@leme, a formação do pensamento urbanístico no brasil

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  • 7/22/2019 @LEME, A formao do pensamento urbanstico no Brasil

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    PONTIFCIA UNIVERSIDADE CATLICA DE CAMPINASFaculdade de Arquitetura e Urbanismo

    Mestrado em Urbanismo

    V SEMINRIO DE HISTRIA DA CIDADE E DO URBANISMOCidades: temporalidades em confronto

    Uma perspectiva comparada da histria da cidade, do projeto urbanstico e da forma urbana.

    SESSO TEMTICA 3:PROJETOS E INTERVENES URBANISTICAS

    PLANOS E PROJETOS URBANSTICOS ICOORDENADORA: CLIA FERRAZ (PROPUR-URFRGS)

    A Formao do pensamento urbanstico no Brasil 1895 - 1965

    Maria Cristina da Silva Leme

    Apresentao

    O trabalho prope uma anlise da formao do urbanismo nas cidades brasileiras no perodode 1895 a 1965.A fonte documental utilizada foi o levantamento sobre urbanismo e

    planejamento urbano no Brasil , desenvolvido em oito cidades brasileiras : Rio de Janeiro ,Salvador , So Paulo, Recife, Porto Alegre, Belo Horizonte, Niteri e Vitria1.

    Esta pesquisa, iniciada em 1992, permitiu levantar de forma sistemtica a produointelectual de alguns dos mais importantes urbanistas que atuaram em cidades brasileiras .

    Alguns j eram conhecidos fora das fronteiras de seus estados , caso do engenheirosanitarista Francisco Saturnino de Brito que atuou no saneamento de um nmero grandede cidades brasileiras .Outros eram conhecidos alm do meio tcnico como Prestes Maia ,

    1Este trabalho de pesquisa integrada vem sendo desenvolvido desde 1992 com o apoio do CNPq.Inicialmenteem tres cidades: em So Paulo, Maria Cristina da Silva Leme, Carlos Roberto Monteiro de Andrade , JosGeraldo Simes Jr; em Salvador Ana Fernandes, Marco Aurelio Filgueira Gomes e Antonio HeliodoroSampaio , no Rio de Janeiro Vera Rezende. Em seguida integraram a rede : Porto Alegre com Celia Ferraz deSouza e Maria Soares Almeida , Recife com Fernado Diniz Moreira e Belo Horizonte com Marco AurelioFilgueira Gomes e Fabio Lima .Mais recentemente Niteri com Marlice Nazareth Soares Azevedo e Vitriacom Eneida Souza Mendona e Jos Francisco Freitas.Este levantamento est organizado em um BancoDocumental Urbanismo e Planejamento Urbano no Brasil 1900-1965 com apresentao prevista para outubrode 1998 .Os textos analticos dos pesquisadores que formam a rede sobre a formao do urbanismo em cadacidade assim como o guia de fontes compem a publicao A Formao do urbanismo no Brasil1895-1965no prelo.

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    prefeito por duas vezes de So Paulo , na primeira vez no Estado Novo e na segunda vezpor eleio direta na dcada de 60. Neste caso divulga-se para um pblico mais amplo oPlano de Avenidas, de sua autoria , um dos documentos mais importantes de planejamentourbano para So Paulo .

    Utilizamos os dados biogrficos de trs geraes de urbanistas que atuaram de forma

    expressiva nas cidades brasileiras : os pioneiros, os engenheiros civis e arquitetos e osplanejadores urbanos. A vasta produo destes urbanistas encontra-se publicada emrevistas especializadas e em livros. So, tambm ,documentos tcnicos como planos,projetos e plantas elaborados para partes ou para o conjunto das cidades. Reuni-los nospermitiu desvendar o conjunto expressivo do que se pensou e muitas vezes se sonhou paraas cidades brasileiras.

    Observaremos que apenas uma pequena parte passou do terreno das idias para o dasrealizaes . Desenvolvemos no trabalho a hiptese que a histria das idias urbansticasnos permite estabelecer questes e procurar os nexos entre o proposto e o realizado.

    Algumas respostas foram encontradas na prpria lgica interna como se organizou ourbanismo e o planejamento urbano como disciplina e como profisso - a estrutura de ensinodas Escolas de Engenharia, de Arquitetura ,a criao de instituies e os rgos de classe ,os veculos de divulgao das idias e das prticas profissionais.

    Observa-se uma especificidade na atuao do profissional de urbanismo e de planejamentourbano no Brasil- a dupla insero profissional : em instituies de ensino e nos rgospblicos. Estes dois vnculos esto na origem desta profisso e se mantem at hoje.Estabelecem relaes entre os sistemas de chefias nos orgos pblicos e as antigasctedras das escolas e faculdades e ,se no resolve o descompasso entre o proposto e orealizado , mantm este tema em permanente debate .

    As cidades estudadas diferem muito entre si e so , por isto mesmo, uma amostrasignificativa do urbanismo no Brasil. So diferentes quanto a posio geogrfica, a origem e

    o perodo de formao. Diferem quanto ao papel que desempenharam na histria econmicae poltica do Brasil e que se reflete no ritmo de transformao de cada uma .A comparaoentre elas nos permitiu avanar em termos tericos e conceituais sobre a formao dourbanismo no Brasil.

    A organizao do material documental relativa aos planos e projetos urbansticos foi feita apartir de uma proposta de periodizao, o incio sendo definido pelo projeto de BeloHorizonte, primeira cidade planejada , que denota a ressonncia do urbanismo moderno nosmeios tcnicos brasileiros .O final do levantamento documental foi definido pela criao ,em 1965, do SERFHAU ,rgo federal que passa a centralizar e comandar a polticaurbana no Brasil.

    Identificamos tres perodos : o primeiro de 1895 a 1930; o segundo de 1930 a 1950 e oterceiro at 1965.Utilizamos como critrio , em primeiro lugar , a temtica central dosplanos e das intervenes urbanas. Observamos o aparecimento de tcnicas para resolveras questes da cidade : o saneamento, a circulao , a legislao urbanstica.A organizaodos espaos pblicos- praas, avenidas, edifcios correspondendo a refernciasestticas .As formas que assumem a interveno , o lugar objeto da interveno e a escala.

    Ao analisarmos os documentos- os planos , os artigos publicados em revistas especializadas

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    - estudamos as palavras, o que designavam , quem as formulava, quando so introduzidase porque so utilizadas.

    Exploramos ainda de forma inicial a relao do discurso com a realizao; que remete relao do contedo do plano cidade real. Os interesses em jogo, no discurso e na prtica.

