laura bueno fundo de vale

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  • 1O TRATAMENTO ESPECIAL DE FUNDOS DE VALE EM PROJETOS DE

    URBANIZAO DE ASSENTAMENTOS PRECRIOS COMO ESTRATGIA

    DE RECUPERAO DAS GUAS URBANAS

    Laura Machado de Mello Bueno1

    Palavras chave:

    crregos urbanos, reas de preservao permanente; assentamentos de interesse social,

    recuperao ambiental; qualidade de vida; meio ambiente urbano

    Resumo

    Esse trabalho tem como objetivo apresentar uma discusso sobre o tratamento a ser

    dado aos fundos de vale das reas urbanizadas em cidades brasileiras que, como a

    maioria das cidades dos pases de industrializao tardia, apresentam uma urbanizao

    incompleta.

    Ele baseado no relatrio REAS DE PRESERVAO PERMANENTE E

    MORADIA SOCIAL EM REA URBANA CONSOLIDADA elaborado por

    solicitao Ministrio das Cidades em 2004.

    Apresenta-se como subsdio ao tratamento a ser dado na regularizao fundiria de

    assentamentos precrios com reas de preservao permanente (APPs) em rea

    urbana consolidada onde a vegetao original foi h muito suprimida, atravs da

    sistematizao dos principais problemas, apresentao de estudos e propostas de

    encaminhamento e regulao. So apresentados princpios para a regularizao que

    articulem justia social e qualidade ambiental, ou seja, a regularizao entendida como

    ao de recuperao urbana e ambiental.

    Abstract

    This paper aims to present new proposals for management of the river courses within

    urban fabric of Brazilian cities, that, as most of the developing countries cities, have an

    incomplete net of urban facilities and development.

    Is is based on the 2004 report undertaken by the author to the Ministry of Cities of

    Brazilian Government

    1 Arquiteta urbanista, doutora, professora da FAU PUC Campinas.

  • 2It can be a subsidy for the improvement of public policies for the legalization of squatter

    or illegal social settlements that have occurency of streams and wetlands turned on

    concrete channels, filled and urbanized areas, insteadof preserved buffer zones. The

    upgrading of these settlements ispresented as a way for social justice and urban and

    environmental recovery.

    Caracterizao do problema

    Nossas cidades so resultado da estrutura social, caracterizada por diferentes condies

    de vida e de acesso a servios e equipamentos urbanos.

    Historicamente nosso ambiente construdo apresenta uma urbanizao incompleta

    bairros sem pavimentao com eroso, causando assoreamentos dos cursos dgua e

    dificuldades de acesso aos sistemas de transporte e outros servios, lanamento de

    esgotos nos cursos dgua pelos prprios sistemas oficiais de afastamento de esgotos

    domsticos, coleta de lixo parcial e com disposio final inadequada, escassez de

    moradia digna e economicamente acessvel, com a formao de assentamentos precrios

    e irregulares.

    Destacam-se na discusso a problemtica da crise habitacional brasileira, a ausncia de

    saneamento ambiental, e o papel estratgico que as reas ao longo de cursos dgua tem

    na recuperao ambiental do meio urbano, sobretudo das metrpoles e grandes cidades

    brasileiras.

    H necessidade de agilizar o saneamento dos cursos dgua urbanos, atravs de

    diretrizes especficas para reas ocupadas por habitao de interesse social, luz dos

    princpios do Estatuto das Cidades. Atravs da avaliao de diferentes projetos e obras

    de adequao e urbanizao de assentamentos precrios sero apresentadas propostas de

    tratamento das reas de preservao permanente (Cdigo Florestal) dentro da mancha

    urbana consolidada, nas quais a vegetao natural j foi removida.

    Esses assentamentos precrios de interesse social, envolvendo hoje pelo menos 10

    milhes de domiclios em todo o Brasil, acabam por apresentar diversos conflitos com a

    legislao:

    posse do terreno (casos de invaso, grilagem ou venda sem registro no Cartriode Imveis);

    parcelamento e edificao em terrenos de uso ou edificao proibidos rearural, rea de uso comum do povo, beira de crrego, alta declividade;

    parcelamento e ocupao do solo diferentes da legislao vigente - dimensodos lotes, situaes de risco, vias, ndices e, por fim,

  • 3 em relao prpria edificao: uso misto em zona estritamente residencial,materiais, dimenso, ventilao, iluminao e riscos.

    O Brasil apresentou nas ltimas dcadas um grande crescimento populacional, mais do

    que duplicando a populao total em 40 anos. fundamental observar o crescimento da

    urbanizao da populao, que se intensificou neste perodo. A partir dos anos 40, para

    dar conta do crescimento populacional e urbano, surgiram loteamentos populares, onde

    se vendia somente a terra nua e a promessa de um servio de transporte pblico. Os

    loteadores deixaram como reas pblicas (para uso institucional, de lazer ou como rea

    verde) as faixas beira de crregos, as vrzeas e encostas ngremes, que antes serviram

    de bota-fora para as obras de abertura das ruas. Nos bairros populares estabeleceram-se

    favelas em trechos destas reas pblicas, deixadas sem fiscalizao. A partir dos anos

    80 iniciam-se projetos (em sua maioria de iniciativa municipal, com apoio de

    organizaes no governamentais - ONGs e organizaes comunitrias - OCs) para

    urbanizao e regularizao. No final dos anos 90 surgem loteamentos empreendidos

    por organizaes de movimentos de sem-teto articulados com proprietrios e empresas

    de terraplenagem, constituindo bairros precrios. Nossa populao urbana cresceu de

    45% da total em 1960 para 81% em 2000.Foram construdas, mal ou bem, moradias

    para assentar mais de 58 milhes de pessoas, por exemplo, 1970 e 1990 Nossa

    populao urbana cresceu de 45% da total em 1960 para 81% em 2000 (FIBGE).

