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1 O COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL COMO CAMPO CIENTÍFICO: UMA ANÁLISE CRÍTICA Autoria: Francisco Antônio Coelho Júnior, Sônia Maria Guedes Gondim, Jairo Eduardo Borges-Andrade, Cristiane Faiad Resumo: A literatura sobre comportamento organizacional (CO) é historicamente contestada. Isto porque este campo de saber ainda é dependente do avanço científico particular das suas variáveis constitutivas, e não há convergência para uma agenda de pesquisa orientada à formulação de axiomas e pressupostos teóricos sobre CO. O presente artigo objetiva discutir o CO como disciplina científica. Discutem-se, sob o prisma da epistemologia da ciência, seus limites, potencialidades e desafios. Conclui-se que o CO ainda carece de uma definição irrestrita de seu objeto, e que diferenciações entre os níveis de análise de suas variáveis e medidas associadas precisam, também, ser mais sistematizadas.

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O COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL COMO CAMPO CIENTÍFICO: UMA ANÁLISE CRÍTICA

Autoria: Francisco Antônio Coelho Júnior, Sônia Maria Guedes Gondim, Jairo Eduardo Borges-Andrade,

Cristiane Faiad

Resumo: A literatura sobre comportamento organizacional (CO) é historicamente contestada. Isto porque este campo de saber ainda é dependente do avanço científico particular das suas variáveis constitutivas, e não há convergência para uma agenda de pesquisa orientada à formulação de axiomas e pressupostos teóricos sobre CO. O presente artigo objetiva discutir o CO como disciplina científica. Discutem-se, sob o prisma da epistemologia da ciência, seus limites, potencialidades e desafios. Conclui-se que o CO ainda carece de uma definição irrestrita de seu objeto, e que diferenciações entre os níveis de análise de suas variáveis e medidas associadas precisam, também, ser mais sistematizadas.

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A SBPOT (Associação Brasileira de Psicologia Organizacional e do Trabalho), a SIOP (Society for Industrial and Organizational Psychology) e a ANPAD (Associação Nacional dos Programas de Pós-graduação em Administração) consideram o comportamento organizacional (CO) um subdomínio de conhecimento científico da Psicologia Organizacional e do Trabalho (PO&T) e dos Estudos Organizacionais. O CO, como parte de um campo multidisciplinar, começou a se configurar a partir da primeira revolução industrial em finais do século XVIII e XIX. Novas formas de organizar o trabalho passaram a vigorar e o foco na eficiência do comportamento no trabalho, dos processos de produção e da gestão tornou-se vital. Nas primeiras décadas do século XX novas concepções de organização emergiram. A crença de que as organizações são microssistemas sociais e interagem com variáveis ambientais que interferem nos processos internos repercutiu também no desenvolvimento dos estudos sobre comportamento organizacional (Quadros & Trevisan, 2002; Robbins, 2002; Schermerhorn, 1999).

Na atualidade, o CO se define como um campo de estudos dos comportamentos dos indivíduos e grupos nas organizações nas suas relações com a estrutura e os demais componentes organizacionais. Um vasto conjunto teórico-conceitual foi desenhado para dar conta da análise da dinâmica organizacional e das dimensões psicossociais que emergem neste contexto. Demandas de construção de instrumentos de diagnóstico e de gestão também vieram a fomentar os estudos neste subdomínio de conhecimento, para subsidiar a intervenção na realidade concreta das organizações de trabalho.

O campo de Estudos Organizacionais é historicamente heterogêneo e adota diferentes orientações teórico-epistemológicas (Reed, 1996; Pajunen, 2008). Por ser um campo tradicionalmente multidisciplinar, Gabriel (2010) afirma haver abertura para o surgimento de novas possibilidades de abordagem que conferem novas identidades teórico-metodológicas. Se, de um lado, a abertura amplia o leque de estudos, de outro, coloca em risco o aprofundamento teórico-metodológico e uma demarcação clara de identidade para este campo de estudos (Davis, 2010; Newman, Lillis, Waite, & Krefting, 2009). Algumas destas críticas serão analisadas no presente artigo.

