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Carla Sofia de Melo Morais Leishmaniose Felina: Revisão de Literatura São Paulo/SP 2014

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Page 1: Leishmaniose Felina: Revisão de Literatura · faça tudo com muito amor e com muita fé em Deus, que um dia você chega lá. De alguma maneira você chega lá.” Ayrton Senna

Carla Sofia de Melo Morais

Leishmaniose Felina: Revisão de Literatura

São Paulo/SP 2014

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Carla Sofia de Melo Morais

Leishmaniose Felina: Revisão de Literatura

Monografia apresentada como requisito para conclusão do curso de Pós-Graduação, Especialização em Clínica médica de Felinos, do Centro de Estudos Superiores de Maceió da Fundação Educacional Jayme de Altavila, orientada pelo Prof. Dr. Diogo Ribeiro Câmara.

São Paulo/SP

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DEDICATÓRIA

À Deus, pela vida! E ao meu gato Xano (in memoriam).

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Agradecimentos

Agradeço à Deus por ter me presenteado com a oportunidade de existir e

desfrutar a vida ao lado da minha família, amigos e animais.

Agradeço aos meus pais e meu marido por me ajudarem a realizar meus sonhos

e me incentivarem profissionalmente.

Ao João Batista e família por me ajudarem a aumentar a minha fé em Deus.

Agradeço a todos aqueles que foram meus professores ao longo desses 29 anos,

em especial ao Prof. Dr. Diogo Ribeiro Câmara e Dr. Archivaldo Reche Jr. pelo

conhecimento passado (isso não tem preço).

Às minhas amigas Karina Costa, Renata Cavalcate e Manuella Barbosa por

dedicarem tanto tempo a nossa amizade.

Meu muito obrigada à minha amiga Daniela Carneiro pela atenção. Agradeço às

minhas colegas de quarto que me ajudaram e me incentivaram ao longo de todo o curso,

obrigada meninas.

Agradeço aos meus irmãos por sempre me trazerem de volta a realidade. A

minha avó Aidil, por ter cuidado de mim com carinho. Ao meu avô Ivaniso, pelo

exemplo de determinação.

Agradeço a minha psicanalista Taciana Mafra, sem ela eu não teria conseguido.

A todos os animais e principalmente aos que foram e são meus companheiros de

vida. Em especial ao meu gato Xano, o qual foi a principal motivação da minha

especialização e do início da minha paixão por felinos.

Agradeço a todas as pessoas que me ajudaram direta ou indiretamente, assim

como todos os meus amigos e familiares. Muito obrigada pessoal!!!

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“Seja você quem for, seja qual for a posição

social que você tenha na vida, a mais alta

ou a mais baixa, tenha sempre como meta

muita força, muita determinação e sempre

faça tudo com muito amor e com muita fé

em Deus, que um dia você chega lá. De

alguma maneira você chega lá.”

Ayrton Senna

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Resumo

O Médico Veterinário é um profissional que participa direta ou indiretamente do

controle de zoonoses, devendo manter-se sempre atualizado a respeito de novos

aspectos envolvidos nessas enfermidades. A leishmaniose felina, ao contrário da canina,

ainda não é muito divulgada. Assim, esse trabalho foi realizado com o intuito de ajudar

o clínico veterinário a diagnosticar a leishmaniose em gatos. A literatura reconhece a

importância desta doença para a população humana e animal devido sua alta morbidade

e mortalidade em regiões endêmicas; constatando através de relatos de casos em vários

países, que o gato (Felis catus) é um possível hospedeiro desta infecção pelo parasito

Leishmania sp., e as técnicas de diagnóstico mais utilizadas foram PCR, ELISA e RIFI.

Apesar de aparentar maior resistência à doença que os caninos, os sinais clínicos em

felinos, quando encontrados, são semelhantes aos relatados em leishmaniose canina,

apresentando linfadenopatia, perda de peso, alopecia, secreção ocular e nasal

mucopurulenta bilateral, desidratação, mudanças no estado de consciência,

hepatomegalia, úlceras com crostas hemorrágicas e opacidade da córnea. Entretanto, por

não serem patognomônicos é possível a ocorrência de uma subestimação desta

enfermidade na população felina.

