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O Livro Os Espíritos e os Médiuns De Leon Denis

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Os Espiritos e os Mediuns

O

Livro

Os Espritos e os Mdiuns

De Leon Denis

ndice

Captulo I

O Espiritualismo Experimental ............. Captulo 11

Os Fenmenos Espritas .................. Captulo 111

Natureza da Mediunidade ................. Captulo IV

Prtica da Mediunidade .................. Captulo V

Anlise da Mediunidade . ................. ndice de Nomes Prprios...................Captulo I

O ESPIRITUALISMO EXPERIMENTAL

Em nossos dias, mais do que nunca, o Espiritismo chama a ateno do pblico. Trata-se com freqncia de casas mal-assombradas, de fenmenos de telepatia, de aparies e materializaes de espritos.

A cincia, a literatura, o teatro e a imprensa deles se ocupam constantemente; e as experincias do Instituto Metapsquica, os testemunhos do grande escritor ingls Conan Doyle e as averiguaes feitas por alguns jornais parisienses do a esta questo um carter de atualidade permanente.Examinemos, pois, este problema e averigemos por que o Espiritismo, to freqentemente sepultado, reaparece sem cessar e cresce dia-a-dia o nmero de seus partidrios.

No por acaso uma coisa estranha?

Talvez, na Histria, jamais se tenha produzido nada igual.

Nunca se viu um conjunto de fatos, considerados impossveis a princpio, cuja nica idia provocava, em geral, antipatia, receio, desdm; fatos que excitavam a hostilidade de vrias instituies seculares, acabar por impor-se ateno e at convico de homens cultos, competentes, autorizados por suas funes e por seu carter.

Esses homens, no comeo cticos, terminaram por reconhecer e afirmar a realidade dos aludidos fenmenos, depois de estudar, investigar e experimentar.

0 ilustre sbio ingls William Crookes, conhecido no mundo inteiro pelo descobrimento do estado radiante da matria, que durante trs anos obteve em sua casa materializaes do esprito Katie King, em Condies de controle rigoroso, falava a propsito dessas manifestaes: ''Eu no digo que isto seja possvel, eu digo: isto . Oliver Lodge, reitor da Universidade de Birmingham, membro da Sociedade Real, escreveu: "Fui levado pessoalmente certeza da existncia futura, por provas que repousam sobre uma base estritamente cientfica."

Frederico Myers, professor de Cambridge, a quem o Congresso Oficial Internacional de Psicologia de Paris, em 1900, elegeu Presidente de Honra, em seu admirvel livro "A Personalidade Humana", chega concluso de que nos vm de alm-tmulo vozes e mensagens.

Falando da mdium Mrs. Thompson, escreve: "Creio que a maioria destas mensagens vem de espritos que se servem temporariamente do organismo dos mdiuns para no-las dar."

0 clebre professor Lombroso, de Torino, na "Leitura": "Os fatos da casa de duendes, nas quais durante anos se reproduzem aparies e rudos, de acordo com o relato de mortes trgicas observados sem a presena de nenhum mdium, atestam em favor da ao dos mortos. Com freqncia, se trata de casas desabitadas, onde esses fenmenos se produzem durante vrias geraes e muitas vezes durante sculos."

0 Senhor Boutroux, filsofo bem conhecido, dissertava, faz pouco, em brilhantes conferncias acerca dos Espritos e as comunicaes medianmicas, assegurando que A porta subliminal a abertura por onde o divino pode entrar na alma humana.."s vezes, dizia, as revelaes espritas to estranho que parece efetivamente o mdium estar em comunicao com diferentes seres dos que lhe so acessveis normalmente."

William James, reitor da Universidade de Harvard, New York, eminente psiclogo falecido h alguns anos, afirmava a verossimilhana das comunicaes com os mortos, em seu estudo publicado em 1909, nos "Proceedings", acerca de seu amigo Hodgson, j falecido, que vinha conversar com ele pela mediunidade da senhora Piper. E escrevia que "Estes fenmenos do a impresso irresistvel de que realmente a personalidade de Hodgson, com suas caractersticas prprias", e que "0 sentimento dos assistentes era de que conversavam com o verdadeiro Hodgson".

A origem do Espiritismo, o Espiritualismo moderno, est na Amrica.

Na realidade, os fenmenos do Alm-Tmulo se encontram na base de todas' as grandes doutrinas do passado. Em quase todos os tempos, o mundo dos vivos manteve relao com o Mundo Invisvel. Porm, na ndia, no Egito e na Grcia, esses estudos eram privilgio de um curto nmero de investigadores e de iniciados. Os resultados se ocultavam cuidadosamente.

Para que esse estudo fosse acessvel a todos e se conhecessem as verdadeiras leis que regem o Mundo Invisvel; para ensinar aos homens a ver nesses fenmenos, no uma ordem de coisas sobrenatural, seno um domnio ignorado da natureza e da vida, era necessrio o trabalho enorme dos sculos, todos os descobrimentos da cincia, todas as conquistas do esprito humano sobre a matria.

Era preciso que o homem conhea seu verdadeiro lugar no Universo, que aprendesse a medir a debilidade de seus sentidos e sua impotncia para explorar, por si mesmo e sem ajuda, todos os domnios da natureza viva.

A cincia, com seus inventos, atenuou esta imperfeio de nossos rgos.

0 telescpio abriu a nossos olhos os abismos do espao; o microscpio nos revelou o infinitamente pequeno; assim surgiu a vida, tanto no mundo dos infusrios como na superfcie dos globos gigantes que giram na profundidade dos cus.

A Fsica descobriu as leis que regulam a transformao das foras e a conservao da energia, e as que mantm o equilbrio dos mundos.

A radioatividade dos corpos revelou a existncia de poderes desconhecidos e incalculveis: raios X, ondas "hertzianas", irradiaes -de todas as classes e de todos os graus.

A Qumica nos fez conhecer as combinaes da substncia. 0 vapor e a eletricidade vieram revolucionar a superfcie do globo, facilitando as relaes entre os povos e as manifestaes do pensamento, para que as idias resplandeam e se propaguem a todos os pontos da esfera terrestre. Hoje, o estudo do mundo invisvel vem completar essa magnfica ascenso do pensamento e da cincia. 0 problema do Alm-Tmulo se ergue frente ao esprito humano com poder e autoridade. Para fins do sculo dezenove, o homem, desenganado de todas as teorias contraditrias, de todos os sistemas incompletos que se lhe apresentavam, abandonava-se dvida: perdia, cada vez mais, a noo da vida futura.

Foi. Ento quando o mundo invisvel veio at ele e o perseguiu at sua prpria morada. Por diversos meios, os mortos se manifestaram aos vivos. As vozes de Alm-Tmulo falaram. Os mistrios dos santurios orientais, os fenmenos ocultos da Idade Mdia, aps um largo silncio, reapareceram.

0 Espiritismo nasceu.

As primeiras manifestaes do Espiritualismo Moderno se produziram alm dos mares; num mundo jovem, rico de energia vital, de expanso ardente, menos exposta que a velha Europa ao esprito de rotina e aos prejuzos do passado. Dali se espalharam por todo o globo. Essa eleio foi profundamente sensata.

A livre Amrica era, com efeito, o ambiente mais propcio para uma obra de difuso e de renovao. Por isso se contam hoje ali vinte milhes de espiritualistas modernos". Mas, tanto de um lado do Atlntico quanto do outro, embora com diversa intensidade, as fases de progresso da idia esprita tm sido idnticas.

Em ambos os continentes o estudo do magnetismo e dos fluidos havia preparado certos espritos para a observao do mundo invisvel.

A princpio, se produziram fatos estranhos em todas as partes, fatos dos quais ningum se atrevia a falar seno em voz baixa, na intimidade. Depois, pouco a pouco se foi elevando o tom. Homens de talento, sbios, cujos nomes so garantia de honorabilidade e de sinceridade, se atreveram a falar em voz alta desses fatos, afirmando-os.

Falou-se de hipnotismo, de sugesto; depois vieram a telepatia, os casos de levitao e todos os fenmenos do Espiritismo. Agitavam-se mesas em louca rotao; deslocavam-se objetos, sem contato, ressoavam golpes nas paredes e nos mveis. Todo um conjunto de fatos se produzia; manifestaes vulgares na aparncia, mas perfeitamente adaptadas s exigncias do meio terrestre, ao estado de esprito positivo e ctico das sociedades modernas.

0 fenmeno falava aos sentidos, porque os sentidos so como aberturas por onde o fato penetra at o entendimento. As impresses produzidas no organismo despertam surpresas, incitam busca, e conduzem convico. Da o encadeamento dos fatos, a marcha ascendente dos fenmenos.

Com efeito, depois de uma primeira fase material e grosseira, as manifestaes tomaram um aspecto novo. Os golpes se fizeram mais regulares e se converteram em um meio de comunicao inteligente e consciente; a escrita automtica se divulgou.

A possibilidade de estabelecer relao entre o mundo visvel e o invisvel apareceu como um fato imenso, derrubando as idias herdadas, derrubando os ensinamentos habituais, mas abrindo sobre a vida futura uma sada que o homem no se atrevia ainda transpor, deslumbrado pelas perspectivas que se abriam ante ele.

Ao mesmo tempo em que se propagava, o Espiritismo via alar contra si numerosas oposies. Como todas as idias novas, teve que enfrentar o menosprezo, a calnia, a perseguio moral.

Tal qual, o Cristianismo em seu comeo, foi sobrecarregado de amargura e de injrias. Sempre acontece assim. Quando novos aspectos da Verdade aparecem aos homens, sempre provocam assombro, desconfiana, hostilidade.

fcil compreend-lo. A Humanidade esgotou as velhas formas de pensamento e de crena; e quando formas inesperadas da Verdade se revelam, no parecem corresponder muito ao antigo ideal, que est debilitado, mas no morto.

Por isso se necessita de um perodo bastante longo de estudo, de reflexo, de incubao, para que a nova idia abra caminho na opinio. Da as lutas, as incertezas, os sofrimentos da primeira hora.

Riu-se muito das formas que tomava o Novo Espiritualismo. Os poderes invisveis que velam sobre a Humanidade so melhores juzes que ns do meios de ao e do adestramento que convm adotar, segundo os tempos e os ambientes, para trazer ao homem o sentimento de seu papel e de seu destino, sem por isso travar seu livre arbtrio. Porque isso o essencial: que a liberdade do homem fique intacta.

A Vontade Superior sabe ajustar-se s necessidades de uma poca e de uma raa, s novas formas da eterna revelao.Ela suscita no seio das sociedades os pensadores, os experimentadores, os sbios, que indicaro o caminho a seguir e colocaro os primeiros marcos. Sua obra se desenrola lentamente. Os resultados so a princpio dbeis, insensveis; mas a idia penetra pouco a pouco nas inteligncias. 0 movimento, por ser imperceptvel, no por si menos seguro e profundo.

Em nossa poca, a cincia se elegeu em dona soberana, em diretora do movimento intelectual. Cansada das especulaes metafsicas e dos dogmas, a Humanidade reclamava provas sensveis, bases slidas sobre as quais pudesse assentar suas convices.

