jurisprudencia juros nominal e efetivo

15
Documento assinado digitalmente, conforme MP n.° 2.200-2/2001, Lei n.° 11.419/2006 e Resolução n.° 09/2008, do TJPR/OE O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tjpr.jus.br Página 1 de 15 APELAÇÃO CÍVEL Nº. 743.530-1 – 3ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE MARINGÁ APELANTE: RIGO E FERNANDES LTDA APELANTE ADESIVO: BANCO SANTANDER BRASIL S/A APELADOS: OS MESMOS RELATOR: DESEMBARGADOR CLAUDIO DE ANDRADE REVISOR: DESEMBARGADOR GAMALIEL SEME SCAFF APELAÇÃO CÍVEL – AÇÃO MONITÓRIA – CONTRATO DE CRÉDITO ROTATIVO – TAXA DE ABERTURA DE CRÉDITO (TAC) ABUSIVIDADE RECONHECIDA (ART. 51, IV DO CDC) – TAXA QUE REPRESENTA A TRANSFERÊNCIA AO CONSUMIDOR DE CUSTOS ADMINISTRATIVOS INERENTES À ATIVIDADE DA INSTITUIÇÃO FINANCEIRA, JÁ REMUNERADA PELOS JUROS INCIDÊNCIA DE DEMAIS TAXAS BANCÁRIAS – POSSIBILIDADE, AINDA QUE NÃO EXPRESSAS CONTRATUALMENTE CONTRATO FIRMADO NA VIGÊNCIA DA RESOLUÇÃO DO BACEN DE Nº 2.303/1996 – TAXA DE JUROS DEMONSTRADA POR INTERMÉDIO DO INSTRUMENTO CONTRATUAL – COBRANÇA DE JUROS CONFORME PACTUADO, NÃO HAVENDO QUE LIMITÁ-LOS À MÉDIA DE MERCADO – CAPITALIZAÇÃO MENSAL DE JUROS –

Upload: frama-maria-de-souza

Post on 15-Nov-2015

221 views

Category:

Documents


9 download

DESCRIPTION

otima jurisprudencias

TRANSCRIPT

  • Documento assinado digitalmente, conforme MP n. 2.200-2/2001, Lei n. 11.419/2006 e Resoluo n. 09/2008, do TJPR/OEO documento pode ser acessado no endereo eletrnico http://www.tjpr.jus.br

    Pgina 1 de 15

    APELAO CVEL N. 743.530-1 3 VARA CVEL DA COMARCA DE MARING APELANTE: RIGO E FERNANDES LTDA APELANTE ADESIVO: BANCO SANTANDER BRASIL S/A APELADOS: OS MESMOS RELATOR: DESEMBARGADOR CLAUDIO DE ANDRADE REVISOR: DESEMBARGADOR GAMALIEL SEME SCAFF

    APELAO CVEL AO MONITRIA CONTRATO DE CRDITO ROTATIVO TAXA DE ABERTURA DE CRDITO (TAC) ABUSIVIDADE RECONHECIDA (ART. 51, IV DO CDC) TAXA QUE REPRESENTA A TRANSFERNCIA AO CONSUMIDOR DE CUSTOS ADMINISTRATIVOS INERENTES ATIVIDADE DA INSTITUIO FINANCEIRA, J REMUNERADA PELOS JUROS INCIDNCIA DE DEMAIS TAXAS BANCRIAS POSSIBILIDADE, AINDA QUE NO EXPRESSAS CONTRATUALMENTE CONTRATO FIRMADO NA VIGNCIA DA RESOLUO DO BACEN DE N 2.303/1996 TAXA DE JUROS DEMONSTRADA POR INTERMDIO DO INSTRUMENTO CONTRATUAL COBRANA DE JUROS CONFORME PACTUADO, NO HAVENDO QUE LIMIT-LOS MDIA DE MERCADO CAPITALIZAO MENSAL DE JUROS

  • Documento assinado digitalmente, conforme MP n. 2.200-2/2001, Lei n. 11.419/2006 e Resoluo n. 09/2008, do TJPR/OEO documento pode ser acessado no endereo eletrnico http://www.tjpr.jus.br

