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JUVENTUDE JUVENTUDE JUVENTUDE JUVENTUDE JUVENTUDE UNIÃO NACIONAL DOS ESTUDANTES UNIÃO NACIONAL DOS ESTUDANTES UNIÃO NACIONAL DOS ESTUDANTES UNIÃO NACIONAL DOS ESTUDANTES UNIÃO NACIONAL DOS ESTUDANTES TENDÊNCIA PETISTA ARTICULAÇÃO DE ESQUERDA

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JUVENTUDEJUVENTUDEJUVENTUDEJUVENTUDEJUVENTUDE UNIÃO NACIONAL DOS ESTUDANTESUNIÃO NACIONAL DOS ESTUDANTESUNIÃO NACIONAL DOS ESTUDANTESUNIÃO NACIONAL DOS ESTUDANTESUNIÃO NACIONAL DOS ESTUDANTES

TENDÊNCIA PETISTA ARTICULAÇÃO DE ESQUERDA

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O texto que você tem em mãos é uma das resolu-ções aprovadas pelo Segundo Congresso da tendên-cia petista Articulação de Esquerda, Congresso reali-zado entre os dias 2 e 5 de abril de 2015, no InstitutoCajamar (SP), simultaneamente à Oitava Conferên-cia Sindical nacional da Articulação de Esquerda.

Esta e as outras treze resoluções aprovadas peloCongresso da AE estão disponíveis no endereço

Apresentação

www.pagina13.org.br e também foram impressasno livro Um partido para tempos de guerra.

Esperamos que sua leitura e estudo contribuampara que a militância petista possa enfrentar comêxito as batalhas deste e dos anos que virão.

Rodrigo César e Valter PomarEditores

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Juventude

Há pouco mais de cinco meses, a mai-oria do povo brasileiro, da classe traba-lhadora, do campo democrático-populare da esquerda socialista reelegeu a Pre-sidenta Dilma Rousseff para seu segun-do mandato. Desta forma, chegava aofim o processo eleitoral mais polarizadodesde a disputa entre Lula e Collor, ocor-rida no segundo turno de 1989.

Vinte e cinco anos separam a primeira disputa pelaPresidência da República que teve a participação doPT e a última, até o momento. Desde aquela épocamuitas coisas mudaram. O mundo, a América Latinae o Brasil vivem outro momento de sua história.

No mundo, vimos a União Soviética ser implodidae o capitalismo conquistar a maior hegemonia de todasua história. Na América Latina, o último período foimarcado por uma contradição: mesmo com vitóriaseleitorais da esquerda, o descenso do movimento demassas e a hegemonia das políticas e do pensamentoneoliberal se manteve.

No Brasil, embora tenhamos disputado e vencidodiversas eleições municipais, estaduais e, a partir de

2002, a nacional, não fomos capazes desuperar o espólio conservador e autoritá-rio de 21 anos de Ditadura Militar, a tran-sição conservadora à democracia, os anosde “neoliberalismo puro”, nem realizamosqualquer reforma estrutural.

Quando olhamos o momento atual eo caminho percorrido pelo PT, de suafundação até hoje, percebemos que os

desafios do partido, do governo e dos movimentossociais têm um pano de fundo em comum: a estra-tégia. As turbulências deste início de mandato nãosão raio em céu azul.

A estratégia democrático-popular e socialista,hegemônica na esquerda brasileira durante os anos1980, foi substituída, a partir do X encontro nacio-nal do PT (1995, Guarapari-ES) pela chamada es-tratégia de centro-esquerda.

Quando comparamos a estratégia democrática-popular, vigente em 1989, com a atual, que orien-tou a última campanha e orienta nossos governos,podemos perceber que as “apostas” feitas em cadaperíodo são distintas.

Os desafios dopartido, do

governo e dosmovimentossociais têm

um pano de fundoem comum:a estratégia.

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Enquanto a primeira estratégia pode ser resumi-da, grosseiramente, ao chamado “tripé” (luta social,disputa institucional e construção partidária), a se-gunda pode ser sintetizada como “ganhar maioriainstitucional conciliando”.

Assim, tendo claro qual o pano de fundo, é possí-vel compreender que nem a composição ministerial,nem as MPs 664 e 665, os cortes de verbas, o ajustefiscal, a postura vacilante, a nomeação e a queda doministro da educação são “um ponto fora da curva”.

O segundo governo Dilma começa recuando, as-sumindo a postura de derrota política e abrindo mãodos compromissos assumidos durante a campanhaeleitoral, principalmente ao longo do segundo tur-no. Estes são sinais de que a estratégia de concilia-ção adotada não apenas exauriu, mas que beneficiaos interesses da classe dominante.

Todavia, a burguesia agora não tolera mais qual-quer conciliação. As eleições de 2014serviram para rearticular todas as fra-ções da burguesia e para tirar o chãodas ilusões daqueles setores que ima-ginavam ser possível contar com partedesta como aliada.

É tendo em vista este cenário que oPartido dos Trabalhadores precisa agir.No momento de ofensiva da direita opapel do partido não é apenas de rea-ção, mas de organização da contraofen-siva. Mas para poder contra-atacar, énecessário mudar a estratégia.

Neste cenário de acirramento da lutade classes e ofensiva do conservadoris-

mo, o tema, a disputa e a mobilização da juventudeganham centralidade. Momentos diversos da his-tória do país demostram que a juventude cumpreimportante papel na luta social na perspectiva deimpulsionar transformações.

Nestes 12 anos dos governos federais encabeça-dos pelo PT, é inegável um avanço no que se refereàs questões que envolvem a juventude. Pela primeiravez as políticas de governo passaram a ser orienta-das por uma concepção de que o jovem não é maiscompreendido como um “problema social”, e simcomo um sujeito de direitos.

A partir dessa nova reorientação, criou-se a Se-cretaria Nacional de Juventude e seu respectivo Con-selho, que desenvolveram políticas públicas para ajuventude, aprovando o Estatuto da Juventude. En-tretanto, este ainda carece de regulamentação.

