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K;~ '"=:: :

AO PRESIDENTE DA COMISSÃO DE LICITAÇÃONACIONAL DE INFRA-ESTRUTURA DE TRANSPORTES

DO DEPARTAMENTO

Edital de concorrência n.047/2005-00

1J

i~-8

i~~-81~.

J

CONSÓRCIO FIDENS-SITRAN-VETEC, já qualificado nos autos do processo

administrativo em epígrafe, vem, com fulcro no §3°, do art.1 09, da Lei 8.666/93,

IMPUGNAR o recurso administrativo interposto pela CAMTER - CONSTRUÇOES E

EMPREENDIMENTOS L TOA. nos termos a seguir expostos:

I. FATOS

1. O Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes publicou o Edital de

Concorrência n. 04 7/2005-00 que tem por objeto a execução dos serviços de

restauração e melhoramentos, aquisição de bens e execução de serviços de

manutenção rodoviária e operação do subprograma CREMA na rodovia BR-316/MA.

2 Em 31 de maio de 2005, foram entregues os documentos de habilitação e

propostas de preços pelas licitantes.

3. Em 2 de agosto de 2005, após análise minuciosa de toda a documentação a d.

Comissão habilitou todas os participantes do certame.

4. No entanto, a construtora CAMTER apresentou Recurso Administrativo visando

a inabilitação de todas as demais licitantes, entre elas, o Consórcio recorrido.

Consórcio ADENS - SITRAN - VETEC - Rua Gonçalves Dias, 745 - BH I MG - Fone (31) 2121-0200.

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5. De acordo com a recorrente, as outras licitantes infringiram a regra do art.30, IV,

da lei 8.666/93 por não terem atendido à exigência da Resolução 444/2000 do

CONFEA, que exige o registro de consórcio de empresas para participação em

licitações.

6. Não obstante, o Consórcio recorrido não descumpriu o Edital tampouco

legislação especial, motivo pelo qual sua habilitação deve ser mantida.

11. DO DIREITO

11.1. DA INEXISTÊNCIA DE LEI ESPECIAL

7. A Lei 8.666/93 determina que, para a qualificação técnica de licitantes, é

imprescindível o atendimento das exigências contidas no art. 30, bem como aquelas

eventualmente constantes em lei especial.

8. Com base nesse dispositivo, aduz a empresa recorrente que as determinações

da Resolução 444/2000 do CONFEA teriam força cogente para o Consórcio licitante

em razão da Lei n. 5.194/66 regulamentar o exercício da profissão de engenheiro civil.

9. Contudo, este entendimento não pode prosperar. A Lei 5.194 de 24 de

dezembro de 1966, de fato regulamenta o exercício dessa profissão, consoante faculta

a Constituição da República no art. 5°, XIII.

10. A referida Lei, todavia, não estabelece nenhuma exigência atinente à

qualificação técnica dos participantes em procedimentos licitatórios. Dessa forma

descabe cogitar "violação à lei especiar pelo Consórcio recorrido.

Consórdo FIDENS - SITRAN - VETEC - Rua Gonçalves Dias, 745 - BH I MG - Fone (31) 2121-0200.

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.:;,~-7_A.

11. A Resolução 444 de 14 de abril de 2000, editada pelo Conselho Federal de

Engenharia, Arquitetura e Agronomia - CONFEA, por sua vez, dispõe sobre o

Consórcio de empresas para participação em licitações.

12. Trata-se de ato normativo emanado pelo Conselho profissional que, de forma

alguma enquadra na exceção do inciso IV da lei 8.666/93, por não se tratar de lei em

seu sentido formal.

13. Isso porque, somente o Poder Legislativo pode editar leis com caráter de

obrigatoriedade, conforme versa o art. 59 da Constituição da República, respeitadas,

obviamente as competências privativas de cada esfera de poder.

14. O descumprimento da Resolução pode gerar efeitos tão-somente perante o

respectivo Conselho Regional, jamais a inabilitação do Consórcio recorrido na licitação

em apreço.

15. Portanto, resta comprovada a ausência de lei especial que estabeleça regras

quanto à qualificação técnica de empresas em licitações.

11.2. Do não enquadramento da exigência como qualificação técnica

A exigência contida na Resolução 444/2000 não tem o condão de inabilitar o16.

Consórcio.

17. Todavia, não se pode olvidar que a exigência de inscrição do Consórcio no

Conselho Regional não pode ser considerada como aferição de qualificação técnica de

licitantes.

Consórcio FIDENS - SITRAN - VETEC - Rua Gonçalves Dias, 745 - BH I MG - Fone (31) 2121-0200.

p

.SITRAN-MG

18. Isso porque, é sabido que os Consórcios não têm personalidade jurídica, ou

seja, basta o atendimento das exigências pelas empresas que o formam para atestar

ao Poder Público que o mesmo terá condições efetivas de executar o objeto do

certame.