Decorridas décadas deste o seu nascedouro marcado pela primeira revolução industrial em finais do século XVIII e XIX, torna-se premente, segundo Czarniarwska (2008), a realização de debates científicos, de natureza epistemológica e fenomenológica, orientados à discussão sobre a formação, emancipação e consolidação de uma identidade científica de CO. Em termos epistemológicos o debate gira em torno da qualidade do conhecimento produzido e sua validade. No que tange à fenomenologia, o debate se direciona para o tipo de fenômeno descrito como de CO.

O presente artigo objetiva discutir a formação e consolidação da identidade do campo científico de CO, e sua estruturação como disciplina científica de dupla identidade, teórica e empírica. Será destacada, aqui, a necessidade de se buscar um referencial teórico refinado e consistente, pautado em evidências de validade especialmente psicométrica e de construto, que confiram um caráter científico aos fenômenos investigados em CO. Serão apresentados argumentos sobre as bases científicas deste campo científico, considerando-se que o desenvolvimento de teorias deve ser feito com maior rigor e precisão, haja vista a proporcionalidade inversa entre a grande quantidade de publicações realizadas e a pouca problematização científica sistemática para fins de construção e refinamento teórico. O campo de estudos em CO

O CO sofreu influência histórica dos estudos organizacionais e das relações humanas no trabalho (Carvalho Neto, 2010). Nas publicações internacionais que debatem sobre sua configuração científica, observam-se tensões sobre os pressupostos ontológicos,

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epistemológicos e metodológicos nos diversos domínios de pesquisa que delimitam abordagens conflitantes na teorização dos fenômenos que circunscrevem os dois campos, o de estudos organizacionais e o de relações humanas (O´Reilly, 1991; Rousseau, 1997). As teorias organizacionais que dão alicerce aos estudos organizacionais e também se encontram relacionadas ao CO são alvo de críticas pela sua maior ou menor adequação na interpretação da realidade, considerando a dinâmica vívida das atuais contingências de trabalho e das novas formas organizacionais (Czarniarwska, 2008; Edwards, 2010; Jelinek, Romme & Boland, 2008; Serva, 2010).

O estudo de variáveis concernentes às organizações e à interação dos indivíduos em situação de trabalho vem se modificando ao longo dos anos (Aguinis, Pierce, Bosco, & Muslin, 2009; March, 1997). Na literatura internacional, a década de 1950 pode ser considerada como fundamental à emergência deste campo científico, considerando o marco histórico das escolas de administração e da psicologia (Davis, 2010). Segundo este último autor, a proliferação de teorias sob o marco teórico positivista marcou o início do campo científico de CO. A perspectiva do positivismo postulava que a investigação científica não deveria se ocupar das causas últimas (objeto de indagação metafísica), mas dedicar-se a elucidar as relações existentes entre fenômenos passíveis de observação. Apesar de o positivismo ser de origem francesa, teve muita influência na corrente norte-americana, especialmente na consolidação das escolas de pensamento de orientação comportamentalista em administração de empresas.

A partir da década de 1960, a preocupação passou a ser a de refinar, sistematicamente, o conjunto de teorias existentes (Davis, 2010). Nesta década houve propostas de delimitação do campo de CO com o desenvolvimento de estudos orientados ao mapeamento e análise da estrutura e dinâmica organizacional, com foco na análise das atividades organizacionais e de indivíduos visando o melhor desempenho. Teorias que articulavam organização, sistemas e métodos passaram a ser incorporadas à literatura de CO, considerando-se o efeito direto dos componentes da estrutura organizacional sobre o comportamento de indivíduos e grupos de trabalho. O impacto no desempenho no trabalho, das relações de poder e de outras variáveis decorrentes de traços informais ou invisíveis na organização, emergiu como de grande interesse.

Sob influência marcadamente européia, os estudos em CO passaram a considerar a influência de fatores situacionais ou contingenciais sobre o comportamento humano no trabalho. A mudança de uma orientação eminentemente individualista para uma interpretação coletivista da realidade social do trabalho pode ser explicada em parte por grandes acontecimentos como a segunda guerra mundial e o movimento social e político de protesto nos anos 1960 e 1970. Ganhou destaque o foco na humanização ao se considerar os indivíduos como atores sociais ativos na construção social da realidade organizacional, exigindo, portanto, uma gestão que levasse isto em conta.