Palavras-chave: Dermatopatia, Zoonose, Doença infeciosa

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Listas de Ilustrações

Figura 1. Fêmea de Flebotomíneo adulta, engurgitada .................................................10

Figura 2. Gato portador de anticorporpos anti-Leishamania chagasi e anti-Toxoplasma

gondii. Perda tecidual da maxila e dos dentes incisivos superiores e deposição de crostas

hemorrágicas no bordo da ferida.....................................................................................14

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Lista de Abreviaturas

CFMV Conselho Federal de Medicina Veterinária

ELISA

EIE

FIV

FelV

HIV

Enzyme-Linked Immunosorbent Assay

Ensaio Imunoenzimático

Vírus da Imunodeficiência Felina

Vírus da Leucemia Felina

Vírus da Imunodeficiência Humana

IMIQ Imunohistoquímica

OMS Organização Mundial da Saúde

PCR

PEP

PIF

Reação em Cadeia da Polimerase

Processo Ético Profissional

Peritonite Infecciosa Felina

RIFI Reação de Imunofluorescência Indireta

UFMG Universidade Federal de Minas Gerais

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Sumário

INTRODUÇÃO.......................................................................................................... 9

1. REVISÃO DE LITERATURA............................................................................. 10

1.1. Aspectos parasitológicos........................................................................... 10

1.2. Métodos de diagnóstico............................................................................ 11

1.3. Legislação brasileira sobre a comunicação e tratamento da doença......... 12

1.4. A doença em felinos................................................................................. 13

CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................... 18

REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 19

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INTRODUÇÃO

Induzida pelo protozoário parasita do gênero Leishmania, a Leishmaniose é uma

zoonose que necessita de um hospedeiro vertebrado e um invertebrado para completar

seu ciclo biológico, quando este protozoário pode se apresentar de duas formas: uma

amastigota e outra promastigota. Nos hospedeiros vertebrados (homem, animais

selvagens e domésticos) a forma amastigota parasita o fagossoma das células do

Sistema Fagocítico Mononuclear (SFM). Já a forma promastigota habita o aparelho

digestivo do vetor, insetos da família Psychodidae, subfamília Phlebotominae

(CASTRO et al., 2002).

A forma visceral da doença já foi identificada em 12 países na América Latina,

sendo que 90% dos casos foram diagnosticados no Brasil. Nas Américas o parasito é

transmitido por fêmeas do gênero Lutzomyia, que infectam-se com Leishmania chagasi

durante o repasto sanguíneo. Em 1912 foi descrito o primeiro relato de infecção natural

em felinos na Argélia, quando formas amastigotas de Leishmania spp. foram

identificadas na medula óssea de um gato doméstico que convivia com um cão e uma

criança acometidos com leishmaniose visceral (BRASIL, 2006; SERGENT et al., 1912;

SOBRINHO, 2010).

Com distribuição mundial, estima-se que 350 milhões de pessoas vivam em

regiões endêmicas e correm o risco de contrair a infecção. Cerca de 12 milhões de

pessoas estão infectadas no mundo inteiro e por volta de dois milhões se infectam por

ano. Contudo a maioria dos casos não são declarados, principalmente devido ao fato de

que a comunicação é obrigatória em apenas 33 países; permanecendo como uma das

doenças mais negligenciadas do planeta (WHO, 2003).

Objetivou-se com este trabalho fazer uma revisão sobre leishmaniose felina e

levar para o clínico veterinário a importância e o conhecimento da doença em felinos

domésticos, assim como seu diagnóstico e posterior declaração.

