laplanche vocabulario de psicanalise 03 - introduÇÃo

Upload: lubuchala5592

Post on 23-Feb-2018

216 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • 7/24/2019 Laplanche Vocabulario de Psicanalise 03 - InTRODUO

    1/2

    INTRODUOO presente trabalho incide sobre os principais conceitos da psicanlise e implica um certonmero de opes:! Na medida em "ue a psicanlise reno#ou a compreens$o da maioria dos %en&menospsicol'(icos e psicopatol'(icos) e mesmo a do homem em (eral) seria poss*#el) num manual

    al%ab+tico "ue se propusesse abarcar o con,unto das contribuies psicanal*ticas) tratar n$oapenas da libido e da trans%er-ncia) mas do amor e do sonho) da delin".-ncia ou do surrealismo/0 nossa inten$o %oi completamente di%erente: pre%erimos deliberada1 mente analisar o aparelhonocional da psicanlise) isto +) o con,unto dos conceitos por ela pro(ressi#amente elaboradospara tradu2ir as suas descobertas/ O "ue este Vocabulrio #isa n$o + tudo o "ue a psicanlisepretende e3plicar) mas a"uilo de "ue ela se ser#e para e3plicar/4! 0 psicanlise nasceu h "uase tr-s "uartos de s+culo) O mo#imento5 psicanal*tico conheceuuma hist'ria lon(a e tormentosa) criaram1se (rupos de analistas em numerosos pa*ses) onde adi#ersidade dos %atores culturais n$o podia dei3ar de repercutir nas pr'prias concepes/ 6m#e2 de recensear a multiplicidade) pelo menos aparente) das acepes di#ersas atra#+s do tempoe do espao) pre%erimos retomar na sua ori(inalidade pr'pria as noes 7s #e2es , ins*pidas eobscurecidas) e atribuir por esse %ato uma import$ncia pri#ile(iada ao momento da sua

    descoberta/8! 6ste preconceito le#ou1nos a nos re%erirmos) "uanto ao essencial) 7 obra primordial de9i(mund reud/ Uma pes"uisa) mesmo parcial) le#ada a e%eito atra#+s da massa imponente daliteratura psicanal*tica s' contribui para #eri%icar at+ "ue ponto a (rande maioria dos conceitospor ela utili2ados encontra a sua ori(em nos escritos %reudianos/ Tamb+m neste sentido o nossoVocabulrio se distin(ue de um empreendimento de intenes enciclop+dicas/6sta mesma preocupa$o de reencontrar as %undamentais contribuies conceituais implicatomannos em considera$o outros autores al+m de reud/ oi assim "ue) para citarmos apenasum e3emplo) apresentamos um certo nmero de conceitos introdu2idos por ;elanie De%inir os termos criados pela psicanlise) "uer o seu uso se tenha conser#ado ?e3/: neurosede angstia), "uer n$o ?e3/: histeria de reteno); IX

    @OA0BUCRIO D0 E9IA0NCI96

    b)De%inir os temrns utili2ados pela psicanlise numa acep$o "ue di%ere ou , di%eriu da acep$opsi"uitrica (eralmente admitida ?e3/:parandia,parafrenia);e> De%inir os termos "ue t-m e3atamente a mesma acep$o em psicanlise e na cl*nica psi"uitrica) mas"ue possuem um #alor a3ial na noso(ra% ia anal*ticaF por e3emplo: neurose, psicose, perverso, De%ato %a2*amos "uest$o de %ornecer) pelo menos) bali2as para o leitor pouco %amiliari2ado com a cl*nica/*

    Os arti(os s$o apresentados por ordem al%ab+tica/ Eara acentuar as relaes e3istentes entre os di%erentes

    conceitos) recorremos a duas con#en es: a e3press$o ver este termo si(ni%ica "ue o problema encarado+ i(ualmente abordado ou tratado) 7s #e2es de maneira mais completa) no arti(o para "ue se remeteF oasterisco *indica simplesmente "ue o termo a "ue est aposto + de%inido no Vocabulrio. Gostar*amosassim de con#idar o leitor a estabelecer por si mesmo relaes si(ni%icati#as entre as noes e a orientar1se nas redes de associaes da lin(ua(em psicanal*tica/ Eensamos ter e#itado assim uma dupladi%iculdade: o arb*trio a "ue uma classi%ica$o puramente al%ab+tica poderia condu2ir e o obstculo) mais%re".ente) do do(matismo li(ado aos enunciados de %ei$o hipot+tico1deduti#a) Dese,amos "ue possamassim sur(ir s+ries) relaes internas) Hpontos nodais5 di%erentes da"ueles em "ue se baseiam asapresentaes sistemticas da doutrina %reudiana/Aada termo + ob,eto de uma de%ini$o e de um comentrio/ 0 &fini& tenta condensar a acep$o doconceito) tal como ressalta do seu uso ri(oroso na teoria psicanal*tica/ O comentrio representa a partecr*tica e essencial do nosso estudo/ O m+todo "ue a"ui utili2amos poderia ser de%inido por tr-s pala#ras:hist'ria) estrutura e problemtica/ ist'ria: sem nos restrin(irmos a uma ordem de apresenta$o

    ri(orosamente cronol'(ica) "uisemos indicar para cada um dos conceitos as suas ori(ens e as principais%ases da sua e#olu$o/ Tal demanda das ori(ens n$o tem) em nosso entender) um interesse de simples

