lei 144.1999 (cooperação internacional em matéria penal). actualizada até a lei 115

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[ N de artigos:173 ]

Lei n. 144/99, de 31 de Agosto (verso actualizada)

LEI DA COOPERAO JUDICIRIA INTERNACIONAL EM MATRIA PENALContm as seguintes alteraes: - Lei n. 104/2001, de 25 de Agosto - Lei n. 48/2003, de 22 de Agosto - Lei n. 48/2007, de 29 de Agosto - Lei n. 115/2009, de 12 de Outubro SUMRIO Aprova a lei da cooperao judiciria internacional em matria penal __________________________

Artigo 3. Prevalncia dos tratados, convenes e acordos internacionais 1 - As formas de cooperao a que se refere o artigo 1. regem-se pelas normas dos tratados, convenes e acordos internacionais que vinculem o Estado Portugus e, na sua falta ou insuficincia, pelas disposies deste diploma. 2 - So subsidiariamente aplicveis as disposies do Cdigo de Processo Penal.

Artigo 4. Princpio da reciprocidade 1 - A cooperao internacional em matria penal regulada no presente diploma releva do princpio da reciprocidade. 2 - O Ministrio da Justia solicita uma garantia de reciprocidade se as circunstncias o exigirem e pode prest-la a outros Estados, nos limites deste diploma. 3 - A falta de reciprocidade no impede a satisfao de um pedido de cooperao desde que essa cooperao: a) Se mostre aconselhvel em razo da natureza do facto ou da necessidade de lutar contra certas formas graves de criminalidade; b) Possa contribuir para melhorar a situao do arguido ou para a sua reinsero social; c) Sirva para esclarecer factos imputados a um cidado portugus.

Aprova a lei da cooperao judiciria internacional em matria penal A Assembleia da Repblica decreta, nos termos da alnea c) do artigo 161. da Constituio, para valer como lei geral da Repblica, o seguinte: TTULO I Disposies gerais CAPTULO I Objecto, mbito de aplicao e princpios gerais de cooperao judiciria internacional em matria penal Artigo 1. Objecto 1 - O presente diploma aplica-se s seguintes formas de cooperao judiciria internacional em matria penal: a) Extradio; b) Transmisso de processos penais; c) Execuo de sentenas penais; d) Transferncia de pessoas condenadas a penas e medidas de segurana privativas da liberdade; e) Vigilncia de pessoas condenadas ou libertadas condicionalmente; f) Auxlio judicirio mtuo em matria penal. 2 - O disposto no nmero anterior aplica-se, com as devidas adaptaes, cooperao de Portugal com as entidades judicirias internacionais estabelecidas no mbito de tratados ou convenes que vinculem o Estado Portugus. 3 - O presente diploma subsidiariamente aplicvel cooperao em matria de infraces de natureza penal, na fase em que tramitem perante autoridades administrativas, bem como de infraces que constituam ilcito de mera ordenao social, cujos processos admitam recurso judicial.

Artigo 5. Definies Para os efeitos do presente diploma, considera-se: a) Suspeito: toda a pessoa relativamente qual existem indcios de que cometeu uma infraco ou nela participou; b) Arguido: toda a pessoa contra quem correr processo ou contra quem for deduzida acusao ou requerida instruo; c) Condenado: pessoa contra quem foi proferida sentena que imponha uma reaco criminal ou relativamente qual foi proferida deciso judicial que reconhea a sua culpabilidade, ainda que suspendendo condicionalmente a aplicao da pena ou impondo sano criminal privativa da liberdade cuja execuo declarada suspensa, no todo ou em parte, na data da sentena ou posteriormente, ou substituda por medida no detentiva; d) Reaco criminal: qualquer pena ou medida de segurana privativas da liberdade, pena pecuniria ou outra sano no detentiva, incluindo sanes acessrias.

Artigo 2. mbito da cooperao 1 - A aplicao do presente diploma subordina-se proteco dos interesses da soberania, da segurana, da ordem pblica e de outros interesses da Repblica Portuguesa, constitucionalmente definidos. 2 - O presente diploma no confere o direito de exigir qualquer forma de cooperao internacional em matria penal.

Artigo 6. Requisitos gerais negativos da cooperao internacional O pedido de cooperao recusado quando: a) O processo no satisfizer ou no respeitar as exigncias da Conveno Europeia para a Proteco

dos Direitos do Homem e das Liberdades Fundamentais, de 4 de Novembro de 1950, ou de outros instrumentos internacionais relevantes na matria, ratificados por Portugal; b) Houver fundadas razes para crer que a cooperao solicitada com o fim de perseguir ou punir uma pessoa em virtude da sua raa, religio, sexo, nacionalidade, lngua, das suas convices polticas ou ideolgicas ou da sua pertena a um grupo social determinado; c) Existir risco de agravamento da situao processual de uma pessoa por qualquer das razes indicadas na alnea anterior; d) Puder conduzir a julgamento por um tribunal de excepo ou respeitar a execuo de sentena proferida por um tribunal dessa natureza; e) O facto a que respeita for punvel com pena de morte ou outra de que possa resultar leso irreversvel da integridade da pessoa; f) Respeitar a infraco a que corresponda pena de priso ou medida de segurana com carcter perptuo ou de durao indefinida. 2 - O disposto nas alneas e) e f) do nmero anterior no obsta cooperao: a) Se o Estado que formula o pedido, por acto irrevogvel e vinculativo para os seus tribunais ou outras entidades competentes para a execuo da pena, tiver previamente comutado a pena de morte ou outra de que possa resultar leso irreversvel da integridade da pessoa ou tiver retirado carcter perptuo ou durao indefinida pena ou medida de segurana; b) Se, com respeito a extradio por crimes a que corresponda, segundo o direito do Estado requerente, pena ou medida de segurana privativa ou restritiva da liberdade com carcter perptuo ou de durao indefinida, o Estado requerente oferecer garantias de que tal pena ou medida de segurana no ser aplicada ou executada; c) Se o Estado que formula o pedido aceitar a converso das mesmas penas ou medidas por um tribunal portugus segundo as disposies da lei portuguesa aplicveis ao crime que motivou a condenao; ou d) Se o pedido respeitar ao auxlio previsto na alnea f) do n. 1 do artigo 1., solicitado com fundamento na relevncia do acto para presumvel no aplicao dessas penas ou medidas. 3 - Para efeitos de apreciao da suficincia das garantias a que se refere a alnea b) do nmero anterior, ter-se- em conta, nomeadamente, nos termos da legislao e da prtica do Estado requerente, a possibilidade de no aplicao da pena, de reapreciao da situao da pessoa reclamada e de concesso da liberdade condicional, bem como a possibilidade de indulto, perdo, comutao de pena ou medida anloga, previstos na legislao do Estado requerente. 4 - O pedido de cooperao ainda recusado quando no estiver garantida a reciprocidade, salvo o disposto no n. 3 do artigo 4. 5 - Quando for negada a extradio com base nas alneas d), e) e f) do n. 1, aplica-se o mecanismo de cooperao previsto no n. 5 do artigo 32.

conexa a infraco poltica segundo as concepes do direito portugus; b) Crime militar que no seja simultaneamente previsto na lei penal comum. 2 - No se consideram de natureza poltica: a) O genocdio, os crimes contra a Humanidade, os crimes de guerra e infraces graves segundo as Convenes de Genebra de 1949; b) As infraces referidas no artigo 1. da Conveno Europeia para a Represso do Terrorismo, aberta para assinatura a 27 de Janeiro de 1977; c) Os actos referidos na Conveno contra a Tortura e Outras Penas ou Tratamentos Cruis, Desumanos ou Degradantes, adoptada pela Assembleia das Naes Unidas em 17 de Dezembro de 1984; d) Quaisquer outros crimes a que seja retirada natureza poltica por tratado, conveno ou acordo internacional de que Portugal seja parte.

Artigo 8. Extino do procedimento penal 1 - A cooperao no admissvel se, em Portugal ou noutro Estado em que tenha sido instaurado procedimento pelo mesmo facto: a) O processo tiver terminado com sentena absolutria transitada em julgado ou com deciso de arquivamento; b) A sentena condenatria se encontrar cumprida ou no puder ser cumprida segundo o direito do Estado em que foi proferida; c) O procedimento se encontrar extinto por qualquer outro motivo, salvo se este se encontrar previsto, em conveno internacional, como no obstando cooperao por parte do Estado requerido. 2 - O disposto nas alneas a) e b) do nmero anterior no se aplica se a autoridade estrangeira que formula o pedido o justificar para fins de reviso da sentena e os fundamentos desta forem idnticos aos admitidos no direito portugus. 3 - O disposto na alnea a) do n. 1 no obsta cooperao com fundamento na reabertura de processo arquivado previsto na lei.

Artigo 9. Concurso de casos de admissibilidade e de inadmissibilidade da cooperao 1 - Se o facto imputado pessoa contra a qual instaurado procedimento estiver previsto em vrias disposies do direito penal portugus, o pedido de cooperao s atendido na parte que respeita a infraco ou infraces relativamente s quais seja admissvel o pedido e desde que o Estado que o formula d garantias de que observar as condies fixadas para a cooperao. 2 - A cooperao , porm, excluda se o facto estiver previsto em vrias disposies do direito penal portugus ou estrangeiro e o pedido no possa ser satisfeito em virtude de uma disposio legal que o abranja na sua totalidade e que constitua motivo de recusa da cooperao.

Artigo 7. Recusa relativa natureza da infraco 1 - O pedido tambm recusado quando o processo respeitar a facto que constituir: a) Infraco de natureza poltica ou infraco

Artigo 10. Reduzida importncia da infraco A cooperao pode ser recusada se a reduzida importncia da infraco no a justificar.

Artigo 15. Concurso de pedidos 1 - Se a cooperao for solicitada por vrios Estados, relativamente ao mesmo ou a diferentes factos, esta concedida em favor do Estado que, tendo em conta as circunstncias do caso, assegure melhor os interesses da realizao da justia e da reinsero social do suspeito, do arguido ou do condenado. 2 - O disposto no nmero anterior: a) Cede perante a regra de prevalncia da jurisdio internacional, nos casos a que se refere o n. 2 do artigo 1.; b) No se aplica forma de cooperao referida na alnea f) do n. 1 do artigo 1.

Artigo 11. Proteco do segredo 1 - Na execuo de um pedido de cooperao formulado a Portugal observam-se as disposies do Cdigo de Processo Penal e legislao complementar relativas recusa de testemunhar, s apreenses, s escutas telefnicas e ao segredo profissional ou de Estado e em todos os outros casos em que o segredo seja protegido. 2 - O disposto no nmero anterior aplica-se a informaes que, segundo o pedido, devam ser prestadas por pessoas no implicadas no procedimento penal estrangeiro.