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REVISÃO DE LITERATURA

1.1 Aspectos parasitológicos

Os flebotomíneos processam quatro fases do seu ciclo biológico no ambiente

terrestre: ovo, larva (com quatro estádios), pupa e adulto. Os ambientes favoráveis ao

seu desenvolvimento são úmidos, sombreados e ricos em matéria orgânica. Do ovo à

fase adulta o ciclo tem uma duração média de 30 dias. Os adultos abrigam-se nos

mesmos locais dos criadouros e em anexos peridomiciliares, principalmente em abrigos

de animais domésticos. As fêmeas são hematófagas obrigatórias, necessitando de

sangue para o desenvolvimento dos ovos, sugando um grande leque de animais

vertebrados de sangue quente (MORRISON et al., 1993; MORRISON et al., 2005).

Figura 1. Fêmea de Flebotomíneo adulta, en- gurgitada (BRASIL, p. 15, 2006).

A Leishmania sp. é introduzida no tubo intestinal dos insetos vetores quando os

mesmos alimentam-se de um hospedeiro vertebrado infectado. As fêmeas dos

flebotomíneos não fazem solenofagia ou “vessel-feeding” (sugar o sangue canulando

diretamente um vaso sanguineo). Esses insetos obtém sangue através da telmatofagia ou

“pool-feeding”, que consiste em posicionar a abertura do canal alimentar dentro de uma

pequena poça de sangue formada pelo rompimento dos vasos pela ação das peças bucais

adaptadas para rasgar, dilacerar ou cortar a pele do hospedeiro. É valido destacar que a

infecção dos flebotomíneos com Leishmania sp. é muito beneficiada por este modo de

alimentação telmatofágico do inseto, que permite que os protozoários presentes nos

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macrófagos da pele do hospedeiro sejam ingeridos pelo vetor juntamente com os restos

celulares (SANTOS, 2006).

Os mamíferos, principalmente canídeos, ressaltando-se ainda a raposa e o cão,

são os principais reservatórios do parasito. O papel do cão como reservatório da

Leishmania foi descrito pela primeira vez em 1908, por Nicolle, na Tunísia, quando

experimentalmente foi comprovada a infecção deste animal e transmissão natural em

cães e registrando-se assim o primeiro foco de Leishmaniose Visceral (LV) canina no

mundo (SÃO PAULO, 2006).

A transmissão transplacentária tem sido documentada em cães e roedores, e a

transmissão venérea foi vista em cães experimentalmente infectados. Leishmania spp.

pode também ser adquirida nas transfusões de sangue. Relatos de casos sugerem que é

rara a transmissão do parasito durante as brigas de cães, mas podem acontecer durante

outras formas de contato, possivelmente quando um cachorro lambeu feridas de outro

cão ou sangue ingerido durante hemorragias. Todavia o risco de transmissão horizontal

entre cães e homens é desconhecido. Outros artrópodes, incluindo carrapatos

(Dermacentor variabilis e Rhipicephalus sanguineus) e pulgas caninas podem também

atuar como vetores mecânicos. Onde os flebotomíneos podem transmitir Leishmania

spp. pulgas e carrapatos provavelmente não tem importância na epidemiologia da

doença; porém, eles podem estar envolvidos em casos raros de transmissão de cão para

cão em outras regiões (SPICKLER, 2009).

1.2 Métodos de diagnóstico

A leishmaniose pode ser confirmada por vários métodos diagnósticos como:

citologia, histologia, cultura, xenodiagnóstico, Reação de Imunofluorescência Indireta

(RIFI), ELISA, Western blot e/ou Reação em Cadeia pela Polimerase (PCR),

Histoquímica e Imunohistoquímica (IMIQ) em diferentes tecidos (CRAIG et al., 1986;

ASSIS et al., 2010; PENNISI et al., 2013).

Os índices de positividade dos métodos PCR, ELISA ou EIE, IMIQ, RIFI e

Histoquímica encontrados por Assis et al. (2010), em uma população de 34 cães

oriundos de Ilha Solteira-SP, foram de 97, 65, 62, 56 e 56%, respectivamente. Contudo,

os resultados do estudo retratou que nenhuma prova diagnóstica, isoladamente,

identificou adequadamente os cães com LVC, sendo a PCR o método que apresentou

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maior número de positivos para o diagnóstico definitivo, quando os testes sorológicos e

parasitológicos não foram capazes de detectar cães positivos para LVC.