Em que pese os avanços, o desenvolvimentode políticas públicas sem mudançasestruturais não dá conta de resolver osprincipais problemas que afligem a ju-ventude brasileira.

Com o modelo econômico centradono setor terciário, onde se concentra amaior parte da juventude trabalhadora,as vagas de emprego estão submetidasa uma lógica de precarização, baixo sa-lários e alta rotatividade. Vale ressaltarque estes setores são um dos mais pre-judicados com o pacote Levy.

Não basta apenas ampliar o acessoda juventude ao consumo, às vagas noensino superior e ao mercado de traba-

O desenvolvimentode políticas

públicas semmudanças

estruturais nãodá conta deresolver osprincipaisproblemas

que afligema juventudebrasileira.

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lho, se isto não vier acompanhado de umprocesso de disputa ideológica e de mu-danças estruturais.

Os jovens trabalhadores ao ingressa-rem nas universidades, por exemplo, sedeparam com uma estrutura antidemo-crática, precarizada, mercadológica evoltada para a reprodução do sistema ca-pitalista.

Na política de segurança pública nãohouve avanços no debate sobre adesmilitarização da polícia, mantendo-se a sua ação na repressão, no racismo eno encarceramento em massa, tendocomo principal alvo a juventude negra,pobre e moradora da periferia, que continua sendoexterminada.

Permanece urgente a disputa da hegemonia cultuale ideológica na sociedade brasileira. Sem democrati-zar os meios de comunicação, alterar o sistema edu-cacional e promover uma emancipação cultural, ajuventude continuará sendo vítima da ideologia dasclasses dominantes.

É extremamente necessário também, uma refor-ma política que amplie os mecanismos de democra-cia direta, o protagonismo e a participação popular.

Sem isso, as mulheres, a classe trabalhadora, apopulação negra, a população indígena e LGBT,continuarão subrepresentadas e reféns do ideárioconservador no Congresso Nacional. O quadro apon-ta para retrocessos imensos nos direitos sociais parajuventude, como por exemplo a proposta de redu-ção da maioridade penal.

A partir desse cenário, se reforça anecessidade de mudar a atual estratégiade conciliação de classes, que não con-tribui para transformações profundas nascondições de vida da juventude e da clas-se trabalhadora.

Nesse sentido, a juventude assumeum papel central nos rumos da política,da cultura e das diversas esferas da vidasocial. Pois nessa etapa de vivência cons-troem-se identidades, que visam não sóa personalidade do jovem, como tambéma consciência política e social, que sãoparte fundamental da disputa de hege-monia na sociedade brasileira.

Uma juventude petistapara tempos de guerra

“Eis que se aproximam primaveras.Preparemos nossas armas,

poemas, flores e aquarelas.”

Diante da maior crise da história do Partido dosTrabalhadores ao longo de seus 35 anos de existên-cia, o 3º Congresso da Juventude do PT pode e devecumprir uma tarefa fundamental, que infelizmente foirepetidamente preterida e/ou postergada pela atualmaioria que dirige a Secretaria Nacional da Juventu-de do PT, qual seja: debater, problematizar e proporuma alternativa à estratégia hegemônica no interiordo PT e da JPT desde meados da década de 1990.

Quando a tese da conciliação de classes para a

Sem democratizaros meios de

comunicação,alterar o sistema

educacional epromover umaemancipação

cultural, ajuventude

continuará vítimada ideologiadominante.

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conquista do governo central – e posteri-ormente para a manutenção de um recu-ado modelo de governabilidade institucio-nal – tornou-se hegemônica, suas conse-quências foram limitadoras para a luta so-cialista no Brasil e na América Latina.

Trata-se de um debate central para oconjunto do PT e especialmente para aJuventude do PT. A política da Secreta-ria de Juventude rotineiramente é instrumentalizadaa serviço de uma política rebaixada e que, por suavez, não conseguiu superar sua dispersão e desori-entação, não acumulou um programa político con-tra-hegemônico capaz de orientar sua práxis, seumodelo organizativo e de pautar os rumos do PT.

Não travar esse debate seria negar a dialética dahistória, capitular ao formalismo, como se os nos-sos problemas fossem somente oriundos de nossosmétodos, como se a forma não existisse em funçãodo conteúdo e o conteúdo não exigisse uma formadeterminada.

Em linhas gerais, estamos dizendo que as fragi-lidades da Juventude do PT estão relacionadas àsfragilidades do nosso partido. Deste modo, as fragi-lidades do PT decorrem dos equívocos da estraté-gia e da tática hegemônicas no seu interior; nossosproblemas organizativos e metodológicos não serãosuperados sem que alteremos a estratégia, abando-nando a política de conciliação de classes, que re-sulta no melhorismo sem mudanças estruturais.

A JPT, em consonância com a maioria do PT,adotou um modelo organizativo incapaz de respon-der aos desafios históricos da classe trabalhadora e

especialmente da juventude trabalhado-ra, afastando-se de programa democrá-tico-popular e socialista para um progra-ma que inclui tinturas melhoristas,neodesenvolvimentistas, socialdemocra-tas e por vezes social-liberais.

Objetivamente, o modelo organizati-vo que conquistamos através de muitodebate no interior da juventude petista –

que culminou no 1º Congresso da Juventude do PTem 2008 – não se materializou na prática por estar aserviço dessa mesma política.

A necessidade e o desafio de a Juventude do PTser uma juventude de massas, enraizada nos maisdiversos movimentos juvenis para assim travar adisputa política e cultural no interior da sociedadebrasileira, sempre foi consenso entre nós. Já o ca-minho a ser trilhado para enfrentarmos esse desafioe essa necessidade não.

Precisamos distinguir dois momentos do PT en-quanto partido de massas para entender corretamentecomo enfrentar o desafio de constituir uma juventu-de petista de massas.

Inicialmente, o PT se constituiu enquanto umpartido de massas orientado por um programa anti-capitalista, democrático-popular e socialista. Seja naluta pela redemocratização, seja no “quase lá” ouno combate ao neoliberalismo, nos constituímos en-quanto um partido de milhares de militantes embusca de um novo mundo possível.