    Pgina 2 de 15

    Apelao Cvel n 743.530-1 - LZ VEDAO MEDIDA PROVISRIA N. 2170-36/2001 DECLARADA INCONSTITUCIONAL PELO RGO ESPECIAL DESTE TRIBUNAL NO JULGAMENTO DO INCIDENTE DE DECLARAO DE INCONSTITUCIONALIDADE N. 579.047-0/01 CAPITALIZAO CONFIGURADA, ANTE A DIFERENA ENTRE TAXA NOMINAL E EFETIVA DE JUROS REDISTRIBUIO DO NUS SUCUMBENCIAL APELO 01 PARCIALMENTE PROVIDO E APELO ADESIVO PARCIALMENTE PROVIDO.

    VISTOS, relatados e discutidos estes autos de apelao cvel em que apelante RIGO E FERNANDES LTDA, apelante adesivo BANCO SANTANDER BRASIL S/A, e apelados OS MESMOS.

    I RELATRIO

    Rigo e Fernandes Ltda interps apelao cvel contra a sentena de fls. 203/213, proferida pelo MM. Juiz de Direito da 3 Vara Cvel da Comarca de Maring nos autos de ao monitria n. 27/2004, contra ele movida por Banco Santander Brasil S/A.

    Na referida deciso, Sua Excelncia julgou parcialmente procedentes os embargos monitrios opostos pelo ru/embargante, a fim de substituir a taxa de juros praticada pela taxa mdia de mercado, declarar a nulidade da cobrana de juros capitalizados e comisso de permanncia, fixar os

  • Documento assinado digitalmente, conforme MP n. 2.200-2/2001, Lei n. 11.419/2006 e Resoluo n. 09/2008, do TJPR/OEO documento pode ser acessado no endereo eletrnico http://www.tjpr.jus.br

    Pgina 3 de 15

    Apelao Cvel n 743.530-1 - LZ juros moratrios na base de 6% ao ano quando da celebrao do contrato at a entrada em vigncia do Novo Cdigo Civil e, a partir desta data, no percentual de 1% ao ms, e condenar o embargado a restituir ao embargante os valores indevidamente cobrados.

    Por fim, condenou o embargante ao pagamento de 80% das custas processuais e honorrios advocatcios (arbitrados em 15% do valor a ser restitudo), e a instituio bancria embargada ao mesmo pagamento, na proporo de 20%.

    Embargos de declarao opostos pelo requerido s fls. 215/216, devidamente acolhidos s fls. 217/218.

    Embargos de declarao opostos pela instituio bancria requerente s fls. 2263/264, tendo sido rejeitados fl. 274.

    Em suas razes recursais (fls. 266/271), alega o embargante/apelante que: a) h que se condenar o banco a efetuar o ressarcimento do valor pago pelo apelante a ttulo de TAC e outras tarifas abusivas no permitidas legalmente; b) h que se proceder melhor distribuio ser majorada, uma vez que a apelante obteve xito em quase que totalidade de seus pedidos, e c) os honorrios advocatcios ho de ser levados para 20% do valor atribudo causa ou, sucessivamente, do valor a ser restitudo ao apelante.

    Tambm em razes recursais (fls. 284/296), alega o embargado/recorrente adesivo que: a) no h que se falar em limitao dos juros praticados pela instituio bancria, a delimitao das taxas sendo de competncia do Conselho Monetrio Nacional e do Banco Central do Brasil, nos termos do art. 9 da Lei n 4.595/64; b) os juros devem ser mantidos conforme livremente pactuados; c) o apelado no constituiu prova da alegada capitalizao de juros, e d) ademais, a capitalizao de juros permitida em perodo inferior a um ano, nos termos do art. 5 da MP n 2.170-36/2001.

  • Documento assinado digitalmente, conforme MP n. 2.200-2/2001, Lei n. 11.419/2006 e Resoluo n. 09/2008, do TJPR/OEO documento pode ser acessado no endereo eletrnico http://www.tjpr.jus.br

    Pgina 4 de 15

    Apelao Cvel n 743.530-1 - LZ Pugnam pelo provimento dos apelos, com a reforma da

    sentena. Recebidos os recursos em duplo efeito (fls. 274 e 298) e

    apresentadas as respectivas contrarrazes (fls. 276/283 e 300/309), nas quais os apelados defrontam os argumentos suscitados pelos apelantes, subiram os autos a este Tribunal e foram remetidos a esta Cmara.

    o relatrio.