    Em segundo lugar ,observamos os urbanistas .Fomos buscar nas biografias os dados sobrea formao, a insero social, a relao com o servio pblico, com a universidade, com asinstituies de classe. Em cada cidade foram criadas sociedades , instituies de classe,revistas que se constituiram como foruns para a divulgao das idias conferindo , inclusive, credibilidade ao urbanismo e ao planejamento urbano.Procuramos, por fim, estabelecer atrajetria desta rea de conhecimento, que no Brasil , tem sua origem nos cursos deengenharia - civil e engenharia- arquitetura , se mantem nas novas escolas de arquiteturacriadas na dcada de 40 e atraem ,a partir dos anos 60 , outras disciplinas , como porexemplo as cincias sociais, a geografia, a economia .

    importante destacar que durante este perodo - do final do sculo XIX aos anos 60 -estose configurando duas linhas de urbanismo : uma que se inicia nos planos de

    melhoramentos que , em seguida, se ampliam para o conjunto da rea urbana , para aaglomerao e recebem como denominao , j na dcada de 70 de planos diretores dedesenvolvimento integrado.

    A outra linhagem aquela que tem origem no movimento modernista e se difunde com osCongressos do CIAM .No Brasil a construo de Brasilia ser a ressonncia principal destemovimento .As duas linhagens so diferentes em seus princpios e objetivos .Envolvemdiferentes saberes, penetram de forma diferente nas instituies de ensino, nas instituiesde classe e esto presentes em quase todas as escolas de arquitetura. Procuramos traar atrajetria , principalmente , do planejamento urbano ,observando o aparecimento e odistanciamento do urbanismo modernista.

    1 O primeiro perodo 1895 a 1930

    No primeiro perodo so propostos e realizados melhoramentos localizados em partes dascidades .Projetando sobre a cidade existente tratava-se ainda de melhor-la.A primeiragerao de profissionais que atua neste perodo formada em cursos de engenharia , nasantigas Escolas Militares na Bahia, Pernambuco e no Rio de Janeiro ou na Escola Central noRio de Janeiro.Alguns eram formados no exterior. Ocupam cargos pblicos nas estruturasadministrativas que estavam em formao nas prefeituras das principais cidades e nogoverno do estado.

    Participam da criao e do primeiro corpo docente das Escolas Politcnicas de Engenhariaem So Paulo, na Bahia ,no Rio. Os prinicipais campos de trabalho so a construo de

    ferrovias e as obras de infraestrutura das cidades: saneamento , abertura e regularizaodo sistema virio. Elaboram projetos urbansticos para reas centrais .

    Pressionados pelas epidemias que estavam assolando as cidades a questo dosaneamento central e os engenheiros so chamados para elaborar o projeto echefiar comisses para a implantao de redes de gua e de esgoto .No levantamentorealizado destacam-se Saturnino de Brito,Theodoro Sampaio, Loureno Baeta Neves.Saturnino de Brito inicia sua atuao no final do sculo XIX , e projeta sistemas de

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    esgotamento sanitrio e abastecimento de gua para mais de de vinte cidades brasileiras.Tanto Theodoro Sampaio como Loueno Baeta neves tm uma atuao mais localizada , oprimeiro atua principalmente em So Paulo e na Bahia e o segundo em Minas.

    A circulao outra questo extremamente importante mobilizando todas as cidades ,tratava -se de transformar as estruturas urbanas herdadas de uma economia colonial em que

    a circulao se fazia mais como passagem entre as cidades e os centros produtores.Alargam-se as ruas adequando-a aos novos meios de transporte , principalmente, o bonde.

    As referncias so as grandes reformas das cidades europias no sculo XIX: Paris eViena.A nfase central est na tcnica e a esttica est presente em alguns projetos , emparticular, naqueles realizados para as reas centrais das cidades . O termo utilizado nostextos melhoramento designando questes diversas, tanto aquelas relativas ao projeto e construo de obras de infraestrutura , projetos e ajardinamento de parques de praas ,como tambm a elaborao de uma legislao urbanstica.

    A reforma e ampliao dos portos martimos e fluviais.

    A reforma e ampliao dos portos acontece nas principais cidades litorneas nas duasprimeiras dcadas do sculo XX .O porte destas reformas estende-se ,como o caso doRio de Janeiro2,do Recife3 ,de Salvador, de Niteri 4no embelezamento e remodelao depraas e na aberturas de largas avenidas .Estas obras virias arrasaram quadras inteiras ,eliminando edifcios e marcos histricos da cidade .No lugar de sobrados e vielasencortiadas grandes edifcios .No Rio ,as avenidas estabelecem a ligao entre o centro eos bairros na zona norte e na zona sul, iniciando a expanso da cidade.

    Na cidade de Vitria5 o projeto de reforma do porto j no final do sculo XIX , era partede uma estratgia de recuperao econmica da regio. Pretendia -se romper com aestagnao econmica herdada ainda do perodo colonial ,quando era proibida a penetrao

    para o interior do Brasil .A produo do estado se fazia atravs do porto do Rio de Janeiro.

    2 Conforme Rezende , a reforma do Rio envolveu o Governo Federal nas obras da reforma do porto e naconstruo das Avenidas Rodrigues Alves, Francisco Bicalho e Central e a Prefeitura que realizou as ligaesentre o centro a zona norte e sul e o embelezamento e remodelao das praas da Repblica , XV deNovembro alem de obras de canalizao dos rios Carioca e Maracan.3 Conforme Diniz Moreira A reforma urbana do bairro do Recife de 1909 a1913 se deu dentro do conjunto dasobras da reforma do porto .Foram abertas duas grandes avenidas radiais a avenida Marqus de Olinda (20metros de largura) e a avenida Rio Branco( 24 metros )Esta ultima aberta sobre um tecido urbano que nocoincidia com a mesma. .Estas avenidas confluem para uma praa o que possibilita grandes visadas .Foramdemolidos os arcos que delimitavam a entrada do bairro, a Matriz do Corpo Santo, o largo da Matriz , conjuntode sobrados.4

    Segundo Azevedo, conforme o livro, publicado para a exposio comemorativa da construo do Porto deNictheroy, descreve obras realizadas no porto e obras decorrentes desta construo: abertura da AvenidaFeliciano Sodr, arruamento de novas quadras, Praa Renascena, Edifcio da Estao Central, alm de obrasresultantes do desmonte da morros no centro da cidade.O traado das ruas com a forma de semi- crculo, temos diferentes raios concentrados na Praa Renascena ( onde est localizada a Estao Central da LeopoldinaRailway). As ruas comeam e terminam na Avenida Feliciano Sodr que complementa a Alameda SoBoaventura at a Rua Visconde do Rio Branco, constituindo uma avenida de aproximadamente 5 Km deextenso.5 Para uma anlise detalhada ver o texto de , Eneida M S Mendona O traado de novos bairros em Vitria :repercusses do projeto de um novo arrabaldeno prelo.

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    A principal obra proposta era a construo de um ramal ferrovirio ligando as regiesprodutoras a Vitria . Para mudar a feio colonial e acolher o futuro desenvolvimento dacidade encomendado ao engenheiro Saturnino de Brito o projeto de extenso da cidade .Brito projeta tres nucleos urbanos: o principal denominado Novo Arrabalde ,o bairro operrioVila Monjardim , e entre os dois ,a Vila Hortcula .Os tres somavam uma rea seis vezes

    maior do que a ocupada por Vitria na poca. O projeto do Novo Arrabalde temcaractersticas que denotam a concepo urbanstica que Saturnino de Brito vai imprimir emseus projetos e que destaca-se da produo da poca: a implantao no terreno ,adequao s condies naturais do terreno e o aproveitamento de elementos dapaisagem .

