leitura segundo manguel (1997) e castro (1999)

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Leitura Manguel (1997) e Castro (1999) 1 Universidade de Brasília - UnB Faculdade de Ciência da Informação – FCI Disciplina: Editoração (145084) Michelli Costa [email protected] www.michellicosta.com.br

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Leitura Manguel (1997) e

Castro (1999)

Universidade de Brasília - UnBFaculdade de Ciência da Informação – FCIDisciplina: Editoração (145084)

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O aprendizado da leitura Manguel (pág. 85-103)

• Antes de ler, “o leitor precisa aprender a capacidade básica de reconhecer os signos comuns pelos quais uma sociedade escolheu comunicar-se: em outras palavras, o leitor precisa aprender a ler” (p. 85).

• “A leitura do mundo precede a leitura da palavra, daí que a posterior leitura desta não pode prescindir da continuidade da leitura daquele (a palavra que eu digo sai do mundo que estou lendo, mas a palavra que sai do mundo que eu estou lendo vai além dele). (...) Se for capaz de escrever minha palavra estarei, de certa forma transformando o mundo. O ato de ler o mundo implica uma leitura dentro e fora de mim. Implica na relação que eu tenho com esse mundo”. (Freire, 1989)

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O aprendizado da leitura

Lévi-Strauss conta da experiência dos nhambiquaras com a escrita. • “Os nhambiquaras esperavam que seus rabiscos fossem

tão imediatamente significantes para Lévi-Strauss quanto os que ele mesmo fizera... Os métodos pelos quais aprendemos a ler não só encarnam as convenções de nossa sociedade em relação à alfabetização – a canalização da informação, as hierarquias de conhecimento e poder -, como também determinam e limitam as formas pelas quais nossa capacidade de ler é posta em uso” (p. 85)

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O aprendizado da leitura

Processo de leitura acrítica

“A partir das anotações idênticas o visitante poderia descobrir que nos ensinavam a ler não pelo prazer ou o conhecimento, mas apenas para instrução. Em um país onde a inflação viria a atingir 200% ao mês, essa era única maneira de ler a fábula do gafanhoto e da formiga” (p. 86).

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O aprendizado da leitura

História“Em Sélestat havia várias escolas diferentes. Uma escola de latim existia desde o século XIV, alojada numa propriedade da igreja e mantida pelo juiz municipal e pela paróquia... depois de, em 1686, abriu-se a primeira escola francesa... Essas escolas, que estavam abertas a todos, ensinavam a ler, escrever e cantar, além de um pouco de aritmética em vernáculo... Embora o latim continuasse a ser a língua da burocracia, dos assuntos eclesiásticos e da intelectualidade de boa parte da Europa até o século XVII, no começo do século XVI as línguas vernáculas estavam ganhando terreno”(p. 87).

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O aprendizado da leitura

• Erudição como terceiro poder – página 88.

Biblioteca Joanina – Coimbra• A Universidade de Coimbra possuía desde 1541

autonomia jurídica. Estavam subordinados à “Lei Académica”, consagrada nos seus estatutos desde 1591, todos os que de alguma maneira se encontravam ligados à instituição. Esta autonomia permitia à Universidade possuir Juiz, Guarda e Prisão.

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Biblioteca Joanina – Coimbra

• A Prisão Académica funcionou inicialmente em dois aposentos sob a Sala dos Capelos, logo em 1559. Em 1773 foi transferida para o edifício da Biblioteca Joanina que viu incorporados e recuperados os restos do que fora o antigo cárcere do Paço Real e que documentam a única cadeia medieval que ainda existe em Portugal.

Fonte: http://www.uc.pt/informacaopara/visit/paco/prisao

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O aprendizado da leitura

• “Em todas as sociedades letradas, aprender a ler tem algo de iniciação, de passagem ritualizada para fora de um estado de dependência e comunicação rudimentar. A criança, aprendendo a ler, é admitida na memória comunal por meio de livros, familiarizando-se assim com um passado comum que ela renova, em maior ou menor grau, a cada leitura” (p. 89).

• Exemplo - página 90

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O aprendizado da leitura • “Embora seja difícil generalizar depois de muitos séculos e em

relação a tantos países, na sociedade cristão da baixa Idade Média e começo da Renascença aprender a ler e escrever – fora da igreja – era o privilégio mais exclusivo da aristocracia e (depois do século XII) da alta burguesia” (p. 90).