Artigo 16. Regra da especialidade 1 - A pessoa que, em consequncia de um acto de cooperao, comparecer em Portugal para intervir em processo penal como suspeito, arguido ou condenado no pode ser perseguida, julgada, detida ou sujeita a qualquer outra restrio da liberdade por facto anterior sua presena em territrio nacional, diferente do que origina o pedido de cooperao formulado por autoridade portuguesa. 2 - A pessoa que, nos termos do nmero anterior, comparecer perante uma autoridade estrangeira no pode ser perseguida, detida, julgada ou sujeita a qualquer outra restrio da liberdade por facto ou condenao anteriores sua sada do territrio portugus diferentes dos determinados no pedido de cooperao. 3 - Antes de autorizada a transferncia a que se refere o nmero anterior, o Estado que formula o pedido deve prestar as garantias necessrias ao cumprimento da regra da especialidade. 4 - A imunidade a que se refere este artigo cessa quando: a) A pessoa em causa, tendo a possibilidade de abandonar o territrio portugus ou estrangeiro, o no faz dentro de 45 dias ou regressa voluntariamente a um desses territrios; b) O Estado que autoriza a transferncia, ouvido previamente o suspeito, o arguido ou o condenado, consentir na derrogao da regra da especialidade. 5 - O disposto nos n.os 1 e 2 no exclui a possibilidade de solicitar a extenso da cooperao a factos diferentes dos que fundamentaram o pedido, mediante novo pedido apresentado e instrudo nos termos do presente diploma. 6 - No caso referido no nmero anterior, obrigatria a apresentao de auto donde constem as declaraes da pessoa que beneficia da regra da especialidade. 7 - No caso de o pedido ser apresentado a um Estado estrangeiro, o auto a que se refere o nmero anterior lavrado perante o tribunal da Relao da rea onde residir ou se encontrar a pessoa que beneficia da regra da especialidade.

Artigo 12. Direito aplicvel 1 - Produzem efeitos em Portugal: a) Os motivos de interrupo ou de suspenso da prescrio segundo o direito do Estado que formula o pedido; b) A queixa apresentada em tempo til a uma autoridade estrangeira, quando for igualmente exigida pelo direito portugus. 2 - Se apenas o direito portugus exigir queixa, nenhuma reaco criminal pode ser imposta ou executada em Portugal no caso de oposio do respectivo titular.

Artigo 13. Imputao da deteno 1 - A priso preventiva sofrida no estrangeiro ou a deteno decretada no estrangeiro em consequncia de uma das formas de cooperao previstas no presente diploma so levadas em conta no mbito do processo portugus ou imputadas na pena, nos termos do Cdigo Penal, como se a privao da liberdade tivesse ocorrido em Portugal. 2 - Com vista a possibilitar a tomada em considerao da priso preventiva ou da pena j cumpridas em Portugal, so prestadas as informaes necessrias.

Artigo 14. Indemnizao A lei portuguesa aplica-se indemnizao devida por deteno ou priso ilegal ou injustificada ou por outros danos sofridos pelo suspeito e pelo arguido: a) No decurso de procedimento instaurado em Portugal para efectivao de um pedido de cooperao formulado a Portugal; b) No decurso de procedimento instaurado no estrangeiro para efectivao de um pedido de cooperao formulado por uma autoridade portuguesa.

Artigo 17. Casos particulares de no aplicao da regra da especialidade 1 - A imunidade referida nos n.os 1 e 2 do artigo anterior cessa tambm nos casos em que, por tratado, conveno ou acordo internacional de que Portugal seja parte, no haja lugar ao benefcio da

regra da especialidade. 2 - Quando a cessao da imunidade decorra de renncia da pessoa que beneficia da regra da especialidade, deve essa renncia resultar de declarao pessoal, prestada perante o juiz, que demonstre que a pessoa a exprimiu voluntariamente e em plena conscincia das consequncias do seu acto, com assistncia de defensor, que lhe deve ser nomeado caso no tenha advogado constitudo. 3 - Quando a pessoa em causa deva prestar declaraes em Portugal, no seguimento de pedido apresentado a Portugal ou formulado por uma autoridade portuguesa, as declaraes so prestadas perante o tribunal da Relao da rea onde residir ou se encontrar a referida pessoa. 4 - Sem prejuzo do disposto no nmero anterior, a renncia de pessoa que comparea em Portugal em consequncia de um acto de cooperao solicitado pela autoridade portuguesa prestada no processo em que deva produzir efeito, quando as autoridades portuguesas, aps a entrega da pessoa, tiverem conhecimento superveniente de factos por ela praticados anteriormente a essa entrega.

que devam acompanhar o pedido.

Artigo 21. Tramitao do pedido 1 - Para efeitos de recepo e de transmisso dos pedidos de cooperao abrangidos pelo presente diploma, bem como para todas as comunicaes que aos mesmos digam respeito, designada, como Autoridade Central, a Procuradoria-Geral da Repblica. 2 - O Procurador-Geral da Repblica submete o pedido de cooperao formulado a Portugal ao Ministro da Justia com vista a deciso sobre a sua admissibilidade. 3 - O pedido de cooperao formulado por uma autoridade portuguesa remetido ao Ministro da Justia pelo Procurador-Geral da Repblica. 4 - O disposto no n. 1 no prejudica os contactos directos relativos a pedidos de cooperao a que se reporta a alnea f) do n. 1 do artigo 1.

Artigo 18. Denegao facultativa da cooperao internacional 1 - Pode ser negada a cooperao quando o facto que a motiva for objecto de processo pendente ou quando esse facto deva ou possa ser tambm objecto de procedimento da competncia de uma autoridade judiciria portuguesa. 2 - Pode ainda ser negada a cooperao quando, tendo em conta as circunstncias do facto, o deferimento do pedido possa implicar consequncias graves para a pessoa visada, em razo da idade, estado de sade ou de outros motivos de carcter pessoal.

Artigo 22. Formas de transmisso do pedido 1 - Quando disponveis, e mediante acordo entre os Estados requerente e requerido, podem utilizar-se na transmisso dos pedidos os meios telemticos adequados, nomeadamente a telecpia, desde que estejam garantidas a autenticidade e confidencialidade do pedido e a fiabilidade dos dados transmitidos. 2 - O disposto no nmero anterior no prejudica o recurso s vias urgentes previstas no n. 2 do artigo 29.

Artigo 19. Non bis in idem Quando for aceite um pedido de cooperao que implique a delegao do procedimento em favor de uma autoridade judiciria estrangeira, no pode instaurar-se nem continuar em Portugal procedimento pelo mesmo facto que determinou o pedido nem executar-se sentena cuja execuo delegada numa autoridade estrangeira.

Artigo 23. Requisitos do pedido 1 - O pedido de cooperao deve indicar: a) A autoridade de que emana e a autoridade a quem se dirige, podendo fazer esta designao em termos gerais; b) O objecto e motivos do pedido; c) A qualificao jurdica dos factos que motivam o procedimento; d) A identificao do suspeito, arguido ou condenado, da pessoa cuja extradio ou transferncia se requer e a da testemunha ou perito a quem devam pedir-se declaraes; e) A narrao dos factos, incluindo o lugar e o tempo da sua prtica, proporcional importncia do acto de cooperao que se pretende; f) O texto das disposies legais aplicveis no Estado que o formula; g) Quaisquer documentos relativos ao facto. 2 - Os documentos no carecem de legalizao. 3 - A autoridade competente pode exigir que um pedido formalmente irregular ou incompleto seja modificado ou completado, sem prejuzo da adopo de medidas provisrias quando estas no possam esperar pela regularizao. 4 - O requisito a que se refere a alnea f) do n. 1 pode ser dispensado quando se tratar da forma de cooperao referida na alnea f) do n. 1 do artigo 1.

CAPTULO II Disposies gerais do processo de cooperao Artigo 20. Lngua aplicvel 1 - O pedido de cooperao acompanhado de traduo na lngua oficial do Estado a quem dirigido, salvo conveno ou acordo em contrrio ou se aquele Estado a dispensar. 2 - O disposto no nmero anterior aplica-se ao pedido de cooperao dirigido a Portugal. 3 - As decises de admissibilidade ou recusa do pedido de cooperao so notificadas autoridade do Estado que o formulou, acompanhadas de uma traduo na respectiva lngua oficial, salvo nos casos previstos na parte final do n. 1. 4 - O disposto neste artigo aplica-se aos documentos

Artigo 27. Transferncia de pessoas Artigo 24. Deciso sobre admissibilidade 1 - A deciso do Ministro da Justia que declara admissvel o pedido no vincula a autoridade judiciria. 2 - A deciso que declara inadmissvel o pedido de cooperao internacional fundamentada e no admite recurso. 3 - A deciso a que se refere o nmero anterior e que recusa o pedido de cooperao comunicada pela Autoridade Central autoridade nacional ou estrangeira que o formulou. 1 - A transferncia de pessoas detidas ou condenadas a penas ou medidas de segurana privativas da liberdade que deva realizar-se em cumprimento das decises previstas neste diploma efectua-se pelos servios do Ministrio da Justia, de acordo com a autoridade do Estado estrangeiro em que se encontra a pessoa visada ou para onde a mesma deve ser transferida, relativamente ao meio de transporte, data, local e hora de entrega. 2 - A transferncia efectua-se no mais curto prazo possvel aps a data da deciso que a determina. 3 - O disposto nos nmeros anteriores aplica-se, com as necessrias adaptaes, transferncia respeitante a pedido formulado por uma entidade judiciria internacional.

Artigo 25. Competncia interna em matria de cooperao internacional 1 - A competncia das autoridades portuguesas para a formulao de um pedido de cooperao ou para a execuo de um pedido formulado a Portugal determina-se pelas disposies dos ttulos seguintes. 2 - So subsidiariamente aplicveis o Cdigo de Processo Penal e respectiva legislao complementar, bem como a legislao relativa ao ilcito de mera ordenao social.

Artigo 28. Entrega de objectos e valores 1 - Se o pedido de cooperao respeitar a entrega de objectos ou valores, exclusivamente ou como complemento de outro pedido, podem estes ser remetidos quando no sejam indispensveis prova de factos constitutivos de infraco, cujo conhecimento for da competncia das autoridades portuguesas. 2 - ressalvada a possibilidade de remessa diferida ou sob condio de restituio. 3 - So ressalvados os direitos de terceiros de boa f, bem como os dos legtimos proprietrios ou possuidores e os do Estado quando os objectos e valores possam ser declarados perdidos a seu favor. 4 - Em caso de oposio, os objectos e valores s sero remetidos aps deciso favorvel da autoridade competente transitada em julgado. 5 - Tratando-se de pedido de extradio, a entrega de coisas referidas no n. 1 pode efectuar-se mesmo que a extradio no se efective, nomeadamente por fuga ou morte do extraditando.

Artigo 26. Despesas 1 - A execuo de um pedido de cooperao , em regra, gratuita. 2 - Constituem, porm, encargo do Estado ou da entidade judiciria internacional que o formula: a) As indemnizaes e remuneraes de testemunhas e peritos, bem como as despesas de viagem e estada; b) As despesas decorrentes do envio ou entrega de coisas; c) As despesas decorrentes da transferncia de pessoas para o territrio do Estado requerente ou para a sede da entidade judiciria internacional; d) As despesas com o trnsito de uma pessoa do territrio de um Estado estrangeiro ou da sede da entidade judiciria internacional para terceiro Estado ou para a sede dessa entidade; e) As despesas efectuadas com o recurso teleconferncia, em cumprimento de um pedido de cooperao; f) Outras despesas consideradas relevantes pelo Estado requerido, em funo dos meios humanos e tecnolgicos envolvidos no cumprimento do pedido. 3 - Para os efeitos da alnea a) do nmero anterior, pode ser abonado um adiantamento testemunha ou ao perito, a mencionar na notificao e a reembolsar finda a diligncia. 4 - Mediante acordo entre Portugal e o Estado estrangeiro ou a entidade judiciria internacional interessados no pedido, pode derrogar-se o disposto no n. 2.