    A anlise do processo para a modernizao do porto Recife(1909-1926) nos permitedesvendar as esferas de deciso e as formas de gesto das obras de infraestrutura napoca. De acordo com levantamento realizado por Diniz Moreira6 apenas em 1909 criadauma sub-comisso dentro dos quadros da Comisso Fiscal e Administrativa do Porto do Riode Janeiro chefiada pelo engenheiro carioca Alfredo Lisboa .O financiamento consistiu emum sistema idntico ao do Rio de Janeiro - emprstimos levantados pela Unio atravs de

    contrato com a empresa selecionada por concorrncia , no caso de Recife , a empresaSociet de Construction du Port du Pernambouc ,associao entre o empresrio e deputadofrancs Edmond Bartissol com instituies de capital financeiro francs e com o deputadocarioca Demtrio Nunes Ribeiro.As obras do porto compreenderam a construo e reforo dediques e muralhas , construo de armazns , servios de dragagem e de aterros ,implantao de calamento e linhas frreas urbanas para maior evacuao e circulao deproduo de mercadorias

    A remodelao dos portos e a expanso das cidades se fez , em todos os casos estudadoscom o aterramento de reas conquistadas ao mar e tambm aos rios como no caso dePorto Alegre. Ferraz de Souza7 nos descreve o processo de formao e expanso da cidadede Porto Alegre ,em estreito promontrio sobre o esturio Guaba . No lado norte ,commelhores condies de navegabilidade ,estava situado o porto, lado de primeira expanso dacidade. Desde meados do sculo XIX a expanso da cidade se faz atravs de aterros,primeiro do lado norte e a partir dos anos 40 deste sculo, no lado sul.

    Melhoramentos nas areas centrais.

    Os projetos de melhoramentos valorizam novas reas, prximas aos centros comerciaistradicionais , e do incio , ao processo de descentralizao Em 1903 , Niteri reassumea condio de capital do Estado do Rio de Janeiro, passa por uma srie de reformas emelhoramentos para reunir no centro da cidade os prdios da administrao estadual. A

    localizao deste conjunto, a princpio cogitada para a praa Gomes Carneiro, foi transferidapara o Campo Sujo, rea pantanosa porm bem localizada, junto ao centro da cidade. Em1913, foi feito ento o projeto, pelo arquiteto francs Emlio Tessain juntamente com seu

    6 conforme levantamento realizado sobre o Recife.

    7 conforme levantamento realizado sobre Porto Alegre.

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    auxiliar, o arquiteto italiano Pedro Campofiorito. Com o retorno de Tessain para a Europa,Campofiorito deu continuidade as obras.

    Foram elaborados ento os projetos para a Assemblia Legislativa, Palcio da Justia,Secretaria de Polcia e Escola Normal , prdios eclticos, de linhas classicizantes, cominfluncias renascentista italiana, estilo ingls e francs, de acordo com a finalidade da

    edificao.Campofiorito adotou para o jardim da praa o estilo italiano com influncia francesa, comcomposio de sentido cartesiano, traado geomtrico preciso e caminhos ao longo de eixoscruzados. Seus canteiros so baixos, alinhados com ervas e arbustos, dispostos em padrosimples e simtrico. As rvores so de baixo porte, sempre aparadas.Em 1927, a obra dapraa foi concluda, com o nome de Praa da Repblica8

    A valorizao de novas reas levou ao abandono e a transformao de moradias daburguesia em cortios. Em So Paulo os projetos para o vale do Anhangaba (1906 - 1912)integram as duas encostas do vale, de um lado a colina onde se formou a cidade de SoPaulo e do outro o emergente bairro comercial valorizado pela construo do Teatro

    Municipal. A transformao do vale radical passando de rea ocupada por fundos de lotepara um jardim de alamedas e canteiros plantados para o passeio de pedestres .Esteparque era cortado por uma via de traado ligeiramente curvo em sentido longitudinal queestabelece a ligao do vale com o restante da cidade.

    A questo da circulao j est presente na definio de posturas para o alinhamento deedifcios ,na abertura, alargamento e prolongamento de vias .Mas no apenas para fluidezdo trfego que servem estas normas .Est sendo elaborado um novo modelo de cidadecom ruas largas , casas alinhadas, praas e parques com desenhos definidos de canteiro.No mais o acaso, mas o projeto do engenheiro que define as reas centrais dascidades.

    Obras de saneamento

    Francisco Saturnino de Brito contatado pelo governo estadual do Pernambuco em 1909para assumir o cargo de engenheiro chefe da Comisso de Saneamento -rgo recm criadoresponsvel pela construo de uma nova rede de esgotos da cidade.

    Na mesma forma9 como havia desenvolvido de forma integrada o saneamento e a expansopara outras cidades brasileiras ,como Vitria e Santos, Saturnino de Brito props para Recifeum plano para o servio de abastecimento de gua potvel. A proposta inclua , tambm,um plano de expanso da cidade , porem , problemas financeiros impossibilitaram arealizao do plano o e atrasaram as obras de abastecimento de gua ,s concludas trs

    anos depois das de esgoto , em 1918.

    8 Azevedo,Marlice no Levantamento documental sobre Urbanismo e Planejamento Urbano no Brasil 19001965 Sub Projeto Niteri.

    9 Conforme observa Diniz Moreira em seu levantamento.

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    A primeira gerao de urbanistas atua neste perodo na transformao dos antigos cursosde engenharia civil e militar no Rio de Janeiro , Recife, e Salvador em EscolasPolitcnicas.No caso de So Paulo, a criao da Escola Politcnica em 1894 seguiu omodelo alemo Como observa Ficher 10, o modelo adotado na estrutura curricular da EscolaPolitcnica em So Paulo aproxima-se mais do modelo germnico que unificava o ensino do

    curso fundamental e dos cursos especiais em uma nica escola, diferenciando-se daorganizao das escolas francesas em que o curso fundamental de tres anos era dado nacole Politchniquee os cursos especiais nas escolas de Ponts et Chaussesou deMines.Por esta razo que em So Paulo , da mesma forma que em Zurique e Karlsruhe aarquitetura inicialmente uma especializao da engenharia, diferente do Rio de Janeiro ,onde, como em Paris, o arquiteto formado pela Escola de Belas Artes.

    As escolas e faculdades isoladas s sero reunidas em universidades a partir dos anos 20.Omodelo do Rio de Janeiro reunindo Engenharia, Medicina e Direito seguido em outrosestados .Em So Paulo , a primeira formao da universidade incluiu tambm a Faculdadede Filosofia Cincias e Letras11.