Fazia-se o estudo experimental, a observao dos fatos, como uma tbua de salvao. Da o grande crdito dos homens da Cincia, na atualidade. Por isso a revelao adquiriu um carter cientfico. Com fatos materiais, se chamou a ateno dos homens, que se haviam materializado.

Os fenmenos misteriosos que se acham disseminados na Histria, se renovaram e multiplicaram ao nosso redor, sucederam-se em ordem progressiva, que parece indicar um plano preconcebido, a execuo de um pensamento, de uma vontade.

medida que o Novo Espiritualismo ganhava terreno, os fenmenos se iam transformando. As manifestaes grosseiras do comeo se aperfeioavam, tomando um carter mais elevado. Certos mdiuns recebiam por meio da escrita, de uma forma mecnica ou intuitiva, mensagens, inspiraes de fonte estranha. Instrumentos musicais tocavam sozinhos.

Ouviam-se vozes e cantos: penetrantes melodias pareciam baixar do cu e turvavam o nimo dos mais incrdulos. A escrita direta aparecia no interior de lousas justapostas e lacradas.

Os fenmenos de incorporao permitiam aos mortos possurem o organismo de um mdium adormecido e conversar com quem haviam conhecido na Terra.

Gradualmente, e como conseqncia de um desenvolvimento calculado, apareciam os mdiuns videntes, falantes, curadores.

Enfim, os habitantes do espao revestindo-se de envoltrios temporrios, vinham reunir-se com os humanos, vivendo uns instantes sua vida material e terrestre, deixando-se ver, tocar, fotografar, dando impresses de suas mos e de seus rostos e desvanecendo-se logo para prosseguir sua vida etrea.

Assim como se tem produzido uma srie de fatos, durante mais de meio sculo, desde os mais inferiores e vulgares at os mais sutis, segundo o grau de elevao das inteligncias, que intervm; toda uma ordem de manifestaes se desenrolou sob o olhar atento de observadores.

Por isso, e apesar das dificuldades de experimentao, e apesar dos casos de fraudes e dos modos de explorao em que esses fatos serviram muitas vezes de pretexto, a apreenso e a desconfiana se atenuaram paulatinamente e o nmero de investigadores cresceu.

H quase cinqenta anos, em todos os pases, o fenmeno esprita tem sido objeto de freqentes investigaes empreendidas e dirigidas por comisses cientficas. Sbios cticos, professores clebres, de todas as grandes universidades do mundo, submeteram esses fatos a um exame profundo e rigoroso. Sua inteno primeira foi sempre esclarecer o que eles criam que se tratava do resultado de enganos deliberados ou de alucinaes. Mas quase todos, depois de anos de estudos conscienciosos e de experimentaes perseverantes, abandonaram suas prevenes e sua incredulidade e se inclinaram ante a realidade dos fatos.

As manifestaes espritas, comprovadas por milhares de pessoas em todos os pontos do globo, demonstraram que ao nosso redor se agita um mundo invisvel, um mundo onde vivem, em estado fludico, aqueles que nos precederam na Terra, que lutaram e sofreram, e que constituem alm 'da morte, uma segunda Humanidade.

0 Novo Espiritualismo se apresenta hoje com um acompanhamento de provas e. um conjunto de testemunhos to imponentes, que j no possvel dvida para os investigadores de boa-f. Isto mesmo expressava o professor Challis, da Universidade de Cambridge, nos seguintes termos:

"Os atestados tm sido to abundantes e to perfeitos, os testemunhos tm vindo de tantas fontes independentes entre si e de um nmero to grande de testemunhos, que se faz necessrio ou admitir as manifestaes tal como se nos apresentam, ou renunciar' possibilidade de no atestar nenhum fato em absoluto, por declaraes humanas."

Por esta razo o movimento de propagao se foi acentuando cada vez mais.

No momento atual, estamos assistindo a um verdadeiro florescimento das idias espritas. A crena no mundo invisvel se estendeu por sobre toda a face da Terra. Por toda parte o Espiritismo tem suas sociedades de experimentao, seus vulgarizadores, seus peridicos.Embora a filosofia, em suas mais atrevidas especulaes, tenha conseguido elevar-se concepo de outro mundo de existncia depois da morte do corpo, a cincia humana, no obstante, no havia logrado, experimentalmente, a certeza do fato em si.

0 valor do Espiritismo consiste, precisamente, em que nos proporciona essas bases experimentais, provando-nos a possibilidade de comunicao entre os vivos e as inteligncias, que viveram entre ns, antes de transpor o umbral da vida invisvel. Essas almas puderam ministrar, em certos casos, a demonstrao de sua identidade e de seu estado de conscincia.

Para no citar seno um s caso entre mil, o doutor Richard Hodgson, falecido em dezembro de 1906, se comunicou depois com seu amigo J.Hislop, professor da Universidade de Columbia, entrando em minuciosos detalhes, acerca das experimentaes e trabalhos da Sociedade de Investigaes Psquicas, de cuja seo americana era presidente.

Explicou como teriam que dirigi-los, provando sua identidade com todos esses pormenores. Essas comunicaes se transmitiram por intermdio de diferentes mdiuns que no se conheciam entre si, servindo de mtua confirmao. Nelas se reconhecem as palavras e as frases familiares do comunicante durante sua vida.

Embora o incio do Espiritismo tenha sido difcil e sua marcha lenta e cheia de obstculos, h quase vinte anos conquistou direito de cidadania.

Converteu-se em uma verdadeira cincia e, no tempo certo, num corpo de doutrina, uma filosofia geral da vida e do destino, cimentada em um conjunto imponente de provas experimentais s quais a cada dia se agregam fatos novos.Esta cincia, esta doutrina, nos tem demonstrado cada vez melhor a realidade de um mundo invisvel, incomensurvel, povoado de seres viventes que at agora haviam passado inadvertidos a nossos sentidos. Novos horizontes se nos abriram. A perspectiva de nossos destinos se nos ampliou.

Ns mesmos pertencemos, por uma parte de nosso ser - a mais importante - a esse mundo invisvel que se revela cada dia mais aos observadores atentos.

Os casos de telepatia, os fenmenos de desdobramento, as exteriorizaes de pessoas vivas, as aparies distncia, tantas vezes descritas por F. Myers, C. Flammarion, Ch.Richet, o Doutor Dariex, o Dr. Maxwell, etc.., O demonstram experimentalmente. As atas da Sociedade de Investigaes Psquicas, de Londres, so ricas em fatos desse gnero.

Os espiritistas crem que estas partes invisveis, imponderveis de nosso ser, registro inaltervel de nossas faculdades, de nosso "eu" consciente, em uma palavra: o que os crentes de todas as religies chamaram "alma", sobrevive morte. Prossegue atravs do tempo e do espao sua evoluo at estados sempre melhores e mais iluminados atravs de raios de justia, de verdade e de amor. Esta alma, este eu consciente, tem como invlucro indestrutvel, como veculo, um corpo fludico, envoltrio do corpo humano, formado de matria sutil, radiante, invisvel, sobre o qual no tem a morte ao alguma.

Achamo-nos aqui em presena de uma teoria, de uma concepo suscetvel de reconciliar as doutrinas materialistas e espiritualistas que durante tanto tempo se combateram sem poder derrubar-se, nem se destruir mutuamente.

A alma j no seria uma vaga abstrao, seno um centro de fora e de vida, inseparvel de sua forma sutil, impondervel, embora ainda matria. H nela uma base positiva para as esperanas e as aspiraes elevadas da Humanidade. Tudo no termina com esta vida: o ser indefinidamente aperfeiovel recolhe em seu estado psquico, que sem cessar se refina, o fruto do trabalho, as obras, os sacrifcios de todas as suas existncias.

As dores, o grito de chamada que se eleva para o cu desde as profundezas da humanidade, no ficam sem resposta.

Aqueles que viveram entre ns e continuam no espao sua evoluo indefinida, sob formas mais etreas, no se desinteressam de nossos sacrifcios e de nossas lgrimas.

Desde os cumes da vida universal caem sem cessar sobre a Humanidade correntes de forca, e inspirao. Dali procedem aos relmpagos do genro; dali os sopros poderosos que passam sobre as multides nas horas decisivas; dali o consolo para os que sucumbem sob a pesada carga da existncia.

Um lao misterioso une o visvel ao invisvel. Nosso destino se desenvolve sobre a cadeia grandiosa dos mundos e se traduz em aumentos graduais de vida, de inteligncia, de sensibilidade.

Mas, o estudo do universo oculto no se faz sem dificuldades. L, como aqui, o bem e o mal, a verdade e o erro se misturam, segundo o grau de evoluo dos espritos com os quais entramos em relao.

Por isso necessrio abordar o terreno da experimentao com uma prudncia extremada, depois de estudos tericos suficientes.

0 Espiritismo a cincia que regula essas relaes e nos ensina a conhecer, a atrair, a utilizar as foras benficas do mundo invisvel, a separar as ms influncias e, ao mesmo tempo, a desabrochar os poderes escondidos, as faculdades ignoradas que dormem no fundo de todo ser humano.

Captulo IIOS FENMENOS ESPRITAS

Gustavo Le Bon tomou, em 1908, a iniciativa de uma proposio que parecia peremptria: oferecia um prmio de dois mil francos ao mdium que produzisse diante de uma comisso competente um fenmeno de levitao em plena luz.

Por que estipular, plena luz, se notrio que esse fenmeno no normalmente possvel seno com luz suave, visto que a luz viva exerce uma ao dissolvente sobre a fora psquica?

Que se diria de um aficionado que exigisse, para admitir a fotografia, que esta se produzisse plena luz, se pelo menos at agora, o fenmeno necessita da cmara escura?

Notemos que a escurido completa no necessria para que se produzam as levitaes e bastar uma luz vermelha suave para eliminar qualquer outro procedimento ou suposio de fraude.

Por outra parte quantos fenmenos naturais conhecidos exigem uma luz muito tnue, seno a escurido total?

0 sbio imparcial observa a lei, a norma de um fenmeno, mas se guarda, ante tudo, de pretender impor a priori as condies de sua produo.

Os fatos de levitao, sem contato de mveis e pessoas, moldes de mos e rostos foram observados, em condies que desafiam qualquer crtica, por sbios franceses e estrangeiros.

Tiraram-se fotografias, o que descarta de um modo total a objeo da sugesto. A placa fotogrfica no propensa a alucinaes.

Os experimentos realizados de uma forma rigorosamente cientfica so muito numerosos. Citemos por exemplo, os do professor Botazzi, diretor do Instituto de Fisiologia da Universidade de Npoles, em maio de 1907, ajudado pelo professor Cardarelli, senador, e outros sbios.

Como admitem que os sentidos podem evidentemente enganar, servem-se de aparelhos registradores que permitem estabelecer no somente a realidade, a objetividade do fenmeno, como tambm o grfico da fora que atua.