    II VOTO

    1. Apelante Rigo e Fernandes Ltda

    Presentes os pressupostos extrnsecos (tempestividade, regularidade formal e preparo) e intrnsecos (cabimento, legitimidade, interesse e inexistncia de fato impeditivo ou extintivo) de admissibilidade do recurso, dele conheo, e dou-lhe parcial provimento.

    A primeira irresignao do apelante cinge-se a no condenao do apelado ao ressarcimento de valores indevidamente pagos a ttulo de TAC e de outras tarifas abusivas no permitidas legalmente.

    Neste ponto, parcial razo lhe assiste. A cobrana de taxa de abertura de crdito (TAC) tem sido

    rechaada pela jurisprudncia. Consideram-se tais encargos abusivos e incompatveis

    com a boa-f e a equidade, pois transferem parte mais fraca da relao de consumo os custos administrativos inerentes atividade da instituio financeira, que j remunerada (e muito bem) pelos juros.

  • Documento assinado digitalmente, conforme MP n. 2.200-2/2001, Lei n. 11.419/2006 e Resoluo n. 09/2008, do TJPR/OEO documento pode ser acessado no endereo eletrnico http://www.tjpr.jus.br

    Pgina 5 de 15

    Apelao Cvel n 743.530-1 - LZ evidente o benefcio extremo e exclusivo do banco na

    cobrana de tais taxas, em detrimento do consumidor, o que no se admite, a teor do art. 51, IV do Cdigo de Defesa do Consumidor.

    Resolues do Banco Central que prevejam tais taxas certamente no podem sobrepor-se ao Cdigo de Defesa do Consumidor, que lei cogente.

    Sobre o tema, assim tem se pronunciado este Tribunal:

    "AO REVISIONAL - CDULA DE CRDITO BANCRIO - PROCEDNCIA PARCIAL EM PRIMEIRO GRAU DE JURISDIO - INCONFORMISMO - APELAO CVEL - TARIFAS DE ABERTURA DE CRDITO, EMISSO DE BOLETO, DE SERVIO DE TERCEIROS E DE REGISTRO - CLUSULAS ABUSIVAS - TRANSFERNCIA AO CONSUMIDOR DE CUSTOS INERENTES AO NEGCIO - ART. 52, XII DO CDC - COBRANA DE VALORES INDEVIDOS QUE DEVEM SER RESTITUDOS SOB PENA DE ENRIQUECIMENTO SEM CAUSA - SENTENA MANTIDA - RECURSO DESPROVIDO. 1. `J decidiu a Corte que quele que recebeu o que no era devido, cabe fazer a restituio, sob pena de enriquecimento sem causa, pouco relevando a prova do erro no pagamento, em caso de contrato de abertura de crdito' (STJ, REsp 505734/MA, Rel. Min. Carlos Alberto Menezes Direito, Terceira Turma, j. 20/05/2003, DJ 23/06/03). 2. H abusividade na cobrana de tarifas de abertura de crdito (TAC), de emisso de boleto bancrio (TEC), de servio de terceiros e de registro. 3. Recurso conhecido e desprovido". (Grifei) (TJPR Acrdo 16420 18 Cmara Cvel Rel. Des. Ruy Muggiati j. 18/08/2010).

    "CONTRATO DE MTUO COM GARANTIA FIDUCIRIA. AO COM PEDIDO REVISIONAL. CAPITALIZAO MENSAL DE JUROS EVIDENCIADA. SUBSTITUIO POR JUROS SIMPLES.

