ladoescuroapp2 cd 2006 - observatório...
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O Lado Escuro do Universo
Martín Makler
ICRA/CBPF
Astronomia para Poetas II – Casa da Ciência10 de outubro de 2006
O Cosmos Dinâmico
O Universo em Expansão
Astronomia para Poetas II – Casa da Ciência10 de outubro de 2006
“O universo não é uma idéia minha. A minha idéia do Universo é que é uma idéia minha.”
A natureza da luz
O espectro da luz
� Hoje o universo é observado em todos os comprimentos de onda
� Espectro típico: corpo negro + linhas de absorção e emissão
Espectro Eletromagnético
Espectro de Linhas
Linhas de absorção devido à presença de gás
Espectro de Linhas
Linhas de absorção devido à presença de gás
• Cada elemento químico possui linhas características• Instrumento central em Astronomia
• Composição química....e• Velocidade!
O Desvio para o Vermelho
� Efeito Doppler
: /z v cλλ
∆= ≈
Desvio parao azul
Desvio parao vermelho
O desvio para o vermelho
eλ
rλ
r e
e
z λ λλ−
=
Espectro observado
Espectro “de referência”
Natureza das Galáxias� Galileo Galilei (1610): a Via Láctea é formada por estrelas � Wilhelm Herschel (1785): habitamos uma nebulosa e as
outras são externas� William Parsons (1845): “nebulosas espirais”
� Henrietta Leavitt (1912): relação entre período de estrelas variáveis cefeidas e sua luminosidade intrínseca
Natureza das Galáxias� Edwin Hubble (1923): determina a distância da “nebulosa”
de Andrômeda (M31), usando uma estrela cefeida
A Expansão do Universo� Vesto Slipher (1917): desvio para o
vermelho de galáxias (13 de 15)
� Hubble (1929): descobre a expansão do universo
A Expansão do Universo
A B C
v-vEm relação a B
2v-2v
A B C
v-v
Em relação a A
Homogênea e aumenta linearmente com a distância
A Expansão do UniversoHomogênea e Isotrópica em Grandes Escalas
Não é explosão! Não possui centro!
Relação linear: 0v H d≈
0 100 / /H hKm s Mpc=
O Parâmetro de Hubble:
Dados do Hubble: h = 5
O Diagrama de Hubble (Versão Atual)
Distância (Mpc)
Vel
ocid
ade
(km
/s)
Dados do Hubble
0.72 0.08h = ±astro-ph/0012376 (Astrophys. J. 553, 47 (2001))
Uma História do Universo
Cabum!!
� O Universo está em expansão� Extremamente denso e quente no passado
Astronomia para Poetas II – Casa da Ciência10 de outubro de 2006
“O que se desatou num só momentonão cabe no infinito, e é fuga e vento”[Instante, Carlos Drummond de Andrade]
Retrocedendo no tempo…� Fase inicial densa e quente
“Big-Bang”� Processos físicos:
Inflação, Unificações, Hadronização, Aniquilação...Síntese dos elementosDesacoplamento matéria-radiaçãoFormação de estruturas
� Fósseis:Abundância de elementos levesRadiação cósmica de fundoEstrutura em grande escala
Recombinação
plasma
matérianeutra
Recombinação
Quando a temperatura cai abaixo dos 3.000Kos elétrons ficam presos aos núcleosO Universo passa a ser trasparente
A luz se propaga livremente
A Radiação Cósmica de Fundo“Fotosfera”
Vista da nossa Galáxia
Esperamos ver:• Radiação isotrópica• Corpo negro,(“desviado para o vermelho” por causa da expansão)
Descoberta da Radiação Cósmica de Fundo
� Arno Penzias e Robert Wilson (Bell)� 1965 (acidental)� Prêmio Nobel de 1978
Universo primordial altamente homogêneoEspectro de corpo negro
O Satélite COBE
� Experimentos: DIRBE, DMR, FIRAS� Lançamento: 1989, resultados: 1992, 1994
O Espectro da Radiação Cósmica de Fundo
Comprimento de onda [cm-1]Inte
nsid
ade
[10-4
ergs
cm
-2s-1
sr-1
cm]
barras de errode 100σ
espectro térmico com T = 2.725 K
Anisotropias na Radiação Cósmica de Fundo
∆TT
≈ −10 5
� T0 = 2.725� Universo primordial
altamente homogêneo� Dipolo: movimento da
nossa galáxia ∆T = 3.346
⇒ vgal = 360 Km/s
� Flutuações de temperatura:
Mapa das anisotropias
� Principais resultados:� Corpo negro: natureza térmica da RCF � Anisotropias → sementes das estruturas emgrandes escalas� Espectro: amplitude, gaussianidade, invarância de escala
John C. Mather George F. Smoot
Prêmio Nobel2006
A Radiação Cósmica de Fundo Hoje
Sonda WMAP (L2):Wilkinson Microwave Anisotropy Probe
Último release: Março de 2006
Astronomia para Poetas II – Casa da Ciência10 de outubro de 2006
Espectro de Potência da RadiaçãoCósmica de Fundo
( )1 1 1,T θ φ
( )2 2 2,T θ φ
Decomposição em harmônicos: medida das flutuações médias em cada escala angular
Espectro de Potência Segundo o WMAP3
+ polarização…
• Curva prevista• “Modelo da concórdia”• Apenas 6 parâmetros
Informações preciosas sobre o Universo
Matéria e energia escuras
Matéria “normal”: 4%
Matéria “escura”: º 22%
O Universo é quase plano!
