a ação dos espíritos sobre os fluídos - leon denis

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A AÇÃO DOS ESPÍRITOS SOBRE OS FLUÍDOS Mas, foi no Capítulo XIV de "A GÊNESE", que Allan Kardec ampliou-nos o entendimento a respeito da ação dos pensamentos e da vontade sobre os fluídos espirituais, a saber: O pensamento e a vontade são para os Espíritos aquilo que a mão é para o homem; Usando o poder dos pensamentos, os Espíritos modificam as qualidades e as propriedades dos fluídos espirituais; Os fluídos espirituais adquirem as qualidades boas ou más dos pensamentos; Os maus pensamentos corrompem os fluídos espirituais, como os miasmas deletérios corrompem o ar respirável; Os fluídos que rodeiam ou que são projetados pelos maus Espíritos são viciados; Os fluídos que recebem a influência dos bons Espíritos são tão puros, quanto permitem o seu grau de perfeição moral; O pensamento do Espírito encarnado age sobre os fluídos espirituais, de modo semelhante ao do Espírito desencarnado; Os fluídos espirituais são assimilados pelo perispírito (corpo espiritual) do Espírito encarnado, como a esponja se embebe de um líquido; Os fluídos agem sobre o perispírito, e este, por sua vez, reage sobre o organismo material com o qual está em contato molecular;

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A Ação Dos Espíritos Sobre Os Fluídos - Leon Denis

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Page 1: A Ação Dos Espíritos Sobre Os Fluídos - Leon Denis

A AÇÃO DOS ESPÍRITOS SOBRE OS FLUÍDOS

Mas, foi no Capítulo XIV de "A GÊNESE", que Allan Kardec ampliou-nos o entendimento a respeito da ação dos pensamentos e da vontade sobre os fluídos espirituais, a saber:

O pensamento e a vontade são para os Espíritos aquilo que a mão é para o homem;

Usando o poder dos pensamentos, os Espíritos modificam as qualidades e as propriedades dos fluídos espirituais;

Os fluídos espirituais adquirem as qualidades boas ou más dos pensamentos;

Os maus pensamentos corrompem os fluídos espirituais, como os miasmas deletérios corrompem o ar respirável;

Os fluídos que rodeiam ou que são projetados pelos maus Espíritos são viciados;

Os fluídos que recebem a influência dos bons Espíritos são tão puros, quanto permitem o seu grau de perfeição moral;

O pensamento do Espírito encarnado age sobre os fluídos espirituais, de modo semelhante ao do Espírito desencarnado;

Os fluídos espirituais são assimilados pelo perispírito (corpo espiritual) do Espírito encarnado, como a esponja se embebe de um líquido;

Os fluídos agem sobre o perispírito, e este, por sua vez, reage sobre o organismo material com o qual está em contato molecular;

Se os fluídos forem de boa natureza, o corpo físico recebe, assim, uma impressão salutar;

Se os fluídos forem maus, a impressão é penosa; Se os maus fluídos forem permanentes e enérgicos, podem

determinar desordens físicas: certas moléstias não têm outra causa senão esta;

Os ambientes nos quais abundam os maus Espíritos estão impregnados de maus fluídos;

Num ambiente de atmosfera moral salubre, os eflúvios fluídicos são salutares;

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Quando alguém consegue a cura de um paciente com boas palavras, é porque o pensamento benfazejo traz consigo fluídos reparadores que atuam tanto sobre o físico, quanto sobre o moral;

À invasão dos maus fluídos, é preciso opor os bons fluídos; Trabalhando pela própria melhoria íntima, o homem reveste-se

de bons fluídos e atrai a presença dos bons fluídos.

O PAPEL DOS FLUÍDOS NA MEDIUNIDADE CURADORA

Depois da morte de Allan Kardec, foi apresentado ao público um texto muito importante que se encontra publicado na Primeira Parte do livro "Obras Póstumas". Nesse texto, Allan Kardec fala-nos a respeito dos médiuns e dos fluídos que são emitidos pelo perispírito deles e dos Espíritos, denominados de fluídos perispiríticos.

Ainda nesse texto, Allan Kardec atribuiu o desenvolvimento da mediunidade à natureza mais ou menos expansiva do perispírito do médium e da maior ou menor facilidade da sua assimilação com o perispírito do Espírito.

Para Allan Kardec, a ocorrência dos inúmeros fenômenos mediúnicos depende de três fatores: 1) Das relações entre os Espíritos e os médiuns; 2) Das afinidades entre os Espíritos e os médiuns; 3) e das combinações de seus respectivos fluídos perispiríticos.

Ainda nesse mesmo texto, Allan Kardec tratou, com uma profundidade magistral, a respeito dos médiuns curadores, merecendo destaque os seguintes pontos:

A mediunidade curadora é diferente da força magnética, dada a natureza da sua energia e a instantaneidade na sua ação;

A faculdade dos médiuns curadores é espontânea e alguns a possuem sem nunca terem ouvido falar de magnetismo;

A faculdade de curar pela imposição das mãos deriva de uma força excepcional de expansão dos fluídos emitidos pelo médium;

As causas que concorrem para o aumento da força da faculdade curadora são: a pureza dos sentimentos, o desinteresse, a benevolência, o desejo ardente de proporcionar alívio, a aprece fervorosa, a fé em Deus e as qualidades morais do médium;

O fluído emitido pelo médium de bem possui propriedades benfazejas e reparadoras;

Pela combinação dos fluídos emitidos por um Espírito com os emitidos por um médium, os fluídos conjugados adquirem propriedades novas, que separadamente não as teriam, ou que não as teriam no mesmo grau;

A prece atrai o concurso dos bons Espíritos, que são sempre solícitos em ajudar os homens bem-intencionados;

Os fluídos emitidos pelos bons Espíritos e pelos homens bem-intencionados casam-se mais facilmente;

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O homem de bem, que apela para a assistência dos bons Espíritos, tem a sua força fluídica aumentada por eles;

Uma grande força fluídica, aliada à maior soma possível de qualidades morais, pode operar, em matéria de curas, verdadeiros prodígios;

A confiança do doente aumenta poderosamente a ação fluídica do médium e do bom Espírito, e Deus, quase sempre, recompensa a fé do doente, concedendo-lhe o êxito no que ele procura;

A fé tem o poder de curar. Já o emprego de certas palavras ou fórmulas não o tem;

Os médiuns curadores são diferentes dos médiuns receitistas. Estes médiuns não exercem, de si mesmos, nenhuma influência, porque são simples médiuns escreventes que servem mais facilmente de intérpretes aos Espíritos para as prescrições médicas, transmitindo o pensamento de um Espírito.

AS VIRTUDES DO MÉDIUM CURADOR

Allan Kardec, na "Revista Espírita" do mês de março de 1860, no artigo "Um Médium Curador: Senhorita Désirée Godu, de Hennebon (Morbihan)", apresenta o relato do Sr. Pierre sobre a notável especialidade da mediunidade curadora da Senhorita Désirée: ela penetra os doentes com o seu olhar; o Espírito lhe indica os remédios; ela trabalha orando e cuida dos doentes, sabendo inspirar-lhes confiança e achar consolações para as suas dores; ela tem uma alegria e uma fé contagiosas e um enorme espírito de caridade.

Allan Kardec, em seguida, elogiou o emprego digno que a senhorita Godu faz da excepcional faculdade curadora de que é dotada e faz a recomendação das seguintes virtudes para o médium curador: humildade, simplicidade e modéstia para continuar contando com a assistência dos bons Espíritos e com o dom precioso que recebeu de Deus para ser útil aos semelhantes.