Houve discordância nos resultados encontrados nos exames parasitológicos e

nos testes sorológicos dos animais revelados por Sobrinho (2010), onde 302 gatos foram

testados para Leishmania spp. por meio de exame parasitológico direto, ELISA e RIFI,

em Araçatuba-SP. Esses achados suportam a hipótese de que os gatos não desenvolvem

resposta imune humoral importante quando da infecção por Leishmania spp., pois dos

30 animais parasitologicamente positivos, 21 (70%) eram soronegativos.

1.3 Legislação brasileira sobre comunicação e tratamento da doença

Quanto ao tratamento da leishmaniose em gatos, alguns autores estão de acordo

com a administração prolongada de alopurinol (10-20 mg/kg a cada 12 ou 24 horas)

havendo uma melhora rápida, com recuperação do apetite e vitalidade dentro das

primeiras duas semanas e melhora hematológica após três semanas de uso, sendo em

geral clinicamente eficaz. As vacinas são licenciadas apenas para cães (PENNISI, 2004;

PENNISI, 2013; RUFENACH et al., 2005).

No tocante à legislação relacionada a Leishmaniose, a Portaria no 1.426/2008 do

Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento proíbe a utilização de

medicamentos humanos no tratamento da leishmaniose visceral nos cães (BRASIL,

2008). Entretanto, a ONG Abrigo dos Bichos, sediada em Campo Grande-MS, não

satisfeita com as normas fixadas na Portaria Ministerial e considerando ainda a situação

do cão de nome Scooby que possuía leishmaniose e foi alvo de uma campanha na

internet para não consumação da eutanásia, sensibilizou-se e propôs ação judicial

própria na justiça objetivando a suspensão dos efeitos da Portaria Ministerial que proíbe

o tratamento da Leishmaniose. Desta feita, em 16 de janeiro de 2013, o Tribunal

Regional Federal da 3a Região, atendendo ao pedido realizado pela ONG referida,

publicou decisão que autorizou o tratamento da leishmaniose visceral em cães em todo

o país (BRASIL, 2013b). Por se tratar de tema bastante discutido e por ser de saúde

pública, há disputa judicial intensa, de modo que a própria justiça – atendendo a recurso

proposto pela União – reestabeleceu a utilização da Portaria Ministerial nº 1.426/2008,

outrora suspensa, ressalvando que eventual eutanásia canina a ser praticada, seja

precedida da realização de dois exames (RIFI e EIE), e também antecedida de criteriosa

avaliação pelo Médico-Veterinário pertencente aos quadros públicos (BRASIL, 2013a).

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“Diante da decisão do Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF 3) que declarou a nulidade da Portaria interministerial dos ministérios da Saúde e Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Portaria n° 1.426/2008, que proíbe o tratamento de cães com Leishmaniose Visceral Canina por meio de produtos de uso humano ou de medicamentos não registrados pelo Mapa, o Conselho Federal de Medicina Veterinária esclarece:

O tratamento da Leishmaniose Visceral em animais oferece risco à saúde da população;

O tratamento não promove a cura da doença e o animal contaminado continua sendo hospedeiro e fonte de contaminação por meio do mosquito transmissor;

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), somente a adoção de medidas integradas, como o uso de inseticidas e a eutanásia dos cães contaminados, é que poderá garantir a segurança da população e da saúde humana.

Portanto, até que a cura para a doença seja cientificamente comprovada, o posicionamento institucional do CFMV e dos Conselhos Regionais é pelo não tratamento da doença, garantindo assim a segurança e proteção à saúde pública, em conformidade com a legislação federal, Decreto n° 51.838/1963, código penal e recomendações sanitárias (CFMV, 2013).”