Eis aqui' as principais medidas tomadas pelo grupo de sbios j citados, que experimentaram com Euspia Paladino como mdium.

No extremo da sala, detrs de uma cortina, se preparam de antemo sobre uma mesa:

1 - Um cilindro coberto de papel esfumado, mvel em torno de um eixo;

2 - Uma balana pesa-cartas;

3 -Um metrmetro eltrico Zimmermann;

4 - Um pulsador telegrfico unido a outro sinalador eltrico;

5 - Uma pra de borracha unida por meio de um grande tubo, atravs do muro, a um manmetro de mercrio situado no cmodo contguo.

Como se pode ver, um luxo de precaues tomadas pelos indicados sbios investigadores, precaues que deviam dar-lhes segurana, sem dvida alguma, de que no eram enganados.

Nessas condies, todos os aparelhos foram controlados distncia, enquanto as mos de Euspia se achavam presas por dois dos experimentadores e formavam crculo a seu redor os demais. H trinta anos, Euspia operava em Milo. 0 dirio "Itlia Dei Popolo" de Milo, publicou, com data de 18 de novembro de 1892, um suplemento especial com as atas de dezessete sesses verificadas naquela cidade.

Est firmado este documento com os seguintes nomes: Schiaparelli, diretor do Observatrio Astronmico de Milo; Aksakoff, conselheiro de Estado russo; Brofferio e Gerosa, professores da Universidade; Ermcora e G. Finzi, doutores em Fsica; Charles Richet, professor da Faculdade de Medicina de Paris, diretor da "Revista Cientfica", e Csar Lombroso, professor da Faculdade de Medicina de Turim.

Essas atas comprovam a produo dos seguintes fenmenos, obtidos na escurido, tendo a mdium os ps e mos constantemente presos por dois dos assistentes:

Transporte de diversos objetos, sem contato: cadeiras, instrumentos de msica, etc.., Impresses de dedos sobre o papel esfumado; impresses de dedos sobre argila; aparies de mos sobre um fundo luminoso; aparies de luzes fosforescentes; levitao da mdium sobre a mesa;deslocamento de cadeiras com as pessoas que as ocupavam; toques sentidos pelos assistentes.Em suas concluses, os experimentadores nomeados deixam estabelecidos que, em razo das precaues tomadas, no era possvel fraude alguma.

"Do conjunto dos fenmenos observados, dizem, deduz-se o triunfo de uma verdade que se fez injustamente impopular."

Que esplendor de linguagem poderia igualar o valor comprobatrio desse estilo claro e conciso? A esses testemunhos poderiam acrescentar as centenas de outros de igual valor.

Resultaro nulos aos olhos de nossos contraditores e ser necessrio recomear as experimentaes a cada nova exigncia?

As sesses de Euspia incluem outros fenmenos ainda mais importantes.

0 professor Lombroso escrevia na "Arena", de fevereiro de 1908:

"Depois do deslocamento de um objeto muito pesado, Euspia, em estado de transe, me disse: por que perdes o tempo nestas bagatelas? Eu sou capaz de mostrar-te a tua me, mas preciso que penses nisso intensamente."

Estimulado por esta promessa, depois de meia hora de sesso, senti um intenso desejo de ver se ela se cumpria, e a mesa pareceu dar seu assentimento a meu pensamento ntimo, com seus habituais movimentos de sucessivas elevaes. Logo, numa semi-escurido, luz vermelha, vi aparecer uma forma um tanto encurvada, como era a de minha me, coberta com um vu, deu a volta mesa para chegar at mim, murmurando palavras que alguns presentes ouviram, mas que minha meia surdez no me permitiu entender.

Ento, ao suplicar-lhe que as repetisse, presa de uma viva emoo, me disse: "Csar, filho meu! Depois, tirando seu vu, me deu um beijo."

Lombroso recordava a continuao das comunicaes escritas ou faladas em lnguas estrangeiras, s revelaes de fatos desconhecidos tanto da mdium quanto dos assistentes e os casos de telepatia.Na Inglaterra, o fantasma de Katie King foi fotografado por Sir. William Crookes, o que destri toda hiptese de sugesto.

Em um discurso pronunciado no dia 30 de janeiro de 1908, na Sociedade de Investigaes Psquicas, de Londres, Sir Oliver Lodge, reitor da Universidade de Cincias ("Royal Society"), fala de mensagens obtidas por certos mdiuns mediante a escrita automtica.

Os comunicantes compreenderam to bem como ns a necessidade das provas de identidade e fizeram quantos esforos puderam, para satisfazer a esta razovel exigncia. Alguns de ns pensamos que as conseguimos, outros ainda duvidam.

Sem deixar de desejar a obteno de novas provas, eu sou dos que crem que j se deu um grande passo e que legtimo admitir nestes momentos que existem relaes claras com pessoas falecidas que, nos melhores casos, vm a nos proporcionar uma nova massa de argumentos, fazendo desta hiptese, a melhor hiptese de trabalho.

Com efeito, ns cremos que os malogrados Gurney, Hodgson, Myers e outros menos conhecidos, tratam de pr-se em comunicao constante conosco, com a inteno bem definida e expressa de nos demonstrar pacientemente sua identidade e dar-nos o controle recproco de mdiuns desconhecidos entre si.

As correspondncias cruzadas, isto , a recepo por um mdium de uma parte da comunicao e o resto por outro mdium, sem que se possa compreender o sentido de nenhuma destas partes por separado sem o concurso da outra, uma boa prova de que uma mesma inteligncia atua sobre os dois autmatos.

Se alm disto, a mensagem tem as caractersticas de uma pessoa falecida e recebida dessa forma por observadores que no a conhecem intimamente, podemos ver nela a prova da persistncia da atividade intelectual desta pessoa.

Se, enfim, obtemos dela um pouco de crtica literria que tem evidentemente seu estilo peculiar e prprio e impossvel que proceda de indivduos comuns, ento tenho que declarar que uma prova tal, absolutamente impressionante, tende a tomar o carter de crucial. E esta a classe de provas que a Sociedade pode comunicar sobre este assunto.

As fronteiras entre ambos os estados, o presente e o futuro, tendem a apagar-se.

Assim como em meio do ressoar da gua e dos rudos diversos, durante a perfurao de um tnel, ouvimos de vez em quando o rudo dos escavadores, que vm para ns pelo lado oposto, de igual modo ouvimos, a intervalos, os golpes de nossos camaradas passados para Alm Tmulo.

A todos esses testemunhos agregarei eu o meu pessoal.

Trinta anos de experimentao rigorosa, verificada em ambientes diversos com numerosos mdiuns, me demonstraram que, se os fenmenos chamados "psquicos" se explicam em parte pela exteriorizaro de .Foras que emanam dos vivos, uma quantidade importante deles no se pode explicar mais do que com a interveno de entidades invisveis.

E estas no so seno os espritos dos mortos que subsistem sob formas sutis, imponderveis, cujos elementos pertencem matria refinada.

A explicao esprita , pois, a nica que responde de uma maneira completa realidade dos fenmenos considerados em seus mltiplos aspectos. Eles nos proporcionam a prova de que um oceano de vida invisvel nos rodeia, nos envolve, e que, para Mais-Alm, o ser humano se encontra a si mesmo na plenitude de suas faculdades e de sua conscincia.

Fiel ao mtodo experimental, vou apresentar alguns fatos mais, que demonstram a realidade de uma interveno invisvel e do indicaes sobre sua natureza e sua identidade. Os fatos me parecem muito mais eloqentes que todos os comentrios.

Eis aqui a cpia de uma ata que tenho vista:

"Em 13 de janeiro de 1899, doze pessoas se reuniram em casa de M. David, praa Corps-Saints, 9, em Avignon, para realizar sua sesso semanal de Espiritismo. Depois de um momento de recolhimento, vimos mdium Mme. Gallas, em transe, voltar se para o Padre Grimaud e falar-lhe com a linguagem mmica utilizada por certos surdos-mudos. Sua rapidez de movimento era tal que rogamos ao esprito que se comunicasse mais devagar, o que fez em seguida. Por precauo, cuja importncia se ver em seguida, o Padre Grimaud no fez seno enunciar as letras, medida que a mdium as transmitia.Como cada letra isolada no significava nada, era impossvel, ainda que se houvesse querido, interpretar o pensamento do esprito. Somente ao final da comunicao, pudemos conhec-lo, quando a leu um dos membros do grupo encarregado de transcrever as letras.

Ademais, a mdium empregou um duplo mtodo: o de enunciar as letras de uma palavra, para indicar sua ortografia, nica forma sensvel aos olhos,e o de enunciar a articulao, sem ter em conta a forma grfica, mtodo este que M. Fourcade inventou e que se emprega somente no estabelecimento de surdos-mudos de Avignon. Estes detalhes foram explicados pelo Padre Grimaud, diretor e fundador da dita instituio."

A comunicao, que se referia obra altamente filantrpica, a que estava dedicado o Padre Grimaud, era assinada por Irmo Foucarde, falecido em Caen.

Nenhum dos assistentes, excetuando o venervel sacerdote, conheceu, nem pde conhecer o autor desta comunicao, nem seu mtodo, embora tenha passado algum tempo em Avignon, faz trinta anos...

Assinaram os membros do grupo que assistiram a esta sesso: Tournier, diretor do Banco da Frana; Roussel, diretor da banda do 58 Regimento; Domenach, tenente do 58 Regimento; David, comerciante; Brmond, Canuel, Sras. de Tournier, Roussel, David e Brmond.

dita ata se anexa o seguinte testemunho:

"O infra-assinado, Grimaud, presbtero, diretor e fundador da instituio para invlidos da palavra, surdos-mudos, tartamudos e meninos anormais, de Avignon, certifica a exatido absoluta de tudo quanto se detalha acima. Em honra verdade, devo dizer que estava longe de esperar semelhante manifestao. Compreendo toda a importncia da mesma desde o ponto de vista da realidade do Espiritismo, do qual sou fervoroso adepto, no tendo inconveniente em declar-lo publicamente.

Avignon, 17 de abril de 1899.

Firmado: Grimaud, presbtero .

Podemos citar, ademais, a apario fotografada de um colono, relatada por W. Stead, o grande publicitrio ingls desaparecido na catstrofe do "TITANIC". Este colono, chamado Piet Betja, era absolutamente desconhecido de Stead, e foi reconhecido mais tarde por vrios delegados d frica do Sul chegados Inglaterra (veja-se a "Revue Spirite de 15 de janeiro de 1909).

Falando das provas de identidade proporcionadas por mortos, A. Conon Doyle, o grande escritor ingls, em seu livro "A Nova Revelao", recorda o caso de um esprito desconhecido que dizia chamar-se Manton, haver nascido em Lawrence Lydird, e estar enterrado em Stoke Stewington, desde 1677. Demonstrou-se depois, perfeitamente, que um homem assim chamado, viveu e foi capelo de Olivier Cromwell. E acrescentava:

"Visto que Miss Julia Ames pde revelar a Mr. Stead detalhes de sua prpria existncia nesta terra, que ele no podia suspeitar, e cuja exatido se comprovou posteriormente, nos encontramos inclinados a admitir como verdadeiras tambm essas revelaes cuja prova no se pde obter.