    2.O segundo perodo ,de 1930 a 1950.O segundo perodo ,de 1930 a 1950, marcado pela elaborao de planos que tem porobjeto o conjunto da rea urbana na poca .Com uma viso de totalidade, so planos quepropem a articulao entre os bairros, o centro e a extenso das cidades atravs desistemas de vias e sistemas de transportes. Neste perodo so formuladas as primeiraspropostas de zoneamento . Organizam-se os rgos para o planejamento urbano como parteda estrutura administrativa das prefeituras das principais cidades.

    Ressalve-se que os planos de saneamento para as cidades existentes , em particular oselaborados por Saturnino de Brito desde o final do sculo XIX ,j eram elaborados com umaviso de totalidade , tanto da rea urbana existente como a sua integrao a uma area de

    expanso.Esta viso integrada inerente aos projetos de sistemas em rede de infraestruturas sero ampliados para o sistema virio e de transportes para a maioria das cidadesbrasileiras a partir dos anos 30.Tambm a legislao urbanstica controlando o uso e aocupao do solo ser propsota a partir desta data.

    Pode se afirmar que ,a partir da dcada de 30, observa-se uma nova fase de afirmao dourbanismo no mbito da universidade , expanso da atuao para a maioria das cidadesbrasileiras ,portanto , a consolidao enquanto rea de conhecimento e de prticaprofissional .

    O Plano de Avenidas ,elaborado por Francisco Prestes Maia para So Paulo em 1930, umexemplo expressivo desta forma nova de planejar a cidade. Propondo um sistema articulado

    de vias radiais e perimetrais , este engenheiro ,formado pela Escola Politecnica de So Paulo,transforma a comunicao entre o centro da cidade e os bairros e dos bairros entre si da

    10conforme Ficher Sylvia ela atribue a adoo deste modelo , provavelmente ao fato de que o principalorganizador e primeiro diretor , Antonio Francisco de Paula Souza estudou em Karlsruche onde se formaraengenheiro em 1868 in Ensino e profisso O curso de engenheiro-arquiteto da escola politcnica de SoPauloTese de doutorado FFLCH-USP , Departamento de Histria,p7

    11 Ver Almeida, Maria de Soares A Academia e o urbanismo no Rio grande do Sul 1900-1972,no prelo.

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    cidade. Projeta a cidade que se expande de forma extensiva sobre pneus , substituindoa cidade de alta concentrao de atividades e pessoas em que o transporte coletivo se fazatravs do metro ou do bonde. contrataes .O Plano de Avenidas vai ser citado comoreferncia para outras cidades.

    A circulao de idias: transferncias e tradues.

    A circulao de idias urbansticas no meio profissional se faz atravs da contratao detcnicos para a elaborao de pareceres e de planos . Em alguns casos estudos expostosem congressos se desdobram em. planos. A contratao de especialistas incluiu de diversasformas os urbanistas estrangeiros.

    As formas variaram conforme o compromisso do tcnico com a formao de profissionais.Emmuitos casos tratava-se apenas , para o especialista contratado ,de expanso do campo deatuao profissional.Foi o caso de Joseph - Antoine Bouvard nos projetos para o Vale do

    Anhangaba ,em So Paulo ,na primeira dcada ou o caso do urbanista francs DonatAlfred Agache no Rio de Janeiro no final dos anos 20 .Em alguns casos esta atuao sesomava de formao o caso de Gaston Bardet que ministra um curso em Belo Horizonteno final da dcada de 40 e tambem do padre dominicano Joseph Lebret que vem difundir oMovimento Economia e Humanismo e desenvolver um mtodo e formar escritrios depesquisas .

    Bouvard esteve em So Paulo, em 1911 para estudos sobre investimentos imobilirios eprojetos de loteamentos12Encarregado dos servios de arquitetura nas Exposies universaisde Paris .Em 1889 estava encarregado do Palais des Expositions Diverses13 levantamos ahiptese que tenha nesta ocasio conhecido o senador Antonio Prado, encarregado pelaprincesa Isabel a por em execuo um programa de despesas para a realizao daexposio do Comit Franco- Brasileiro na Exposio 14 .Quando se d a disputa entre

    projetos concorrentes para o Anhangaba Bouvard chamado para dar sua opinio eapresenta um projeto que conciliava as diferentes propostas.

    Mas no apenas os especialistas estrangeiros eram contratados , alguns engenheiros earquitetos , como Prestes Maia, Attlio Correia Lima , Armando de Godoy sero chamadospara dar consultorias em outras cidades.Os projetos para o bairro de Santo Antonio , narea central da cidade de Recife, so um exemplo de projetos polmicos que envolverameqipes locais e as disputas ultrapassaram as fronteiras do Estado .

    12 juntamente com seu amigo o banqueiro frances Lavelaye e outros investidores como Horcio BelfortSabino e Cincinato Braga associam-se a banqueiros londrinos e com o aval de Victor da Silva Freire constituema Cia City , Segundo Simes Fo, JG Anhangaba: histria e urbanismotese de doutorado , FAUUSP, 1995.p173

    13 Biblioteca Administrative de Paris , Les Archives Biographiques Contemporaines Revue MensuelleAnalytique et Critique des Hommes et des Oeuvres no IV, Paris , sd, pp273,274.

    14conforme Nery, MFJ de Santa Anna Le Bresil em 1889 BAVP, US 947.

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    Em 1927 , Domingos Ferreira , engenheiro da Seco Tcnica da Prefeitura do Recife propeum projeto de abertura de avenidas e desapropriaes no bairro.Este projeto submetido aoparecer de uma Comisso do Clube de Engenharia que apresenta duras crticas.15

    Sabendo desta polmica o engenheiro-arquiteto, Nestor de Figueiredo, pernambucanoradicado no Rio de Janeiro e que j havia trabalhado com Agache, entra na discusso ao

    apresentar um esboo de um plano urbanstico para a cidade no IV CongressoPanamericano de Arquitetos, realizado no Rio de Janeiro em 1930. Este trabalho lhe valeum convite do Prefeito Lauro Borba para vir ao Recife proferir uma palestra sobre suasidias acerca da remodelao do bairro. Nestor de Figueiredo terminou por conseguir firmarum acordo, sem nus para a Prefeitura, no qual apresentaria um Plano para o Bairro deSanto Antnio.

    Em janeiro de 1932, Figueiredo apresenta seu Plano de Remodelao do Bairro de SantoAntnio. Tal plano consistiu basicamente em um novo desenho para o bairro, que,segundo ele, deveria ser estudado em funo da cidade como um todo. Neste plano,segundo Diniz , podemos encontrar uma forte influncia de Agache: o aspecto macio,cnico, com muitas perspectivas e visuais, avenidas em Y, praas e conjuntos monumentaise, sobretudo, a idia de que o edifcio forma a cidade. Outros temas de Agache constantesno plano para o Rio de Janeiro esto tambm presentes como a Entrada do Brasil e a idiade criar-se um bairro exclusivamente de negcios.

