juventude pobreza e desigualdades sociais

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  • 8/18/2019 Juventude Pobreza e Desigualdades Sociais

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    JUVENTUDE, POBREZA E DESIGUALDADES SOCIAIS: concepções e prá!c"sno ProJo#e$ %r&"no e$ rec!'e  1

    (OUT), POVERT( AND SOCIAL INE*UALITIES: CONCEPTS ANDPRACTICES +IT)IN PROJOVE- URBANO RECI.E/

    -"0r" So%1" e S!2#" Ac!o2!

     ______________________________________________________________________ 

    Res%$o

    Reconhecendo a responsabilidade do Estado na promoção e garantia dos direitos doscidadãos, e o papel decisivo que suas ações têm na dinâmica das desigualdades sociais,investigam-se aqui as concepções e imagens da pobrea e da desigualdade presentes naelaboração e implementação das pol!ticas sociais, a partir da an"lise do #ro$ovem%rbano &''( em Reci)e* +s resultados apontam para o re)orço de uma concepção demundo hegemnica que opere na legitimação das desigualdades sociais, e abrem espaço

     para questionamentos a respeito da proposta de inclusão social o)erecida pelo programa*

    P"2"#r"s3c4"#e

    #ol!ticas ociais* #obrea* .egemonia* /esigualdade* $uventude*

     ______________________________________________________________________ 

    A&sr"c

    Recogniing the responsibilit0 o) the tate in the promotion and assurance o) citiens

    rights, and the crucial role that its actions have in the d0namics o) social inequalities,the present paper 2ill investigate the conceptions and images concerning povert0 andinequalities )ound in the )ormulation and implementation o) social policies through ananal0sis o) the )ederal program 3#ro$ovem %rbano &''(3 in Reci)e* 4he results pointto2ards a hegemonic 2orld conception that operates )or the legitimation o) socialinequalities and opens space )or questioning the proposal o) social inclusion o))ered b0the program*

    5e67or8s

    ocial #olicies* #overt0* .egemon0* 5nequalit0*6outh*

     ______________________________________________________________________ 

    http://www.revista.ufpe.br/revsocio/index.php/revista/article/view/56/46#sdfootnote1symhttp://www.revista.ufpe.br/revsocio/index.php/revista/article/view/56/46#sdfootnote1symhttp://www.revista.ufpe.br/revsocio/index.php/revista/article/view/56/46#sdfootnote1sym

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    9 INTRODU;O

    7 sociedade brasileira termina a d8cada de 1(9' como uma sociedade que se quis

    moderna, e e)etivamente se moderniou: urbaniada e industrialiada, distanciou-se do;rasil patriarcal com a emergência de grupos e classes sociais portadores de novamobilidade, ampliando o entendimento de espaço p4E??E, &''1@;%R546, &''AB* #ersiste neste conteCto a pobrea que inquieta, por mostrar que auniversalidade de direitos que 8 proclamada não )oi realiada na pr"tica, colocando-secomo desa)io =s teorias e modelos de eCplicação conhecidos@ para Dera 4elles >&''B,ela esteve sempre presente no debate pol!tico, mas 8 como se permanecesse em enigma@

     percebida como problema a ser superado, mas cuFa discussão não leva aoquestionamento de suas origens pro)undas: a estrutura de privil8gios, a tradição

    hier"rquica, a impossibilidade de ver o outro como portador de direitos, suFeito deinteresses v"lidos e leg!timos* + Estado deveria ser a re)erência simbGlica a partir daqual os indiv!duos se reconhecessem como iguais, estabelecendo, a partir de dinâmicasigualit"rias, determinado v!nculo que os articulasse em sociedade* Ho ;rasil, entretanto,isso não se e)etiva@ e não se trata de simples reminescências do ;rasil arcaico, uma veque a cidadania brasileira se estabelece, na modernidade, repondo hierarquias edi)erenças >4E??E, &''B*