19. Como corolário, a norma do art. 30, IV, da Lei 8.666/93, não se aplica à

Resolução 444/2000 do CONFEA, pois tal dispositivo refere-se apenas ao acréscimo

de exigências de qualificação técnica prevista em lei especial.

20. A exigência constante da Resolução, na verdade, tem natureza de qualificação

jurídica, já que visa conferir a aptidão jurídica do Consórcio.

21. As exigências de qualificação jurídica, previstas no art. 28 da Lei de Licitações

são taxativas, desse modo descabe acrescer exigência àquelas ali listadas.

22. No mesmo sentido é o entendimento de JESSÉ TORRES PEREIRA JÚNIOR ao

estabelecer um breve comparativo com a legislação anterior1:

A redação adotada pelo novo estatuto estabelece relações numerusclausus, vedando que a Administração demande a apresentação dequalquer prova diversa daquelas escritas no texto da Lei.Suprimiu, no pertinente àquelas qualificações, o espaço discricionário ecriou vinculação estrita. Poderá a Administração deixar de exigir todosos documentos previstos, atendendo á simplicidade do objeto a serlicitado, porém não poderá exigir diverso do previsto em lei (...).

23. Como corolário, diante da ausência de um dispositivo que permita o acréscimo

de exigências de qualificação jurídica, resta demonstrada a improcedência do recurso

interposto pela recorrente.

1 PEREIRA JÚNIOR. Jessé Tones. Comentários à Lei de LicitaçfJes e Conf1a~s da Administração Pública.

5ed., Rio de Janeiro: Renovar. 2002, p.325.Consóroo FIDENS - SITRAN - VETEC - Rua Gonçalves Dias, 745 - BH I MG - Fone (31) 2121-0200.

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11.3. Da restritividade da norma do CONFEA

24. Ainda que a Resolução do CONFEA tivesse a obrigatoriedade de uma lei, há

que se considerar, por óbvio, a restritividade da mesma em flagrante oposição aos

preceitos do inciso XXI, do art.37, da Constituição.

A finalidade da Resolução, repita-se, não é aferir a capacidade técnica das

licitantes, na verdade, tem cunho meramente arrecadatório.

26. Afinal, a norma impõe o ônus de um

indubitavelmente, desestimula a formação de consórcios.

registro às empresas o que,

27. Ressalte-se, q*ue, via de regra, os consórcios são formados por empresas que

não têm condições de competir isoladamente.

28. Acresça-se que a mera participação não implica em exercício profissional no

local, mas, apenas a inserção em um procedimento de seleção de uma proposta de

contratação.

29. Note-se que o Consórcio recorrido não foi constituído ainda. O que as

empresas apresentaram juntamente com a habilitação foi um termo de

compromisso de formação de Consórcio, conforme determina o art.33 do

Estatuto de Licitações.

30. O mesmo dispositivo, detennina, em seu §2°, que o "licitante vencedor fica

obrigado a promover, antes da celebração do contrato, a constituição e o registro do

consórcio, nos tennos do compromisso ...".

Consórcio FIDENS - SITRAN - VETEC - Rua Gonçalves Dias, 745 - BH I MG - Fone (31) 2121-0200.

.

31. Exatamente por isso, caso venha a sagrar-se vencedor na licitação, quando

deverá o Consórcio ser efetivamente constituído, o recorrido providenciará sua

inscrição nos moldes da Lei e das normas do Conselho.

32. O entendimento do TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL da 2a Região não destoa

do acima exposto2:

ADMINISTRTIVO - CONCORR~NCIA PÚBLICA - SERVIDOR DEJARDINAGEM - HABILlTAÇAO DE PROFISSIONAL - OBSERVANCIADO EDITAL.I - O edital é a lei do celfame licitatório. In casu, o objeto daconcoff§ncia é a prestação de selViço de jardinagem, limpeza econselVação das dependências do centro de instrução Almirante GraçaAranha, do Ministério da Marinha;II - Como condição de palficipação é exigido que a empresa pelfençaao ramo de atividade do objeto licitado;111 - Como prova de qualificação técnica exigida o registro ou inscriçãonos conselhos regionais de administração, engenharia, arquitetura e defannácia ou química;IV - A empresa vencedora da licitação atendeu a todos os requisitos.Consta dos autos apresentação por palfe da empresa vencedora de5(cinco) atestados de capacidades técnicas comtemplando prestaçãode selViço de manutenção de jardim, devidamente registrado junto aoCREA referentes aos períodos de 31de agosto de 1995 a 03 de janeirode 1996, tendo em sue quadro técnico engenharia no CREA;V - Impossibilidade do conselho de fiscalização de profissõesregulamentadas acrescentar regras às previstas no edital docertame licitatório;VI- Ausência de direito líquido e ceifo;VII - Apelação e remessa oficial providas; sentença refonnada.

(Grifos nossos)

33. Destarte, deve ser descartada a exigência de registro de Consórcio vez que

incompativel com os objetivos da Constituição da República (art.37, XXI) e da lei

8.666/93.