E mais ainda, posto que Raymond Lodge pde descrever uma fotografia da qual no havia encontrado na Inglaterra nenhuma cpia, e cuja amostra se encontrou absolutamente de acordo com a descrio que havia feito dela; e se pde nos informar por lbios estranhos toda a classe de detalhes de sua vida familiar, cuja exatido comprovou e certificou seu pai, o reitor 0. Lodge, no acaso, razovel supor que este Raymond no menos digno de f quando descreve as fases de seu prprio gnero de vida, quando se comunica com seus pais?

Ou quando Mr. Arthur Hill recebe mensagens de pessoas, cuja existncia ignora e comprova que as ditas mensagens so verdadeiras em todos os detalhes, no uma conseqncia lgica admitir que os espritos dizem a verdade, quando nos do a conhecer suas novas condies de existncia?"

Posteriormente, em uma conferncia pronunciada em Leicester, Sir Arthur Conan Doyle relata o seguinte fato: "Dois amigos seus, o Reverendo Crewe e Mr. ' Philips, advogado, encontraram uma noite na rua Oxford, em Londres, um jovem ingls em estado de embriagus. 0 padre Crewe, que clarividente, viu a forma espiritual de uma mulher que estava de p junto ao jovem e o olhava compassivamente. Acercando-se ambos os amigos, travaram conversao com ele e souberam que este jovem, que havia descido tanto, era sobrinho de um alto dignitrio da Igreja.

Mr. Crewe falou ao jovem desencaminhado da figura espiritual que havia visto, acrescentando: "Creio que sua me". 0 jovem respondeu: "Descreva tal como era minha me." Mr. Crewe ajuntou: "Quando esteja melhor faremos uma pequena sesso."

A sesso foi realizada pelos trs. Mr. Crewe caiu em transe e a me, irm do alto dignitrio eclesistico, tomou posse dele e falou a seu filho.

Quando o mdium voltou a si, o jovem soluava a um lado da mesa e o advogado do outro. Explicaram ento que a me do jovem lhe havia repetido as ltimas palavras que havia pronunciado no momento de sua morte, acrescentando que ele havia chegado agora a uma fase de seu caminho e que no futuro tudo lhe seria melhor.

0 conferencista acrescentou que havia recebido do citado jovem uma carta dando-lhe todos esses detalhes e concluindo com estas palavras:

"Este meu tributo causa que me salvou. Vou tratar de no recomear."

Ao final de sua obra "A Nova Revelao", Sir Arthur Conan Doyle se eleva a altas consideraes, e faz observar a influncia que exercem estes fenmenos sobre o pensamento e o corao dos homens. E termina com estas bonitas palavras de Grald Massey:

"0 Espiritismo foi para mim, como para muitos outros, o alargamento de meu horizonte mental e a penetrao do cu, a transformao da f em fatos reais; sem ele, no se pode comparar a vida seno a uma viagem efetuada no fundo da adega de um barco, com as escotilhas fechadas, em que o viajante no percebesse outra claridade que a de uma vela, e ao qual, se lhe permite, em uma esplndida noite estrelada, subir a ponte e contemplar pela primeira vez o prodigioso espetculo do firmamento resplandecentes da glria de Deus."

Mais recentemente, o pastor Wynn, que goza de certo renome como pregador na Inglaterra, publicou um pequeno volume muito substancioso, em que relata toda uma srie de fenmenos, comprobatrios da sobrevivncia de seu filho Ruperto. Este jovem, cado gloriosamente nas linhas inglesas, durante o Grande Cataclismo, manifestou-se de diferentes maneiras, por vrios mdiuns que nem o conheciam, nem a seu pai, em condies notveis de autenticidade.

Mr. Wynn, que era. A princpio ctico com respeito ao Espiritismo, chegou a reconhecer sua validade, aderindo a ele publicamente.

Em continuao reproduzimos um dos fatos assinalados em sua obra: "Ruperto vive."

0 autor se expressa assim:

"Uma noite do ms de julho de 1918, subi a um vago de terceira classe, na estao de Marylebene (bairro de Londres) para ir a Chesham. No fundo do compartimento se achavam sentadas duas senhoras, uma de frente para outra. Pus-me a ler meu dirio The Evening Standard.Quando o trem se aproximava de Harrow, ouvi que uma das senhoras dizia a sua acompanhante: Permita-me: sou esprita e mdium; suponho que no ter a senhora medo, mas sua me est sentada ao seu lado.

Disse-me que passou para o Alm mente, e me roga que lhe transmita algo."

Recente No esquecerei nunca a expresso da senhora a quem se dirigiam estas palavras inquietantes. Ficou plida. Sem dvida despertaram-lhe todos os seus preconceitos religiosos e, com uma disposio de esprito anticientfica, murmurou: "Mas eu no creio no Espiritismo. contrrio a meus princpios. Por outra parte, eu no a conheo e a senhora no conhece a mim. Como sabe a senhora que minha me morreu?"

"Eu sei que sua me passou para o Alm, porque ela mesma me disse, respondeu a outra. Est sentada a seu lado, e me disse, ademais, que a senhora se chama Gracia." (Aqui lhe informou de uma comunicao pessoal que fez trocar de imediato as idias da ctica senhora. -me impossvel publicar esta comunicao, ainda que seja parte desta assombrosa revelao).

Voltando-se para mim, a mdium disse: "Creio conhec-lo. 0 senhor Mr. Wynn, de Chesham, verdade? Seu filho Ruperto veio outra noite a uma de minhas reunies e me rogou que lhe pedisse para ter uma sesso com meu marido e comigo, em sua biblioteca e que permitisse a meu marido fotograf-lo."

A senhora me falava to tranqilamente e de um modo to natural como se me estivesse oferecendo uma taa de chocolate. "Senhora, disse-lhe, tanto minha senhora quanto eu teremos muito gosto em receb-la."

"A senhora Rice, que assim se chamava, veio a Chesham com seu marido. Sentamo-nos em minha biblioteca.

Esta senhora que vive em Nara, Northwood, Middiesex, no havia estado nunca em nossa casa. Eu no lhe havia dito nada de Ruperto, e lhe tinha preparadas certas perguntas para pr prova sua clarividncia.

Fazia s alguns minutos que se havia sentado, quando se manifestou Mr. W.T.Stead. Era o aspecto, os trejeitos, a voz do grande periodista, e me deu provas de identidade incontestveis.

Depois veio Ruperto, falando com seu tom familiar habitual. Respondendo as minhas perguntas, me mostrou o lugar da casa onde dormia, a gaveta onde colocava suas cartas. Falou da gata que uma vez trouxe do campo, pequenina, suja e meio morta, nos disse o nome, a cor do pelo, e nos deu uma poro de detalhes de nossa vida ntima, que a mdium no podia conhecer de maneira nenhuma.

Depois, obtivemos a fotografia de Ruperto, esta de forma tal que os peritos fotgrafos a quem lha mostrei, afirmaram-me que seria impossvel, com todos os seus recursos, obter um resultado semelhante. Todos os membros da famlia e amigos de meu filho o reconheceram exatamente."

Como concluso, o pastor Wynn declara: "Antes eu cria na sobrevivncia, pelo ato de f: hoje, creio nela porque sei que certa." Com respeito s suas convices religiosas, acrescenta: "Estas investigaes tiveram como resultado fortificar minha crena em Cristo e no ensinamento do Novo Testamento. Hoje compreendo centenas de coisas da Bblia que antes no podia compreender."

Captulo III

NATUREZA DA MEDIUNIDADE

Chama-se mediunidade o conjunto de faculdades que permitem ao ser humano comunicar-se com o mundo invisvel.

0 mdium desfruta, por antecipao, dos meios de percepo e de sensao que pertencem mais vida do esprito que a do homem. Por isso tem o privilgio de servir de lao de unio entre eles.

Temos que ver neste estado o resultado da lei de evoluo e no um efeito regressivo, uma tara, como crem certos fisiologistas, que comparam os mdiuns como histricos e enfermos.

Seu erro provm da grande sensibilidade; a impresso de certos mdiuns provoca em seu organismo fsico perturbaes sensoriais e nervosas; mas isto so excees que seria errado generalizar, porque a maioria dos mdiuns possui uma boa sade e um perfeito equilbrio mental.

Toda extenso das percepes da alma uma preparao para uma vida mais ampla e mais elevada, uma sada aberta a um horizonte mais vasto. Sob este ponto de vista, as mediunidades, em conjunto, representam uma fase transitria entre a vida terrestre e a vida livre do espao.

0 primeiro fenmeno deste gnero, que chamou a ateno dos homens, foi o da viso. Por ela se revelaram desde a origem dos tempos, a existncia do mundo do Alm e a interveno entre ns das almas dos mortos. Estas manifestaes, ao se repetirem, deram nascimento ao culto dos espritos, ponto de partida e base de todas as religies. Depois, as relaes entre os habitantes da Terra e do espao se estabeleceram das mais diversas e variadas formas, que se foram desenvolvendo atravs das idades, sob diferentes nomes, mas todas partem de um nico princpio.

Por meio da mediunidade sempre existiu um lao entre ambos os mundos, uma via traada pela qual a alma humana recebia revelaes, gradualmente mais elevadas, acerca do bem e do dever, luzes cada vez mais vivas sobre seus destinos imortais.

Os grandes espritos, por motivo de sua evoluo, adquirem conhecimentos progressivamente mais amplos e se convertem em instrutores, em guias dos humanos cativos na matria.

A autoridade e o prestgio de seus ensinamentos ficam realados ainda mais pelas profecias, as previses que os precedem ou os acompanham.

Em outra parte temos estudado detalhadamente os diferentes gneros de mediunidade e os fenmenos que produzem.

Ento se pode ver como se estabeleceu a comunicao dos vivos e dos mortos; como se constitui essa fronteira ideal onde as duas humanidades, uma visvel e a outra invisvel, se pem em contato; como, graas a essa penetrao, se estende e se esclarece nosso conhecimento da vida futura, a noo que possumos das leis morais, que a regem, com todas as suas conseqncias e suas sanes.

Por todos os procedimentos medianmicos os espritos superiores se esforam em trazer a alma humana das profundidades da matria para as altas e sublimes verdades que regem o Universo, para que se revistam dos altos fins da vida e encarem a morte sem terror, para que aprendam a desprender-se dos bens passageiros da Terra e prefiram os bens imperecveis do esprito.

-A alma no pode achar harmonia seno no conhecimento e na prtica do bem e somente dessa harmonia flui para ela a felicidade.

-Aos Espritos superiores se unem as almas amantes dos parentes de mortos, cuja solicitude continua, estendendo-se sobre ns e nos assiste em nossas dolorosas lutas contra a adversidade e contra o mal.

- Assim, a mediunidade bem exercida, se converte em um manancial de luzes e consolos. Por seu intermdio, as vozes do Alto nos dizem:

"Escutai nossas chamadas, vs que buscais e chorais: No estais abandonados... Temos sofrido para lograr estabelecer um meio de comunicao entre o vosso mundo esquecido e nosso mundo de recordaes.