Posteriormente, após a capitulação programáti-ca operada pela maioria que se conformou no inte-rior do PT em 1995, o rebaixamento do programa

Os problemasorganizativos e

metodológicos daJPT não serãosuperados semque alteremos aestratégia do PT.

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foi acompanhado por uma transição do partido dedezenas de milhares de militantes para o partido decentenas de milhares de filiados, que por sua veztinham duas tarefas essenciais: 1) garantir a repro-dução da estratégia de centro-esquerda no interiordo PT de PED em PED; 2) fazer campanha e votar13 nos anos pares.

Estado da arte: não seremos capazes de superarnossos problemas organizativos sem avançar no pro-grama da Juventude do PT, assim como não atingi-remos nosso objetivo de ser uma juventude efetiva-mente de massas sem que o conjunto do PT atualizesua estratégia.

Problemas que estão situados em um contextomaior, de acirramento da disputa de classes no Bra-sil e na América Latina, de esgotamento da estraté-gia sintetizada na “Carta ao povo brasileiro” e depossibilidade concreta de uma derrota global do PTe da esquerda brasileira amanhã ou no decorrer dospróximos quatro anos.

Cabe destacar que apesar dos sinto-mas mais explícitos do esgotamento daestratégia do PT serem mais recentes,estando localizados temporalmente emjunho de 2013, outubro de 2014 e mar-ço de 2015, nós da Articulação de Es-querda e da JAE denunciamos o defeitode fabricação dessa estratégia desde quenos constituímos enquanto tendência,sempre lembrando o fracasso político dasocialdemocracia europeia.

Cabe destacar ainda que apesar determos pautado um novo modelo orga-

nizativo para a Juventude do PT, materializado no1º Congresso da JPT, tal modelo organizativo esta-va e deve estar intimamente vinculado a uma con-cepção de juventude e a uma estratégia democráti-co-popular e socialista, sem as quais o modelo estáfadado, como é perceptível, ao fracasso.

Quando transitamos do modelo de setorial para omodelo de secretaria, dos encontros para os congres-sos, defendemos que a Juventude do PT precisavaestar enraizada nos mais diversos movimentos juve-nis, constituir-se enquanto uma juventude de mas-sas. Para tanto, defendemos que seria necessário:

1.Desencadear um amplo processo de nucleaçãoda juventude petista, na contramão da burocratiza-ção partidária;

2.Reivindicar uma autonomia relativa, de formaque a Juventude do PT pudesse eventualmente assu-mir posições diferentes daquelas do conjunto do PT;

3.Estadualizar e municipalizar a Juventude doPT através da realização de congressos municipais

e estaduais, acompanhados das eleiçõesdas secretarias municipais e estaduais,enraizando o debate na base da juventu-de petista e possibilitando maisorganicidade à juventude do PT, com aSecretaria Nacional da JPT produzindopolítica para as instâncias estaduais emunicipais;

4.Reivindicar e edificar a autonomiafinanceira da juventude do PT, com adestinação de no mínimo 5% do orça-mento partidário para a juventude petis-ta, de modo a permitir o necessário fun-

O novo modeloorganizativo daJPT deve estar

vinculado a umaconcepção dejuventude e a

uma estratégiademocrático-

populare socialista.

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cionamento das instâncias e o cumprimento das ta-refas fundamentais em cada conjuntura.

Fomos capazes de construir um amplo consensoem torno do núcleo de nossa tese sobre o modelo orga-nizativo da Juventude do PT, embora tenhamos sofri-do uma derrota importante: a questão da autonomiafinanceira. Avaliamos que essa derrota contribuiu paraa fragilização do novo modelo organizativo da JPT econsequentemente para a limitação da JPT no enfren-tamento de seus desafios históricos.

Entretanto, foi a vitória do melhorismo e a simul-tânea derrota do programa apresentado pela JAE aprincipal responsável pelo fracasso das sucessivasgestões da Juventude do PT, em maior grau da atualgestão da Secretaria Nacional da JPT, no sentido denão constituir uma juventude petista de massas,enraizada e unificada nos mais diversos movimentosjuvenis, municipalizada, pautando o PT e a socieda-de, protagonizando a luta social, travando a disputapolítica e cultural na sociedade e tambéma disputa institucional.

Uma consequência bastante visíveldesse processo foi o rebaixamento dapolítica da juventude do PT a um debateigualmente rebaixado e exclusivista depolíticas públicas de juventude.

Se por um lado o debate sobre PPJsno interior da juventude do PT, do PT edos movimentos de juventude produziuum saldo político importante, expressona criação da Secretaria Nacional de Ju-ventude, do Conselho Nacional de Ju-ventude, na realização das conferências

nacionais, na aprovação do Estatuto da Juventude ena elaboração de uma limitada política nacional dejuventude, a ser executada pela Secretaria Nacionalde Juventude do governo federal, por outro lado ain-da não conseguimos responder significativamenteàs demandas concretas das juventudes – especial-mente da juventude pobre e negra – por políticaspúblicas capazes de efetivar seus direitos fundamen-tais e específicos, a juventude do PT se inseriu ain-da mais na dinâmica de institucionalização e buro-cratização do conjunto do PT e muitas vezes as ta-refas da juventude petista foram terceirizadas parao governo e até mesmo outros partidos.

Outra consequência bastante visível foi o relati-vo fracasso da política de cota para juventude nasinstâncias partidárias. Relativo, pois foi uma vitóriaimportante, recheada de simbolismo. Entretanto,como não foi acompanhada do devido debate sobreo papel da juventude do PT nas instâncias partidári-

as, sobre a necessária transiçãogeracional no interior do PT, sobre a ne-cessária autonomia da JPT para dis-putar os rumos do PT, o resultado nãofoi o esperado. Não por acaso percebe-mos o rebaixamento do papel dos diri-gentes jovens do PT, que muitas vezescumprem a mera função de enfeite oude penduricalho.