Artigo 29. Medidas provisrias urgentes 1 - Em caso de urgncia, as autoridades judicirias estrangeiras podem comunicar directamente com as autoridades judicirias portuguesas, ou por intermdio da Organizao Internacional de Polcia Criminal - INTERPOL ou de rgos centrais competentes para a cooperao policial internacional designados para o efeito, para solicitarem a adopo de uma medida cautelar ou para a prtica de um acto que no admita demora, expondo os motivos da urgncia e observando os requisitos referidos no artigo 23. 2 - O pedido transmitido por via postal, electrnica ou telegrfica ou por qualquer outro meio que permita o seu registo por escrito e que seja admitido pela lei portuguesa. 3 - As autoridades judicirias portuguesas, se considerarem o pedido admissvel, do-lhe satisfao, sem prejuzo de submeterem deciso do Ministro da Justia, atravs da Autoridade Central, as matrias que este diploma faa depender da sua prvia apreciao ou, no sendo isso possvel, ratificao. 4 - Quando, nos termos deste artigo, a cooperao envolver autoridades portuguesas e estrangeiras de

diferente natureza, o pedido efectuado atravs da Autoridade Central.

2 - admissvel a extradio de cidados portugueses do territrio nacional desde que:33/3 CRP

art.

Artigo 30. Destino do pedido 1 - A deciso definitiva da autoridade judiciria que no atender o pedido de cooperao comunicada autoridade estrangeira que o formulou, pelas vias referidas no artigo 21. 2 - Satisfeito um pedido de cooperao, a autoridade judiciria envia, quando for caso disso, os respectivos autos autoridade estrangeira, nos termos previstos no artigo 160.

TTULO II Extradio CAPTULO I Extradio passiva SECO I Condies da extradio Artigo 31. Fim e fundamento da extradio 1 - A extradio pode ter lugar para efeitos de procedimento penal ou para cumprimento de pena ou medida de segurana privativas da liberdade por crime cujo julgamento seja da competncia dos tribunais do Estado requerente. 2 - Para qualquer desses efeitos, s admissvel a entrega da pessoa reclamada no caso de crime, ainda que tentado, punvel pela lei portuguesa e pela lei do Estado requerente com pena ou medida privativas da liberdade de durao mxima no inferior a um ano. 3 - Se a extradio tiver por fundamento vrios factos distintos, cada um deles punvel pela lei do Estado requerente e pela lei portuguesa com uma pena privativa de liberdade e se algum ou alguns deles no preencherem a condio referida no nmero anterior, pode tambm conceder-se a extradio por estes ltimos. 4 - Quando for pedida para cumprimento de pena ou medida de segurana privativas da liberdade, a extradio pode ser concedida se o tempo por cumprir no for inferior a quatro meses. 5 - O disposto nos nmeros anteriores aplicvel, com as devidas adaptaes, cooperao que implique a extradio ou a entrega de pessoas s entidades judicirias internacionais a que se refere o n. 2 do artigo 1. deste diploma. 6 - O disposto no presente artigo no obsta extradio quando sejam inferiores os limites mnimos estabelecidos em tratado, conveno ou acordo de que Portugal seja parte.

a) A extradio de nacionais esteja estabelecida em tratado, conveno ou acordo de que Portugal seja parte; b) Os factos configurem casos de terrorismo ou criminalidade internacional organizada; e c) A ordem jurdica do Estado requerente consagre garantias de um processo justo e equitativo. 3 - No caso previsto no nmero anterior, a extradio apenas ter lugar para fins de procedimento penal e desde que o Estado requerente garanta a devoluo da pessoa extraditada a Portugal, para cumprimento da pena ou medida que lhe venha a ser aplicada, aps reviso e confirmao nos termos do direito portugus, salvo se essa pessoa se opuser devoluo por declarao expressa. 4 - Para efeitos de apreciao das garantias a que se refere a alnea c) do n. 2, ter-se- em conta o respeito das exigncias da Conveno Europeia para a Proteco dos Direitos do Homem e das Liberdades Fundamentais e de outros instrumentos internacionais relevantes na matria ratificados por Portugal, bem como as condies de proteco contra as situaes a que se referem as alneas b) e c) do n. 1 do artigo 6. 5 - Quando for negada a extradio com fundamento nas alneas do n. 1 do presente artigo ou nas alneas d), e) e f) do n. 1 do artigo 6., instaurado procedimento penal pelos factos que fundamentam o pedido, sendo solicitados ao Estado requerente os elementos necessrios. O juiz pode impor as medidas cautelares que se afigurem adequadas. 6 - A qualidade de nacional apreciada no momento em que seja tomada a deciso sobre a extradio. 7 - Acordos especiais, no mbito de alianas militares ou de outra natureza, podero admitir crimes militares como fundamento de extradio.

Artigo 33. Crimes cometidos em terceiro Estado No caso de crimes cometidos em territrio de outro Estado que no o requerente, pode ser concedida a extradio quando a lei portuguesa der competncia sua jurisdio em identidade de circunstncias ou quando o Estado requerente comprovar que aquele Estado no reclama o agente da infraco.

Artigo 34. Reextradio 1 - O Estado requerente no pode reextraditar para terceiro Estado a pessoa que lhe foi entregue por efeito de extradio. 2 - Cessa a proibio constante do nmero anterior quando: a) Nos termos estabelecidos para o pedido de extradio, for solicitada e prestada a correspondente autorizao, ouvido previamente o extraditado; ou b) O extraditado, tendo a possibilidade de abandonar o territrio do Estado requerente, no o faz dentro de 45 dias ou, tendo-o abandonado, a voluntariamente regressar. 3 - Para o efeito da alnea a) do nmero anterior, pode solicitar-se o envio de declarao da pessoa

Artigo 32. Casos em que excluda a extradio 1 - Para alm dos casos referidos nos artigos 6. a 8., a extradio excluda quando: a) O crime tiver sido cometido em territrio portugus; b) A pessoa reclamada tiver nacionalidade portuguesa, salvo o disposto no nmero seguinte.

reclamada relativa sua reextradio. 4 - A proibio de reextradio cessa tambm nos casos em que, por tratado, conveno ou acordo internacional de que Portugal seja parte, no seja necessrio o consentimento do Estado requerido. Quando este efeito decorra do consentimento da pessoa em causa, aplica-se o disposto no nmero seguinte. 5 - As declaraes da pessoa reclamada, a que haja lugar por fora dos n.os 3 e 4, so prestadas perante o tribunal da Relao da rea onde residir ou se encontrar a referida pessoa, observando-se, quanto ao n. 4, as formalidades previstas no artigo 17.

praticado o facto principal; b) Se os pedidos respeitarem a factos diferentes, a gravidade da infraco, segundo a lei portuguesa, a data do pedido, a nacionalidade ou residncia do extraditando, bem como outras circunstncias concretas, designadamente a existncia de um tratado ou a possibilidade de reextradio entre os Estados requerentes. 2 - O disposto no nmero anterior entende-se sem prejuzo da prevalncia da jurisdio internacional nos casos a que se reporta o n. 2 do artigo 1. 3 - O disposto nos nmeros anteriores aplicvel, com as devidas adaptaes, para efeitos de manuteno da deteno antecipada.

Artigo 35. Extradio diferida 1 - No obsta concesso da extradio a existncia, em tribunais portugueses, de processo penal contra a pessoa reclamada ou a circunstncia de esta se encontrar a cumprir pena privativa da liberdade por infraces diversas das que fundamentaram o pedido. 2 - Nos casos do nmero anterior, pode diferir-se a entrega do extraditado para quando o processo ou o cumprimento da pena terminarem. 3 - tambm causa de adiamento da entrega a verificao, por perito mdico, de enfermidade que ponha em perigo a vida do extraditado.

Artigo 38. Deteno provisria 1 - Em caso de urgncia, e como acto prvio de um pedido formal de extradio, pode solicitar-se a deteno provisria da pessoa a extraditar. 2 - A deciso sobre a deteno e a sua manuteno tomada em conformidade com a lei portuguesa. 3 - O pedido indica a existncia do mandado de deteno ou deciso condenatria contra a pessoa reclamada, contm um resumo dos factos constitutivos da infraco, com indicao do momento e do lugar da sua prtica, e refere os preceitos legais aplicveis e os dados disponveis acerca da identidade, nacionalidade e localizao daquela pessoa. 4 - Na transmisso do pedido observa-se o disposto no artigo 29. 5 - A deteno provisria cessa se o pedido de extradio no for recebido no prazo de 18 dias a contar da mesma, podendo, no entanto, prolongarse at 40 dias se razes atendveis, invocadas pelo Estado requerente, o justificarem. 6 - A deteno pode ser substituda por outras medidas de coaco, nos termos previstos no Cdigo de Processo Penal. 7 - O disposto no n. 5 no prejudica nova deteno e a extradio, se o pedido for ulteriormente recebido. 8 - O pedido de deteno provisria s pode ser atendido quando no se suscitarem dvidas sobre a competncia da autoridade requerente e contiver os elementos referidos no n. 3.

Artigo 36. Entrega temporria 1 - No caso do n. 1 do artigo anterior, a pessoa reclamada pode ser entregue temporariamente para a prtica de actos processuais, designadamente o julgamento, que o Estado requerente demonstre no poderem ser adiados sem grave prejuzo, desde que isso no prejudique o andamento do processo pendente em Portugal e o Estado requerente se comprometa a que, terminados esses actos, a pessoa reclamada seja restituda sem quaisquer condies. 2 - Se a pessoa entregue temporariamente estava a cumprir pena, a execuo desta fica suspensa desde a data em que essa pessoa foi entregue ao representante do Estado requerente at data da sua restituio s autoridades portuguesas. 3 - , todavia, descontada na pena a deteno que no venha a ser computada no processo estrangeiro. 4 - No caso de ter sido diferida a entrega nos termos do artigo anterior, a autorizao para a entrega temporria tramitada como incidente do pedido de extradio, exclusivamente com vista apreciao, pelo tribunal da Relao, dos critrios enunciados no n. 1. O tribunal da Relao ouve o tribunal ordem do qual a pessoa se encontra e o Ministro da Justia.

Artigo 39. Deteno no directamente solicitada lcito s autoridades de polcia criminal efectuar a deteno de indivduos que, segundo informaes oficiais, designadamente da INTERPOL, sejam procurados por autoridades competentes estrangeiras para efeito de procedimento ou de cumprimento de pena por factos que notoriamente justifiquem a extradio.

Artigo 37. Pedidos de extradio concorrentes 1 - No caso de diversos pedidos de extradio da mesma pessoa, a deciso sobre o pedido a que deva ser dada preferncia tem em conta: a) Se os pedidos respeitarem aos mesmos factos, o local onde a infraco se consumou ou onde foi

Artigo 40. Extradio com consentimento do extraditando 1 - A pessoa detida para efeito de extradio pode declarar que consente na sua entrega ao Estado requerente ou entidade judiciria internacional e que renuncia ao processo de extradio regulado nos artigos 51. a 62., depois de advertida de que

tem direito a este processo. 2 - A declarao assinada pelo extraditando e pelo seu defensor ou advogado constitudo. 3 - O juiz verifica se esto preenchidas as condies para que a extradio possa ser concedida, ouve o declarante para se certificar se a declarao resulta da sua livre determinao e, em caso afirmativo, homologa-a, ordenando a sua entrega ao Estado requerente, de tudo se lavrando auto. 4 - A declarao, homologada nos termos do nmero anterior, irrevogvel. 5 - O acto judicial de homologao equivale, para todos os efeitos, deciso final do processo de extradio. 6 - Salvo tratado, conveno ou acordo que dispense a apresentao do pedido de extradio, o acto de homologao tem lugar aps a deciso do Ministro da Justia favorvel ao seguimento do pedido, caso em que o processo prossegue para efeitos daquela homologao judicial.