    Figueiredo apresentou ainda um plano para o Recife Plano de Remodelao e Extenso daCidade do Recifeque constava basicamente de zoneamento e sistema virio. Em relao este ltimo, foi adotado pela primeira vez o sistema virio radial-perimetral, comunicandozonas urbanas perifricas a partir de um conjunto de avenidas que cruzavam-se em praas ens espalhados por vrios pontos da territrio.Em relao ao zoneamento, Figueiredo propezonas comerciais e de servios diferenciadas para o Bairro do Recife e para o de Santo

    Antnio. Prope ainda zona industrial e zonas residenciais segundo a densidade de

    urbana.. Prope ainda um bairro universitrio nas imediaes do Parque 13 de Maio, umsistema de parques e jardins, uma proposta de legislao e um bosque margeando o canalprincipal que marcaria o limite entre o centro expandido e a zona estritamente residencial.

    O plano de Figueiredo submetido ao parecer do engenheiro Francisco Prestes Maia de SoPaulo e Washington de Azevedo do Rio , a pedido Prefeitura de Recife. Aps a noaprovao do plano de Figueiredo pela Prefeitura, chamado o urbanista Attlio Correia Limapara novo projeto.Em agosto do mesmo ano, ele apresenta o plano para a cidade. Osistema virio tambm o radial-perimetral, procurando sempre que possvel conservar aestrutura existente. O urbanista alega que desta forma diminuiria os custos, eliminaria aexcessiva convergncia para o centro e o reduziria o trfego. O ponto marcante do projeto foia disposio das perimetrais, seis ao todo, enquanto as duas primeiras situavam-se ainda no

    ncleo central, perfazendo uma espcie de permetro de irradiao, outras trs ligavambairros ento suburbanos e a ltima cortava zonas perifricas extremas no adensadas.

    15 O parecer do eng. Jos Estelita separa os engenheiros por categorias aqueles, funcionrios municipais ,que se ocupam do dia a dia e aqueles , como ele ,em instituies de classe , capazes de uma viso abrangente.Nas suas palavras , critica entregar os planos geraes ,os planos de embelezamento de uma cidade afuncionrios municipaes que vivem ocupados com detalhes de cousas diarias.(...)jamais tero tempo paragrandes reflexes para deliberao muito seria, de alta responsabilidade e que exijam uma larga viso de futuro

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    Partindo das duas primeiras perimetrais encontraria-se um conjunto de 5 vias radiais quedirigiriam-se para o interior, estruturando do territrio urbano.

    Attlio Corra Lima tambm chegou a propor um zoneamento para a cidade. Como podemosobservar na descrio do plano16 as zonas so as mesmas , porem se referem a partesdiferentes da cidade.Tambm o plano de Attilio Corra Lima no aprovado .

    Em 1943 , a Comisso do Plano da Cidade chama o urbanista paulista Joo Florence deUlha Cintra .Ele procura identificar da mesma forma como o fizera para So Paulo, em1924, uma circuito de avenidas existentes ou a projetar para formar o que denomina opermetro de irradiao .Este permetro era inspirado no esquema desenvolvido por EugneHnard , para Paris 17

    Enquanto que em So Paulo existiam os vales para dificultar a implantao do permetro, emRecife, a dificuldade era imposta pelos rios que cortam a cidade. Assim, para rearticular osbairros centrais, Cintra props um aterro em cima dos bancos de areia por vezes emergentesna bacia de Santo Amaro.

    Comparando os planos de Nestor de Figueiredo ,Attilio Correa Lima e Ulha Cintra,Pontual acentua os pontos de convergncia que ao final no so apenas de Recife mas dosplanos elaborados para as cidades neste perodo: o modelo radial - perimetral constante ,apresena de sistemas de parques e jardins .Acrescentaria a estes pontos a separaoentre os diferentes tipos de transporte : a circulao do automovel e onibus a diesel sobrepneus e a circulao sobre trilhos por bonde e o trem .

    Destaca-se tambm a influncia da escola francesa que havia formado o Institut dUrbanismede Paris . O arquiteto Donat Alfred Agache , secretrio geral da Socit Franaise desUrbanistes, professor do Instituto foi contratado pelo prefeito para uma srie de palestras eem seguida para desenvolver um plano para a cidade do Rio de Janeiro .Outra forma decontato e difuso das idias a formao em escolas no exterior , como o fez,em 1930 ,

    Attilio Corra Lima que defendeu sua tese , Avant Projet dAmnagement et dextension de laville de Niteri ,no Instituto de Urbanismo de Paris,sob orientao de Henri Prost. Este estudodesenvolvido no Instituto se fazia no contexto profissional frances como uma resposta auma demanda s exigncias da Lei Cornudet ,que passara a exigir, das cidades de mais de20.000 habitantes ,planos de Amnagement, embelissement et extension .Estes planossero feitos para cidades na Frana e estudos para cidades em paises da Amrica Latina eda Africa, orientados por professores franceses.

    No caso do plano para o Rio de Janeiro , Agache mantem ,durante tres anos, um escritriotcnico no Rio para elaborar os estudos e propostas .Esta extenso de atividades alm marpode ser interpretada como a procura de novos mercados de trabalho e tambm pelapossibilidade que paises ,como o Brasil ,com legislaes urbansticas menos consolidadas

    representavam de experimentao de novos instrumentos urbansticos.Ele fora escolhido entre quatro nomes para dar uma srie de palestras.O tema central urbanismo. Para Antonio Prado , prefeito do Rio, que o contratara ,ele estaria convencendo

    16 Conforme levantamento realizado para o Recife.17 Cintra, Joo Florence de Ulha. Sugestes para orientao do estudo de um plano geral de remodelao eexpanso da cidade de Recife, Prefeitura Municipal Recife , Arquivos,10 numero, 1943, Recife.

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    a opinio pblica sobre a necessidade de disciplinar o futuro. 18 Para o meio tcnicoprofissional brasileiro ele estava divulgando um conceito ainda recente e de uso restrito eque estava substituindo gradualmente a palavra melhoramentos Tratava-se entretanto detarefa mais ambiciosa , no se referia apenas interveno na cidade .Propunhaconceituar uma rea de conhecimento na confluncia da cincia e da arte . uma cincia

    e uma arte e sobretudo uma filosofia social .Entende-se por urbanismo , o conjunto de regrasaplicadas ao melhoramentos das edificaes , do arruamento , da circulao e dodescongestionamento das artrias pblicas . a remodelao , a extenso e oembelezamento de uma cidade , levados a efeito , mediante um estudo metdico dageografia humana e da topografia urbana sem descurar as solues finaceirasUma cinciapara a compreenso do funcionamento das cidades , que teriam funes anlogas s docorpo humano e o plano enfocaria as tres funes : respirar ,circular e digerir.

    O plano para o Rio muito mais completo do que os elaborados, no mesmo perodo, para asoutras cidades brasileiras. Em primeiro lugar se vale de uma srie de estudos preliminares ,que incluem a histria econmica e social e levantamentos aero- fotogramtricos do sitio.Sobre esta base cartogrfica ele traa os principais eixos do sistema de circulao (ruas ,

    avenidas auto-estradas, transportes urbanos coletivos, metro, ferrovias ) aeroporto e projetaa repatio de espaos pblicos( edifcios e praas)sistema de parques incluindo umparque nacional.