E para concluir o estudo sobre a mediunidade curadora da Senhorita Désirée, Allan Kardec publicou informações complementares muito interessantes, na "Revista Espírita" de abril de 1860, no artigo "Cartas do Dr. Morhéry sobre a senhorita Désirée Godu", e na "Revista Espírita", de maio de 1860, no artigo "Correspondência do Dr. Morhéry narrando várias curas obtidas com a medicação indicada pela senhorita Désirée Godu". Para os estudiosos da mediunidade curadora, a leitura desses artigos é muito importante.

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A REAFIRMAÇÃO DA GRANDE DIFERENÇA ENTRE OS MAGNETIZADORES E OS MÉDIUNS CURADORES

Allan Kardec, na "Revista Espírita" do mês de janeiro de 1864, publicou um artigo intitulado "Médiuns Curadores". Transcreveu uma carta que havia recebido de um espírita, falando de seus estudos acerca dos fluídos e do desenvolvimento de sua mediunidade curadora.

Esse médium curador deixava claro que havia obtido sucesso em diversas curas, fazendo emissão fluídica, com a ajuda de Deus e com o concurso dos guias espirituais, após o recolhimento e a evocação, seguindo preceitos evangélicos.

Em seqüência a essa carta, nesse mesmo número da "Revista Espírita", Allan Kardec publicou, também, uma importante comunicação do Espírito Mesmer, através do médium Sr. Albert. Essa comunicação, obtida espontaneamente após a leitura da citada carta na Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, em 18 de dezembro de 1863, contém ensinamentos muito valiosos que reafirmam as diferenças importantes existentes entre os magnetizadores e os médiuns curadores, a saber:

A vontade, em diferentes graus de desenvolvimento, serve para curar e aliviar.

Existem o fluído animal e o fluído espiritual, que são conhecidos também como magnetismo animal e magnetismo espiritual.

Um gênero de magnetismo, muito mais poderoso, é a prece dirigida a Deus por uma alma pura e desinteressada.

Quem magnetiza pensa apenas em derramar seu próprio fluído sobre o paciente que está sob os seus cuidados, sem se preocupar com a Providência que está interessada no caso tanto ou mais que o magnetizador.

O magnetizador isoladamente não pode obter mais do que a sua força, sozinha, pode produzir.

Os médiuns curadores operam após elevar a alma a Deus, reconhecendo que, por si mesmos, nada podem realizar.

A humildade e a abnegação do médium curador fazem com que Deus envie poderosos socorros, que o magnetizador não pode obter por se julgar suficiente para o empreendimento.

Deus eleva e recompensa  o médium humilde e sincero e rebaixa o magnetizador orgulhoso.

O socorro que Deus envia aos médiuns curadores vem através de bons Espíritos.

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Os bons Espíritos penetram o médium curador com seu fluído benéfico, que é transmitido ao doente.

O magnetismo transmitido pelos médiuns curadores é mais potente e produz curas qualificadas de miraculosas.

O poder da cura depende da natureza do fluído derramado pelos bons Espíritos sobre o médium curador.

O magnetizador comum, por vezes, se esgota em vão a fazer os passes, ao passo que o médium curador infiltra no doente um fluído regenerador, pela simples imposição das mãos, graças ao concurso dos bons Espíritos, concedido apenas para quem tem fé sincera e pureza de intenção.

Ainda, nesse mesmo artigo, Allan Kardec transcreveu uma comunicação do Espírito Paulo, apóstolo, obtida no mesmo dia, através do médium Sr. Albert. Essa comunicação ensina-nos que os médiuns curadores devem:

Ter disposição e a fé que levanta montanhas, o desinteresse que purifica os atos da vida, e a humildade que os santifica;

Perseverar na obra de beneficência que empreendem; Empregar a sua faculdade curadora com a prece, que é uma

vontade forte, um guia e um ponto de apoio; Seguir os exemplos do Cristo de vontade firme no bem, de

doçura constante, de submissão à vontade do Pai e de perfeita abnegação.

Visando a esclarecer melhor as diferenças entre o magnetismo e a mediunidade curadora, Allan Kardec explicou-nos que:

O fluído magnético ordinário pode dar, a certas substâncias propriedades particulares ativas. Assim, ele age, de certo modo, como agente químico modificador do estado molecular dos corpos ou de certos órgãos, dependendo de sua ação mais ou menos salutar e de sua qualidade;

O fluído pessoal, que o magnetizador transmite, por se originar do perispírito, sofre a influência das qualidades materiais do corpo material, ao qual está unido, bem como das qualidades morais do Espírito encarnado. Assim, a pureza desse fluído não é absoluta, de forma que a sua ação curativa é lenta, por vezes nula, e por outras vezes nociva, quando transmite ao doente princípios mórbidos;

A qualidade dos fluídos de um magnetizador, que é um Espírito encarnado, ´e muito variável em seu grau de pureza, de forma que, embora um fluído seja bastante abundante e enérgico para produzir efeitos instantâneos de sono, de catalepsia, de atração ou de repulsão, absolutamente não se segue que ele tenha as qualidades necessárias para curar: a força que derruba, não é o bálsamo que suaviza e restaura;

Os fluídos dos Espíritos encarnados ou desencarnados inferiores podem ser mesmo muito maléficos;

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O fluído perispiritual dos Espíritos superiores está despojado de todas as impurezas da matéria e está, de certo modo, quintessenciado, de forma que a sua ação é salutar e benfazeja;

O fluído dos Espíritos superiores não se encontra entre os encarnados, nem entre os Espíritos vulgares. É preciso, pois, pedir a Deus a ação desses Espíritos elevados;

O médium curador emite pouco de seu fluído, mas, com o fluído de um Espírito superior, que o penetra e ao qual ele serve de condutor, ele pode magnetizar com o magnetismo espiritual que vem dos Espíritos superiores, e que difere do magnetismo animal, que vem do homem;

Para curar pela ação fluídica, o médium curador precisa dos fluídos mais depurados, benéficos e saudáveis, que pertencem aos Espíritos superiores;

Com a prece feita com fervor e fé, o médium curador invoca o concurso dos Espíritos superiores, demonstrando humildade e sentimento de benevolência, caridade, devotamento e desinteresse. Assim, as suas forças podem ficar centuplicadas em poder  e eficácia;

O poder do fluído dos Espíritos superiores, ao passar pelo médium curador, pode perder as suas qualidades, se o médium não for puro de coração e não estiver trabalhando pelo seu melhoramento moral;

Entre o magnetizador (que não conta com a assistência dos bons Espíritos) e o médium curador há uma diferença capital: o magnetizador magnetiza com o seu próprio fluído e fica limitado às suas próprias forças; o médium curador magnetiza com o fluído depurado dos bons Espíritos, que ajudam apenas o médium curador que opera com um fim humanitário e caridoso, demonstrando desinteresse pessoal;

Os médiuns curadores tendem a multiplicar-se com a propagação do Espiritismo, mostrando a existência de um magnetismo mais poderoso que o humano;

A mediunidade curadora se preserva do charlatanismo quando é empregada com um desinteresse absoluto, material e moral, em favor do próximo, que atrai o concurso dos Espíritos superiores. Assim, o médium curador cumpre as recomendações de Jesus: "Ide! Expulsai os demônios, curai os doentes"  e  "Dai de graça o que de graça recebestes".

O PODER CURATIVO DO MAGNETISMO ESPIRITUAL Allan Kardec, na "Revista Espírita" do mês de abril de 1865,

transcreveu um depoimento sobre uma cura espontânea e direta, realizada pelo Espírito Dr. Demeure, por meio do magnetismo espiritual. O Espírito aliviou a Senhora G... dos sofrimentos de um entorse.

