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Legislação de Trânsito

Sistema Nacional de Trânsito

Professor Leandro Macedo

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Aula XXMatériaLegislação de Trânsito

SISTEMA NACIONAL DE TRÂNSITO

Conheceremos a seguir os órgãos e entidades responsáveis por planejar, projetar e implementar o exercício do trânsito seguro em nosso país, ou seja, aqueles que compõem o Sistema Nacional de Trânsito. Além disso, estudaremos aspectos da identificação veicular.

SNT: Conceito

O CTB nos oferta de forma gratuita a elucidação deste tema, pois em seu artigo 5º podemos extrair esta informação.

Sendo assim, podemos visualizar o SNT como um conjunto de órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios que tem por finalidade o exercício das atividades de planejamento, administração, normatização, pesquisa, registro e licenciamento de veículos, formação, habilitação e reciclagem de condutores, educação, engenharia, operação do sistema viário, policiamento, fiscalização, julgamento de infrações e de recursos e aplicação de penalidades.

Cabe observar que este complexo de atividades desempenhadas, em conjunto ou separadamente, pelos órgãos e entidades de trânsito do nosso país terão como prioridade a defesa da vida, nela incluída a saúde e o meio ambiente.

Esta superestrutura denominada SNT é uma superposição de órgãos e entidades a uma Administração já existente. Aproveitou-se uma série de órgãos e entidades, subordinados e vinculados a secretarias e ministérios, e atribuiu-se a eles por meio do CTB outras missões, a fim de acabar com a excessiva mortandade nas vias do território nacional.

A fim de explicar o que foi exposto acima, vejamos a PRF, órgão permanente na estrutura do Ministério da Justiça, que recebeu do CTB atribuições na área de trânsito. Além disso, cabe observar que o CTB nos informa que a PRF deverá observar as diretrizes elaboradas para o SNT, uma vez que integra este.

É certo que dentro desta estrutura existem órgãos e entidades que foram criados exclusivamente para fazer o SNT funcionar, como o CONTRAN e o DENATRAN, por exemplo.

Por fim, a distribuição de competências dos órgãos e entidades que compõem o Sistema Nacional de Trânsito observa a seguinte lógica: os assuntos de interesse nacional ficaram a cargo dos órgãos e entidades da União; os assuntos de interesse regional ficaram com os órgãos e entidades estaduais e distritais, e os assuntos de interesse local, como ciclistas, carroça e charrete, ficaram nas atribuições dos órgãos municipais.

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Objetivos básicos do SNT

Vamos imaginar uma estrutura qualquer: uma entidade qualquer ou uma empresa qualquer. Com isso, saiba que toda estrutura a ser montada, por menos complexa que seja, deve ter delineado o caminho a ser seguido para que consiga operar na plenitude de suas funções.

Diante do exposto, o legislador previu uma série de metas a serem alcançadas pelo SNT, a fim de fazê-lo funcionar com uma maior capacidade de atender ao interesse público.

Note que as metas ou objetivos básicos, como chamou o legislador, são as diretrizes, os parâmetros que o administrador público seguirá no desempenho da função pública a fim de garantir o exercício do trânsito seguro.

Vejamos, então, cada uma dessas metas:

Padronização

Num país extenso como o nosso, existe a necessidade de uniformização dos procedimentos para que tenhamos órgãos de todas as regiões trabalhando da mesma forma, respeitadas evidentemente as peculiaridades regionais.

Dessa forma, o CTB prevê a padronização tanto dos critérios técnicos e financeiros, quanto dos administrativos. Devendo, é claro, o melhor modelo ser copiado pelos demais.

Olhando para o CTB, podemos visualizar dois mecanismos utilizados para que se alcance uma efetiva padronização, a saber:

a) O primeiro mecanismo trazido pelo CTB são suas regulamentações, que possuem uma abrangência nacional, como as resoluções do CONTRAN – Conselho Nacional de Trânsito. Essas normas do CONTRAN devem ser cumpridas por todos os órgãos e entidades do SNT, entendemos que é a forma mais rápida e fácil (atos infralegais) de se atingir a padronização no SNT.

b) O segundo mecanismo de padronização seria um fluxo permanente de informações entre os órgãos.

Fluxo permanente de informações

Como visto acima, para que a padronização dos critérios técnicos, financeiros e administrativos efetivamente ocorra, ainda que existam diversos entraves geográficos em nosso país, é necessário que haja um fluxo permanente de informações entre esses órgãos e entidades que compõem o Sistema Nacional de Trânsito, assim como o compartilhamento de seus bancos de dados.

Para que o SNT funcione faz-se necessário um fluxo permanente de informações entre seus órgãos, pois as atribuições desses órgãos se complementam. Uma comparação adequada seria o SNT está para um relógio assim como seus órgãos estão para suas engrenagens.

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Atualmente temos uma série de bancos de dados que são compartilhados entre os órgãos do SNT, como RENAINF, RENAEST, RENACH e RENAVAM. Tudo isso, a fim de padronizar o SNT e estabelecer um fluxo permanente de informações entre eles.

Política Nacional de Trânsito – PNT

Além da necessidade de padronizar o funcionamento do SNT e de se estabelecer um fluxo permanente de informações, existe a necessidade de se atacar diretamente o caos maior em que vive o trânsito do país, por meio de uma PNT.

Sob uma ótica histórica, a elaboração do CTB surgiu da necessidade de diminuir o número de vidas que se perdiam a cada dia no trânsito.

Diante do exposto fica fácil perceber que o objetivo maior almejado pelo legislador é a diminuição dos gastos sociais com trânsito em decorrência do elevado índice de acidentes.

O elevado índice de acidente faz com que tenhamos uma enxurrada de pensões por morte, por invalidez, e despesas médico- hospitalares. Imagine o quanto isso pode ser dispendioso quando consideramos a participação, significante, da população economicamente ativa em acidentes de trânsito.

Agora você deve estar se perguntado: Mas o que seria essa tal de PNT?

A implementação de uma PNT segue a seguinte sistemática: em primeiro lugar, o presidente eleito expõe a sua política de governo e constitui seus ministérios, para auxiliá-lo em sua missão. Em um segundo momento, esse mesmo presidente escolhe um ministério para ser o coordenador máximo do SNT, que hoje é o Ministério das Cidades. Em um terceiro momento, o ministro das cidades vai designar os membros do CONTRAN, que serão responsáveis por elaborar as normas a serem aplicadas por todos os outros órgãos na área de trânsito. Note que o CONTRAN apenas tem a missão de adequar as diretrizes na área de trânsito aquilo que é desejável pelo Presidente da República.

E o conceito de PNT?

A PNT é uma vertente da política de governo a ser implementada na área de trânsito. Aquilo que o Presidente da República entende ser conveniente nesse aspecto para que sejam alcançados seus objetivos, legalmente instituídos: a segurança viária, a fluidez, o conforto, a educação para o trânsito e a proteção ao meio ambiente, que passaremos a estudar separadamente.

O que representa o estudo da segurança viária, a fluidez, o conforto, a educação para o trânsito e a proteção ao meio ambiente?

A importância do estudo de cada um desses tópicos, se dá, na verdade, pelo fato de serem os valores maiores encontrados pelo legislador na elaboração dos dispositivos do CTB. Com eles torna-se possível falar de um Direito de Trânsito, pois se trata dos princípios expressos da legislação de trânsito.

Vamos então analisá-los:

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Princípio da segurança viária

A segurança viária está presente em quase todos os dispositivos do CTB, ora de forma direta, ora de forma indireta. É o princípio fundamental do direito de trânsito, pois é ele que está mais diretamente ligado ao principal objetivo dessa nova legislação, que seria diminuir o índice de acidentes, tornar o trânsito seguro e dar outro destino ao dinheiro público que não sejam gastos com acidentados e indenizações.

Sendo assim, podemos ilustrar algumas de suas aplicações dentro do Código de Trânsito Brasileiro.

“Art. 1º, § 2º O trânsito, em condições seguras, é um direito de todos e dever dos órgãos e entidades componentes do Sistema Nacional de Trânsito, a estes cabendo, no âmbito das respectivas competências, adotar as medidas destinadas a assegurar esse direito.

[...]

Art. 26. Os usuários das vias terrestres devem:

I – abster-se de todo ato que possa constituir perigo ou obstáculo para o trânsito de veículos, de pessoas ou de animais, ou ainda causa danos a propriedades públicas ou privadas;

II – abster-se de obstruir o trânsito ou torná-lo perigoso, atirando, depositando ou abandonando na via objetos ou substâncias, ou nela criando qualquer outro obstáculo”.

Princípio da fluidez do trânsito

A fluidez do trânsito é o segundo princípio mais encontrado nos dispositivos do CTB. Não basta que tenhamos um trânsito seguro, este também deve ter fluidez, a fim de que possamos cumprir nossos compromissos e que a vida econômica do país transcorra entre pessoas não estressadas.

Cabe ressaltar que embora a fluidez seja um direito a ser garantido pelo Estado, não poderia um cidadão reclamar indenização a ser paga pelo Estado em virtude de chegar atrasado no trabalho e ser demitido. Os danos causados pelo Estado passíveis de indenização devem ser anormal e específico, ou seja, devem este dano ser causado a um membro da coletividade em especial. Não haveria o menor sentido o Estado indenizar toda a sociedade. Lembre-se que a vida em sociedade nos impõe a divisão igualitária do ônus e do bônus.

A aplicação máxima deste princípio está no capítulo das normas de circulação e conduta. Este capítulo nos informa que:

• Devemos nos abster de obstruir o trânsito atirando objetos os substâncias nas vias.

• Em outro momento dispõe que devemos nos abster de todo ato que possa constituir obstáculo para o trânsito de veículos, de pessoas ou animais, dentre muitos outros dispositivos.

Veja alguns dispositivos a seguir:

“Art. 30. Todo condutor, ao perceber que outro que o segue tem o propósito de ultrapassá-lo, deverá:

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I – se estiver circulando pela faixa da esquerda, deslocar-se para a faixa da direita, sem acelerar a marcha;

II – se estiver circulando pelas demais faixas, manter-se naquela na qual está circulando, sem acelerar a marcha;

Parágrafo único. Os veículos mais lentos, quando em fila, deverão manter distância suficiente entre si para permitir que veículos que os ultrapassem possam se intercalar na fila com segurança”.

“Art. 43. Ao regular a velocidade, o condutor deverá observar constantemente as condições físicas da via, do veículo e da carga, as condições meteorológicas e a intensidade do trânsito, obedecendo aos limites máximos de velocidade estabelecidos para via, além de:

I – não obstruir a marcha normal dos demais veículos em circulação sem causa justificada, transitando a uma velocidade anormalmente reduzida.

[...]

Art. 62. A velocidade mínima não poderá ser inferior à metade da velocidade máxima estabelecida, respeitadas as condições operacionais de trânsito e da via”.

Princípio do conforto no trânsito

O significado da palavra conforto, segundo Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, é “ato ou efeito de conforta-se, estado de quem é confortado, consolo, alívio”.

Para nós, conforto no trânsito não está relacionado com os atributos do veículo, e sim com as exigências que todos os veículos devem preencher para que o trânsito seja agradável e seguro para o usuário dos veículos e para os demais usuários da via, ou seja, está relacionado com uma condução sem transtornos indesejáveis.

De outra forma, a ideia de conforto está intimamente ligada a ideia de segurança, pois dirigir de forma confortável é dirigir sem medo, com segurança.

Como normas relacionadas ao Princípio do conforto no trânsito, podemos citar algumas dentre as inúmeras existentes no CTB.

Vejamos então:

“Art. 27. Antes de colocar o veículo em circulação nas vias públicas, o condutor deverá verificar a existência e as boas condições de funcionamento dos equipamentos de uso obrigatório, bem como assegurar-se da existência de combustível suficiente para chegar ao local de destino.

[...]

Art. 41. O condutor de veículo só poderá fazer uso de buzina, desde que em toque breve, nas seguintes situações:

I – para fazer as advertências necessárias a fim de evitar acidentes;

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II – fora das áreas urbanas, quando for conveniente advertir a um condutor que se tem o propósito de ultrapassá-lo”.