    Agache reune ,tambm, os estudos anteriores elaborados ,o que lhe valeu uma polmicaacusao de plgio 19. Propondo pela primeira vez um plano diretorreune as previsesnecessrias de aduo de gua, esgoto, controle de inundaes .Desenvolve a caractersticade grande porto industrial e comercial criando novas bacias na Baixada Fluminensedestinadas ao comercio, depsitos, construo naval e tambem um vasto espao perto daIlha do Governador para um aeroporto .Resolve a questo ferroviria organizando umaestao central no lugar da estao Leopoldina e prevendo a ligao direta com o bairro deCopacabana.20

    Do plano, as propostas de conjuntos monumentais so , talvez ,as mais conhecidas edivulgadas no meio profissional. Refiro-me no apenas s aquarelas do conjunto de predios ,avenidas e praa para a Esplanada do Castelo mas tambm o uso de imagens quandoprojeta no Rio As portas do Brasil. M. Agache tem a ambio de dotar o Rio de Janeiro deum conjunto monumental que dar s obras na cidade a nota grandiosa que lhe faltaenquanto capital de um pais e oferecer ao visitante chegando pelo mar uma fachadacorrespondente a importancia da cidade21Inflama a imaginao de urbanistas de outrascidades que procuram reproduzir imagens com igual apelo a Sala de Visitaspara o valedo Anhangaba ,em So Paulo,projetada por Prestes Maia em referncia explcita ao Rio deJaneiro.

    18 conforme a revista Le Maitre douvre, Revue Franaise dUrbanisme,no 33 , avril, mai 1929,Numro spcialsur le Rio de Janeiro p 3019 ver texto de Silva L. A trajetria de Donat Alfred Agache no Brasilin Ribeiro ,LC e Pehman, R Cidade Povoe Nao Gnese do Urbanismo moderno ed Civilizao Brasileira , Rio de Janeiro, 1996 p 40520 conforme a revista Le Maitre douvre, Revue Franaise dUrbanisme,no 33 , avril, mai 1929,Numro spcialsur le Rio de Janeiro p 30 e 31. 21 conforme a revista Le Maitre douvre, Revue Franaise dUrbanisme,no 33 , avril, mai 1929,Numro spcialsur le Rio de Janeiro p 31.

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    Encontra-se no Rio , no mesmo perodo , Le Corbusier atrado pela possibilidade de projetaruma nova capital para o Brasil, Planaltina como era chamada na poca. As redes derelaes dos dois urbanistas so bastante diferentes. Agache era reconhecido no meioacadmico.As notcias chegaram a Le Corbusier atravs do escritor francs Blaise deCendrars que,em correspondncia,lhe falava das possibilidades abertas para o projeto de

    uma nova cidade , capital do Brasil.Le Corbusier, entusiasmado,recorre intermediao dePaulo Prado para uma viagem ao Brasil.

    Na passagem pelo Rio , Le Corbusier faz tambem conferncias e fica extremamenteinteressado em realizar trabalhos na cidade 22 .Em sua argumentao no hesita emdesqualificar o trabalho que Agache realizava naquele momento ,no Rio , demonstrandoclaramente que pertenciam a circulos bastante diferentes na Frana.

    Observe-se que representam linhagens diferentes de urbanismo Agache pertence a umaescola que vem da tradio da sociologia aplicada do Museu Social e que vaiprocurarformular a interveno na cidade em bases cientficas - elaborando extensos

    levantamentos, para poder realizar projees .

    Le Corbusier em seu priemiro trabalho completo de urbanismo , o plano para uma cidadede 3 milhes de habitantes apresentado em 22 no Salo de Outono projeta uma novacidade sobre a antiga .Os croquis que elabora em sua viagem a Amrica do Sul em 1929evocam concepes inteiramente novas de urbanizao , utilizando as tecnicas modernas,onde o princpio consiste em estabelecer as grandes circulaes de automoveis em cidadesinextricaveis e criando volumes considerveis de habitao.(..)No Rio de Janeiro , emparticular , como o mostram os dois croquis a operao interliga as diversas baas da cidadesem prejudicar o estado da cidade atual23 O projeto compe-se de um viaduto , comhabitaes , que pousa sobre a cidade existente.Uma soluo semelhante ser depois

    desenvolvida para Auger.

    No perodo do Estado Novo, transformaes radicais na estrutura das cidades.

    Observamos nas cidades estudadas que ,a partir de 1937 ,so realizadas obras quetransformam radicalmente as estruturas urbanas , principalmente no que se refere aosistema virio .Estas obras tm como base os planos elaborados .Em So Paulo , Prestes

    22envia cartas a Oswaldo Costa .Em carta datada de 22 de abril menciona un sujet dlicat : les grands travauxde Rio de J. Dlicat parce quil y a en place au Rio un confrre: Agache(...) Il Faut tre de la grand re

    machiniste qui commence .Et les villes du Sud Amrique sont celles au monde qui sont arrivs aujourdhui lheure de son destin .resterez vous au projets dans un style 1925 bouffon?Je dis BOUFFON FLCDossierA311Voyages en Amerique Latine, II 1936,B So Paulo -Correspondencia 1929-1930..Em carta de 12 julhode 1930,ele argumentaEcoutez, je serai heureux pour lhistoire de ma carrire que mon voyage dAmrique mefournisse loccasiondun oeuvre de grande architecture ou durbanisme .Je mourrais comme les autres -bientt.Jai travaill pendant 25 ans a faire les racines.Nos pays ici sont trop vieux .Jai un besoin de paternit Jesuis a l age o il faut produire.Vous autre de Brsil donnez moi cette occasionFLCVoyages en AmeriqueLatine, II 1936,B So Paulo -Correspondencia 1929-193023 Le Corbusier et Pierre Jeanneret Oeuvre Complte 1929-1934 publi par W Boesiger , Zurich (1964)EdGinsberger1974 10 ed., p 138

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    Maia assume a prefeitura e utiliza o Plano de Avenidas que elaborara oito anos antes comobase para as transformaes do sistema virio .No Rio de Janeiro , o plano de Agache criticado , assumido em alguns pontos pela Comisso do Plano da Cidade naadministrao do prefeito Henrique Dodsworth (1937-1945)

    Na cidade de Porto Alegre desenvolve-se uma experincia interessante dedesenvolvimento de estudos , propostas e realizao simultnea de obras .O prefeito dePorto Alegre ,Jos Loureiro da Silva, contrata , em 1938, o urbanista Arnaldo Gladosh , quehavia participado da equipe de Agache no plano do Rio , para elaborar um Plano deUrbanizao.Simultaneamente cria o Conselho do Plano Diretor para discutir os problemasda cidade e as novas propostas .O conselho era composto por representantes de diversossetores da sociedade.

    Gladosh elabora propostas com base estudos anteriores: o plano de Moreira Macielapresentado em 1914 e as propostas dos engenheiros Edvaldo Paiva e Ubatuba de Fariaapresentadas em 1938.Complementa estes estudos solicitando novos levantamentos

    (plantas cadastrais e dados demogrficos) introduzindo no meio profissional de PortoAlegre a experiencia desenvolvida com Agache .A medida que os estudos so realizados ,obras vo sendo implementadas.

