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Ficha TécnicaPropriedade: Grupo BIALEditor: Goody, SA • Sede Social: Avenida Infante D. Henrique, nº306 Lote 6 R/C – 1600 Lisboa Tel.: 218 621 530 • Diretor Geral: António Nunes • Assessor da Direção-Geral: Fernando Vasconcelos • Coordenadora Editorial: Violante Assude • E-mail: [email protected] • Redação: Ana Margarida Marques • Fotografia: Mafalda Melo; Dreamstime • Revisão: Catarina Almeida, Inês Gonçalves, Marta Pinho, Rita Santos • Design gráfico: Foradoras. com

Índice04 CIÊNCIA E DIABETES

08 ENTREVISTA Com Isabel do Carmo

12 COMPORTAMENTO Dez passos para gerir a diabetes

14 REPORTAGEM APDP e o apoio à pessoa com diabetes

18 EXERCÍCIO FÍSICO Dez vantagens da marcha rápida

Ajudá-lo a manter-sesaudável

É pela sua vida e para a vida que deve cuidar a sua diabetes. Vigiar e controlar devi-damente a doença é imprescindível para que se mantenha saudável e para evitar as complicações.

Para o ajudar nesta missão, a Bial, através do seu médico, leva até si esta nova re-vista VIVA BEM – Informação útil para a Diabetes, que tem como missão oferecer-lhe informação que o ajude a conhecer e a controlar melhor a sua diabetes ou dos seus familiares.

Quadrimestralmente será lançada uma nova revista, sempre com novos e úteis con-teúdos.

Nas primeiras páginas da nossa primeira edição vai poder ficar a conhecer algumas das novidades dos avanços científicos relacionados com a diabetes. Conheça também a opinião da conceituada médica endocrinologista Isabel do Carmo, que alerta os por-tugueses para a importância da alimentação saudável no controlo da diabetes, numa entrevista exclusiva sobre o tema ”Porque Engordamos?”.

De seguida, no tema Dez Passos para Gerir a sua Diabetes encontrará conselhos úteis e muito práticos para que comece hoje mesmo a gerir melhor a sua doença.

Damos-lhe ainda a conhecer a APDP – Associação Protectora dos Diabéticos de Por-tugal na sua vertente de apoio à pessoa com diabetes.

A fechar, na secção de exercício físico, saiba quais as vantagens que tem para a sua saúde fazer uma marcha rápida.

Esperamos que os conteúdos que lhe oferecemos hoje sejam de suma utilidade para si e esperamos contar com a sua atenção na nossa próxima edição.

Ao seu lado, pela sua saúde.

Bial

As opiniões expressas nesta publicação não refletem necessariamente os pontos de vista da Bial, mas apenas os dos autores. A Bial não se responsabiliza pela atualidade da informação, por quaisquer erros, omissões ou imprecisões.

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Riscode cancrosaumentacom diabetes

Uma análise a 14 estudos internacionais apurou que os pacientes com diabetes têm um risco de 38 por cento mais de desenvol-ver cancro do cólon, comparativamente com outras pessoas que não tenham esta doença crónica. Investigadores consideram também que a diabetes está associada a mais 20 por cento de risco de cancro no reto, no caso dos homens. Os resultados foram divulgados no American Journal of Gastroenterology, diz a Reuters, dia 28 de setembro de 2011.

Novos genesassociadosà diabetes tipo 1Cientistas americanos analisaram seis bases de dados de ADN e encontraram três novas variantes de genes associadas à diabetes tipo 1. As conclusões são avançadas pelo PLoS Genetics e indicam que esta investigação fornece novas pistas, o que pode levar à descoberta de potenciais novos tratamentos, segundo os cientistas. A notícia é anunciada a 29 de setembro de 2011 no www.consumer.healthday.com.

Pressão arterial mais altaem jovens obesas

As adolescentes obesas com idades compreendidas entre 13 e 17 anos têm nove vezes mais probabilidades de terem níveis elevados de pressão arterial, enquanto no caso dos rapa-zes o risco está aumentado em apenas 3,5 vezes, refere um estudo americano apresentado por especialistas da Universidade da Califórnia numa conferência da American Physiological Society, avança a BBC, dia 14 de outubro de 2011. A quantidade de atividade física feita pelos rapazes e pelas raparigas pode explicar a disparidade do risco de as jovens terem mais proble-mas cardiovasculares, apontam os especialistas.