Além disso, setores do PT e da JPTpassaram a elaborar e defender uma teseextraterrestre, afirmando que está emcurso no Brasil uma verdadeira revolu-ção democrática.

A vitória domelhorismoresultou no

rebaixamento dapolítica da JPT a

um debateigualmenterebaixado e

exclusivista depolíticas públicas

de juventude.

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Ora… a juventude pobre e negra sen-do exterminada, os sem terra ainda semserra, os sem teto ainda sem teto, a mo-bilidade urbana caótica nos centros ur-banos, o sistema político ainda refém dopoder econômico, o sistema tributárioainda em função da burguesia, a políti-ca econômica e fiscal ainda refém do ca-pital financeiro internacional… mas es-

taria em curso no país uma “revolução”.Uma “revolução” sem transformação

superestrutural, uma “revolução” sus-tentada pelo PMDB e suas caricatas li-deranças, uma “revolução” com retro-cessos para as conquistas da classe tra-balhadora, mas ainda assim uma revo-lução. Apesar do caráter extraterrestreda tese, as consequências foram bastan-

A políticaeconômica e fiscal

ainda refém docapital financeirointernacional...mas estaria em

curso no país uma“revolução”!

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te reais, pois se estamos construindo uma revoluçãodemocrática significa que estávamos no caminhocerto, que a JPT e o PT vêm cumprindo seus desa-fios históricos… só que não é assim!

Faz-se urgente e necessário resgatar o conteúdoda resolução aprovada no 7º Encontro Nacional doPT:

As correntes socialdemocratas não apresentam,hoje, nenhuma perspectiva real de superação his-tórica do capitalismo. Elas já acreditaram, equi-vocadamente, que a partir dos governos e institui-ções do Estado, sobretudo o parlamento, sem amobilização das massas pela base, seria possívelchegar ao socialismo. Confiavam na neutralidadeda máquina do Estado e na compatibilidade da efi-ciência capitalista com uma transição tranqüilapara outra lógica econômica e social. Com o tem-po, deixaram de acreditar, inclusive, na possibili-dade de uma transição parlamentar ao socialismoe abandonaram não a via parlamentar, mas o pró-prio socialismo. O diálogo crítico com tais corren-tes de massa é, com certeza, útil à luta dos traba-lhadores em escala mundial. Todavia seu projetoideológico não corresponde à convicção anticapi-talista nem aos objetivos emancipatórios do PT.

Se o conteúdo desta resolução de 1990 está correto,e nós consideramos que está, resta nítidoque o PT precisa dar uma guinada à esquer-da, do contrário será sepultado enquanto ins-trumento da classe trabalhadora.

Mas o pessimismo da razão nos aler-ta que nada é tão ruim que não possapiorar. Nos bastidores do que resta da

Secretaria Nacional da JPT, a proposta de eliminaro modelo congressual e transferir o processo de de-bate e de organização da JPT para o interior do PEDronda o ambiente.

Manifestamos total repúdio a essa proposta, poisresultaria no sepultamento de um processo aindainsuficiente, mas que pode vir a ser um processoprogressivo, de fortalecimento da juventude do Par-tido dos Trabalhadores e das Trabalhadoras enquantoorganização revolucionária e de massas.

O diagnóstico é grave, mas é necessário partirdele para elencar os imensos deságios da juventudedo PT no próximo período, de modo a evitar quecometamos os mesmos erros e que avancemos rumoà construção de uma juventude petista para temposde guerra.

Propostas e Desafios rumoao 3º Congresso da JPT

1.Realização imediata de reunião do ConselhoPolítico da JPT, com vistas à convocação do 3ºConJPT;

2.Transformar o 3º Congresso da Juventude doPT em espaço de um amplo debate político, capazde agregar não apenas a militância da JPT, mas tam-

bém a base social da juventude petista;3.O debate político deve ser

estruturado em torno de seis eixos fun-damentais: 1) conjuntura internacional enacional; 2) estratégia democrática-po-pular e socialista; 3) modelo organizati-vo da JPT; 4) juventude brasileira e mo-

Manifestamostotal repúdio a

essa proposta dePED na

Juventude do PT.

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vimentos sociais; 5) juventude, trabalhoe sindicalismo; 6) transição e opressãogeracionais;

4.Colocar a política no comando daconstrução do 3º ConJPT, em detrimentoda matemática que visa tão somente a re-produção quase automática de uma he-gemonia;

5.Construir os meios necessários parao enraizamento do debate na base da ju-ventude petista, garantindo igualdade decondições para reprodução e difusão dasteses em disputa, bem como para a estadualizaçãodo debate entre as candidaturas nacionais;

6.Realizar a transmissão simultânea via internetdo 3º ConJPT e se possível dos congressos estadu-ais, permitindo que a juventude brasileira tenha aces-so ao que está em debate no interior da JPT e do PT;

7.Eleger uma comissão plural, democrática e comparidade de gênero para organização e realizaçãodo 3º ConJPT, com representações de todas as ten-dências nacionais do PT, na qual o consenso deveser a regra para as deliberações;

8.Se a comissão organizadora do 3º ConJPT iden-tificar e comprovar fraudes nos congressos munici-pais ou estaduais, deverá invalidar os congressos frau-dados e, identificada a autoria do processo de fraude,encaminhar pedido de expulsão dos envolvidos;

9.Inserir na programação do 3º ConJPT a Plená-ria de Jovens Mulheres do PT, a Plenária da Juven-tude Negra do PT, a Plenária da Juventude LGBTdo PT, a Plenária de Estudantes Petistas e a Plená-ria da Juventude Sindical do PT, sem que choquem

entre si e sem que choquem com outrasatividades do congresso, orientando quecada uma delas deverá encaminhar umaproposta de resolução ao 3º ConJPT;

10.Retomar o debate sobre o finan-ciamento da juventude do PT, sem oqual teremos dificuldade de efetivar apolítica aprovada no congresso, seja elanorteada por uma estratégia melhoristaou por uma estratégia democrático-po-pular e socialista;

11.Realizar uma autocrítica contun-dente sobre as diversas prorrogações da atual ges-tão da Secretaria Nacional da JPT, e consequente-mente das gestões estaduais e municipais, em totaldesrespeito às deliberações do 2º ConJPT e em to-tal descaso com a organicidade da JPT ;

12.Debater e aprovar uma política de comunica-ção de massas da JPT, sem a qual será impossível aconstituição de uma juventude petista de massas;

13.Ante a necessidade de ter uma política per-manente de ocupar as ruas, sob pena de a direitapassar a ocupar também este espaço que semprehegemonizamos, o 3º ConJPT deve aprovar umaresolução específica sobre a necessidade do PT eda JPT protagonizarem a construção de uma frentede luta pelas reformas populares, em detrimento dogovernismo e de sua defesa irresponsável de toda equalquer política governamental, a exemplo dasmedidas provisórias de ajuste fiscal.