    As experincias do Rio de Janeiro e de Porto Alegre acrescentam novos elementosfortalecendo a hiptese que haviamos levantado para o caso de So Paulo .Afirmavamos ,quando estudavamos a primeira gesto de Prestes Maia na prefeitura de So Paulo(1938-1945) ter sido neste perodo ,do Estado Novo, que a cidade tem transformada a suaantiga estrutura viria que permitia apenas a comunicao demorada e precria entre asdiversas partes da cidade e o centro.As novas avenidas abertas, no apenas em So Paulo ,mas tambem no Rio de Janeiro, Porto Alegre, em menor escala no Recife, permitem a

    circulao de pessoas e mercadorias preparando as cidades para a nova fase deindustrializao que se dar a partir dos anos 50.

    3.O terceiro perodo de 1950 a 1965

    Entre 1950 e1965 ,o terceiro perodo , so iniciados os planos regionais, dando conta danova realidade que se configura nesta poca : a migrao campo-cidade, o processocrescente de urbanizao , o aumento da rea urbana e consequente conurbao.

    No urbanismo , no planejamento urbano e regional constatamos a imbricao, desde agnese , entre este conhecimento e a prtica profissional. Esta relao apresenta-se deforma diferenciada ao longo do tempo. Desde o incio ,os mesmos profissionais atuaram no

    ensino superior, na administrao pblica ou ainda sob contrato do Estado ou da prefeitura.A dupla insero foi fundamental, no inicio, para a prpria formao e consolidao da rea.A partir dos anos 40 ,quando se consolida como rea de atuao profissional, ficamdefinidas carreiras com perfil bastante diferenciado .

    A vinda do padre dominicano Louis Joseph Lebret ao Brasil em 1946, para difundir omovimento Economia e Humanismo e fundar os escritrios regionais da SAGMACS emRecife ,So Paulo e Belo Horizonte traz uma nova expectativa de insero e resultados do

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    trabalho profissional .Para os arquitetos , engenheiros, socilogos, economistas quecompem os escritrios da SAGMACS esta dupla insero traz tenso e ambiguidade, emespecial porque se colocam expectativas politicas e sociais atravs desta atuao.

    Identificavamos tres momentos de penetrao das idiasde urbanistas franceses: no inciodo sculo, quando o modelo de cidade difundida Paris das Exposies Universais, nos

    anos vinte e trinta, atravs dos planos dos arquitetos ligados a Socit Franaise dUrbanisme e aps a segunda guerra mundial quando forma-se uma nova gerao dearquitetos, socilogos e gegrafos que vo atuar no campo profissional do planejamentourbano e regional com grande influncia da doutrina do Movimento Economia e Humanismotrazidos pelo arquiteto e urbanista francs Gaston Bardet e pelo padre dominicano JosephLebret.

    No Brasil, a dcada de 50 , um momento de importantes transformaes no campo dosestudos urbanos pela emergncia de novos temas , a introduo de novos mtodos e aparticipao de profissionais de outras disciplinas que , at aquele momento , no haviamse ocupado da questo urbana.

    A temtica regional , como objeto de planejamento e interveno, aparece no periodoaps a segunda guerra mundial. Mais do que constatar esta mudana procuramos investigaro seu significado .

    No so apenas novos temas que emergem , constata-se tambem novos perfis dosprofissionais que passam a atuar na rea. Por um lado , na prefeitura de So Paulo,compondo os quadros do Departamento de Urbanismo , como demonstra Feldman(1996)24,um pequeno grupo de engenheiros civis e arquitetos , inicia a construo da legislao dezoneamento de So Paulo. Esta elaborao, como ela observa, se far em resposta ademandas de interesses pontuais de proteo de qualidade ambiental e de valoresimobiliarios no quadrante sudoeste, a parte mais valorizada da cidade de So Paulo.

    O saber desenvolvido nesta atividade de proposio legislativa torna-se gradativamente umsaber codificado entendido e decifrado por poucos. Em um perodo de abertura democrticaem que acontece com alguma frequncia a substituio de prefeitos , sendo a prefeiturade So Paulo um patamar para alcanar outros cargos politicos, este grupo,estvel,permanece alheio a estas mudanas .Feldman mostra tambem que o trabalho serealiza no gabinetesem nenhuma forma de respaldo politico, nem da Cmara , nem deoutros setores da populao.25

    Trata-se de uma nova gerao de urbanistas , formados pelas Escolas de Engenharia e queocupam de forma permanente os quadros de urbanismo das prefeituras. Formados a partirdos anos 30, formam a primeira gerao de engenheiros ,de arquitetos, de urbanistas quetrabalham em equipes multi - disciplinares produzindo planos diretores. Contratados pelas

    prefeituras e formando os primeiros departamentos de urbanismo. Trabalharam pela

    24 Feldman, Sarah Planejamento e zoneamento 1947-1972 tese de doutorado FAU USP ,1996.

    25So duas as constataes importantes da autora: por um lado ao demonstrar que o processo de construodo zoneamento se inicia no pos guerra, momento de grande crescimento de So Paulo e no como muitosentendiam no final dos anos sessenta.Associava-se o carater tecnocratico da forma como foi aprovada a lei dezoneamento, sem debate,ao periodo politico autoritario por que passava o Brasil.Este o outro mito que desfeito pela autora .

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    separao entre os cursos de engenharia e arquitetura e pela criao de cursos deespecializao em urbanismo.

    Em So Paulo e no Recife ,neste mesmo periodo ,forma-se o grupo de urbanistas ligados aoPadre Lebret e que vo compor o escritorio da SAGMACS.Estes profissionais , comformao em diferentes disciplinas tem uma expectativa de transformao social atravs do

    trabalho profissional .Este profissional -engajado vai participar de escritrios de consultoria eingressar no ensino na universidade. Somente nos meados da dcada de setenta passama participar de equipes em orgos da prefeitura.

    A srie de palestras que Lebret fez na Escola de Sociologia e Politica , em 1947,segundo Pelletier uma etapa chave de seu percurso intelectual .Ela fecha um ciclo abertoem 1938 ,ligado aos anos de guerra e utopia comunitria que marcou o incio da EconomiaHumanismo.Entre um catolicismo marcado pela herana Tomista e o reencontro com omarxismo assim elaborada uma reflexo economica , em oposio tradio clssica ,encontrando ,pelo vies da pesquisa social e graas ao apoio do CNRS, o esforo demodernizao empreendido pelos governos da VI Repblica

    A insero politica da SAGMACS era ampla , os contatos na Igreja iam do meio integralistacatlico , juventude operria catlica .Na medida em que se consolidava a ao do grupopela realizao de pesquisas este leque de alianas se estreitava 26.