Com o advento e expansão da globalização econômica, política, social, e cultural, além do avanço das novas tecnologias de informação e de comunicação aplicadas ao cenário do trabalho, o foco dos estudos em CO passou a ser orientado em função do mercado, na década de 1990. Tornou-se imprescindível, à época, a identificação de fatores individuais e organizacionais diretamente relacionados à melhoria do desempenho organizacional. A falência do império da URSS reafirmou a hegemonia da lógica capitalista de mercado.

Os principais temas de pesquisa eram, inicialmente, a satisfação e a motivação no trabalho, com foco no nível individual de análise. Procurava-se testar o valor preditivo da satisfação (antecedente) no desempenho (conseqüente) no trabalho. De modo geral, para outros temas de CO, o enfoque dado era nas variáveis de nível micro (individual) de análise, e seus efeitos no ajustamento no trabalho. Pouca ênfase histórica foi dada à compreensão da dinâmica interna de variáveis de nível meso (equipes e grupos de trabalho) na literatura sobre

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CO (Symon & Cassell, 2006). Ao se considerar que o comportamento em grupos envolve a noção de coletivo e de interdependência de tarefas e pessoas, pouco avanço foi obtido na compreensão de como e o quê se compartilha em nível de grupos (Cannon-Bowers & Salas, 2001).

A preocupação das organizações com a competitividade e sobrevivência no mercado e a valorização do capital humano influenciou sobremaneira os estudos sobre CO. Dois enfoques passaram a ter mais destaque: o cognitivista e o afetivo. O cognitivista para ajudar na explicação dos esquemas interpretativos da realidade do ser humano e do tipo de processamento de informações em ambiente de trabalho (Bastos, 2004; Hodgkinson & Healey, 2008). O afetivo para ajudar na explicação das variáveis atitudinais e emocionais que sustentam os vínculos com o trabalho e a organização (Brief & Weiss, 2002; Gondim & Siqueira, 2004; Siqueira & Gomide, 2004).

No Brasil atualmente, variados temas são investigados em CO, muito em decorrência da expansão dos programas de pós-graduação, do aumento do número de periódicos científicos de grande fator de impacto e da elaboração de métodos de pesquisa mais alinhados à investigação dos construtos associados (Gondim, Borges-Andrade & Bastos, 2010). Outras explicações sobre o advento e avanço do CO como campo de estudo no campo de pesquisa brasileiro podem ser obtidas em Siqueira (2002).

Os estudos que abordaram fenômenos de CO no Brasil tiveram início nos anos de 1970. Ao revisarem a produção sobre CO em periódicos de administração e psicologia e nos Anais dos Encontros Nacionais de Programas de Pós-graduação em Administração (ENANPAD) entre os anos de 1985 e 1995, Bastos, Franca, Pinho e Pereira (1997) concluíram que nos anos de 1980 eram mais freqüentes estudos sobre clima, motivação, satisfação e produtividade, enquanto nos anos de 1990 predominavam estudos sobre impactos tecnológicos, comprometimento e saúde no trabalho. Na revisão de Tonetto, Amazarray, Koller e Gomes (2008), que cobriu o período de 2001 a 2005 e analisou artigos publicados em periódicos nacionais em psicologia, relacionados a PO&T, os resultados apontam que os desenhos de pesquisa quantitativa (46,8%) predominam sobre os de natureza qualitativa (37,3%), sendo que apenas 16,6% são mistos.

Em um estudo num período temporal mais longo (1996-2009) e de maior amplitude, cobrindo periódicos em psicologia e administração, pois, aproximadamente, 70% da produção intelectual de PO&T é veiculada por estes e não por aqueles periódicos, Borges-Andrade e Pagotto (2010) encontraram uma distribuição bastante equilibrada entre relatos de natureza qualitativa e quantitativa. Os principais métodos de coleta de dados foram os questionários e escalas (44%), seguidos das entrevistas (32%) e da observação e análise documental (20%). A análise desses dados se dividiu entre descritiva e inferencial (37% cada), seguida da análise de conteúdo (20%). Os focos desses estudos foram principalmente em afeto no trabalho, num primeiro patamar isolado, seguidos de aprendizagem e sua transferência para o trabalho, bem estar e saúde, significado do trabalho e identidade e cognição no trabalho.

