência pública está prevista no art.

1º da Resolução do CONAMA 009, de 03.12.1987, e poderá ocorrer em quatro

hipóteses:

1º - quando o órgão de meio ambiente julgar necessário;

2º - por solicitação de entidade civil;

3º - por solicitação do Ministério Público;

4º - a pedido de 50 ou mais cidadãos.

Esta audiência pública deverá acontecer em local acessível aos

interessados, e sempre se realizará no Município ou na área de influência do

empreendimento, tendo prioridade para o Município e a área com impactos

diretos mais significativos, sendo permitida a participação de qualquer pessoa

ou entidade.

E o mais importante é que não havendo audiência pública, apesar da

solicitação de qualquer dos legitimados acima mencionados, a licença não terá

validade. Portanto, a audiência pública, é requisito formal essencial para a

validade da licença.

Esse envolvimento da população segundo Siqueira & Marques (2002),

seria uma garantia de um planejamento criterioso, no entanto, essa

participação pública geralmente se dá nas etapas finais do procedimento, e

muitas vezes, com uma grande quantidade de documentos complexos,

dificultando assim, o completo entendimento do projeto por parte da população

que está envolvida no projeto, que normalmente é leiga no assunto.

Além do que em 2005, segundo o Ministério do Meio Ambiente, foi

criado o Portal Nacional de Licenciamento Ambiental – PNLA, que é um

instrumento de divulgação de informações sobre o licenciamento ambiental em

âmbito nacional e visa atender ao disposto na Lei Nº 10.650, de 16 de abril de

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2003, que determina o acesso público aos dados e informações ambientais

existentes nos órgãos e entidades que compõem o Sistema Nacional de Meio

Ambiente – SISNAMA.

O PNLA integra o Sistema Nacional de Informação sobre Meio Ambiente

– SINIMA, e foi criado para agregar e sistematizar informações sobre

licenciamento ambiental de todas as esferas de governo: federal, estadual,

distrital e municipal.

A atual versão o PNLA traz informações sobre o processo de

licenciamento ambiental, permite o acesso a dados de licenças emitidas, lista

legislações relacionadas, disponibiliza publicações em formato eletrônico,

divulga as entidades e contatos dos órgãos licenciadores do Sistema Nacional

de Meio Ambiente – SISNAMA e difunde eventos de capacitação e materiais

informativos em temas de interesse do licenciamento.

Em relação ao custo total dos Estudos de Impacto Ambiental, vemos que

estes, representam um custo relativamente baixo do empreendimento, se levar

em conta o custo total do projeto, pois segundo os autores citados

anteriormente os valores variam entre 0,1% e 1,1% do custo total da obra.

Entretanto, quanto menor for o número de informações primárias disponíveis

(banco de dados), que é o que sempre ocorre no Brasil, mais tempo e custo se

terá para elaboração desses estudos.

E esses bancos de dados, conforme nos relata Siqueira & Marques

(2002) principalmente por questões financeiras, dificilmente se estruturam. E

por esta mesma razão, não se consegue criar um quadro técnico qualificado e,

assim, não se tem instituições sólidas.

Segundo a Resolução do CONAMA 001/86, em seu artigo 6º, o

conteúdo mínimo de um EIA/RIMA deve ser

Artigo 6º - O estudo de impacto ambiental desenvolverá, no mínimo, as

seguintes atividades técnicas:

I - diagnóstico ambiental da área de influência do projeto, completa

descrição e análise dos recursos ambientais e suas interações, tal como

existem, de modo a caracterizar a situação ambiental da área, antes da

implantação do projeto, considerando:

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a) - o meio físico - o subsolo, as águas, o ar e o clima, destacando os

recursos minerais, a topografia, os tipos e aptidões do solo, os corpos d'água, o

regime hidrológico, as correntes marinhas, as correntes atmosféricas;

b) - o meio biológico e os ecossistemas naturais - a fauna e a flora,

destacando as espécies indicadoras da qualidade ambiental, de valor científico

e econômico, raras e ameaçadas de extinção e as áreas de preservação

permanente;

c) - o meio socioeconômico - o uso e a ocupação do solo, os usos da

água e a sócio economia, destacando os sítios e monumentos arqueológicos,

históricos e culturais da comunidade, as relações de dependência entre a

sociedade local, os recursos ambientais e a potencial utilização futura desses

recursos.

II - análises dos impactos ambientais do projeto e de suas alternativas,

através de identificação, previsão de magnitude e interpretação da importância

dos prováveis impactos relevantes, discriminando: os impactos positivos e

negativos (benéficos e adversos), diretos e indiretos, imediatos e a médio e

longo prazo, temporários e permanentes; seu grau de reversibilidade; suas

propriedades cumulativas e sinérgicas; a distribuição dos ônus e benefícios

sociais;

III - definição das medidas mitigadoras dos impactos negativos, entre

elas os equipamentos de controle e sistemas de tratamento de despejos,

avaliando a eficiência de cada uma delas;

IV - elaboração do programa de acompanhamento e monitoramento dos

impactos positivos e negativos, indicando os fatores e parâmetros a serem

considerados.

Parágrafo único - Ao determinar a execução do estudo de impacto

ambiental, o órgão estadual competente, ou a SEMA ou, quando couber, o

Município fornecerá as instruções adicionais que se fizerem necessárias, pelas

peculiaridades do projeto e características ambientais da área.

Segundo Ribeiro (2004) o conteúdo final de um EIA deve conter a

descrição do projeto; a descrição do meio ambiente na área de influência do

projeto; a determinação e a avaliação dos impactos; proposição de medidas

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preventivas, mitigadoras, compensatórias e potencializadoras; e também um

plano de monitoria.

A descrição do projeto é a primeira parte do EIA, e esta se divide em

duas partes. A primeira deve conter informações técnicas sobre o projeto, ou

seja, é preciso descrever todas as atividades, e formas de como este projeto

será desenvolvido; na segunda parte consta a justificativa da escolha do local

do projeto, indicando os benefícios econômicos, sociais e ambientais que

possam existir em decorrência deste.

