ki tetse

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Ki Tetze (Dt 21.10 – 25.19) Is 54.5 Mt 19:12 INTRODUÇÃO Às vezes quando lemos a Bíblia ficamos pensando em quão distante esse livro está dos nossos dias. Parece ultrapassado, é de linguagem antiga e não parece ser tão atrativo assim. Contudo, na Haftará de Ki Tetze, a Bíblia torna-se um livro atualíssimo, parece que acabou de sair da editora. Como a leituras semanal está dividida em 7 porções mais a do Maftir, fiz uma simples e livre estatística de assuntos “bem atuais”. No bloco do primeiro leitor encontramos 5 maneiras pelas quais o homem deveria tratar sua esposa (seja ela do povo de Israel, seja uma estrangeira). No segundo bloco, D`s está dando orientações claras sobre a proibição do homem vestir-se de mulher e vice versa. No terceiro bloco, mais uma vez, encontramos mais referências sobre como o homem deve tratar a sua mulher, sua noiva e a mulher solteira. No quarto bloco, D`s orienta ao homem não envolver-se em prostituição ritual com mulheres e com homens (ou seja, hetero ou homo), porque isso é abominável a D`s. No quinto bloco encontramos o GET, a carta (ou certificado) de divórcio que Moisés orienta o homem utilizar, caso “ele queira”. No sexto bloco Moisés diz que um homem recém casado deve se ausentar do serviço militar durante um ano para fazer sua mulher feliz. No sétimo bloco D`s orienta o povo a como tratar o estrangeiro, o órfão e a viúva. Inclusive, como tratar a mulher estéril. Finalmente, no bloco do Maftir, D`s fala sobre herança e a eliminação dos amalequitas. FAMÍLIA A palavra família é um termo ligado à emoção que suscita fortes sentimentos. Tais sentimentos são o tempero da vida. É através da família que podemos ver um ser humano se desenvolvendo com projeção para o futuro. Quando a família está ausente ou distante, o desenvolvimento dá lugar às oportunidades que o mundo, e não a família, pode ensinar. Existe um ditado que diz: “Se você não cuidar do seu filho, um traficante irá adotá-lo”. Embora essa frase seja um tanto forte e amedrontadora, é certo que vemos muitos jovens perdidos e largados por aí. A estrutura familiar israelita formou-se de um ambiente atípico ao nosso. Somos cosmopolitas, vivemos em uma selva de pedras e em meio a influências criadas pelo homem, como a tecnologia, por exemplo. Na Bíblia, a família formou-se de experiências de vida nômade, ou semi nômade, de experiências agrícolas e de pecuária. Esses estilos de vida exigiam mão de obra forte, por isso o homem passava a maior parte do tempo cuidando da lavoura ou dos animais, enquanto a mulher administrava a casa e seus afazeres. Por isso, todo mundo morava junto. Pai, mãe, vô, vó, tios, primos e até escravos, caso a família tivesse condições. O homem mais velho agia como o ancião, aquela figura apocalíptica do juízo final, julgando e legislando sobre o lar. A mulher tinha o privilégio de ser aquela figura que cuidava do ancião, pois ele não conseguia viver sem ela. O livro de Cantares trata sobre o carinho que o homem tem com sua mulher e nos Dez Mandamentos encontramos o respeito devido a essas duas pessoas: o pai e a mãe.

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Sermão da Haftará Ki Tetse

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Ki Tetze (Dt 21.10 – 25.19) Is 54.5

Mt 19:12 INTRODUÇÃO

Às vezes quando lemos a Bíblia ficamos pensando em quão distante esse livro está dos nossos dias. Parece ultrapassado, é de linguagem antiga e não parece ser tão atrativo assim. Contudo, na Haftará de Ki Tetze, a Bíblia torna-se um livro atualíssimo, parece que acabou de sair da editora. Como a leituras semanal está dividida em 7 porções mais a do Maftir, fiz uma simples e livre estatística de assuntos “bem atuais”.

No bloco do primeiro leitor encontramos 5 maneiras pelas quais o homem deveria tratar sua esposa (seja ela do povo de Israel, seja uma estrangeira).

No segundo bloco, D`s está dando orientações claras sobre a proibição do homem vestir-se de mulher e vice versa.

No terceiro bloco, mais uma vez, encontramos mais referências sobre como o homem deve tratar a sua mulher, sua noiva e a mulher solteira.

No quarto bloco, D`s orienta ao homem não envolver-se em prostituição ritual com mulheres e com homens (ou seja, hetero ou homo), porque isso é abominável a D`s.

No quinto bloco encontramos o GET, a carta (ou certificado) de divórcio que Moisés orienta o homem utilizar, caso “ele queira”.

No sexto bloco Moisés diz que um homem recém casado deve se ausentar do serviço militar durante um ano para fazer sua mulher feliz.

No sétimo bloco D`s orienta o povo a como tratar o estrangeiro, o órfão e a viúva. Inclusive, como tratar a mulher estéril.