Num terceiro patamar, mas ainda com uma quantidade significativa de artigos publicados, apareceram as investigações sobre contratos psicológicos, atitudes frente a mudanças organizacionais, desempenho produtivo e cultura organizacional. Métodos inferenciais com a utilização de surveys organizacionais predominaram nos estudos sobre efeitos de treinamento e desenvolvimento, valores e centralidade do trabalho, percepção de justiça e equidade e comprometimento organizacional. Estudos de caso majoritariamente descritivos predominaram na investigação sobre afeto, bem estar e saúde e atitudes frente a mudanças. O conjunto desses estudos sobre CO teria beneficiado principalmente o setor de serviços (80%), incluindo organizações públicas (47%) e privadas (42%).

Considerando-se a literatura internacional e a nacional sobre o tema, a preocupação atual do campo consiste em identificar o melhor nível de análise para cada construto e definir-

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se uma medida válida e precisa para sua operacionalização, para manejar com mais sucesso a fragmentação teórica do campo. A reflexão sobre o uso de métodos também merece ser realizada, especialmente no de técnicas e ferramentas mais adequadas à compreensão de determinado objeto de estudo (Bryman, 2008), ou mesmo do tamanho amostral ou número de participantes necessário à incorporação dos achados empíricos à literatura científica de CO. Uma revisão de literatura recente analisou o conteúdo dos artigos publicados nos 10 primeiros anos de existência do Organizational Research Methods – ORM (1998 - 2007) (Aguinis, Pierce, Bosco & Muslin, 2009). Uma das principais conclusões, na comparação com as revisões de literatura que a precederam, é que a inovação metodológica acontece de modo mais rápido entre autores que desenvolvem e discutem métodos de pesquisa do que entre aqueles que apenas fazem uso dos métodos (Gondim, Borges-Andrade & Bastos, 2010).

Distinto da literatura internacional, mais orientada à identificação de mecanismos e processos internos de funcionamento organizacional, a literatura nacional é eminentemente prescritiva, seguindo uma abordagem normativa na apresentação e discussão dos pressupostos e axiomas teóricos (Borges-Andrade, Coelho Jr & Queiroga, 2006; Rousseau, 1997; Serva, 2010). No campo das pesquisas desenvolvidas na administração pública a situação é ainda mais periclitante, conforme apontam Santos (2012) e Lacombe e Albuquerque (2008), posto que os modelos de pesquisas advindos dos campos dos estudos organizacionais e de práticas de recursos humanos são baseados, eminentemente, na testagem dos efeitos de práticas de atividade gerencial sobre as formas de atuação humana, com base na análise das configurações organizacionais, como burocracia, contexto sócio/histórico, gerencialismo e institucionalismo, na definição de políticas e práticas organizacionais. As razões científicas que tentam explicar estas afirmações são debatidas a seguir.

Questões epistemológicas contemporâneas em CO: desafios a vencer

O campo dos estudos organizacionais é marcado por tensões. Há diferentes escopos, enfoques, perspectivas, axiomas, pressupostos e filosofias em disputa pelo reconhecimento e aceitação (Wilpert, 1995). Na literatura sobre CO uma das estratégias mais comumente utilizadas para se compreender a dinâmica das organizações em nível coletivo refere-se ao emprego de metáforas. Metáforas vêem sendo comumente utilizadas para facilitar a compreensão de mecanismos e processos organizacionais (Cornelissen, Oswick, Christensen & Philips, 2008).

Nota-se, contudo, que o emprego de metáforas deve ser utilizado com ressalvas, posto que as mesmas devem ser analisadas no escopo de um contexto particular em termos da análise de discurso e representação simbólica na identificação, categorização e interpretação dos mecanismos internos, sendo sua generalização dificultada por fatores internos ao modus operandi de cada organização. Por mais que sejam potencialmente úteis à análise da dinâmica das organizações, e a literatura sobre CO venha se caracterizando pela presença de distintas analogias metafóricas com foco na compreensão do cotidiano das organizações, assevera-se que cada metáfora precisa ser testada empiricamente, de modo a garantir sua generalidade e precisão no escopo de cada organização. Sua funcionalidade, assim, precisa ser comprovada, sob a ótica de indivíduos e grupos sociais em situação de trabalho, posto que seu uso acrítico ou assistemático, dificilmente, agregará sob um ponto de vista científico ou mesmo em termos da facilitação da compreensão do contexto organizacional.