O próprio Espírito Dr. Demeure, observado pela Sra. G..., que era médium vidente e sonâmbula muito lúcida, operou fricções e massagens sobre a perna doente, como teria feito um médico. A operação foi dolorosa e a paciente, por vezes, vociferava e fazia movimentos desordenados.

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Depois de dez minutos, todo o traço do entorse desapareceu, a inflamação cedeu e o pé tomou a sua aparência normal, deixando a Sra. G... curada.

Depois de apresentar esse depoimento, Allan Kardec colocou como observações os seguintes pontos:

A cura decorreu do magnetismo espiritual puro, sem qualquer mistura com o magnetismo humano.

Por vezes, os Espíritos se servem de médiuns especiais, como condutores de seu fluído: são os médiuns curadores, cuja faculdade apresenta graus muito diversos de energia, conforme sua aptidão pessoal, e a natureza dos Espíritos, pelos quais são assistidos.

O próprio Allan Kardec afirmou que conheceu em Paris uma pessoa que estava presa ao leito por sofrimentos na perna e no joelho. Um médium curador cuidou dessa pessoa com a simples imposição das mãos sobre a cabeça, durante alguns minutos, e com a prece, que o doente acompanhava com fervor. Durante o tratamento, o paciente sentia a impressão de que várias mãos massageavam e estiravam a sua perna. Logo, houve uma melhora muito sensível e o doente começou a andar, embora a antigüidade e a gravidade do mal tornassem a cura mais difícil e demorada.

O médium curador tem uma ação mais poderosa sobre certas pessoas do que sobre outras, e não cura todas as doenças.

As afinidades fluídicas têm um papel capital em todos os fenômenos de mediunidade, o que significa que não é por que se obteve uma cura, mesmo difícil, que todas as outras poderão ser obtidas.

O fluído humano jamais tem a pureza e o poder reparador do fluído depurado dos bons Espíritos.

Como o resultado da mediunidade curadora não depende do médium, ela não pode se tornar uma profissão.

A verdadeira superioridade do médium curador está em sua modéstia, que o leva a fazer o bem sem ostentação e sem procurar o brilho.

O que Jesus dizia quando havia curado alguém: "Ide, dai graças a Deus e não o digais a ninguém", é uma grande lição para os médiuns curadores sobre a modéstia.

A mediunidade curadora depende exclusivamente da ação fluídica mais ou menos instantânea.

A mediunidade curadora não deve ser confundida com o magnetismo humano.

A mediunidade curadora não deve ser confundida com a faculdade que certos médiuns têm de receber dos Espíritos a indicação de remédios. Estes últimos são apenas médiuns receitistas, como outros são médiuns poetas ou desenhistas.

CONSELHOS RELATIVOS À PRÁTICADA MEDIUNIDADE CURADORA

Allan Kardec, na "Revista Espírita" do mês de setembro de 1865, publicou uma carta de um espírita que pedia alguns conselhos relativos à prática da mediunidade curadora pela imposição das mãos.

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Os conselhos de Allan Kardec não deveriam ser dirigidos apenas para ele que se ocupava dessa questão com ardor, empregando a fé em Deus e a prece, mas para os espíritas em geral.

Evidentemente, Allan Kardec não deixou passar essa oportunidade para ressaltar os princípios fundamentais da mediunidade curadora, consagrados pela sua experiência, a saber:

O conhecimento da mediunidade curadora é uma das conquistas que devemos ao Espiritismo;

A mediunidade curadora é, por si só, toda uma ciência, porque se liga ao Magnetismo, abarca as doenças propriamente ditas, e abrange todas as variedades tão numerosas e complexas, de obsessões, que também influem no organismo;

A mediunidade curadora é exercida pela ação direta do médium sobre o doente, com o auxílio de uma espécie de magnetização de fato, ou pelo pensamento;

O magnetizador magnetiza com o seu fluído pessoal; mas o médium curador magnetiza com o fluído dos bons Espíritos, ao qual serve de condutor;

O fluído produzido pelo homem é o magnetismo humano; O fluído proveniente dos Espíritos é o magnetismo espiritual; Os fluídos produzidos pelos homens e os fluídos produzidos

pelos Espíritos têm uma grande diferença nas suas qualidades e nos seus efeitos;

O fluído humano está sempre mais ou menos impregnado de impurezas físicas e morais do Espírito encarnado;

O fluído dos bons Espíritos é necessariamente mais puro e, por isso mesmo, tem propriedades mais ativas, que acarretam uma cura mais pronta;

Todo médium curador verdadeiro tem a necessidade absoluta de trabalhar para a sua depuração espiritual, para o seu melhoramento moral, com vistas a não alterar as propriedades benéficas dos fluídos elaborados pelos bons Espíritos;

O fluído espiritual será tanto mais depurado e benfazejo quanto mais puro e desprendido da matéria for o Espírito que o fornece;

As qualidades morais do médium curador, isto é, a sua pureza de intenção e de sentimento, o seu desejo ardente e desinteressado de aliviar o seu semelhante, aliados à saúde do corpo, dão ao seu fluído um poder reparador que pode, em certos indivíduos, aproximar-se das qualidades do fluído espiritual;

O fluído espiritual, mais poderoso que o fluído humano, em razão de sua pureza, produz efeitos mais rápidos e, por vezes, quase instantâneos. Não pertencendo esse fluído ao magnetizador, resulta que a fadiga do médium curador é quase nula;

O Espírito pode agir diretamente, sem intermediário, sobre um indivíduo, como foi constatado em muitas ocasiões. Assim o Espírito pode aliviar e curar. Mas, a mediunidade curadora só existe quando um homem serve de intermediário para o Espírito;

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O médium curador recebe o influxo fluídico de um Espírito, mas influi nesse ato;

Por isso mesmo, as qualidades morais do médium curador devem ser: a modéstia, a humildade, o devotamento e o desinteresse;

Na mediunidade curadora há, quase sempre, a ação simultânea do fluído espiritual e do fluído humano. A predominância de um ou de outro fluído torna a cura mais ou menos rápida;

Durante a ação do médium curador, os bons Espíritos que lhe vêm em ajuda, derramam sobre ele seu próprio fluído, que pode decuplicar ou centuplicar a ação do fluído puramente humano;

Os Espíritos se rendem à prece, se ela for fervorosa e sincera. Atraídos pela prece, os Espíritos usam a vontade para imprimir ao fluído espiritual ou humano, uma boa direção e uma energia maior. No homem de vontade enérgica, a corrente produzida tem o efeito de uma ducha;

A prece, que é um pensamento, quando fervorosa, ardente e feita com fé,produz o efeito de uma boa magnetização. Além disso,a prece chama o concurso dos bons Espíritos, que dirigem ao doente uma corrente fluídica salutar;

A possibilidade de suavizar certos sofrimentos e certas moléstias, mesmo de os curar, ainda que não instantaneamente, a todos, é dada, sem que haja necessidade do homem ser um magnetizador;

Como todos podem apelar aos bons Espíritos, orar e querer o bem do próximo, muitas vezes basta impor as mãos sobre a dor para a acalmar: é o que pode fazer qualquer um, se tiver fé, fervor, vontade e confiança em Deus;

A mediunidade curadora é uma aptidão que se desenvolve pelo exercício, sobretudo, pela prática do bem e da caridade;

A mediunidade curadora, empregada de forma racional, está intimamente ligada ao Espiritismo, porque usa essencialmente o concurso dos bons Espíritos. Os que não acreditam na existência dos Espíritos, nem na alma, nem na eficácia da prece, não se colocam nas condições exigidas para a prática da mediunidade curadora, que não pode ser exercida maquinalmente.