8 - A deciso sobre o pedido deve ser tomada no mais curto prazo e comunicada de imediato ao Estado requerente pela mesma via por que o pedido tenha sido feito. 9 - As condies em que o trnsito se processar e a autoridade que nele superintender devem constar da deciso que o autorize.

SECO II Processo de extradio Artigo 44. Contedo e instruo do pedido de extradio 1 - Alm dos elementos referidos no artigo 23., o pedido de extradio deve incluir: a) Demonstrao de que, no caso concreto, a pessoa a extraditar est sujeita jurisdio penal do Estado requerente; b) Prova, no caso de infraco cometida em terceiro Estado, de que este no reclama o extraditando por causa dessa infraco; c) Garantia formal de que a pessoa reclamada no ser extraditada para terceiro Estado, nem detida para procedimento penal, para cumprimento de pena ou para outro fim, por factos diversos dos que fundamentarem o pedido e lhe sejam anteriores ou contemporneos. 2 - Ao pedido de extradio devem ser juntos os elementos seguintes: a) Mandado de deteno da pessoa reclamada, emitido pela autoridade competente; b) Certido ou cpia autenticada da deciso que ordenou a expedio do mandado de deteno, no caso de extradio para procedimento penal; c) Certido ou cpia autenticada da deciso condenatria, no caso de extradio para cumprimento da pena, bem como documento comprovativo da pena a cumprir, se esta no corresponder durao da pena imposta na deciso condenatria; d) Cpia dos textos legais relativos prescrio do procedimento penal ou da pena, conforme o caso; e) Declarao da autoridade competente relativa a motivos de suspenso ou interrupo do prazo da prescrio, segundo a lei do Estado requerente, se for caso disso; f) Cpia dos textos legais relativos possibilidade de recurso da deciso ou de efectivao do novo julgamento, no caso de condenao em processo cuja audincia de julgamento tenha decorrido na ausncia da pessoa reclamada.

Artigo 41. Medidas de coaco no detentivas Na pendncia do processo e at ao trnsito em julgado da deciso final, correspondentemente aplicvel o disposto no n. 6 do artigo 38.

Artigo 42. Fuga do extraditado O extraditado que, depois de entregue ao Estado requerente ou entidade judiciria internacional, se evadir antes de extinto o procedimento penal ou de cumprida a pena e voltar ou for encontrado em Portugal ser de novo detido e entregue ao mesmo Estado ou entidade, mediante mandado de deteno emanado da autoridade estrangeira competente, salvo no caso de ter havido violao das condies em que a extradio foi concedida.

Artigo 43. Trnsito 1 - Pode ser facultado o trnsito, pelo territrio ou pelo espao areo nacional, de uma pessoa extraditada de um Estado estrangeiro para outro, desde que no se oponham motivos de ordem pblica e se trate de infraco justificativa de extradio, segundo a lei portuguesa. 2 - Se a pessoa extraditada tiver a nacionalidade portuguesa, o trnsito s ser concedido nas situaes em que o seria a extradio. 3 - O trnsito autorizado mediante pedido do Estado que nele estiver interessado. 4 - Se for utilizado transporte areo e no estiver prevista uma aterragem em territrio nacional, suficiente uma comunicao do Estado interessado na extradio. 5 - Em caso de aterragem imprevista, observa-se o disposto no n. 3. 6 - mantida a deteno do extraditado em trnsito enquanto permanecer em territrio portugus. 7 - O pedido identifica devidamente o extraditado em trnsito, contm, com as necessrias adaptaes, os elementos referidos no n. 3 do artigo 38. e dirigido ao Ministro da Justia pelas vias previstas no presente diploma.

Artigo 45. Elementos complementares 1 - Quando o pedido estiver incompleto ou no vier acompanhado de elementos suficientes para sobre ele se decidir, observa-se o disposto no n. 3 do artigo 23., fixando-se prazo para o seu envio, o qual poder ser prorrogado mediante razes atendveis invocadas pelo Estado requerente. 2 - A falta dos elementos solicitados nos termos do nmero anterior poder determinar o arquivamento do processo no fim do prazo fixado, sem embargo de poder prosseguir quando esses elementos forem apresentados. 3 - Se o pedido se referir a pessoa que j se encontre detida para fins de extradio, o arquivamento previsto no nmero anterior

determina a imediata restituio liberdade, sendo correspondentemente aplicvel o disposto no n. 7 do artigo 38.

Artigo 46. Natureza do processo de extradio 1 - O processo de extradio tem carcter urgente e compreende a fase administrativa e a fase judicial. 2 - A fase administrativa destinada apreciao do pedido de extradio pelo Ministro da Justia para o efeito de decidir, tendo, nomeadamente, em conta as garantias a que haja lugar, se ele pode ter seguimento ou se deve ser liminarmente indeferido por razes de ordem poltica ou de oportunidade ou convenincia. 3 - A fase judicial da exclusiva competncia do tribunal da Relao e destina-se a decidir, com audincia do interessado, sobre a concesso da extradio por procedncia das suas condies de forma e de fundo, no sendo admitida prova alguma sobre os factos imputados ao extraditando.

1 - competente para o processo judicial de extradio o tribunal da Relao em cujo distrito judicial residir ou se encontrar a pessoa reclamada ao tempo do pedido. 2 - O julgamento da competncia da seco criminal. 3 - S cabe recurso da deciso final, competindo o seu julgamento seco criminal do Supremo Tribunal de Justia. 4 - Tem efeito suspensivo o recurso da deciso que conceder a extradio.

Artigo 50. Incio do processo judicial 1 - O pedido de extradio que deva prosseguir remetido, conjuntamente com os elementos que o instrurem e respectiva deciso, ao Ministrio Pblico no tribunal da Relao competente. 2 - Dentro das quarenta e oito horas subsequentes, o Ministrio Pblico promove o cumprimento do pedido.

Artigo 47. Representao do Estado requerente no processo de extradio 1 - O Estado estrangeiro que o solicite a Portugal pode ser admitido a participar na fase judicial do processo de extradio, atravs de representante designado para o efeito. 2 - Se no acompanhar o pedido de extradio, o pedido de participao dirigido ao tribunal da Relao atravs da Autoridade Central. 3 - O pedido de participao submetido a deciso do Ministro da Justia sobre a sua admissibilidade, precedendo informao da Procuradoria-Geral da Repblica, podendo ser indeferido se no estiver garantida a reciprocidade. 4 - A participao a que se refere o n. 1 tem em vista possibilitar ao Estado requerente o contacto directo com o processo, com observncia das regras relativas ao segredo de justia, bem como fornecer ao tribunal os elementos que este entenda solicitar.

Artigo 51. Despacho liminar e deteno do extraditando 1 - Efectuada a distribuio, o processo imediatamente concluso ao juiz relator para, no prazo de 10 dias, proferir despacho liminar sobre a suficincia dos elementos que instrurem o pedido e a viabilidade deste. 2 - Se entender que o processo deve ser logo arquivado, o relator faz submeter os autos, com o seu parecer escrito, a visto de cada um dos juzesadjuntos por cinco dias, a fim de se decidir na primeira sesso. 3 - Quando o processo deva prosseguir, ordenada a entrega, ao Ministrio Pblico, do mandado de deteno do extraditando, a fim de providenciar pela sua execuo. 4 - No caso de serem necessrias informaes complementares, ordenada apenas a vigilncia do extraditando pelas autoridades competentes, podendo, porm, efectuar-se desde logo a sua deteno se se mostrar necessria e houver srios indcios de que o pedido de extradio dever proceder.

Artigo 48. Processo administrativo 1 - Logo que receba o pedido de extradio, e verificada a sua regularidade formal, a Procuradoria-Geral da Repblica, quando o considere devidamente instrudo, elabora informao no prazo mximo de 20 dias e submete-o apreciao do Ministro da Justia. 2 - Nos 10 dias subsequentes, o Ministro da Justia decide do pedido. 3 - Em caso de indeferimento do pedido, o processo arquivado, procedendo-se comunicao a que se refere o n. 3 do artigo 24. 4 - A Procuradoria-Geral da Repblica adopta as medidas necessrias para a vigilncia da pessoa reclamada. Artigo 52. Prazo de deteno 1 - A deteno do extraditando deve cessar e ser substituda por outra medida de coaco processual se a deciso final do tribunal da Relao no for proferida dentro dos 65 dias posteriores data em que foi efectivada. 2 - Se no for admissvel medida de coaco no detentiva, o prazo referido no nmero anterior prorrogado at ao limite mximo de 25 dias, dentro do qual deve ser obrigatoriamente proferida a deciso da Relao. 3 - Sem prejuzo do disposto no artigo 40., a deteno subsiste no caso de recurso do acrdo da Relao que conceder a extradio, mas no pode manter-se, sem deciso do recurso, por mais de 80 dias, contados da data da interposio deste. 4 - Se tiver havido recurso para o Tribunal Constitucional, a deteno no pode prolongar-se

Artigo 49. Processo judicial, competncia e recurso

por mais de trs meses contados da data da interposio daquele.

pertinentes. 6 - O disposto nos n.os 3 e 4 igualmente aplicvel reextradio.

Artigo 53. Apresentao do detido 1 - A autoridade que efectuar a deteno do extraditando comunica-a de imediato, pela via mais expedita e que permita o registo por escrito, ao Ministrio Pblico junto do tribunal da Relao competente. 2 - O extraditando apresentado ao Ministrio Pblico, juntamente com as coisas que lhe forem apreendidas, para audio pessoal no prazo mximo de quarenta e oito horas aps a deteno. 3 - O juiz relator procede audio, nomeando previamente defensor ao extraditando, se no tiver advogado constitudo. 4 - A notificao do extraditando para este acto deve ser pessoal e com advertncia de que poder fazer-se acompanhar de advogado constitudo e de intrprete. 5 - Sempre que a deteno no possa, por qualquer motivo, ser apreciada pelo tribunal da Relao, o detido apresentado ao Ministrio Pblico junto do tribunal de 1. instncia da sede do tribunal da Relao competente. 6 - No caso previsto no nmero anterior, a audio tem lugar, exclusivamente, para efeitos de validao e manuteno da deteno pelo juiz do tribunal de 1. instncia, devendo o Ministrio Pblico tomar as providncias adequadas apresentao do extraditando no primeiro dia til subsequente.