2587É o número de crianças e de jovens (0-19 anos) em Portugal com diabetes tipo 1 em 2009, segundo o Observatório Nacional da Diabetes.

Sabia que...Os adultos com diabetes podem be-

ber quantidades moderadas de álcool se comerem em simultâneo. Segun-do um estudo do Diabetes Care, para uma pessoa com diabetes, a inges-tão deve ser limitada a uma bebida para as mulheres e duas para os homens, num dia. Por be-bida entende-se uma cerveja de 350 ml, um copo de vi-nho de 150 ml ou um copo de 45 ml de uma bebida destilada.

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Comer rápidoaumenta riscode pré-diabetes

As pessoas que comem mais rápido têm o dobro do risco de desenvolver uma tole-rância diminuída à glucose, comparativa-mente com aquelas que comem num ritmo

moderado, diz um estudo levado a cabo por japoneses. O risco acrescido

da chamada pré-diabetes não foi observado em pessoas com outros padrões ali-mentares, tais como comer a horas tardias ou fazer pe-quenos lanches diz o www.

dailymail.co.uk, a 1 de outu-bro de 2011.

Os adultos pais de crianças tendem a ganhar mais peso do que aqueles que não têm filhos, revela um estudo publicado no Social Science and Medicine. Uma investigação de 15 anos feita com 3617 adultos demonstrou que a partir dos 55 anos de idade, a média do índice de massa corporal (IMC) dos que eram pais ultrapassou os 30, enquanto a dos restantes adultos manteve-se nos valores 25-29. O estudo foi dado a conhecer, dia 29 de setembro de 2011, no The Wall Street Journal.

Comer snacks mas commoderação

As embalagens de snacks com 100 calo-rias com produtos como bolachas, biscoitos e batatas fritas têm um valor nutricional baixo e contêm uma elevada quantidade de hidratos de carbono e gorduras, o que aumenta os níveis de insulina e leva a pro-blemas de nutrição, dizem os especialistas. Este tipo de snacks pode ser muito útil para controlar o excesso de apetite, mas pode também levar a risco de obesidade já que as pessoas geralmente tendem a comer mais do que uma embalagem, segundo uma no-tícia, dia 29 de setembro de 2011, no www.timesfreepress.com.

Parentalidadepode ser riscode obesidade

Sono relacionadocomobesidade

As crianças que vão para a cama e que acordam a horas tardias têm 1,5 vezes mais probabilidade de se tornarem obesas, se-gundo um estudo australiano sobre o sono. Os investigadores analisaram diferentes padrões de sono, de peso e de atividade em 2200 crianças, com idades compreendidas entre 9 e 16 anos. A equipa concluiu que os adolescentes que geralmente se deitam tarde têm o dobro da possibilidade de virem a ter uma vida sedentária, avança a 30 de setembro de 2011 o site www.consumer.healthday.com.

4É o número de amputações por dia em pessoas com diabetes em Portugal , segundo o Observatório Nacional da Diabetes.

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Pequeno ecrãreduz controlode HbA1COs jovens que permanecem quatro ou mais horas em frente à televisão ou ao computador têm um risco acrescido de apresentar níveis mais elevados de HbA1C (abreviatura de hemoglobina glicada), avança a Reuters. A razão é ainda desconhecida, mas investigadores afirmam que este aumento poderá estar associado ao facto de que aqueles que passam muito tempo defronte do ecrã tendem a comer mais do que aqueles que não têm este hábito. Os resultados foram divulgados online, a 16 de setembro de 2011, no Diabetes Care, baseando-se numa investigação feita com 296 crianças e jovens com diabetes tipo 1.

Asma relacionadacom obesidade

Um estudo publicado no Pediatrics obser-vou um conjunto de crianças com diabetes tipo 1, apurando que 15,5 por cento delas, as quais sofrem também de asma, têm menos controlo da glicose no sangue, comparativa-mente com 9 por cento daquelas que não têm a mesma doença pulmonar. Os inves-tigadores apontam ainda que há uma rela-ção encontrada entre as crianças asmáticas e as crianças com diabetes tipo 2, o que vem evidenciar a ideia já defendida por outros cientistas de que a asma está associada à obesidade, segundo a Reuters.