Allan Kardec, em seguida a estes ensinamentos valiosos sobre a mediunidade curadora , publicou um depoimento sobre uma cura extraordinária de uma fratura muito complicada, no antebraço, obtida através da magnetização espiritual, com a participação do Espírito Dr. Demeure e outros, exemplificando, mais uma vez, a ação curadora dos bons Espíritos.

Depois de publicar esse depoimento extenso, Allan Kardec fez as seguintes observações:

O Espírito dirige o fluído perispiritual com a sua vontade e modifica as propriedades desse fluído pela simples ação da vontade.

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A cura da fratura foi produzida pela magnetização espiritual, pela ação do fluído emanado do próprio Espírito.

Esse fluído espiritual, embora etéreo, não deixa de ser matéria.

O Espírito pode impregnar e saturar, com esse fluído, todas as moléculas da parte doente do corpo material.

O Espírito pode modificar as propriedades desse fluído, dando-lhe uma virtude curativa adequada às necessidades.

O poder do fluído está na razão do número, da qualidade e da homogeneidade dos elementos que constituem o grupo de pessoas chamado a fornecer seu contingente fluídico.

Os fluídos ativam a secreção que deve produzir a soldadura dos ossos. Assim, este produz a cura mais rápida do que quando entregue a si mesma.

AS CURAS MARAVILHOSAS DO ZUAVO CURADOR Sr. JACOB

Allan Kardec, na "Revista Espírita" do mês de outubro de 1866, reproduziu textos publicados em diversos jornais a respeito das curas maravilhosas realizadas no campo de Châlon, por um jovem zuavo espírita.

Em seguida, discorreu sobre as causas para essas curas, a saber:

Essas curas têm simplesmente por princípio uma ação fluídica dirigida pelo pensamento e pela vontade.

Para a obtenção das curas é preciso um ser humano suficientemente provido do fluído, e adepto a lhe dar a energia necessária.

A faculdade de curar está na Natureza e muitos indivíduos a possuem, mas em graus muito diferentes.

Alguns indivíduos dotados da faculdade curativa agem com conhecimento de causa, como o zuavo; outros agem sem se dar conta do que se passa.

A faculdade de curar não é universal, isto é, não cura todos os casos. Se o homem tivesse tal poder seria igual a Deus.

Allan Kardec comentou, ainda, que conhecia pessoalmente o zuavo Sr. Jacob, que era médium escrevente e propagador zeloso do Espiritismo. O Sr. Jacob havia feito alguns ensaios parciais de mediunidade curadora e teve nessa faculdade um desenvolvimento rápido e considerável durante sua estada no campo de Châlons.

Logo em seguida, Allan Kardec publicou um relatório produzido pelo Sr. Boivinet. membro da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, contendo fatos surpreendentes das curas constatadas por ele próprio.

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Ainda, Allan Kardec salientou que o dom de curar não é resultado do trabalho, nem do estudo, nem de um talento adquirido. Por isso, não pode ser considerado um mérito. Por outro lado, o médium dotado de faculdade de curar não passa de um instrumento passivo, de que os Espíritos se servem hoje e podem deixar amanhã, caso o médium não saiba utilizá-la na seara do Bem.

Porém, o mérito real do médium curador está no emprego que faz de sua faculdade; no zelo, no devotamento e no desinteresse com os quais põe o seu dom a serviço útil daqueles a quem pode beneficiar; e na modéstia, na simplicidade, na abnegação e na benevolência contidas em suas palavras e ações.

Allan Kardec, na edição seguinte, de novembro de 1866, da "Revista Espírita", retornou às curas obtidas pelo Sr. Jacob e prosseguiu com diversas considerações muito valiosas sobre a mediunidade curadora, a saber:

DIFERENÇA ENTRE OS MÉDIUNS CURADORES E OS MÉDIUNS RECEITISTAS: Há uma diferença radical entre os médiuns curadores e os médiuns que obtêm prescrições médicas da parte dos Espíritos. Estes são médiuns escreventes comuns, mas com essa especialidade na obtenção das comunicações dos Espíritos.

MÉDIUNS CURADORES: Os médiuns curadores curam só pela ação fluídica, em mais ou menos tempo, mas, às vezes instantaneamente, sem o uso de qualquer remédio.

BONS FLUÍDOS PARA OS ENFERMOS:  O poder curativo dos médiuns curadores está inteiramente no fluído depurado a que servem de condutores para os enfermos. Assim, eles agem dentro das leis naturais e não há nisso nada de miraculoso.

APTIDÃO ESPECIAL: A mediunidade curadora é uma aptidão especial, tão independente da vontade quanto todas as outras faculdades mediúnicas.

O CONCURSO DOS ESPÍRITOS: A aptidão para curar pertence ao médium, mas o exercício da faculdade depende do concurso dos Espíritos.

FACULDADE INOPERANTE: Quando os Espíritos não querem agir ou não querem mais se servir de um médium curador, este se assemelha a um instrumento musical sem o músico. Assim, o médium curador perde instantaneamente a sua faculdade, o que exclui a possibilidade de transformá-la em uma profissão.

LIMITES DA MEDIUNIDADE CURADORA: A mediunidade curadora tem seus limites. A ação fluídica que ela conduz pode dar sensibilidade a um órgão do corpo material, fazer desaparecer um obstáculo ao movimento físico ou à percepção e cicatrizar uma ferida, porque o fluído age como um verdadeiro agente terapêutico e produz uma reação química semelhante à

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de certos medicamentos. Mas, a mediunidade curadora não pode repor a falta de um órgão que foi destruído, porque isto seria um verdadeiro milagre. Assim, existem doenças incuráveis e a mediunidade curadora não livra a humanidade de todas as suas enfermidades.

VARIAÇÕES NA MEDIUNIDADE CURADORA E NA AÇÃO DOS FLUÍDOS: A mediunidade curadora não é uniforme para todos os médiuns. Ela apresenta nuanças e aspectos muito diferentes. Dependendo do seu grau de desenvolvimento, a ação é mais ou menos rápida, ampla ou circunscrita. Assim, um médium curador pode ter sucesso sobre certas moléstias e sobre certas pessoas, mas, em certas circunstâncias, pode falhar completamente em casos aparentemente idênticos. O temperamento e a constituição física do médium curador dão características peculiares e propriedades especiais aos fluídos, de forma que sua ação varia de caso para caso. A ação pode ser enérgica e muito poderosa em certos casos, mas pode ser nula em outros casos. Assim, só a experiência pode levar ao conhecimento da especialidade e da extensão da aptidão da faculdade do médium curador. Porém, não existem médiuns curadores universais, porque não existem homens perfeitos e com um poder ilimitado.

MEDIUNIDADE CURADORA E OBSESSÃO ESPIRITUAL: A faculdade de curar não implica que só o médium curador consiga libertar os obsidiados de uma obsessão espiritual. Isto porque a ação deve ser moral e a pessoa que trata da obsessão deve possuir uma autoridade moral sobre o Espírito obsessor. O fluído curador pode ajudar somente quando a obsessão está acompanhada de afecções orgânicas. Assim, certos médiuns curadores são impotentes para a cura da obsessão.

A MEDIUNIDADE CURADORA, A MEDICINA E OS MÉDICOS: A mediunidade curadora não veio suplantar a medicina e os médicos. Ela simplesmente veio provar que existem coisas espirituais que as ciências médicas não sabem e que precisam estudar.

A MEDIUNIDADE CURADORA E O EXERCÍCIO ILEGAL DA MEDICINA: A mediunidade curadora escapa completamente da lei sobre o exercício ilegal da medicina, porque ela não prescreve nenhum tratamento médico. Apenas exerce uma ação fluídica direcionada pela prece, e nada cobra pelos serviços fraternos prestados. A prece por uma pessoa doente é um ato religioso e não uma substância farmacêutica.