Artigo 55. Oposio do extraditando 1 - Aps a audio do extraditando, o processo facultado ao seu defensor ou advogado constitudo para, em oito dias, deduzir por escrito oposio fundamentada ao pedido de extradio e indicar meios de prova admitidos pela lei portuguesa, sendo, porm, o nmero de testemunhas limitado a 10. 2 - A oposio s pode fundamentar-se em no ser o detido a pessoa reclamada ou em no se verificarem os pressupostos da extradio. 3 - Apresentada a oposio ou findo o prazo em que o devia ser, o processo segue com vista por cinco dias ao Ministrio Pblico para requerer o que tiver por conveniente, com o limite referido no nmero anterior quanto indicao de testemunhas. 4 - Havendo coisas apreendidas, tanto o extraditando como o Ministrio Pblico podem pronunciar-se sobre o seu destino. 5 - Os meios de prova oferecidos podem ser substitudos at ao dia anterior quele em que devam produzir-se, desde que a substituio no envolva adiamento.

Artigo 56. Produo da prova 1 - As diligncias que tiverem sido requeridas e as que o juiz relator entender necessrias, designadamente para decidir sobre o destino de coisas apreendidas, devem ser efectivadas no prazo mximo de 15 dias, com a presena do extraditando, do defensor ou advogado constitudo e do intrprete, se necessrio, bem como do Ministrio Pblico. 2 - Terminada a produo da prova, o Ministrio Pblico, o defensor ou o advogado do extraditando tm, sucessivamente, vista do processo por cinco dias, para alegaes.

Artigo 54. Audio do extraditando 1 - Na presena do Ministrio Pblico e do defensor ou do advogado do extraditando, e com interveno do intrprete, quando necessrio, o juiz relator procede identificao do detido, elucidando-o depois sobre o direito de se opor extradio ou de consentir nela e nos termos em que o pode fazer, bem como sobre a faculdade de renunciar ao benefcio da regra da especialidade nos termos do direito convencional aplicvel ao caso. 2 - No caso de o extraditando declarar que consente na sua entrega ao Estado requerente, correspondentemente aplicvel o disposto nos n.os 2 a 5 do artigo 40. Se se opuser extradio, o juiz aprecia os fundamentos da oposio se ele os quiser expor, tudo exarando em auto. 3 - Existindo no caso a faculdade de renncia ao benefcio da regra da especialidade referida no n. 1, exarado em auto o teor da informao prestada sobre aquela regra da especialidade, bem como a declarao do extraditando, sendo correspondentemente aplicvel o disposto nos n.os 2 a 5 do artigo 40. 4 - igualmente exarada em auto a informao a que se refere o nmero anterior sempre que, nos termos do direito convencional aplicvel, a renncia ao benefcio da especialidade possa ainda ser prestada perante a autoridade judiciria requerente, aps a entrega da pessoa extraditada. 5 - O Ministrio Pblico e o defensor ou advogado do extraditando podem sugerir perguntas ao detido, que o juiz relator formular se as considerar

Artigo 57. Deciso final 1 - Se o extraditando no tiver apresentado oposio escrita, ou depois de produzidas as alegaes nos termos do n. 2 do artigo anterior, o juiz relator procede, em 10 dias, ao exame do processo e manda dar vista a cada um dos dois juzes-adjuntos por 5 dias. 2 - Aps o ltimo visto, o processo apresentado na sesso imediata, independentemente de inscrio em tabela e com preferncia sobre os outros, para deciso final, sendo o acrdo elaborado nos termos da lei de processo penal.

Artigo 58. Interposio e instruo do recurso 1 - O Ministrio Pblico e o extraditando podem recorrer da deciso final no prazo de 10 dias.

2 - A petio de recurso inclui as alegaes do recorrente, sendo o recurso julgado deserto se as no contiver. 3 - A parte contrria pode responder no prazo de 10 dias. 4 - O processo remetido ao Supremo Tribunal de Justia logo que junta a ltima alegao ou findo o prazo referido no nmero anterior.

Artigo 62. Competncia e forma da deteno provisria 1 - A deteno provisria ordenada pelo juiz relator a que se refere o artigo 51., quando se certificar da autenticidade, da regularidade e da admissibilidade do pedido, sendo, para o efeito, entregue mandado ao Ministrio Pblico. 2 - A entidade que proceder deteno apresenta o detido ao Ministrio Pblico junto do tribunal da Relao competente para audio judicial e deciso de validao e manuteno, no prazo mximo de quarenta e oito horas aps a deteno. 3 - A deteno imediatamente comunicada Procuradoria-Geral da Repblica, sendo emitido mandado de libertao quando deva cessar nos termos do n. 5 do artigo 38. 4 - correspondentemente aplicvel o disposto nos n.os 5 e 6 do artigo 53.

Artigo 59. Vista do processo e julgamento 1 - Feita a distribuio na seco criminal do Supremo Tribunal de Justia, o processo feito concluso ao juiz relator, por 10 dias, para elaborar o projecto de acrdo, e em seguida remetido, juntamente com este, a visto simultneo dos restantes juzes da seco, por 8 dias. 2 - O processo submetido a julgamento na primeira sesso aps o ltimo visto, independentemente de inscrio em tabela e com preferncia sobre os outros e baixa no prazo de trs dias aps o trnsito.

Artigo 63. Prazos 1 - Recebido o pedido de extradio de pessoa detida, o processo regulado no artigo 48. ultimado no prazo mximo de 15 dias. 2 - No caso de a deciso do Ministro da Justia ser favorvel ao prosseguimento, o pedido imediatamente remetido, por intermdio do Procurador-Geral da Repblica, ao Ministrio Pblico para promover imediatamente o seu cumprimento. 3 - A deteno do extraditando deve cessar e ser substituda por outra medida de coaco processual se a apresentao do pedido em juzo no ocorrer dentro dos 60 dias posteriores data em que foi efectivada. 4 - A distribuio do processo na Relao imediata, so reduzidos a trs dias os prazos dos n.os 1 e 2 do artigo 51. e o prazo referido no n. 1 do artigo 52. conta-se a partir da data da apresentao do pedido em juzo. 5 - A deciso do Ministro da Justia que indefere o pedido imediatamente comunicada nos termos do n. 2 do presente artigo, para os efeitos de libertao do detido.

Artigo 60. Entrega do extraditado 1 - ttulo necessrio e suficiente para a entrega do extraditado certido da deciso, transitada em julgado, que ordenar a extradio. 2 - Aps o trnsito em julgado da deciso, o Ministrio Pblico procede respectiva comunicao aos servios competentes do Ministrio da Justia para os efeitos do artigo 27., disso dando conhecimento Procuradoria-Geral da Repblica. A data da entrega estabelecida at ao limite de 20 dias a contar do trnsito.

Artigo 61. Prazo para remoo do extraditado 1 - O extraditado deve ser removido do territrio portugus na data que for acordada nos termos do artigo 60. 2 - Se ningum aparecer a receber o extraditado na data referida no nmero anterior, ser o mesmo restitudo liberdade decorridos 20 dias sobre aquela data. 3 - O prazo referido no nmero anterior prorrogvel na medida exigida pelo caso concreto, at ao limite mximo de 20 dias, quando razes de fora maior, designadamente doena verificada nos termos do n. 3 do artigo 35., impedirem a remoo dentro desse prazo. 4 - Pode deixar de ser atendido novo pedido de extradio da pessoa que tenha deixado de ser removida no prazo referido no n. 2 ou, havendo prorrogao, decorrido o prazo desta. 5 - Aps a entrega da pessoa so efectuadas as necessrias comunicaes ao tribunal e Procuradoria-Geral da Repblica.

Artigo 64. Competncia e forma da deteno no directamente solicitada 1 - A autoridade que efectuar uma deteno nos termos do artigo 39. apresenta o detido ao Ministrio Pblico junto do tribunal da Relao em cuja rea a deteno foi efectuada, para a promover a audio judicial daquele, nos termos do n. 2 do artigo 62. 2 - No caso de ser confirmada, a deteno comunicada imediatamente Procuradoria-Geral da Repblica e, pela via mais rpida, autoridade estrangeira a quem ela interessar, para que informe, urgentemente e pela mesma via, se ir ser formulado o pedido de extradio, solicitando-selhe ainda a observncia dos prazos previstos no n. 5 do artigo 38. 3 - O detido ser posto em liberdade 18 dias aps a data da deteno se, entretanto, no chegar a informao referida no nmero anterior, ou 40 dias aps a data da deteno se, tendo havido informao positiva, o pedido de extradio no for recebido nesse prazo.

SECO III Regras especiais do processo em caso de deteno antecipada

4 - correspondentemente aplicvel o disposto nos n.os 5 e 6 do artigo 53. e no artigo 63.

Artigo 65. Medidas de coaco no detentivas e competncia As medidas de coaco no detentivas, quando admitidas nos casos previstos nos artigos 38. e 64., so da competncia do tribunal da Relao.

pedido de extradio de pessoa contra a qual exista processo pendente em tribunal portugus, ao Estado estrangeiro em cujo territrio ela se encontra. 2 - O pedido, depois de devidamente instrudo, deve ser transmitido pelas vias previstas neste diploma. 3 - Compete Procuradoria-Geral da Repblica organizar o processo, com base em requerimento do Ministrio Pblico junto do tribunal respectivo. 4 - O Ministro da Justia pode solicitar ao Estado estrangeiro ao qual tenha apresentado um pedido de extradio a participao do Estado Portugus no processo de extradio, atravs de representante designado para o efeito.

SECO IV Reentrega do extraditado Artigo 66. Deteno posterior fuga do extraditado 1 - O mandado de deteno a que se refere o artigo 42. recebido pela Autoridade Central, atravs das vias referidas neste diploma, e deve conter ou ser acompanhado dos elementos necessrios para se saber que se trata de pessoa anteriormente extraditada por Portugal, que se evadiu antes de extinto o procedimento penal ou a pena. 2 - O mandado de deteno remetido ao Ministrio Pblico junto do tribunal da Relao onde correu o processo de extradio para, neste mesmo processo, requerer o seu cumprimento.

Artigo 70. Reextradio reextradio pedida por Portugal correspondentemente aplicvel o disposto nos n.os 4 e 5 do artigo 34.

Artigo 71. Difuso internacional do pedido de deteno provisria 1 - O mandado judicial de deteno provisria com vista extradio remetido Procuradoria-Geral da Repblica pelo Ministrio Pblico junto do tribunal competente. 2 - A Procuradoria-Geral da Repblica remete o mandado ao Gabinete Nacional da INTERPOL, dando disso conhecimento ao tribunal.

Artigo 67. Execuo do pedido 1 - Requerido o cumprimento do mandado de deteno, o juiz relator ordena a respectiva execuo depois de verificar a sua regularidade e que se refere pessoa j extraditada. 2 - Nos oito dias posteriores deteno, o extraditado pode deduzir oposio escrita sua reentrega ao Estado requerente, com fundamento em que este violou as condies em que a extradio foi concedida, oferecendo logo as provas mas limitando a cinco o nmero de testemunhas. 3 - Deduzida a oposio, seguem-se, na parte aplicvel, os termos dos n.os 3 e 5 do artigo 55. e dos artigos 56. e 57. 4 - O recurso da deciso final interposto, instrudo e julgado nos termos prescritos nos artigos 58. e 59.

Artigo 72. Comunicao Concedida a extradio, a Procuradoria-Geral da Repblica comunica o facto autoridade judiciria que a pediu.

CAPTULO III Disposio final Artigo 73. Gratuitidade e frias 1 - Os processos de extradio so gratuitos, sem prejuzo do disposto nas alneas b) a d) do n. 2 e no n. 4 do artigo 26. 2 - Os processos de extradio tm natureza urgente e correm mesmo em frias.