  • Documento assinado digitalmente, conforme MP n. 2.200-2/2001, Lei n. 11.419/2006 e Resoluo n. 09/2008, do TJPR/OEO documento pode ser acessado no endereo eletrnico http://www.tjpr.jus.br

    Pgina 6 de 15

    Apelao Cvel n 743.530-1 - LZ COMISSO DE PERMANNCIA. CUMULAO COM OUTROS ENCARGOS MORATRIOS. IMPOSSIBILIDADE. COMISSO DE PERMANNCIA MANTIDA, SEM CUMULAO. POSICIONAMENTO PACFICO DO STJ. TAXA DE ABERTURA DE CRDITO (TAC) E DA TAXA DE EMISSO DE CARN (TEC). DECADNCIA FUNDADA NO ART. 26, INC. II DO CDC. TAXAS QUE REPRESENTAM A TRANSFERNCIA DE CUSTOS ADMINISTRATIVOS INERENTES A ATIVIDADE DA INSTITUIO FINANCEIRA PARA O CONSUMIDOR. IRRELEVANTE A AUTORIZAO CONFERIDA POR RESOLUO DO BACEN PARA A COBRANA DA TAC E DA TEC. DITAMES DO CDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR QUE NO PODEM CEDER DIANTE DE RESOLUO DE ENTE ADMINISTRATIVO. REPETIO DO INDBITO CABVEL.

    Cumpre ressaltar, por seu turno, que os negcios jurdicos bancrios sofrem incidncia do Cdigo de Defesa do Consumidor, tanto por fora de expressa previso legal (art. 3, 2 da Lei Consumerista), quanto do entendimento unssono da jurisprudncia ptria.

    Com efeito, pacfico o posicionamento de que as instituies financeiras, ao prestarem servios relacionados concesso de crdito, portam-se da forma descrita pelo art. 3 da referida Lei e, assim, so consideradas fornecedoras de servios. A Smula 297 do Superior Tribunal de Justia sedimentou tal entendimento: "O Cdigo de Defesa do Consumidor aplicvel s instituies financeiras.

    Pertinente esclarecer que, ainda que via de regra no haja a incidncia da Legislao Consumerista em se tratando de pessoa jurdica, ao partir-se da presuno de que no configura destinatria final do bem ou servio prestado, possivelmente empregando-os em sua atividade produtiva, as especificidades do caso em comento acabam por fazer incidir referida lei.

  • Documento assinado digitalmente, conforme MP n. 2.200-2/2001, Lei n. 11.419/2006 e Resoluo n. 09/2008, do TJPR/OEO documento pode ser acessado no endereo eletrnico http://www.tjpr.jus.br

    Pgina 7 de 15

    Apelao Cvel n 743.530-1 - LZ Isso porque a microempresa encontra-se encerrada h

    mais de 7 (sete) anos, conforme consta declarado nos autos, seus scios estando inclusive em situao de vulnerabilidade econmica, sequer podendo arcar com o pagamento das custas processuais sem prejuzo de seus prprios sustentos.

    No h, portanto, como se negar a relao de hipossuficincia caracterizada entre a apelante, microempresa no mais em atividade, e o apelado, instituio bancria de grande porte, pelo que de se incidir o Cdigo de Defesa do Consumidor.

    Tudo isto para reiterar que a TAC, nos termos do disposto na Lei n 8.078/90, constitui encargo abusivo, havendo que ser restituda ao apelante.

    No que se refere s demais tarifas reputadas indevidas pelo apelante, no lhe assiste razo.

    Isto porque a cobrana de tarifas bancrias encontra amparo na Resoluo 2.303/96 do BACEN, sendo desnecessria e impossvel a previso contratual para cada tarifa cobrada por servio prestado.

    A aludida resoluo previa as tarifas passveis de cobrana pelas instituies que integram o Sistema Financeiro Nacional. Tratavam-se de tarifas cuja cobrana era permitida, e que, segundo a jurisprudncia que vinha se formando nesta Corte, independiam de autorizao contratual expressa.

    Embora tal Resoluo tenha sido revogada pela de n. 3.518/2007 do BACEN, poca das contrataes em apreo ela ainda vigorava, de modo que no pode prevalecer o expurgo das tarifas no previstas expressamente no contrato, enunciadas, pelo ora apelante, como desautorizadas.