É através destas análises que se tem o custo-benefício do projeto,

subsidiando assim a decisão de aprovação ou não do empreendimento.

A descrição do meio ambiente da área de influência do projeto é um

pouco mais complexa, pois esta definição estabelece as áreas de influência

direta e indireta e deve conter a análise dos meios físico, biológico e antrópico.

A área de influência direta é a área mais próxima do projeto, ou seja,

que sofre os efeitos diretos do empreendimento, necessitando assim de um

estudo mais detalhado, já a área de influência indireta seria aquela em que os

efeitos são menos evidentes e mais dispersos.

A determinação e avaliação dos impactos é a parte mais crítica do EIA,

pois é nela que está à análise mais aprofundada das atividades e de seus

efeitos sobre os mais diversos atributos ambientais que existem na área, como

recursos naturais, históricos, culturais, econômicos, sociais e etc.

É necessário que os impactos de todas as fases de um empreendimento sejam descritos: desde sua divulgação, passando pela preparação do terreno e instalação do canteiro de obras, por sua implementação ou construção, por seu funcionamento, até sua eventual desativação. Portanto, num EIA os impactos são descritos por fases do empreendimento. Isso é necessário, pois os efeitos são totalmente diferentes em estágios variados. (RIBEIRO, 2004, p. 775)

Conforme Ribeiro (2004) as proposições de medidas preventivas,

mitigadoras, compensatórias e potencializadoras representam a parte do EIA

em que se pretende reduzir, prevenir ou eliminar os eventuais efeitos negativos

do empreendimento e, se possível, melhorar a qualidade do meio ambiente.

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76

Segundo Sánches (2008), as medidas mitigadoras consistem em ações

propostas com a intenção e/ou finalidade de diminuir a magnitude ou a

importância dos impactos ambientais adversos, esta atenuação se dá em

diferentes escalas, sendo que os problemas de maior amplitude recebem uma

maior atenção.

Entretanto, todas as medidas mitigadoras visam diminuir os riscos

ambientais até que estes sejam socialmente e ambientalmente aceitáveis. É

muito importante que estas medidas sejam aplicadas a todos os efeitos

negativos do projeto, mas infelizmente isto nem sempre acontece.

Já as medidas potencializadoras dizem respeito aos aspectos positivos

do projeto, as quais visam aperfeiçoar a utilização de recursos para uma

melhoria ambiental, nos mostra Ribeiro (2004)

Com relação às medidas compensatórias, Sánches (2008) relata que

quando se tem algum tipo de impacto ambiental que não pode ser evitado, ou

até mesmo reduzidos ou mitigados, é necessário que se faça um plano de

medidas compensatórias no qual o proponente do projeto deverá realizar ações

de recuperação ambiental.

Já o monitoramento seria a forma através da qual é possível a

observação contínua, a medição e a avaliação do ambiente após ou mesmo

durante a realização do projeto.

Como nos mostra Ribeiro (2004), o monitoramento tem como objetivo

determinar a eficácia das medidas de proteção; desenvolver a capacidade de

melhor prever impactos ambientais, em uma relação de impactos previstos e

impactos reais, para servir de auxilio também para projetos futuros

semelhantes; e também melhorar a gestão do projeto e de seus programas

conexos, a fim de proteger o meio ambiente.

A mesma autora ainda nos mostra que todo EIA/RIMA deve apresentar

um programa de monitoramento ambiental, que contenha os objetivos, os

instrumentos a serem utilizados e os períodos de amostragem. Entretanto, no

Brasil esse item infelizmente tem recebido pouca importância por parte dos

elaboradores e licenciadores de EIA/RIMA.

Apesar dos alertas sobre a sua inegável importância, e pouca eficácia,

quando há manipulação por parte dos envolvidos,

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As previsões de impacto feitas em um EIA são sempre hipóteses acerca da resposta do meio ambiente às solicitações impostas pelo empreendimento. A validade dessas hipóteses somente poderá ser confirmada – ou desmentida – se o projeto for efetivamente implantado e seus impactos devidamente monitorados. (SÁNCHES, 2008, p. 357)

O Plano de monitoramento tem como principal função, controlar o

desempenho ambiental do projeto, e para tanto, é necessário que ele suscite

ações de controle. E se por meio do monitoramento for detectado algum

problema, fica a cargo do empreendedor, tomar as medidas corretivas dentro

de prazos razoáveis.

Segundo Milaré (2004), além destas medidas, o EIA possui 3

condicionantes básicas que devem ser seguidas: a transparência

administrativa, a consulta aos interessados e a motivação da decisão

ambiental.

A transparência administrativa se baseia no fato de que os efeitos

ambientais de um referido empreendimento deverão ser alcançados no

momento em que o órgão público e o proponente do projeto liberam todas as

informações referentes ao empreendimento de que dispõem, respeitado

somente o sigilo industrial.

A outra condicionante básica, é a consulta aos interessados, que

consiste em uma efetiva participação e fiscalização da atividade administrativa

por parte da sociedade, pois podem demonstrar e sanar as suas dúvidas e

preocupações antes que seja muito tarde.

Porém, não basta que a elaboração do EIA seja transparente, ela deve

ser da mesma maneira participativa, pois uma decisão ambiental arbitrária,

mesmo que totalmente transparente, não atenderá aos interesses públicos.

Já em relação à motivação da decisão ambiental, quando a

administração do empreendimento optar por uma das alternativas apontadas

pelo EIA, que não seja a melhor referente aos aspectos ambientais, ou quando

deixa de determinar a elaboração do EIA por reconhecer a inexistência de

significativa degradação, esta deve fundamentar sua decisão, inclusive para

possibilitar seu questionamento futuro pelo Poder Judiciário.