    7 população pobre urbana do ;rasil F" )oi obFeto de in1((LB, que di respeito = maneira como o conhecimento proveniente das ciências sociais 8 apropriado pelos atores sociais* /essas modi)icaçõessurgem novas an"lises e assim vão sendo criadas e recriadas concepções e preconceitos>c)* M7?%7R, 1((L@ D7?EH45HE, 1(9A@ ?+HK.5 &''9@ 5D+, &''9@ +%M7, &''N@OERRE5R7@ R+P.7, &''(B*

     Ho conteCto atual de eCplosão da violência urbana, o preconceito surge nas tentativas deeCplicação do )enmeno, que geralmente acabam por relacionar diretamentemarginalidade e criminalidade >7/+RH+, &''&B* Pomo argumenta Elisa Reis >&'''B, a

     partir de um estudo em que investiga a percepção das elites brasileiras sobre a pobrea,

    a ameaça da desigualdade pesa sobretudo como ameaça = manutenção da ordem e dasegurança pessoal a esta classe* + grupo mais atingido por representações estereotipadas

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    e negativas em torno da pobrea 8 o dos Fovens* Has duas ?+HK.5, &''9B*

    7s pol!ticas sociais podem ser de)inidas como mecanismos que buscam dar conta dessasdistorções e problemas sociais que decorrem da lGgica de )uncionamento da sociedadecapitalista >;E?5Q@ /E? KR+5, &''NB, tentando compatibiliar o desenvolvimento ea garantia dos princ!pios democr"ticos da liberdade e igualdade >P+.H, 1((B*Reconhecendo a responsabilidade do Estado na promoção e garantia dos direitos doscidadãos, e o papel decisivo que suas ações têm na dinâmica das desigualdades sociais,cabe questionar de que maneira as concepções a respeito da pobrea urbana podem)aer parte da elaboração e implementação das pol!ticas sociais*

    + #ro$ovem %rbano insere-se nesse conteCto como pol!tica social )ocaliada, que pretende dar conta das desigualdades que atingem os Fovens brasileiros nos campos daeducação, mercado de trabalho e participação pol!tica* 7 pretensão de ser um programade inclusão de Fovens, compondo a #ol!tica Hacional de $uventude do governo )ederal,

     Fusti)ica a necessidade de investig"-lo sob a lu das questões levantadas at8 agora* + programa 8 voltado para uma população considerada eCclu!da do processo escolar esocialmente vulner"vel, e situa-se no conteCto de um es)orço de renovação na maneirade tratar os problemas da Fuventude* +)erece-se, assim, como boa oportunidade de se

     perceber como as concepções e visões sobre a pobrea operam no âmbito das pol!ticassociais no ;rasil*

    =< Pro>o#e$ %r&"no ? $e"s e or@"n!1"ço

    Em &'' )oi lançada a #ol!tica Hacional de $uventude, que compreendeu a criação daecretaria Hacional de $uventude, do Ponselho Hacional de $uventude e do #ro$ovem S #rograma Hacional de 5nclusão de $ovens* /e)inida como investimento integral no

     Fovem, essa pol!tica nacional teria como obFetivo Icriar as condições necess"rias pararomper o ciclo de reprodução das desigualdades e restaurar a esperança da sociedade em

    relação ao )uturo do ;rasilJ >;R75?, &''9a, p* 1&B* 7 partir de &'', o #ro$ovem sedesmembra em modalidades que se constituem na reunião ou rearticulação de

     programas que F" eCistiam* + #ro$ovem %rbano 8 uma nova versão do #ro$ovem S #rograma Hacional de 5nclusão de $ovens&*

    + #ro$ovem %rbano atende Fovens de 19 a &( anos de idade, que possuam de um a seteanos de escolaridade, e que saibam ler e escrever* 7 )ormação integral compreendeatividades de )ormação escolar, quali)icação pro)issional e ação comunit"ria realiadasao longo de 19 meses* 7os alunos e alunas matriculadosTas 8 concedido um auC!lio)inanceiro mensal no valor de RU 1'','': o recebimento desse auC!lio condiciona-se =