  • 7/24/2019 Laplanche Vocabulario de Psicanalise 03 - InTRODUO

    2/2

    erudi$o: + impressionante #er os conceitos %undamentais esclarecerem1se) reencontrarem as suas arestas#i#as) os seus contornos) as suas rec*procas articulaes) "uando os con%rontamos de no#o com ase3peri-ncias "ue lhes deram ori(em) com os problemas "ue demarcaram e in%letiram a sua e#olu$o/6sta in#esti(a$o hist'rica) embora apresentada isoladamente para cada conceito) remete e#identemente

    para a hist'ria do con,unto do pensamento psicanal*tico/ N$o pode pois dei3ar de considerar a situa$o dedeterminado elemento relati#amente 7 estrutura em "ue se situa/ Eor #e2es) parece %cil descobrir esta

    %un$o) pois + e3plicitamente reconhecida na literatura psicanal*tica/ ;as) %re".entemente) ascorrespond-ncias) as oposies) as relaes) por mais indispens#eis "ue se,am para a apreens$o de umcon ceito na sua ori(inalidade) s$o apenas impl*citasF para citar e3emplos parti1

    1

    INTRODUOcularmente elo".entes) a oposi$o entre Hpuls$o5 e instinto5) necessria para a compreens$o da teoria

    psicanal*tica) em nenhum lu(ar + %ormulada por reudF a oposi$o entre Hescolha por apoio5 de ob,eto ?ouanacl*tica> e Jescolha narcisica de ob,eto5) embora retomada pela maior parte dos autores) nem sempre +relacionada com a"uilo "ue em reud a esclarece: o Hapoio5 ou Hanclise5 das Hpulses se3uais5 sobre as%unes de Hautoconser#a$o5F a articula$o entre Hnarcisismo5 e Hauto1erotismo5) sem a "ual n$o se

    pode situar estas duas noes) perdeu rapidamente a sua primiti#a nitide2) e isto at+ no pr'prio reud/ Eor

    %im) certos %en&menos estruturais s$o muito mais desconcertantes: n$o + raro "ue na teoria psicanal*tica a%un$o de determinados conceitos ou (rupos de conceitos se ache) numa %ase posterior) trans%erida paraoutros elementos do sistema/ 9' uma interpreta o nos pode permitir reencontrar) atra#+s de tais

    permutas) certas estruturas permanentes do pensamento e da e3peri-ncia psicanal*ticos/O nosso comentrio tentou) a prop'sito das noes principais "ue ia encontrando) dissipar ou) pelomenos) esclarecer as suas ambi(.idades e e3plicitar e#entualmente as suas contradiesF + raro "ue estasn$o desembo"uem numa problemtica suscet*#el de ser reencontrada ao n#el da pr'pria e3peri-ncia/De urna perspecti#a mais modesta) esta discuss$o permitiu1nos p&r em e#id-ncia um certo nmero dedi%iculdades propriamente terminol'(icas e apresentar al(umas propostas destinadas a estabelecer aterminolo(ia de l*n(ua %rancesa) a "ual + ainda com muita %re".-ncia pouco coerente/*

    No in*cio de cada arti(o) indicamos os euivalentes em l*n(ua alem$(D.),

    in(lesa !"u.), espanhola !"s), italiana !#) e portu(uesa ?>/0s notas e re%er-ncias #$o colocadas no %im de cada arti(o/ 0s natass$o indicadas por letras (re(as) e as refer$nciaspor nmeros/0s passa(ens citadas %oram tradu2idas ?4> pelos autores bem como os t*tulos das obras a "ue se %a2re%er-ncia no decorrer do te3to/ KNa edi$o brasileira) procuramos citar as obras de reud com os t*tulos"ue elas receberam na 6di$o 9tandard brasileira "uando n$o ha#ia con%lito com a tradu$o proposta

    pelos autores/LJ. C/ e M/1B/ E/Na nossa traduo, substituimos evidentemente o equivalente portugus pela expresso francesa(Fj.

    0lis)manteve-se em geral a terminologia portuguesa proposta pela ediooriginal;apenas normalmenlepor rtude de discrepncias entre a linguagem psicanaltica utilizada em Portugal e no Brasil [ver Nota do

    editor para a edio brasileira], se modificaram ou se acrescentaram algumas variantes, por sugestes

    do tradutor, que tiveram o acorda do psicanalista Dr. Joo dos Santos, cuja gentil colaborao vivamenteagradecemos. (N. E.)

    2. Dessa traduo francesa resultou logicamente a verso portuguesa que propomos,

    {N.JIi XI