    Em paralelo a essa caracterstica da dinmica demogrfica, pode-se observar uma das

    principais caractersticas de nossa urbanizao, que foi o crescimento da populao

    pobre vivendo em precrias condies de moradia e acesso aos servios pblicos

    urbanos. Em 1980 o brasi ltinha 2, 3 milhes de habitantes em aglomerados sub-

    normais2. Em 2000 esse nmero chegou a 8 milhes, sendo mais da metade na regio

    sudeste.

    A populao urbana brasileira cresceu 58% entre 1980 e 2000, enquanto a populao

    em favelas e loteamentos precrios e irregulares cresceu mais no mesmo perodo

    279%.

    Nas reas urbanas consolidadas os assentamentos precrios, especialmente junto aos

    cursos dgua, tm como conseqncias para os moradores destas comunidades, e

    tambm para toda a sociedade moradora nas cidades:

    2 A FIBGE adota como favela apenas os aglomerados sub-normais com mais de 50 domiclios, o queresulta em subestimao da quantidade de favelas, havendo municpios que tem favelas, mas que no soconsiderados pelo censo federal.

  • 4 Os moradores destas reas ficam expostos ao contato direto com esgotos eoutros vetores de doenas;

    H maior ocorrncia de inundaes, colocando a populao do entorno emcontato com gua contaminada;

    H lanamento de esgotos na rede de drenagem; H disposio de lixo das encostas e crregos, inclusive com contaminantes

    qumicos de produtos como pilhas, restos de produtos de limpeza e higiene;

    Em muitos casos, a disposio do lixo criou reas de risco por deslizamento,alm de contaminao;

    H dificuldades e mesmo impossibilidade de limpeza e manuteno peridicade crrego e outros dispositivos de drenagem, sem remoo de moradores;

    H dificuldade e mesmo impossibilidade de instalao de coletores e coletores-tronco de esgotos para complementar o sistema e conduzir os esgotos urbanos

    at a ETEs, sem remoo de moradores.

    Adiciona-se complexidade da situao socioeconmica e fundiria, um aspecto

    geotcnico que agrava as condies de risco de vida e perdas materiais, quando h solos

    muito suscetveis eroso, com depsitos de lixo e aterros simplesmente lanados.

    Todo ano, aps as chuvas de vero, suas margens, e de seus afluentes e nascentes,

    erodem e solapam. Nestes locais, mesmo se as pessoas que moram em faixa non

    aedificandi ou nas faixas da rea de preservao permanente forem removidas,

    continuaro sendo necessrias obras de estabilizao das margens do crrego, drenagem

    e pavimentao.

    Estudos desenvolvidos pela Fundao Joo Pinheiro3 compuseram uma nova base

    conceitual para a questo habitacional brasileira, com impactos na elaborao de

    polticas pblicas de saneamento ambiental, urbanizao, de meio ambiente, alem da

    habitacional. Com base nos dados do Censo do IBGE, so apresentados dois conceitos

    relacionados s condies de habitao: a inadequao fundiria urbana, tambm

    chamada de dficit qualitativo, e o dficit habitacional. Nas cidades brasileiras, alm

    da necessidade de construo de novas casas (dficit), por diferentes razes, associa-se

    um dficit de cidade, com ausncia de servios e equipamentos urbanos, que tornam

    precria boa parte das moradias existentes, mesmo que essas no se caracterizem por

    serem construes frgeis ou inadequadas.

    3 A Fundao Joo Pinheiro desenvolveu os estudos para 1995 e revisou-os e atualizou-os em 2000.

  • 5A situao de inadequao fundiria encontrada em 2000, para domiclios urbanos

    durveis no Brasil caracteriza-se por haver 10 milhes 5 milhes sem esgoto - de

    domiclios urbanos durveis com ausncia de um dos cinco servios essenciais energia

    eltrica, abastecimento de gua, rede de esgoto ou fossa sptica, coleta de lixo.

    Contabilizando a necessidade de construo de novas unidades a Fundao quantificou

    o dficit habitacional de 2000 em 6,6 milhes de unidades, sendo 81% em cidades.

    Destaca-se que 83% das famlias includas no dficit habitacional tem renda inferior a

    trs salrios mnimos.

    Os dois desafios principais desse quadro so o planejamento de aes integradas

    (institucionais e operacionais) nos espaos pblicos (ruas e logradouros), em funo das

    diferentes bases conceituais dos rgos pblicos e entidades cientficas, e a necessidade

    de poltica e recursos pblicos para as aes de adequao urbana e recuperao

    ambiental, especialmente no interior dos lotes e da moradia (com programas

    especficos), j que 83 % das famlias includas no dficit tem renda inferior a 3 salrios

    mnimos.