Riscosdo aumentode peso

Os adultos com obesidade que na infân-cia foram obesos ou tiveram excesso de peso têm um maior risco de ter diabetes tipo 2, hipertensão, níveis elevados de co-lesterol LDL e doenças cardíacas. Contudo, aqueles que em crianças tiveram excesso de peso ou eram obesos e que perderam peso na idade adulta não têm mais riscos de saúde do que os que sempre tiveram um peso normal, informa a Reuters, no dia 16 de Novembro, com base no The New En-gland Journal of Medicine.

Sabia que...Em muitos casos a média de calo-

rias consumidas numa refeição de-pende se a companhia da pessoa é feminina ou masculina. A conclusão é de um estudo que aponta que os homens tendem a optar por refeições mais calóricas quando estão acompa-nhados de mulheres, enquanto estas optam por refeições com menos calo-rias quando a companhia é masculi-na. Os autores do estudo são da In-diana University of Pennsylvania e da University of Akron, cujos resultados foram publicados no www.abcnews.go.com a 5 de outubro de 2011.

50,4É a percentagem de pessoas com diabetes que sofrem de hipertensão arterial em Portugal, segundo o Observatório Nacional da Diabetes.

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Dieta vegetarianafaz bem em todas as idades

A dieta vegetariana beneficia a saúde em todas as faixas etárias, incluindo na infân-cia. Uma das grandes vantagens é que se encontra associada a uma redução do índi-ce de massa corporal (IMC), diz um estudo do The American Journal of Clinical Nutri-tion. A obesidade é menos frequente em pessoas vegetarianas, sendo que a média do IMC vai aumentando progressivamente à medida que as pessoas comem mais carne. Os que excluem da sua alimentação os pro-dutos de origem animal na íntegra (vegans) são os que têm o IMC mais reduzido, de se-guida apresentam-se os vegetarianos que comem ovos diariamente. Quem consome carne tem um IMC mais elevado, alertam os autores do estudo noticiado a 8 de outubro de 2011 no www.naturalnews.com.

Perda de memórianas pessoas com diabetes

Já se sabia que as pessoas com diabetes tipo 2 têm um maior risco de desenvolver doenças relacionadas com a demência e a perda de memória. Agora, um grupo de in-vestigadores concluiu que os tratamentos intensivos para baixar os níveis de açúcar no sangue em pessoas idosas com diabetes tipo 2 preservam um maior volume do cére-bro comparativamente com aqueles que têm os cuidados ditos normais, mas não represen-tam quaisquer melhorias para a perda de memória. O estudo foi publicado no The Lancet Neurology, avança a Reuters, a 27 de setembro de 2011.

Sabia que...A diabetes não impede as pessoas

de terem uma vida normal, desde que assumam um papel de autovigilân-cia e controlo da sua doença crónica. Três recentes estudos publicados no Archives of Internal Medicine vêm evidenciar este facto, indicando que a educação da diabetes ajuda os pa-cientes a gerirem mais facilmente a sua doença crónica, em particular controlando valores como a glicose no sangue e a HbAC1, refere o HealthDay News a 10 de outubro.

22,7É a percentagem de pessoas com diabetes que são obesas em Portugal, segundo o Observatório Nacional da Diabetes.

Níveis de gorduraestudados no úteroUma equipa de investigadores britânicos apurou que os bebés de mães obesas acumulam gordura no abdómen desde a sua vida no útero. Médicos estudaram 82 bebés dentro do ventre materno através de imagens de ressonância magnética e foi descoberta uma ligação precoce entre o índice de massa corporal (IMC) das mães e a quantidade de gordura nos bebés. Os resultados demonstram como o excesso de peso e a obesidade durante a gravidez podem aumentar a predisposição dos bebés para a obesidade mesmo antes de nascerem.

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Porqueengordamos?Texto Ana Margarida Marques Fotografias Mafalda Melo

A diabetes pode ter origem em mecanis-mos que ocorrem no organismo associados a comportamentos alimentares ao longo da vida, como nos explica a responsável pelo Serviço de Endocrinologia, Diabetes e Me-tabolismo, do Hospital de Santa Maria, em Lisboa.

