justiça no brasil — 200 anos de história

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200 Anos de Hist o ´ ria Justiça no Brasil

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O livro conta a história do Judiciário brasileiro desde a instalação da Casa de Suplicação, o primeiro tribunal de cúpula no país, em 1808, até os dias atuais, quando a Justiça passa a ter um papel cada vez mais ativo na vida do cidadão.

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Justiça no Brasil

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Page 2: Justiça no Brasil — 200 Anos de História

São Paulo, 2009

20 0 Anos de Histo ria

Justiça no Brasil

Paulo Guilherme de Mendonça Lopes Patricia Rios

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Lopes, Paulo Guilherme de MendonçaJustiça no Brasil – 200 anos de História / Paulo Guilherme de Mendonça Lopes, Patricia Rios. – São Paulo, ConJur Editorial, 2009.

ISBN 978-85-60530-01-4

Bibliografia

1. Direito - Brasil 2. Direito - Brasil - História 3. Justiça 4. Justiça - Brasil 5. Justiça Brasil - História I. Rios, Patricia. II. Título.

09-09764 CDU-34(81)(091)

Índices para catálogo sistemático:1. Justiça no Brasil : Direito : História

Copyright © 2009 ConJur Editorial

PRoDUção EDIToRIaL: ConJur Editorial DIREção-GERaL: Márcio Chaer

EDIção: Maurício CardosoPRoJETo GRáfICo E CaPa: Luciana Huber

PESqUISa E TExTo: ailton Segura e Robson PereiraREvISão: Elaine ferrari de almeida

PRoDUção DE IMaGENS: Débora de BemfoToS: acervo Iconographia, agência Estado, folha Imagem,

Museu do Ipiranga, Museu da República, Museu do STf

CoNJUR EDIToRIaLRua Wisard, 23, vila Madalena, CEP 05434-080, São Paulo, SP

Tel. (11) 3812-1220www.conjur.com.br

Impresso na Pancrom Indústria Gráfica Rua dos alpes, 381/405, Cambuci, CEP 01520-030

São Paulo, SP – Tel. 3340-6800 E-mail: [email protected]

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Page 3: Justiça no Brasil — 200 Anos de História

São Paulo, 2009

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200 Anos de Histo ria

Justiçano Brasil

Paulo Guilherme de Mendonça Lopes Patricia Rios

PRoDUção EDIToRIaL: ConJur Editorial DIREção-GERaL: Márcio Chaer

EDIção: Maurício CardosoPRoJETo GRáfICo E CaPa: Luciana Huber

PESqUISa E TExTo: ailton Segura e Robson PereiraREvISão: Elaine ferrari de almeida

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Museu do Ipiranga, Museu da República, Museu do STf

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Índice

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Índice

Capitulo 1 Justiça Colonial 1500-1822: Domínio Português 17

Prefácio 7 Apresentação 11

Posfácio 219 Apendices 225 Bibliografia 236 Creditos 238

Capitulo 2 Justiça Imperial 1822-1889: Nação Independente 35

Capitulo 3 Justiça Republicana 1889-1930: República Velha 67

Capitulo 4 Justiça Republicana 1930-1945: Era Vargas 99

Capitulo 5 Justiça Republicana 1945-1964: Período Democrático 109

Capitulo 6 Justiça Republicana 1964-1985: Ditadura Militar 137

Capitulo 7 Justiça Republicana 1985-2008: Redemocratização 197

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Prefácio

Este livro se consagra a uma das temáticas mais sedutoras de nosso tempo, a história da Justiça no Brasil, a construção do

Direito brasileiro e o desenho de nosso perfil político. É uma mos-tra de inegável valor, que faz compreender, por meio de um passeio pela história, o Judiciário enquanto poder no Estado brasileiro.

O roteiro histórico da Justiça do Brasil é marcado por lutas, di-ficuldades, momentos de glória e de depressão. Sua construção e aprimoramento têm interessado a cada brasileiro. Este é o país onde, como todos sabemos, mais se valorizou, no plano da própria ordem constitucional, a competência judiciária. Não existe lá fora outro lu-gar onde a Constituição tenha conferido, não só ao Poder Judiciário, mas a toda a comunidade jurídica, envolvendo o Ministério Público, a advocacia do Estado e a própria advocacia privada, tamanho pres-tígio e tão largo feixe de prerrogativas.