Já os conteúdos mínimos do RIMA segundo a Resolução do CONAMA

001/86, Art. 6º, IV, refletirá as conclusões do EIA. Suas informações técnicas

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devem ser expressas em linguagem acessível ao público, ilustradas por mapas

com escalas adequadas, quadros, gráficos e outras técnicas de comunicação

visual, de modo que se possam entender claramente as possíveis

conseqüências ambientais do projeto e suas alternativas, comparando-se as

vantagens e desvantagens de cada uma delas.

Ainda segundo a Resolução do CONAMA 001/86, Art. 9º, IV, em linhas

gerais, ele deve conter:

I – objetivos e justificativas do projeto, sua relação e compatibilidade

com as políticas setoriais, planos e programas governamentais;

II – descrição do projeto e suas alternativas tecnológicas e locacionais,

especificando para cada uma delas, nas fases de construção e operação, a

área de influência, matérias-primas, mão-de-obra, fontes de energia, processos

e técnicas operacionais, efluentes, emissões e resíduos, perdas de energia,

empregos diretos e indiretos a serem gerados, relação custo/benefício dos

ônus e benefícios sociais/ambientais;

III – síntese do diagnóstico ambiental da área de influência do projeto;

IV – descrição dos impactos ambientais, considerando o projeto, as suas

alternativas, os horizontes de tempo de incidência dos impactos e indicando os

métodos, técnicas e critérios adotados para a sua identificação, quantificação e

interpretação;

V – caracterização da qualidade ambiental futura da área de influência,

comparando as diferentes situações de adoção do projeto e suas alternativas,

bem como a hipótese de sua não-realização;

VI – descrição do efeito esperado das medidas mitigadoras previstas em

relação aos impactos negativos, mencionando aqueles que não puderem ser

evitados e o grau de alteração esperado;

VII – programa de acompanhamento e monitoramento dos impactos;

VIII - recomendação quanto à alternativa mais favorável ( conclusões e

comentários de ordem geral)

Parágrafo Único - O RIMA deve ser apresentado de forma objetiva e

adequada à sua compreensão. As informações devem ser traduzidas em

linguagem acessível, ilustradas por mapas, cartas, quadros, gráficos e demais

técnicas de comunicação visual, de modo que se possa entender as vantagens

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79

e desvantagens do projeto, bem como todas as conseqüências ambientais de

sua implementação.

5.3 Metodologias Comumente Utilizadas para a Elaboração de EIA/RIMA

As metodologias utilizadas para a elaboração do Estudo de Impacto

Ambiental e seu respectivo Relatório de Impacto Ambiental, segundo Bastos e

Almeida (2004), são mecanismos para comparar, organizar e analisar as

informações concernentes aos impactos ambientais de um referido

empreendimento.

Estas readequações são realizadas para se adequar as condições

específicas de cada Estudo de Impacto Ambiental, e de cada realidade local e

nacional.

Com isto, entende-se que definir uma metodologia, conforme Bastos e

Almeida (2004) consiste em definir os procedimentos técnicos, lógicos e

operacionais que sejam capazes de delimitar o processo de acordo com o que

foi proposto anteriormente, de modo a deixá-lo completo.

De acordo com os estudos analíticos de metodologias de AIA propostos nacional e internacionalmente, é de fundamental importância a incorporação de um conjunto de critérios básicos por parte dos atuais métodos de análise, tais como: integração dos aspectos físicos, biológicos e sócio-econômicos; inclusão do fator tempo; utilização de indicadores que facilitem a tarefa de prospecção e setorização do território; um mecanismo que permita somar os impactos parciais para se obter o impacto total sobre o local; capacidade de extrapolação e arquivamento de dados para aplicação em outras áreas a serem estudadas; aplicação em diferentes escalas, e participação pública nas tomadas de decisões. (BASTOS E ALMEIDA, 2004, p. 88)

Portanto, a metodologia a ser escolhida, fica a cargo da equipe técnica

que irá realizar os Estudos, buscando uma metodologia mais adequada à

atividade proposta, como por exemplo, as normas legais estabelecidas, o

tempo e os recursos financeiros disponíveis, entre outros.

No quadro VII, são colocadas, as principais metodologias citadas pela

bibliografia consultada.

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Quadro VII – Síntese comparativa das metodologias de AIA mais citadas pela bibliografia

MÉTODO VANTAGEM DESVANTAGEM

1 – Espontâneo Estimativa rápida em AIA.

Forma simples e compreensiva

Avaliação detalhada e

impacto real de variáveis

ambientais específicas não

são facilmente examinadas.

2 – Check Lists Uso rápido para análise de

impacto. Avaliação qualitativa

para projetos específicos. A

larga faixa dessas check lists

são consideradas

compreensivas, instigando o

usuário na avaliação das

conseqüências e das ações.

O meio ambiente é

classificado em

compartimentos e

fragmentos: a abordagem é

unidirecional.

3 – Matrizes Combinação das ações

humanas e indicadores de

impacto em dois eixos.

Esta relação pode ser útil

até certo ponto.

3.1. Leopold Compreensivo para

comunicação do resultado.

Cobre os fatores ambientais,

biológicos e socioeconômicos.

O método pode acomodar os

dados quanti e qualitativos.

Geralmente é guia inicial para

prosseguimento de projetos e

estudos futuros. O usuário

sente-se livre para modificar e

encontrar suas necessidades

particulares. Baixo custo e

caráter multidisciplinar para

avaliar impactos.

É baseado no meio físico e

biológico com 67 entradas

no total de 88 fatores. É

possível a dupla contagem.

A variável tempo não é

considerada. Não distingue

impactos imediatos,

temporários e definitivos.

Subjetivo.

Compartimentariza o meio

ambiente em itens

separados. Não supre

critério explícito na previsão

de valores.

3.2. Lohani- Propõe a integração dos A avaliação matemática

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81

thahn componentes ambientais por

prioridade. Consideração dos

fatores ambientais de acordo

com o local onde o projeto

existe.

considera a magnitude e

importância, mas sem

considerar que ambos os

conceitos são de

abordagem diferente.

3.3. Parker-

Howard

Incorporação do fator tempo na

matriz de Leopold, utilizada

para avaliar a importância e

intensidade de simples

impactos durante certo período

de tempo.

