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Lágrim as Oldney Lopes Brumadinho, julho de 2007

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Page 1: Lágrimas Oldney Lopes Brumadinho, julho de 2007 Já cansada de encher lânguidas flores Com as lágrimas frias, A noite vê surgir do oriente a aurora Dourando

Lágrimas Oldney

Lopes

Brumadinho, julho de 2007

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Já cansada de encher lânguidas floresCom as lágrimas frias,A noite vê surgir do oriente a auroraDourando as serranias

Machado de Assis“Musa dos olhos verdes”

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Temporal de Lágrimas

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Foi teu silêncio que gritou-me “não”E provocou nos ouvidos da minha almaO vertiginoso som das lágrimas caóticasDoídasIncontidasDescontroladasNo temporal que desabouDo precipício dos meus olhosE desaguouNo inatingível céu de cristal Em que pisava tua fria indiferença...

Oldney Lopes

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“O beijo rebentou em soluços, e os olhos não puderam conter as lágrimas, que vieram em borbotões, lágrimas de amor calado, e irremediável desespero.”

Machado de AssisIn “A causa secreta”

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Lágrimas do Coração

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Meu coraçãoEstá de quarentena

Sem algo por que bater

Enquanto issoOlho para o lagoQue as lágrimas formaram

E conto as estrelas derramadasNas águas mágicas do chão que jamais pisei

Oldney Lopes

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Choro (haika

i)Gotas transparentesSão as lágrimas do tempoPranteando orvalho

Oldney Lopes

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Tríduo LacrimalOldney Lopes

Musik Nachtigall-Serenade

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“Minha primeira lágrima caiu dentro dos teus olhos”

Cecília MeirelesEm “Mar absoluto & Outros poemas”

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A Primeira Lágrima

Oldney Lopes

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Sob a pressão das pálpebras contidaNuma expressão de dor transfiguradaPresa no peito arfante, comprimidaVislumbra os cílios da alma torturada

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E quando encharca, enfim, toda a retinaMas, impotente, temente à explosãoAgora equilibrista e bailarina,Sustenta-se em dorido esforço vão

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Mas quando o jorro da emoção vence a razãoBrota a primeira lágrima, caladaVertendo a dor que nasce ao coração

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Desaba, pela face, aliviadaClareia e desabafa a alma magoadaE uma só gota, agora, é turbilhão!

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Afogo olhar em lágrima, tão rara,Por amigos que a morte anoiteceu;Pranteio dor que o amor já superara,Deplorando o que desapareceu.

ShakespeareSoneto 30

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A Segunda Lágrima

Oldney Lopes

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A lágrima é o reflexo da dorCondensação de um viver sem corMaterialização de um sofrimentoE concretização de um sentimento.

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Escorre, distraída, pelo rostoNa alma desaba em profuso desgosto.Como jorro de sangue inunda o espaçoE afoga o tempo, o temporal devasso.

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Mas prantear é também ser feliz:Se o corpo chora e a alma é quem dizQuem chora é o peito alegre, o ser se acalma.

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Então, que chore sempre o coraçãoPois quando o pranto é pleno de emoçãoA lágrima que rola é o gozo da alma.

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"Pois, brilhantes, rubis e pérolas de Ofir,  Tudo isso eu dou, e vem, ó lágrima, fulgir ”

Guerra Junqueiro  “A Lágrima”

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A Terceira Lágrima

Oldney Lopes

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Se o homem destemido jamais choraEu digo que até Deus pode chorarPois já que tudo pode, a qualquer horaPode também, sentido, lacrimar.

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Pois vi, num rosto, a fome da criançaCarente, solitária, numa praçaTodo amargor, toda desesperançaDaquela vida só, fria, sem jaça.

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Seus olhos eram vozes a implorarEra um espelho, a angústia em seu olharA refletir, dolente, os olhos meus.

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Sem entender o senso do destinoVi merejar nos olhos do meninoPlácida e triste a lágrima de Deus!

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“Si me flere, dolendum est primum ipsi tibi.”

provérbio romano

(“Se queres me ver chorar, comece tu, primeiro, a sofrer”) – tradução livre

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Créditos

Poemas apresentados:

“Temporal de lágrimas”

“Lágrimas do coração”

Tríduo Lacrimal, composto pelos sonetos:

“A primeira lágrima”

“A segunda lágrima”

“A terceira lágrima”

Autor: Oldney Lopes

(todos os direitos reservados)

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www.oldney.net

Contato com o autor:

[email protected]