    O uso dos fundos de vale no meio urbano

    comum encontrarmos em centros urbanos brasileiros rios e crregos que foram

    canalizados, com avenidas laterais e pouca arborizao em reas centrais e bairros

    consolidados. Os cursos dgua so incorporados paisagem como elementos isolados

    do contato humano e sem vida aqutica. O cidado comum muitas vezes confunde um

    crrego elemento natural que deveria ter gua limpa com esgoto, que ele preferia

    que fosse enterrado.

    At os anos 60 grande parte das prefeituras brasileiras tinha setores para tratamento das

    praas, arborizao, parques urbanos para esportes e lazer, hortos e viveiros pblicos,

    conforme a tradio do urbanismo. Os parques urbanos, localizados em terrenos

    desvalorizados ou ambientalmente sensveis, como beiras de crregos, so reas de

    lazer de uso publico com quiosques, churrasqueiras, play grounds, arborizao de

    sombreamento e caminhos de pedestres. A expanso das cidades foi feita, entretanto,

    sem o necessrio fundo pblico e com baixa capacidade operacional dos servios

    urbanos. Assim os sistemas de reas verdes decaram. Nos loteamentos industriais as

    vrzeas planas foram sendo aterradas e os rios e crregos canalizados com estreita faixa

    livre.

  • 6O fortalecimento institucional aos municpios, com a Constituio de 1988, e a

    participao popular, com a democratizao brasileira e ampliao dos movimentos por

    habitao, qualidade de vida e os ambientalistas, passam agora a reverter essa situao.

    O tratamento legal dados aos fundos de vale nas reas urbanas

    Historicamente, o tratamento legal dados aos fundos de vale nas reas urbanas pode ser

    resumido no quadro abaixo:

    TABELA 1 Mudanas na legislao incidente sobre fundos de vale

    Antes de 1965 Interesse localDe 1965 (Cdigo Florestal) at1978

    Faixa de 5 metros Para cursos dgua com at 10metros de largura:

    1979 (Lei Lehmann) Faixa de 15 metros de cada lado non aedificandi1986 (Cdigo Florestal) Faixa de 30 metros de cada lado para cursos

    dgua com largura de 10 metros ou menos2001 (Estatuto da Cidade) Interesse local, ouvido rgo ambiental.

    Esses dois processos a intensificao da pobreza, da precariedade e da irregularidade

    na forma de morar nas cidades, e o aprimoramento da legislao urbanstica e

    ambiental resultaram em uma situao generalizada de impasses operacionais e legais,

    associados a um grande sofrimento das populaes envolvidas seja pelas condies

    precrias de vida, seja pela insegurana em relao moradia. Milhes de lotes foram

    produzidos e comercializados antes da aprovao do Cdigo Florestal 1965, da Lei

    Lehmann-1979 e da modificao do Cdigo Florestal em 1986.

    Em 1965 o Cdigo Florestal definia a largura das APPs em 5 metros para cursos dgua

    com menos de 10 metros. Para os rios com mais de 10 at 200 metros, era definida a

    largura de metade da largura do rio. Modificao do Cdigo em 1978 definiu que ele

    passava a vigorar em reas metropolitanas definidas por lei, indicando que

    originalmente o legislador no previa aplicar o instrumento de preservao APP dentro

    das cidades, fossem grandes ou pequenas. Como se percebe, o Cdigo Florestal, quando

    concebido, era mais afeto rea florestal e no tinha contedo preservacionista.

    Em 1986 a largura das faixas de proteo permanente dos cursos dgua foi modificada

    por outra lei, mantida at hoje: rios com menos de 10 metros de largura faixa foi de 5

    para 30 metros; de metade da largura para os rios entre 10 e 200 metros, foi para 50

    metros de faixa para rios entre 10 e 50 metros de largura, de 100 metros de faixa para

    rios que tenham de 50 a 100 metros de largura e de 150 metros de faixa para rios que

    tenham de 100 a 200 metros; e para os rios com largura superior a 200 metros, faixa

    igual sua largura.

  • 7A nova redao do Cdigo Florestal (ltimas modificaes na MP 2166-67/2001)4

    tambm prev a possibilidade de supresso destas faixas para aes de interesse pblico

    ou social, atravs de prvia autorizao. Destaca-se o artigo. 4o. A supresso de

    vegetao em rea de preservao permanente somente poder ser autorizada em caso

    de utilidade pblica ou de interesse social, devidamente caracterizados e motivados em

    procedimento administrativo prprio, quando inexistir alternativa tcnica ou locacional

    ao empreendimento proposto, e seu Pargrafo 2o: A supresso de vegetao em rea

    de preservao permanente situada em rea urbana depender de autorizao do rgo

    ambiental competente, desde que o municpio possua conselho de meio ambiente com

    carter deliberativo e plano diretor, mediante anuncia prvia do rgo ambiental

    estadual competente fundamentada em parecer tcnico.

    A Resoluo CONAMA 303/2002 procurou regulamentar rea urbana entendida como

    consolidada, definindo que ela deve atender aos seguintes critrios: (inciso XIII do art.

    2o) a) definio legal pelo poder pblico; b) existncia de, no mnimo, quatro dos

    seguintes equipamentos de infra-estrutura urbana: 1. Malha viria com canalizao de

    guas pluviais; 2. Rede de abastecimento de gua; 3. Rede de esgoto; 4. Distribuio de

    energia eltrica e iluminao pblica; 5. Recolhimento de resduos slidos urbanos;

    tratamentos de resduos slidos urbanos; e c) densidade demogrfica superior a cinco

    mil habitantes por km2..