    )requência e = entrega dos trabalhos escolares*

    http://www.revista.ufpe.br/revsocio/index.php/revista/article/view/56/46#sdfootnote2symhttp://www.revista.ufpe.br/revsocio/index.php/revista/article/view/56/46#sdfootnote2sym

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    ?ocalmente, o #ro$ovem %rbano organia-se em n##5Bdo #ro$ovem %rbano* #ara compreender com mais clarea como o #ro$ovem %rbano seinsere na dinâmica de reprodução da desigualdade social, )oi )undamental a realiaçãode uma pesquisa de campo que envolveu observação e entrevistas*N

    +s resultados obtidos com a an"lise dos documentos e a pesquisa de campo seentrelaçam* 7 organiação e apresentação dos conte

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    < Concepções e prá!c"s

    egundo posito e Parrano >&''NB, dois conceitos vigoraram nos programas e proFetos

    destinados a Fovens no per!odo por eles analisado >1((-&''&B: protagonismo Fuvenil e Fovens em situação de risco social* #ode-se dier que eCiste no debate das pol!ticas p;R75?, &''B* + subtGpico seguintetem como t!tulo I Protagonismos e participação social: potencialidades”, e o ponto decontraposição apresentado em relação =s vulnerabilidades eCpostas 8 o potencial da

     Fuventude para a participação pol!tica* 7rgumenta-se que os estereGtipos quecaracteriam a Fuventude brasileira como individualista, consumista e politicamentedesinteressada estão equivocados, não dando conta da diversidade da Fuventude

     brasileira* #rocura-se demonstrar que se, de )ato, algumas pesquisas indicam a baiCa participação dos Fovens brasileiros em atividades associativas eTou comunit"rias, outrosestudos demonstram o interesse dos Fovens em participar de Iações em conteCtoscomunit"rios e cidadãosJ >;R75?, &'', p* (B*

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    Pontrapor as vulnerabilidades en)rentadas por esses Fovens a um potencial para a participação pol!tica parece supor que a atual situação de eCclusão deve-se a umaincapacidade de articulação e mobiliação* 7l8m disso, apresentar potencialidades parao )uturo ao inv8s de indicar traFetGrias di)erenciadas que se constroem no presenteapenas re)orça a negatividade da sua caracteriação* + teCto não a)irma positividade no

    que são os Fovens agora, mas apenas no que podem vir a ser* Hão sG os elementos presentes no teCto, mas tamb8m as ausências e lacunas são elementos importantes naan"lise de um documento que pretende lançar as bases para um proFeto ambicioso deinclusão social*

    + ##5 >#roFeto #edagGgico 5ntegradoB do #ro$ovem %rbano tamb8m tra um tGpicoespec!)ico para tratar dessas questões* Ho Pap!tulo L - I % significado de inclusão” - oteCto aponta para o )ato de que os Fovens são o segmento mais atingido pelastrans)ormações sociais em curso que tornam o mercado eCcludente, sendo tamb8mv!timas de diversas )ormas de violência )!sica e simbGlica que dominam a

    contemporaneidade* /iante ainda do problema da inserção prematura e prec"ria dos Fovens no mercado de trabalho in)ormal, aponta-se para a necessidade de reconectar aescola e o trabalho, construindo-se uma nova cultura de )ormação que Ideve permitir ao

     Fovem tanto se adequar =s demandas do mercado de trabalho quanto buscar )ormas deempreendedorismo individual, cooperativo e associativoJ >;R75?, &''9a, p* NNB*

    Phama atenção nos teCtos o )ato de ser apresentada uma conFuntura de mudançassociais acompanhadas de processos de eCclusão, sem, entretanto, apontar para o papeldesempenhado pelo Estado neste conteCto* X uma constatação em que não se )are)erência ao Fogo de )orças que atuam no cen"rio sociopol!tico e que levam = situação

    de eCclusão dos Fovens* 7o apresentar um estado de coisas sem apontar para as suasorigens o teCto contribui para a naturaliação da pobrea: ela 8 percebida como um

     problema, mas a maneira como ela 8 produida e reproduida não 8 questionada em pro)undidade*