Há 100 anos adotamos, com a fundação da República, o modelo norte-americano de Justiça, um poder que controla e que corrige os erros dos outros poderes, embora eleitos estes pelo povo, en-quanto derivado aquele de uma investidura fundada na competição de mérito. Mas ao mesmo tempo em que adotamos aquele modelo, expurgamos de nosso horizonte o restricionismo norte-americano, que faz com que a Justiça se abstenha de examinar questões de rele-vo quando entenda que não há na espécie um caso concreto. Tudo

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converge no sentido de mostrar a dimensão real e gigantesca da prerrogativa judiciária num país como o nosso.

Encontramo-nos numa região do mundo cujos componentes so-freram, em vários momentos de sua história, os percalços da que-bra da ordem constitucional e as sombras do Estado autoritário, e amargaram duras realidades antes de conseguir restaurar, nos seus domínios, o Estado de Direito. Apesar de toda a nossa problemática interna, somos, provavelmente, a região do mundo que mais valo-rizou o Direito e lutou, no plano externo, pelo seu primado; que menos traiu os princípios do direito das gentes, que menos se aco-modou às violações do Direito Internacional que se banalizaram, infelizmente, na última virada de século.

Em momentos como estes que vivemos não faz muito, de quebra escancarada da ordem jurídica internacional, de humilhação do siste-ma das Nações Unidas, de atos de banditismo praticados sistemática e organizadamente por países que foram, no passado, modelos de demo-cracia, mais do que nunca é preciso que países como o Brasil, e neles, em particular, os operadores do Direito, se deem conta da dimensão de sua responsabilidade. Reconstruímos internamente o Estado de Direi-to quando isso se nos impôs como imperativo prioritário. Hoje é preci-so fazer valer, no plano internacional, o princípio do Estado de Direito que foi tão rudemente solapado. Conseguiremos isto, e a curto prazo.

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Há agora uma convicção coletiva de que estamos vivendo, sob todas as óticas possíveis, e não só nesta parte do mundo, mas em outras também, mais felizes ou mais oprimidas pela própria histó-ria, uma época de grande fecundidade. É preciso tomar de empreita esta época e fecundá-la, recolhendo todas as oportunidades que ela oferece de mudança, de aprimoramento da convivência em socieda-de e de eliminação de todos os vícios, patologias e estigmas que têm marcado nossa sociedade. Se aproveitarmos este cenário de modo eficiente, as consequências serão as mais ricas para todos. Se per-dermos esta oportunidade, se nos perdermos em banalidades neste momento que reclama tanta grandeza, pouco sobrará depois além de um profundo remorso.

São Paulo, setembro de 2009.

Francisco RezekÉ advogado.

Foi Procurador da República,

Ministro do Supremo Tribunal Federal,

Chanceler da República e

Juiz da Corte Internacional de

Justiça das Nações Unidas

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Apresentaçao

Decreto Real de sua alteza real, o príncipe regente Dom João, do dia 10 de maio de 1808, criou a Casa da Suplicação do

Brasil, o primeiro tribunal de instância final do país. “Esse decreto real”, escreveu o ministro do Supremo Tribunal Federal Celso de Mello, “ao instituir o primeiro órgão de cúpula da Justiça brasileira, determinou que se findassem na Casa da Suplicação do Brasil ‘todos os pleitos em ultima instância, por maior que seja o seu valor, sem que das últimas sentenças proferidas em qualquer das mesas da so-bredita Casa se possa interpor recurso...’”

Dessa forma, 14 anos antes de sua independência política, o Brasil conquistava o privilégio de sua autonomia judicial. A data pode ser considerada também o marco zero de um longo caminho de consoli-dação da Justiça brasileira, que entre altos e baixos, avanços e recuos, chega ao presente momento de pujança. Com efeito, a partir da Cons-tituição de 1988, o Poder Judiciário firma-se como um real poder da República, a ponto de levantar exclamações por invadir competências ou de comandar a excessiva judicialização dos atos sociais.

Na verdade, a Justiça desembarcou na Terra de Santa Cruz jus-to no momento em que aqui aportou o descobridor Pedro Álvares Cabral, em 21 de abril de 1500. Justamente por seus conhecimentos jurídicos e por já ter sido desembargador da corte, fazia parte da comitiva do descobrimento frei Henrique de Coimbra. São tempos

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pioneiros e compreensivelmente difíceis para a Justiça. Que num primeiro momento é desempenhada pelos próprios detentores do poder político. De registrar no longo período de dominação colo-nial a herança legislativa na forma das Ordenações Filipinas, código de leis que haveria de perdurar até os tempos da República. Com efeito, em seu conteúdo civil, as ordenações só foram substituídas pelo Código Civil de 1916.