A mediunidade j no se ver enxovalhada, menosprezada, maldita, porque os homens j no podero desconhec-la. Ela o nico lao possvel entre os vivos e ns, a quem nos chamam mortos. Esperai: no deixaremos fechar-se a porta que temos entreaberta para que em meio a vossas dvidas e vossas inquietudes possam entrever as claridades celestes .

Depois de haver mostrado o grande papel da mediunidade, convm assinalar as dificuldades que h em sua aplicao. Em primeiro lugar so escassos os bons mdiuns. No porque faltem faculdades notveis, seno porque logo ficam sem utilidade prtica por falta de estudos srios e profundos.

Muitos mdiuns se escondem nos crculos ntimos, nas reunies familiares, ao abrigo das exigncias exageradas e dos contatos desagradveis.

Quantas jovens de organismo delicado, quantas senhoras que conhecemos, retradas pelo temor crtica e s ms lnguas; afogam e perdem bonitas faculdades medianmicas por no empreg-las bem, com uma boa direo!

Os adversrios do Espiritismo sempre se dedicaram a denegrir mdiuns, acusando-os de fraude, procurando faz-los passar por neurticos e tratando por todos os meios de desvi-los de sua misso; sabendo que o mdium condio essencial dos fenmenos, esperam deste modo destruir o Espiritismo em seu alicerce.

importante que faamos fracassar esta ttica e, para isso, temos de dar nimo e ajuda aos mdiuns, rodeando o exerccio de suas faculdades de todas as precaues necessrias.

A guerra ceifou milhes de vidas em plena juventude e virilidade. As epidemias, os aoites de todas as classes, deixaram enormes vazios no seio das famlias. Todos estes espritos inumerveis tratam de se manifestar queles a quem amaram na Terra, para provar-lhes seu afeto, sua ternura, para secar suas lgrimas, para acalmar suas dores.

Por outra parte, as mes, as vivas, as noivas, os rfos, estendem suas mos e seus pensamentos para o cu, na angustiosa espera de notcias de seus mortos, vidos de recolher provas de sua presena, testemunhos de sua sobrevivncia. Quase todos possuem faculdades latentes e ignoradas que poderiam permitir-lhes estabelecer relaes com seus mortos.

Por toda as partes existem possibilidades de estabelecer um lao entre estas duas multides de seres que se buscam, se atraem e desejam fundir seus sentimentos e seus coraes em uma comum harmonia.

0 Espiritismo e a mediunidade so os nicos que podem realizar esta doce e santa comunho e trazer a todos a paz e a serenidade da alma, que d fortaleza e convico.

sobretudo entre essas vtimas da guerra cruel, no seio do povo, entre os humildes, os pequenos, os modestos, onde h que se buscar os recursos psquicos que permitam a nossos amigos do espao proporcionar-nos provas de persistncia de sua vitalidade e a prova de nossa reunio futura.

Quantas faculdades dormem silenciosamente no fundo desses seres, esperando a hora de abrir se, de florescer, de produzir frutos de verdade e de beleza moral!

Neste aspecto, grande a tarefa que cabe aos espritos esclarecidos, aos abnegados crentes, aos apstolos da grande doutrina.

Seu dever sacudir a indiferena de uns, a apatia de outros, ir ao encontro de todos esses agentes obscuros da obra de renovao, instru-los, pr em ao os recursos escondidos, as riquezas insuspeitadas que possuem e conduzi-los ao fim assinalado.

Para cumprir esta tarefa, h que possuir cincia e f. Graas a esta ltima, e por anlogos procedimentos, os apstolos dos primeiros tempos do Cristianismo suscitaram ao seu redor "os milagres" e, com eles, o entusiasmo religioso, que devia transformar a face do globo.

Em nossos dias, necessrio no somente a f ardente, seno tambm o conhecimento das leis precisas que regem os mundos visvel e invisvel, com o fim de facilitar sua harmonia, sua recproca interpenetrao, separando da experimentao os elementos de erros, de perturbao e de confuso.

Com um adestramento gradual, veremos ampliar-se o crculo das percepes e das sensaes psquicas, e ficar evidenciada a mais imponente certeza da perenidade do princpio vital que nos anima.

A alma humana aprender a conhecer as sombras e os esplendores do Mais-Alm e, neste conhecimento, achar uma trgua para suas dores e um manancial de fora na desgraa em frente morte.

Captulo IV

PRTICA DA MEDIUNIDADE

0 estudo e aplicao das faculdades medianmicas so de capital importncia, j que, segundo o uso que se faa desses dons, podem resultar um bem ou um mal para quem os possua e para a causa que pretenda servir.

0 Espiritismo uma arma de dois gumes: arma poderosa, com o apoio dos Espritos elevados, para combater os erros, a mentira, todas as misrias morais da Humanidade, mas uma arma perigosa tambm pela ao dos espritos inferiores e maus.

Neste caso, pode voltar-se contra os mdiuns e os experimentadores e ferir-lhes a sade e a dignidade, causando desordens graves.

Na experimentao esprita, tudo depende dos Invisveis. A natureza e a qualidade de sua ao variam segundo o valor das Entidades que se manifestam.

Os Espritos elevados derramam sobre ns fluidos puros e benficos que reconfortam nossas almas e acalmam nossas dores, predispondo-nos bondade e caridade. Em seu trato, obtemos as foras necessrias para vencer nossos defeitos e nos aperfeioarmos.

As manifestaes dos espritos inferiores podem ser teis pelas provas de identidade que proporcionam, mas sem demora, seus fluidos pesados e maus alteram o estado de sade dos mdiuns, turvam seu juzo e sua conscincia e, em certos casos, desembocam na obsesso e na loucura.

As trgicas cenas descritas pelo doutor Paul Gibier em seu livro "Espiritismo e Fakirismo Ocidental", das que quase termina vtima, os exemplos que encontramos um pouco em todas as partes, nos demonstram, at evidncia, os riscos que se corre ao se estabelecer relaes continuadas com os saqueadores dos espao.

Praticar o Espiritismo, sem rodear-se de precaues necessrias, equivale a abrir a porta, de par a par, para os assaltantes de rua.

Recordemos em que consistem as precaues indispensveis. Antes de cada sesso, h que invocar os Espritos Guias e se assegurar uma proteo eficaz que, afastando as ms influncias, estabelea no ambiente invisvel a mesma disciplina que o presidente do grupo deve impor aos assistentes.

Com este fim, Allan Kardec recomenda a orao e ns no titubeamos em insistir nesse sentido.

Sem dvida que, como a ele, nos chamaro de msticos, mas o que fazemos observar e aplicar a lei universal das vibraes que une todos os seres e todos os mundos e os liga a Deus.

A cincia comea apenas a balbuciar os primeiros elementos desta lei com o estudo da radioatividade dos corpos, com a aplicao das ondas e correntes a longa distncia. Mas medida que prossiga nas investigaes do Invisvel; comprovar sua maravilhosa harmonia e suas vastas conseqncias.

A partir deste ponto de vista, lhe esto reservados esplndidos descobrimentos, porque nisso reside todo o segredo da vida superior, da vida

livre do esprito no espao e as regras de suas manifestaes.

Com o pensamento e a vontade podemos pr em movimento todas as foras escondidas em ns mesmos. Nossas irradiaes fludicas se impregnam das qualidades ou dos defeitos dos pensamentos e criam em torno de ns um ambiente de conformidade com nosso estado de alma.

.Como a orao a expresso mais alta e mais pura do pensamento, traa uma via fludica que permite s Entidades do Espao descer at ns e se comunicarem; nos grupos constitui um meio favorvel produo de fenmenos de ordem elevada, ao mesmo tempo em que preserva contra os maus espritos.Para que seja eficaz e produza todo o efeito desejado, a orao deve ser um chamamento ardente, espontneo e, por conseguinte, de breve durao: pelo contrrio, as oraes vulgares, recitadas da boca para fora, sem calor comunicativo, no produzem seno irradiaes dbeis e insuficientes.

Fcil ser compreender, pois, a necessidade de que haja nas sesses unio de pensamentos e vontades. Deve-se ter presente, sobretudo, a importncia que exercem nas emisses fludicas os sentimentos de f, de confiana, de desinteresse, em uma palavra: todas as qualidades morais, as facilidades que elas do aos bons espritos, de par com os obstculos que ope ao dos espritos mal intencionados.

E, tudo isto, sem excluir o livre exame e as condies de controle, que nenhum observador deve abandonar jamais.

To pouco h que se surpreender, se os resultados obtidos so relativamente trabalhosos e pobres, em ambientes em que reina uma atmosfera de ceticismo, onde se pretende dar ordens aos fenmenos e aos Espritos, e nos que, sem saber, criam travas s manifestaes de ordem elevada.

Ademais, o presidente de cada grupo deve esforar-se em obter silncio e recolhimento durante as sesses, e evitar as perguntas inoportunas e demasiado pessoais, que pretendam dirigir aos Espritos, para manter dentro do possvel a unio dos pensamentos e das vontades, dirigindo os para uma finalidade comum.Os pensamentos divergentes, as preocupaes materiais formam correntes desencontradas, uma espcie de caos fludico, que dificulta a interveno dos guias, enquanto que a concordncia de intenes e de sentimentos estabelece a fuso harmnica dos fluidos e cria um ambiente propcio sua ao.A sesso deve terminar com algumas palavras de agradecimento aos Espritos protetores e convidando os participantes a aproveitar os ensinamentos recebidos, praticando a moral que deles se deriva.

Com suas crticas, nossos contraditores, inexperientes, demonstram com freqncia sua escassa competncia nestes assuntos. Mas, por outro lado, todos os magnetizadores conhecem a propriedade dos fluidos, de refletir exatamente nosso estado de nimo e sabem imprimir-lhes, s vezes, qualidades benficas e curativas.

Tambm possvel demonstrar experimentalmente a existncia e a variedade infinita desses fluidos que diferem em cada personalidade.

Pode-se facilmente tirar placas fotogrficas com as irradiaes que se desprendem de nossos crebros e registrar os fluidos que variam segundo as disposies pessoais.

0 exerccio da mediunidade encontra dois obstculos temveis: o esprito de lucro e o orgulho. (Quantos mdiuns comearam animados de um sincero desejo de servir nossa Causa, terminaram, por causa do orgulho, por cair no ridculo, convertendo-se em motivo de zombaria para todos.!)

A satisfao de si mesmo perfeitamente legitima quando o resultado de qualidades ou de mritos adquiridos por meio de trabalho ou estudos prolongados. Como sentir orgulho por uma faculdade que veio do Alto e que no precisou de gastos nem esforos?

0 orgulho o que inspira essas rivalidades, essa inveja mesquinha entre mdiuns, c gusa freqente de desunio em alguns grupos. e preciso que cada um se contente com o que recebe.