     Ho tGpico I &'clusão e Crise de Confiança” aponta-se para a necessidade de uma )ormaespec!)ica e inovadora de organiação do curr!culo, considerando que uma parcela dos

     Fovens se encontraria desestimulada e re)rat"ria a iniciativas do poder p

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     programa nas atividades realiadas, nas )alas e nas relações estabelecidas entre Fovens,gestores e educadores* %m ponto )undamental re)ere-se = imagem do programa*

    Em praticamente todas as entrevistas e tamb8m nas conversas in)ormais, alunos ealunas, gestores e pro)essores )oram questionados a respeito da imagem que se )aia dos

     Fovens que )requentam o #ro$ovem %rbano, e as respostas apontam para uma mesmadireção@ segundo eles, as pessoas que não conhecem o programa têm dele uma imagemeCtremamente negativa: acham que IsG tem maloqueiro, maconheiro, noiadoLJ, queestão no programa apenas para receber a bolsa* +bservou-se tamb8m que a maioria dos

     Fovens não gostava de usar a )arda do programa - alguns a)irmaram que )oram v!timasde coment"rios depreciativos por a estarem usando*

    Vuando questionados sobre o motivo para o preconceito, dois elementos estiveram)ortemente presentes na eCplicação* Em primeiro lugar, di-se que a primeira versão do

     programa teve um p

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    eCtremamente desgastante, seFa pelas conversas paralelas ou pelas constantes brincadeiras o)ensivas@ por vees parece di)!cil aos dois lados a manutenção nasatividades do programa*

    %ma das turmas do n

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    %m dos pro)essores, quando questionado sobre qual a maior contribuição do seutrabalho para a )ormação dos alunos e alunas, a)irma haver sido na mudança decomportamento@ )altaria a eles a percepção de que 8 preciso assumir comportamentosdi)erentes em espaços di)erentes* Vuestionado sobre as perspectivas que ele via para osalunos e alunas, ele di achar que apenas uma pequena minoria vai continuar estudando*

    Vuando perguntado sobre os motivos para tal, ele responde:

    Vualquer coisa para eles 8 mais interessante do que sentar na )rente de uma 4D, pra ver uma aula, ou ver um pro)essor )alar, então 8 muito complicado, 8 a questão que eles não)oram condicionados a isso, a questão da adestração Y não teve* Então 8 muitocompleCo* 7lguns poucos conseguem*

    7 inadequação por ele percebida se d" com base nos elementos de distinção inscritos nocomportamento dos alunos e alunas* Pomo observa a assistente social, os Fovens têm aautoestima muito baiCa* Ponversando sobre a relação dos alunos com a administração

    do polo, um dos alunos a)irmou que, para ele, a direção do polo os via como se elesIestivessem aqui e precisassem, sei l"Y tem gente que t" aqui por causa da bolsa, sedisser que não 8 mentira, mas tem gente que t" aqui interessado em estudar mesmoJ* Hamesma conversa, outro Fovem disse I8 como se a gente )osse um bocado de presidi"rioJ*7 eCperiência de participação do programa parece contribuir, em alguma medida, para ore)orço de estereGtipos negativos, marcados pela ideia de necessidade e pobrea*

    As rs 8!$ensões 8o c%rr0c%2o: 8!rer!1es e !$p2e$en"ço

    egundo o ##5, o curso do #ro$ovem %rbano se constitui a partir de três dimensõescurriculares* Pada um desses eiCos de intervenção apresenta como meta a superação deum aspecto espec!)ico da situação de eCclusão dos Fovens* 7ssim, a .or$"ço Bás!c"

     proporcionaria ao Fovem elevação da escolaridade, tendo em vista a conclusão do ensino)undamental@ a *%"2!'!c"ço Pro'!ss!on"2 garantiria a certi)icação de )ormação iniciale, )inalmente, a partir da P"r!c!p"ço C!8"8 seriam realiadas ações comunit"rias deinteresse p;R75?,&''9a, p* NB* + conceito de protagonismo 8 uma re)erência importante para o

     programa* igni)ica Ique o Fovem tem que ser o ator principal em todas as etapas das propostas a serem constru!das em seu )avorJ >;R75?, &''9a, p* 9NB* 7inda que se