Artigo 68. Reentrega do extraditado 1 - O Ministrio Pblico promove a reentrega do extraditado nos termos aplicveis do artigo 60. quando no tiver sido deduzida oposio ou decidida a sua improcedncia. 2 - A certido a que se refere o artigo 60. substituda pelo mandado de deteno devidamente cumprido.

CAPTULO IV Regras especiais relativas ao processo simplificado de extradio Artigo 74. mbito e finalidades As disposies do presente captulo regulamentam o processo de extradio, nos casos em que a pessoa reclamada d o seu consentimento a esta, em conformidade com o previsto na Conveno Relativa ao Processo Simplificado de Extradio entre os Estados Membros da Unio Europeia, de 10 de Maro de 1995.

CAPTULO II Extradio activa Artigo 69. Competncia e processo 1 - Compete ao Ministro da Justia formular o

Artigo 75. Autoridade competente e prazos 1 - A declarao de consentimento na extradio comunicada directamente pelo juiz competente autoridade requerente que solicitou a deteno provisria, no prazo mximo de 10 dias aps a deteno. 2 - No caso de o extraditando declarar que consente na sua entrega ao Estado requerente, o juiz informa-o do sentido da renncia regra da especialidade, nos casos em que esta for admissvel, e dos efeitos do consentimento na reextradio, bem como do momento e dos termos em que o pode fazer, tudo se exarando no auto. 3 - O juiz profere deciso homologatria do consentimento e procede respectiva comunicao no prazo mximo de 20 dias aps a data em que foi prestado o consentimento referido no n. 1. 4 - Se o considerar necessrio, o juiz solicita autoridade requerente informaes complementares, ouvindo novamente a pessoa detida aps a obteno dessas informaes, antes de proferir deciso. 5 - Os prazos previstos nos n.os 1 e 3 contam-se a partir do momento da prestao do consentimento, se este for dado aps o decurso do prazo referido no n. 1. 6 - Sem prejuzo do estabelecido no nmero anterior, quando tiver sido recebido um pedido de extradio, o consentimento prestado de acordo com o disposto no artigo 54. 7 - correspondentemente aplicvel o disposto no artigo 40. 8 - O disposto nos nmeros anteriores, no que se refere aos prazos e s comunicaes, aplicvel aos casos em que Portugal seja o Estado requerente.

infraco; a descrio das circunstncias em que a infraco foi cometida, e as consequncias jurdicas da infraco. 3 - A deciso judicial que aprecie a validade da deteno e a deciso homologatria do consentimento de extradio so comunicadas imediatamente Procuradoria-Geral da Repblica e ao Gabinete Nacional SIRENE. 4 - No havendo declarao da pessoa reclamada de que consente na extradio, a situao igualmente comunicada Procuradoria-Geral da Repblica, com vista formalizao do pedido de extradio por parte da autoridade requerente.

Artigo 78. Extradio activa 1 - Para os efeitos do disposto no artigo 95. da Conveno, a autoridade judiciria providencia junto do Gabinete Nacional SIRENE pela imediata insero dos dados relativos pessoa procurada no Sistema de Informao de Schengen (SIS). 2 - A comunicao de um Estado parte da Conveno de que a pessoa reclamada foi localizada e detida no seu territrio de imediato transmitida pelo Gabinete Nacional SIRENE ao tribunal que emitiu o mandado e Procuradoria-Geral da Repblica, com vista formalizao do pedido de extradio.

TTULO III Transmisso de processos penais CAPTULO I Delegao do procedimento penal nas autoridades judicirias portuguesas Artigo 79. Princpio A pedido de um Estado estrangeiro, pode ser instaurado, ou continuar em Portugal, procedimento penal por um facto praticado fora do territrio portugus nas condies e com os efeitos referidos nos artigos seguintes.

CAPTULO V Aplicao interna da Conveno de Aplicao do Acordo de Schengen Artigo 76. Objecto O presente captulo destina-se a regulamentar as disposies da Conveno de Aplicao do Acordo de Schengen relevantes em matria de extradio, nas relaes de Portugal com os outros Estados que tambm apliquem a Conveno.

Artigo 80. Condies especiais 1 - Para que possa ser instaurado, ou continuar em Portugal, procedimento penal por facto praticado fora do territrio portugus necessria a verificao das seguintes condies, para alm das condies gerais previstas neste diploma: a) O recurso extradio esteja excludo; b) O Estado estrangeiro d garantias de que no proceder penalmente, pelo mesmo facto, contra o suspeito ou arguido, no caso de o mesmo vir a ser definitivamente julgado por sentena de um tribunal portugus; c) O procedimento penal tenha por objecto um facto que constitua crime segundo a lei do Estado estrangeiro e segundo a lei portuguesa; d) A pena ou a medida de segurana privativas da liberdade correspondentes ao facto sejam de durao mxima no inferior a um ano ou, tratandose de uma pena pecuniria, o seu montante mximo no seja inferior a quantia equivalente a 30 unidades de conta processual; e) O suspeito ou o arguido tenham nacionalidade

Artigo 77. Extradio passiva 1 - A entidade policial que proceder deteno com base nas indicaes introduzidas no Sistema de Informao de Schengen (SIS) apresenta a pessoa detida ao Ministrio Pblico junto do tribunal da Relao competente, nos termos do artigo 53. 2 - A apresentao da pessoa detida acompanhada dos elementos disponveis que lhe digam respeito, referidos no n. 2 do artigo 95. da Conveno de Aplicao do Acordo de Schengen, nomeadamente: a indicao da autoridade donde provm o pedido de deteno; a existncia de mandado de deteno ou acto de carcter anlogo, ou de sentena condenatria; a natureza e qualificao legal da

portuguesa ou, tratando-se de estrangeiros ou aptridas, tenham a sua residncia habitual em territrio portugus; f) A aceitao do pedido se justifique pelo interesse da boa administrao da justia ou pela melhor reinsero social do suspeito ou do arguido, no caso de virem a ser condenados. 2 - Pode ainda aceitar-se a instaurao ou a continuao de procedimento penal em Portugal, verificadas as condies do nmero anterior: a) Quando o suspeito ou arguido se encontrarem processados penalmente em Portugal por outro facto a que corresponda pena ou medida de segurana de gravidade igual ou superior s referidas na alnea d) do nmero anterior e seja garantida a sua presena em juzo; b) Quando seja negada a extradio do suspeito ou arguido estrangeiro ou aptrida que residam habitualmente em Portugal; c) Se o Estado requerente considerar que a presena do suspeito ou do arguido no pode ser assegurada perante os seus tribunais, podendo s-lo em Portugal; d) Se o Estado estrangeiro considerar que no existem condies para executar uma eventual condenao, mesmo recorrendo extradio, e que tais condies se verificam em Portugal. 3 - As disposies dos nmeros anteriores no se aplicam se a reaco criminal que motiva o pedido relevar da competncia dos tribunais portugueses por virtude de outra disposio relativa aplicao da lei penal portuguesa no espao. 4 - A condio referida na alnea e) do n. 1 pode ser dispensada nas situaes previstas no n. 4 do artigo 32., quando as circunstncias do caso o aconselharem, designadamente para evitar que o julgamento no pudesse efectivar-se quer em Portugal quer no estrangeiro.

processo a transmitir, caso exista, e submetido pelo Procurador-Geral da Repblica a apreciao do Ministro da Justia. 2 - Se o Ministro da Justia decidir que o pedido admissvel, o expediente remetido ao tribunal competente, que ordena imediatamente notificao para comparncia do suspeito ou do arguido, bem como a do advogado constitudo, se o houver. 3 - Se o suspeito ou o arguido no comparecerem, o tribunal verifica se a notificao foi feita pela forma legal e nomeia defensor oficioso, na falta de advogado constitudo ou se este tambm no aparecer, de tudo se lavrando auto. 4 - O juiz, oficiosamente ou a requerimento do Ministrio Pblico, do suspeito, do arguido ou do seu defensor, pode ordenar a repetio da notificao a que se refere o n. 2. 5 - O suspeito, o arguido ou seu defensor so convidados a exporem as suas razes contra ou a favor da aceitao do pedido, de igual faculdade gozando o Ministrio Pblico. 6 - Se necessrio, o juiz procede ou manda proceder s diligncias de prova que repute indispensveis, por sua iniciativa ou a requerimento do Ministrio Pblico, do suspeito, do arguido ou do seu defensor, fixando, para o efeito, um prazo no superior a 30 dias. 7 - Efectuadas as diligncias ou esgotado o prazo a que se refere o nmero anterior, o Ministrio Pblico e o suspeito ou arguido podem pronunciar-se no prazo de 10 dias, alegando o que tiverem por conveniente. 8 - O juiz decide sobre o pedido no prazo de oito dias, cabendo recurso da deciso nos termos gerais. 9 - Na pendncia do pedido, o juiz sujeita o arguido prestao de termo de identidade e residncia, sem prejuzo da possibilidade de adopo de outras medidas de coaco e garantia patrimonial previstas no Cdigo de Processo Penal.

Artigo 81. Direito aplicvel Ao facto que objecto do procedimento penal instaurado ou continuado em Portugal, nas condies referidas no artigo anterior, aplicada a reaco criminal prevista na lei portuguesa, excepto se a lei do Estado estrangeiro que formula o pedido for mais favorvel.

Artigo 84. Efeitos da deciso sobre o pedido Em caso de aceitao do pedido, o juiz, conforme os casos: a) Ordena a remessa dos autos autoridade judiciria competente para instaurao ou continuao do procedimento penal; b) Pratica os actos necessrios continuao do processo, se este relevar da sua competncia.

Artigo 82. Efeitos da aceitao do pedido relativamente ao Estado que o formula 1 - A aceitao, por Portugal, do pedido formulado pelo Estado estrangeiro implica a renncia, por este, ao procedimento relativo ao facto. 2 - Instaurado, ou continuado, em Portugal, procedimento penal pelo facto, o Estado estrangeiro recupera o direito de proceder penalmente pelo mesmo facto, aps a devida comunicao, logo que Portugal certifique que o arguido se ausentou do territrio nacional.

Artigo 85. Convalidao dos actos praticados no estrangeiro A deciso judicial que ordena a continuao do processo penal deve declarar a convalidao dos actos praticados no processo transmitido, como se tivessem sido praticados perante as autoridades judicirias portuguesas, salvo se se tratar de actos inadmissveis face legislao processual penal portuguesa, que especificar.

Artigo 83. Tramitao do pedido 1 - O pedido formulado pelo Estado estrangeiro acompanhado do original ou cpia autenticada do

Artigo 86. Revogao da deciso 1 - A autoridade judiciria pode revogar a deciso, a requerimento do Ministrio Pblico, do suspeito, do arguido ou do defensor, quando, na pendncia do

processo: a) Houver conhecimento superveniente de qualquer uma das causas de inadmissibilidade da cooperao previstas neste diploma; b) No possa assegurar-se a comparncia do arguido em julgamento ou para execuo da sentena que imponha reaco criminal privativa da liberdade nos casos em que o arguido se ausentou do territrio nacional, previstos no n. 2 do artigo 82. 2 - Da deciso h recurso. 3 - O trnsito da deciso pe termo jurisdio da autoridade judiciria portuguesa e implica a remessa do processo ao Estado estrangeiro que formulou o pedido.