Reflete a idéia de avaliação

isolada, incapaz de explicar

certas complexidades.

3.4. Interação Consideração dos mesmos

componentes ambientais nos

eixos horizontal e vertical.

É mais relativo e

principalmente usado em

análise local do que

avaliação de impacto.

4. Mapeamento

por

superposição

over – lays.

Forte poder de síntese

indicando o relacionamento

espacial. As condições com e

sem projeto são facilmente

comparadas. Recomendado

para grandes projetos de

desenvolvimento na seleção de

alternativas

Análise limitada para área

total representada pelas

transferências, porque

existe um limite para o

número que podem ser

vistas juntas.

5. Quantitativos

5.1. EES –

Batelle

Os resultados suprem de boas

informações para caracterizar

uma dada situação ambiental e

prever impactos. Estimativa

subjetiva é diminuída devido ao

uso das técnicas Delphi –

diferentes equipes avaliadoras.

Requer muito trabalho

preparatório para

estabelecer as curvas das

funções para cada indicador

ambiental. O conceito de

qualidade ambiental é muito

vago desconsiderando a

base socioeconômica.

5.2. Sondheim Para análise simultânea de O isolamento dos

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82

várias alternativas para

projetos. Participação da

comunidade afetada pelas

propostas.

componentes e sua análise

com especialistas

desintegram a unidade

multidimensional.

6. Análise de

Rede – Net

Work

6.1. Sorensen

Métodos usados para a

avaliação de impactos indiretos.

Permite esta análise a

visualização da conexão entre

ação e impacto. É possível

computadorizar a rede. O

computador pode selecionar a

apropriada seção da rede para

mostrar o impacto esperado.

Não é recomendado para

grandes ações regionais,

porque sua disposição

torna-se muito extensa sem

valor prático, quando muitas

ações alternativas são

examinadas.

6.2. Diagrama

de fluxo

Esses diagramas foram

construídos para vários

aspectos do estudo extensivo

para os últimos impactos. Não

mostram apenas os impactos

do projeto no ambiente, mas o

efeito na tendência ambiental.

São desenvolvidos para

cada projeto e sua situação

ambiental e são

especulativos em conteúdo,

devido à grande variedade

de ambientes locais que

exigem estudos extensivos

na formulação de diagramas

para cada situação.

7. Modelos de

simulação

A exploração de não -

linearidade e ligações indiretas

são possíveis pelo uso de

modelos matemáticos e

computadores.

Requer pessoal com

experiência e auxílio de

computador. Depende da

disponibilidade de dados

apropriados.

7.1. G sim Permite a consideração da

dinâmica e interação do

sistema. Rapidez e exigência

Não permite a confiabilidade

na condução de situações

sensíveis para precisar o

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83

de pouco equipamento

computadorizado.

balanço numérico das

variáveis.

7.2. K sim Permite uma análise mais

detalhada. O principal é a

rapidez com que o usuário

pode estruturar o modelo do

trabalho. Sem técnicas de

simulação sofisticadas.

Participação do projeto na

revisão do modelo pelas saídas

gráficas.

Os detalhes técnicos são

moderadamente complexos.

O modelo assume que seu

limite é a realidade. Requer

hipótese de partida.

Variáveis limitadas não

podendo simular o

inesperado.

Fonte: RODRIGUES, João Roberto, 2002.

Todas estas metodologias tentam tornar eficazes as avaliações e as

interpretações do ambiente, fazendo com que se tenha uma melhor prevenção,

recuperação e/ou reconstituição ambiental das áreas propostas pelo projeto.

Estas metodologias, apesar de serem muito diversificadas, muitas vezes

não conseguem atender totalmente às necessidades referentes às condições

sócio-econômicas, políticas e ambientais do local do projeto.

Com isto, se tem a necessidade de algumas readequações destas

metodologias, para que elas sejam realmente úteis na tomada de decisões de

um referido projeto.

5.4 Equipe Multidisciplinar – Sua Importância

Como é um documento complexo, e que envolve diversas áreas do

conhecimento técnico e científico, não poderia o EIA ficar a cargo de uma única

pessoa, ou seja, de um superprofisional.

Devido a esta complexidade, segundo o Artigo 7º da Resolução do

CONAMA 001/86, o EIA deve ser elaborado por equipe multidisciplinar

devidamente habilitada.

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84

A habilitação da equipe multidisciplinar se dá com a inscrição de seus

membros no Cadastro Técnico Federal de Atividades, sob administração do

IBAMA, conforme definido pela Resolução CONAMA 001/88.

Segundo essa Resolução, somente serão aceitos para fins de análise,

estudos de impacto ambiental cujos elaboradores sejam profissionais,

empresas ou sociedades civis regularmente registrados nesse cadastro.

Isto gera um grande problema, pois, estes profissionais nem sempre são

devidamente formados e preparados para a realização de um estudo tão

abrangente e relevante, e também pela formação da chamada “indústria do

EIA/RIMA” formada pelas empresas de consultoria privada, que muitas vezes

elaboram EIA/RIMA em série, ou seja, sem um estudo prévio e coerente com a

situação do local onde se pretende a instalação deste novo projeto, assinalou

Milaré (2002).

Este problema mostra como os aspectos econômicos falam mais alto

que os ambientais, pois, se empresas destinadas a elaborar um estudo de

impactos ambientais não estão preocupadas com a destruição deste, não

poderiam ser habilitadas a realizá-lo, o que infelizmente não acontece, pois

estas empresas continuam fazendo e elaborando EIA/RIMA, pois, o órgão

fiscalizador não age de maneira adequada e ética. (MILARÉ, 2004;

CUSTÓDIO, 1995; BASTOS E ALMEIDA, 2004)

Custódio (1995) registrou que, ao mesmo tempo em que se vê em

alguns países como nos Estados Unidos uma preocupação constante com a

política ecológica de conservação ambiental, o que se vê entre nós, é uma

execução progressiva de uma política antiecológica.