Caso os profissionais de Medicina Veterinária executem o tratamento da

Leishmaniose Visceral Canina para o animal infectado, o profissional poderá ser

denunciado junto ao Conselho Regional de seu estado, o qual tem o dever de apurar e

fiscalizar as acusações. Em caso de confirmação da denúncia, o profissional poderá

responder a Processo Ético Profissional (PEP) e, ainda, à representação junto ao

Ministério Público Federal e Estadual (CFMV, 2013).

A Leishmaniose Visceral Canina causou mais mortes que a dengue em nove

estados brasileiros nos últimos 11 anos. Antes a doença era limitada a áreas rurais e à

Região Nordeste, hoje encontra-se em todo o território nacional. Entre 2000 e 2011, foi

realizado um levantamento com base em números do Ministério da Saúde o qual aponta

que a Leishmaniose provocou 2.609 mortes em todo o país (CFMV, 2013).

A avaliação clínica de três cães pelo Hospital Veterinário da Unesp Araçatuba

registrou a primeira ocorrência de leishmaniose visceral (LV) no Estado de São Paulo,

em Maio de 1998. Hoje, após 11 anos, a doença está instalada de forma endêmica com

302 casos humanos e 44 óbitos no município (NUNES, 2010).

1.4 A doença em felinos

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Em gatos, a Leishmania infantum chagasi teve seu primeiro diagnóstico

confirmado nas Américas no município de Cotia-SP no ano de 2001 (SAVANI et al.,

2004). Vale ressaltar que os períodos de maior atividade das fêmeas do hospedeiro

intermediário do parasito são o crepuscular e noturno, coincidindo com os hábitos

noturnos dos felinos domésticos. No entanto, nos flebotomíneos, a preferência alimentar

parece possuir maior correlação com a disponibilidade de hospedeiro que com a

particular atratividade por determinada espécie (SÃO PAULO, 2006; SOBRINHO,

2010).

Os casos clínicos são raros em gatos, assim como lesões e sinais viscerais. Em

gatos, casos sistêmicos têm envolvido o baço, fígado, rins e linfonodos. Icterícia, febre,

vômitos, linfadenopatia, lesões oculares e bucais, leucopenia e anemia foram relatadas.

Pancitopenia grave foi a principal alteração de um gato infectado apresentado depressão

e perda de apetite (MARCOS et al., 2009; SPICKLER, 2009).

Os principais sinais clínicos da leishmaniose observados em um estudo

empreendido em Araçatuba-SP sobre coinfecção de Leishmania chagasi, Toxoplasma

gondii, FIV (Vírus da Imunodeficiência Felina) e FeLV (Vírus da Leucemia Felina) em

gatos foram: linfadenopatia, perda de peso, alopecia, secreção ocular mucopurulenta

bilateral, desidratação, mudanças no estado de consciência, hepatomegalia, descarga

nasal mucopurulenta, úlceras com crostas hemorrágicas e opacidade da córnea

(SOBRINHO, 2010) corroborando com outro estudo realizado na mesma região em

gatos infectados por Leishmania chagasi, o qual acrescentou diarreia e dispneia a esses

sinais e também encontrou formas amastigotas de Leishmania sp. em órgãos linfoides

(VIDES et al., 2011).

Figura 2. Gato portador de anticorpos anti-Leishamania chagasi e

anti-Toxoplasma gondii. Perda tecidual da maxila e dos

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dentes incisivos superiores e deposição de crostas hemor-

rágicas no bordo da ferida (SOBRINHO, p. 59, 2010).

Contudo, as características clínicas dos gatos domésticos associadas à infecção

por Leishmania não são patognomônicas e podem ser confundidas com muitas outras

doenças, o que pode levar a uma subestimação considerável desta enfermidade. O

diagnóstico histopatológico e imunohistoquímico podem ser realizados através das

lesões cutâneas e oculares (NAVARRO et al., 2010). Por outro lado, os gatos podem

sofrer diferentes condições imunossupressoras causadas por infecções por FIV e FeLV,

o que poderia favorecer a multiplicação do parasito, como observado em humanos

portadores do Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV), e facilitar a transmissão do

agente. Apesar de Martín-Sánchez et al. (2007) não terem encontrado associação de

leishmaniose com o Vírus da Imunodeficiência Felina em um trabalho realizado na

Espanha, é possível que dentro de uma área endêmica para leishmaniose haja um alto

percentual de indivíduos infectados, porém sem sinais clínicos, constituindo um

reservatório para o parasito, assim como encontrado por Sobrinho (2010), onde houve

uma correlação estatisticamente significativa com 5,3% (17/302) FIV positivos, dos

quais 70,59% (12) apresentavam também leishmaniose visceral.