Qual o mecanismo na origem da diabetes no contexto da alimentação?É importante dizer que 80 por cento dos

diabéticos tipo 2 tem peso excessivo. Nas pessoas com diabetes tipo 2 que têm peso a mais o mecanismo é sempre um caminho que vem de longe em que há resistência das células à insulina, o que leva ao esgotamen-to do pâncreas ao fim de uns anos.

Como é que este processo ocorre no organismo? O açúcar no sangue surge dos alimentos

com açúcar que nós já conhecemos, mas também de todos os alimentos que “aca-bam” em glicose, como as batatas, arroz, massa, feijão, grão ou fruta [açúcares de absorção lenta]. A insulina que é produzida no pâncreas tem a finalidade de metaboli-zar a glicose, ou seja, de abrir as portas das células à entrada da glicose. As nossas cé-lulas precisam de glicose (açúcar) para fun-cionar e muito particularmente as células

dos músculos, porque os músculos gastam energia. Quando estamos a fazer exercícios voluntários transformamos uma compo-nente química em energia e, portanto, o organismo humano necessita da insulina produzida pelo pâncreas e do açúcar pro-veniente dos alimentos. Ora bem, os dois encontram-se à entrada das células de ma-neira a que a insulina abra a porta da célula para a entrada de açúcar e esse açúcar vai ser transformado em energia.

O que acontece quando o organismo reage de forma diferente? Algumas pessoas – e isto é uma longa his-

tória da humanidade – têm alguma resistên-cia à entrada da insulina dentro da célula e como tal, a insulina não consegue abrir bem a porta ao açúcar. Como a insulina não entra na célula ou entra em pouca quantidade na célula, a insulina fica em excesso no sangue e o açúcar fica a mais no sangue. Quando este processo ocorre durante muitos anos, o pân-creas, sem que seja necessariamente um “mau” pâncreas, entra em falência. Quando o pâncreas se esgota já não tem mais insu-lina para fornecer ou tem pouca capacidade de fornecer insulina e a pessoa tem diabe-tes, porque o açúcar já existe em excessiva quantidade no sangue. A este fenómeno chama-se, então, resistência à insulina.

Conheça a opinião da conceituada especialista Isabel do Carmo, que alerta os portugueses para a importância da alimentação saudável no controlo da diabetes.

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Perfil

Isabel do Carmo é médica, endocrinologista e uma das especialistas portuguesas mais conceituadas em obesidade e comportamento alimentar. É diretora do Serviço de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo do Hospital de Santa Maria em Lisboa. Doutorada pela Faculdade de Medicina de Lisboa, é autora de diversos livros, tais como ”Saber Emagrecer ” e ”Porque não Consigo Parar de Comer ”.

Metade da população portuguesa tem peso a mais.”‘‘

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Qual a relação entre a resistência à insulina e a obesidade? A resistência à insulina é um fenómeno

que existe em grande parte nas pesso-as com peso a mais em pré-obesidade ou em obesidade. Estas pessoas têm uma predisposição para que o seu pâncreas se esgote e por isso é que a maioria dos dia-béticos tipo 2 tem peso excessivo. Quando queremos prevenir a diabetes ou tratar a diabetes vamos ter que alterar o peso, em particular as calorias ingeridas e aumentar as calorias despendidas.

Qual a importância da alimentação no controlo da diabetes?O aumento do peso e a resistência à in-

sulina são características do início da diabe-tes tipo 2 e ambas estão ligadas ao excesso alimentar ou excesso calórico. O peso é uma questão que está quase sempre relaciona-

da com a diabetes tipo 2 e portanto o con-trolo da alimentação tem de ser feito numa perspetiva terapêutica.

A grande questão é: porque engordamos?Nós engordamos sempre pelo mesmo

motivo: ingerimos mais calorias do que aquelas que gastamos. A diferença acu-mula-se sob a forma de gordura. É esta a aritmética explicada de uma forma muito simples. Muitas vezes o problema é que as pessoas mantêm o peso que ganham, pois num determinado momento da sua vida comeram mais do que aquilo que gas-taram.

Porque é que há pessoas com mais tendência para o excesso calórico?É realmente uma explicação com múlti-

plos fatores. Entram em cadeia determi-nados efeitos bioquímicos, como acontece

quando uma pessoa já vem com determi-nação genética, porque há de facto um ter-reno genético mais propício para ganhar peso, por exemplo, uma criança que durante o tempo em que esteve no útero viveu um ambiente para engordar como a diabetes da mãe (diabetes gestacional); um bebé que nasceu com peso a mais; quando há uma alimentação excessiva em calorias durante a primeira infância. Tudo isto desencadeia mecanismos bioquímicos que acabam por condicionar uma pessoa a que venha a ter um excesso calórico – a comer mais do que aquilo que gasta. Depois há outros meca-nismos em que há o excesso calórico em relação ao que se despende.