Princípio da defesa ambiental

A defesa ambiental surge como princípio em muitas outras legislações, a fim de que tenhamos um desenvolvimento do setor automobilístico não agressivo à saúde, à vida, à natureza e, por fim, ao meio ambiente.

O Princípio da defesa ambiental está entre as prioridades do Sistema Nacional de Trânsito, juntamente com a defesa da vida e da saúde.

Ao estudarmos as competências do órgão e entidades que compõem o Sistema Nacional de Trânsito, vamos verificar que está expresso que os órgãos executivos e executivos rodoviários, assim como a PRF (Polícia Rodoviária Federal), devem fiscalizar os índices de poluentes e ruídos do veículo em trânsito no território nacional.

Não poluir mais do que o aceitável apresenta-se também como requisito para que o veículo possa ser licenciado, ou seja, para que transite na via pública durante um ano.

Vejamos agora um dos dispositivos que descreve o que mencionamos anteriormente:

“Art. 1º O trânsito de qualquer natureza nas vias terrestres do território nacional, abertas à circulação, rege-se por este Código.

[...]

§ 5º Os órgãos e entidades de trânsito pertencentes ao Sistema Nacional de Trânsito darão prioridade em suas ações à defesa da vida, nela incluída a preservação da saúde e do meio ambiente”.

Princípio da educação para o trânsito

A educação para o trânsito ganhou tanta importância no CTB que, além de ser reproduzida em muitos dispositivos, ganhou capítulo próprio.

O Princípio da educação para o trânsito é de implementação mais dificultosa, se comparado com os demais. Uma educação efetiva deve ser continuada, passando pela pré-escola até o ensino superior, e, além disso, massificada por meio de campanhas.

Com isso, para que ela atingisse seu nível máximo, deveria ser implementada por vários governos de forma continuada, porém, como a Política Nacional de Trânsito é variável, ou seja, está intimamente relacionada ao princípio da temporariedade do mandato, dificilmente ocorrerá a aplicação plena de um projeto iniciado em governo anterior.

Outra vertente da educação para o trânsito trata da participação do cidadão na resolução de problemas relacionados com o trânsito.

Diante do exposto fica fácil perceber que a educação para o trânsito tem como fundamento a informação e a participação da população na resolução de problemas, a qual deve estar consciente do seu papel como protagonista no trânsito.

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Vejamos alguns dispositivos referentes ao tema:

“Art. 74. A educação para o trânsito é direito de todos e constitui dever prioritário para os componentes do Sistema Nacional de Trânsito.

§ 1º É obrigatória a existência de coordenação educacional em cada órgão ou entidade componente do Sistema Nacional de Trânsito.

§ 2º Os órgãos ou entidades executivos de trânsito deverão promover, dentro de sua estrutura organizacional ou mediante convênio, o funcionamento de Escolas Públicas de Trânsito, nos moldes e padrões estabelecidos pelo CONTRAN.

Art. 75. O CONTRAN estabelecerá, anualmente, os temas e os cronogramas das campanhas de âmbito nacional que deverão ser promovidas por todos os órgãos ou entidades do Sistema Nacional de Trânsito, em especial nos períodos referentes às férias escolares, feriados prolongados e à Semana Nacional de Trânsito.

§ 1º Os órgãos ou entidades do Sistema Nacional de Trânsito deverão promover outras campanhas no âmbito de sua circunscrição e de acordo com as peculiaridades locais.

§ 2º As campanhas de que trata este artigo são de caráter permanente, e os serviços de rádio e difusão sonora de sons e imagens explorados pelo poder público são obrigados a difundi-las gratuitamente, com a frequência recomendada pelos órgãos competentes do Sistema Nacional de Trânsito.

Art. 76. A educação para o trânsito será promovida na pré-escola e nas escolas de 1º, 2º e 3º graus, por meio de planejamento e ações coordenadas entre os órgãos e entidades do Sistema Nacional de Trânsito e de Educação, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, nas respectivas áreas de atuação.

Parágrafo único. Para a finalidade prevista neste artigo, o Ministério da Educação e do Desporto, mediante proposta do CONTRAN e do Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras, diretamente ou mediante convênio, promoverá:

I – a adoção, em todos os níveis de ensino, de um currículo interdisciplinar com conteúdo programático sobre segurança de trânsito;

II – a adoção de conteúdos relativos à educação para o trânsito nas escolas de formação para o magistério e o treinamento de professores e multiplicadores;

III – a criação de corpos técnicos interprofissionais para levantamento e análise de dados estatísticos relativos ao trânsito;

IV – a elaboração de planos de redução de acidentes de trânsito junto aos núcleos interdisciplinares universitários de trânsito, com vistas à integração universidades-sociedade na área de trânsito.”

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Composição do SNT

O Sistema Nacional de Trânsito é composto por um conjunto de órgãos e entidades que tem como atribuição operacionalizar o trânsito do país em todas as suas vertentes.

Veja um organograma com a fragmentação do SNT:

Sistema Nacional de Trânsito

ÓRGÃOS/ENTIDADES UNIÃO ESTADOS/DF MUNICÍPIOS

Órgãos Executivos de Trânsito

DENATRAN (órgão máximo)

Art. 19 CTB

DETRANArt. 22 CTB

Órgão Executivo de Trânsito Municipal

Art. 24 CTB

Órgãos Normativos Coordenadores e

Consultivos

CONTRAN Art.12 CTB

CETRAN CONTRANDIFEArt.14 CTB

Órgãos Executivos Rodoviários

DNIT Art. 21 CTB

DER/DAERArt. 21 CTB

Órgão Rodoviário Municipal

Art. 21 CTB

Polícia Rodoviária Federal

DPRF Art. 20 CTB

Superintendência PRF Art. 20 CTB

Delegacia PRF Art. 20 CTB

Policia Militar Comando Geral Art. 23 CTB

Batalhões Art. 23 CTB

JARI JARI JARI JARI

Atribuições do CONTRAN

Dentre os órgãos que compõem o SNT, este é o que tem maior importância, pois expede atos administrativos normativos que vinculam todos os demais órgãos de trânsito em sua atuação. Com isso vamos conceituá-lo: ele é o coordenador do SNT, além de ser o órgão máximo normativo e consultivo.

Em sua composição, que detalharemos adiante, encontramos nove representantes de Ministérios, representante da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e o diretor do DENATRAN, que o preside.

O CONTRAN, embora integrante da estrutura do Poder Executivo, tem como funções principais a normativa e a jurisdicional. É ele quem normatiza as disposições do CTB, por meio de suas resoluções. Este colegiado também julga o segundo recurso de infrações de trânsito quando ocorre a imposição da penalidade de multa, de natureza gravíssima, aplicada pela PRF ou pelo DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes).

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Diferentemente do DENATRAN, que tem seu Regimento interno elaborado pelo Ministério das Cidades em decorrência da relação de subordinação entre esses órgãos, é o CONTRAN que elabora seu próprio Regimento interno, em decorrência de sua independência funcional.

Dentre as principais atribuições do CONTRAN, podemos destacar a de dirimir conflitos de competência ou circunscrição no âmbito da União, dos Estados e do Distrito Federal.

A fim de exemplificar o exposto, vamos imaginar um conflito negativo de competência no qual o Estado “A” alegue que certo trecho de uma via é de responsabilidade do Estado “B”, e o Estado “B” não concorde.

Será que a via ficará abandonada, sem sinalização, fiscalização e manutenção? Claro que não!

Aí surge a figura do CONTRAN para resolver esse conflito. Imagine agora que ambos os Estados estivessem interessados em um mesmo trecho (conflito positivo) por uma razão qualquer, situação em que o CONTRAN também apareceria para dizer qual Estado tem circunscrição sobre a via.

Por fim, devemos ressaltar que além das atribuições do CONTRAN, expressas no art. 12 do CTB, existem muitas outras espalhadas pelo CTB, como em seus arts. 75, 76, 77, 78, 80, § 2º, 97, 99, 100, parágrafo único, 103, 104, 105, § 1º e outros.

Veja abaixo a redação do art. 12 do CTB:

“Art. 12. Compete ao CONTRAN:

I – estabelecer as normas regulamentares referidas neste Código e as diretrizes da Política Nacional de Trânsito;

II – coordenar os órgãos do Sistema Nacional de Trânsito, objetivando a integração de suas atividades;

III – (VETADO)

IV – criar Câmaras Temáticas;

V – estabelecer seu regimento interno e as diretrizes para o funcionamento dos CETRAN e CONTRANDIFE;

VII – zelar pela uniformidade e cumprimento das normas contidas neste Código e nas resoluções complementares;

VIII – estabelecer e normatizar os procedimentos para a imposição, a arrecadação e a compensação das multas por infrações cometidas em unidade da Federação diferente da do licenciamento do veículo;

IX – responder às consultas que lhe forem formuladas, relativas à aplicação da legislação de trânsito;

X – normatizar os procedimentos sobre a aprendizagem, habilitação, expedição de documentos de condutores, e registro e licenciamento de veículos;

XI – aprovar, complementar ou alterar os dispositivos de sinalização e os dispositivos e equipamentos de trânsito;

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XII – apreciar os recursos interpostos contra as decisões das instâncias inferiores, na forma deste Código;

XIII – avocar, para análise e soluções, processos sobre conflitos de competência ou circunscrição, ou, quando necessário, unificar as decisões administrativas; e

XIV – dirimir conflitos sobre circunscrição e competência de trânsito no âmbito da União, dos Estados e do Distrito Federal”.

Diretrizes estabelecidas pelo CONTRAN

Antes de iniciarmos o estudo deste item, vamos para aquela pergunta que você deve estar se fazendo:

O que significa “diretriz”?

São atos administrativos normativos que traçam o caminho a ser seguidos pelos demais órgãos de trânsito. Trata-se de um mínimo comum que cada órgão deve observar, a fim de que haja uma padronização das atividades de trânsito.

Então, ficamos assim: as diretrizes estabelecidas pelo CONTRAN são atos administrativos normativos de observância obrigatória por seus destinatários, objeto de fiscalização do DENATRAN, quanto ao seu fiel cumprimento.

Veja abaixo o art. 12, incs. I, V, VI, do CTB, que faz menção a esses destinatários, e o art. 19, inc. I, do CTB, que nos diz que são de observância obrigatória.

Observe também as diretrizes estabelecidas pelo CONTRAN:

“Art 12, I – estabelecer as normas regulamentares referidas neste Código e as diretrizes da Política Nacional de Trânsito;

[...]

Art 12, V – estabelecer seu regimento interno e as diretrizes para o funcionamento dos CETRAN e CONTRANDIFE;

Art 12, VI – estabelecer as diretrizes do regimento das JARI;

[...]

Art. 19, I – (Competência do DENATRAN) no CTB: cumprir e fazer cumprir a legislação de trânsito e a execução das normas e diretrizes estabelecidas pelo CONTRAN, no âmbito de suas atribuições.”

Composição do CONTRAN

Como ocorre a nomeação dos integrantes desse colegiado?

O CONTRAN é um órgão de composição eminentemente política. Os seus membros são designados pelo Ministério das Cidades, após indicação do respectivo ministério. Estas nomeações, que tem como critério a confiança, têm como finalidade a regulamentação das

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diretrizes a serem seguidas no trânsito do país durante o mandato de determinado Presidente da República.

Cabe ressaltar que não existe nenhum requisito de natureza técnica, previsto no CTB, para que se faça parte deste Conselho. Em virtude disso, é facultado a este órgão criar câmaras temáticas para subsidiá-lo na elaboração de suas resoluções.

A composição do CONTRAN encontra-se regulamentada no art. 10 do CTB, que teve recentemente a inclusão de um representante do Ministério da Justiça, pela Lei 12.865/2013, a saber:

“Art. 10. O Conselho Nacional de Trânsito (Contran), com sede no Distrito Federal e presidido pelo dirigente do órgão máximo executivo de trânsito da União, tem a seguinte composição: (Redação dada pela Lei nº 12.865, de 2013)

III – um representante do Ministério da Ciência e Tecnologia;

IV – um representante do Ministério da Educação e do Desporto;

V – um representante do Ministério do Exército;

VI – um representante do Ministério do Meio Ambiente e da Amazônia Legal;

VII – um representante do Ministério dos Transportes;

XX – um representante do ministério ou órgão coordenador máximo do Sistema Nacional de Trânsito;

XXII – um representante do Ministério da Saúde. (Incluído pela Lei nº 9.602, de 1998)

XXIII – 1 (um) representante do Ministério da Justiça. (Incluído pela Lei nº 11.705, de 2008)

XXIV – 1 (um) representante do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior; (Incluído pela Lei nº 12.865, de 2013)

XXV – 1 (um) representante da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). (Incluído pela Lei nº 12.865, de 2013)”

Outras atribuições do CONTRAN

As competências do CONTRAN estão elencadas em maior número no art. 12 do CTB, mas não apenas neste artigo.