Finalmente, no bloco do Maftir, D`s fala sobre herança e a eliminação dos amalequitas. FAMÍLIA

A palavra família é um termo ligado à emoção que suscita fortes sentimentos. Tais sentimentos são o tempero da vida. É através da família que podemos ver um ser humano se desenvolvendo com projeção para o futuro. Quando a família está ausente ou distante, o desenvolvimento dá lugar às oportunidades que o mundo, e não a família, pode ensinar. Existe um ditado que diz: “Se você não cuidar do seu filho, um traficante irá adotá-lo”. Embora essa frase seja um tanto forte e amedrontadora, é certo que vemos muitos jovens perdidos e largados por aí.

A estrutura familiar israelita formou-se de um ambiente atípico ao nosso. Somos cosmopolitas, vivemos em uma selva de pedras e em meio a influências criadas pelo homem, como a tecnologia, por exemplo. Na Bíblia, a família formou-se de experiências de vida nômade, ou semi nômade, de experiências agrícolas e de pecuária. Esses estilos de vida exigiam mão de obra forte, por isso o homem passava a maior parte do tempo cuidando da lavoura ou dos animais, enquanto a mulher administrava a casa e seus afazeres. Por isso, todo mundo morava junto. Pai, mãe, vô, vó, tios, primos e até escravos, caso a família tivesse condições.

O homem mais velho agia como o ancião, aquela figura apocalíptica do juízo final, julgando e legislando sobre o lar. A mulher tinha o privilégio de ser aquela figura que cuidava do ancião, pois ele não conseguia viver sem ela. O livro de Cantares trata sobre o carinho que o homem tem com sua mulher e nos Dez Mandamentos encontramos o respeito devido a essas duas pessoas: o pai e a mãe.

 

 

Porém, em nossa reflexão semanal, a figura da mulher parece ser central. É óbvio que existem outras orientações de cunho social, espiritual e econômico, mas a quantidade de referências ao modo como a mulher deve ser tratada é superior a todos os demais.

Família originada de casamentos com prisioneiras de guerra Ler Dt 21.10-14; Família originada pela paixão Difamação: Dt 22.13-21 Adultério: v.22 (casados); 23-27 (noivos) Fornicação: 28-29 Incesto: v.30 O casamento formava a base da vida de Israel. A mulher deixava a família para

tornar-se parte da família de um homem. Mas o homem também deixava sua família, sendo fiel, agora, à sua esposa (Gn 2.24). Só por meio de uma união abençoada é que o ser humano poderia produzir uma “descendência piedosa”.

No livro O Lar Adventista, lemos uma passagem curiosa: “Alcançar a devida compreensão da relação matrimonial é obra da vida inteira. Os que se casam ingressam numa escola onde nunca, nesta vida, se diplomarão”1

Porém, eis que surge um novo elemento entre os homens: o divórcio. DIVÓRCIO

O divórcio é quase equivalente ao sonho dos jovens de hoje. Se eles planejam se casar, pelo menos metade deles conseguirá o divórcio. E não adianta dizer que é sem esforço, porque não é. A média de idade da mulher brasileira ao se casar é de 26 anos, contra 29 do homem. Um nível considerado de primeiro mundo. Porém o divórcio segue o mesmo padrão. Em 2007, para cada quatro casamentos no Brasil, um terminava em divórcio. Hoje, o índice é quase um para cada três. Quem mais pede o divórcio são as mulheres, uma média de 18% a mais que os homens.

Por outro lado, o número de divorciados casando com cônjuges solteiros é superior ao casamento entre divorciados. Para o casamento entre solteiros e divorciados, a média dos homens é de 8% e de 4% para elas. As núpcias entre divorciados possui uma média de 1,8%.

Os motivos não são muitos. De acordo com os tabeliões, conduta desonrosa e grava violação do casamento são os principais motivos para uma separação de natureza não consensual. Sob o olhar do Direito, existem questões que incapacitam um homem ou uma mulher a contrair núpcias. E aqui entra a questão: existe alguém apto para o casamento? Sob o olhar do Direito existe a nulidade de um casamento. Sob o olhar do Direito, entendemos o olhar do homem.

Mas e o olhar de Deus? Ler Mt 19:3-12. Jesus diz que Moisés orientou o GET, a carta de divórcio, mas não era assim

desde o começo. Porém, o mais interessante é que o próprio Messias afirma que existe uma questão de capacidade: “quem puder aceitá-la, que o faça”.                                                                                                                

1  Ellen  G.  White,  O  lar  adventista,  (Casa  Publicadora  Brasileira,  Santo  André,  SP,  1969),  105.  

 

 

RESGATE Porém, existe uma esperança. Em Isaías encontramos três tipos de mulheres: a

viúva, a abandonada (separada) e a estéril. Ler Is 54.5 = Quem é o marido? E quem é o resgatador? Por quê? Versos 6-10 = Por que Deus mantém sua união, sua aliança.