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    reconheça o investimento na elaboração de uma concepção pedagGgica condiente comos obFetivos do programa, 8 preciso atentar para os limites colocados por sua prGpriaestrutura* Rummert >&''B, numa an"lise do #ro$ovem, mas que tamb8m pode ser aplicada ao #ro$ovem %rbano, argumenta que di)icilmente 8 assegurado aos Fovens

     participantes do programa e)etivo acesso =s bases do conhecimento cient!)ico e

    tecnolGgico, dada a sua organiação curricular*

    %ma das di)iculdades apontada pelos pro)essores para cumprir os obFetivos da )ormação b"sica )oi a di)erença de desempenho dos alunos e o desa)io de organiar as aulaslevando em conta essa discrepância@ uma ve que não 8 necess"rio mais a certi)icaçãode conclusão da LZ s8rie para participar do programa, h" alunos e alunas no #ro$ovem%rbano que mal conseguem escrever, enquanto outros entraram no programa quando F"estavam perto de concluir o ensino )undamental* Vuando questionado sobre asdi)erenças entre os estudantes que concluem o ensino )undamental a partir do ensinoregular e os do #ro$ovem %rbano, um dos educadores a)irmou que os alunos e alunas

    deste programa teriam uma percepção instrumental do conhecimento adquirido:Iaprendem para passar na prova e depois esquecem tudoJ*

    egundo o ##5 são obFetivos do ensino de in)orm"tica )amiliariar os estudantes com ocomputador e promover as capacidades deles para utili"-lo como )erramenta de apoio =construção do conhecimento, relacionados os componentes curriculares* Esta de)iniçãoentra em con)ronto com a )inalidade de Iinclusão digital como instrumento de inserção

     produtiva e de comunicaçãoJ, apresentada no mesmo documento >;R75?, &''9a, p*&AB* 7s aulas de in)orm"tica revelaram-se bastante problem"ticas no nerviço Hacional de 7prendiagem PomercialB, os alunos ealunas )requentam um curso de quali)icação pro)issional que tem certi)icação )inal maisvaloriada no mercado de trabalho* Entretanto, alguns Fovens não )aem avaliação

     positiva da quali)icação que receberam, dado o pouco tempo destinado a essasatividades* 7 quali)icação pro)issional, mesmo sendo bem sucedida nos termos do

     programa S distribuindo certi)icação de )ormação inicial S o)erece essa )ormação ematividades socialmente pouco valoriadas e de baiCa remuneração* Has palavras de umdos pro)essores:

    4inha um arco que era a cara dos alunos e alunas do #ro$ovem:construção e reparo >YB X uma coisa que querendo ou nãoquerendo, chega )inal de ano, as pessoas querem re)ormar, e 8sempre um meio de escapatGria para esse aluno )aer uma

    atividade e ganhar um dinheiro eCtra >***B eu não acho correto,mas 8 o que o mercado pede* + mercado que eu digo assimY

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    não sei eu posso dier assim, mas o subemprego* 7s pessoastrabalham de domingo a domingo e ganham um sal"rio m!nimo*

    /este trecho )ica claro o tipo de inserção que o educador espera que o aluno tenha a partir do programa* 7inda que não tenha sido poss!vel realiar uma an"lise apro)undada

    a respeito da qualidade da )ormação o)erecida, as in)ormações reunidas parecem apontar  para suas de)iciências e para os estreitos limites da inserção no mercado de trabalho queo)erece*