Podemos encontrar outras atribuições deste colegiado espalhadas pelo código e que têm sido objeto de questões de prova, as quais merecem comentários.

Vejamos algumas delas:

a) Compete ao DENATRAN instruir os recursos interpostos das decisões do CONTRAN ao Ministro ou ao dirigente Coordenador máximo do Sistema Nacional de Trânsito (Ministério das Cidades), conforme o art. 19, inc. XXVII, do CTB – cabe aqui ressaltar que o dispositivo não se refere a recursos de infrações, pois a regulamentação destes está expressa no art. 290 do CTB, e nos informa que, em se tratando de recurso de multa, a instância administrativa se encerra no CONTRAN.

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Sobre que recurso o legislador estaria se referindo, então?

Os recursos a que o legislador estaria se referindo seriam aqueles que em qualquer outro caso estivesse presente uma decisão do CONTRAN, como, por exemplo, nos processos de conflito de competência ou em caso de recusa de autorizar sinalização em caráter experimental.

Finalmente, embora o dispositivo não esteja presente no Regimento Interno do CONTRAN, podemos encontrá-lo no Regimento interno do DENATRAN.

b) Compete ao DENATRAN prestar suporte técnico, jurídico, administrativo e financeiro ao CONTRAN, conforme o art. 19, inc. XXIX, do CTB.

c) O CONTRAN estabelecerá anualmente os temas e os cronogramas das campanhas de âmbito nacional que deverão ser promovidas por todos os órgãos ou entidades do Sistema Nacional de Trânsito, em especial nos períodos referentes às férias escolares, feriados prolongados e à Semana Nacional de Trânsito, conforme o art. 75 do CTB.

d) No âmbito da educação para o trânsito, caberá ao Ministério da Saúde, mediante proposta do CONTRAN, estabelecer campanha nacional esclarecendo condutas a serem seguidas nos primeiros socorros, em caso de acidente de trânsito, conforme o art. 77 do CTB.

e) O CONTRAN poderá autorizar, em caráter experimental e por período prefixado, a utilização de sinalização não prevista neste Código (CTB), conforme o art. 80, § 2º, do CTB. Podemos citar, como exemplo, as faixas exclusivas para motocicleta no Estado de São Paulo, autorizadas em caráter experimental pelo CONTRAN.

f) É proibida a utilização das ondulações transversais e de sonorizadores como redutores de velocidade, salvo em casos especiais definidos por órgão ou entidade competente, nos padrões e critérios estabelecidos pelo CONTRAN, conforme o art. 94, parágrafo único, do CTB. O assunto já foi regulamentado pelo CONTRAN, em sua Resolução 39/1998 (alterada pela Resolução 336/2009).

g) As características dos veículos, especificações básicas, configuração e condições essenciais para registro, licenciamento e circulação serão estabelecidos pelo CONTRAN, em função de suas aplicações, conforme o art. 97 do CTB.

h) Somente poderá transitar pelas vias terrestres o veículo cujo peso e dimensões atenderem aos limites estabelecidos pelo CONTRAN, conforme o art. 99 do CTB. O assunto foi regulamentado em diversas resoluções e, de maneira mais abrangente, na Resolução 210/2006.

Atribuições do DENATRAN – Departamento Nacional de Trânsito

Como poderíamos conceituar este órgão?

É o órgão máximo executivo de trânsito da União, subordinado ao Ministério das Cidades, mais especificamente à sua Secretaria Executiva.

Suas atribuições são quase que exclusivamente executivas (administrativas).

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Há um rol extenso e variado de competências expressas no CTB para este órgão.

Muito cuidado com a leitura dos dispositivos do CTB, por exemplo, no art. 19, inc. I, temos expresso que compete ao DENATRAN cumprir e fazer cumprir a legislação e as normas de trânsito.

Qual seria a amplitude deste dispositivo?

Ele nos dá a ideia equivocada de que existe atividade de fiscalização de trânsito executada pelo DENATRAN. Isto é completamente incompatível com sua composição, uma vez que seu diretor não poderia ser uma autoridade de trânsito, pois preside um órgão recursal, que é o CONTRAN.

Não teria o menor sentido o diretor do DENATRAN aplicar uma penalidade, como a de multa, por exemplo e, em momento diverso, apreciá-la em grau de recurso, na condição de presidente do CONTRAN.

Mas o que significaria, então, “fazer cumprir a legislação de trânsito”?

Ele tem a atribuição de fazer os demais órgãos de trânsito cumprir a Legislação de Trânsito.

No art. 19, incs. VI e XVII, temos as competências expressas do DENATRAN: expedir atos ordinatórios, por meio de suas Portarias, a fim de estabelecer procedimentos a serem adotados. É dessa forma que o DENATRAN faz com que os demais órgãos cumpram a legislação de trânsito.

Bancos de dados nacionais

Onde podemos encontrar a previsão legal de manutenção desses bancos de dados?

O DENATRAN organiza e mantém o RENACH (art. 19, VIII, e Resolução 19/1998), RENAVAM (art. 19, IX, e Resolução 19/1998), RENAEST (Art.19, X, e Resolução 208/2006), RENAINF (art. 19, XII, e Resolução 155/2004), que são bancos de dados nacionais e RENAVE (Resolução 584/2016).

Vejamos cada um deles:

a) RENACH: Registro Nacional de Condutores Habilitados ou de Carteiras de Habilitação. Será organizado e mantido pelo DENATRAN, com coordenadores em cada DETRAN, conforme art. 19, inc. VIII.

b) RENAVAM: Registro Nacional de Veículos Automotores. Será organizado e mantido pelo DENATRAN, com coordenadores em cada DETRAN, podendo ser um único coordenador para o RENACH E RENAVAM, conforme Resolução do CONTRAN 19/1998 e art. 19, inc. IX, do CTB.

c) RENAINF: Registro Nacional de Infrações de Trânsito. O RENAINF é um sistema de gerenciamento e controle de infrações de trânsito, integrado ao sistema de Registro Nacional de Veículos Automotores – RENAVAM – e ao Registro Nacional de Condutores Habilitados – RENACH.

Este sistema tem por finalidade criar a base nacional de infrações de trânsito e proporcionar condições operacionais para o registro daquelas, viabilizando o processamento dos autos de infrações, das ocorrências e do intercâmbio de informações.

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As infrações de trânsito cometidas em unidades da Federação não referentes a licenciamento do veículo deverão ser registradas no RENAINF para fins de arrecadação.

Os órgãos e entidades executivos de trânsito dos Estados e do Distrito Federal deverão integrar-se ao RENAINF para fins de fornecimento dos dados de veículos e de condutores, para registro das infrações de trânsito cometidas em unidade da Federação não referentes a licenciamento do veículo, das suas respectivas penalidades e arrecadação, bem como da pontuação delas decorrentes.

Os órgãos e entidades executivos de trânsito responsáveis pelo registro de veículos deverão considerar a restrição por infração de trânsito, inclusive para fins de licenciamento ou transferência, a partir da notificação da penalidade. Com este fluxo permanente de informações, os infratores interestaduais estão “dando adeus” à impunidade, conforme Resolução 155/2003 e art. 19, inc. XIII.

Os órgãos autuadores repassam as informações aos DETRANs de seu estado, que, por sua vez, repassam ao DENATRAN (RENAINF), deixando para os DETRANs de registro efetuarem a cobrança e impedirem o licenciamento e a transferência de propriedade.

d) RENAEST: Registro Nacional de Estatísticas de Acidente de Trânsito. É o sistema de registro, gestão e controle de dados estatísticos sobre acidentalidade no trânsito, integrado ao sistema de Registro Nacional de Veículos Automotores – RENAVAM –, ao Registro Nacional de Condutores Habilitados – RENACH – e ao Registro Nacional de Infrações – RENAINF.

Este sistema tem por objetivo estabelecer a metodologia de registro e análise de variáveis relativas à segurança viária e indicadores sobre a evolução da acidentalidade, com vistas à elaboração de estudos e pesquisas que possibilitem a tomada de decisões e a correta orientação e aplicação de diferentes medidas e ações a serem adotadas pelos órgãos e entidades do Sistema Nacional de Trânsito – SNT.

Os órgãos e entidades executivos de trânsito dos Municípios integrados ao Sistema Nacional de Trânsito – SNT –, as polícias militares dos Estados e do Distrito Federal e a Polícia Rodoviária Federal deverão integrar-se ao RENAEST, por meio do órgão ou entidade executivo de trânsito da unidade da Federação de sua circunscrição.

Então será o DETRAN de cada estado que manterá um fluxo de informação com a base nacional, conforme a Resolução 208/2006 e art. 19, inc. X, do CTB.

e) RENAVE: Registro Nacional de Veículos em Estoque. O RENAVE será administrado pelo Departamento Nacional de Trânsito – DENATRAN e será composto por dados do DENATRAN, da Secretaria da Receita Federal do Brasil e das Secretarias de Fazenda dos Estados e do Distrito Federal, representadas pelo Conselho Nacional de Fazenda – CONFAZ, tendo por base a Nota Fiscal Eletrônica – NFe.

Competências delegáveis

Antes de enfrentarmos o tema, gostaria que você fizesse a seguinte reflexão: qual a lógica de termos um dispositivo no CTB determinando a delegação de certas atribuições?

Em primeiro lugar, sob a ótica da territorialidade, pelo fato de a sede do DENATRAN ser no DF, isto obriga a delegação de certas atividades.

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Em segundo lugar, sob a ótica dos objetivos básicos do SNT, a concentração de determinadas atividades nas mãos do DENATRAN faz com que haja uma padronização no desempenho das mesmas.

Em terceiro lugar, sob a ótica do princípio da eficiência, esta especialização é extremamente interessante para a Administração Pública.

Em resumo, o legislador, ao dividir as competências no CTB, trouxe algumas competências originárias do DENATRAN, que necessariamente devem ser delegadas, a fim de que seja cumprido um dos objetivos básicos do Sistema Nacional de Trânsito, que é a padronização.

Dessa forma, para que tivéssemos uma padronização na expedição dos documentos do veículo (CRLV e CRV), de condutores (permissão e CNH), assim como na permissão internacional para conduzir veículo e no certificado de passagem nas alfândegas, o legislador previu como atribuição originária do DENATRAN, a ser desempenhada pelos DETRANs ou a entidade habilitada para esse fim pelo poder público federal, mediante delegação. Essa última foi uma alteração feita pela Lei nº 13.258/2016.

Vejamos alguns comentários:

a) Permissão Internacional para Dirigir (PID) – o Departamento Nacional de Trânsito (DENATRAN) lançou, em abril de 2006, o novo modelo de Permissão Internacional para Dirigir (PID). O modelo segue o padrão estabelecido na Convenção de Viena, firmada em 08 de novembro de 1968 e promulgada pelo Decreto 86.714, de 10 de dezembro de 1981. A PID poderá ser utilizada em mais de cem países, porém não substitui a CNH no território nacional.

Antes da padronização da Permissão Internacional para Dirigir, ficava a cargo dos órgãos e entidades executivos de trânsito a elaboração e expedição da permissão. Com a PID, o DENATRAN padroniza o modelo do documento. As informações dispostas na PID estarão descritas em língua portuguesa e nas preconizadas na Convenção de Viena.

Para obter a permissão, o condutor deverá possuir a Carteira Nacional de Habilitação (CNH), devendo esta estar vigente. O prazo de validade da PID, a categoria da habilitação e as restrições médicas são os mesmos referentes à CNH e, na hipótese de ocorrer qualquer alteração no cadastro do condutor, aquela deverá ser incluída no respectivo documento internacional de habilitação.