(...) visando apenas ao desenvolvimento econômico, sob a orientação de notórios grupos de pressão de entidades nacionais e multinacionais, com a criminosa conivência de certos políticos, administradores, profissionais, técnicos ou funcionários inescrupulosos, o que vem contribuindo para a galopante deterioração da qualidade de vida nas cidades, em regiões inteiras e em todo o país. (CUSTÓDIO, 1995, p. 56)

Outro problema também enfrentado é a relação da empresa de

consultoria ambiental responsável pela realização do EIA/RIMA com o

proponente do projeto, pois segundo a Resolução do CONAMA 001/86, artigo

8º, todas as despesas e custos referentes à realização do estudo de impacto

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85

ambiental, correrão por conta do proponente do projeto, que deve pagar desde

a coleta de informações à elaboração final do estudo, que deve ser feito com

certa antecedência, pois, leva-se em conta a possibilidade da não execução do

projeto.

As formas de contratação desta empresa pelo empreendedor segundo

Bastos e Almeida (2004), podem acontecer de diversas formas, como por

Convite direto, Tomada de preços, Carta convite ou Licitação.

No entanto, esta empresa deve possuir habilitação legal para tanto,

mostrando suas propostas legais em prazo determinado e respeitando todas as

exigências do Edital de Concorrência. Fica a cargo do empreendedor negociar

as propostas e contratar a empresa vencedora.

Com isto, esta empresa contratada está totalmente ligada ao proponente

do projeto, ficando mais fácil assim um estudo deficitário e com os resultados

esperados e desejados pelo empreendedor que tem o seu interesse maior na

aprovação do projeto, seja ele correto ou não.

Segundo Siqueira & Marques (2002), outro aspecto muito importante

que ainda é negligenciado, diz respeito à falta de consideração dada as

interações entre os diferentes tipos de impactos, e dos eventuais efeitos

cumulativos ou sinérgicos (várias ações diferentes que acarretam num

impacto), que estes possam causar.

Com isso tem-se a necessidade de equipes altamente capacitadas

realizarem o EIA/RIMA, ou mesmo, fiscalizarem com rigor todos os dados

contidos no EIA, pois essa veracidade das informações apresentadas é

imprescindível para fazer valer um documento tão caro, em todos os sentidos.

Outro equívoco citado por Siqueira & Marques (2002) seria,

A impressão de que se emitindo a licença/autorização com inúmeras exigências, estaria se tendo um controle ambiental do empreendimento ou atividade licenciada, é errônea, pois muitas vezes elas não são totalmente atendidas, principalmente, no tocante ao controle dos planos de monitoramento e acompanhamento. (SIQUEIRA & MARQUES, 2002, p. 2)

Silva (1998) relata que estes estudos ambientais têm recorrido muito a

diversas tecnologias, como é o caso do sensoriamento remoto e do

geoprocessamento que, apesar de aumentar consideravelmente as vantagens

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86

na pesquisa ambiental, acabam gerando uma valorização excessiva do

conhecimento estritamente técnico, em detrimento do domínio dos conceitos e

metodologias de investigação ambiental.

Entretanto, essa situação é difícil de ser percebida, pelo fato da

qualidade da apresentação destes produtos tecnológicos. Com isso, se tem

colocado em segundo plano a importância da presença de pesquisadores

atuando no equacionamento e proposição de soluções para problemas

ambientais, dando preferência para técnicos, segundo o autor o referido

(SILVA, 1998).

Têm-se uma melhora significativa no licenciamento ambiental quando

se trabalha com Sistemas de Informações Georreferenciadas (SIGs), porém,

estas tecnologias, não devem substituir os trabalhos dos pesquisadores no

campo, pois só teremos um bom estudo sobre o determinado pedido de

licença, se adequarmos as tecnologias com os tradicionais trabalhos empíricos.

Diante de uma gama tecnológica tão avançada, devemos ficar atentos

para que estes equipamentos que auxiliam na proteção ambiental, não venham

a ser instrumentos para uma futura exploração desenfreada dos territórios

analisados.

Outro problema enfrentado, conforme o referido autor é a forma como a

preocupação ambiental está sendo passada aos jovens, pois, esta juventude,

devido ao consumismo desenfreado e uma progressiva alienação, inúmeras

vezes, não se atentam para os problemas ambientais por qual passamos. É

neste sentido, que a geografia tem um importante papel.

As expressões a seguir, corroboram este pensamento,

Sem qualquer corporativismo estiolante, acreditamos que, ao mostrar de forma sistemática as razões e os resultados da interferência do homem sobre o ambiente, a geografia é um veículo poderoso de conscientização dos jovens quanto aos problemas de desequilíbrio ambiental, de ocupações desordenadas de novos territórios, de desperdício de recursos disponíveis e de poluição ambiental. (SILVA, 1998, p. 352)

Sem contar ainda com os problemas ambientais urbanos, decorrentes

da urbanização acelerada e desigual, que mostram a necessidade de políticas

especificas para enfrentar este problema, há necessidade de uma ação

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conjunta entre desenvolvimento urbano e políticas ambientais, em que água,

esgoto sanitário e os resíduos domésticos e industriais tenham origem e

destino transparentes. (SANTOS et. al., 2002)

Pois, não se deve levar em conta somente impactos ambientais com

significativa degradação ambiental, pois problemas relacionados à água,

esgoto sanitário e resíduos sólidos estão presentes em todas as cidades,

afetando diretamente a vida da população, que deve cobrar do poder público

soluções imediatas para estes problemas tão presentes na vida urbana e que

afetam negativamente a qualidade ambiental das cidades.

5.5 Quadro Comparativo

Abaixo segue quadro VIII, que mostra um comparativo entre as

Avaliações de Impactos Ambientais no Brasil, Estados Unidos da América e

França.

Quadro VIII – Comparação entre as situações dos sistemas de AIA

dos Estados Unidos, França e Brasil.

País Itens

EUA França Brasil

Legislação National

Environmental

Policy Act –

NEPA, 1970.