Diversos campos de saber, advindos, por exemplo, da sociologia, psicologia, antropologia e ciência política, contribuíram sobremaneira para a estruturação do CO enquanto campo de saber. Diversos conceitos destes respectivos campos foram importados pelos teóricos em CO e analisados no contexto das organizações, ajudando na investigação das relações dos indivíduos em contexto de trabalho. Em virtude desta multiplicidade de

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conceitos e orientações, o domínio de CO carece de uma teoria de maior alcance ou de uma perspectiva teórica compartilhada que dê identidade ao CO e que oriente a pesquisa e a atuação nas organizações. Ou seja, as teorias em CO são de pequeno alcance e focam em construtos específicos de estudo, carecendo de um modelo integrador e que considere os efeitos entre indivíduos inseridos em contextos organizacionais.

As agendas de pesquisa se referem a temas e construtos específicos do domínio de CO, oferecendo pouca contribuição para o cenário mais amplo que mostre claramente os avanços alcançados e as lacunas a serem preenchidas. Em parte, a fragilidade aparece pela imprecisão do fenômeno. Como demarcar, com clareza, o que pode ser considerado CO? Em outros termos, a dificuldade de se responder satisfatoriamente à pergunta de ordem fenomenológica, o que é o fenômeno, repercute no nível epistemológico, qual conhecimento válido pode ser daí produzido e que tenha um alcance maior que ultrapasse as especificidades de cada construto.

Até mesmo a importância dos dados empíricos para a adequada compreensão dos fenômenos organizacionais merece ressalva, visto que a realidade empírica retrata um dado momento, sinalizando que o conhecimento produzido depende do contexto sócio-cultural. Depara-se então com problemas de validade externa. Se o fenômeno é pouco demarcado, ocorrem problemas, também, de validade interna, que busca maior consistência entre a representação simbólica do construto nos dados empíricos e o construto que se pretende estudar.

A falta de uma definição clara do objeto de estudo em CO tem efeitos diretos na formação e consolidação de suas teorias. O construto serve a um duplo papel na ciência, o de teorizar sobre um fenômeno não diretamente observado e a de operacionalizá-lo para estudá-lo empiricamente. Ou seja, o construto oferece a abstração conceitual e as traduz em dados observáveis. Deste modo, o fenômeno do desempenho no trabalho depende de uma teoria do desempenho, da descrição do desempenho, de como está articulado a outros conceitos correlatos, aproximando-se ou distanciando-se deles e de como o desempenho pode ser observado no cotidiano. O desempenho pode, então, ser analisado por medidas de autopercepção ou heteropercepção, com indicadores mais duros ou mais frágeis.

A clareza do construto, então, é de suma importância para a validade e confiabilidade das medidas em CO. Caso contrário, os dados serão inadequados para a interpretação do fenômeno, pois não refletem tal fenômeno como deveriam. A metáfora que considera uma organização como um organismo vivo considera que as mesmas diferenciam-se nas suas especificidades e contextos sócio-culturais, mas o excesso de foco no nível emic de análise (compreensão das particularidades) em detrimento no nível etic de análise (transcultural) pode ser um empecilho para o avanço do conhecimento científico, válido apenas para um tempo e um espaço. Quase nenhuma previsão pode ser feita sobre o fenômeno. O que se pode esperar de uma ciência que não consegue ir além do nível da descrição? Que tipo de contribuição ela trará?