Por exemplo?Na adolescência, na idade do ensino bá-

sico ou na mulher durante a sua gravidez quando não consegue recuperar o peso anterior. Portanto, há momentos de trans-formação metabólica na vida das pessoas,

«Os conselhos alimentaressão diferentes conformeos graus de obesidade.»

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nalguns casos em que elas não têm res-ponsabilidade nenhuma e noutros em que já têm alguma responsabilidade.

As pessoas com diabetes têm sempre excesso de peso ou obesidade?Há pessoas com diabetes tipo 2 que têm

apenas uma pré-obesidade, que se situ-am num índice da massa corporal de 25-30, a que vulgarmente se chama excesso de peso, mas que é mais correto falar em pré-obesidade. Outras estão já numa obe-sidade franca ou que têm mesmo uma obe-sidade grave ou mórbida, e portanto os con-selhos são diferentes conforme os graus de pré-obesidade, de obesidade franca ou de obesidade grave.

Quais os principais conselhos que podem ser dados?Para além dos principais conselhos ali-

mentares (comer de forma fracionada, evi-tar açúcares de absorção rápida), aconselho a pessoa com pré-obesidade a fazer sobre-tudo exercício porque, na tal arimética do que ingere e do que gasta, deve aumentar aquilo que gasta. O exercício em si é tão be-néfico sob o ponto de vista psíquico, em re-lação à respiração, aos músculos, que pode ser o maior conselho. Por outro lado, os músculos quando estão a funcionar permi-tem gastar mais calorias, mas têm também a vantagem de consumir açúcar. A diferen-ça é notória no controlo da diabetes, com resultados nas glicemias mesmo que seja um exercício moderado como andar meia hora por dia.

E perante casos mais graves de obesidade?Se estamos perante uma obesidade

franca, temos de fazer uma redução de peso com uma dieta hipocalórica. Claro que não se vai fazer uma restrição muito grande, por exemplo um homem que ha-bitualmente consumirá as suas 2500 qui-localorias por dia, fará uma redução até às 1500 quilocalorias bem distribuídas duran-te o dia.

O que pode ser dito às famílias sobre a diabetes e a obesidade?A verdade é que nós temos metade da

população portuguesa com peso a mais. Tem que se encontrar soluções com a fa-mília, porque muitas vezes a obesidade e a propensão para a diabetes é algo familiar. É aquilo a que agora se chama epigenética, que é o estudo dos fatores para além da genética que vão facilitar a expressão dos genes.

Qual a mensagem que gostaria de partilhar?Atualmente o aumento da esperança de

vida é muito grande. Uma pessoa a quem a diabetes é diagnosticada aos 60 anos pode viver mais 30 com qualidade e autonomia. Sabemos que a diabetes pode reflectir-se nos olhos, nos rins, no coração e na circu-lação das pernas, mas que depende muitís-simo da forma como se consegue equilibrar o açúcar no sangue. Portanto, está na mão das pessoas uma boa evolução da sua dia-betes! |

Ideias-Chave

• Na diabetes o controlo da alimentação tem um fim terapêutico.

• Engordamos ao ingerir mais calorias do que aquelas que gastamos.

• A resistência à insulina existe na maioria das pessoas com excesso de peso.

• Efeitos bioquímicos na pessoa podem condicionar um maior excesso calórico.

«Está nas mãosdas pessoasuma boa evoluçãoda sua diabetes.»

!

«Ingerimos mais calorias doque aquelas que gastamos.»

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1. Aprenda a mudar comportamentos.Informe-se sobre o que tem de mudar

para gerir a diabetes. Não significa que esteja preparado para uma mudança real dos seus comportamentos. Dê um passo de cada vez.

2. Prepare-se para a mudança.É importante aprender os ensinamentos

sobre a educação terapêutica, a medicação, mas aja também no sentido de realizar uma reformulação de si próprio como pes-soa. Encare este como mais um desafio da sua vida, sem ser necessariamente dema-siado exigente consigo próprio.