    Os estudos sobre carncia de infra-estrutura nos domiclios urbanos brasileiros,

    realizados pela Fundao Joo Pinheiro, mostram que na cidade existente h situaes

    em que h ausncia de diversos servios:

    TABELA 2 BRASIL DOMICLIOS URBANOS DURVEIS CONFORME ACARNCIA DE INFRA-ESTRUTURA BSICA 2000Carncia Domiclios urbanos com famlias

    com renda at 3 salriosmnimos

    Domiclios urbanos

    Apenas energiaeltrica

    8354 10708

    Apenas abastecimentode gua

    450243 1061151

    Apenas esgotamento 2967157 5481242

    4 Recentemente o movimento ambientalista de linha preservacionista sensibilizou o Ministrio PblicoFederal a suspender o efeito da MP, paralisando durante dois meses o andamento de licenciamentosatravs de liminar, que foi suspensa, por sua vez, pela Justia em agosto de 2005. O MP tambmpostergou a regulamentao do Cdigo, solicitando audincias pblicas antes do CONAMA finalizar avotao de nova Resoluo, que possibilitar regularizar algumas situaes de uso de apps como parquesurbanos, habitao social, agricultura familiar e mineraes para materiais de construo.

  • 8sanitrioApenas coleta de lixo 207877 361961Dois critrios 1603587 2334593Trs critrios 718027 908415Quatro critrios 90297 103006

    Fonte: Fundao Joo Pinheiro

    A definio de rea urbana consolidada da Resoluo 303/2002, ao excluir os

    assentamentos urbanos consolidados, mas precrios, com problemas de inadequao por

    falta de infra-estrutura, entra em conflito com a Lei federal 10257/2001 Estatuto da

    Cidade. Justamente, entendemos que a necessidade de complementar a infra-estrutura

    urbana destes assentamentos deve ser considerada de interesse pblico e social,

    devendo o rgo ambiental analisar a possibilidade de manter suprimida a vegetao

    nestes locais.

    Discusso

    A regularizao urbana-ambiental precisa ser entendida com uma ao com dois

    objetivos integrados, de promover a recuperao da qualidade ambiental e, ao mesmo

    tempo, das condies de vida. O conceito de justia social torna cristalina a

    diferenciao da violao da lei por opo da violao por necessidade, quando ento se

    configura a situao de interesse social. Alfonsin (2003), a partir de Boaventura Sousa

    Santos, afirma que justia social na viso contempornea engloba duas dimenses de

    direito que podem ser vinculadas s condies de vida urbana e de qualidade da moradia

    igualdade e diferena. O direito igualdade impe que todo cidado tem direito

    cidade, moradia digna e ambientalmente saudvel. O direito diferena impe o

    respeito produo cultural e social do habitat, com a flexibilizao dos padres e

    regime urbanstico.

    Assim, na escala intra-urbana da cidade consolidada, a complementao da urbanizao

    dos assentamentos precrios, sua integrao ao sistema urbano e sua regularizao

    devem ser entendidas como um instrumento de recuperao ambiental, atravs do qual

    se promove a justia social. H ento uma vinculao entre o interesse social

    (caractersticas socioeconmicas e culturais das populaes beneficiadas) e o interesse

    pblico (garantir um ambiente saudvel para toda a sociedade).

    Segundo parecer jurdico5 necessrio que o CONAMA torne especifica a definio de

    interesse pblico e social prevista no Cdigo Florestal, por ter natureza especfica

    (manuteno e recuperao dos servios ambientais). O Estatuto da Cidade (Lei Federal

  • 910.257) assegura o direito da regularizao fundiria nas cidades em terrenos pblicos

    ou privados, para, conforme o inciso 1 do Artigo 2o: garantia do direito s cidades

    sustentveis, entendido como direito terra urbana, moradia, ao saneamento

    ambiental, infra-estrutura urbana, ao transporte e aos servios pblicos, ao trabalho e

    ao lazer, para as presentes e futuras geraes.

    Destaque-se que a MP 2220/2001, que regulamenta a concesso especial para fins de

    moradia em terrenos de propriedade pblica, no artigo 5., afirma que o poder pblico

    pode assegurar o direito moradia garantido pelo Estatuto, em outro local,( ou seja,

    removendo) os moradores em reas: de uso comum do povo (praas e ruas); destinadas

    a projeto de urbanizao; de interesse da defesas nacional, da preservao ambiental e

    da proteo de ecossistemas naturais; terrenos reservados para represas; ou situados em

    vias de comunicao. Assim, na maior parte dos casos, trata-se de assunto de

    caracterstica local, (remover ou consolidar um assentamento existente no tecido

    urbano) e no assunto tratado atravs de lei federal.