• Até metade do século XV, no mundo cristão utilizavam-se o método escolástico, que começou a ser implantado a partir do século IV, depois do declínio do sistema educacional romano. “No que se refere ao ensino da leitura, o sucesso do método dependia mais da perseverança do aluno que de sua inteligência” ( p. 93).

• Rei Afonso – página 93.

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O aprendizado da leitura

• Aspecto físico das salas

• Instrumentos educacionais

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O aprendizado da leitura

• “Em 1477... estava firmemente estabelecida em Sélestat a base de uma nova maneira de ensinar as crianças a ler” (97).

• “Entretanto, mesmo nas aulas de Hofman [sucessor de Dringenberg] os textos jamais eram deixados inteiramente abertos à interpretação fortuita dos estudantes. Ao contrário, eram sistemática e rigorosamente dissecados; das palavras copiadas extraía-se a moral, bem como polidez, civilidade, fé e advertência contra os vícios” (p. 98).

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O aprendizado da leitura • ... na metade do século XV a leitura, pelo menos na escola

humanista, estava gradualmente se tornando responsabilidade de cada leitor individual ... Agora, os leitores deviam ler por si mesmos e, às vezes, determinar valor e significado, à luz daquelas autoridades. A mudança, está claro, não foi súbita, nem pode ser fixada em um único lugar e momento” (p. 102).

• “Em Oxford, Bolonha, Bagdá e até em Paris, os métodos de ensino escolásticos foram postos em questão e depois gradualmente mudados. Isso ocorreu, em parte, graças à repentina disponibilidade de livros logo após a invenção da imprensa, mas também pelo fato de que a estrutura social um tanto mais simples na Europa de Carlos Magno e do final da Idade Média havia sido faturada econômica, política e intelectualmente” (p. 102).

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O aprendizado da leitura “A passagem do método escolástico para sistemas mais liberais de pensamento trouxe outro desdobramento. Até então, a tarefa de um erudito havia sido – tal como a do professor – a busca do conhecimento inscrita dentro de certas regras, cânones e sistemas aprovados de ensino. A responsabilidade do professor era considerada pública, tornando os textos e seus diferentes níveis de significado disponíveis ao público mais amplo possível, afirmando uma história social comum da política, da filosofia e da fé. Depois de Dringenberg, Hofman e outros, os produtos dessas escolas, os novos humanistas, abandonaram a sala de aula e o fórum público e, como Rhenanus, retiraram-se para o espaço fechado do gabinete ou da biblioteca, para ler e pensar isolados. Os professores da escola latina de Sélestat passam adiante preceitos ortodoxos que implicavam uma leitura “correta” e comum estabelecida, mas também ofereciam aos estudantes a perspectiva humanista mais vasta e pessoal. Os alunos reagiram circunscrevendo o ato de ler ao seu mundo e experiências íntimos e afirmando sobre cada texto sua autoridade de leitores individuais” (p. 102).

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Práticas de leitura – Castro (1999)

• A produção editorial sobre a teoria da leitura tem aumentado nos últimos anos no Brasil, sendo a pauta de encontros nos últimos anos no Brasil, sendo pauta de encontros... Este fato é resultado de pesquisas desenvolvidas nas mais diferentes áreas do conhecimento, como a Educação, a Biblioteconomia, a Psicologia, a Linguística... (Castro, p. 59).

• Em relação à Biblioteconomia, acredita-se que houve, a partir da década de 70, aumento na produção científica, propiciado principalmente pelos cursos de pós-graduação.

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Práticas de leitura – Castro (1999)

• Após comparar a taxa da alfabetismo entre pessoas de países ricos e pobres, Castro conclui que: “o processo de escolarização atinge níveis mais democráticos em sociedades onde a coletividade alcançou estágio de qualidade de vida e, hipoteticamente, onde há distribuição de renda e de oportunidade sociais equânimes” (p. 61).

• “No entanto, parece ser comum os objetivos pelos quais são criadas as bibliotecas, quer seja nos países considerados desenvolvidos, subdesenvolvidos ou em desenvolvimento: servir à classe dominante (Maranon, 1990, p. 16)” (p. 62).

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Práticas de leitura – Castro (1999)

“Os pensamentos da classe dominante são, em cada época, as ideias dominantes. As ideias que predominam, por outras palavras, a classe que é a potencia material dominante da sociedade é, também, a potencia espiritual dominante. Em consequência, a classe que dispõe dos meis de produção material ao mesmo tempo dos meios de produção intelectual (Marx e Engels, 1978, p. 24)” (p. 62).