Artigo 87. Comunicaes 1 - So comunicadas Autoridade Central, para notificao ao Estado estrangeiro que formulou o pedido: a) A deciso sobre a admissibilidade deste; b) A deciso que revoga a anterior; c) A sentena proferida no processo; d) Qualquer outra deciso que lhe ponha termo. 2 - A notificao acompanhada de certido ou cpia autenticada das decises referidas no nmero anterior.

Artigo 88. Competncia territorial Salvo no caso de se encontrar j definida a competncia territorial, aplica-se aos actos de cooperao internacional previstos no presente captulo o disposto no artigo 22. do Cdigo de Processo Penal.

c) Que o suspeito ou o arguido tenham a nacionalidade do Estado estrangeiro ou, sendo nacionais de um terceiro Estado ou aptridas, ali tenham a residncia habitual; d) Quando a delegao se justificar pelo interesse da boa administrao da justia ou pela melhor reinsero social em caso de condenao. 2 - Verificadas as condies a que se refere o nmero anterior, pode ainda ter lugar a delegao: a) Quando o suspeito ou o arguido estiverem a cumprir sentena no Estado estrangeiro por crime mais grave do que o cometido em Portugal; b) Quando, em conformidade com a lei do Estado estrangeiro, no possa ser obtida a extradio do suspeito ou do arguido ou, quando solicitada, ela for negada e estes tenham residncia habitual nesse Estado; c) Quando o suspeito ou o arguido forem extraditados para o Estado estrangeiro por outros factos e seja previsvel que a delegao do processo criminal permite assegurar melhor reinsero social. 3 - A delegao pode ainda efectuar-se, independentemente da nacionalidade do agente, quando Portugal considerar que a presena do arguido em audincia de julgamento no pode ser assegurada, podendo todavia s-lo no Estado estrangeiro. 4 - Excepcionalmente, a delegao pode efectuar-se independentemente do requisito da residncia habitual, quando as circunstncias do caso o aconselharem, designadamente para evitar que o julgamento no pudesse efectivar-se quer em Portugal quer no estrangeiro.

Artigo 91. Processo de delegao 1 - O tribunal competente para conhecer do facto aprecia a necessidade da delegao, a requerimento do Ministrio Pblico, do suspeito ou do arguido, com audincia contraditria, na qual se expem as razes para solicitar ou denegar esta forma de cooperao internacional. 2 - O Ministrio Pblico bem como o suspeito ou o arguido podem responder ao requerimento a que se refere o n. 1 no prazo de 10 dias, quando no sejam os requerentes. 3 - Aps a resposta ou decorrido o prazo para a mesma, o juiz decide, no prazo de oito dias, da procedncia ou improcedncia do pedido. 4 - Se o suspeito ou o arguido estiverem no estrangeiro, podem, por si ou pelo seu representante legal ou advogado, pedir a delegao do procedimento penal directamente ou atravs de uma autoridade do Estado estrangeiro ou de autoridade consular portuguesa, que o encaminharo para a Autoridade Central. 5 - A deciso judicial que aprecia o pedido susceptvel de recurso. 6 - A deciso transitada favorvel ao pedido determina a suspenso do prazo de prescrio, bem como da continuao do processo penal instaurado, sem prejuzo dos actos e diligncias de carcter urgente, e transmitida atravs do ProcuradorGeral da Repblica para apreciao do Ministro da Justia, remetendo-se cpia autenticada de todo o processado.

CAPTULO II Delegao num Estado estrangeiro da instaurao ou continuao de procedimento penal Artigo 89. Princpio A instaurao de procedimento penal ou a continuao de procedimento instaurado em Portugal por facto que constitua crime segundo o direito portugus podem ser delegadas num Estado estrangeiro que as aceite, nas condies referidas nos artigos seguintes.

Artigo 90. Condies especiais 1 - A delegao da instaurao de procedimento penal ou a sua continuao num Estado estrangeiro dependem da verificao das condies gerais previstas no presente diploma e ainda das seguintes condies especiais: a) Que o facto integre crime segundo a legislao portuguesa e segundo a legislao daquele Estado; b) Que a reaco criminal privativa da liberdade seja de durao mxima no inferior a um ano ou, tratando-se de pena pecuniria, o seu montante mximo no seja inferior a quantia equivalente a 30 unidades de conta processual;

Artigo 92. Transmisso do pedido O pedido do Ministro da Justia ao Estado estrangeiro apresentado pelas vias previstas no presente diploma.

Artigo 93. Efeitos da delegao 1 - Aceite, pelo Estado estrangeiro, a delegao para a instaurao ou continuao do procedimento penal, no pode instaurar-se novo processo em Portugal pelo mesmo facto. 2 - A suspenso da prescrio do procedimento penal mantm-se at que o Estado estrangeiro ponha termo ao processo, incluindo a execuo da sentena. 3 - Portugal recupera, porm, o direito de proceder penalmente pelo facto se: a) O Estado estrangeiro comunicar que no pode levar at ao fim o procedimento delegado; b) Houver conhecimento superveniente de qualquer causa que impediria o pedido de delegao, nos termos do presente diploma. 4 - A sentena proferida no processo instaurado ou continuado no Estado estrangeiro que aplique pena ou medida de segurana inscrita no registo criminal e produz efeitos como se tivesse sido proferida por um tribunal portugus. 5 - O disposto no nmero anterior aplica-se a qualquer deciso que, no processo estrangeiro, lhe ponha termo.

CAPTULO III Disposio comum Artigo 94. Custas 1 - As custas eventualmente devidas no processo estrangeiro, anteriormente aceitao do pedido de delegao em Portugal, acrescem s devidas no processo portugus e so neste cobradas, sem reembolso quele Estado. 2 - Portugal informa o Estado estrangeiro das custas devidas no processo, anteriormente aceitao, por aquele, do pedido de delegao do procedimento, no se exigindo o seu reembolso.

TTULO IV Execuo de sentenas penais CAPTULO I Execuo de sentenas penais estrangeiras Artigo 95. Princpio 1 - As sentenas penais estrangeiras, transitadas em julgado, podem ser executadas em Portugal nas condies previstas neste diploma. 2 - O pedido de delegao formulado pelo Estado da condenao.

sentena penal estrangeira s admissvel quando, para alm das condies gerais estabelecidas neste diploma, se verificarem as seguintes: a) A sentena condenar em reaco criminal por facto constitutivo de crime para conhecer do qual so competentes os tribunais do Estado estrangeiro; b) Se a condenao resultar de julgamento na ausncia do condenado, desde que o mesmo tenha tido a possibilidade legal de requerer novo julgamento ou de interpor recurso da sentena; c) No contenha disposies contrrias aos princpios fundamentais do ordenamento jurdico portugus; d) O facto no seja objecto de procedimento penal em Portugal; e) O facto seja tambm previsto como crime pela legislao penal portuguesa; f) O condenado seja portugus, ou estrangeiro ou aptrida que residam habitualmente em Portugal; g) A execuo da sentena em Portugal se justifique pelo interesse da melhor reinsero social do condenado ou da reparao do dano causado pelo crime; h) O Estado estrangeiro d garantias de que, cumprida a sentena em Portugal, considerar extinta a responsabilidade penal do condenado; i) A durao das penas ou medidas de segurana impostas na sentena no seja inferior a um ano ou, tratando-se de pena pecuniria, o seu montante no seja inferior a quantia equivalente a 30 unidades de conta processual; j) O condenado der o seu consentimento, tratandose de reaco criminal privativa de liberdade. 2 - Sem prejuzo do disposto no nmero anterior, pode ainda executar-se uma sentena estrangeira se o condenado cumprir, em Portugal, condenao por facto distinto do estabelecido na sentena cuja execuo pedida. 3 - A execuo de sentena estrangeira que impe reaco criminal privativa de liberdade tambm admissvel, ainda que no se verifiquem as condies das alneas g) e j) do n. 1, quando, em caso de evaso para Portugal ou noutra situao em que a pessoa a se encontre, tiver sido negada a extradio do condenado pelos factos constantes da sentena. 4 - O disposto no nmero anterior tambm aplicvel, mediante acordo entre Portugal e o Estado interessado, ouvida previamente a pessoa em causa, aos casos em que houver lugar aplicao de uma medida de expulso posterior ao cumprimento da pena. 5 - A condio referida na alnea i) do n. 1 pode ser dispensada em casos especiais, designadamente se o estado de sade do condenado ou razes de ordem familiar ou profissional assim aconselharem. 6 - A execuo da sentena tem ainda lugar, independentemente da verificao das condies do n. 1, quando Portugal, nos termos do n. 2 do artigo 32., tiver previamente concedido a extradio de cidado portugus.

Artigo 97. Execuo de decises proferidas por autoridades administrativas 1 - tambm possvel a execuo de decises finais proferidas em processos por infraces a que se refere o n. 3 do artigo 1., desde que o interessado tenha tido a possibilidade de recorrer a uma instncia jurisdicional.

Artigo 96. Condies especiais de admissibilidade 1 - O pedido de execuo, em Portugal, de uma

2 - A transmisso do pedido de execuo efectua-se conforme o disposto nos tratados, convenes ou acordos de que Portugal seja parte ou, na sua falta, atravs da Autoridade Central, nos termos previstos neste diploma.

Artigo 98. Limites da execuo 1 - A execuo da sentena estrangeira limita-se: a) pena ou medida de segurana que impliquem privao da liberdade, ou pena pecuniria se, neste caso, forem encontrados em Portugal bens do condenado suficientes para garantir, no todo ou em parte, essa execuo; b) perda de produtos, objectos e instrumentos do crime; c) indemnizao civil, constante da mesma, se o interessado a requerer. 2 - A execuo das custas do processo limita-se s que forem devidas ao Estado requerente. 3 - A execuo da pena pecuniria importa a sua converso em escudos, segundo o cmbio oficial do dia em que for proferida a deciso de reviso e confirmao. 4 - As sanes acessrias e as medidas de segurana de interdio de profisses, actividades e direitos s se executam se puderem ter eficcia prtica em Portugal.

nas alneas a) e c) do n. 2 do artigo 6. do presente diploma. 2 - Quando se pronunciar pela reviso e confirmao, o tribunal: a) Est vinculado matria de facto considerada provada na sentena estrangeira; b) No pode converter uma pena privativa de liberdade em pena pecuniria; c) No pode agravar, em caso algum, a reaco estabelecida na sentena estrangeira. 3 - Em caso de omisso, obscuridade ou insuficincia da matria de facto, o tribunal pede as informaes necessrias, sendo a confirmao negada quando no for possvel obt-las. 4 - O procedimento de cooperao regulado no presente captulo tem carcter urgente e corre mesmo em frias. 5 - Se respeitar a pessoa que se encontre detida, o pedido decidido no prazo de seis meses, contados da data em que tiver dado entrada no tribunal. 6 - Se o pedido respeitar a execuo de sentena que impe reaco privativa de liberdade nos casos do n. 5 do artigo 96., o prazo referido no nmero anterior de dois meses. 7 - Havendo recurso, os prazos referidos nos n.os 5 e 6 so acrescidos, respectivamente, de trs e de um ms.