    A experincia mostra que nem tudo o que irregular precrio e precisa ser removido,

    demolido6. Segurana, salubridade e conforto (que as exigncias legais tem por objetivo

    garantir) geralmente so alcanveis nos assentamentos irregulares atravs da execuo

    de obras de infra-estrutura urbana, especialmente drenagem, redes de gua, redes de

    esgoto e viabilizao da coleta de lixo. Os impactos ambientais e sanitrios negativos

    decorrentes de grande nmero destes assentamentos precrios so resultado, sobretudo,

    da ausncia de infra-estrutura urbana. Verificam-se muitas situaes, especialmente em

    relao s moradias e estrutura do parcelamento, que so adequadas, apesar de

    diferentes das normativas (largura das vias, formato das quadras e lotes, uso

    multifamiliar ou misto), e tem sido aproveitadas e mantidas nos projetos de urbanizao.

    Observa-se hoje uma reviso e atualizao dos paradigmas do urbanismo e da

    engenharia urbana, em funo da situao ambiental mundial.

    A qualidade do ambiente na rea urbana est vinculada recuperao da qualidade da

    gua, do ar e do solo:

    5 Parecer jurdico solicitado pelo IBAMA ao dr. Andr Lima (2003)6 Decorre do afirmado acima que os casos de irregularidade urbanstica, fundiria e dano ambientalrelacionados a assentamentos que no foram promovidos pela necessidade, mas pela presuno deimpunidade, devem ser tratados de forma diversa quanto aplicao de penalidades e quanto inversode recursos financeiros do poder pblico em aes de recuperao urbana ambiental. Essa questo,entretanto, no objeto deste trabalho.

  • 10

    controle e diminuio de lanamentos de poluentes e resduos (esgotos, lixo,poluio difusa na rede de drenagem, emisses do sistema de transporte);

    controle das inundaes atravs do aumento da permeabilidade e da reteno degua de chuvas intensas; e

    aumento das reas verdes para diminuir o fenmeno das ilhas de calor. Desenvolvem-se pesquisas visando quebrar o monoplio do uso de combustveis

    fsseis, voltando-se para solues que diminuam o lanamento de poluentes e o

    aquecimento global. Nas cidades brasileiras vive-se um impasse em relao opo

    (macroeconmica) pelo automvel e a decorrente degradao ambiental

    (congestionamentos e poluio do ar) e a falta de recursos financeiros para a melhoria

    da oferta de servios pblicos acessveis e de qualidade. Notadamente, em relao

    produo de resduos, est consagrada (no meio cientfico) a necessidade de

    modificao dos processos industriais e do comportamento social, em direo

    reduo, reutilizao e reciclagem. Prope-se o uso racional da gua, com equipamentos

    que utilizam menor quantidade da gua e incentivos adoo da reutilizao da gua,

    notadamente na atividade industrial. Verifica-se tambm a presso da sociedade para a

    construo de estaes de tratamento de esgotos - ETEs - em nossas cidades, visando

    recuperar a qualidade da gua da rede hdrica urbana, hoje usada para conduzir e afastar

    esgotos.

    Na rea de drenagem urbana, so propostos dispositivos para promover a conteno das

    guas pluviais na cidade existente, em estruturas construdas e adoo padres com

    maior permeabilidade nos lotes e pontos estratgicos do sistema de drenagem, como

    forma apropriada de controlar os picos de cheia causados por chuvas intensas. Essa

    postura comea a se contrapor viso convencional de transferir o pico de cheia para

    jusante, com o aumento da vazo dos canais de drenagem, sobretudo atravs da

    retificao e canalizao dos cursos dgua. O urbanismo contemporneo volta-se

    valorizao da presena da gua no meio urbano, ao invs de aceitar (ou at induzir) as

    solues de engenharia urbana de enterramento de crregos e nascentes. Nos projetos

    contemporneos propem-se que os fundos de vale sejam delimitados considerando a

    geomorfologia, a histria da ocupao humana e dinmica hdrica alterada da bacia.

    Essas reas devero ser integradas a um sistema de reas verdes urbanas,

    ambientalmente importantes nos interstcios urbanos, configurados por jardins, quintais,

    reas livres e de lazer, e tambm na configurao de um cinturo verde entre reas

  • 11

    urbanas, composto por reas rurais e de lazer, de maior permeabilidade e por unidades

    de conservao.

    Nas reas urbanas consolidadas h muitos assentamentos populares que apresentam

    trechos justamente dentro destas faixas junto aos crregos. As obras para resolver as

    perdas de vida e materiais com enchentes (estabilizao de margens, canalizao e

    aterramento de margens) tm sido includas nas aes de urbanizao, tambm

    concretizando conflitos entre a ao de recuperao e o texto legal.

    Para a complementao da urbanizao de nossas cidades para garantia de qualidade de

    vida e segurana sanitria, estas reas prximas aos crregos e rios precisam receber

    estruturas de estabilizao geotcnica e de drenagem, para controle de enchentes, de

    eroso, de poluio difusa e inibio de acidentes; equipamentos para afastamento

    (estaes elevatrias de esgoto - EEEs) e tratamento dos esgotos (ETEs); remoo

    peridica de resduos slidos; pontes para veculos e pedestres.

    Entende-se que uma poltica de regularizao fundiria social e territorialmente

    abrangente trar impactos positivos para um ambiente saudvel nas cidades. Essas aes

    muitas vezes so interpretadas pelos ambientalistas como obras de impacto negativo,

    devido s restries legais do Cdigo Florestal.