    Observem-se, a esse respeito, os seguintes arestos:

    "Independentemente de autorizao do correntista lcito ao banco a

  • Documento assinado digitalmente, conforme MP n. 2.200-2/2001, Lei n. 11.419/2006 e Resoluo n. 09/2008, do TJPR/OEO documento pode ser acessado no endereo eletrnico http://www.tjpr.jus.br

    Pgina 8 de 15

    Apelao Cvel n 743.530-1 - LZ cobrana de tarifas autorizadas pelo Banco Central - resoluo 2303 -, relativamente aos servios por ele prestados, inegavelmente inerentes ao contrato de conta corrente". (TJPR - Acrdo 13525 - 15 Cmara Cvel - Rel. Des. Hayton Lee Swain Filho - j. 03/12/2008).

    "AO DE PRESTAO DE CONTAS - SEGUNDA FASE - APELAO 1 -JUROS PRATICADOS - TAXAS APLICADAS QUE RESPEITA A MDIA DE MERCADO - TARIFAS COBRADAS SEM PRVIA AUTORIZAO - DESNECESSIDADE - APLICAO DA LEI 4.595/64 E RESOLUO N 2.303 DO BACEN (...). (TJPR - Acrdo 10640 - 13 Cmara Cvel - Rel. Des. Gamaliel Seme Scaff - j. 29/10/2008).

    Assim, mesmo que no previstas expressamente nos instrumentos contratuais h a possibilidade de cobrana de tarifas, com base na Resoluo n. 2.303/1996 do BACEN, vigente poca da contratao. No h que se expurgar, portanto, valores cobrados pelo banco a ttulo tarifrio, com exceo da taxa de abertura de crdito (TAC), conforme j exposto no presente voto.

    No tocante distribuio sucumbencial empreendida pelo MM. Juiz Singular, reputo ser necessria uma readequao.

    Isso porque o apelante obteve grande proveito com a ao processual, ao haver afastada a cobrana de juros capitalizados, de comisso de permanncia e de taxa de abertura de crdito.

    Registre-se, por oportuno, que o quantum a ser repetido ao apelante somente a ttulo de juros capitalizados j caracteriza valor considervel.

    Em sendo assim, procedo inverso do nus sucumbencial, de modo a condenar a instituio bancria apelada a arcar com

  • Documento assinado digitalmente, conforme MP n. 2.200-2/2001, Lei n. 11.419/2006 e Resoluo n. 09/2008, do TJPR/OEO documento pode ser acessado no endereo eletrnico http://www.tjpr.jus.br

    Pgina 9 de 15

    Apelao Cvel n 743.530-1 - LZ 80% das despesas processuais e honorrios advocatcios, ao passo que o apelante deve arcar com 20% deste montante.

    No que se refere fixao dos honorrios advocatcios, mantenho-os conforme estipulados pelo juzo a quo, ou seja, na proporo de 15% do valor da condenao, por considerar porcentagem justa e que bem reflete tanto a complexidade da causa quanto o labor empreendido pelos procuradores das partes.

    Nessas condies, dou parcial provimento ao apelo, a fim de expurgar os valores retidos pelo banco apelado a ttulo de taxa de abertura de crdito (TAC), bem como proceder inverso da distribuio sucumbencial.

    2. Apelante Adesivo Banco Santander S/A

    Presentes os pressupostos extrnsecos (tempestividade, regularidade formal e preparo) e intrnsecos (cabimento, legitimidade, interesse e inexistncia de fato impeditivo ou extintivo) de admissibilidade do recurso, dele conheo, e dou-lhe parcial provimento.

    A primeira irresignao do apelante adesivo cinge-se limitao de juros empreendida pelo juzo a quo, tendo por base a taxa mdia de mercado.

    A instituio bancria recorrente alega que as taxas de juros devem ser mantidas conforme avenadas, no que detm razo.

    Isso porque, via de regra, os juros devem ser mantidos conforme livremente pactuados e praticados. A sua limitao taxa mdia de mercado cabvel quando da no comprovao da taxa avenada.

    No caso em tela, todavia, possvel observar-se a taxa de juros praticada do prprio instrumento contratual juntado fl. 11, o qual prev expressamente a taxa de juros efetiva porcentagem de 5,33.

  • Documento assinado digitalmente, conforme MP n. 2.200-2/2001, Lei n. 11.419/2006 e Resoluo n. 09/2008, do TJPR/OEO documento pode ser acessado no endereo eletrnico http://www.tjpr.jus.br

    Pgina 10 de 15

    Apelao Cvel n 743.530-1 - LZ Desta feita, h que se manter os juros conforme

    praticados pela instituio bancria apelante. No que se refere capitalizao de juros, prtica esta a

    qual o apelante pretende demonstrar ser legal, bem como alegar no ter sido caracterizada no caso em discusso, no de subsistir seus expendiosos argumentos.