Ante anecessidade de

ocupar as ruas, oPT e a JPT devem

protagonizar aconstrução de

uma frente de lutapelas reformas

populares.

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Organização daJuventude Trabalhadora

Com a presença crescente da juventude no mer-cado de trabalho e a baixa sindicalização desse setor,entendemos ser fundamental que a juventude da AE,que nos últimos anos vem qualificando o seu debatena esfera sindical, construa um programa que visedisputar a juventude trabalhadora na perspectiva deampliação de sua organização sindical.

Hoje a juventude trabalhadora, em sua maioria,encontra-se no setor comercial, constru-ção civil e de telemarketing, onde as con-dições de trabalho são extremamente pre-cárias, os salários são reduzidos e há umagrande rotatividade.

Acreditamos ser essencial que a CUTtenha uma política específica para a ju-ventude. A construção dessa política temcomo papel central atrair a juventude paraas organizações sindicais e direcionar aossindicatos da base cutista. A importânciade disputar esse importante setor, que emsua maioria não se sente representado no“antigo sindicalismo” ou não se identifi-ca com as formas tradicionais de organi-zação política, principalmente por conta do reflexoda educação neoliberal que assolou o nosso país du-rante a década de 1990, nos coloca as seguintes di-ficuldades:

1.Como dialogar com a juventude neste contex-to de retirada de direitos, sobretudo no que diz res-peito às MPs 664 e 665, quando a política de segu-

ro desemprego se torna fundamental, dada a altarotatividade do mercado de trabalho neste momen-to de “construção profissional”?

2.Como dialogar com a juventude em um con-texto de cortes e reestruturação das universidades,cortes que vão de encontro a política de ensino pú-blico e de qualidade?

3.Como quebrar a ideologia neoliberal reprodu-zida pelas instituições políticas e educacionais?

4.Como defender junto aos jovens as formas deorganizações políticas tradicionais de reivindicação de

direitos, nesta conjuntura e principalmen-te no cenário de criminalização da políti-ca colocada pela imprensa no Brasil?

Encontramos um grande desafio paraa Juventude da AE: expandir do Movi-mento Estudantil (hoje a maior espaçode atuação da JAE) para os demais es-paços de organização das juventudes,principalmente dos que estão inseridosno mercado de trabalho. Para isto pre-cisamos, sobretudo compreender as ca-racterísticas da juventude trabalhadora.

É fundamental aliar a pauta da ju-ventude trabalhadora e a luta sindicalcom a mudança estrutural do modelo

educacional presente nas escolas e na formação dajovem e do jovem trabalhador.

É necessário oxigenar o movimento sindical, poishá uma inabilidade em formar novos quadros, dia-logar com as novas gerações e enfrentar os novosdesafios conjunturais, tanto no plano da concepçãoquanto do método. Isto é, existe uma dificuldade do

As condições detrabalho damaioria dajuventude

trabalhadora sãoextremamenteprecárias, ossalários são

reduzidos e háuma granderotatividade.

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movimento sindical em dialogar com os anseios dajuventude na sua maioria e representar na mesmaproporção o espaço que os jovens ocupam no mun-do do trabalho, assim como a grande parte da ju-ventude trabalhadora não se identifica com as for-mas tradicionais de organização política.

Fortalecer a Secretaria de Juventude da CUTdeve ser papel central no próximo período: fugir daburocratização, investir em trabalho de base e for-mação política, visando disputar as consciências dosjovens trabalhadores.

É fundamental que a Juventude da CUT consigaexpandir a sua esfera de relação com os demaismovimentos de juventude e inserir-se nos debatesgerais da classe trabalhadora, ressaltando um recortede juventude.

Vamos estimular que os sindicatos filiados cri-em espaços de organização de jovens, complemen-tando políticas para ampliar o diálogo com a Juven-tude, com políticas de comunicação e defiliação específicos para juventude. Éfundamental estimular o debate de cotaspara a juventude na disputa das chapase direções sindicais.

Devemos acompanhar as eleições es-taduais da CUT, para garantir a partici-pação da Juventude na Central Única dosTrabalhadores.

É necessário romper com as relaçõesde opressão geracional que se perpetu-am fortemente nos locais de trabalho esão reproduzidos nas esferas de organi-zação sindical. Nesse sentido, é funda-

mental incentivar que a juventude também ocupeespaços de direção sindical.

A CUT precisa ter uma estratégia para expandira sua intervenção no setor terciário, onde a juventu-de trabalhadora se concentra. E, também, incenti-var a discussão com a juventude trabalhadora quese encontra no setor informal da economia, em con-dições precárias de trabalho.

A tarefa da construção de outro tipo de socieda-de é árdua e precisaremos de bastante dedicação. E,acima de tudo, da certeza de cada um e de cadauma de que as pedras no caminho virão e não serãopoucas: apenas com a convicção de que estamos nocaminho certo será possível trilhá-lo.

Uma juventude petistapara tempos de guerra

O cenário não é de terra arrasada, muito pelocontrário. As condições objetivas e sub-jetivas impõem ao conjunto do PT e daesquerda brasileira uma nova estratégiapolítica.