    Os projetos de Regularizao Fundiria constituem a situao de interesse pblico e

    interesse social relativas s APPs, conforme LIMA, 2003. Os interesses pblico e social

    de viabilizar o saneamento ambiental para a coletividade e sade e segurana para a

    comunidade local soma-se possibilidade de manter trechos destas faixas ocupadas

    com habitao social, minimizando os custos financeiros e, sobretudo, sociais da

    recuperao dos recursos hdricos.

    O reassentamento e a relocao ocorrem quando necessrio demolir barracos e casas

    para desobstruir o canal, reparar as margens, executar redes de saneamento e acessos,

    mas h espao para reconstruir a casas na mesma comunidade. Em muitos casos o

    assentamento deve ser parcialmente removido para viabilizar a regularizao fundiria

    das famlias restantes. Isso tem ocorrido por causa das altas densidades habitacionais

    (coabitao, congestionamento familiar etc) e tambm em reas de risco (de

    deslizamento, eroso, desbarrancamento).

    J so muitas as obras de urbanizao e adequao de assentamentos precrios com

    trechos prximos a crregos, que refletem o potencial positivo destas intervenes para

    a recuperao ambiental urbana, alm da melhoria das condies de vida das

    comunidades.

  • 12

    As reas verdes so estratgicas para recuperar e conservar a qualidade do ambiente

    urbano. Isso se d principalmente pelas funes associadas da vegetao. As reas

    verdes urbanas apresentam diversas funes:

    estticas: de melhorar seu desempenho no equilbrio ambiental e na valorizaona paisagem urbana, de utilizar combinaes de formas e cores da vegetao

    para proporcionar emoes sensoriais (luz, cor e olfato);

    sociais: uso para circulao pedestre, lazer, descanso, teraputico, esportivo epara manifestaes artsticas;

    ambientais e ecolgicas: controle bioclimtico, aumento do teor de oxignio eumidade, controle da poluio do ar e sonora, habitat da fauna.

    Os fundos de vale urbanos, quando se consegue impedir o lanamento de esgotos

    domsticos e mant-los livres, tornam-se valorizados para o uso humano. Essas

    demandas eminentemente relacionadas ao ambiente urbano tm causado conflitos com

    interpretaes de que nas cidades deve-se promover a reintroduo de mata ciliar

    semelhante ao habitat natural anterior ocupao humana.

    A Associao Nacional de Municpios e Meio Ambiente - ANAMMA vem promovendo

    discusses entre os municpios filiados sobre a necessidade e convenincia de rever a

    forma de aplicao do Cdigo Florestal na cidade existente nos fundos de vale. Discute-

    se como alcanar uma melhoria ambiental nas cidades dando usos adequados aos fundos

    de vale, sem, no entanto, negar seu papel em relao qualidade de vida dos cidados.

    Conforme declarao da ento presidente da Regional Sudeste da entidade7

    (ANAMMA, 2002:2) Nas discusses das CTs e GTs (do CONAMA) a

    predominncia era resguardar a vegetao e as faixas verdes, desta forma, como ficam

    as reas urbanas ? Duas questes tm que ser postas: 1) a biodiversidade em rea urbana

    existe ? 2) A proteo de APPs em reas urbanas versus ocupao humana, alm de

    outras preocupaes como a proteo de margens contra enchentes, a proteo da

    qualidade da gua e a de mananciais e preveno de ilhas de calor e etc..., e que essas

    so as funes das APPs.

    SERVILHA, 20038 estudou a situao das APPs em rea urbana na regio de Campinas,

    sob o enfoque da ordem pblica, conceito constitudo por trs elementos: salubridade,

    segurana e tranqilidade pblica. SERVILHA, 2003 concluiu que As reas urbanas

    7 Ata do 4o. Encontro Regional Sudeste da ANAMMA, em So Carlos, em31/7/2002Sra. Stela Goldstein poca Secretaria de Meio ambiente do Municpio de So Paulo.

  • 13

    reflorestadas nas condies de natureza selvagem, como hoje praticada, inclusive

    com imposio legal, representam para a populao um ambiente inseguro e insalubre,

    longe de lhe trazer tranqilidade. Esses reflorestamentos so geralmente

    cercados.....para que no sejam destrudos por aqueles a quem se prope a beneficiar.

    Esse o paradoxo. (pg. 123)

    Servilha reitera a necessidade de Resoluo especfica do CONAMA para os fundos de

    vale em rea urbana. Essa concepo de Parque Ciliar demanda difcil aprovao junto

    ao DEPRN (Departamento Estadual de Proteo dos Recursos Naturais), por contrariar

    as suas normas hoje em vigor. Entretanto, possvel a sua concretizao atravs do

    TAC- Termo de Ajuste de Conduta- a ser firmado entre o MP, DEPRN e Prefeitura

    Municipal, visto o ambiente de intranqilidade, insalubridade e de insegurana em que

    se encontram as APPs urbanas e o seu estado de degradao. (pg. 124)

    No meio urbano possvel conciliar os objetivos da preservao ambiental com graus

    de atividade humana de baixo impacto, sobretudo parques urbanos. As faixas ao longo

    da rede hdrica urbana devem ser destinadas a parques de acesso pblico, criando se

    um sistema de parques lineares composto por diferentes usos e funes scioambientais

    - reas de lazer e descanso, prtica de esportes e verdes, tais como jardins botnicos e

    bosques de acesso pblico com fiscalizao e manuteno.