    + componente curricular da participação cidadã apresenta como )inalidade odesenvolvimento de eCperiências de ações comunit"rias* X previsto que haFa re)leCõesem sala de aula sobre temas como direitos humanos, direitos do consumidor, acesso a

     bens e serviços pYB Então 8 sobre esse trabalho, sobre essas atividades que agente tem trabalhado no #ro$ovem* #ra que os meninos saiam com a )ormação cidadãtamb8m mais e)etiva* #ra que eles possam perceber que a mudança não 8 somenteatrav8s dos pol!ticos, mas a mudança vem atrav8s de cada um de nGs* ão algumas

     partes que )ormam um todo, então se a gente não )a a nossa parte, não vai atr"s, nemtodas as coisas vão cair do c8u*

    7 realiação deste tipo de atividade pode ser interessante por estimular os Fovens acobrar das autoridades competentes as soluções para os problemas encontrados nalocalidade escolhida* Entretanto, 8 )undamental identi)icar qual o sentido atribu!do aessa atuação, o que pode ser identi)icado na diretri relativa a essa dimensão curricular:I7 #articipação Pidadã dever" garantir aprendiagens sobre direitos sociais, promover odesenvolvimento de uma ação comunit"ria e a )ormação de valores solid"riosJ>;R75?, &''9a, p* N9B* 7inda que em outros trechos do teCto haFa re)erência breve =

     participação em processos e instituições da sociedade democr"tica, o sentido mais )ortede cidadania, identi)icado nos documentos, 8 o da solidariedade* 7 cidadania 8entendida como comprometimento de cada ]cidadão] consigo mesmo e com o outro*

    /essa maneira, a implementação do #lano de 7ção comunit"ria tem um sentido decooperação com a coletividade que se aproCima das ideias de aFuda e solidariedade, não

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    sendo diretamente vinculado com uma discussão mais apro)undada sobre direitos ecidadania* 7 maneira como o #lano de 7ção Pomunit"ria 8 trabalhado parece esvaiar adimensão mais propriamente pol!tica da ideia de cidadania, da participação ativa erespons"vel dos indiv!duos nos assuntos p;R75?, &''9a, p* 1&B* Pumpre notar que o car"ter )ocaliado e emergencial do programa não permite que este seFacaracteriado como pol!tica de car"ter universalista* egundo aponta onia Rummert>&''B, as ações relativas = educação de Fovens e adultos trabalhadores, no per!odo de&''N a &''A são pouco signi)icativas no que di respeito = universaliação da educação

     b"sica no ;rasil* D"rias iniciativas de car"ter pontual )oram implementadas, atendendo

    a contingentes populacionais pequenos, sendo-lhes o)erecida a possibilidade deelevação da escolaridade de qualidade question"vel, mas anunciadas como

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     possibilidades de inclusão S onde se insere o #ro$ovem* ão medidas que não dão contado problema em sua origem mais pro)unda: I4rata-se, assim, sobretudo, de atuar de)orma urgente para controlar dis)unções de um sistema que, por sua origem estrutural,continuar" a gerar, cada ve mais, demandantes de novas medidas de car"ter emergencialJ >R%WWER4, &'', p* N9B* 7l8m disso, o atual est"gio de produção

    capitalista não requer que o acesso = escolaridade b"sica seFa realmente um direitoassegurado = totalidade da população* Entretanto, a di)usão da crença de que educaçãose constitui como elemento b"sico para promoção da inserção produtiva requer queseFam )eitas = população o)ertas de processos educacionais que lhe propiciem a

     percepção de estar recebendo do Estado as oportunidades de superação de sua condiçãosocioeconmica* 7 distribuição de certi)icados de conclusão de n!vel )undamental e de)ormação pro)issional contribui para que o usu"rio do programa sinta-se atendido peloEstado, bem como aparece para a opinião p

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    alunas em que a)irmam que vão sentir muita )alta do programa por conta das relaçõescriadas, sendo importante reconhecê-lo como espaço importante de re)orço dos laçossociais para esses Fovens*

    Entretanto, como indica o prGprio ##5 do #ro$ovem %rbano sobre os Fovens: IWuitos

     partilham da descon)iança em relação a programas e ações governamentais, conhecidos pela descontinuidade administrativa, pela )ragmentação e pelos grandes hiatos entre oque 8 prometido e o que 8 realiadoJ* + #ro$ovem %rbano não supera os problemasapontados: )a uma promessa de inclusão que di)icilmente se realia ao )inal do

     programa* 7 desistência dos Fovens parece apenas con)irmar que o programa não d"condições para sua permanência, não o)erecendo motivos su)icientes para que Fulguemv"lida sua conclusão*