Por exemplo, qual a validade epistemológica do conhecimento decorrente da análise de um construto que leva em conta apenas um contexto organizacional específico? Avançamos, por exemplo, ao teorizar sobre cultura organizacional descrevendo apenas a cultura de cada organização (nível emic) sem ousarmos avançar na construção de um modelo teórico mais complexo sobre a cultura de organizações, para além das suas especificidades (nível etic)? Não se deveria apostar em um modelo teórico que respondesse a questões gerais do fenômeno e permitisse que tal modelo sofresse ajustes a partir das particularidades de cada contexto cultural? Uma ciência do comportamento organizacional não deveria buscar um maior poder de generalização? Em que circunstâncias os estudos de casos poderiam prestar-se a generalizações teóricas? (Gondim et. al., 2005; Jóia, 2004)

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O foco na explicação do fenômeno em contextos específicos, sem procurar adotar procedimentos metodológicos que contribuam para a construção de teorias gerais e explicações de maior envergadura, obstaculiza o avanço em CO (Edwards, 2010). O excessivo cuidado no desenho metodológico das pesquisas empíricas desvinculado da preocupação com o refinamento teórico e conceitual contribuiu para que as teorias em CO não sejam devidamente colocadas à prova (Gabriel, 2010). São poucos os estudos cujo foco recai no teste rigoroso de premissas teóricas já consolidadas, o que, muitas vezes, leva à adoção de posturas dogmáticas (Carr & Lapp, 2009; Newman, Lillis, Waite & Krefting, 2009; Siqueira, 2002).

A perspectiva de análise teórica sobre CO estaria, assim, na contramão do pensamento científico popperiano da construção de hipóteses que realmente venham a colocar à prova os pressupostos teóricos (Popper, 1963), numa tentativa autêntica de falseamento. Pouco progresso é visualizado nas teorizações sobre CO ao longo dos anos exatamente porque as teorias dificilmente são colocadas à prova. A preocupação, muitas vezes, parece ser a de realizar o estudo empírico para exemplificar (ou justificar) a teoria do que para testar hipóteses derivadas da teoria (falsificação). A teoria persiste não pelo mérito de ter sobrevivido a um rigoroso teste de seus pressupostos e postulados, mas pela sua utilização na explicação parcial de um dado contexto.

Para Edwards e Barry (2010), há necessidade urgente de se prover maior rigor teórico, maior refinamento dos principais achados empíricos e maior interface conceitual entre os dois níveis. O dado deve servir de elo entre o modelo de pesquisa teoricamente hipotetizado, o emprego de procedimentos metodológicos para sua testagem e as conclusões devem ser extraídas após uma cuidadosa análise crítica dos axiomas teóricos vigentes (Stablein, 1996). A ausência de um debate científico aberto sobre essas questões pode ser um indício da pouca preocupação com o estatuto científico no campo de CO. Pressupostos epistemológicos (produz-se conhecimento válido, preciso e generalizável sobre CO?), ontológicos (o que é real nos fenômenos de CO?), fenomenológicos (como demarcar os fenômenos descritos como de CO? Os dados produzidos em cada relato empírico contribuem de que forma para o avanço de uma dada teoria?) e abordagens mais tradicionais devem ocupar o centro do debate. No que tange à demarcação do fenômeno a ser estudado em CO, Nord e Fox (1996) destacam dois pontos, a centralidade do foco nos indivíduos nos estudos organizacionais em detrimento dos níveis grupal e organizacional, e a análise de fatores do contexto ou do ambiente deixando em segundo plano a construção de teorias gerais. É mais recente o direcionamento para o comportamento de grupos e equipes de trabalho (Mowday & Sutton, 1993). No entanto, mesmo que a preocupação seja em buscar explicações nos níveis meso e macro organizacional, os procedimentos de coleta de dados de pesquisas ainda estão fortemente apoiados em medidas individuais de auto-relato. Ou seja, a fonte de evidências empíricas é mais apoiada nas percepções individuais e menos em medidas mais duras de observação. Documentos, tais como relatórios de procedimentos e de desempenho organizacional, por exemplo, que poderiam oferecer indicadores importantes para a análise, muitas vezes são tratados como secundários sem que sejam adequadamente explorados. Dados contidos no ambiente organizacional, que poderiam ser medidos por meio de observação natural ou participante, são pouco explorados em desenhos que poderiam obter os ganhos da triangulação de métodos, de teorias, de dados e de pesquisadores (Flick, 2009). Sem dúvida, é válido tratar como dado a percepção dos atores organizacionais sobre a sua organização e o seu trabalho, mas a área de CO poderia ter mais avanços se explorasse mais opções de fontes de dados observacionais do comportamento dos indivíduos, dos grupos e das organizações. Sem dúvida isto repercutirá nos desenhos de pesquisa que deverão ser mais criativos, impondo desafios metodológicos para os pesquisadores da área.