Se é verdade que o esgotamento daatual estratégia abre a possibilidade deuma derrota global do petismo e da es-querda, também é verdade que abre apossibilidade de uma reação política queresulte na derrota dos setores golpistas,entreguistas e neoliberais e na vitória deuma nova estratégia, sustentada com amobilização permanente da classe tra-balhadora nas ruas de todo o país.

A Juventude daCUT deve

expandir a suaesfera de relação

com os demaismovimentos de

juventudee inserir-se nosdebates gerais

da classetrabalhadora.

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É por entendermos que a esperança évermelha e que necessitamos de uma ju-ventude petista para tempos de guerraque disponibilizamos o nome do com-panheiro Patrick Campos, atualmente di-rigente da União Nacional de Estudan-tes, para encabeçar o processo de refor-mulação programática e organizativa dajuventude do Partido das Trabalhadorase dos Trabalhadores.

Buscaremos representar um coleti-vo de lutadores e lutadoras da juventu-de brasileira que nunca abandonou asruas nem a utopia socialista, que nuncafugiu das tarefas impostas pelas maisvariadas conjunturas, que dia após diafaz uma escolha: doar sua vida à luta popular e àconstrução de um mundo liberto de todas as for-mas de opressão.

A candidatura à Secretaria Nacional da Juventu-de do PT representa o resgate da palavra socialis-mo, praticamente eliminada do dicionário de algunssetores do PT. O resgate da palavra, do programa,

do debate político e da práxis estrategi-camente orientada.

Em tempos de guerra, tudo que menosprecisamos é de dirigentes incapazes decompreender o atual estágio da luta de clas-ses no Brasil, dedicados ao turismo insti-tucional e prisioneiros do governismo ir-responsável. A Secretaria Nacional da JPTdeve ser o lugar da grande política, do di-álogo permanente com as juventudes quelutam por terra, moradia, educação, trans-porte público e especialmente com a ju-ventude pobre e negra que luta pelo direi-to de viver. A Secretaria Nacional da JPTdeve ser o centro de comando daestadualização e municipalização da juven-

tude petista, assim como um dos polos da necessáriaguinada do PT à esquerda.

Com a política no comando e o compromisso deconstruir uma gestão democrática, socialista e com-prometida em transformar a juventude do PT numajuventude revolucionária e de massas, apresentamosnossa candidatura, sem medo de lutar e ser feliz!

A candidaturade PatrickCampos àSecretaria

Nacional da JPTrepresenta oresgate da

palavrasocialismo,

praticamenteeliminada do

dicionáriode alguns

setores do PT.

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União Nacional dos Estudantes

O movimento estudantil continua sen-do um dos principais movimentos de or-ganização das juventudes no Brasil. Evi-dente que possuímos diversos outrosmeios de organização, mas a União Na-cional dos Estudantes, que protagonizougrande parte das mobilizações e lutas es-tudantis e sociais desde seu surgimentoem 1937, segue como uma importanteferramenta de articulação e mobilização dos estu-dantes em nível nacional.

Em 2015 a UNE vai realizar seu 54º Congresso.Este será um momento decisivo para o movimentoestudantil debruçar-se sobre o papel da entidade naatual quadra da história. Em um momento de acirra-mento da luta de classes, de aumento do conservado-rismo na sociedade e na juventude, de possibilidadede retrocessos em conquistas importantes no tema daeducação, é reforçada a necessidade de disputar aUnião Nacional dos Estudantes. Principalmente por-que, frente a este cenário, a direção majoritária daentidade se mostra imobilizada, estando muito aquémdo papel que deveria cumprir para a mobilização e

organização dos estudantes.Há mais de 15 anos a Juventude da

Articulação de Esquerda vem apontan-do que a UNE vivencia uma crise de re-presentatividade. Crise que, por inúme-ras razões, mas principalmente por con-ta de suas direções, atingiu o ponto decrise de legitimidade. Hoje, a UNE nãotem se distanciado apenas das ruas e dos

amplos movimentos de juventude, mas também dasala de aula e das universidades, sendo desconheci-da pela ampla maioria dos estudantes.

Parte desta crise pode ser explicada tendo emvista aspectos conjunturais, como o descenso dasmobilizações de massas da década de 1990, o acir-ramento do ideário neoliberal e o aumento do des-crédito com a política. No entanto, é responsáveltambém a forma como atua o setor majoritário dadireção da UNE, capitaneado pela juventude doPCdoB. É este campo majoritário organizado peloPCdoB quem conduz a entidade, bem como sua atualestrutura organizativa; a política que apresentamvem norteando as ações da entidade.

A política quenorteia as açõesda UNE não é

capaz de atrair emobilizar o

conjunto dosestudantes.

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Nesse sentido, iremos para o 54º congressoescrachando a ausência de democracia, o centralis-mo na condução e o esvaziamento do debate nasinstâncias de decisão.

A maneira burocratizada e antidemocrática como aentidade é conduzida inviabiliza qualquer possibilida-de de unidade do conjunto do movimento estudantil econtribui inclusive para inviabilizar ações unitárias doconjunto dos setores que constroem a entidade.

Também pautaremos uma mudança na direçãopolítica da entidade. No cotidiano das universida-des, onde os estudantes vivenciam uma série de pro-blemas estruturais, enfrentam dificuldades de per-manência e encaram estruturas antidemocráticas eum modelo de ensino bancário, a política que norteiaas ações da UNE não é capaz de atrair e mobilizar oconjunto dos estudantes. Esta política de apenasdefender a ampliação das estruturas vigentes e deaderir acriticamente às ações do governo federal estáequivocada e é incapaz de atrair e apaixonar os es-tudantes para as fileiras do movimento estudantil.

Em nossa opinião é preciso outra di-reção para a UNE. Acreditamos que diri-gir a UNE é fazê-la cumprir seu papeldirigente no movimento estudantil frentea todos os estudantes. Para a Reconquis-tar a UNE o PT deve ser, principalmentena atual quadra da história, a força políti-ca e social que reúna as condições de in-fluenciar a União Nacional dos Estudan-tes no sentido de constituir outra direção.