    $os8 de oua Wartins argumenta que, na sociedade moderna, a eCclusão social 8apenas um momento da dinâmica de um processo mais amplo da lGgica capitalista, que

     precisa desenraiar e eCcluir a todos numa constante circulação para que seFamsubmetidos =s suas leis* 7ssim, ela desenraia e eCclui para incluir, mas incluir de outromodo, segundo suas prGprias regras, de )orma prec"ria, marginal* Has palavras do autor:I>YB o per!odo da passagem do momento da eCclusão para o momento da inclusão est"se trans)ormando num modo de vida, est" se tornando mais do que um per!odotransitGrioJ >W7R45H, 1((, p* NNB*

    7 partir dessa contribuição, parece poss!vel dier que a inclusão o)erecida pelo#ro$ovem %rbano 8 uma inclusão residual, marginal* Pada um dos aspectos do

     programa apresenta )ragilidades e limitações que levam = conclusão que o programa

    est" muito distante de promover mudanças signi)icativas na traFetGria dos alunos ealunas que passam por ele*

    Re'ernc!"s

    7;R7W+, .elena ^endel* 1((* Ponsiderações sobre a tem"tica social da Fuventudeno ;rasil* (e#ista )rasileira de &ducação, ão #aulo, n*, p* &-NA*

    7/+RH+, 8rgio* &''&* ECclusão socioeconmica e violência urbana* *ociologias, v*9, ano L, p* 9L-1N*

    ;E?5Q, ^alter@ /E? KR+5, Wauro* &''N* + programa Oome Mero no conteCto das pol!ticas sociais no ;rasil* 5n: Congresso da *ociedade )rasileira de &conomia e*ociologia (ural+ ,uiz de -ora+

     ./* 7nais do Pongresso da ociedade ;rasileira de Economia e ociologia Rural*

    ;R75?* #residência da Rep

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    de Inclusão de ,o#ens: &ducação+ 2ualificação e ação comunitária* ;ras!lia* /ispon!velem: http:TT222*proFovem*gov*brTdocsTppi*pd)*  7cesso em: 7gosto de &''(*

    ;R75?* #residência da Rep

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    1  7rtigo resultante de trabalho de conclusão da graduação em Piências ociais da%O#E*

    & #ara di)erenci"-los, a partir de agora a versão original ser" re)erida como #ro$ovem,enquanto a nova versão, obFeto da presente an"lise, ser" re)erida como #ro$ovem

    %rbano*

    N Esta )ase )oi realiada no segundo semestre de &''(*

    L %su"rio de crac>5

     ;airro de Reci)e: prGCimo ao local de realiação do programa*

    http://www.revista.ufpe.br/revsocio/index.php/revista/article/view/56/46#sdfootnote1anchttp://www.revista.ufpe.br/revsocio/index.php/revista/article/view/56/46#sdfootnote2anchttp://www.revista.ufpe.br/revsocio/index.php/revista/article/view/56/46#sdfootnote3anchttp://www.revista.ufpe.br/revsocio/index.php/revista/article/view/56/46#sdfootnote4anchttp://www.revista.ufpe.br/revsocio/index.php/revista/article/view/56/46#sdfootnote5anchttp://www.revista.ufpe.br/revsocio/index.php/revista/article/view/56/46#sdfootnote1anchttp://www.revista.ufpe.br/revsocio/index.php/revista/article/view/56/46#sdfootnote2anchttp://www.revista.ufpe.br/revsocio/index.php/revista/article/view/56/46#sdfootnote3anchttp://www.revista.ufpe.br/revsocio/index.php/revista/article/view/56/46#sdfootnote4anchttp://www.revista.ufpe.br/revsocio/index.php/revista/article/view/56/46#sdfootnote5anc