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A análise do fenômeno da organização também se encontra um pouco ausente dos relatos empíricos de CO. Visto que as organizações podem ser classificadas, por exemplo, adotando diversos critérios, como natureza, finalidade, tamanho, complexidade, área de atuação, a inclusão de uma discussão comparativa ajudaria a atingir níveis mais abstratos de entendimento conceitual sobre como caracterizar o CO. Os achados empíricos que constituem o estado da arte de cada variável em CO são baseados em realidades organizacionais particulares, em contextos organizacionais específicos, regidos por uma cultura e sub-culturas próprias. Nem sempre os efeitos de variáveis do contexto de cada organização são considerados pelos pesquisadores na interpretação e análise dos seus resultados de pesquisa e articulados com uma concepção teórica mais geral. Em outras palavras, mesmo os esforços de desenvolver uma ciência de CO do particular, visando compreender as especificidades do fenômeno em uma dada organização, este contexto não é explorado de modo que possa contribuir para uma teoria geral sobre o fenômeno. O conhecimento baseado apenas em medidas de auto-relato como fonte primária de coleta de dados deve ser analisado mais criticamente, posto que os indivíduos interpretam, significam e resignificam o fenômeno em análise com base no sistema de crenças pessoais e compartilhadas pelo grupo. A abordagem de sensemaking (processo em que as pessoas dão significado à experiência) em estudos organizacionais, proposta por Weick (1995), trouxe inúmeras contribuições. Isto ocorreu porque ela está apoiada na concepção de que a organização é uma construção social dos indivíduos e, como tal, a apreensão dos sentidos e significados compartilhados (cognição social) ajudam a compreendê-la na sua complexidade. Se, de um lado, não se pode abandonar a percepção dos indivíduos sob o risco de se falar de uma organização morta, de outro, pautar a análise apenas nas crenças e sentidos compartilhados não é suficiente para a construção de uma teoria geral sólida dos fenômenos organizacionais. Como, por exemplo, investigar dimensões de cultura organizacional ou configurações de poder sem considerar o sistema de autoridades formal e informalmente instituído nas organizações? A estrutura hierárquica é algo concreto. Sem dúvida, a estrutura por si só não é suficiente para definir as relações de poder. É preciso articular isto com as crenças que os indivíduos compartilham sobre esta estrutura de poder. Esta é a perspectiva integradora e sistêmica na análise científica do objeto de pesquisa que se propõe aqui, ao invés de se basear apenas em subjetivismos até exagerados ao se estudarem determinadas variáveis de contexto (meso ou macro-influência de análise). Como investigar desempenho sem se ater à configuração dos papéis ocupacionais a partir da descrição das atribuições normativas, responsabilidades e competências no trabalho? Ou mesmo, como estudar o impacto de um dado treinamento no trabalho sem se considerar os efeitos de contexto pelo simples fato dos indivíduos trabalharem em equipe? Enfim, é fundamental que os desenhos de pesquisa em CO avancem para além da forte ênfase nas medidas de auto-relato. Embora fundamentais, elas podem limitar o alcance das análises. Ademais, se faz necessário, também, que os instrumentos sejam mais cuidadosamente planejados. É preciso ter claro qual o papel de cada instrumento na coleta de dados e na explicação do fenômeno em estudo. Tópicos de um roteiro de entrevistas, itens de uma análise documental ou de um questionário totalmente estruturado devem deixar explícitos os objetivos que cumprem nas respostas dadas ao problema de pesquisa. Para se melhorar a qualidade dos instrumentos de medidas psicológicas, amplamente usados em estudos de CO, torna-se premente desenvolver critérios de validade de construto e de sua operacionalização empírica. Mais do que testar a eficiência de modelos empíricos reduzidos a duas ou mais variáveis (relacionando, por exemplo, satisfação e desempenho no trabalho), critérios mais rigorosos de confiabilidade e consistência interna da medida para testar as hipóteses devem ser adotados. Ademais, é preciso estar atento à coerência dos itens