DISPOSIÇÃO ORGÂNICA: A mediunidade curadora é uma disposição. Muitas pessoas a possuem ao menos em germe, mas fica em estado latente se não for exercitada e desenvolvida.

PARTICIPAÇÃO DOS ESPÍRITOS SUPERIORES: A mediunidade curadora exige, indispensavelmente, a participação dos Espíritos depurados, que procuram quem lhes desperta a simpatia. Estes não podem ser substituídos por Espíritos inferiores que, em certas circunstâncias, podem obter certos efeitos mediúnicos.

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PARTICIPAÇÃO DO MÉDIUM CURADOR: Para o médium curador há a necessidade absoluta de se conciliar com o concurso dos Espíritos superiores, se ele quiser conservar e desenvolver a sua mediunidade curadora. A primeira condição para isso é trabalhar pela sua própria depuração, para não alterar os fluídos salutares que vai transmitir e ter o mais completo desinteresse material e moral. O desinteresse é incompleto sem o desinteresse moral.

DECADÊNCIA DA MEDIUNIDADE CURADORA: O médium curador vê declinar e desaparecer a sua mediunidade curadora quando ele não consegue extirpar o orgulho, o egoísmo e a vaidade; quando se julga indispensável aos bons Espíritos e o único intérprete da verdade; quando deprime outros médiuns; e quando não ouve os bons conselhos que lhe são dados.

O MÉDIUM CURADOR ORGULHOSO: O médium curador orgulhoso não vê a sua faculdade curadora se desenvolver, mas sim se aproximar do declínio. Então, a queda do médium curador orgulhoso ocorre mais cedo ou mais tarde, e lhe é uma punição.

QUALIDADES DO MÉDIUM CURADOR: As qualidades do bom médium curador são: devotamento, abnegação e humildade.

ATRIBUTOS DO MÉDIUM CURADOR BOM E VERDADEIRO: O bom e verdadeiro médium curador: compreende a santidade de sua missão; é movido pelo desejo de fazer o bem; torna útil a sua faculdade aos seus semelhantes; tem a humildade e a modéstia no coração; demonstra sinceridade em suas intenções; não procura o brilho, nem o renome para satisfazer a sua vaidade; não exibe as curas que realiza; não se julga o primeiro e nem o único capaz de fazer o bem; não inveja e nem deprime outros médiuns, pois os considera como irmãos que concorrem para o mesmo objetivo; não se julga infalível, nem universal; sabe que outros médiuns podem tanto ou mais que ele; tem mais fé em Deus do que em si mesmo; sabe que nada pode sem Deus; e nada promete porque tudo depende da permissão de Deus.

INFLUÊNCIA MORAL E MATERIAL: O médium curador junta a influência moral à influência material. Assim, tem sempre a palavra benevolente e encorajadora, que levanta o moral e que faz nascer a esperança e a confiança em Deus.

AÇÃO MORAL: A ação moral do médium curador já é parte da cura, porque a consolação que espalha predispõe o doente a receber o eflúvio benéfico e o seu pensamento benevolente já é um eflúvio salutar.

AÇÃO MATERIAL: O médium curador, sem a sua influência moral, tem apenas a sua ação fluídica material, que de certo modo e em muitos casos, é insuficiente para curar.

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A SIMPATIA DOS BONS ESPÍRITOS: O médium curador que tem as qualidades do coração é bem amado pelos bons Espíritos.

A BENEVOLÊNCIA: O médium curador benevolente desperta a simpatia no doente, predispondo-o à assimilação dos fluídos.

A FALTA DE BENEVOLÊNCIA: No médium curador orgulhoso, a falta de benevolência gera no doente um sentimento de repulsa, que paralisa a assimilação dos fluídos.

A PREFERÊNCIA DOS BONS ESPÍRITOS: Os bons Espíritos somente se ligam aos médiuns curadores que se mostram dignos de sua ação e proteção.

AS CURAS IMPRESSIONANTES DO PRÍNCIPE DE HOHENLOHE

Allan Kardec, na "Revista Espírita" do mês de novembro de 1866, no artigo intitulado "O Príncipe de Hohenlohe, Médium Curador", transcreveu as curas impressionantes obtidas por esse Príncipe, em 1829, através da prece, da confiança em Deus e da imposição das mãos, sobre a cabeça, as quais foram publicadas pelo jornal "La Verité".

Em seguida, Allan Kardec publicou uma comunicação do Espírito Príncipe de Hohenlohe, dada na Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, em 26 de outubro de 1866, através do médium Sr. Desliens. Nessa comunicação, o Espírito comunicante ofereceu os seguintes ensinamentos sobre a mediunidade curadora.

A faculdade de que ele era dotado, quando encarnado, era simples resultado da sua mediunidade.

Ele era um instrumento: os Espíritos agiam.

A sua colaboração na cura era o seu grande desejo de fazer o bem e a sua convicção íntima de que a Deus tudo é possível.

As curas que ele obtinha vinham incessantemente aumentar a sua fé.

A mediunidade curadora foi exercida em todos os tempos e por indivíduos pertencentes às diversas religiões.

Deus, como um bom Pai, ama igualmente a todos os Seus filhos. Assim, espalha a Sua solicitude sobre todos, mas, mais particularmente, sobre os que mais necessitam de apoio para avançar. Assim, não é raro encontrar homens dotados de faculdades extraordinárias na multidão dos homens simples.

Independentemente da crença íntima de um indivíduo, se suas intenções forem puras, e se ele estiver inteiramente convencido da realidade do que crê, em nome de Deus, ele pode operar grandes coisas.

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Só há uma maneira melhor do médium curador exercer a sua faculdade: ser modesto e puro e transferir para Deus e às potências que dirigem a sua faculdade tudo o que realizar.

Os médiuns curadores que perdem os instrumentos da Providência são aqueles que não se julgam simples instrumentos. Eles querem que seus méritos sejam reconhecidos. Assim, o orgulho os embriaga e o precipício se entreabre sob os seus passos.

O príncipe Hohenlohe considerava como milagres as manifestações de que era objeto. Mas, agora, como Espírito, sabia que é uma coisa inteiramente natural. Tudo se acomoda na imutabilidade das leis do Criador, para que Sua grandeza e Sua justiça permaneçam intactas. Se Deus fizesse milagres, então se poderia presumir que a verdade não fosse bastante forte para afirmar-se por si mesma. Por outro lado, seria ilógico demonstrar a eterna harmonia das leis da natureza, perturbando-as com fatos que estão em desacordo com a sua essência.

Todo mundo pode adquirir, em certa medida, a faculdade do médium curador. Agindo em nome de Deus, cada um fará as suas curas.

Os privilegiados no ato de curar aumentarão em número, à medida que a Doutrina Espírita se vulgarizar, porque haverá mais indivíduos animados de sentimentos puros e desinteressados.

A INTERVENÇÃO DOS PARENTES NAS CURAS

Allan Kardec, na "Revista Espírita" de junho de 1867, publicou uma carta do Grupo Curador de Marmande, que cuidava dos obsidiados e dos doentes com a moralização e com os fluídos.

Os bons Espíritos desse Grupo pediam o concurso dos parentes nos casos de moléstias, para fazer os passes fluídicos ou a imposição das mãos, com boa vontade e confiança em Deus. Os resultados eram surpreendentes, como podiam ser constatados nas narrativas de alguns casos de curas obtidas.