Mas é a partir da instalação da Casa da Suplicação que o Brasil passa a contar efetivamente com um sistema de Justiça orgânico, embora sempre suscetível aos embates políticos e subjugado pela hipertrofia do Executivo, que durante mais de um século se so-brepôs a tudo e a todos. Os efeitos desse desequilíbrio de poderes podem ser constatadaos e de certa forma medidos pela proliferação de textos constitucionais, sempre alterados para se adequar às mu-danças do quadro político.

Em 187 anos de independência, o Brasil teve oito Constituições, e, à parte os períodos de exceção democrática – de 1932 a 1945, no Estado Novo de Getúlio, e de 1964 a 1985, com o regime militar –, o país não se afastou do constitucionalismo, ainda que formal.

Como define Gilmar Mendes, em seu Curso de Direito Constitucio-nal: “Declarados independentes em 1822, nossa primeira experiên-cia como nação livre e soberana se deu à luz do constitucionalismo

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clássico, ou, se preferirmos, do constitucionalismo histórico, assim considerado o movimento de idéias construído em torno do céle-bre art. 16 da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão de 1789, que assim dispunha: ‘Toda a sociedade na qual a garantia dos direitos não for assegurada, nem a separação dos poderes determi-nada, não tem Constituição’”.

A história da Justiça, a partir da independência, se confunde em grande parte com a própria história de sua suprema corte. Como re-sume Celso de Mello em seu opúsculo Notas Sobre o Supremo Tribunal Federal – Império e República: “A Casa da Suplicação do Brasil, já vi-gente a Carta Política de 1824, foi sucedida pelo Supremo Tribunal de Justiça, que, embora criado por Lei Imperial de 1828, foi instala-do em 9 de janeiro de 1829, data em que aquele órgão de cúpula ins-tituído pelo príncipe regente D. João, extinguiu-se de pleno direito, não obstante subsistisse, de fato, até 1833, quando se restabeleceu o antigo Tribunal da Relação do Rio de Janeiro”.

Continua o ministro: “O Supremo Tribunal Federal, organizado com fundamento no

Decreto 848, de 11 de outubro de 1890, editado pelo Governo Pro-visório da República, teve sua instituição prevista na Constituição republicana de 1891 (artigos 55 e 56), havendo sido instalado em 28 de fevereiro de 1891, quando realizou a sua primeira sessão

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plenária, sob a presidência interina do ministro Sayão Lobato (vis-conde de Sabará), que até então presidira ao Supremo Tribunal de Justiça. Nessa mesma sessão plenária, o Supremo Tribunal Federal elegeu o seu primeiro presidente, que foi o ministro Freitas Henri-ques, natural da Bahia”.

As vicissitudes e percalços enfrentados pela mais alta corte de Justiça do país e por seus ministros refletem as dificuldades que a própria Justiça arrostou nestes 200 anos. Instalado em janeiro de 1829, mais de seis anos após a proclamação da independência política do país, o Supremo Tribunal de Justiça (primeira denomi-nação do Supremo Tribunal Federal no período imperial) sempre esteve ofuscado pela enorme concentração de poder nas mãos do Executivo, representado pela figura do imperador.

Com a proclamação da República, denota-se uma lenta evolução do papel do Judiciário, mas ainda sujeita aos vendavais da política. O período registra o fato insólito da recusa pelo Congresso dos nomes indicados para integrar a corte. Foi no governo de Floriano Peixoto. Os recusados foram Barata Ribeiro, Innocêncio Galvão de Queiroz, Ewerton Quadros, Antônio Sève Navarro e Demósthenes da Silveira Lobo. Em 120 anos de República, o fato não se repetiria.

A asfixia a que a corte foi submetida nos dois períodos de di-tadura declarada no país – durante o Estado Novo e no regime

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militar iniciado em 1964 – não impediu que a Justiça continuasse respirando no país. Em 1931, Getúlio Vargas reduziu o número de ministros do STF de 16 para 11 e aposentou compulsoriamente seis deles. Em 1969, na esteira do AI-5, a ditadura militar aposen-tou compulsoriamente Evandro Lins e Silva, Victor Nunes Leal e Hermes Lima. Outros dois ministros renunciaram ao mandato em solidariedade.

Com a redemocratização, em 1985, e especialmente a partir da promulgação da Constituição Cidadã, em 1988, o Judiciário em geral e o Supremo em particular assumem de forma definitiva seu papel na vida brasileira. As queixas são mais por excesso do que por falta. Excesso de processos decorrentes da judicialização das práticas sociais, excesso de interferência por via do ativismo judicial. Ressalta-se que a Justiça brasileira é, hoje, a avenida pela qual trafegam os grandes temas nacionais. Como poder e como serviço público, apesar das dificuldades, o Judiciário enfrenta seu desafio em pé.

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