Council on

Environmental

Quality (CEQ).

Loi Relative à La

Protection de La

Nature (1976).

Decreto de

Aplicação (1977).

Resolução

CONAMA

001/86.

Lei 6.938/81

Política Nacional

de Meio

Ambiente.

Constituição

Brasileira 1988,

Cap. 4 –art. 225,

§ 1º - inciso 4.

Diretrizes dos estudos /manuais

1971 – Matriz de

Leopold

1977 – JAN;

Manuais do

Ministério do

Ambiente e de

Termo de

Referência

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88

URBAN: Stacey

Center

Qualidade de

Vida, 1977, 1978.

Estatísticas 1970-1974 (julho)

5.500 RIMAs. Fim

1976 (6 anos

NEPA) 7.865

RIMAs. 1970-1980,

10.475 RIMAs.

Nos 30 primeiros

meses 10.000

EIAs.

?

Estudos/ano 1.200 5.000 ? (não há

estatística em

nível nacional)

Monitoramento Governo Governo ? (Governo e

automonitoração)

Instrumentalização

Planejamento Licenciamento Licenciamento

Análise Locacional;

Tecnológica;

Ambiental/ecológica

Efeitos

ambientais

Medidas

mitigadoras

Legislação

Americana com

prática na

abordagem

francesa.

Principal executor dos EIAs

Governo Iniciativa privada Iniciativa privada

Fonte: ROHDE, 2002, p. 56.

Conforme podemos ver no quadro VIII, o Brasil apresenta algumas

lacunas, no que se refere ao seu sistema de implantação da Avaliação de

Impactos Ambientais, como a ausência de estatísticas sobre o número de EIAs

produzidos no país, problemas no monitoramento ambiental, além de que as

diretrizes básicas dadas pelo termo de referência, muitas vezes são vagas e

interpretativas.

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89

Pois apesar destes termos de referência serem de diferentes conteúdos

para diferentes tipos de empreendimento, nem sempre este termo se adequa e

atende a todas as reais necessidades do empreendimento.

Além das lacunas apresentadas, tem-se ainda, algumas limitações no

sistema de EIAs/RIMAs, como por exemplo, a inexistência de um quadro

jurídico originalmente brasileiro, o que gera um grande problema, pois a

legislação brasileira se baseia na legislação dos Estados Unidos, que como

podemos ver no quadro, utiliza o EIA/RIMA como instrumento de planejamento,

e a prática se baseia na aplicação Francesa, que utiliza o EIA/RIMA como

documento do licenciamento ambiental, assinalou ROHDE (2002)

Como também pode ser observada no quadro VIII, a legislação dos

EUA, está fixada basicamente em uma Lei, que seria a National Environmental

Policy Act – NEPA, e num Conselho de Qualidade, o Council on Environmental

Quality (CEQ), já a França, se baseia na Lei de proteção à natureza, chamada

Loi Relative à La Protection de La Nature (1976), e diferentemente destes

países o Brasil se baseia em decretos e resoluções, pois a única Lei de

referência brasileira é a Constituição Federal de 1988, o que faz com as

questões ambientais sejam consideradas basicamente em segundo plano até

mesmo pela legislação ambiental.

Em relação ao número de EIA/RIMAs elaborados por ano no Brasil, em

comparação com os EUA e com a França, que possuem um contagem

sistemática e atualizada do número de estudos realizados em seus territórios,

os órgãos ambientais brasileiros responsáveis para tal, não possuem estas

informações, fazendo com que não se tenha acesso ao número de

empreendimentos que necessitaram de EIA/RIMA, quantos foram aprovados,

quais as principais atividades que têm passado por este processo entre outras

informações que deveriam ser obtidas para um melhor acompanhamento

referente a estes estudos.

Além da falta de monitoramento do empreendimento por parte dos

órgãos ambientais brasileiros, pois o governo dos EUA e o governo francês são

os responsáveis por efetuar este monitoramento, e o fazem com precisão, o

que não acontece no Brasil, pois não se tem uma fiscalização governamental

eficaz, e quando se tem estas fiscalizações, elas só acontecem em níveis que

não são compatíveis com as dimensões nacionais e seus reais problemas.

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Sem contar ainda com a falta de preparo da maioria dos órgãos

ambientais e de seus profissionais que, por falta de recursos, não têm

informações suficientes sobre os projetos, condições operativas de trabalho e

estímulo ao crescimento intelectual.

Como os interesses econômicos e políticos sempre estão presentes nas

conclusões dos EIAs/RIMAs, o resultado são documentos mal elaborados e

não condizentes com a realidade.

Podendo gerar também, como citado no decorrer do trabalho, a

formulação de documentos sem qualquer conteúdo científico referente à área

de implantação do empreendimento, o que chamamos de “indústria do

EIA/RIMA”.

Além da elaboração de documentos com informações insuficientes, que

pode ser advindo da falta de integração da equipe elaboradora, relatórios sem

informações precisas e objetivas, e também a possível falta de recursos

disponíveis para a elaboração do EIA/RIMA.

Nota-se também pelo Quadro VIII, que o principal executor dos EIAs nos

EUA é o governo, este fato faz com que este estudo seja muito mais completo

e investigativo, pois não se tem a relação direta entre a empresa de consultoria

e o proponente do projeto, ficando tudo a cargo do próprio órgão ambiental, o

que infelizmente não acontece no Brasil e na França, nos quais os principais

executores destes estudos são a iniciativa privada, fazendo com que a

elaboração destes estudos se torne tendenciosa e menos crítica.

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6 LISTA DE CHECAGEM PARA A ANÁLISE DE EIA/RIMA Listas de checagem são ferramentas relativamente simples para analisar

EIA/RIMA e possuem a grande vantagem de serem utilizadas por diversos

interessados.

Segundo Siqueira e Marques (2002), após a elaboração do EIA/RIMA, é

necessário que este estudo passe por uma lista de checagem, conforme

quadro IX.