As manifestações cutâneas podem ser imprecisas na leishmaniose felina,

podendo levar à prescrição de antimicóticos (imidazólicos), o que poderia melhorar a

condição clínica, não abordando a verdadeira etiologia subjacente (HÉRVAS et al.,

1999).

Em um dos dois casos documentado por Hérvas et al. (1999) na Espanha, um

felino com apresentação visceral de leishmaniose e achados histopatológicos

compatíveis com a doença nos linfonodos e no baço podia apresentar de maneira

associada uma disfunção imunológica que permitiu a multiplicação ativa e disseminação

do parasito em vísceras imunossuprimidas. Alguns agentes, tais como FIV, FelV e

estresse, podem induzir disfunção imunológica, permitindo multiplicação ativa do

parasito e generalizada disseminação visceral dos protozoários. Porém, não foram

realizados testes de FIV/FelV em qualquer dos dois casos apresentados.

Chatzis et al. (2014), publicaram uma pesquisa sobre detecção citológica e

molecular de Leishmania infantum em diferentes tecidos clinicamente normais e

doentes de gatos e concluíram que é necessário examinar vários tecidos (sangue, pele,

medula óssea e conjuntiva) para que não se obtenha um falso negativo.

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Rufenach et al. (2005), reportaram o caso de dois gatos, trazidos da Ilha de

Mallorca na Espanha, sendo que um deles apresentava um único nódulo ulcerado na

região tarsal esquerda persistente há um ano, e havia sido tratado com antibiótico e

medicação tópica, havendo uma ligeira melhora, sendo efetuada suposta excisão do

tecido que foi encaminhado para histopatológico. Após ser realizada PCR para detectar

espécies de Leishmania na pele obteve resultado positivo, recebeu alopurinol por via

oral duas vezes por dia e quando reexaminado apresentou sorologia negativa para

leishmaniose. Sugerindo que pode ter havido algum efeito com o uso desta medicação.

Este gato era negativo para FIV/FelV.

Danhroug et al. (2011), descreveram o caso em um zoológico na Universidade

Federal de Mato Grosso de um leão Panthera leo soropositivo para Leishmania chagasi,

após exame de PCR, confirmando a infecção de felídeos selvagens como hospedeiros

acidentais da leishmaniose.

Um experimento sucedido com gatos domésticos negativos para Leishmania, de

várias idades, ambos os sexos e variadas raças que foram adquiridos da Faculdade de

Medicina Veterinária da Universidade da Pensilvânia (Perkasie, PA, EUA), averiguou

que estes felinos são menos susceptíveis à infecção viscerotrópica por Leishmania spp.

mesmo quando formas amastigotas foram inoculadas por via intravenosa e formas

promastigotas inoculadas por via intradérmica. Estes animais não desenvolveram

nenhuma característica clínica, mas foram capazes de produzir significativa quantidade

de anticorpos circulantes, demonstrando que gatos domésticos parecem não ser bons

candidatos como hospedeiro reservatório para as espécies de Leishmania spp.

(KIRKPATRICK et al., 1984).