Aos camaradas do PCdoB nossos sin-ceros ânimos revolucionários e de reco-

nhecimento por suas ações, mas a retomada dasgrandes lutas do movimento estudantil brasileirodirigidas pela UNE já deixou há muito tempo depassar pela política que vêm sendo apresentada.

A juventude do PT

É com esta leitura que voltamos a fazer um cha-mado a toda a Juventude do Partido dos Trabalha-dores para discutir uma estratégia petista para aUNE.

O PT, maior referência política e social da classetrabalhadora brasileira, não pode se furtar de agirnum momento de crise. E é isso que há hoje com aUnião Nacional dos Estudantes: uma criseaprofundada.

A história da Juventude do PT no movimentoestudantil não pode ser vista como a história daque-les que podendo assumir o timão do navio que se-gue rumo à geleira e mudar sua direção, prefere se-guir as orientações do já desorientado comandante

que deseja afundar com sua embarca-ção. Submeter ou se render as aliançaspragmáticas por espaços na diretoria daUNE não é posição condizente com a his-tória do PT e de sua juventude. Mas,além disso, não pode ser a opção feitanum dos momentos de maior acirramen-to da luta de classes no país.

Dessa forma ao longo do ano de 2015,ano de Congresso da UNE, faremos asjustas e devidas reflexões sobre os ru-mos da entidade e do conjunto do movi-

Se renderàs alianças

pragmáticas porespaços na

diretoria da UNEnão é posição

condizente com ahistória do PT ede sua juventude.

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mento estudantil universitário no Brasil.E voltamos a apontar como centro da es-tratégia a unidade petista na construçãoda União Nacional dos Estudantes.

Campo popular

Quando começamos o diálogo sobrea criação de um novo Campo para a dis-puta da UNE, fazíamos isso numa con-dição defensiva. A Articulação de Es-querda havia passado por um processo de divisãoem seu Primeiro Congresso (2011) e nossa atuaçãona juventude e no movimento estudantil foi bastan-te atingida.

Lembramos que naquele mesmo ano de 2011,antes mesmo do Primeiro Congresso da AE, o Con-gresso da UNE foi marcado pela migração de maisuma força petista para o campo dirigido pelo PCdoB.

O coletivo Para Todos, vinculado a tendênciapetista Construindo um Novo Brasil (CNB), foi aúltima de três forças que desde 2005 elaboraramnovas táticas para a construção da entidade, estan-do nessa tática a aliança com a direção majoritária.

O que chamamos de “giro político” foi iniciadopelo Movimento Mudança em 2005. Em 2007 se-guiram o mesmo rumo o movimento Kizomba, vin-culado a tendência petista Democracia Socialista(DS). A CNB foi a última a embarcar neste bondede forças no qual já seguiam viagem o PCdoB, PSB,PDT, PMDB e nem tão pouco frequentemente par-tidos das hostes da Direita brasileira a exemplo dopróprio PSDB.

Como nossa tática de construção daUNE sempre passou pela unidade dasforças petistas, mantivemos a posiçãomesmo que numa situação de momen-tâneo isolamento no CONUNE de 2011.Mas como o mundo gira e com ele suasengrenagens, a situação com a qual nosdeparamos na Bienal da UNE em janei-ro de 2013 mostrou que mantivemos aposição acertada.

Vale destacar que neste meio tempotentou-se dar volume à falsa ideia de ”bipolarização”no interior da UNE, como se apenas dois camposconstruíssem a entidade. De um lado os Aliados doCampo Majoritário, do outro o Eixo autoproclamadoOposição de Esquerda, composto pelas tendênciasdo PSOL e pelo PCR.

De um lado o governismo cego e inconsequente.Do outro, um oposicionismo desmedido e desregra-do (da maioria destes), incapaz de enxergar a reali-dade. Mas não é apenas a posição acerca do GovernoFederal que divide opiniões. Há um conjunto de ques-tões sobre o próprio funcionamento da UNE; seusespaços de deliberação (ou ausência destes); mas prin-cipalmente o projeto de Educação e de Universidadedefendido (ou combatido) por cada organização.

E é sobre este aspecto prioritário que a Recon-quistar a UNE busca construir sua posição. Para nós,este jogo de aparências mantido pelo Campo Majo-ritário e pela Oposição de Esquerda está muito abai-xo da política necessária para a União Nacional dosEstudantes. Precisamos de um verdadeiro projetode Universidade e de um projeto de educação para

O CampoPopular tem sidoum importante

espaço deorganização dosestudantes que

desejam disputaros rumosda UNE.

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o país, no qual os estudantes sejam pro-tagonistas.

Foi com o objetivo de acumular for-ças e organizar a parcela dos estudantesque faziam esta avaliação que durante oCONEB/Bienal de 2013 no Recifea Reconquistar a UNE impulsionou acriação do Campo Popular. Junto ao co-letivo Quilombo, vinculado a tendênciapetista EPS, junto ao Movimento Mu-dança e ao Levante Popular da Juventu-de (Consulta Popular), reunindo estudan-tes de entidades como as executivas e federaçõesde cursos, DCEs e UEEs, o Campo Popular obteveuma grande vitória política no CONEB ao apresen-tar três resoluções e pela primeira vez em muitosanos superar a Oposição de Esquerda.

No Congresso da UNE, realizado meses depois, oCampo já estava consolidado como uma verdadeiraalternativa de direção para a UNE. Mesmo com deba-tes acalorados sobre ser uma frente de oposição ouapenas uma alternativa de direção, o fato é que o Cam-po Popular proporcionou uma mudança nos ventos quesopram no interior da União Nacional dos Estudantes.

Numa linha crescente, o Campo tem sido umimportante espaço de organização dos estudantesque reconhecem a importância da UNE e que dese-jam disputar os rumos da entidade. Há muito aindao que se afinar, mas sem dúvidas o papel cumpridoneste período demonstra que podemos fazer da UNEa entidade que queremos.