A Permissão Internacional para Dirigir não será emitida para o condutor habilitado somente com a Autorização para Conduzir Ciclomotor – ACC.

Desde abril de 2006, o novo modelo pode ser fornecido pelos órgãos e entidades executivos de trânsito dos Estados e do Distrito Federal e, a cargo deles, ficará a responsabilidade de determinar o valor da expedição do documento, conforme informações extraídas do site do DENATRAN.

b) Certificado de passagem nas alfândegas – vimos acima que se trata de uma competência originária do DENATRAN, passada aos DETRANs por delegação; porém, não foi o que aconteceu na prática, pois o DENATRAN, em virtude do exposto na resolução 359/2010 (Alterada pela Resolução Contran 379/11) do CONTRAN, assumiu diretamente essa atribuição, até que seja possível implementar esse controle pelos DETRANS.

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Pelo fato de a natureza das atividades do DENATRAN serem eminentemente administrativas e centralizadas no Distrito Federal, as empresas que pretendam efetuar transporte rodoviário internacional de passageiros ou cargas deverão procurar empresas licenciadas pelo DENATRAN para efetuarem as vistorias necessárias a expedição do certificado de passagem nas alfândegas.

O veículo inspecionado e aprovado receberá um selo de segurança, aposto no pára-brisa, vinculado ao respectivo certificado, que será de porte obrigatório, na forma prevista na Resolução 22/1998 do CONTRAN.

Por fim, cabe ressalvar que até o advento da referida resolução o Departamento de Polícia Rodoviária Federal era o órgão responsável pela expedição desse certificado.

Atribuições do CETRAN/CONTRANDIFE – Conselho Estadual de Trânsito do Estado e do Distrito Federal

Como poderíamos conceituar estes órgãos?

Os CETRAN e o CONTRANDIFE são órgãos colegiados, normativos, consultivos e coordenadores do correspondente sistema estadual ou distrital de trânsito, componentes do Sistema Nacional de Trânsito.

Estes órgãos são os responsáveis pelo julgamento, em segunda instância, dos recursos interpostos contra penalidades aplicadas por órgãos e entidades executivos de trânsito e rodoviários dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.

Quanto à competência para julgar recursos, temos, além do recurso de infrações em segunda instância, os recursos contra decisões do DETRAN, em única instância, quando este declara que o condutor ou aprendiz é considerado inapto permanentemente nos exames de aptidão física e mental ou psicológicos feitos nos exames de habilitação para dirigir veículos automotores e elétricos.

Finalmente, cabe observar que, nos casos julgados pelo CETRAN, em grau de recurso, encerram-se as instâncias administrativas.

Composição

Os presidentes dos CETRAN e do CONTRANDIFE são nomeados pelos Governadores dos Estados e do Distrito Federal, respectivamente, e deverão ter reconhecida experiência em matéria de trânsito, não bastando para estes um conhecimento eminentemente prático.

Quanto aos demais membros do CETRAN e do CONTRANDIFE são nomeados pelos Governadores dos Estados e do Distrito Federal, respectivamente, bastando para estes reconhecida experiência em trânsito, conforme o art. 15 do CTB.

O mandato dos membros dos CETRAN e do CONTRANDIFE é de dois anos, admitida a recondução, se prevista em seu Regimento Interno.

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Quanto ao seu Regimento interno, temos a previsão no art. 12, inc. V, que compete ao CONTRAN estabelecer as diretrizes para o funcionamento dos CETRAN e CONTRANDIFE, o qual é hoje regido pela Resolução 244/2007 do CONTRAN.

a) Composição do CETRAN: Os Conselhos Estaduais de Trânsito – CETRAN – serão compostos por, no mínimo, um presidente e treze membros, sendo facultada a suplência e obrigatória a representação em igual número de representantes da esfera do Poder Executivo estadual, dos órgãos ou entidades executivos e rodoviários municipais integrados ao Sistema Nacional de Trânsito e de entidades representativas da sociedade ligadas à área de trânsito. Além dos representantes citados, deverá haver um integrante com notório saber na área de trânsito, com nível superior e três membros, um de cada área específica: Medicina, Psicologia e Meio Ambiente, com conhecimento em trânsito.

Os representantes da esfera do Poder Executivo estadual devem pertencer aos seguintes órgãos e entidades: órgão ou entidade executivo de trânsito; órgão ou entidade executivo rodoviário; ou policiamento ostensivo de trânsito.

Os representantes dos órgãos ou entidades executivos e rodoviários municipais devem ser da capital do Estado; do Município com a maior população, exceto se já contemplado no item anterior; do Município com população acima de 500 mil habitantes, exceto se já contemplado nos itens anteriores; do Município com população entre 100 mil e 500 mil habitantes, exceto se já contemplado nos itens anteriores; do Município com população entre 30 mil e 100 mil habitantes, exceto se já contemplado nos itens anteriores, e assim sucessivamente, quando existirem mais de três representantes.

Os representantes de entidades representativas da sociedade ligadas à área de trânsito devem pertencer a: sindicato patronal; sindicato dos trabalhadores; ou entidades não governamentais ligadas à área de trânsito.

b) Composição do CONTRANDIFE: o Conselho de Trânsito do Distrito Federal – CONTRANDIFE – será composto por, no mínimo, um presidente e treze membros, sendo facultada a suplência e obrigatória a representação, em igual número, de representantes da esfera do Poder Executivo distrital e de entidades representativas da sociedade ligadas à área de trânsito. Além dos representantes citados, deverá haver um integrante com notório saber na área de trânsito, com nível superior, e três membros, um de cada área específica: Medicina, Psicologia e Meio Ambiente, com conhecimento em trânsito.

Os representantes da esfera do Poder Executivo distrital devem pertencer aos seguintes órgãos e entidades: órgão ou entidade executivo de trânsito; órgão ou entidade executivo rodoviário; ou policiamento ostensivo de trânsito.

Os representantes de entidades representativas da sociedade ligadas à área de trânsito devem pertencer a: sindicato patronal; sindicato dos trabalhadores; ou entidades não governamentais ligadas à área de trânsito.

Suporte técnico e financeiro

Caberão aos órgãos ou entidades de trânsito dos Estados, Municípios e do Distrito Federal que compõem o Conselho prestar suporte técnico e financeiro de forma a garantir seu pleno funcionamento.

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Atribuições da JARI – Juntas Administrativas de Recursos de Infrações

E o que seriam estas juntas?

Trata-se de um colegiado com pelo menos três membros, sempre com número ímpar de integrantes que decidem os pleitos recursais em 1ª instância.

Ainda com relação aos pleitos decorrentes de recursos de infrações temos a possibilidade de questionar a autuação feita em sede de defesa prévia e de 2º Recurso. Em Ambos os casos, não se trata de atribuição da JARI.

Vejamos onde encontrá-la no CTB:

• no art. 7º, inc. VII, como componente do Sistema Nacional de Trânsito;

• no art. 12, inc. VI, onde está previsto que compete ao CONTRAN estabelecer as diretrizes do regimento das JARI;

• nos arts. 16 e 17 do CTB (referências).

No art. 16, há previsão de que junto a cada órgão ou entidade executivos de trânsito ou rodoviário funcionarão Juntas Administrativas de Recursos de Infrações – JARI –, órgãos colegiados responsáveis pelo julgamento dos recursos interpostos contra penalidades por eles impostas. São estes mesmos órgãos que darão apoio administrativo e financeiro do órgão ou entidade às JARI junto as quais funcionem. No art. 17, temos previstas as suas competências, que veremos adiante.

Composição

Cabe ressaltar que o número de JARIs que um órgão possui é proporcional ao número de recursos interpostos. Como a legislação estipulou o prazo máximo de 30 dias para julgar os recursos recebidos, caso não seja possível atender ao prazo, faz-se necessária a criação de nova JARI. Caso o recurso não seja julgado no prazo, a penalidade entra em efeito suspensivo.

Cada colegiado possui, no mínimo, 3 (três) membros, e sempre que tivermos mais de uma JARI formada, a autoridade de trânsito designará um Coordenador para as JARIs existentes, que, em situações especiais, irá compor um colegiado especial.

Então, a JARI, órgão colegiado, terá, no mínimo, 3 (três) integrantes, obedecidos os seguintes critérios para a sua composição:

a) um integrante com conhecimento na área de trânsito com, no mínimo, nível médio de escolaridade, devendo ser observado o seguinte, conforme a resolução 357/2010 do CONTRAN:

a.1) excepcionalmente, na impossibilidade de se compor o colegiado por comprovado desinteresse do integrante estabelecido no item “a”, ou quando indicado, injustificadamente, não comparecer à sessão de julgamento, deverá ser observado a legislação que trata da perda do mandato, e substituído por um servidor público habilitado integrante de órgão ou entidade componente do Sistema Nacional de Trânsito, que poderá compor o Colegiado pelo tempo restante do mandato.

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b) um representante servidor do órgão ou entidade que impôs a penalidade.

c) um representante de entidade representativa da sociedade ligada à área de trânsito, devendo ser observado o seguinte, conforme a resolução 357/2010 do CONTRAN:

c.1) excepcionalmente, na impossibilidade de se compor o colegiado por inexistência de entidades representativas da sociedade ligada à área de trânsito ou por comprovado desinteresse dessas entidades na indicação de representante, ou quando indicado, injustificadamente, não comparece à sessão de julgamento deverá ser observado a legislação que trata da perda do mandato, e substituído por um servidor público habilitado integrante de órgão ou entidade componente do Sistema Nacional de Trânsito, que poderá compor o Colegiado pelo tempo restante do mandato.

Competências da JARI

As competências da JARI vêm previstas no art. 17 do CTB e também na Resolução 357/2010 do CONTRAN, as quais vamos enumerar e comentar:

“a) julgar os recursos interpostos pelos infratores;”

Comentário:

Antes de fazermos os comentários desta atribuição, vamos, em primeiro lugar, entender como é exercido o direito de defesa durante o processo administrativo de aplicação das penalidades de trânsito.

Neste processo, é facultado ao infrator três mecanismos de defesa: Antes de ser aplicada a penalidade (sanção administrativa), o infrator dispõe da defesa de autuação, também chamada de defesa prévia, a qual será sempre julgada pela autoridade de trânsito competente para aplicar a penalidade. Após a aplicação da penalidade, o infrator dispõe de dois recursos: o primeiro é sempre julgado pela JARI e o segundo depende do órgão ou entidade que aplicou a penalidade.

Este segundo recurso também deverá ser apreciado no prazo de trinta dias e, em se tratando de penalidade imposta pelo órgão ou entidade de trânsito da União, ou seja, PRF ou DNIT, a previsão no art. 289 do CTB ficou assim:

a) em caso de suspensão do direito de dirigir por mais de seis meses, cassação do documento de habilitação ou penalidade por infrações gravíssimas, o segundo recurso será julgado pelo CONTRAN, de acordo com o CTB. Cabe ressalvar que o dispositivo apresenta uma grande impropriedade técnica, uma vez que as penalidades de suspensão e cassação são de competência exclusiva dos DETRANs, órgão estaduais.

b) nos demais casos, ou seja, infrações de natureza grave, média e leve, o segundo recurso será julgado por um colegiado especial integrado pelo Coordenador-Geral da JARI, pelo Presidente da Junta que apreciou o recurso e por mais um Presidente de Junta.

Quanto ao colegiado especial, somente será formado quando o órgão de trânsito possuir mais de uma JARI. Sendo assim, quando não for possível formar este colegiado especial, ou seja, quando o órgão possuir apenas uma JARI, o recurso será julgado por seus próprios membros.

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Então, observe que é possível que a mesma JARI julgue o primeiro recurso e o segundo recurso, que na verdade seria apenas uma revisão do ato de indeferimento do primeiro, uma vez que recurso pressupõe instância superior ou independente.

Finalmente, ainda quanto ao segundo recurso, em se tratando de penalidade imposta por órgão ou entidade de trânsito estadual, municipal ou do Distrito Federal, como os DETRANs, DER, órgãos executivos de trânsito dos Municípios e órgãos executivos rodoviários de trânsito dos Municípios, serão julgados pelo CETRAN ou pelo CONTRANDIFE.