2 AMS - 9902312195/ RJ. DecisAo: 14/12/1999. DJU:2W2/2000. Relator(a) JUIZ NEY FONSECA.Consórcio FIDENS - SITRAN - VETEC - Rua Gonçalves Dias, 745 - BH I MG - Fone (31) 2121-0200.

v

.SITRAN-MG

11.4. Da ausência de previsão no instrumento convocatório

34. Atente-se que o Edital, lei interna da licitação, não determinou o cumprimento da

exigência apontada pela Recorrente.

35. Com isso, a exigência toma-se notadamente ilegal, pois, a Lei 8.666/93, dispõe

em seu art.3°, caput e no art.41 , caput, que a Administração está vinculada às

disposições do edital.

Sobre o tema cumpre citar as lições de MARIA SYL VIA ZANELLA DI PIETRO3:36.

Quando a Administração estabelece, no edital ou na carta-convite, ascondições para participar da licitação e as cláusulas essenciais dofuturo contrato, os interessados apresentarão suas propostas com basenesses elementos ;

37. Quanto à necessidade de especificações dessa espécie no instrumentoconvocat6rio, cabe citar o seguinte julgado do TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL da 1 a

Regiã04:

ADMINISTRA TIVO. LICITAÇAO. EXIGENCIA DE QUALlFICAÇAoT~CNICA QUE NAo CONSTOU DO EDITAL. ALTERAÇAo DOEDITAL EM RAzAo DE IMPUGNAÇAO CONHECIDA PELAADMINISTRAÇAO E NAo PUBLlCADA. OFENSA AO PRINCIpIO DAPUBLICIDADE E DA ISONOMIA. NULIDADE DO PROCEDIMENTOLICITA TÓRIO.1- Afigura-se imprescindível que do edital convocatório da licitaçãoconste a exigência de demonstração de capacidade técnica, confonnedetennina o art. 37, XXI, da Constituição Federal, e o art. 3D, da Lei n°8666/93.11- ~ nulo o edital que não prevê a apresentação das condiçõestécnicas para a execução dos serviços, sobretudo porque favorece aparticipação e eventual adjudicação a candidato não qualificado para a

3 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 14ed., sao Paulo: Atlas, 2002, p.307.. AMS - 199934000371742/DF, Decisão: 9/9/2002, DJ: 25/9fl002, Relator(a): DESEMBARGADOR FEDERAL

SOUZA PRUDENTEConsórdo FIDENS - SITRAN - VETEC - Rua Gonçalves Dias, 745 - BH I MG - Fone (31) 2121-0200.

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.

realização do objeto do certame, onerando, assim, a pr6priaAdministração.111- Em havendo alteração das condições previstas no edital dalicitação impõe-se a sua republicação, em observância ao princípio dapublicidade e da isonomia dos concon-entes.IV- Apelação e remessa ofICial desprovidas. Sentença confirmada.

38. Portanto, em atenção ao princípio da vinculação ao instrumento convocatório

(arts. 3° e 41 da Lei de Licitações) e da ampla competitividade é que deve ser rejeitado

o recurso interposto pela Recorrente.

11.5. Das conseqüências de uma eventual inabilitação

39. Por fim, cumpre destacar que na absurda hipótese da presente impugnaçao não

ser acolhida, praticamente TODAS as licitantes serão excluídas do procedimento, com

exceção da Recorrente.

40. Definitivamente tal decisão não atende ao interesse público, tampouco às

finalidades da licitação, uma vez que não haverá competição entre as participantes,

havendo apenas uma proposta de preços para ser julgada.

41. Consoante assevera MARÇAL JUSTEN FILHO5: "Respeitadas as exigéncias

para a seleção da proposta mais vantajosa, serão inválidas todas as cláusulas que,

ainda indiretamente, prejudiquem o caráter 'competitivo' da licitação".

42. Destarte, é imprescindível a manutenção do julgamento proferido por esta d.

Comissão, que ao habilitar o Consórcio recorrido respeitou a lei, o edital e com isso

atendeu à finalidade precípua da licitação: a ampla competitividade.

5 JUSTEN FILHO, Marçal. Comentários à Lei de Licitações e Conttatos Administrativos. 10ed., SAo Paulo: Dialética,

2004. p. 68-69.Consórcio FIDENS - SITRAN - VETEC - Rua Gonçalves Dias, 745 - BH I MG - Fone (31) 2121-0200.

/

CONSÓRCIO

SITRAN-MG

111. PEDIDO

43. Por todo o exposto requer seja acolhida a presente Impugnação, rejeitando o

recurso administrativo interposto pela Camter - Construções e Empreendimentos Ltda.,

mantendo assim a habilitação do Consórcio recorrido.

Pede Deferimento.

Brasília, 22 de agosto de 2005.

consórcio FIDENS - S1TRAN - VETEC - Rua Gonçalves Dias, 745 - BH I MG - Fone (31) 2121-0200.