Quando o mdium est isento de vaidade, franco de corao, e com a sinceridade de sua alma, aos olhos de Deus, oferece seu concurso aos bons Espritos, estes se apressam em assistir-lhe e o ajudam a desenvolver suas faculdades.

Cedo ou tarde levam a seu lado os parentes falecidos, os amados mortos, reatando-se uma doce intimidade, fonte de alegrias e consolos-Pouco a pouco o mdium vai se tornando o artfice bendito da obra de renovao Recebe e transmite as instrues que iluminam a vida e a todos traam a via de ascenso: ento proporciona a ajuda moral que faz mais fcil o dever e mais suportvel a prova.

Assim, com os ensinamentos dos Espritos, a noo da justia se estender pelo mundo. Ao saber que viemos quase todos para expiar faltas anteriores, o homem no se mostrar to inclinado a murmurar contra sua sorte e seu pensamento se elevar acima das misrias deste mundo, evitando que seus atos ou suas palavras aumentem o peso das injustias que sobre si recaem. Ento a vida social poder melhorar e a Humanidade adiantar um passo. Todas essas humildes vidas de mdiuns que, a no ser por isso, ficariam obscuras e insignificantes, se vero enriquecidas pela misso recebi da, iluminadas por um raio divino e se convertero em elementos de progresso e de regenerao.

0 contato com o Invisvel, com as almas puras e grandes, aumenta as faculdades psquicas e multiplica os meios de percepo. Nas sesses bem dirigidas, o mdium percebe cada vez mais as irradiaes, os fluidos dos mundos superiores. Experimenta uma dilatao de seu ser, uma soma de gozos que escapam anlise e que so como uma antecipao da vida espiritual, um preldio da vida do espao. uma compensao oferecida, j nesta existncia, s fadigas e trabalhos pelo exerccio da mediunidade.

0 mdium sincero, leal, desinteressado - como dizamos - pode estar seguro da assistncia dos bons Espritos; mas se ele se deixar invadir pelo amor ao lucro ou pelo orgulho, os Espritos Guias se afastam e deixam o caminho aos espritos fracos e atrasados. Ento aumentam os enganos e as fraudes. Aparecem mensagens firmadas com nomes pomposos, de estadistas, reis, imperadores, poetas clebres, e quando se passam essas comunicaes pela peneira da razo e da reflexo, nos damos conta de que somos vtimas de uma fraude.

No que queiramos dizer que esses grandes Espritos no se comunicam nunca. Mas aconselhamos a maior prudncia, neste ponto, pois sabemos por experincia que os espritos elevados, que tiveram nomes ilustres na Terra, no gostam de vangloriar-se deles, preferindo manifestar-se com nomes alegricos e pseudnimos.

Vrios mdiuns contriburam, dessa maneira, a desnaturar o Espiritismo. Allan Kardec, pela retido de seu carter e a dignidade de sua vida, pela elevao de seus ,pensamentos, teve o privilgio de atrair Espritos nobres e elevados. Leiamos e meditemos seus livros, que so a expresso da mais pura sabedoria e verdade.

Por exemplo, em suas obras, este grande escritor se levantou sempre com vigor contra o princpio da mediunidade assalariada, como causa de abusos inumerveis.

Recordemos antes de mais nada que a mediunidade varivel, inconstante e pode desaparecer tal como veio. No exige estudos prvios, nem usa laboriosa preparao como a aquisio de uma arte, de uma cincia, etc... E um dom que se retira,quando se abusa dele.

Os exemplos disso so freqentes: A mediunidade, cujos resultados so muito diferentes segundo os lugares, o ambiente e a proteo oculta, e so com freqncia negativos, pouco se presta a uma utilizao regular e contnua. Os guias srios, os Espritos elevados no se prestariam a isso.

Admitimos, no obstante, que os sbios e os experimentadores que se servem das faculdades de um mdium e monopolizam seu tempo, concordem com ele, o indenizem por suas viagens e pelas horas perdidas. Assim mesmo, consideramos que os grupos devem aos mdiuns, depois de prolongados servios, mostras de simpatia e atenes, com a condio de que isso no atente contra o princpio da mediunidade gratuita e desinteressada.

Poder opor-se que Allan Kardec faz 50 anos que faleceu. As circunstncias mudaram, o Espiritismo se estendeu, a cincia comea a interessasse por seus fenmenos e conveniente proporcionar-lhes os meios de comprov-los, de confirm-los.

A isto responderemos que os conceitos formulados por Allan Kardec no perderam nada de sua oportunidade. E, precisamente porque o Espiritismo se estende e est chamado a representar um grande papel, porque leva em si os elementos de salvao e de regenerao, e pelo que tem que se esforar por preserv-lo de toda mancha, e evitar quanto possa diminuir seu valor e sua beleza. Agora sim; incontestvel que todo trfico inspira desconfiana. 0 af de ganhar leva ao charlatanismo e ao engano. Quando o mdium toma o costume de tirar proveito material de suas faculdades vai resvalando pouco a pouco para a fraude, porque se os fenmenos no se produzem, procura-se imit-los.

Em todas as partes, em que o Espiritismo objeto de comrcio, os Espritos srios se afastam e os espritos inferiores vm ocupar seu lugar.

Nestes ambientes, o Espiritismo perde toda a influncia benfeitora e moralizadora, para converter-se em um verdadeiro perigo, em uma explorao da dor e das recordaes aos mortos.

Em resumo, repetimos aos espiritistas e aos mdiuns: Em vossas reunies, pratiquem sempre o recolhimento e a orao. Que esta seja como um facho luminoso que alcance diretamente seu fim e atraia os bons Espritos; se no for assim, no viro as almas que desejem, no vero vossos mortos queridos.

No faais de vossas sesses um objeto de diverso, de curiosidade, um espetculo para boquiabertos, seno um ato grave e solene, um ato de cultura intelectual e moral. No atraiam os espritos de ordem inferior, cujos fluidos podem alterar vossa sade e provocar casos de obsesso. No evoqueis vossos guias, seno com a conscincia de que o fazeis e com respeito.

Todos tm sua misso a cumprir no Mais Alm; suas ocupaes so mltiplas e absorventes. Sua vida est muito distante de ser a beatitude sonhada; uma atividade constante, uma dedicao abnegada para todas as grandes causas.

Seus ensinamentos, seus conselhos os ajudaro a suportar as vicissitudes da existncia terrena, eles vos daro a certeza de novas vidas futuras, vidas de trabalho, de purificao, de dever, por meio das quais vossas almas, ao se fazerem mais tolerantes, subiro um dia para essas esferas luminosas, nas quais comearo a desfrutar as alegrias do Infinito.

Neste momento, levanta-se sobre o mundo uma grande esperana, comea a despontar uma nova aurora para o pensamento e para a cincia. 0 Espiritismo, que se baseia na Verdade, imperecvel, mas sua marcha pode se ver entorpecida pelos erros e faltas de seus prprios partidrios, muito mais do que pela oposio e manejos de seus adversrios.

Chegar um dia em que tudo quanto ensinam os Espritos, faz quase um sculo, sobre o perisprito, os fluidos, a sucesso de existncias tudo ser admitido como certo e confirmado pela cincia.

Reconhecer-se- ento a importncia da orao na comunicao universal dos seres. E as ladainhas montonas e interminveis da Igreja cessaro, para dar lugar ao grito da alma para seu Pai, ao chamamento ardente do ser humano quele de quem tudo emana e para quem tudo volta eternamente.

Quando tal dia chegar, a religio e a cincia se fundiro em uma concepo mais ampla da vida e do destino. 0 Espiritismo ser o culto da famlia; o pai, mais instrudo, mais culto, substituir o sacerdote; a esposa e as filhas sero as mdiuns por cujo intermdio os antepassados, as almas dos avs se manifestaro e asseguraro sua influncia moral. Ser o retorno religio franca e primitiva, enriquecida pelo progresso e a evoluo dos sculos; sobre esse culto familiar se cimentaro as imponentes reunies e as mais altas manifestaes de ordem esttica.

Mas, para que o Espiritismo realize todo seu programa renovador, ter que separar de seu seio os germes mrbidos, todos os elementos maus que poderiam entorpecer ou deter seu impulso. Deste modo, a responsabilidade dos espritas grande e devem evitar com cuidado tudo quanto possa retardar o grandioso florescimento de nossas crenas e seus efeitos moralizadores.

0 Espiritismo, depois de haver sido tanto tempo repudiado, menosprezado, se impe definitivamente pelo poder de seus fatos e pela beleza moral de sua doutrina. Converteu-se numa fora radiante que se estende progressivamente pelo mundo.

Depois das provas de uma guerra de cinco anos, depois do luto e do vazio causado por tantas partidas, muitos olhares chorosos se voltam para ele.

Ns, que temos conhecido as dificuldades e os sofrimentos do princpio, comprovamos com alegria este imenso impulso que leva as almas para nossas crenas. Contudo, para assegurar a difuso e o triunfo definitivo, para obter o respeito de seus adversrios e desempenhar o papel salvador que lhe corresponde na obra de ressurgimento da Ptria, o Espiritismo deve cumprir uma condio absoluta, sem a qual no possvel xito algum, e esta condio no outra, que a de ser sempre honrado, seguindo as tradies de seu venerado fundador.Captulo V

ANLISE DA MEDIUNIDADE

0 fenmeno da mediunidade complicado e exige certas explicaes. Todos os que estudaram alguma coisa das cincias ocultas sabem que o homem tem um organismo fludico invisvel, invlucro inseparvel da alma, que progride, se aperfeioa e se purifica com ela.

0 corpo fsico, com seus cinco sentidos, no seno sua representao grosseira, sua prolongao no plano material. Os sentidos psquicos, sufocados debaixo da carne na maioria dos homens, recobram uma parte de seus meios de ao e de percepo, durante o sono e depois da morte.

Este invlucro sutil na realidade nossa verdadeira forma indestrutvel, anterior ao nascimento e sobrevivente morte.

Ele o assento permanente das faculdades do esprito, enquanto que o corpo material no seno uma espcie de vestimenta emprestada.

Esta forma elstica e comprimida explica o fenmeno do crescimento por sua ao sobre o corpo do menino, que ele faz desenvolver at que alcance seu tamanho normal.

A mediunidade , pois, o poder que possuem certos seres de exteriorizar esses sentidos profundos da alma que, na maioria de ns, permanecem inativos e guardados durante a vida terrestre; uma maneira de penetrar por antecipao no mundo dos Espritos.

Em muitos casos, no so os Espritos que vm ao mdium, seno este quem vai at eles. A clebre vidente de Prvorst se queixava um dia de que os Espritos se metiam em sua vida ntima. E estes a contestaram: "No somos ns que viemos a ti; s tu quem vem a ns."

A mediunidade , pois, por excelncia, a reveladora das potncias da alma; tambm, um resumo de nosso modo de vida e de percepo no Mais-Alm. Desta forma apresenta um duplo interesse.

A participao do mdium em muitos fenmenos grande e no se pode desconhecer que, geralmente, sua personalidade desempenha neles um certo papel. Mas, medida que suas faculdades se desenvolvem, torna-se mais consciente da parte que se lhe pode atribuir e da que corresponde aos Espritos, especialmente nos fenmenos de escrita.