O principal exemplo da capacidade de constru-ção do Campo ocorreu com a realização do III Semi-

nário Nacional de Assistência Estudantilda UNE em maio de 2014, na cidade deOuro Preto-MG. Foi a primeira vez emanos que uma atividade da UNE não foirealizada pelo Campo Majoritário da en-tidade, mas que tampouco foi um espaçoexclusivo das que organizaram.

O 54º Congresso da UNE

Aproxima-se mais uma batalha paraos estudantes em torno de sua entidade

nacional: em 2015 ocorrerá o 54º Congresso da UniãoNacional dos Estudantes, momento em que será elei-ta a próxima diretoria da entidade, bem como serãoaprovadas as resoluções que nortearão as ações danova gestão.

Este CONUNE acontece numa situação políticado Brasil e do Governo de grande efervescência. Aseleições presidenciais de 2014 proporcionaram umambiente de polarização na sociedade. A direita, der-rotada nas urnas, utiliza todos os seus mecanismospara impor sua agenda ao governo e sua visão eopinião ao conjunto da sociedade.

Por meio do Judiciário buscam carimbar a es-querda, seus partidos e os movimentos sociais comocriminosos. Põem abaixo o já parco Estado Demo-crático de Direito por meio da própria retórica jurí-dica para perseguir, julgar e condenar aqueles queoferecem alguma resistência.

Em associação direta age o Legislativo Federal,o Congresso mais conservador já eleito na histórianem tão recente do país. Comandados pelo PMDB,

A atual direçãoda UNE não está

à altura dodesafio de liderar

os estudantesneste momento deacirramento doenfrentamento eda luta social.

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a escória de partidos conservadores, reacionários ecorruptos que abocanharam a maior parte do parla-mento articula e conspira para imprimir uma agen-da regressiva para os trabalhadores. Em menos detrês meses de legislatura atacam por meio da ampli-ação de seus privilégios, de uma contrarreforma po-lítica e de mudanças legislativas que atingem dire-tamente os direitos trabalhistas.

Mas a ponta desta lança que pretende ir fundo naesquerda brasileira sem dúvida é a Grande Mídia.O já propalado quarto poder é quem mais buscaimplantar um clima de pavor ejustiçamento. É a grande mídia que ali-menta a cada segundo o judiciário comfalsas denúncias; que ataca o patrimôniodo povo, como exemplo mais recente aPetrobrás, em busca do desmonte daspolíticas sociais em benefício do grandecapital; é quem impulsiona e amplificaas vozes golpistas; é quem fomenta e jus-tifica as ações do Legislativo contra ostrabalhadores e seus defensores; é quemoferece munição ideológica para que setores da pró-pria classe trabalhadora voltem-se contra si.

É neste ambiente, onde ainda deve ser incluído ofato da direita também estar ocupando as ruas, queserá realizado em junho de 2015 o 54º Congresso daUNE. Em outras palavras, é num momento de acir-ramento do enfrentamento e da luta social que a prin-cipal entidade estudantil do país reunirá o conjuntodos estudantes em seu maior fórum de decisão.

É por estas razões que compreendemos o papeldistinto deste congresso da UNE. O conjunto dos

estudantes e das forças políticas precisa estar atentoe comprometido com o fortalecimento da UNE e darede do movimento estudantil. A entidade não ape-nas pode como deve se preparar para liderar os es-tudantes neste momento. E liderar os estudantes nes-te momento significa reunir as condições para terlegitimidade no processo.

Acreditamos que a atual direção da UNE nãoestá à altura deste desafio e que não reúne as condi-ções para colocar a entidade como protagonista des-tas lutas. Se estivesse à altura, não teria tido medo

de realizar o Conselho Nacional de En-tidades de Base em janeiro de 2015. Seestivesse à altura não teria tido medo decombater abertamente as candidaturasde direita no primeiro turno de2014, tanto Aécio quanto de Eduardo/Marina. Se estivesse à altura não teriareceio de convocar os estudantes às ruas.

Mas a UNE ainda é a principal refe-rência do movimento estudantil univer-sitário brasileiro. E continua sendo por-

que sua história de luta é maior do que a de recentecomodismo. Nesse sentido vamos ao próximoCONUNE buscando ampliar nossa bancada nacio-nal e respectivamente a representação na diretoriada entidade. Para tanto, buscaremos contribuir nofortalecimento do Campo Popular, por meio da or-ganização e unidade do conjunto das/os estudantespetistas. Sabemos que é preciso assumir a respon-sabilidade e para tanto fazer a entidade retomar seupapel histórico, reconquistando a UNE para a luta epara as e os estudantes.

A históriade luta da UNEé maior do que

a de recentecomodismo.

Devemosreconquistar

a UNE.

O Segundo Congresso elegeu uma nova direção na-cional para a AE, composta pelos seguintes compa-nheiros e companheiras: Adriano de Oliveira/RS Adriele Manjabosco/RS Adriana Miranda/DF Ananda de Carvalho/RS André Vieira/PR Bárbara Hora/ES Bruno Elias/DF Damarci Olivi/MS Daniela Matos/DF Eduardo Loureiro/GO Eleandra Raquel Koch/RS Eliane Bandeira/RN Elisa Guaraná de Castro/DF Emílio Font/ES Fernando Feijão/PI Giovane Zuanazzi/RS Gleice Barbosa/MS Iole Ilíada/SP Izabel Cristina Gomes da Costa/RJ Ivonete Almeida/SE

Jandyra Uehara/SP Joel de Almeida/SE José Gilderlei/RN Karen Lose/RS Leirson Silva/PA Lício Lobo/SP Múcio Magalhães/PE Olavo Carneiro/RJ Patrick Araújo/PE Rafael Tomyama/CE Rodrigo Cesar/SP Rosana Ramos/DF Silvia Vasques/RS Sônia Aparecida Fardin/SP Valteci Mineiro de Castro/MS Valter Pomar/SP

Também foram eleitos, para a comissão de ética na-cional: Ana Affonso/RS Iriny Lopes/ES Jonatas Moreth/DF Júlio César de Quadros/RS

Direção Nacional da Articulação de Esquerda