Quadro IX – Lista de checagem para a análise de EIA/RIMA ou de outros documentos técnicos exigidos no licenciamento ambiental (PCA,

RCA, PRAD, etc.)

ITEMIZAÇÃO QUESTÕES A SEREM CONSIDERADAS AVALIA

ÇÃO

1. Métodos e

técnicas

utilizados para a

realização dos

estudos

ambientais

1.1 O Método e as técnicas escolhidos para a

realização do EIA/RIMA ou de outros

documentos técnicos semelhantes são

adequados:

- Ao objeto de estudo?

- À região onde se insere o

empreendimento?

- Às características e quantidades de

dados disponíveis e/ou possíveis de serem

levantados no tempo de realização do

estudo?

1.2 Foram definidos os passos metodológicos

que levem:

- Ao diagnóstico da situação existente?

- Ao diagnóstico dos efeitos ambientais

potenciais do empreendimento proposto e

de suas alternativas tecnológicas e

locacionais?

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92

- À identificação dos recursos tecnológicos

e financeiros para a mitigação dos efeitos

negativos e de potencialização dos efeitos

positivos?

- Às medidas de controle e monitoramento

dos impactos?

2. Áreas de

influência do

empreendimento

2.1. Foram definidos com clareza os critérios

ecológicos e socioeconômicos para a

delimitação da área de influência do

empreendimento?

2.2. Foi feita a delimitação da área de influência

do empreendimento para cada fator natural

(solos, águas superficiais, águas subterrâneas,

atmosfera, vegetação/flora)?

2.3 Foi feita a delimitação da área de influência

do empreendimento para os componentes

culturais, econômicos e sócio-políticos da

intervenção proposta?

3. Espacialização

da análise e da

apresentação

dos resultados

3.1 Foi definida a base cartográfica

geograficamente referenciada para o registro

dos resultados do estudo?

3.2 Foi definida a escala adequada à

interpretação dos dados disponíveis e

pesquisados e ao registro das

conclusões/recomendações?

4. Identificação,

previsão da

magnitude e

interpretação da

importância dos

4.1 Foram indicados com clareza os métodos,

técnicas e critérios adotados para a

identificação, quantificação e interpretação dos

prováveis impactos ambientais da implantação

e operação das atividades do empreendimento?

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93

prováveis

impactos

relevantes

4.2 Foram mostrados com transparências os

prováveis efeitos da implantação e operação

das atividades do empreendimento sobre:

saúde, a segurança e o bem-estar da

população; as atividades sociais e econômicas;

a biota; as condições estéticas e sanitárias do

meio ambiente; a qualidade dos recursos

ambientais?

4.3 Foi feita a caracterização da qualidade

ambiental futura da área de influência do

empreendimento, comparando as diferentes

situações de adoção do projeto, plano ou

programa e suas alternativas, bem como a

hipótese de sua não realização?

4.4 Foi feita a análise dos impactos ambientais

significativos do projeto, plano ou programa e

de suas alternativas, com a discriminação dos

efeitos ambientais potenciais?

- Positivos e negativos (benéficos e

adversos)?

- Diretos e indiretos (cadeia de efeitos)?

- Imediatos e a médio e longo prazo?

- Temporários e permanentes?

4.5 Foram feitas as definições das medidas de

mitigação dos impactos negativos, dentre elas

os equipamentos de controle e sistemas de

tratamento de despejos, e a avaliação de

eficiência de cada uma delas?

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94

4.6 Foi elaborado o programa de

acompanhamento e monitoramento dos

impactos positivos e negativos e indicados os

fatores e parâmetros a serem considerados?

4.7 Foram analisados:

- O grau de reversibilidade dos impactos?

- As propriedades cumulativas e

sinergéticas dos impactos?

- A distribuição dos custos e dos

benefícios sociais do empreendimento?

5. Alternativas

econômicas e

tecnológicas

para a mitigação

dos danos

potenciais sobre

o ambiente

5.1 Foram indicadas as alternativas econômicas

e tecnológicas do empreendimento para a

mitigação dos danos potenciais sobre os fatores

naturais e sobre os ambientes econômicos,

culturais e sócio-políticos?

5.2 Foram identificados:

- Os procedimentos de projeto que

contribuem para a mitigação dos impactos

negativos?

- Os procedimentos do projeto que

contribuem para a potencialização dos

impactos positivos?

Fonte: Siqueira e Marques (2002).

Para facilitar o trabalho dos analistas de EIA/RIMA, foram criadas estas

listas de checagem, que tem como função orientar a análise. Como pode ser

observado no Quadro IX, estas listas contém um rol dos principais elementos

que devem estar presentes em um EIA e podem ainda trazer algumas

recomendações para a sua avaliação, conforme Sánches (2008).

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A elaboração de uma lista de verificação deverá refletir os requisitos da legislação e da regulamentação em vigor na jurisdição em que se dá o processo de AIA, e também as prioridades do organismo que realiza a análise dos estudos de impacto ambiental. Desse modo, não se pode pensar em uma lista universal, mas em listas adaptadas a cada jurisdição. (SÁNCHES, 2008, p. 396)

Entretanto, de nada adianta a lista ser bem elaborada se a análise não

for feita de maneira criteriosa e balanceada, e se a equipe responsável pela

análise não tiver competência técnica na sua verificação, pois se tem diferentes

maneiras de buscar a qualidade e objetividade nas análises, mas nada substitui

um profissional qualificado.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Desde a sua primeira institucionalização em 1970, nos Estados Unidos,

a Avaliação de Impacto Ambiental se tornou um importante instrumento de

gestão ambiental em todo o mundo, pois esta é uma forma de tratar o ambiente

de maneira justa e racional por meio de instrumentos técnicos.

No Brasil, a Avaliação de Impacto Ambiental foi erigida à categoria de

instrumento da Política Nacional do Meio Ambiente na década de 1980, e

rapidamente se tornou um instrumento básico no licenciamento ambiental

brasileiro, ampliando as técnicas e metodologias na otimização da relação da

sociedade com o ambiente construído, e também com os cuidados necessários

à questão ambiental, tanto na sua conservação, preservação ou recuperação

ambiental.