Em seguida, Allan Kardec ressaltou que os bons Espíritos assistem os que seguem o bom caminho com perseverança, dedicação, zelo, sinceridade, abnegação e humildade.

Por outro lado, também recomendava a interferência dos parentes e amigos dos doentes nas curas porque significava um caminho para a popularização da mediunidade curadora.

O MAGNETISMO COMPARADO COM O ESPIRITISMO

Allan Kardec, na "Revista Espírita" de junho de 1867, publicou uma dissertação do espírito E. Quinemant, (que em vida praticou o Magnetismo do ponto de vista exclusivamente material), dada na Sociedade Parisiense

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de Estudos Espíritas, em 12 de maio de 1867, através do médium Sr. Desliens, e intitulada "O Magnetismo e o Espiritismo Comparados".

Dessa dissertação podem ser ressaltados os seguintes pontos:

A elevação da alma para desejar a cura do doente é uma verdadeira magnetização espiritual.

A maioria dos magnetizadores não ataca senão os princípios mórbidos materiais, deixando de lado a situação moral do indivíduo. então, ataca-se o efeito, que é a doença material, e não a causa moral, que continua existindo e produzindo novos efeitos mórbidos.

O Espiritismo revela o magnetismo espiritual e é a chave da abóbada da saúde moral e material da Humanidade.

DIFERENÇA ENTRE OS MÉDICOS E OS MÉDIUNS CURADORES

Allan Kardec, na "Revista Espírita" de outubro de 1867, ressaltou as importantes distinções existentes entre os médicos e os médiuns curadores, a saber:

É um erro crer que a mediunidade curadora venha destronar a Medicina e os médicos.

A mediunidade curadora vem mostrar à Medicina e aos médicos que existem na natureza recursos e forças que ignoravam e com os quais podem beneficiar a ciência e os doentes.

A mediunidade curadora depende da assistência dos Espíritos. Estes podem paralisar os seus efeitos, quando retiram o seu concurso.

O desinteresse material é um dos atributos essenciais da mediunidade curadora.

A faculdade do médium curador nada lhe custou; não lhe exigiu estudo, nem trabalho, nem despesas. Recebeu-a gratuitamente, para o bem dos outros, e deve, portanto, usá-la gratuitamente.

A Medicina é uma das carreiras sociais que o médico abraça para dela fazer uma profissão; e a ciência médica só se adquire a título oneroso, por um trabalho assíduo, por vezes penoso. O saber do médico é uma conquista pessoal, o que não é o caso da mediunidade curadora.

Haverá sempre médiuns curadores, porque sempre os houve, e esta faculdade está na natureza. Mas os médiuns curadores só agem por influência fluídica, sem o emprego de medicamentos.

A mediunidade curadora é um modo especial e não um meio absoluto de cura. O fluído, como um agente terapêutico aplicável em certos casos de

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doenças, vem juntar-se aos recursos da Medicina. Assim, a mediunidade curadora e a Medicina podem marchar juntas, auxiliarem-se mutuamente, suplementarem-se e se completarem uma a outra.

A mediunidade curadora vai além do corpo material, porque engloba o ser espiritual. Este possui atributos próprios, percepções independentes dos órgãos corporais e, muitas vezes, revela conhecimentos adquiridos anteriormente, numa existência precedente.

OS CONSELHOS DE UM ESPÍRITO SOBRE A MEDIUNIDADE CURADORA

Allan Kardec, na "Revista Espírita" de outubro de 1867, publicou três comunicações do Espírito Abade Príncipe de Hohenlohe, escritas através dos médiuns Sr. Desliens e Sr. Rul, tratando da mediunidade curadora.

Os conselhos importantes ao médium curador, contidos nessas três dissertações, foram os seguintes:

FACULDADE COMUM A TODOS: Toda pessoa possui, mais ou menos, a faculdade curadora. Se cada pessoa quisesse consagrar-se seriamente ao estudo dessa faculdade, muitos médiuns que se ignoram poderiam prestar serviços úteis a seus irmãos em humanidade;

AÇÃO MORAL: A faculdade curadora não se presta apenas ao restabelecimento da saúde material; a faculdade curadora tem, também, a missão nobre e extensa de dar às almas toda a pureza moral de que são susceptíveis de obter;

DEFICIÊNCIA MORAL: O sofrimento tem, quase sempre, uma causa mórbida imaterial, residindo no estado moral do Espírito;

CAUSA VERDADEIRA: Se o médium curador só tenta curar o corpo, só atinge o efeito, pois o causa primeira está no estado moral do doente;

COMBATE À VERDADEIRA CAUSA MORAL: Se a causa primeira do mal continua, o efeito reaparece, quer sob a mesma forma anterior, quer sob qualquer outra aparência. Assim, muitas vezes, aí está uma das razões pelas quais tal doente, subitamente curado pela influência de um médium, reaparece com todos os seus acidentes, desde que a influência benéfica se afaste, porque a verdadeira causa, que é moral, não foi combatida;

TRATAMENTO DO CORPO E DA ALMA: Disso decorre que o paciente precisa ser tratado, ao mesmo tempo, do corpo e da alma;

PRÉ-REQUISITOS DO MÉDIUM CURADOR: Para ser um bom médium curador, é preciso que o corpo esteja apto a servir de canal aos fluídos materiais reparadores, e que a alma possua uma força moral adquirida com o próprio melhoramento moral;

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PREPARAÇÃO: O bom médium curador não só se prepara através da prece, mas, também, pela depuração de sua alma, a fim de tratar fisicamente o corpo pelos meios físicos, e de influenciar a alma pela força moral;

ATUAÇÃO EM TODA PARTE: Na questão da saúde moral, há doentes em toda parte e em todas as classes sociais, de forma que o médium curador deve ir aonde o seu socorro for necessário;

TRATAMENTO MORAL E FÍSICO: A mediunidade curadora tem que cuidar do tratamento moral e do tratamento físico dos doentes, reunindo-os em um só;

DESENVOLVIMENTO MORAL: O desenvolvimento moral do homem tem por objetivo principal conduzir a Humanidade à felicidade, fazendo-a adquirir conhecimentos mais completos, desembaraçando-a das imperfeições de toda a natureza, que retardam a sua marcha ascensional;

DESTRUIÇÃO DA CAUSA MORAL: Melhorando o Espírito, atacando seus vícios e suas más inclinações, os homens doentes adquirem melhores condições para suportar seus sofrimentos físicos e para repararem as desorganizações físicas. Destruída a causa moral, o efeito não tem como se manifestar de novo;

ALÍVIO MATERIAL E MELHORIA MORAL: O apogeu da mediunidade curadora será atingido quando o médium cuidar do alívio material dos doentes e da melhora moral dos indivíduos;

ATUAÇÃO NA CAUSA E NO EFEITO: Quando a mediunidade curadora cuida do melhoramento moral e do alívio material, tanto a causa dos males quanto os seus efeitos são combatidos vitoriosamente;

DESOBSESSÃO: A mediunidade curadora pode levar ao tratamento dos Espíritos obsessores, com a participação de médiuns e de Espíritos sobre a personalidade desencarnada. Assim, a mediunidade curadora abarca ao mesmo tempo, a saúde moral e a saúde física, o mundo dos homens e o mundo dos Espíritos;

CURA DAS DORES FÍSICAS E DOS SOFRIMENTOS MORAIS: Conforme o estado da alma e as aptidões do organismo do médium curador, ele pode curar, se Deus o permitir, tanto as dores físicas quanto os sofrimentos morais, ou ambos;

MELHORIA DO MÉDIUM CURADOR: Deus não pede a perfeição ao médium curador. Deus pede que ele se melhore, que faça esforços constantes para se purificar, e Deus leva em conta a sua boa vontade nesse sentido;