3. Tente mudar algo que seja concreto e realista.Pequenas mudanças são quase sempre

alcançáveis. Quando tiver definido o que

quer mudar, pense se alguma vez já o fez, embora raramente. Se sim, porque terá sido? Acha que poderá repetir, com a mes-ma ou com outra justificação? Uma boa ra-zão para mudar é quase sempre uma boa razão para continuar a mudar.

4. Aprenda a lidar com a negação.A negação é uma forma que o ser huma-

no encontra para não se sentir angustiado, permitindo-lhe encarar a aprendizagem das competências com menos sofrimento. Senti-la faz parte do processo, mas sem esquecer a solução dos problemas. Nego-ceie consigo próprio o que vai ter de adaptar na sua vida por causa da doença. Não deixe de ser otimista.

5. Não viva numa permanente zanga.Com as exigências de uma doença cróni-

ca, é normal haver altos e baixos. Mas tam-bém é fundamental que esta revolta seja aceite pela própria pessoa, podendo dar lugar à sua aceitação. Acredite que superar tantas dificuldades faz com que mais tarde ou mais cedo descubra em si uma força que nunca tinha pensado ter.

6. Aja em conformidade com os seus objetivos.Ter informação e motivação para lidar

com a doença são pontos importantes, mas será que age de acordo com os seus obje-tivos? Só quando o fizer de forma contínua é que as ações se tornam hábitos. É sem dúvida mais difícil. Perca (ou ganhe) algum tempo avaliando o que fez diariamente. Jo-gue consigo próprio.

7. Lembre-se dos pontos positivos.Se assim for, não será o único a pensar

10conselhospara gerira diabetesTexto Ana Margarida Marques

Nem todas as pessoas lidam com a sua doença da mesma maneira. Siga as dicas do médico psiquiatra Carlos Góis e torne-se um especialista a lidar com as suas próprias dificuldades:

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dessa maneira. Num inquérito a 121 pa-cientes com diabetes do tipo 1 e diabetes do tipo 2, 16 por cento respondeu que a sua vida beneficiou de alguma maneira com a doença (”Psychological adjustment to dia-betes mellitus: highlighting self-integration and self-regulation”; Carlos Góis, 2010).

8. Partilhe com os outros aquilo que sente.Só com os outros é que podemos avaliar

o que nós próprios pensamos, quais os efei-tos que produzimos nos outros com as nos-sas ações e como nos sentimos com isso. Aqueles que têm uma experiência de vida idêntica à sua irão mais facilmente partilhar os seus medos, alegrias e vivências.

9. Seja capaz de se zangar com os outros.Cuidar dos outros, vestir a camisola, ser

disponível, também se aplica a si. Ser um

bocadinho egoísta é saudável e ajuda a tratar da diabetes. A diabetes é uma do-ença crónica e nem sempre é fácil obter os resultados esperados. Origina receios pouco compreensíveis nos outros, pois há ainda um desconhecimento da sociedade em geral sobre a doença. Para sua defesa, solicite aos outros aquilo que precisa deles, e esclareça-os. Aja assertivamente, prote-gendo-se.

10. Assuma o controlo da sua vida, seja responsável por si próprio.A pessoa tem de compreender como vai

aprender a viver com a diabetes, assumindo as rédeas da sua vida. O poder de autocon-trolo da doença permite uma gestão mais fácil e melhores resultados. |

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Ao serviçoda diabetesTexto Ana Margarida Marques

Com 85 anos de história, a Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal é reconhecida como a mais antiga associação de todo o mundo ao serviço da pessoa com diabetes. Saiba quais os serviços que tem a oferecer ao doente crónico.

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A Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal (APDP) tem por missão prestar cuidados de saúde diferenciados, possibili-tando o acesso das pessoas com diabetes a estruturas que sejam capazes de dar res-posta às suas necessidades.

Decana da Federação Internacional da Diabetes, a APDP é reconhecida em todo o mundo como um modelo exemplar no serviço que presta à pessoa com diabetes, tendo sido fundada em 1926 por Ernesto Roma, com o intuito de oferecer insulina aos doentes carenciados.