Com a Resolução 001/86 do CONAMA, ficou regulamentada a

obrigatoriedade da elaboração de EIA/RIMA para qualquer projeto que cause

significativo impacto ambiental. Foi uma grande conquista na proteção e

preservação do meio ambiente, e se tornou um importante instrumento de

gestão, pois, aumenta a viabilidade a longo prazo, de empreendimentos e pode

ajudar a evitar erros que trariam danos ambientais e econômicos expressivos

ou de difícil recuperação posterior.

No entanto, pode-se dizer que o EIA/RIMA ainda passa por processos

de amadurecimento, necessitando de uma regulamentação por meio de uma lei

ordinária, pois ele representa hoje um papel inestimável no controle da

qualidade ambiental, e não pode mais ser baseado e regulamentado por meio

de resoluções e decretos, limitando assim a sua área de atuação e

comprometimento por parte da própria legislação.

Ele desempenha um papel de suma importância para possamos ter um

ambiente mais equilibrado e saudável, tornando-se um elemento de valor

inestimável, no uso ou controle da qualidade ambiental, avaliando as decisões,

tanto públicas quanto privadas, que afetam diretamente o nosso ambiente.

Não se pode dizer que o EIA/RIMA é apenas uma exigência burocrática,

ou atualmente, um modismo, com o qual não se tem resultados concretos, pois

por meio de mecanismos judiciais, como ação civil pública e ação popular

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constitucional, podem ser observados resultados palpáveis na garantia de uma

melhor qualidade ambiental, ao alcance de a toda população.

Outro aspecto muito importante diz respeito à participação popular, por

intermédio de audiências públicas, pois é por meio delas que os cidadãos

interessados têm a oportunidade de questionar, criticar, apoiar, ou até mesmo

condenar o projeto. Enfim, o cidadão pode colocar em pauta a sua posição

referente ao empreendimento pretendido, podendo a validade da licença ser

cancelada, se não houver esta audiência pública.

No entanto, esta participação pública, que é um dos principais atributos

da Avaliação de Impactos Ambientais, na maioria das vezes acontece de

maneira formal, previsível e até mesmo de maneira orientada.

E quando nenhuma destas características de formalidade,

previsibilidade e orientação estão presentes na audiência pública, a voz da

população geralmente não é ouvida, pois, a sobreposição de interesses

econômicos e políticos, perpassam os interesses de uma maioria de será

prejudicada em função de um benefício normalmente concentrado.

Apesar dos grandes e inegáveis benefícios que o EIA/RIMA proporciona,

não só para o ambiente, mas também para a sociedade, está longe de ser o

que realmente deveria, pois, a distância a ser percorrida entre aquilo que prevê

a lei e o que de fato acontece na realidade brasileira, é muito grande.

Nota-se também que a elaboração deste documento enfrenta sérios

problemas que devem ser combatidos o mais rapidamente possível, pois,

projetos irregulares estão sendo aprovados e seus danos ambientais estão

ficando às cegas diante de um interesse meramente econômico.

Muitas vezes, devido ao compromisso da empresa de consultoria com o

empreendedor, que a contrata, têm-se a formulação de documentos totalmente

distorcidos, com o intuito de se defender ao máximo o proponente do projeto e

seu referido empreendimento, fazendo com que estes documentos sejam

viciados.

Sem contar a ausência de trabalhos em equipes multi, inter ou

transdisciplinar, durante todo o processo de elaboração destes estudos, não há

relações entre os diversos profissionais responsáveis pelas questões sociais,

econômicas e ambientais, ou seja, estes pesquisadores não mantêm relações

diretas com todas as questões envolvidas no processo, fazendo com que este

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estudo se torne pouco discutido e com carências na integração entre os

pesquisadores.

Com a utilização do geoprocessamento e do sensoriamento remoto, as

licenças ambientais ficam mais completas, porém, devemos ficar atentos para

o fato de que estes estudos têm recorrido muito a estas diversas tecnologias, o

que acaba gerando uma valorização excessiva do conhecimento estritamente

técnico, em detrimento do domínio dos conceitos e metodologias de

investigação ambiental.

Devemos nos ater também a toda essa evolução temática e conceitual

por que passa o ambiente, a legislação brasileira deve se atentar a este fato,

pois, estamos diante de um novo tempo, mais globalizado, mais complexo.

Apesar de a legislação ambiental brasileira ser uma das mais modernas

do mundo, ela é anterior a esse processo, portanto, alguns conceitos mudaram,

novos paradigmas surgiram e uma nova situação ambiental está diante de nós.

Sem contar os pressupostos da globalização, que impõem modelos de

desenvolvimento muitas vezes homogêneos, ou seja, não compatíveis com as

características ambientais locais, é de suma importância compreender que a

Avaliação de Impactos Ambientais e o EIA/RIMA são instrumentos essenciais

na prevenção aos danos ambientais.

Cabe então, aos nossos governantes fazer cumprir um controle mais

eficiente e eficaz diante de todos estes problemas, pois, por um lado, as

políticas públicas têm contribuído para estabelecer um sistema de proteção

ambiental no país, por outro lado, o poder público é incapaz de fazer os

indivíduos e as empresas cumprirem a legislação ambiental de maneira efetiva.

Sabemos que todo e qualquer projeto de desenvolvimento

socioeconômico interfere direta ou indiretamente no meio ambiente, e da

mesma forma, certo de que este crescimento é inevitável e cresce de forma

acelerada, devemos então, discutir os instrumentos e mecanismos que os

conciliem, minimizando o quanto for possível os impactos ecológicos negativos

e, conseqüentemente, os custos econômicos e sociais.

É muito importante também que a sociedade civil participe mais

ativamente das questões ambientais, pois esta importância ambiental está bem

estabelecida no nível do discurso, apesar de os comportamentos individuais

estarem muito aquém da consciência ambiental presente neste discurso.

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