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TUDO VEM DE DEUS: Quando o médium curador deseja aliviar as dores dos irmãos que sofrem física e moralmente, deve ter confiança e esperar que Deus lhe conceda esse favor;

SOCORRO SEM DISTINÇÃO: Todos os irmãos têm o direito ao socorro do médium curador, sejam ricos ou pobres, crentes ou incrédulos, bons ou maus;

ATRIBUIÇÕES DO MÉDIUM CURADOR: O médium curador deve curar quem quer que sofra; deve ensinar o doente a orar e a purificar a sua alma ainda mais sofredora; deve dedicar-se à sua obra de caridade e de amor; deve crer que o bem, embora retardado para uns, jamais fica perdido; deve melhorar-se pela prece e pelo amor a Deus e aos irmãos; deve acreditar que Deus lhe dá ocasiões freqüentes de exercer a sua faculdade mediúnica; deve orar feliz para agradecer e adorar ao Pai celeste, junto com os irmãos que obtiveram a cura; e deve elevar uma prece ao Criador, mesmo ante a ingratidão da alma endurecida que obteve a cura do corpo, porque quanto mais um doente sofre, mais cuidados lhe deve dar o médico;

CONDUTAS DO MÉDIUM CURADOR: O médium curador deve, ainda, ter coragem e esperança; deve orar sempre; deve progredir pela caridade moral e pela influência do exemplo; deve aproveitar a menor ocasião para esclarecer os seus irmãos; e deve, quando está junto dos irmãos que sofrem, aguardar,confiante em Deus que vela por todos, a ação dos bons Espíritos que o dirigem e o inspiram na aplicação da sua faculdade mediúnica.

A TEORIA DAS CURAS INSTANTÂNEAS

Allan Kardec, na "Revista Espírita" de março de 1868, publicou um ensaio teórico sobre as curas instantâneas, ressaltando que se tratava ainda de um tema em estudo, até que o mesmo tivesse recebido a sanção da lógica e da opinião geral dos Espíritos.

Mas, os pontos apresentados por Allan Kardec, abaixo relacionados, merecem profundas reflexões de nossa parte, pelo bom senso notável com que foram redigidos e pela perfeita concordância tanto com os itens anteriormente apresentados, quanto com os princípios do Espiritismo:

AS INFLUÊNCIAS DO MÉDIUM CURADOR SOBRE OS FLUÍDOS: As qualidades do fluído curador, verdadeiro agente terapêutico, variam conforme o temperamento físico e moral dos indivíduos que o transmitem;

FATOR CONDICIONANTE DA CURA: A cura depende, em princípio, da adequação das qualidades do fluído à natureza e à causa do mal. Eis porque um médium curador não consegue curar todos os males;

EXPIAÇÕES E PROVAS: Na maioria dos casos, as moléstias são expiações do presente ou do passado, ou provações para o futuro; são dívidas contraídas, cujas conseqüências devem ser sofridas até que tenham

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sido resgatadas. Assim, não pode ser curado aquele que deve suportar sua provação ou sua expiação até o fim. Este princípio é um motivo de resignação para o doente, mas não para que o doente não mereça a ajuda médica ou dos seus semelhantes;

A AÇÃO FÍSICA DOS FLUÍDOS: Certas doenças têm sua causa original na alteração dos tecidos orgânicos. Assim, a cura das moléstias desta natureza, pela ação de um fluído impalpável, impulsionado pela vontade, depende da substituição das moléculas orgânicas mórbidas por moléculas sadias. Trata-se, na realidade, da reparação de uma desordem orgânica pela introdução, no órgão doente, de materiais sãos, substituindo os materiais deteriorados. Esses materiais sãos podem ser fornecidos pelos medicamentos, remédios ou pelo fluído magnético, que é matéria espiritualizada;

A CURA GRADUAL: No caso de substituição molecular, necessária ao restabelecimento do equilíbrio, só se pode operar gradualmente, e não por encanto.. Assim, a cura resulta de uma ação contínua e perseverante, mais ou menos longa, conforme a gravidade dos casos;

AS CURAS INSTANTÂNEAS: As curas instantâneas não se dão indistintamente para todas as doenças, nem para todos os indivíduos;

A AÇÃO DO MAU FLUÍDO: Certas afecções, mesmo muito graves e passadas ao estado crônico, devem-se à presença de um mau fluído, que desagrega as moléculas orgânicas e perturba a sua ordem. Todos os órgãos estão em bom estado, mas o mau fluído impede o bom funcionamento; os órgãos estão sadios, mas a pessoa sente-se doente pela ação do mau fluído;

OS FLUÍDOS PERNICIOSOS: A situação anterior explica grande número de doenças, cuja origem é devida aos fluídos perniciosos penetrados no organismo;    

A EXPULSÃO DOS MAUS FLUÍDOS: Para se obter a cura, não se trata de substituir moléculas deterioradas, mas de expulsar o mau fluído, que é a causa do mal, permitindo que o equilíbrio se restabeleça e que as funções retornem ao seu curso normal;

AS LIMITAÇÕES DA MEDICINA TERAPÊUTICA: Nas doenças decorrentes da ação de um mau fluído, os medicamentos terapêuticos, que agem sobre a matéria, não têm eficácia e são inoperantes sobre o agente fluídico causador de inúmeras doenças. A Medicina terapêutica, nestes casos, falha contra os agentes fluídicos;

A SUBSTITUIÇÃO DOS FLUÍDOS: Ao mau fluído deve-se opor um fluído melhor e mais poderoso. O bom fluído infiltrado no órgão doente expulsa o fluído mau que perturba o seu funcionamento;

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A AÇÃO DO BOM FLUÍDO: Dependendo da qualidade do bom fluído, a expulsão do mau fluído pode ser rápida e o doente sentir-se imediatamente aliviado. Não estando mais congestionado, o órgão volta ao seu estado normal e retorna as suas funções naturais. Isto explica as curas instantâneas, promovidas pela ação magnética;

SÍNTESE: Em resumo, pode-se dizer que quando o mal exige a reparação de órgãos alterados, necessariamente a cura é lenta e requer uma ação contínua e um fluído de qualidade especial. Quando se trata da expulsão de um mau fluído, a cura pode ser rápida e, mesmo, instantânea;

NUANÇAS INFINITAS E CAUSAS MÚLTIPLAS: Entre os dois casos acima citados: o de alteração das moléculas orgânicas, que exige a reparação e a substituição das moléculas deterioradas, e o de infiltração de um fluído mau nos órgãos sãos, que exige a expulsão desse mau fluído pela aplicação de um bom fluído, existem nuanças infinitas. Em muitos casos de doenças, as duas causas existem simultaneamente, em diferentes graus, e com mais ou menos preponderância de cada uma, tornando-se necessário, ao mesmo tempo, expulsar o mau fluído e reparar as moléculas deterioradas. A cura só será completa após a destruição dessas duas causas;

TRATAMENTOS TERAPÊUTICOS COM TRATAMENTOS FLUÍDICOS: Quando se trata de reparar desordem orgânica e de expulsar o mau fluído para se obter a cura, os tratamentos terapêuticos, muitas vezes, precisam ser complementados por tratamentos fluídicos;

A CURA INSTANTÂNEA É RARA: A cura instantânea radical e definitiva é um caso excepcional e raro, porque a expulsão do mau fluído não se completa no primeiro golpe e porque geralmente a causa fluídica está acompanhada de alguma alteração orgânica;

O TRATAMENTO DESOBSESSIVO: Os casos de doença por infiltração de maus fluídos em órgãos sadios, muitas vezes, ligam-se à obsessão exercida por maus Espíritos. Assim, para se obter a cura, é preciso tratar, ao mesmo tempo, do doente e do Espírito obsessor;

A COMPLEXIDADE DOS TRATAMENTOS: Essas considerações mostram quantas coisas há que se levar em conta no tratamento das moléstias, e quanto ainda resta para se aprender a tal respeito.