Silva et al. (2010) reportaram o primeiro caso de leishmaniose em um gato

infectado com Leishmania infantum no Brasil. Atendido pelo Departamento de

Parasitologia (Instituto de Ciências Biológicas, Universidade Federal de Minas Gerais-

ICB/UFMG), este gato castrado, macho, oito anos de idade, com sintomas clínicos de

linfadenopatia, onicogrifose, caquexia, fadiga, anorexia, fraqueza e uma ferida perto do

pavilhão auricular esquerdo foi submetido ao xenodiagnóstico, confirmando a

positividade pela presença de formas amastigotas no intestino de fêmeas de quatro dias

de idade pertencentes a uma colônia de Lutzomyia longipalpis. Era negativo para

FIV/FelV e tinha eritrograma normal, todavia o leucograma apresentava-se com

leucocitose associada a neutrofilia. Os níveis séricos de ureia (47,7 mg/dL) e aspartato

aminotransferase (274 U/L) estavam acima dos parâmetros fisiológicos. Este caso

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destaca a capacidade desse animal infectar o vetor em condições laboratoriais sugerindo

a possível participação no ciclo de transmissão, porém mais estudos são necessários

para analisar as condições a campo.

Silva et al. (2010), reforçaram o primeiro experimento produzido por Maroli et

al. (2007), no qual conta o relato de um gato que viveu na Ilha de Lipari (Silícia, Itália)

e teve seu diagnóstico de leishmaniose confirmado através do xenodiagnóstico usando

fêmeas de quatro a seis dias, vindas de uma colônia de Phlebotomus perniciosus.

Na Europa foram diagnosticados felinos positivos para leishmaniose em

Portugal por Maia et al., (2008) - 30,4%, Cardoso, (2010) - 2,8% de animais infectados

e Maia et al., (2010) - 20,3%, na Grécia por Diakou et al., 2009 – 3.87% de animais

positivos, bem como na França por Ozon et al., (1998), Itália por Poli et al., (2002) e

Silva et al., (2010), Espanha por Miró et al., (2014) e Suíça por Rufenacht et al., (2005).

Além desses países também há relatos em Israel por Nasereddin et al., (2008), México

por Longoni et al., (2012) e Guiana Francesa por Rougeron et al., (2011).

No Brasil, encontrou-se casos de felinos domésticos infectados no Estado de São

Paulo, em Andradina, por Coelho et al. (2011), que averiguaram 52 gatos através de

exame parasitológico direto e PCR, quando a infecção foi detectada em 5,76 % dos

animais; em Cotia, um caso de um gato macho de dois anos de idade, FIV/FeLV

negativos e positivo para PIF, descrito por Savani et al. (2004) e em Araçatuba, foram

feitos quatro levantamentos por Bresciani et al., (2010); Sobrinho, (2010); Neto, (2011);

Vides et al., (2011), encontrando respectivamente 0,7 %, 21,85 %, 11,5 % e 49,1 % de

animais positivos para a infecção. Souza et al. (2005), confirmaram a presença do

parasito através de exame parasitológico de um esfregaço de uma das lesões nodulares

do focinho de uma gata com dois anos de idade da cidade de Campo Grande em Mato

Grosso do Sul. No Rio de Janeiro, a Leishamania (Viannia) braziliensis foi isolada de

lesões faciais de duas gatas, de quatro e cinco anos de idade, por inoculação de

pequenos fragmentos das lesões em meio bifásico com posterior cultura por Schubach et

al. (2004). Além desses, Silva et al. (2010) relataram primeiro caso de Leishmania

infantum em felinos no Brasil, no estado de Minas Gerais.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Analisando as informações presentes neste trabalho, conclui-se que o gato (Felis

catus) pode ser um hospedeiro acidental da leishmaniose (ou não desenvolvem resposta

imune humoral importante), acarretando com isso sérios danos para a saúde pública e

animal. Contudo, por ser uma zoonose com distribuição mundial, faz-se necessário uma

triagem maior do clínico no consultório e dos governos mundiais frente a OMS, assim

como o estudo dos casos e protocolos de tratamento e prevenção eficientes.

Apesar da possibilidade do uso de várias técnicas diagnósticas, o PCR aparenta

ser o teste com maior sensibilidade para o diagnóstico de animais positivos quando da

infecção por Leishmania.

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Prerrogativa do veterinário. Afronta à legislação protetiva do meio ambiente. Lei no

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