º 74% restantes: energia escura
O Lado Escuro do UniversoEpisódio I
Astronomia para Poetas II – Casa da Ciência10 de outubro de 2006
“O único mistério do Universo é o mais e não o menos. [...]O que existe transcende para mim o que julgo que existe.”[O Único Mistério Do Universo, Poemas Inconjuntos]
Grupos de GaláxiasO Grupo Local
Tamanhos fora de escala
Aglomerados de Galáxias
Aglomerado no SDSS
Região qualquer do céu
Aglomerados de Galáxias
Aglomerado de ComaAglomerado de Hydra
A Matéria Escura� Dispersão de velocidades em
aglomerados (Zwicky 1934)
Teorema do Virial:Cálculo da massa necessária para “segurar” as galáxias
fl massa gravitacional ~ 100 x massa luminosa (estrelas)
Matériaescura
Gás Quente em Aglomerados
Hydra no ótico
Gás intra-aglomerado:T ~ 10.000.000 oCfl emissão de raios-xEquilíbrio hidrostático
fl temperatura depende da massa
Aglomerados em raios-x
Aglomerado de Hydra
Hydra no óticoHydra em raios x Mgás ~ 20 x MestrelasAinda assim matéria escura é 80%
Lentes Gravitacionais
“deformação” da trajetória da luz pelo espaço-tempo curvo
Imagens múltiplas
Lentes GravitacionaisEfeito forte: arcosEfeito fraco:
Orientação na direção tangencial das imagens das galáxias
Efeito estatístico
Matériaescura
Comparação entre medidas da matéria escura em aglomerados
E. S. Cypriano, et al., astro-ph/0504036
z = 0.17
• efeito fraco de lente gravitacional• emissão de raios-x • dispersão de velocidades
Consistentes entre si
Matériaescura
Evidência “direta”� Aglomerado da bala (1E0657-558)
Reconstrução da massa pelo efeito fraco de lente gravitacional
astro
-ph/
0608
407
Evidência “direta”� Distribuição do gás
Desvio de 8σ nos centros de massa!
astro
-ph/
0608
407
astro-ph/9909252M33
matériaescura
disco estelar
gás
A Matéria Escura em Galáxias
� Curvas de rotação de galáxias
[ ]GM r
rV r
r( ) ( )2
2
=
Estimativa simples:
3 10Halo VisivelM M≈ −
Matéria escura é menos concentrada
Matériaescura
Matéria Escura no UniversoEvidências:� Curvas de rotação de galáxias � Movimentos de galáxias e aglomerados� Fluxos de raios-X em aglomerados� Lentes gravitacionais...
M33
matériaescuradisco
estelar
gás
Nucleossíntese: Alquimia no Universo Primordial
Produção de 7Li, 3He, D, 4He
T ~ 1010 K - 109 K, 1s a 3min “DBB”
Abundância de Elementos LevesProdução de
7Li, 3He, D, 4He
Abundâncias de acordo com as observações!
Os elementos levesforam criados no
universo primordial!Matéria escura nãopode ser bariônica
Matéria Escura no UniversoEvidências:� Curvas de rotação de galáxias � Movimentos de galáxias e aglomerados (virial e grande escala)
� Fluxos de raios-X em aglomerados� Lentes gravitacionais, Efeito Sunyaev-Zel’dovich...
Há ~5x mais matéria escura que matéria usual!Não Bariônica: Não interage com prótons, nêutrons e elétrons
(não dissipa nem emite luz, sem reações nucleares)� estruturas, bullet, nucleossíntese...