“b) solicitar aos órgãos e entidades executivos de trânsito e executivos rodoviários informações complementares relativas aos recursos objetivando uma melhor análise da situação recorrida;”

Comentário:

Sempre que as alegações do pleiteante ensejarem que se faça uma diligência no local da ocorrência da infração, a JARI deve solicitar que ela seja feita, ou ainda, a depender das alegações feitas pelo pleiteante, pode ser que seja necessário extrair alguma informação do sistema, que somente os órgãos de trânsito possuem, tais como se o infrator foi devidamente notificado (cópia do aviso de recebimento), ou a cópia do auto de infração etc.

Enfim, tudo isso para que aquele colegiado possa tomar devidamente suas decisões.

Cabe ressaltar que alegações nitidamente protelatórias não darão ensejo a diligências, por violarem o princípio da objetividade do interesse público, conforme o art. 2°, parágrafo único, inc. III, da Lei 9.784/1999, assim como aquelas de caráter subjetivo, uma vez que as alegações do agente gozam de presunção de veracidade e as do particular, não.

“c) encaminhar aos órgãos e entidades executivos de trânsito e executivos rodoviários informações sobre problemas observados nas autuações, apontados em recursos e que se repitam sistematicamente”.

Comentário:

Muito comum os agentes de trânsito se equivocarem quanto à aplicação de um dispositivo legal, ou por erro de interpretação ou simplesmente por estarem desatualizados quanto à aplicação da legislação de trânsito.

Dessa forma, a JARI, verificando erros reiterados, deve informar os órgãos e entidades executivos de trânsito e executivos rodoviários para que tomem as providências necessárias, e assim, diminua o número de recursos interpostos.

Órgãos e entidades que possuem JARI

Este subitem é de grande importância, pois o legislador com a redação do art. 16 do CTB nos deu a falsa impressão de que o DENATRAN possui JARI e que a PRF não a possui. O assunto já foi pacificado pelo CONTRAN em sua Resolução 357/10.

Os órgãos e entidades que deverão compor a JARI são: os órgãos e entidades executivos rodoviários da União e a Polícia Rodoviária Federal; os órgãos e entidades executivos de trânsito ou rodoviários dos Estados e do Distrito Federal e os órgãos e entidades executivos de trânsito ou rodoviários dos Municípios.

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Nomeação e Mandato dos integrantes das JARI

A nomeação dos integrantes das JARIs que funcionam junto aos órgãos e entidades executivos rodoviários da União e junto à Polícia Rodoviária Federal será efetuada pelo Secretário Executivo do Ministério ao qual o órgão ou entidade estiver subordinado, facultada a delegação.

Quanto à nomeação dos integrantes das JARIs que funcionam junto aos órgãos e entidades executivos de trânsito ou rodoviários estaduais e municipais, será efetuada pelo respectivo chefe do Poder Executivo, facultada a delegação.

O mandato será de, no mínimo, um ano e, no máximo, dois anos. O Regimento Interno poderá prever a recondução dos integrantes da JARI por períodos sucessivos.

Câmaras Temáticas

Estes órgãos fazem parte do SNT? São criados por lei? Qual a finalidade de sua criação?

Não fazem parte do SNT.

Não são criados por lei e sim por resolução do CONTRAN.

Quanto a sua finalidade, são órgãos técnicos criados pelo CONTRAN, com o objetivo de estudar e oferecer sugestões e embasamento técnico sobre assuntos específicos (temas) para decisões daquele colegiado.

Atualmente tem seu Regimento Interno definido na Resolução 586/2016 do CONTRAN.

Os serviços prestados às Câmaras Temáticas são considerados, para todos os efeitos, como de interesse público e relevante valor social, conforme o art. 20 da Resolução 218/2006.

Esta informação vem a justificar a redação do caput, do art. 13, do CTB, que nos informa que as Câmaras não são subordinadas ao CONTRAN, e sim vinculadas, uma vez que elas não são criadas para atender exclusivamente aos interesses daquele colegiado, e sim ao interesse público.

Câmaras existentes

O CONTRAN, em sua Resolução 586/2016, deixou consignado que os temas a serem trabalhados são os seguintes:

• de Assuntos Veiculares;

• de Educação para o Trânsito e Cidadania;

• de Engenharia de Tráfego, da Sinalização e da Via;

• Esforço Legal: infrações, penalidades, crimes de trânsito, policiamento e fiscalização de trânsito;

• de Formação e Habilitação de Condutores;

• de Saúde e Meio Ambiente no Trânsito.

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Suporte técnico administrativo e financeiro

As despesas dos membros participantes das Câmaras serão suportadas pelos órgãos, entidades ou instituições que a representam, podendo o DENATRAN suportar as despesas, atendidas as exigências legais.

O órgão máximo executivo de trânsito da União dará suporte técnico e administrativo às Câmaras Temáticas, promovendo as atividades necessárias, por meio do Secretário Executivo.

Em regra, as despesas dos membros são suportadas pelo próprio órgão que o indicou, e o suporte técnico e administrativo será dado pelo DENATRAN, podendo, em caráter excepcional, suportar as despesas financeiras.

Identificação veicular

A identificação de veículo abordada no Código de Trânsito é um dos capítulos mais ricos em regulamentações. O tema é muito importante, uma vez que o veículo necessita ser individualizado quando for objeto de crime ou objeto de infrações de trânsito.

Abordaremos a seguir a obrigação que o fabricante tem de individualizar os veículos de sua fabricação (numeração VIN); os elementos de identificação externa (placas); as plaquetas ou etiquetas de capacidade, que tem a finalidade de informar aos embarcadores e transportadores a quantidade de carga possível de ser transportada e facilitar a fiscalização; a identificação de veículos através de faixas e por fim outras identificações.

Numeração do Chassi ou Monobloco – Numeração VIN

Da mesma forma que pessoas nascem com sua individualização, que se dá através das digitais, o veículo também possui a sua individualização, que ocorre pela numeração VIN.

A fabricante da pessoa física (Deus) seria o responsável por esta infinidade de digitais existentes. No veículo, o responsável pela colocação desta numeração é o seu fabricante, seja ele pessoa física (veículos artesanais) seja ele pessoa jurídica (montadoras).

A ABNT, por meio da NBR 6066, estabeleceu em julho de 1980, dentro das normas internacionais, um padrão único para a identificação dos veículos produzidos no Brasil. Este padrão de codificação é composto de 17 (dezessete) dígitos que compõe o VIN – Vehicle Identification Number ou Número de Identificação do Veículo, os quais são gravados no lado direito do chassi do veículo preferencialmente na metade dianteira.

Ainda com relação a norma da ABNT, saiba que os 3 (três) primeiros dígitos são o Identificador Internacional do Fabricante – WMI, World Manufacturer Identifier; do 4º ao 9º é o VDS – Vehicle Descriptor Section ou Seção Descritiva do Veículo, estabelecido pelo fabricante e que fornece informações as quais descrevem as características gerais do veículo; os demais compõem o VIS – Vehicle Indicator Section ou Seção Indicadora do Veículo, que é a identificação do veículo.

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É importante ressaltar que as normas criadas pela ABNT, não possuem coercitividade, ou seja, não são de cumprimento obrigatório por quem quer que seja.

A ABNT é uma associação com personalidade jurídica de direito privado, não integra, portanto a estrutura do Estado. Não é composta pelos representantes do povo.

Então por que estamos estudando essas normas?

Porque elas são de cumprimento obrigatório para fabricantes de veículos.

Como assim?

Por que o CONTRAN em sua Resolução 24/98, faz uma remissão a esta norma, fazendo com que ela seja de cumprimento obrigatório por quem fabrica veículos.

O fabricante do veículo tem a obrigação de individualizá-lo através de uma numeração que deve ser colocada tanto no chassi (parte rígida do veículo sobre a qual deve ser colocada a carroçaria) ou no monobloco (veículo inteiriço).

Em quantos lugares deve ser reproduzida essa numeração? Em, pelo menos, um lugar em se tratando de veículos automotores e em pelo menos dois lugares em se tratando de reboque ou semi-reboque.

Os veículos produzidos ou importados a partir de 1º de janeiro de 1999, para obterem registro e licenciamento, deverão estar identificados na forma descrita pela norma.

Diante do exposto, todos os veículos automotores deverão possuir a numeração VIN? Não! Apenas aqueles que necessitam serem individualizados dos demais em sua fabricação e que irão transitar na via pública.

Então quais seriam as exceções? Excetuam-se:

• Os tratores.

• Os veículos protótipos utilizados exclusivamente para competições esportivas.

• E as viaturas militares operacionais das Forças Armadas que, em regra, não transitam na via.

A gravação do número de identificação veicular (VIN) no chassi ou monobloco deverá ser feita em profundidade mínima de 0,2 mm.

Será que existe alguma outra identificação relacionada com a numeração VIN, pois quanto mais numeração possuir o veículo, mais fácil fica sua identificação em caso de roubo, furto ou adulteração?

Sim. Além da gravação no chassi ou monobloco, os veículos serão identificados, no mínimo, com os caracteres VIS (número sequencial de produção) previstos na NBR3 6.066. Esta numeração poderá ser, a critério do fabricante, por gravação, na profundidade mínima de 0,2 mm, quando em chapas ou plaqueta colada, soldada ou rebitada, destrutível quando de sua remoção ou ainda por etiqueta autocolante e também destrutível no caso de tentativa de sua remoção.

Lembre-se que esta numeração é uma parte da numeração VIN, que vai do 10º dígito ao seu 17º dígito.

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Em quais compartimentos ou componentes podemos encontrar a numeração VIS?

I – Na coluna da porta dianteira lateral direita.

II – No compartimento do motor.

III – Em um dos pára-brisas e em um dos vidros traseiros, quando existentes.

IV – Em pelo menos dois vidros de cada lado do veículo, quando existentes, excetuados os quebra-ventos.

O CONTRAN, em sua Resolução 24/1998, diz: “as identificações previstas nos itens "III" e "IV" serão gravadas de forma indelével, sem especificação de profundidade e, se adulterados, devem acusar sinais de alteração.”

Afora essas disposições, outras devem ser destacadas, como as previstas na Resolução 24/1998 do CONTRAN:

1. “Os veículos inacabados (sem cabina, com cabina incompleta, tais como os chassis para ônibus) terão as identificações VIS (número sequencial de produção) implantadas pelo fabricante que complementar o veículo com a respectiva carroçaria.

2. As identificações, mencionadas nos itens III e IV, que se referem à numeração VIS dos vidros, poderão ser feitas na fábrica do veículo ou em outro local, sob a responsabilidade do fabricante, antes de sua venda ao consumidor.

3. No caso de chassi ou monobloco não metálico, veículos de fibra por exemplo, a numeração deverá ser gravada em placa metálica incorporada ou a ser moldada no material do chassi ou monobloco, durante sua fabricação.

4. E por fim, o décimo dígito do VIN, previsto na NBR3 6066, será obrigatoriamente o da identificação do modelo do veículo.

Conforme o art. 3º da referida Resolução, será obrigatória a gravação do ano de fabricação do veículo no chassi ou monobloco ou em plaqueta destrutível quando de sua remoção, como assim estabelece o § 1° do art. 114 do Código de Trânsito Brasileiro.

Importante lembrar que o ano de fabricação não faz parte do VIN, mas o ano do modelo faz. O ano de fabricação será colocado no chassi ou monobloco do veículo, assim como a numeração VIN.

Obrigatoriedade de informar ao RENAVAM

Para fins de controle reservado e apoio das vistorias periciais procedidas pelos órgãos integrantes do Sistema Nacional de Trânsito e por órgãos policiais, por ocasião do pedido de código do RENAVAM, os fabricantes de veículos automotores, reboque e semi-reboque depositarão junto ao órgão máximo executivo de trânsito da União as identificações e localização das gravações segundo os modelos básicos, conforme a art. 5º da Resolução 24/1998. Todas as vezes que houver alteração dos modelos básicos dos veículos, os fabricantes encaminharão, com antecedência de 30 (trinta) dias, as localizações de identificação veicular.