Artigo 101. Direito aplicvel e efeitos da execuo 1 - A execuo de uma sentena estrangeira faz-se em conformidade com a legislao portuguesa. 2 - As sentenas estrangeiras executadas em Portugal produzem os efeitos que a lei portuguesa confere s sentenas proferidas pelos tribunais portugueses. 3 - O Estado estrangeiro que solicita a execuo o nico competente para decidir do recurso de reviso da sentena exequenda. 4 - A amnistia, o perdo genrico e o indulto podem ser concedidos tanto pelo Estado estrangeiro como por Portugal. 5 - O tribunal competente para a execuo pe termo a esta quando: a) Tiver conhecimento de que o condenado foi beneficiado com amnistia, perdo ou indulto que tenham extinguido a pena e as sanes acessrias; b) Tiver conhecimento de que foi interposto recurso de reviso da sentena exequenda ou de outra deciso que tenha por efeito retirar-lhe fora executiva; c) A execuo respeitar a pena pecuniria e o condenado a tiver pago no Estado requerente. 6 - O indulto e o perdo genrico parciais ou a substituio da pena por outra so levados em conta na execuo. 7 - O Estado estrangeiro deve informar o tribunal da execuo de qualquer deciso que implique a cessao desta, nos termos do n. 5. 8 - O incio da execuo em Portugal implica renncia do Estado estrangeiro execuo da sentena, salvo se o condenado se evadir, caso em que recupera o seu direito de execuo ou, tratando-se de pena pecuniria, a partir do momento em que for informado da no execuo, total ou parcial, dessa pena.

Artigo 99. Documentos e tramitao do pedido 1 - O pedido submetido, pela Autoridade Central, a apreciao do Ministro da Justia. 2 - O pedido acompanhado de certido ou cpia autenticada da sentena a executar e, se for caso disso, de declarao de consentimento do condenado, a que se refere a alnea j) do n. 1 do artigo 96., bem como de informao relativa durao da priso preventiva ou ao tempo de cumprimento da sano criminal at apresentao do pedido. 3 - Quando a sentena respeitar a vrias pessoas ou impuser diferentes reaces criminais, o pedido acompanhado de certido ou cpia autenticada da parte da sentena a que concretamente se refere a execuo. 4 - Se o Ministro da Justia considerar o pedido admissvel, o expediente remetido, por intermdio do Procurador-Geral da Repblica, ao Ministrio Pblico junto do tribunal da Relao competente, nos termos do artigo 235. do Cdigo de Processo Penal, para promover o procedimento de reviso e confirmao da sentena. 5 - O Ministrio Pblico requer a audio do condenado ou do seu defensor para que se pronunciem sobre o pedido, salvo se o consentimento j tiver sido prestado nos termos do n. 1, ou se tiver sido ele a requerer a delegao da execuo ao Estado da condenao.

Artigo 100. Reviso e confirmao da sentena estrangeira 1 - A fora executiva da sentena estrangeira depende de prvia reviso e confirmao, segundo o disposto no Cdigo de Processo Penal e o previsto

Artigo 102. Estabelecimento prisional para execuo da sentena 1 - Transitada em julgado a deciso que confirma a sentena estrangeira e que implique cumprimento de reaco criminal privativa da liberdade, o Ministrio Pblico providencia pela execuo de mandado de conduo ao estabelecimento prisional mais prximo do local da residncia ou da ltima residncia em Portugal do condenado. 2 - No sendo possvel determinar o local da residncia ou da ltima residncia da pessoa condenada, esta dar entrada em estabelecimento prisional situado na rea do distrito judicial de Lisboa.

portuguesa que impe reaco criminal privativa de liberdade tambm admissvel, ainda que no se verifiquem as condies das alneas d) e e) do n. 1, quando o condenado se encontrar no territrio do Estado estrangeiro e a extradio no for possvel ou for negada, pelos factos constantes da sentena. 4 - O disposto no nmero anterior pode tambm aplicar-se, sempre que as circunstncias do caso o aconselhem, mediante acordo com o Estado estrangeiro, quando houver lugar aplicao de pena acessria de expulso. 5 - A delegao est subordinada condio de no agravao, no Estado estrangeiro, da reaco imposta na sentena portuguesa.

Artigo 103. Tribunal competente para a execuo 1 - competente para a execuo da sentena revista e confirmada o tribunal de 1. instncia da comarca da residncia ou da ltima residncia em Portugal do condenado ou, se no for possvel determin-las, o da comarca de Lisboa. 2 - O disposto no nmero anterior no prejudica a competncia do tribunal de execuo das penas. 3 - Para os efeitos do n. 1, o tribunal da Relao manda baixar o processo ao tribunal da execuo.

Artigo 105. Aplicao recproca 1 - Aplicam-se reciprocamente as disposies dos n.os 1, 2 e 4 do artigo 98., relativas aos limites da execuo, e dos n.os 2 a 7 do artigo 101., relativas aos efeitos da execuo. 2 - No existindo em Portugal bens suficientes para garantirem a execuo de pena pecuniria na sua totalidade, admitida a delegao relativamente parte que faltar.

Artigo 106. Efeitos da delegao CAPTULO II Execuo no estrangeiro de sentenas penais portuguesas Artigo 104. Condies da delegao 1 - Pode ser delegada num Estado estrangeiro a execuo de uma sentena penal portuguesa quando, para alm das condies gerais previstas neste diploma: a) O condenado for nacional desse Estado, ou de um terceiro Estado ou aptrida e tenha residncia habitual naquele Estado; b) O condenado for portugus, desde que resida habitualmente no Estado estrangeiro; c) No for possvel ou no se julgar aconselhvel obter a extradio para cumprimento da sentena portuguesa; d) Existirem razes para crer que a delegao permitir melhor reinsero social do condenado; e) O condenado, tratando-se de reaco criminal privativa da liberdade, informado das consequncias da execuo no estrangeiro, der o seu consentimento; f) A durao da pena ou medida de segurana impostas na sentena no for inferior a um ano ou, tratando-se de pena pecuniria, o seu montante no for inferior a quantia equivalente a 30 unidades de conta processual, podendo, no entanto, mediante acordo com o Estado estrangeiro, dispensar-se esta condio em casos especiais, designadamente em funo do estado de sade do condenado ou de outras razes de ordem familiar ou profissional. 2 - Verificadas as condies do nmero anterior, a delegao ainda admissvel se o condenado estiver a cumprir reaco criminal privativa da liberdade no Estado estrangeiro por facto distinto dos que motivaram a condenao em Portugal. 3 - A execuo no estrangeiro de sentena 1 - A aceitao, pelo Estado estrangeiro, da delegao da execuo implica renncia de Portugal execuo da sentena. 2 - Aceite a delegao da execuo, o tribunal suspende-a desde a data do seu incio naquele Estado at ao integral cumprimento ou at que ele comunique no poder assegurar o cumprimento. 3 - No acto da entrega da pessoa condenada, o Estado estrangeiro informado do tempo de privao de liberdade j cumprido em Portugal, bem como do tempo ainda por cumprir. 4 - O disposto no n. 1 no obsta a que Portugal recupere o seu direito de execuo da sentena, nos casos em que o condenado se evadir ou, tratando-se de pena pecuniria, a partir do momento em que for informado da no execuo, total ou parcial, dessa pena.

Artigo 107. Processo da delegao 1 - O pedido de delegao da execuo de sentena num Estado estrangeiro formulado ao Ministro da Justia pelo Procurador-Geral da Repblica, a pedido daquele Estado, por iniciativa do Ministrio Pblico, ou a requerimento do condenado, do assistente ou da parte civil, neste ltimo caso circunscrito execuo da indemnizao civil constante da sentena. 2 - O Ministro da Justia decide no prazo de 15 dias. 3 - Se o Ministro da Justia o considerar admissvel, o pedido transmitido de imediato, pela Procuradoria-Geral da Repblica, ao Ministrio Pblico junto do tribunal da Relao, para que promova o respectivo procedimento. 4 - Quando for necessrio o consentimento do condenado, deve o mesmo ser prestado perante aquele tribunal, salvo se ele se encontrar no

estrangeiro, caso em que pode ser prestado perante uma autoridade consular portuguesa ou perante uma autoridade judiciria estrangeira. 5 - Se o condenado se encontrar em Portugal, o Ministrio Pblico requer a sua notificao para, em 10 dias, dizer o que tiver por conveniente, quando no for ele a deduzir o pedido. 6 - A falta de resposta do condenado equivale a concordncia com o pedido, disso devendo ser advertido no acto da notificao. 7 - Para os efeitos dos n.os 4 e 6, expedida carta rogatria autoridade estrangeira ou enviado ofcio autoridade consular portuguesa, fixando-se, em ambos os casos, prazo para o seu cumprimento. 8 - O tribunal da Relao procede s diligncias que reputar necessrias para a deciso, incluindo, para o efeito, a apresentao do processo da condenao, se este no lhe tiver sido j remetido.

3 - O disposto nos nmeros anteriores aplica-se reciprocamente ao caso de delegao, no Estado estrangeiro, da execuo de sentena portuguesa. 4 - As coisas apreendidas em resultado de deciso que decrete a sua perda revertem para o Estado da execuo, mas podem ser entregues ao Estado da condenao, a seu pedido, se para este revestirem particular interesse e estiver garantida a reciprocidade.

Artigo 111. Medidas de coaco 1 - A requerimento do Ministrio Pblico, o tribunal da Relao, no processo de reviso e confirmao de sentena estrangeira para fins de execuo de reaco criminal privativa da liberdade, pode sujeitar o condenado que se encontre em Portugal a medida de coaco que considere adequada. 2 - Se tiver sido aplicada priso preventiva, esta revogada decorridos os prazos a que se referem os n.os 4 e 5 do artigo 100., sem que tenha sido proferida deciso confirmativa. 3 - A priso preventiva pode ser substituda por outra medida de coaco, nos termos da lei processual penal. 4 - A deciso relativa a medidas de coaco susceptvel de recurso, nos termos gerais.

Artigo 108. Prazos 1 - O procedimento de cooperao regulado no presente captulo tem carcter urgente e corre mesmo em frias. 2 - Se o pedido respeitar a execuo de sentena que impe reaco privativa de liberdade, o mesmo decidido no prazo de seis meses, contados da data em que tiver dado entrada no tribunal, salvo nos casos referidos na segunda parte da alnea f) do n. 1 do artigo 104., em que o prazo de dois meses.

Artigo 112. Medidas cautelares 1 - A requerimento do Ministrio Pblico, o juiz pode ordenar as medidas cautelares necessrias conservao e manuteno de coisas apreendidas, de forma a assegurar a execuo da sentena relativa perda. 2 - A deciso susceptvel de recurso, no tendo efeito suspensivo o que for interposto da que ordenar as medidas.

Artigo 109. Apresentao do pedido 1 - A deciso favorvel delegao determina a apresentao de pedido do Ministro da Justia ao Estado estrangeiro, atravs da Autoridade Central, acompanhado dos seguintes documentos: a) Certido ou cpia autenticada da sentena portuguesa, com meno do trnsito em julgado; b) Declarao relativa durao da privao de liberdade j decorrida, at ao momento da apresentao do pedido; c) Declarao do consentimento do condenado, quando exigida. 2 - Se a autoridade estrangeira competente para a execuo comunicar que o pedido aceite, a Autoridade Central solicita ser informada daquela execuo at total cumprimento. 3 - A informao recebida nos termos do nmero anterior enviada ao tribunal da condenao.

Artigo 113. Medidas cautelares no estrangeiro 1 - Com o pedido de delegao de execuo de sentena portuguesa num Estado estrangeiro pode ser solicitada a aplicao de medidas de coaco relativamente a