Educar o doenteHoje, a APDP assume-se como uma ins-

tituição de saúde moderna, tendo o com-promisso de educar o doente no sentido de o tornar autónomo e conhecedor da sua diabetes, doença que atinge já quase um milhão de portugueses. A defesa dos di-

reitos das pessoas com diabetes e a sua integração na sociedade é um dos grandes lemas desta estrutura associativa.

Promover a investigaçãoA área científica e de investigação é outra

prioridade, o que motiva a APDP a participar em estudos nacionais sobre a prevalên-cia da doença e o respetivo impacto junto das populações. Um objetivo é o incentivo à investigação clínica sobre esta doença crónica, que potencia a descoberta de novas formas de tratamento.

Consulta de diabetesA Consulta de Diabetes é assegurada por

uma equipa de médicos endocrinologistas, diabetologistas, pediatra, enfermeiras, nu-tricionistas, dietistas e psicólogo. Esta con-sulta constitui o primeiro contacto de todas

A Clínica da APDP em Lisboa promove serviços de saúde diferenciados ao doente.

Fotografia: Pedro Vilela

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as pessoas com diabetes referenciadas que, após avaliadas, são assistidas, em conjunto com os outros departamentos, de acordo com as indicações médicas.

Assim, o utente tem acesso a várias es-pecialidades médicas: Diabetes, Endocri-nologia, Cardiologia, Oftalmologia, Urologia, Nefrologia, Pé Diabético, Pediatria, Psiquia-tria, Patologia Clínica, Pré-concepção e Pla-neamento Familiar.

Apoio às estruturas do SNSA APDP tem seguido, ao longo dos anos,

uma política de complementaridade e de integração com as estruturas do Serviço Nacional de Saúde (SNS).

Numa lógica de colaboração permanente, a instituição recebe os pacientes dos clíni-cos gerais, com a finalidade de promover um apoio especializado na área da diabetologia.

As pessoas com diabetes são referencia-das e reenviadas ao clínico geral depois de terem cumprido o objetivo que as motivou a dirigir-se à Clínica da APDP – aprendizagem de um programa alimentar, ensino do auto controlo, ensino da autoinjeção, estabiliza-ção metabólica e outros.

Em Lisboa, a Escola da Diabetes promove cursos para profissionais de saúde e pessoas com diabetes.

Fotografias: Mafalda Melo

«A APDP assume-se como uma instituição de saúde moderna,com o compromisso de educar o doente.»

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«A APDP dispõe de vários serviços de apoio aos seus utentes e associados.»

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«É também possível encaminhar e acompanhar pessoas que carecem de soluções diferenciadas.»

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Linhas de ação da APDP

• Educar o doente para o tornar autónomo.

• Promover a investigação sobre a diabetes e alcançar novas formas de tratamento.

• Prestar cuidados de saúde integrados em diversas especialidades médicas.

• Assumir uma política de apoio às estruturas do Serviço Nacional de Saúde.

• Promover a integração da pessoa com diabetes.

• Promover formação sobre a diabetes dirigida a profissionais e aos doentes crónicos.

Graças a um contacto próximo com di-versas unidades hospitalares, é também possível encaminhar e acompanhar pesso-as que carecem de soluções diferenciadas, como hemodiálise, cirurgia geral, entre ou-tras.

Serviços para utentes e associados A APDP dispõe de vários serviços de

apoio aos seus utentes e associados, como o caso da Linha Diabetes, disponível aos fins de semana e aos feriados.

Na Escola Ernesto Roma, em Lisboa, promove-se formação dirigida às pessoas com diabetes e seus familiares sobre diver-sas temáticas: diabetes tipo 1, diabetes tipo 2, insulinoterapia, prevenção e controlo da diabetes, entre outras.

São organizados campos de férias para jovens com diabetes entre os 13 e os 18 anos, proporcionando a partilha e a apren-dizagem numa abordagem educativa e lú-dica. Também na perspetiva de integração do doente, promovem-se iniciativas des-portivas para a pessoa com diabetes, orien-tadas por professores de educação física.

Os profissionais de saúde internos e ex-ternos à APDP têm à sua disponibilidade formações técnicas diversas.

A diabetes em debateOs congressos e seminários da APDP

têm a finalidade de promover o debate e a partilha de informação sobre a doença. In-formar a opinião pública, prevenir a diabe-tes e as complicações desta doença crónica tem sido o grande foco da APDP, que tem divulgado um trabalho de excelência em muitas frentes ao serviço do doente. |

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