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Práticas de leitura – Castro (1999)

“Se as primeiras bibliotecas funcionavam como armazenadoras de livros, produzidos de modo artesanal, e às vezes como uma única peça, tornando-se verdadeiras obras de arte, transformavam-se em templos sagrados das belas letras, para servi uma pequena parcela da população: reis e clero” (p. 62).

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Práticas de leitura – Castro (1999)

• “Mesmo com o aparecimento da imprensa, que propiciou a produção industrial do livro, não se pode afirmar que as bibliotecas e a leitura atingiram a grande massa, pois nesta época as escolas, universidades e bibliotecas eram poucas e para poucos. O ensino somente vais se tornar público, gratuito e laico em 1789, com a Revolução Francesa (Barbosa, 1991, p. 17)” (p. 63)

• “A leitura, se não ganha importância com Gutemberg, com Lutero ela se populariza, com a finalidade de divulgar o seu protesto contra igreja católica. Deste modo, a Reforma atribui ao ato de ler uma função necessária ao acesso à palavra de Deus” (p. 62).

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Práticas de leitura – Castro (1999)

• “A partir do século XVIII a leitura começa a receber maior estímulo, face às mudanças ocorridas principalmente nos processos educativos, os quais visavam estimular a formação do trabalhador, mediante a utilização da leitura e da escrita...

• A leitura, neste enfoque, assume o papel de adestramento do operário, que a utiliza com fins apenas de treinamento, de receituário para o exercício de sua profissão, mas nunca com possibilidade de reflexão sobre o seu fazer profissional, ou sobre a estrutura de poder envolvida nas relações de produção” (p. 65).

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Práticas de leitura – Castro (1999)

“A educação esteve sempre a serviço de uma minoria e, quando oferecida às camadas populares, tinha como fim capacitar mão-de-obra, raramente abrangia a leitura e a escrita, posto que para trabalhar no cultivo de cana-de-açúcar, na criação do gado, na mineração não se exigia qualquer preparo profissional específico e nem sequer o domínio das técnicas de leitura e escrita (Paiva, 1986)” (p. 67).

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Práticas de leitura – Castro (1999)

• “Quanto às bibliotecas no Brasil, as primeiras foram criadas pelos jesuítas que vieram para cá com a finalidade de catequização dos indígenas, prática esta que prescindia da leitura e da escrita. Assim, pode-se dizer que foi com esta ordem religiosa que se iniciou no país a leitura.

• Assim, os conventos foram os responsáveis pelo ensino das primeiras letras e pela formação da elite intelectual até a segunda metade do século XVIII” (p. 65).

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Práticas de leitura – Castro (1999)

• “A biblioteca e consequentemente, a leitura, só irão ganhar maior estímulo com a chegada da família real, que trouxe para o Brasil, nos porões dos navios, a Imprensa Régia, a Biblioteca Real da Ajuda, os arquivos das repartições públicas...” (p. 66).

• “Durante o Segundo Reinado proliferaram os chamados

Gabinetes de Leitura e Liceus Literários, que funcionavam junto às sociedades beneficentes. Estes gabinetes eram um ponto de encontro de leitores e escritores, onde discutiam obras, recitavam poesias, dentre outras atividades (Moraes, 1985)” (p. 66).

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Práticas de leitura – Castro (1999)

“Somente quase meio século mais tarde, na década de 30, a leitura é considerada um mecanismo para instrução da população, em especial a rural, como forma de o homem do campo tomar consciência de seus direitos e deveres. Observa-se pela primeira vez a leitura sendo considerada dentro de um processo mais amplo...” (p. 69).

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Práticas de leitura – Castro (1999)

• Década de 60 – Campanha de Pé no Chão Também se Aprende a Ler. Página 70. – Fim com os governos militares.

• Programa MOBRAL – Subprograma de Literatura (SULIT). “Muitas obras do SULIT formaram as bibliotecas do MOBRAL, as chamadas MOBRALTECAS” (p. 72).

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Práticas de leitura – Castro (1999)

Freire (1989)

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Referências

Castro, César. A leitura de adultos com escolaridade tardia. UFMA, 1999.

Freire, Paulo. A importância de ler: em três artigos que se complementam. Cortez Editora, 1989.

MANGUEL, Alberto. Uma história da leitura. São Paulo: Companhia das letras, 1997

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Obrigada!

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