    O contrato juntado baila, fl. 11, de crdito rotativo, o qual possui diferena de taxa de juros nominal e efetiva, o que caracteriza a capitalizao composta de juros (anatocismo).

    Em que pesem os argumentos do banco, sigo o entendimento de que em havendo diferena entre a taxa de juros nominal (duodcimo da taxa mensal) e a taxa de juros efetiva (taxa anual), resta configurado o anatocismo.

    Este Colendo Tribunal assim tem decidido, veja-se:

    "APELAO CVEL - AO REVISIONAL DE CONTRATO BANCRIO - APELAO - CAPITALIZAO DE JUROS - DIFERENA NO PERCENTUAL DA TAXA DE JUROS NOMINAL (DUODCIMO DA TAXA MENSAL) E A TAXA DE JUROS EFETIVA (TAXA ANUAL) - ANATOCISMO CONFIGURADO - CONTRATO FIRMADO APS 31 DE MARO DE 2.001 (ART. 5, DA MP 2170- 36/2001) - AUSNCIA DE CLUSULA EXPRESSA DE CONTRATAO - IMPOSSIBILIDADE DE APLICAR JUROS SOBRE JUROS - HONORRIOS ADVOCATCIOS - INVERSO DO NUS DE SUCUMBNCIA. (...)" (TJ/PR Apelao Cvel n 564357-8, 13 C. Cv., Rel. Des. Gamaliel Seme Scaff, j. em 14/10/2009) Grifou-se.

    "APELAO CVEL. EMBARGOS EXECUO. EXISTNCIA DE DIFERENA ENTRE A TAXA NOMINAL E A

  • Documento assinado digitalmente, conforme MP n. 2.200-2/2001, Lei n. 11.419/2006 e Resoluo n. 09/2008, do TJPR/OEO documento pode ser acessado no endereo eletrnico http://www.tjpr.jus.br

    Pgina 11 de 15

    Apelao Cvel n 743.530-1 - LZ EFETIVA. OCORRNCIA DE CAPITALIZAO. AUSNCIA DE EXPRESSA PACTUAO. JUROS QUE DEVEM SER COBRADOS DE FORMA SIMPLES. NUS SUCUMBENCIAIS. REDISTRIBUIO. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO. A discrepncia entre as taxas efetiva e nominal caracteriza capitalizao de juros, a qual deve ser expurgada, ante a ausncia de expressa pactuao". (TJ/PR Apelao Cvel n. 597317-5, 16 C. Cv., Rel. Des. Lidia Maejima, j. em 02/09/2009) Grifou-se.

    Com efeito, afere-se do contrato de fl. 11 em lide que a aplicao linear de juros (forma simples), que o resultado do produto da taxa nominal mensal (5,33%) pelo nmero de meses do ano (12 meses), resulta numa taxa de 63,96% ao ano. Entretanto, verifica-se que a taxa efetiva anual descrita no contrato em discusso de 86,53% ao ano.

    Nestas condies, resta caracterizado o anatocismo. J a questo da legalidade da capitalizao de juros

    comporta algumas observaes. A capitalizao mensal de juros ilegal, em qualquer

    hiptese. Isso porque o artigo 5, da Medida Provisria n. 2170-

    2001, o qual expressamente autorizava a cobrana de juros capitalizados mensalmente, foi considerado inconstitucional pelo rgo Especial deste Tribunal de Justia, ex vi Incidente de Constitucionalidade n. 579.047-1/01:

    "INCIDENTE DE DECLARAO DE INCONSTITUCIONALIDADE MEDIDA PROVISRIA PRESSUPOSTOS FORMAIS URGNCIA E RELEVNCIA VCIO MATERIAL MATRIA RESERVADA A LEI

  • Documento assinado digitalmente, conforme MP n. 2.200-2/2001, Lei n. 11.419/2006 e Resoluo n. 09/2008, do TJPR/OEO documento pode ser acessado no endereo eletrnico http://www.tjpr.jus.br