    Por ironia o retorno de Getulio Vargas ao poder ,e graas eleio de Lucas NogueiraGarcez ao governo de So Paulo que assegurado o incio do reconhecimento politico SAGMACS .27O primeiro trabalho contratado , de desenvolvimento regional ,um estudopara a bacia Paran Uruguai reunindo oito estados brasileiros sob a coordenao deGarcez.Desenvolvem , tambem, trabalho de pesquisa no Rio sob a coordenao dopernambucano Josu de Castro.

    Em So Paulo e em Belo Horizonte a pesquisa realizada pela SAGMACS em 57 aborda

    pela primeira vez a area conurbada propondo diferentes escalas de interveno edesenvolvimento regional .

    Concluso As potencialidades de uma pesquisa integrada

    Explorar a potencialidade que representa uma pesquisa comparada sempre um desafioestimulante Inicialmente nos despertam a ateno as singularidades e as coincidncias,atentos, entretanto,para no cair na armadilha da concluso apressada .Enumer-las pormparece um exerccio necessrio.

    26 Uma pesquisa sobre o problema social do menos foi interditada pela interveno de uma instituio catlicae o Jockey Club suspende o financiamento aps uma pesquisa que denunciava a condio miservel dosjockeys.Conforme correspondncia Le Duigou- Santa Cruz, 15maio, 29 , julhoe 27 novembro 1949, NA 45 AS104, apud Pelletier, D,Economie et Humanisme. De lutopie communautaire ao combat pour le tiers monde (1941-1966), les Editions du CERF, Paris, 1996, p 29927 Getulio se aliara ao governador de So Paulo, Adhemar de Barros para as eleies presidenciais.EleitoGetulio, Adhemar ocupa o Ministerio de Transportes deixando livre o cargo de governador do Estado.Em 50 acoligao PSP de Basrros e PTB de Getulio elege para o governo de So Paulo , Lucas Nogueira Garcez

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    As revistas especializadas , as temticas abordadas nos artigos nos pareceram um excelenteindicador da cultura tcnica de cada cidade .Algumas cidades como Salvador 28as revistastem uma curta durao.Em outras cidades, Vitria e Niteri no localizamos publicaesneste perodo

    Recife , por sua vez, se assemelharia mais a So Paulo e ao Rio de Janeiro , com maior

    ressonncia de uma cultura tcnica. Desde a dcada de 20, circulam publicaesespecializadas , importantes foruns de divulgao de idias e de debates : o Boletim deEngenharia ,publicao do Clube de Engenharia;o Boletim Tcnico da Secretaria de Viao eObras Pblicas.

    Encontramos tambm publicaes no especializadas como o Boletim da Cidade e doPorto do Recife. Como em Salvador, a Revista Arquivos abordava a documentao referente vida da cidade e era editada pela Prefeitura Municipal do Recife.. A Revista dePernambuco foi editada nos anos de 1924 e 1926 como instrumento divulgador das novasobras da cidade, neste sentido era uma publicao para-oficial do governo de Srgio Loreto.

    Em Recife colaboraram especialistas cariocas e paulistanos.A contratao de engenheiros

    para a elaborao de projetos, de planos e de pareceres tcnicos remete a duas questesinterligadas : a forma como se deu a trajetria deste saber tcnico e o quanto contribuiupara a consolidao de um meio tcnico local.

    Observamos a importncia que os engenheiros assumiram no panorama poltico no Recifee em So Paulo a partir de 1930, chegando muitos a ocupar o cargo de prefeito. Trazempara a administrao da cidade as idias que circulavam at aquele momento apenas nomeio tcnico.

    Em So Paulo , o caso da rpida passagem do engenheiro Luiz Igncio de Anhaia Melloem dois momentos na prefeitura da cidade : de dezembro de 1930 a julho de 1931 e denovembro a dezembro de 1931 .Neste curto espao de tempo Anhaia Mello implanta os

    princpios do zoneamento, regulamentando o uso e ocupao do solo para algumas reas dacidade .Mais significativo o caso de Francisco Prestes Maia .Ele foi prefeito de So Paulo,durante o Estado Novo , de 38 a 45 .Neste perodo ele abre avenidas e amplia o sistemavirio de acordo com o Plano de Avenidas , plano que havia elaborado como tcnico daSecretaria de Obras .

    A presena de imigrantes na formao do urbanismo particularmente importante para ocaso de Porto Alegre.Os imigrantes alemos so os primeiros a chegar a regio ainda noincio do sculo XIX Conforme observa Ferraz de Souza , esta migrao, diferente deoutras regies do Brasil, se dirige para a ocupao de pequenas propriedades ruraiscedidas pelo governo provincial. Os imigrantes alemes , produtores agrcolas expandemsuas atividades para o comercio regional e para a manufatura. Vo se constituir em uma

    parte importante da burguesia local de Porto Alegre ocupando -se inclusive do setor da

    28 Foram encontradas em Salvador tres revistas :a Revista Politcnica com o primeiro nmero em 1917 ,

    teve curta existncia ,a segunda denominava-se Revista Tcnica, vinculada ao Sindicato dos Engenheiros daBahia , circulou durante quatro anos de 1938 a 1942,a outra , revista de Divulgao e Estatstica do Municpiodo Salvador, era uma reedio da Revista do Arquivo Municipal que havia deixado de circular em 1905.Arriscaramos , portanto, a hiptese de que Salvador tem uma tradio menos escrita e mais verbal detransmisso de conhecimentos? Esta hiptese conduziria pergunta sobre a existncia de outras formas paraa transmisso de conhecimentos e tcnicas .

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    cosntruo civil .A vinda de tcnicos da Alemanha importante no decorrer do sculo XIXpara o projeto e para a construo de edifcios pblicos .29Ao estudarem os acervos dePorto Alegre os pesquisadores observaram a presena significativa de revistas em alemo,alm de manuais e tratados de urbanismo do final do sculo XIX.

    Na cidade do Rio de Janeiro , capital da Repblica at meados do sculo,a presena do

    Estado mais visvel, ressoa mais que nas outras cidades brasileiras. Para financiar asobras de remodelao do porto, abertura da Avenida Central realizadas pelo engenheiroPereira Passos o governo empresta da Inglaterra quantia equivalente metade da receita daUnio. 30 Comparar estas obras s realizadas em outras cidades guarda portantodiferenas.A importncia poltica destas obras, o impacto de modernizao querepresentaram , o efeito multiplicador em outras cidades.

    Para concluir observamos ainda que o Rio de Janeiro se manteve ao longo dos anoscomo um frum de discusso dos problemas de outras cidades .Nas revistas cariocasencontrou-se com frequncia artigos cujo tema eram planos e projetos elaborados paraoutras cidades brasileiras.

    Esta situao se modifica com a mudana da capital para Braslia , em 1960.O golpe e aditatura militar, a partir de 1964, modificam de forma radical a prtica do planejamentourbano e regional no Brasil instaurando um novo perodo, com forte atuao do SERFHAU .

    29 Conforme observa Ferraz de Souza.30 Nosso Sculo, fascculo 2 1900-1919 ,So Paulo, Abril Cultural ,1982, p 34.