Entre os mdiuns em desenvolvimento, o crebro comparvel a um teclado incompleto, ou melhor dizendo, a uma placa fotogrfica desigualmente sensibilizada, que registra de uma forma imperfeita as imagens e os pensamentos que deve reproduzir.

0 pensamento do Esprito no est representado seno por trechos de frases e fragmentos de idias. Impe-se a necessidade, pois, para este de encher as lacunas, utilizando termos e imagens tomados dos costumes do mdium.

Em muitos fenmenos, dizemos, se encontra uma parte atribuda ao mdium, a seu prprio fundo de idias, de conhecimentos e de expresses.

Com efeito, entre pensar e expressar-se com o prprio crebro e faz-lo por intermdio de um crebro estranho h uma grande diferena.

Nosso rgo cerebral est adaptado por um prolongado e constante adestramento a nossa mentalidade pessoal e revela um dos aspectos de nosso "eu". No ocorre o mesmo com um crebro estranho e temos que compreender as dificuldades que experimentam certos Espritos para comunicar se de modo to claro e preciso como quando estavam na Terra.

Esta dificuldade, que muito acentuada nos fenmenos de escrita, se encontra, tambm, ainda em menor grau, nos fenmenos de incorporao.

Assim, nosso guia, que dispe de uma vontade e de uma fora psquica excepcionais, e que sabe tomar plena posse dos mdiuns que utiliza, serviu-se algumas vezes de termos graciosos, que no lhe eram familiares e que tirava do vocabulrio do mdium.

A espessa cortina que nos separa do alm-tmulo permanece impenetrvel, para o homem revestido de seu manto carnal; porm, o esprito exteriorizado do mdium, assim como o esprito livre do morto, pode atravess-la com a mesma facilidade que um raio de sol atravessa uma teia de aranha.

suficiente somente a exteriorizao de um s de seus sentidos psquicos para que o mdium perceba os rudos, as vozes, as formas do mundo invisvel.

A interveno dos Espritos no , pois, necessria em certos fenmenos, como os de viso e audio.

Porm, se o mdium capaz de penetrar em Alm-Tmulo por suas prprias faculdades, no seria incapaz de transmitir aos vivos as mensagens dos habitantes dessas regies.

Inclusive, pode, nos casos de incorporao, proporcionar-lhes os meios de manifestar-se aos humanos com tanta preciso e intensidade como-se

o tivessem feito durante sua permanncia na Terra, com seu prprio organismo.

0 fenmeno da incorporao permite aos Espritos dar-nos provas de identidade mais abundantes e mais convincentes que qualquer outro dos procedimentos de comunicao. Os que conheceram o morto no podem confundir-se: a voz, os trejeitos, as idias emitidas constituem outros tantos elementos de certeza no que concerne personalidade do manifestante, especialmente quando se sabe que o mdium no pde conhec-lo, nem recorrer a nenhum informe sobre sua maneira de ser e seus costumes.

Eu pude dispor durante mais de trinta anos de uma excelente mdium falante, por meio da qual podia comunicar-me com o Alm-Tmulo e receber as instrues necessrias para prosseguir meus trabalhos.

Tive a desgraa de perder esta mdium nos fins de 1917 e, desde ento, tornaram-se bastante limitadas as relaes com meus guias.

Depois d anos de uma privao cruel, num certo dia de vero, vi chegar duas senhoras parisienses portadoras de uma carta de recomendao do Senhor Leymarie, e que vinham passar um ms de frias na Touraine. Eram-me completamente desconhecidas.

Durante o transcurso de uma conversao, falando de um cego, meu amigo, que havia obtido comunicaes escritas, estas senhoras expressaram o desejo de v-lo trabalhar. Organizei uma pequena sesso.

Ignorava eu, todavia, que uma delas era mdium, pois no me havia dito nada. Assim minha surpresa foi grande quando logo a vi cada em transe e ouvi uma voz forte que anunciava a presena de meu guia, do poderoso Esprito cujos sbios conselhos e terna solicitude me dirigiram e sustentaram sempre em minhas tarefas de propagandista.

Durante a conversao que entabulamos, de quase uma hora, este Esprito me exps seus pontos de vista acerca da situao do Espiritismo, falando-me de nossos trabalhos comuns no passado com detalhes minuciosos, que a mdium no podia conhecer em absoluto. Todos os assistentes que h muito haviam participado das sesses que descrevi em meu livro "No Invisvel", reconheceram Jernimo de Praga, enquanto a mdium ignorava completamente tudo quanto se referia a esse esprito eminente.

Aps um instante de repouso, outra entidade inteiramente diferente se comunicou e pudemos ouvir a doce voz da senhora Forget. Madame Forget era a mdium preciosa a quem me refiro mais acima, j liberada ento de seus laos terrestres.

Com essa jovialidade que a caracterizava fez com que a reconhecessem em seguida seus amigos presentes, e nos disse que, vendo-me privado de sua presena, em conseqncia de sua partida, de toda relao com o Alm-Tmulo, ps-se em campo, "pulando como um rato". A fora de procurar, havia terminado por descobrir uma mdium capaz de substitu-Ia. Ajudada por Jernimo de Praga, havia sugerido dita senhora que viesse a Tours para se pr minha disposio.

Ambas as senhoras parisienses criam perfeitamente, ao virem minha casa, que realizavam suas prprias intenes. 0 que demonstra, uma vez mais, que os homens cedem, mais rapidamente do que geralmente crem, influncia dos Espritos.

No transcurso da mesma sesso, um incidente veio proporcionar-nos uma notvel prova de identidade.U m de nossos mdiuns escreventes registrou, com ajuda de um benevolente Esprito, a queixa de um suicida que implorava a ajuda de nossas oraes. Este suicida lamentava sua situao dolorosa em termos que permitiram reconhec-lo.

Uma senhora vizinha, que veio convidada por um membro do grupo e assistia pela primeira vez a uma reunio esprita, manifestou a princpio seu ceticismo acerca dos fenmenos obtidos. Porm, ao ler a ltima comunicao, empalideceu, perturbou-se e declarou que se tratava de seu pai, de seu prprio pai, que se havia enforcado, h alguns meses, em conseqncia de reveses de fortuna. Este fato nos foi confirmado posteriormente por outros habitantes da mesma localidade.

Afirmei que o Espiritismo a religio da famlia. Com efeito, as relaes constantes que nos permite manter com nossos queridos mortos, so em nossa vida, outros tantos elementos de fora moral e de elevao.

Nossas reunies ntimas so sempre um doce consolo e conforto. Por exemplo: em 2 de novembro passado, dia dos mortos, nos reunimos em uma

sesso, na qual, por dois mdiuns em transe, nossos queridos invisveis vieram uma vez mais conversar conosco.

Enquanto as multides invadiam os cemitrios em busca de uma forma tangvel de recordao, ns comungvamos com nossos amigos do espao, no recolhimento do pensamento e na doce intimidade do corao.

Depois dos ensinamentos de Jernimo de Praga e de Allan Kardec, escutamos as narrativas humorsticas de Massenet.

Logo, presenciamos uma cena emotiva, na qual o Esprito da me de um amigo nosso, cego, veio proporcionar a seu filho e sua nora advertncias e ternas exortaes que lhes arrancaram soluos. Deu-lhes conselhos preciosos acerca de uma situao delicada. E tudo isso por intermdio de um mdium que no havia conhecido o dito esprito.

Numa palavra, tivemos durante algumas horas toda a gama de sensaes e emoes em uma linguagem que ia do grave ao doce, do gracioso ao severo, e que nos causou uma profunda impresso. Ao nos separarmos, sentimos que os laos que nos uniam nossa famlia espiritual haviam se estreitado ainda mais e que algo de serenidade dos grandes espaos havia descido s nossas almas.

0 fenmeno esprita, dizamos, varia de natureza e de intensidade segundo as aptides dos mdiuns. Se na ordem dos fatos materiais o esprito busca sobretudo os mdiuns depositrios e transmissores de foras radiantes, na ordem intelectual dedicar sua ateno, de preferncia, aos que, por terem uma certa cultura, lhe oferecem recursos mais amplos para a ecloso de expresses e idias.

muito difcil a um Esprito produzir mensagens de forma literria ou cientfica por meio de um crebro inculto. Se, com um grande esforo de

Vontade pode fazer expressar por esse crebro nomes, palavras, datas que no se acham registrados de antemo, no lhe possvel prolongar esse esforo por muito tempo.

"Quando se nos oferece uma corneta, dizia um Esprito, no podemos obter dela os sons de uma harpa".

Outro se servia da seguinte comparao: "Ns experimentamos a mesma repugnncia em nos servirmos de um crebro inculto como uma delicada mo de mulher se serve de um enorme ferrolho enferrujado."

Acontece, s vezes, nas sesses, que vrios mdiuns escreventes obtm simultaneamente mensagens firmadas com o mesmo nome, expressando idnticas idias, embora com formas diferentes. Por isso, entre os assistentes, se fazem muitos comentrios salpicados de suspeitas e de crticas. Temos que colocar esses fatos entre as fraudes e as imposturas ou ver neles a interveno de espritos pouco escrupulosos?

Eis aqui o que nos diz, a esse respeito, um de nossos guias:

"A telegrafia sem fios revelou que uma fasca eltrica produzida por corrente de alta freqncia envia ondas em todas as direes. E estas ondas podem ser captadas por aparelhos receptores dispostos igualmente em todas as direes. Uma mesma mensagem pode ser, pois, percebida ao mesmo tempo por vrios ouvintes. Este fenmeno se baseia numa lei que se aplica tambm s emisses fludicas. Estas, no lugar de serem produzidas por um dnamo, podem s-lo por um pensamento dirigido voluntariamente, de certa maneira. Um esprito encarnado ou desencarnado pode, pois, produzir, em determinadas condies, uma chispa exatamente igual das correntes de alta freqncia e enviar ondas em todas as direes., Estas ondas podem ser percebidas por sensitivos encarnados ou desencarnados que faam as vezes de receptores. Um esprito desencarnado pode influir perfeitamente, segundo estas leis e no mesmo instante, sobre vrios mdiuns, sem se mover do plano que habitualmente ocupa; e assim poder enviar uma mensagem escrita, numa mensagem visual (transmisso de imagens por televiso), uma mensagem auditiva, etc... conforme os mdiuns atuados e, como as faculdades intelectuais so mais sensveis em nosso plano do que no vosso, poder ditar a seus mdiuns vrias mensagens de diferentes teores, sem ter necessidade, por isso, de se deslocar."

Quanto ao problema da subconscincia, que tem sido complicado e enrolado vontade, se resume simplesmente pela ao em ns e fora de ns, desse centro psquico do qual j falamos, onde se fundem, em um nico sentido, todos os meios de percepo e de sensao da alma. Inconsciente, subconsciente, subliminal, ego superior, no so seno palavras para designar um mesmo princpio, o centro de nosso "eu", de nossa inteligncia, de nossa conscincia plena e ntegra.