    A proteo dos mananciais e o uso urbano

    A existncia de gua em condies sanitrias adequadas utilizao para abastecimento

    humano est relacionada manuteno das condies do ciclo hidrolgico e

    impedimento de qualquer contaminao: a precipitao deve alcanar a cobertura

    vegetal, chegando superfcie sem provocar eroso, penetrar no solo e, atravs de lenta

    percolao, chegar aos lenis freticos e profundos que vo alimentar os cursos dgua

    e suas nascentes. Para isso necessrio manter permeabilidade do solo sem deix-lo

    exposto, evitar concentrao de escoamentos, evitar eroso e impedir lanamentos de

    poluentes. Essas condies so atingidas de forma mais eficaz (alta eficincia e baixo

    custo) atravs da manuteno da vegetao natural e manuteno de reas agrcolas,

    desde que com controle da poluio difusa por agrotxicos e dejetos produzidos por

    animais.

    Portanto pode-se afirmar que o uso urbano (assim como o agro-industrial) no

    desejvel em reas de mananciais. A proteo mais eficaz a constituio de reas de

    8 O capito Elson Roney Servilha trabalhou 14 anos no policiamento florestal e de mananciais no Estadode So Paulo antes de elaborar a dissertao de mestrado citada.

  • 14

    preservao sem acesso ao uso humano nas bacias hidrogrficas de interesse para

    abastecimento pblico de gua.

    Mas h muitas cidades e vilas centenrias dentro de reas de mananciais hoje em risco

    sanitrio e exausto. A situao se agrava devido ao crescimento de assentamentos

    precrios, decorrentes do baixo preo da terra e da omisso dos rgos de fiscalizao

    de uso e ocupao do solo e recursos ambientais, que fecharam os olhos s invases e

    loteamentos irregulares. Criou-se em to um enorme passivo scioambiental somente

    recentemente reconhecido.

    Quando encontramos um assentamento precrio em rea de manancial o desequilbrio

    do ciclo hidrolgico e a contaminao da gua j ocorreram. Por isso, ao se analisar a

    possibilidade de regularizao de assentamentos humanos de interesse social em reas

    de mananciais necessrio observar quais seriam os padres aceitveis (no desejveis)

    para a continuidade do uso daquela fonte de gua e manuteno do assentamento. Trata-

    se de analisar os custos e a viabilidade social e econmica de uma remoo, incluindo-

    se o necessrio tempo para sua execuo, e comparar as obras de recuperao, de menor

    custo e que podem ser executadas em prazo menor. A comparao entre as duas

    solues deve ter como indicadores o tempo e a intensidade de recuperao da

    qualidade e quantidade de gua. Isso somente ser verificado com o estudo da sub-bacia

    hidrogrfica onde o assentamento est inserido e da viabilidade de melhoria da

    qualidade e aumento da quantidade da gua, atravs das obras de recuperao ambiental

    e adequao urbana em toda a unidade hidrogrfica. Essa obra tem o carter de

    recuperao de danos ambientais e minimizao dos impactos decorrentes da

    urbanizao precria. A recuperao da qualidade e quantidade ser resultado do

    aumento da permeabilidade do local e, sobretudo, da construo de estruturas de

    reteno e infiltrao da chuva, aes para controle da eroso e do impedimento de

    lanamentos de poluentes (por fonte pontual ou difusa) no sistema de drenagem. Trata-

    se no s de controlar o escoamento superficial e diminuir a velocidade e a quantidade

    de gua, mas, sobretudo, controlar a qualidade.

    A poluio difusa o maior problema, pelas dificuldades de controle dos contaminantes

    - poeira de desgaste de pneus, lixo lanado na via pblica, como bituca de cigarro, uso

    de agrotxicos em paisagismo, lanamento de dejetos qumicos na drenagem. Isso

    significa que dever haver um cuidado muito maior no aspecto do comportamento da

    populao moradora da rea da sub-bacia e na eficcia dos servios de manuteno

    urbana.

  • 15

    As aes de compensao ambiental, contguas ou no ao assentamento, mas na mesma

    bacia so eficazes modos de implementar a regularizao. Conforme STAURENGH,

    2003: 8 Salientamos mais uma vez que a regularizao deve ter como meta a

    sustentabilidade da cidade. Assim, as reas pblicas destinadas ao lazer e proteo de

    vegetao devem ser repostas. Se a reorganizao do assentamento no permitir a

    implantao dessas reas no local, elas devero ser repostas em rea prxima. Um bom

    programa de regularizao fundiria municipal poderia prever um levantamento global

    dos passivos urbansticos e ambientais e sua compensao atravs de programas

    especficos de arborizao urbana, criao de grandes parques e unidades de

    conservao, por exemplo.

    A ao de regularizao/recuperao dever ser monitorada e fiscalizada visando

    continuamente auferir os resultados do processo de recuperao. Assim fundamental

    relacionar obras de urbanizao compensao ambiental e recuperao das condies

    de produo e de qualidade do manancial.