    Pgina 12 de 15

    Apelao Cvel n 743.530-1 - LZ COMPLEMENTAR. 1. So pressupostos formais das medidas provisrias a urgncia e a relevncia da matria. H de estar configurada a situao que legitime a edio da medida provisria, em que a demora na produo da norma possa acarretar dano de difcil ou impossvel reparao para o interesse pblico, notadamente o periculum in mora decorrente no atraso na cogitao da prestao legislativa. 2. os vcios materiais referem-se ao prprio contedo do ato, originando-se de um conflito de regras estabelecidas na Constituio inclusive com a aferio do desvio do poder. 3. vedada a edio de medidas provisrias sobre matria reservada a lei complementar. 4. A Smula Vinculante sob n. 07 da Corte Suprema, reproduzindo o teor da Smula 648, proclama que `a norma do 3 do art. 192 da Constituio, revogada pela Emenda Constitucional 40/2003, que limitava a taxa de juros reais a 12% ao ano, tinha sua aplicabilidade condicionada edio de lei complementar"

    A parte dispositiva do referido acrdo, por seu turno, estabelece expressamente que os Exmos. Desembargadores integrantes do rgo Especial decidiram, por maioria de votos, "declarar incidentalmente, formal e materialmente, a inconstitucionalidade do artigo 5, da medida provisria n 2170-36/2001, consoante enunciado" (TJPR - Acrdo 10165 rgo Especial Rel. Des. Lauro Augusto Fabrcio de Melo j. 05/02/2010).

    Diante de tal posicionamento adotado pelo Colendo rgo Especial desta Corte, ao qual me alio, seguindo doravante o Enunciado Sumular 121 do Supremo Tribunal Federal, determina-se o expurgo dos juros compostos evidenciados no contrato objeto dos autos, na linha do que decidiu o MM. Juiz a quo.

  • Documento assinado digitalmente, conforme MP n. 2.200-2/2001, Lei n. 11.419/2006 e Resoluo n. 09/2008, do TJPR/OEO documento pode ser acessado no endereo eletrnico http://www.tjpr.jus.br

    Pgina 13 de 15

    Apelao Cvel n 743.530-1 - LZ Desta esteira, restam vencidos os argumentos

    expendidos pelo recorrente adesivo acerca da capitalizao de juros, referidos valores cobrados indevidamente devendo ser restitudos ao recorrido.

    Nessas condies, dou parcial provimento ao apelo, a fim de manter a taxa de juros conforme avenada no instrumento contratual.

  • Documento assinado digitalmente, conforme MP n. 2.200-2/2001, Lei n. 11.419/2006 e Resoluo n. 09/2008, do TJPR/OEO documento pode ser acessado no endereo eletrnico http://www.tjpr.jus.br

    Pgina 14 de 15

    Apelao Cvel n 743.530-1 - LZ

    III DECISO

    Ante o exposto, acordam os Desembargadores integrantes da Dcima Terceira Cmara Cvel do Tribunal de Justia do Estado do Paran em dar parcial provimento ao apelo 01, por maioria de votos, vencida a Desembargadora Rosana Andriguetto de Carvalho, que lavra voto em separado, e, unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao recurso adesivo.

    Participaram do julgamento os Excelentssimos Senhores Desembargadores Claudio de Andrade (Relator) e Rosana Andriguetto de Carvalho, e a Excelentssima Senhora Doutora Juza Substituta em 2 Grau Convocada ngela Maria Machado Costa.

    Curitiba, 18 de maio de 2011.

    DES. CLAUDIO DE ANDRADE

    Relator

    DES. ROSANA ANDRIGUETTO DE CARVALHO

    Vogal Vencida

  • Documento assinado digitalmente, conforme MP n. 2.200-2/2001, Lei n. 11.419/2006 e Resoluo n. 09/2008, do TJPR/OEO documento pode ser acessado no endereo eletrnico http://www.tjpr.jus.br

    Pgina 15 de 15

    Apelao Cvel n 743.530-1 - LZ

    2011-05-27T13:01:12-0300Paran - BrasilValidade Legal

    2011-05-23T10:20:09-0500Paran - BrasilValidade Legal