Por seu desprendimento parcial ou total do corpo fsico, esse centro recobra seu poder de irradiao, e ao mesmo tempo se despertam neles as recordaes, os reconhecimentos, as aquisies adormecidas em estado de viglia e que os sculos passados foram acumulando no fundo do ser. Nessas condies, o mdium pode penetrar nos mundos visvel e invisvel e recolher e transmitir seus ecos, seus rumores, seus ensinamentos.

A telepatia, a psicometria, a premonio, a leitura do futuro, os fenmenos da intuio e at certos fatos de ordem magntica se referem a esta forma de ao. A mediunidade constitui, pois, a possibilidade de irradiar nossas foras e nossos sentidos ocultos. Nesse estado, o mdium oferece mais facilidade e rapidez ao Esprito para manifestar-se.

Nos fenmenos de escrita, o Esprito pode dirigir-se seja ao subconsciente, seja conscincia normal do mdium. 0 subconsciente, no primeiro caso, transmite ao crebro as sugestes do manifestante, porm, o mdium no perceber to vivamente a personalidade estranha que se manifesta nele. Ento sua influncia pessoal ser preponderante e inevitvel.

0 mdium pode, pois, entrar em relao com o Alm-Tmulo de duas maneiras: por dissociao de seu centro psquico, que lhe permite exercitar seus sentidos no mundo invisvel e penetrar em seus mistrios, ou pela ao direta dos espritos sobre seu organismo fludico, por meio de transe, da escrita, da mesa, da prancheta, etc... 0 primeiro procedimento o mais eficaz, porque sua aplicao repetida aumenta pouco a pouco o poder de irradiao do mdium e lhe abre o acesso aos planos superiores; assim adquire a plenitude do seu "eu" pela unio ntima da conscincia superior com a conscincia fsica.

Por outro lado, essa a finalidade geral da evoluo da alma: ampliar incessantemente o campo de suas irradiaes e de suas percepes; ao mesmo tempo uma forma de preparao para a vida no Espao, a possibilidade de gozar suas profundas alegrias e sua harmonia sublime.

Na realidade, pode-se dizer que a mediunidade preenche toda a Histria. Ela um dos focos que iluminam de sculo em sculo a marcha da Humanidade.

Os inventores, os poetas, os escritores clebres, quase todos aqueles a quem classificamos de gnios, tinham os sentidos psquicos mais desenvolvidos e recebiam as inspiraes de altas entidades do Espao. Parece corro se um vasto programa se desenvolvesse atravs do tempo. As invenes, os descobrimentos se sucedem numa ordem prevista para marcar as etapas da civilizao.

Neste imponente rol, a mulher tem uma parte considervel, sem falar de Joana D'Arc, cuja misso salvou a Frana no sculo XV, misso que estudamos em outra parte, com todos os detalhes; recordemos sobre este ponto a opinio de "Paracelso", o grande mdico do Renascimento. Depois de lanar ao fogo seus livros de medicina, declara: " das bruxas de quem aprendi tudo quanto sei de prtico e benfico." Michelet em "La Sorcire", se exprime da mesma forma. Sabido que na Idade Mdia e durante o Renascimento todos os mdiuns eram considerados como bruxos. Ainda hoje o entre as mulheres de quem citamos as mais notveis faculdades psquicas.

Recordemos tambm que os grandes predestinados, os profetas, os fundadores de religies, todos os mensageiros da verdade e do amor mantiveram comunicao com o Invisvel. Graas a eles se estendeu pelo mundo o pensamento divino. Suas palavras e seus ensinos brilham como relmpagos em nossa noite e formam outras tantas brechas sobre o desconhecido, sobre o Infinito.

Podem comparar-se a esses clares que se produzem entre as nuvens quando h tempestades, mostrando-nos o cu azul profundo, luminoso, para ocultar-se em seguida. Porm, esse instante basta para nos permitir entrever a vida ascensional e a grande hierarquia das almas que se escalonam na I luz, de crculo em crculo, de esfera em esfera, at Deus.

Em torno de ns flutua, na atmosfera, a multido de inmeras almas inferiores e atrasadas, presas por seus fluidos grosseiros esfera de atrao d Terra e de cujos vcios no se livraram com a morte. Porm, acima dos tristes horizontes de nosso globo, planam as legies de Espritos protetores, benfeitores, de todos aqueles que s esperam pelo Bem, pela Verdade, pela Justia. A escala das inteligncias e das conscincias vai graduando-se at s almas poderosas e radiantes, depositrias das foras divinas.

As vezes, essas altas entidades interferem na vida dos povos.

No o fazem sempre de um modo to notrio como na epopia de Joana D'Arc. Geralmente sua ao de menos relevo, mais obscura, porque se as potncias invisveis, se Deus mesmo desejam ser conhecidos, tambm desejam que o homem faa seu esforo e lute para conhec-los.

Quanto eleio dos meios e formas que esses grandes Seres utilizam, temos que recordar que nosso saber muito restrito e nossas medidas muito curtas para abarcar os vastos pianos do Invisvel. Porm, os fatos a esto incontestveis, inegveis, como pudemos ver no transcurso da guerra passada.

De tempos em tempos, atravs da obscuridade que nos envolve, no fluxo e refluxo dos acontecimentos, nas horas decisivas d Histria, quando uma sociedade, uma nao ou a prpria Humanidade se acha em perigo, uma emanao, uma delegao do poder supremo interfere para reagir contra o mal.

Vem mostrar aos homens que h, acima da Terra, infinitos recursos e sociedades melhores, s quais podemos chegar desde j com nossos pensamentos e chamadas e que um dia lograremos alcanar por nosso prprio mrito e esforo.

ndice de nomes prprios

01 - AKSAKOFF (Alexandre) - Notvel investigador esprita russo. Autor de Animismo e Espiritismo. Realizou experincias com a clebre mdium Euspia Paladino. (1832 - 1903)

02- ARTHUR HILL - Mdium 03 - ALLAN KARDEC - Codificador da Doutrina Esprita. 3 de outubro de 1804 - 31 de maro de 1869 04- BOUTROUX - Filsofo .

05 - BOTAZZI - Diretor do Instituto de Fisiologia da Universidade de Npoles 06 - BROFFERIO - Professor universitrio. Assinou atas de comprovao de fenmenos havidos em casa de M. David, em 13 de janeiro de 1899, em Avignon. 07 - BRMOND - Assina as atas dos fenmenos, em Avignon 08 - CONAN DOYLE (Arthur) - Mdico e escritor esprita ingls. (1859 - 1930) 09 - CHALLIS - Professor da Universidade de Cambridge, Inglaterra .10 - CARDARELLI - Senador italiano. Realizou experimentaes, juntamente com o professor Botazzi. 11 - CANUEL - Assina as atas dos fenmenos, em Avignon 12 - CREWE - Clarividente e amigo de Conan Doyle 13 - DARIEX - Estudioso dos fenmenos psquicos (Sociedade de Investigaes Psquicas de Londres). 14 - DAVID (M) - Realizou reunies em Avignon, com bons resultados. - Pgs.

15 - DOMENACH - Tenente francs. Assina as atas dos fenmenos de Avignon. 16 - EUSAPIA PALADINO - Grande mdium italiana, desde os 14 anos, em 1868, prestando-se a inmeras experincias com sbios renomados: Lombroso, Aksakoff, Myers, Delanne, Bozzano, etc.

17- ERMCORA - Doutor em Fsica 18- FINZI (G) - Doutor em Fsica

19 - FREDERICO MYERS - Professor da Universidade de Cambrigde 20 - FLAMMARION (Camille) - Clebre astrnomo francs. Esprita e grande colaborador de Allan Kardec. 21 - M. FOURCADE - Esprito comunicante. 22 - FORGET (Senhora) - Mdium conhecida de Leon Denis.

23 - GUSTAVE LE BON - Mdico e sociolgico francs. (1841 - 1931) 24- GEROSA - Professor universitrio

25 - GURNEY - Da Sociedade de Investigaes Psquicas.

26 - GALLAS (Mme.) - Mdium

27 - GRIMAUD (Padre) - Fundador de uma Escola para surdos-mudos, em Avignon

28 - GRALD MASSEY - Opina sobre Espiritismo

29 - GRACIA - Pessoa que a mdium encontra.

30 - HODGSON (Richard) - Amigo desencarnado de William James.

31 - HYSLOP J. - Professor da Universidade de Columbia, USA.

32 - JERNIMO DE PRAGA - Leon Denis.

33 - JOANA D'ARC - Herona 1431)

34 - KATIE KING - Esprito comunicante por Florena Cook.. 35 - LOMBROSO (Csar) - Criminologista, mdico. Fez experimentaes com Eusapia Paladino. Autor de: Hipnotismo e Espiritismo.

36 - LODGE (Oliver) - Fsico ingls. Pesquisou com Eusapia Paladino. Escreveu: Raymond ou Vida e Morte.

37 - JULIA AMES - Mdium

38 - MAXWELL - Estudioso dos fenmenos psquicos. (Sociedade de Investigaes Psquicas).

39 - MANTON - Nome de um Esprito.40 - MASSENET (Jules) - Compositor francs. (1842 - 1912)

41 - MICHELET (Jules) - Escritor francs. (1798 - 1874)

42 - OLIVIER CROMWELL - Membro do Parlamento ingls. - (1599 - 1658)

43- PHILIPS - Amigo de Conan Doyle. 44 - PAUL GIBIER - Bilogo francs, colaborador de Pasteur. Esprita militante.

45 - PARACELSO - (Theophrastus Bombast Von Hohenheim) - Suo, mdico, filsofo hermtico alquimista. (1493 - 1541).

46 - PIPER (Eleanor) - Grande mdium do sculo XIX..

47 - RICHET (Charles) - Grande fisiologista francs. (1850 - 1935).

48 - RAYMOND LODGE - Filho de Oliver Lodge. Como Esprito, d importantes revelaes a seu pai.

49 - ROUSSEL - Assina as atas dos fenmenos, em Avignon.

50 - RUPERTO - Esprito do filho do pastor Wynn.

51 - RICE - Mdium

52 - SCHIAPARELLI - Diretor do Observatrio Astronmico de Milo.

53 - STEAD (W) - Jornalista ingls.

54- THOMPSON (Mrs) - Mdium

55 - TOURNIER - Assina as atas dos fenmenos de Avignon.

56 - WILLIAM JAMES - Filsofo e psiclogo americano. (1842 - 1910). 57 - WILLIAM CROOKES - Qumico e fsico ingls (1832 - 1919) - Estudou durante 3 anos os fenmenos do Esprito Katie King. Escreveu: Fatos Espritas. 58 - WYNN - Pastor protestante - Pgs. 40, 41, 42. 59 - PIET BETJA - Esprito que se apresenta - 59 Pieta Betja Espirito que se apresenta

60 - LEYMARIE (Pierre Gaetan) - Grande colaborador de Allan Kardec, na divulgao das obras espritas. FIM