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Regravações

As regravações do VIN e as eventuais substituições ou reposições de etiquetas e plaquetas, quando necessárias, dependerão de prévia autorização da autoridade de trânsito competente, mediante comprovação da propriedade do veículo (através do CRV ou do CRLV) e só serão processadas por empresas credenciadas pelo órgão executivo de trânsito dos Estados ou do Distrito Federal. São as Portarias do DENATRAN que tratam do credenciamento dessas empresas.

As etiquetas ou plaquetas deverão ser fornecidas pelo fabricante do veículo.

As exigências previstas acima não se aplicam às numerações VIS dos vidros.

Quanto aos requisitos a serem preenchidos no processo de regravação do VIN e VIS, podemos utilizar a tabela abaixo para melhorar a memorização:

REQUISITOS PARA REGRAVAÇÃO

Autorização prévia

Comprovar a propriedade

Somente em entidade

credenciadaOBS.:

VIN SIM SIM SIM

VIS (do motor e coluna da porta) SIM SIM SIM

As etiquetas deverão ser fornecidas pelo

fabricante.

VIS (dos vidros) NÃO NÃO NÃO

Identificação de veículos de fabricação artesanal

Este item tem como objetivo apresentar a metodologia para proceder ao registro e licenciamento de veículos de fabricação própria, através da obtenção do código VIN.

Antes de enfrentarmos o tema saiba que ele se encontra regulamentado na resolução 63/1998 e que segundo a mesma Resolução considera-se veículo de fabricação artesanal todo e qualquer veículo concebido e fabricado sob responsabilidade de pessoa física ou jurídica, atendendo a todos os preceitos de construção veicular, de modo que o nome do seu primeiro proprietário sempre coincida com o nome do fabricante.

Para efeito de padronização de identificação destes veículos foi fixado pela ABNT o WMI (IDENTIFICADOR INTERNACIONAL DO FABRICANTE), como sendo 9EZ, cujo primeiro dígito identifica o continente, o segundo caracteriza o país e o terceiro caracteriza “Fabricação própria”.

O quadro a seguir apresenta a composição do Código VIN, específico para os veículos de fabricação própria.

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IDENTIFICADOR INTERNACIONAL

FABRICANTETIPO VEÍCULO CAPACIDADE

DE CARGA ANO MODELO IDENTIFICAÇÃO NUMERAÇÃO /SEQUENCIAL

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17

9 E Z UNIDADE FEDERAÇÃO

TABELA RENAVAM TABELA TABELA

RENAVAM DETRAN/ CIRETRAN

• Os campos 1, 2 e 3 estão reservados para o sistema de identificação internacional WMI.

• Os campos 4 e 5 identificarão a unidade da Federação (UF), não sendo permitido a utilização das letras I, O e Q, substituindo-se quando necessário a letra O pelo 0 (zero) e I pelo 1.

• Os campos 6 e 7 caracterizam o tipo de veículo – sistema RENAVAM, conforme art. 96 do Código de Trânsito Brasileiro.

• Os campos 8 e 9 identificam a capacidade de carga/lotação conforme a tabela abaixo:

"PC" – até 350 quilogramas.

"MC" – de 351 a 750 quilogramas.

"GC" – Acima de 750 quilogramas.

Obs.: Quando se tratar de lotação considera-se o peso normal de um passageiro como sendo 70 quilogramas.

O campo de número 10 identifica o ano de modelo, conforme dispõe a Resolução 24/1998 do CONTRAN:

ANO CÓDIGO ANO CÓDIGO ANO CÓDIGO ANO CÓDIGO

1971 1 1981 B 1991 M 2001 1

1972 2 1982 C 1992 N 2002 2

1973 3 1983 D 1993 P 2003 3

1974 4 1984 E 1994 R 2004 4

1975 5 1985 F 1995 S 2005 5

1976 6 1986 G 1996 T 2006 6

1977 7 1987 H 1997 V 2007 7

1978 8 1988 J 1998 W 2008 8

1979 9 1989 K 1999 X 2009 9

1980 A 1990 L 2000 Z 2010 A

Uma vez criado o sistema no órgão executivo de trânsito dos Estados e do Distrito Federal, e estabelecida a numeração sequencial, o mesmo deverá ser repassado para o órgão máximo executivo de trânsito da União, para registro e controle.

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Placas

Devemos visualizar as placas do veículo como seu elemento de identificação externa, que o individualiza perante aos órgãos de trânsito em caso de autuações.

Em uma comparação bem singela poderia dizer-se o seguinte: da mesma forma que o CPF está para pessoa física, as placas estão para os veículos.

O emplacamento do veículo ocorre por ocasião do primeiro registro do veículo de maneira simultânea com seu lacre, a partir daí o veículo está individualizado e identificado no banco de dados do DETRAN, facilitando as possíveis autuações.

O veículo será identificado externamente por meio de placas dianteira e traseira, sendo estas lacradas em sua estrutura, obedecidas às especificações e modelos estabelecidos pelo CONTRAN.

Quanto ao lacre, devemos saber que os veículos, depois de identificados, deverão ter suas placas lacradas em sua estrutura. O material a ser usado é sintético virgem (polietileno, polipropileno ou policarbonato), ou metálico (chumbo).

Os lacres deverão possuir características de inviolabilidade e o órgão executivo de trânsito dos Estados e do Distrito Federal deverá ser identificado em sua face externa permitindo a passagem do arame por seu interior. Todas as especificações serão objeto de regulamentação pelo órgão máximo executivo de trânsito da União.

Os caracteres das placas (letras e dígitos) serão individualizados para cada veículo e o acompanharão até a baixa do registro, sendo vedado seu reaproveitamento.

Abaixo estudaremos detalhes sobre as placas de veículos automotores, tais como: tarjeta e caracteres, mudança de categoria, cores das placas, fabricação de placas, película refletiva em placas, obrigatoriedade da segunda placa e infrações correspondentes.

Por fim, cabe destacar que os veículos de uso bélico são os únicos veículos automotores isentos do uso de placas (art. 115, § 5º, do CTB), de registro (120, § 2º, do CTB) e de licenciamento (130, § 1º, do CTB).

Tarjetas e caracteres

As placas são emitidas pelos Detrans ou por fabricantes por ele credenciados, seguindo uma sequência única em todo o país. O sistema atual, denominado RENAVAM, implantado em 1990, é que faz a distribuição das séries de caracteres para os estados, como exemplo, podemos citar o Rio de Janeiro, em que a série numérica disponibilizada é KMF 0000 a LVE 9999.

Após o registro no órgão de trânsito, os veículo serão identificado por placas dianteira e traseira afixadas em primeiro plano e integrante do mesmo, contendo 7 (sete) caracteres alfanuméricos individualizados sendo o primeiro grupo composto por 3 (três), resultante do arranjo, com repetição de 26 (vinte e seis) letras, tomadas três a três e o segundo grupo composto por 4 (quatro), resultante do arranjo, com repetição de 10 (dez) algarismos, tomados quatro a quatro, sendo que os veículos de 2 (duas) e 3 (três) rodas apenas devem possuir placas traseiras com as mesmas características.

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Impende observar que as placas por ser o elemento de identificação do veículo devem observar padrões de legibilidade e visibilidade, com isso, o CONTRAN decidiu padronizar as fontes das placas, que passarão a ser do tipo “mandatory”, mais fácil de ser lida pelos equipamentos registradores de imagem e pelos agentes de trânsito.

Além desses caracteres, as placas dianteira e traseira deverão conter, gravados em tarjetas removíveis a elas afixadas, a sigla identificadora da Unidade da Federação e o nome do Município de registro do veículo. Exceção é feita às placas dos veículos oficiais, de representação, aos pertencentes a missões diplomáticas, às repartições consulares, aos organismos internacionais, aos funcionários estrangeiros administrativos de carreira e aos peritos estrangeiros de cooperação internacional. Vejamos abaixo algumas das exceções citadas:

Veículos oficiais

As placas de veículos oficiais deverão conter, gravados nas tarjetas ou em espaço correspondente na própria placa os seguintes caracteres:

a) Veículos oficiais da União: BRASIL.

b) Veículos oficiais das Unidades da Federação: nome da Unidade da Federação.

c) Veículos oficiais dos Municípios: sigla da Unidade da Federação e nome do Município.

Veículos pertencentes a missões diplomáticas

As placas pertencentes às missões diplomáticas, às repartições consulares, aos organismos internacionais, aos funcionários estrangeiros administrativos de carreira e aos peritos estrangeiros de cooperação internacional, deverão conter gravados nas tarjetas ou em espaço correspondente na própria placa os seguintes caracteres:

a) CMD para os veículos de uso dos Chefes de Missão Diplomática.

b) CD para os veículos pertencentes ao Corpo Diplomático.

c) CC para os veículos pertencentes ao Corpo Consular.

d) OI para os veículos pertencentes aos Organismos Internacionais.

e) ADM para os veículos pertencentes a funcionários estrangeiros administrativos de carreira de missões diplomáticas, repartições consulares e representações de organismos internacionais.

f) CI para os veículos pertencentes a peritos estrangeiros sem residência permanente que venham ao Brasil no âmbito de Acordo de Cooperação Internacional.

Mudança de categoria e cores das placas

No caso de mudança de categoria de veículos, as placas deverão ter a cor da nova categoria, permanecendo, entretanto, a mesma identificação alfanumérica.

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Lembre-se que a numeração da placa acompanha o veículo desde seu registro até a sua baixa, sendo vedado seu reaproveitamento.

Cabe ressaltar que em caso de mudança de categoria, sempre será necessária a expedição de um novo registro.

Quanto às possíveis cores de placas, temos:

Veículos oficiais de representação pessoal

São veículos destinados ao transporte de autoridades públicas, conforme veremos abaixo.

Antes de trabalharmos propriamente as cores de placa desses veículos, vamos aproveitar para mencionar algumas peculiaridades apresentas com veículos oficiais no CTB.

Como primeira peculiaridade podemos citar o art. 120, § 1º, que faz menção a necessidade de ressaltar o ente da federação proprietário do veículo oficial: “Os órgãos executivos de trânsito dos Estados e do Distrito Federal somente registrarão veículos oficiais de propriedade da administração direta, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, de qualquer um dos poderes, com indicação expressa, por pintura nas portas, do nome, sigla ou logotipo do órgão ou entidade em cujo nome o veículo será registrado, excetuando-se os veículos de representação e os previstos no art. 116.”

Como segunda situação peculiar podemos citar o fato destes veículos não possuírem tarjetas como os demais veículos.

E por fim, vamos detalhar abaixo as cores diferenciadas que eles possuem a depender da autoridade que estiver vinculado:

Verde e amarela

Do Presidente e do Vice-Presidente da República, dos Presidentes do Senado Federal e da Câmara dos Deputados, do Presidente e dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, dos Ministros de Estado, do Advogado-Geral da União e do Procurador-Geral da República.

Fundo preto e caracteres cinza metálico

Dos Presidentes dos Tribunais Federais, dos Governadores, Prefeitos, Secretários Estaduais e Municipais, dos Presidentes das Assembleias Legislativas, das Câmaras Municipais, dos Presidentes dos Tribunais Estaduais e do Distrito Federal e do respectivo chefe do Ministério Público.

No art. 2º da Resolução 32/1998, temos a seguinte previsão: “poderão ser utilizados os mesmos modelos de placas para os veículos oficiais dos Vice-Governadores e dos Vice-Prefeitos, assim como para os Ministros dos Tribunais Federais, Senadores e Deputados, mediante solicitação dos Presidentes de suas respectivas instituições.”

Cabe aqui ressaltar que os veículos de representação, assim como os demais, deverão estar registrados junto ao RENAVAM.

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Fundo preto e caracteres dourados

Dos Secretários de Estado do Governo Federal, conforme a Resolução 88/1999 do CONTRAN e dos Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica e oficias generais das forças armadas, conforme a Resolução 275/2008 do CONTRAN.

Veículos oficiais

Quanto aos demais veículos oficiais, as placas são, em regra, de fundo branco e caracteres pretos. Ainda quanto aos veículos oficiais, cabe ressaltar que como norma de exceção tem um veículo oficial que poderá utilizar placas particulares, somente quando estritamente usados em serviço reservado de caráter policial.