    Consideraes finais

    Como contribuio, so apresentadas a seguir algumas propostas para o

    equacionamento de to complexo problema urbano (a regularizao da habitao de

    interesse social e a recuperao ambiental) que em nosso entendimento tero maior

    eficcia se aplicadas de maneira ampla, constituindo-se ento uma verdadeira poltica

    nacional de recuperao urbana e ambiental em reas urbanas consolidadas:

    A manuteno da supresso da vegetao das APPs em reas urbanasconsolidadas deve estar condicionada apresentao de estudos e projetos que

    incorporem medidas mitigadoras, de reparao e de compensao

    scioambiental;

    Exigncia de obras de adequao urbana e recuperao ambiental para aregularizao fundiria (para que no se corra o perigo de formalizar titulao

    sem viabilizar recursos para obras);

    Exigncia de delimitao das reas em regularizao como Zonas Especiais deInteresse Social (ZEIS), como forma do poder pblico municipal (legislativo e

    executivo) formalizar interesse e compromisso pela regularizao e de Plano de

    gesto da ZEIS aprovado pelo Executivo (execuo de obras, registro e

    manuteno urbana) para formalizao das titulaes;

  • 16

    Nos projetos de urbanizao procurar minimizar canalizaes fechadas decrregos e expor as nascentes de crregos enterradas, destinando os terrenos em

    torno destas bicas dgua para lazer, playgroungs e convvio.

    Apresentao de projeto urbanstico em meio digital, de forma a aprimorar emodernizar a gesto municipal e de cadastro das famlias e das edificaes a

    regularizar, com envio dos cadastros aos setores responsveis por fiscalizao de

    polticas sociais (interesse social) e uso, ocupao do solo e tributao;

    Em reas de proteo dos mananciais so necessrias exigncias especiais:o A regularizao deve estar prevista em Plano de Manejo para o

    Manancial, que considere a capacidade de suporte, indicadores de

    recuperao da qualidade e quantidade de gua e uma programao de

    investimentos para toda a bacia hidrogrfica;

    o Planejamento das aes do Executivo Municipal, definindo-se emTermos de Aditamento de Conduta por sub-bacia hidrogrfica as

    responsabilidades dos diferentes atores e agentes da irregularidade ex-

    proprietrios, poder pblico com poder de polcia sobre o uso do solo na

    rea e a associao de moradores beneficiada;

    o Tratamento de esgotos;o Coleta e destinao adequada do lixo fora da bacia;o Sistema de drenagem com aumento da permeabilidade e da infiltrao;o Monitoramento do impacto das obras de adequao urbana e recuperao

    ambiental em relao permeabilidade e controle da poluio difusa.

    Incentivo utilizao de registro das aes necessrias (obras, manuteno egesto) em um TAC Termo de Ajustamento de Conduta com o Ministrio

    Pblico, que assegure os ganhos ambientais

    Incentivo utilizao de Ao Civil Pblica para prevenir os municpios deanistia de crimes contra a legislao urbanstica, aos direitos do consumidor e ao

    meio ambiente, possibilitando o ressarcimento dos custos das obras pelo

    infratores.

    Aprimoramento da proposta e aprovao de resoluo do CONAMA comexplicitao de critrios para tratamento das reas de preservao permanente

    em rea urbana para fins de interesse social e pblico, definindo-se

    procedimentos descentralizados para regularizao de assentamentos precrios.

  • 17

    Aprimoramento da gesto ambiental nos nveis municipais, com maior rigor ecapacitao, permitindo-se que o interesse local tenha reconhecimento na

    definio da melhoria do meio ambiente e despoluio da rede hdrica da cidade

    brasileira.

    Referncias Bibliogrficas

    ALFONSIN, Betnia, palestra no Seminrio de Regularizao Fundiria,organizado pelo Instituto de Registro Imobilirio do Brasil e o Ministrio Pblico doEstado de So Paulo, So Paulo, julho de 2003.ANAMMA, Associao Nacional de Municpios e Meio Ambiente Ata do 4o.Encontro Regional/sudeste da ANAMMA, So Carlos, ESP, 31/7/2002.BUENO, Laura Machado de Mello et alli, Moradia Social em rea de mananciais -Coleo do Projeto Gepam A Experincia de Santo Andr, Annablume, So Paulo,2004

    BUENO, Laura Machado de Mello, Relatrio de Anlise da recuperao urbana eambiental de assentamentos regularizveis na rea de mananciais do abcpaulista, relatrio final de Carreira docente apresentado PUC Campinas,xerox,CAMPINAS, maro de 2005.FUNDAO JOO PINHEIRO Dficit Habitacional no Brasil 2000, FundaoJoo Pinheiro, Belo Horizonte, 2001LIMA, Andr, Parecer Jurdico Princpios Constitucionais aplicveis s reas depreservao permanente doutrina e jurisprudncia, Braslia, Novembro de 2003 MINISTRIO DO MEIO AMBIENTE, Conselho Nacional do Meio Ambiente,Proposta de resoluo dispe sobre parmetros, critrios e explicitaes tcnicaspara reas de Preservao Permanente em rea urbana consolidada proc no.02000.001362/2002-13, www.Mma.gov.Br consulta em fevereiro 2004SERVILHA, Elson Roney, As reas de preservao permanente dos cursos dguaurbanos para a ordem pblica Dissertao de Mestrado apresentada UNICAMP,Campinas, 2003STAURENGHI, Rosangela, Regularizao fundiria de assentamentos informaistexto produzido para orientar debate ocorrido na Cmara dos Deputados, Comisso deDesenvolvimento Urbano sobre a alterao da Lei 6766/79 no dia 12/11/2003.

    Antes de 1965Carncia