Onde está a matéria “ordinária”?� Matéria visível (estrelas): 10%� A maior parte da matéria bariônica é “escura” (gás, planetas, BN)
A matéria escura é a componente -que se aglomera - dominante da densidade de massa do Universo
O Lado Escuro do Universo
Episódio II
Astronomia para Poetas II – Casa da Ciência10 de outubro de 2006
O Universo Acelerado
Astronomia para Poetas II – Casa da Ciência10 de outubro de 2006
O Universo Acelerado
Diagrama de Hubble para grandes distâncias
( )4 33G Pπ ρ∝ − +
Constante cosmológicaou energia escura!
O Universo está em expansão acelerada.
Mas
3Λ
+aceleração
densidade pressão
O Universo Acelerado
( )4 33G Pπ ρ∝ − +
Constante cosmológicaou energia escura!
O Universo está em expansão acelerada.
Mas
3Λ
+aceleração
densidade pressão
Energia Escura
Evidências:
1998 Science breakthrough of the year
Ignorância CósmicaNão sabemos o que
compõe 95% dadensidade de
energia do universo!
O Dark Energy Survey
Um pedaço do futuro no Brasil
“Se as coisas são inatingíveis... ora!Não é motivo para não querê-las...”[Das utopias, Espelho Mágico, Mário Quintana]
Uma Grande Questão
� O que é a Energia Escura?� 3/4 do universo (ou modificação da
gravidade)� Problemas teóricos fundamentais
� Abordagem fenomenológica:� Procurar efeitos observáveis da
energia escura:– Estrutura em grande escala– Supernovas
� Limitar o seu comportamento
Medidas da Energia Escura com o DES
� Realizar medidas complementares e de precisãodos efeitos da energia escura
� “Novos métodos”� Contagem de aglomerados de galáxias
20,000 aglomerados de grande massa200,000 grupos e aglomerados
� Efeito fraco de lentes gravitacionais300 milhões de galáxias com medida da forma
� Distribuição espacial de galáxias300 milhões de galáxias
� Medida “padrão da energia escura”� Distâncias de supernovas do tipo Ia
~ 2000 supernovas
O Instrumento
deCam
Telescópio Blanco
Telescópiode 4m no
CTIO
CTIO opera:SOAR: campo pequeno (Brasil = 33% do tempo)Blanco: grande campo
Tim A
bbott, CTIO
O Instrumento: DECam
3556 mm
1575 mm
HexapodLentes
Espelho
Leituradas CCDs
FiltrosObturador
Dark Energy Survey
� Câmera de 500 Megapíxeis� Campo ~ 2 graus2
� Cobertura ~ 1/10 de todo o céu� em três filtros (cores)
� CCDs do LBNL� eficientes no vermelho
� Desvios para o vermelho fotométricos� 10-20 galáxias/arcmin2
� 30% do CTIO em 5 anos (525 noites)� 500 TB de dados
O DES Já Começou� Plano focal, compra e teste das CCDs…� Simulações…� Gerenciamento dos dados…� Desenho ótico…
Estado Atual
� Colaboração internacional:13 instituições� Fermilab, University of Illinois at Urbana-
Champaign, University of Chicago, Lawrence Berkeley National Lab, University of Michigan
� DES-Spain Consortium: IFAE (Barcelona), IEEC (Barcelona), and CIEMAT (Madrid)
� UK Consortium: University College London (UCL), Cambridge, Edinburgh, Sussex, and Portsmouth
� Participação brasileira em negociação!
Mini-Workshop
O Brasil e o Dark Energy Survey10 e 11 de novembro de 2005, ICRA/CBPF, Rio de Janeiro, RJ
comitê científico: M. Novello (ICRA/CBPF), P. Pellegrini (ON), R. Rosa (LAC/INPE), L. Sodré (IAG/USP)comitê organizador local: M. Makler (ICRA/CBPF), S. Joffily (ICRA/CBPF)
Considerações FinaisA Cosmologia é hoje parte da física e da astronomiaNova física a partir da cosmologia!
Nesta última década houve uma revolução na cosmologia com uma avalanche de dados observacionais de alta qualidadeEntendemos muita coisa sobre o UniversoHá questões fundamentais que não entendemos aindaMuitas novidades no futuro próximo!Dark Energy Survey:
Melhor instrumento óptico para a cosmologia de sua épocaO Brasil pode oferecer contribuições importantes ao DESImportante para desenvolver a astrofísica e cosmologia brasileiras
Seja bem vindo a acompanhar este fascinante ramo da ciência!
Até o próximo episódio!
Procura-se
Estudante de pós-graduaçãoRecompensa em dinheiro:
bolsa CAPES ou CNPq
Uma História do Universo