Por fim, vejamos abaixo, como o CONTRAN, regulamentou o uso de placas para veículos pertencentes a administração pública de uma maneira geral (direta e indireta):

a) Resolução 523/1977 – estabelece placas especiais para o cerimonial do Ministério das Relações Exteriores, na qual é previsto que deve ser substituído o nome da autoridade usuária pelo dístico “CERIMONIAL”.

b) Resolução 529/1978 – estabelece emplacamento de veículos pertencentes a autarquias instituídas por lei com atribuições para fiscalizar o exercício de profissão liberal e que não recebam subvenções ou transferência à conta da União. Serão classificadas na categoria particular. As placas têm fundo cinza e caracteres pretos.

c) Resolução 756/1991 – dispõe que os veículos de propriedade da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e respectivas entidades autárquicas e fundacionais públicas serão classificados na categoria oficial e, também, que os veículos pertencentes a empresas públicas e sociedade de economia mista serão classificados na categoria particular.

Ao combinar o disposto com o art. 120, § 1º, do CTB, passamos a ter algumas combinações interessantes:

1ª Teremos veículos oficiais pertencentes à administração direta com placas de fundo branco e caracteres pretos e logotipo nas portas.

2ª Os veículos pertencentes às autarquias e fundações públicas com placas de fundo branco e caracteres pretos e sem logotipo nas portas.

3ª Os veículos pertencentes as autarquias instituídas por lei com atribuições para fiscalizar o exercício de profissão liberal e que não recebam subvenções ou transferência à conta da União serão classificadas na categoria particular. As placas têm fundo cinza e caracteres pretos.

4ª Os veículos pertencentes a empresas públicas e sociedade de economia mista com fundo cinza e caracteres preto.

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Fabricação das placas

As placas serão confeccionadas por fabricantes credenciados pelos órgãos executivos de trânsito dos Estados ou do Distrito Federal, obedecidas as formalidades legais vigentes. Será obrigatória a gravação do registro do fabricante em superfície plana da placa e da tarjeta, de modo a não ser obstruída sua visão quando afixadas nos veículos.

O código de cadastramento do fabricante da placa e tarjeta será composto por um número de três algarismos seguido da sigla da Unidade da Federação e dos dois últimos algarismos do ano de fabricação, gravados em alto ou baixo relevo, em cor igual a do fundo da placa.

O fabricante de placas e tarjetas que deixar de observar as especificações constantes da Resolução 231/2007 do CONTRAN e dos demais dispositivos legais que regulamentam o sistema de placas de identificação de veículos terá seu credenciamento cancelado pelo órgão executivo de trânsito dos Estados ou do Distrito Federal.

Obrigatoriedade da película refletiva

Os veículos de duas ou três rodas do tipo motocicleta, motoneta, ciclomotor e triciclo ficam obrigados a utilizar placa traseira de identificação com película refletiva, da seguinte forma, conforme a Resolução 241/2007: “na categoria aluguel, para todos os veículos, a partir de 1º de janeiro de 2008 e para as demais categorias, os veículos registrados a partir de 1º de janeiro de 2008 e os transferidos de Município.”

Afinal, quais são os veículos que são obrigados a usar películas refletivas?

• Veículos de 2 ou 3 rodas da categoria aluguel.

• Veículos de 2 ou 3 rodas das demais categorias se registrados a partir de 1º de janeiro de 2008 e os transferidos de Município.

Os demais veículos, fabricados a partir de 1º de janeiro de 2012, deverão utilizar obrigatoriamente placas e tarjetas confeccionadas com películas refletivas, conforme Resolução 372/2011 do CONTRAN.

A película refletiva deverá ser homologada pelo DENATRAN e ter suas características atestadas por entidade reconhecida por este órgão.

Esta película deverá exibir em sua construção uma marca de segurança comprobatória desse laudo com a gravação das palavras APROVADO DENATRAN, com 3mm (três milímetros) de altura e 50 mm (cinquenta milímetros) de comprimento, ser legível em todos os ângulos, indelével, incorporada na construção da película, não podendo ser impressa. A marca de segurança deverá aparecer, no mínimo, duas vezes em cada placa.

Finalmente, após explanado a cerca da obrigatoriedade do uso de películas refletivas em placas, a pergunta mais comum entre os alunos é: qual a finalidade dessa obrigatoriedade? O objetivo do CONTRAN foi ressaltar o caráter ostensivo das placas de identificação, ou seja, deixá- las mais visíveis, sobretudo a noite; note que a exigência abrangeu de forma contundente aqueles veículos que fogem mais facilmente de uma fiscalização de trânsito.

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Obrigatoriedade da segunda placa

Será obrigatório o uso de segunda placa traseira de identificação nos veículos em que a aplicação do dispositivo de engate para reboques resultar no encobrimento, total ou parcial, da placa traseira localizada no centro geométrico do veículo, conforme Resolução 231/2007 que revogou a Resolução 783/1994 do CONTRAN. De outra forma, não será exigida a segunda placa traseira para os veículos em que a aplicação do dispositivo de engate de reboques não cause prejuízo para visibilidade da placa de identificação traseira.

A segunda placa de identificação será aposta em local visível, ao lado direito da traseira do veículo, podendo ser instalada no pára-choque ou na carroceria, admitida a utilização de suportes adaptadores e deverá ser lacrada na parte estrutural do veículo em que estiver instalada (pára- choque ou carroceria).

Cabe ressaltar que a resolução 349/2010, nos informa que será obrigatório o uso de segunda placa traseira de identificação nos veículos na hipótese do transporte eventual de carga ou de bicicleta resultar no encobrimento, total ou parcial, da placa traseira. A segunda placa de identificação será aposta em local visível, ao lado direito da traseira do veículo, podendo ser instalada no pára-choque ou na carroceria, admitida a utilização de suportes adaptadores. A segunda placa de identificação será lacrada na parte estrutural do veículo em que estiver instalada (pára-choque ou carroceria).

Lacres

A placa traseira será obrigatoriamente lacrada à estrutura do veículo, juntamente com a tarjeta, em local de visualização integral, independentemente do número de rodas do veículo, em material sintético virgem (polietileno) ou metálico (chumbo). Note que a exigência do lacre é somente para a placa traseira.

Os lacres deverão possuir características de inviolabilidade e ter identificado o órgão executivo de trânsito dos Estados e do Distrito Federal em sua face externa, permitindo a passagem do arame por seu interior. Quanto ao arame, será de material galvanizado e deverá ser trançado com as seguintes especificações: dimensões 3 X BWG 22 (têmpera mole).

Este numeração do lacre, que foi objeto de regulamentação pelo DENATRAN, será estudada abaixo.

Dimensões das placas

Este assunto torna-se extremamente importante, uma vez que é possível autuar o proprietário de um veículo que porta placas em desacordo com o estabelecido pelo CONTRAN, assim como o fabricante das placas.

Mas como autuar uma pessoa por estar em descordo sem conhecer qual é o padrão? Sendo assim, devemos considerar três tamanhos de placas.

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Motocicleta, motoneta, ciclomotor, triciclo e quadriciclo

A forma das placas traseiras e dianteira, assim como suas dimensões em milímetros, são essas:

a) dimensões da placa em milímetros: h = 170; c = 200

b) Altura do corpo dos caracteres da placa em milímetros: h = 53;

Veículos oficiais de representação

A forma das placas traseiras e dianteira, assim como suas dimensões em milímetros, são essas:

a) altura (h) = 160

b) comprimento (c) = 350

Demais veículos

A dimensão de placas dos demais veículos encontra-se atualmente regulamentada pela Resolução 309/2009 do CONTRAN da seguinte forma:

“Art. 2º (...) Veículos particulares, de aluguel, oficial, de experiência, de aprendizagem e de fabricante serão identificados na forma e dimensões em milímetros das placas traseiras, e dianteira, conforme abaixo:

a) altura (h) = 130

b) comprimento (c) = 400

c) Quando a placa não couber no receptáculo a ela destinado no veículo o DENATRAN poderá autorizar, desde que devidamente justificado pelo seu fabricante ou importador, redução de até 15% (quinze por cento) no seu comprimento, mantida a altura dos caracteres alfanuméricos e os espaços a eles destinados.”

Infrações correspondentes

Aquele que portar no veículo placas de identificação em desacordo com as especificações e modelos estabelecidos pela Resolução 231/2007 do CONTRAN responde por uma infração de natureza média com a penalidade de multa e medida administrativa de retenção do veículo para regularização e apreensão das placas irregulares, de acordo com o art. 221 do CTB.

Cabe ressaltar que incide na mesma penalidade aquele que confecciona, distribui ou coloca, em veículo próprio ou de terceiros, placas de identificação não autorizadas pela regulamentação, de acordo com o art. 221, parágrafo único, do CTB.

Por fim, aquele que conduzir veículo com o lacre da placa ou a placa do veículo violado ou falsificado sem qualquer uma das placas de identificação ou, ainda, com qualquer uma das placas de identificação sem condições de legibilidade e visibilidade responde por uma infração de natureza gravíssima com penalidades de multa e apreensão do veículo e medida administrativa de remoção do veículo, de acordo com o art. 230 do CTB.

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Identificação da capacidade do veículo

Existem veículos, que pelo risco que pode causar aos demais, o dano que pode causar à via e pela importância dada à sua carga, devem, além das identificações especificadas acima referentes à numeração VIN/VIS e placas, possuir uma plaqueta de identificação da sua capacidade.

Na visão de Nei Pires Mitidiero, em seu livro “Comentário ao Código de Trânsito Brasileiro”, página 698, 2ª edição: “a regra tem como destinatários, a um primeiro momento, os fabricantes, montadores, encarroçadores, importadores e os transformadores de veículos, que, diante das características e das capacidades de transporte de carga e passageiros efetivas, devem especificá-las, na forma e locais preestabelecidos pelo legislador e pelo CONTRAN, e, um segundo momento, os usuários dos veículos, isto é, o transportador, o embarcador, os proprietários deles, veículos, ou empresas de transporte, os proprietários das cargas ou nelas interessados, o condutor e os passageiros dos veículos, que devem ser expressamente avisados, mediante as referidas especificações, a respeito dessas possibilidades de transportes, para fins, preponderantemente, de garantia da segurança viária, em escala menor, mas de relevo, de funcionalidade (fluidez), comodidade e conforto viários.

Noutra perspectiva, a norma volta-se aos agentes e autoridades de trânsito, notoriamente, uma vez que, diante da inexistência das identificações em tela, eles estariam impossibilitados de averiguar, pelo menos imediata e ostensivamente, a projetada capacidade de cada veículo, cotejando-a com a realidade operacionalizada, restando em termos ideais, prejudicados na sua função de policiar o trânsito.”

O insuspeitável mestre não poupou detalhes, e é com esta visão que devemos entender o art. 117 do CTB e a Resolução 290/2008 do CONTRAN, que trata do tema.

No CTB, temos a seguinte previsão:

“Art 117. Os veículos de transporte de carga e os coletivos de passageiros deverão conter, em local facilmente visível, a inscrição indicativa de sua tara, do peso bruto total (PBT), do peso bruto total combinado (PBTC) ou capacidade máxima de tração (CMT) e de sua lotação, vedado o uso em desacordo com sua classificação.”

Por fim, para um completo entendimento do significado de cada um desses indicativos de capacidade, vamos consultar o anexo da Resolução 290/2008 do CONTRAN:

a) Tara – peso próprio do veículo, acrescido dos pesos da carroçaria e equipamento, do combustível – pelo menos 90% da capacidade do(s) tanque(s), das ferramentas e dos acessórios, da roda sobressalente, do extintor de incêndio e do fluido de arrefecimento, expresso em quilogramas.

b) Lotação – carga útil máxima, expressa em quilogramas, incluindo o condutor e os passageiros que o veículo pode transportar para os veículos de carga e tração ou número de pessoas para os veículos de transporte coletivo de passageiros.

c) Peso Bruto Total (PBT) – o peso máximo (autorizado) que o veículo pode transmitir ao pavimento, constituído da soma da tara mais a lotação.

d) Peso Bruto Total Combinado (PBTC) – Peso máximo que pode ser transmitido ao pavimento pela combinação de um veículo de tração ou de carga, mais seu(s) semi-reboque(s), reboque(s), respeitada a relação potência/peso, estabelecida pelo INMETRO

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– Instituto de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial, a Capacidade Máxima de Tração da unidade de tração, e o limite máximo estabelecido na Resolução CONTRAN 211/2006, e suas sucedâneas.

e) Capacidade Máxima de Tração (CMT) – máximo peso que a unidade de tração é capaz de tracionar, incluído o PBT da unidade de tração, limitado pelas suas condições de geração e multiplicação do momento de força, resistência dos elementos que compõem a transmissão.