A L L A N     K A R D E C

Estudando as obras Kardequianas aprendemos todas as realidades espirituais, inclusive as da mediunidade curadora, que é praticada com a imposição das mãos, contando com a participação dos bons Espíritos, e envolvendo aspectos tipicamente religiosos como a permissão de Deus, a prece, a fé e as virtudes morais.

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Estudando as obras de Allan Kardec não faremos mais confusões nem misturas com o Magnetismo nem com os magnetizadores, que realizam algumas práticas pessoais estranhas à Doutrina dos Espíritos.

Enfim, conhecendo estas obras, preservamos o Espiritismo na sua pureza doutrinária.

ENSINAMENTOS DE LÉON DENIS

Leon Dénis foi um competente pesquisador e estudioso do Espiritismo, dando seqüência, na França, aos trabalhos desenvolvidos por Allan Kardec.

Graças à sua enorme dedicação ao desenvolvimento e à propagação da Doutrina dos Espíritos, corroborou todos os ensinamentos de Allan Kardec, e realizou um extenso trabalho literário abordando as verdades espirituais sob os prismas filosófico, científico, religioso e moral.

Os valiosos livros publicados por Léon Denis tornaram-se um repositório dos conhecimentos espirituais. Deles, extraímos os seguintes ensinamentos importantes, relativos à mediunidade curadora:

A BELEZA E A UTILIDADE DA MEDIUNIDADE CURADORA

Léon Denis, em seu livro "Depois da Morte", Capítulo XXII: - Os Médiuns - ressaltou-nos a beleza e a utilidade da mediunidade curadora, a saber:

"Alguns médiuns servem também de intermediários aos Espíritos para transmitirem aos doentes e valetudinários eflúvios magnéticos que aliviam e, algumas vezes, curam esses infelizes. É uma das mais belas e úteis formas da mediunidade."

A FÉ, A VONTADE, A PRECE E A EVOCAÇÃO DOS BONS ESPÍRITOS PARTICIPANDO DA MEDIUNIDADE CURADORA

Já, em seu livro "No Invisível", Capítulo XV, ensinou-nos sobre a importância da fé, da vontade, da prece e da evocação dos bons Espíritos para a prática da mediunidade curadora:

"A fé vivaz, a vontade, a prece e a evocação dos poderes superiores amparam o operador e o sensitivo. Quando ambos se acham unidos pelo pensamento e pelo coração, a ação curativa é mais intensa."

CONDUTA PERANTE A MEDIUNIDADE CURADORA

Ainda nesse mesmo Capítulo do livro "No invisível", Léon Denis recomendou-nos a seguinte conduta, no momento da ação curativa:

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"Recolhei-vos em silêncio, sozinho com o paciente, e apelai para os Espíritos benfazejos que pairam sobre as dores humanas. Então sentireis descer do Alto sobre vós e propagar-se ao sensitivo o poderoso influxo. Uma onda regeneradora penetrará por si mesma até à causa do mal; e demorando, renovando semelhante ação, tereis contribuído para aligeirar o fardo das misérias terrestres".

A PRECE E O AMOR NA PRÁTICA DA MEDIUNIDADE CURADORA

Léon Denis acrescentou aí ainda o seguinte a respeito da prece e do amor durante o exercício da mediunidade curadora:

"Nunca ponhais em ação as forças magnéticas, sem lhes acrescentar o impulso da prece e um pensamento de amor sincero por vossos semelhantes. Assim procedendo, estabelecereis a harmonia de vossos fluidos com o dinamismo divino e tornareis sua ação mais profunda e eficaz".

A CURA COM OS BONS FLUIDOS E COM A ASSISTÊNCIA DOS BONS ESPÍRITOS, E A AÇÃO À DISTÂNCIA DA FORÇA DA VONTADE

Léon Denis, no Capítulo XXXII, de seu livro "Depois da Morte", ensinou-nos que a cura é obtida com uma combinação dos bons fluidos, contando com a assistência dos bons Espíritos. Além disso, mostrou que a força da vontade tem uma ação mesmo à distância para agir sobre os semelhantes:

"Graças a uma combinação íntima dos bons fluidos, sorvidos no reservatório ilimitado da Natureza, consegue-se, com a assistência dos Espíritos invisíveis, restabelecer a saúde comprometida, restituir a esperança e a energia dos desesperados. Pode-se mesmo, por um impulso regular e perseverante da vontade, agir à distância sobre os incrédulos, sobre os cépticos e sobre os maus, abalar a sua obstinação, atenuar seu ódio, fazer penetrar um raio de verdade no entendimento dos mais hostis".

A VONTADE TEM UM GRANDE PODER NA OBTENÇÃO DA CURA ESPIRITUAL

Léon Denis, em seus três importantes livros "O problema do Ser, do Destino e da Dor", "No Invisível", e "Depois da Morte", ressaltou-nos, em resumo, os seguintes pontos importantes, que confirmam o grande poder que a vontade exerce sobre os fluidos, tornando-os curativos:

"É pela vontade que dirigimos nossos pensamentos para um alvo determinado".

Page 24: A Ação Dos Espíritos Sobre Os Fluídos - Leon Denis

"A vontade pode atuar com intensidade sobre o corpo fluídico e ativar-lhe as vibrações".

"A vontade de aliviar e de curar comunica ao fluido magnético propriedades curativas".

"Pela vontade, atraímos forças boas ou más, em harmonia com os nossos pensamentos e sentimentos".

"Os fluidos, obedecendo a uma poderosa vontade, a um ardente desejo de fazer o bem, penetram os organismos debilitados e suas moléculas benéficas, substituindo as que estão doentes, restituem gradualmente a saúde aos enfermos, o vigor aos valetudinários".

"A vontade é a faculdade soberana da alma, a força espiritual por excelência, e pode mesmo dizer-se que é a essência da sua personalidade". "Seu poder sobre os fluidos é acrescido com a elevação do Espírito".

OS PENSAMENTOS EXERCEM UMA AÇÃO CRIADORA PODEROSA, POR ISSO, O MÉDIUM CURADOR DEVE

VIGIÁ-LOS E DIRECIONÁ-LOS PARA O BEM

No Capítulo XXIV, de seu livro "O Problema do Ser, do Destino e da Dor", Léon Denis ensinou-nos o seguinte, a respeito dos poderes extraordinários que o pensamento possui para criar:

"O pensamento é criador. Não atua somente em roda de nós, influenciando nossos semelhantes para o bem ou para o mal; atua principalmente em nós; gera nossas palavras, nossas ações e, com ele, construímos, dia a dia, o edifício grandioso ou miserável de nossa vida presente e futura. Modelamos nossa alma e seu invólucro com os nossos pensamentos; estes produzem formas, imagens que se imprimem na matéria sutil, de que o corpo fluídico é composto. Assim, pouco a pouco, nosso ser povoa-se de formas frívolas ou austeras, graciosas ou terríveis, grosseiras ou sublimes; a alma se enobrece, embeleza ou cria uma atmosfera de fealdade. Segundo o ideal a que visa, a chama interior aviva-se ou obscurece-se. Não há assunto mais importante que o estudo do pensamento, seus poderes e ação."

LÉON DENIS

Portanto, com esses ensinamentos valiosos, Léon Denis deixou-nos notáveis contribuições que levam à prática correta da mediunidade curadora à luz do Espiritismo.