Identificação da capacidade nas resoluções do CONTRAN

O tema encontra-se hoje regulamentado na Resolução 290/2008, na qual temos a menção a que veículos se aplicam a obrigatoriedade; as pessoas que são obrigadas a colocar a referida plaqueta; assim como a sua localização. Sendo assim, vamos estudar cada um desses subitens.

Veículos que necessitam da plaqueta indicativa da capacidade

O estudo deste sub-item torna-se necessário, uma vez que o CONTRAN acrescentou a obrigatoriedade aos veículos de tração, sendo exigido, portanto dos veículos de tração, de carga e os de transporte coletivo de passageiros.

As pessoas que são obrigadas a colocar a referida plaqueta

A responsabilidade pela inscrição e conteúdo dos pesos e capacidades, conforme estabelecido na Resolução 290/08 do CONTRAN, será:

a) Do fabricante ou importador, quando se tratar de veículo novo acabado ou inacabado. É evidente que no veículo automotor novo acabado deve vir todas as inscrições: tara, lotação, PBT, PBTC ou CMT; porém no veículo automotor novo inacabado, apenas o PBT, PBTC ou CMT, pois estas são as únicas informações que o fabricante possui.

Observe que as únicas informações que o fabricante tem é quanto o seu veículo pode pesar no máximo (resistência do material utilizado) e quanto o seu motor será capaz de tracionar (CMT).

b) Do fabricante da carroçaria ou de outros implementos, em caráter complementar ao informado pelo fabricante ou importador do veículo. É evidente que o veículo automotor novo que recebeu carroçaria ou implemento deve vir apenas a tara e lotação, em complemento às características informadas pelo fabricante ou importador do veículo.

c) Do responsável pelas modificações, quando se tratar de veículo novo ou já licenciado que tiver sua estrutura e/ou número de eixos alterados, ou outras modificações previstas pelas Resoluções 292/2008 e 293/2008, ou suas sucedâneas. Cabe observar que o veículo automotor novo que teve alterado o número de eixos ou sua(s) capacidade(s) deve vir apenas a tara, lotação e PBT, em complemento às características informadas pelo fabricante ou importador do veículo;

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d) Do proprietário do veículo. O quê? É isso mesmo! Devemos ressaltar neste caso que para os veículos em uso e os licenciados até a data da entrada em vigor da Resolução 290/2008, que é 29/agosto/2008, que não possuam a inscrição dos dados de tara e lotação, fica autorizada a inscrição dos mesmos, por pintura resistente ao tempo na cor amarela sobre fundo preto e altura mínima dos caracteres de 30 mm, em local visível na parte externa do veículo.

Ainda quanto a responsabilidade do proprietário, os veículos destinados ao transporte coletivo de passageiros, a indicação de capacidade poderá ser realizada nos mesmos locais destinados ao fabricante do veículo.

Localização da plaqueta ou etiqueta adesiva de capacidade

É de muita relevância o agente de trânsito achar de imediato a plaqueta ou etiqueta adesiva de capacidade, uma vez que sua falta constitui infração de trânsito, além da necessidade de consultá-la para fiscalizar se o veículo está com o peso e a capacidade máxima de tração dentro do estabelecido. Vejamos as localizações previstas na norma:

A indicação nos veículos automotores de tração e de carga será inscrita ou afixada em um dos seguintes locais, assegurada a facilidade de visualização:

a) Na coluna de qualquer porta, junto às dobradiças, ou no lado da fechadura.

b) Na borda de qualquer porta.

c) Na parte inferior do assento, voltada para porta. d) Na superfície interna de qualquer porta.

e) No painel de instrumentos.

Nos veículos destinados ao transporte coletivo de passageiros, a indicação deverá ser afixada na parte frontal interna acima do pára-brisa ou na parte superior da divisória da cabina de comando do lado do condutor. Na impossibilidade técnica ou ausência de local para fixação, poderão ser utilizados os mesmos locais previstos para os veículos de carga e tração.

Nos reboques e semi-reboques a indicação deverá ser afixada na parte externa da carroçaria na lateral dianteira.

Nos implementos montados sobre chassi de veículo de carga, a indicação deverá ser afixada na parte externa do mesmo, em sua lateral dianteira.

Infrações relativa a capacidade

Finalmente, devemos comentar a respeito das infrações relacionadas com essa plaqueta de identificação da capacidade dos veículos acima mencionados. Aquele que conduzir veículo de carga, com falta de inscrição da tara e demais inscrições previstas no CTB, responde por uma infração de natureza média, sujeita à penalidade de multa sem qualquer medida administrativa, conforme o art. 230, inciso XXI, do CTB.

Quanto aos veículos de transporte coletivo de passageiro e de tração, não existe, no CTB, uma tipificação específica. Desta forma, pode- se aplicar o art. 237 do CTB, que se refere às

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identificações em geral, que é uma infração de natureza grave, com penalidade de multa e medida administrativa de retenção do veículo para regularização.

Identificação através de faixas

O legislador definiu a obrigatoriedade do uso de faixas em alguns veículos, evidentemente para alertar aos demais usuários da via a respeito de uma situação peculiar. Esta peculiaridade ora se dá pelas pessoas que estão conduzindo (aprendiz) o veículo ora pelas que estão sendo transportadas (crianças em número expressivo). Vejamos a forma encontrada para identificar tais veículos:

Veículos de escolares

Os veículos especialmente destinados à condução coletiva de escolares somente poderão circular nas vias com autorização emitida pelo órgão ou entidade executivos de trânsito dos Estados e do Distrito Federal, exigindo-se para tanto, uma pintura de faixa horizontal na cor amarela, com quarenta centímetros de largura, a meia altura, em toda a extensão das partes laterais e traseira da carroçaria, com o dístico ESCOLAR em preto, sendo que, em caso de veículo de carroçaria pintada na cor amarela, as cores aqui indicadas devem ser invertidas, conforme o art. 136, inciso III.

Veículos de autoescola

Os veículos destinados à formação de condutores serão identificados por uma faixa amarela, de vinte centímetros de largura, pintada ao longo da carroçaria, à meia altura, com a inscrição AUTOESCOLA na cor preta. No veículo eventualmente utilizado para aprendizagem, quando autorizado para servir a esse fim, deverá ser afixada ao longo de sua carroçaria, a meia altura, faixa branca removível, de vinte centímetros de largura, com a inscrição AUTOESCOLA na cor preta, conforme o art. 154 e seu parágrafo único.

O artigo 8º, § 5º da resolução 358/2010 do CONTRAN trabalha o tema nos seguintes termos:

“Os veículos de aprendizagem das categorias B, C, D e E, devem estar identificados por uma faixa amarela de 20 (vinte) centímetros de largura, pintada na lateral ao longo da carroceria, a meia altura, com a inscrição “AUTO-ESCOLA” na cor preta, sendo que, nos veículos de cor amarela, a faixa deverá ser emoldurada por um filete de cor preta, de no mínimo 1 cm (um centímetro) de largura.”

Ainda com relação a Resolução 358/2010, podemos extrair outra informação útil em seu artigo 8º, § 4º:

“Os veículos de aprendizagem da categoria “A” devem estar identificados por uma placa de cor amarela com as dimensões de 30 (trinta) centímetros de largura e 15 (quinze) centímetros de altura, fixada na parte traseira, em local visível, contendo a inscrição “MOTO ESCOLA” em caracteres pretos.”

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Outras identificações

Reservamos um item para comentarmos acerca dos outros elementos de identificação de veículos, a fim de fecharmos o assunto sem deixar lacunas. Quero consignar, que não nos aprofundaremos nesses outros elementos de identificação de veículos, uma vez que não são objetos de questões em concursos públicos. Os elementos a serem estudados são a numeração do motor, do lacre, e o número de identificação dos equipamentos veiculares e por fim o Dispositivo Auxiliar de Identificação Veicular.

Numeração do motor

O que representa o motor no veículo, considerando o veículo como um todo? Qual a necessidade de termos numeração até no motor? Essas são as perguntas que nos fazemos quando nos deparamos com a obrigatoriedade imposta pelo CONTRAN, em suas resoluções, de termos o motor do veículo numerado. Para que possamos responder a primeira pergunta devemos ir ao CTB, mais precisamente em seus arts. 124, V e 125, para percebermos que existe a necessidade do fabricante informar o número dos agregados do veículo para obtenção do código RENAVAM, assim como dos proprietários para que possam tirar o novo registro.

Observe que o legislador não definiu o que seriam esses agregados do veículo, quem definiu foi o CONTRAN em sua Resolução de número 282/2008. Nesta Resolução o CONTRAN afirma que o motor é um dos agregados citados no CTB.

Diante do exposto ficou fácil responder a segunda pergunta, uma vez que é fácil notar que com a individualização dos agregados aumenta o controle sobre os desmanches de veículos.

Enquanto não existir norma técnica da ABNT regulamentando o tema, aplica-se a Resolução 282/2009 do CONTRAN. Esta Resolução nos informa que a gravação que estiver irregular, somente poderá ser executada em superfície virgem do bloco, composta por nove dígitos com a seguinte regra de formação:

a) primeiro e segundo dígitos: sigla da Unidade da Federação (UF) que autorizou a gravação;

b) terceiro ao nono dígitos: sequencial fornecido pelos órgãos executivos de trânsito dos Estados e do Distrito Federal, iniciando por 0000001.

A gravação do número fornecido, será executada exclusivamente por empresas autorizadas pelos órgãos executivos de trânsito dos Estados e do Distrito Federal.

Por fim, a gravação em bloco cuja numeração original tenha sido removida mecanicamente, somente será autorizada após perícia realizada pela autoridade policial, sendo todas informações registradas no RENAMO (Registro Nacional de Motores), que deverá ser criado e implantado pelo DENATRAN.

Número do lacre das placas traseira

Segundo a Portaria 272/2007, publicada em 24/12/2007, do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), os veículos emplacados a partir de 1° de julho de 2008 receberão os novos lacres,

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que deverão conter a inscrição DETRAN seguida da UF e um código de nove dígitos numéricos e um dígito verificador. O código será incluído no banco de dados do Registro Nacional de Veículos Automotores (Renavam).

A medida visa garantir mais segurança e reduzir a possibilidade de fraude. Por meio de um sistema de informação de registro e armazenamento dos lacres, será possível controlar, por exemplo, a distribuição, guarda dos estoques e instalação dos lacres. Segundo a Portaria, no processo de emplacamento o sistema deverá permitir, no mínimo, o rastreamento dos lacres, registros de reposição de lacre danificado, de estorno e de lacre inutilizado.

A atualização do lacre será a partir de 1º de julho de 2008, nas seguintes condições: veículos novos quando do primeiro registro e emplacamento; veículos registrados quando da transferência de propriedade ou mudança de Município e nos serviços em que seja necessária a realização de vistoria. Os demais casos serão estabelecidos pelos DETRANs, desde que não ultrapasse 31/12/2011.

NIEV – Número de identificação dos equipamentos veiculares

Conforme a portaria 27/2002 do DENATRAN, que estabelece os procedimentos para cadastramento dos instaladores/fabricantes de Equipamentos Veiculares (carroçaria) e emissão do Certificado de Adequação à Legislação de Trânsito – CAT, para efeito de complementação do pré-cadastro do Sistema Nacional de Trânsito, faz menção a numeração que deve ser colocada na carroçaria pelo instalador ou fabricante.

No art. 2° da referida portaria, temos a menção que o fabricante deve atender tanto aos requisitos do anexo II da referida Portaria, como de identificação veicular, sendo assim, conforme o anexo II, o fabricante/instalador da carroçaria deve informar os locais do NIEV, e numerá-lo conforme Norma ABNT/ 13.399 (17 dígitos).

Por fim, perceba que além do número de identificação do veículo (VIN), gravado no chassi ou monobloco, temos também a numeração NIEV, gravada na carroçaria, conforme explicitado acima.

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