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com o construto que se quer medir e sua estabilidade em relação ao lócus e ao tempo (medida de fidedignidade). A descrição do processo de representação é a forma mais importante de demonstrar a correspondência entre o construto e suas medidas. Procedimentos de validação convergente e discriminante são amplamente recomendados para tal, para se verificar o grau de adequação e sobreposição entre os itens na função de análise de um dado fenômeno. Conclusões O presente texto teve o objetivo de discutir o CO como disciplina científica. Alguns pontos foram destacados como limitadores dos avanços neste campo de domínio de conhecimento:

1) Descrição do fenômeno: pouca demarcação do que seja o fenômeno de CO; 2) Carência de uma teoria geral: estudos apoiados em microteorias de pequeno alcance

que não oferecem uma explicação geral de CO; 3) Nível de análise individual: foco no nível de análise individual, explorando pouco CO

como a manifestação de comportamentos grupais e compartilhados circunscrita a uma configuração estrutural e sistêmica;

4) Instrumentos de pesquisa: foco em medidas de auto-relato, desconsiderando variáveis observacionais; necessidade de melhor articulação entre construto e a medida; necessidade de maior rigor na validação psicométrica.

Um dos primeiros desafios a vencer é a demarcação clara do que seja CO. A princípio parece simples, ao se definir como um campo de estudos dos comportamentos dos indivíduos e grupos nas organizações nas suas relações com a estrutura e os demais componentes organizacionais. Na prática, esta definição é muito ampla e inclusiva demais. Dificilmente, se encontraria um fenômeno circunscrito às organizações que fosse excluído dessa definição. O campo científico em CO ainda carece de refinamento, tanto teórico, no ajuste das definições substantivas e operacionais, quanto metodológico, no emprego de técnicas e instrumental mais adequados à compreensão mais amplo do fenômeno. Medidas de auto-relato continuam a ser amplamente utilizadas. A adoção mais sistemática de diversas formas de triangulação poderia ajudar nesta apreensão de um fenômeno complexo e dinâmico com o de CO e auxiliar na construção de modelos teóricos mais gerais. Para além da construção de teorias mais gerais, é preciso envidar esforços no refinamento teórico em CO, que passa pela confrontação das teorias vigentes. Se a teoria, da maneira como se encontra configurada, não abre espaço para sua confrontação empírica, com receio de refutação, o dogmatismo reina absoluto. O estabelecimento de verdades inquestionáveis torna o campo disciplinar vulnerável a modismo (Wood Jr, 1999). Os achados empíricos derivados de pesquisas de contextos organizacionais e ambientais específicos devem atender certas condições epistemológicas para serem incorporados à teoria. A validade externa ou poder de generalização necessita ser observada. Os componentes de uma estrutura organizacional, tais como os sistemas de autoridade e de responsabilidades, autonomia decisória, graus de formalização e de centralização precisam ser considerados à luz dos achados e da teoria que dá suporte ao estudo. As realidades singulares são vinculadas a contextos organizacionais específicos. Considera-se, assim, que é preciso adotar critérios de precisão na coleta de informações e análise dos dados, especialmente no alinhamento de um item de um questionário, por exemplo, em relação ao construto associado e ao tipo de dado produzido. Em outras palavras, este item está corretamente alinhado com o seu construto? Se o nível de análise do construto for o contexto, por exemplo, o item dá como parâmetro de julgamento esta dimensão, ou seu foco é o indivíduo?

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Recomenda-se fortemente, aqui, o uso de questionários com evidências de validade, o que garante maior generalidade e fidedignidade dos dados empíricos obtidos com o seu uso. O que se espera é que um dado de pesquisa (enunciado particular) contribua, efetivamente, para o progresso científico e teórico vinculado à variável associada (enunciado universal). As características psicométricas de um instrumento são fundamentais à precisão das generalizações realizadas a partir das evidências obtidas. Para que se ultrapasse o nível individual de análise e se alcance o grupal, torna-se relevante investigar os processos envolvidos no compartilhamento. O compartilhamento de uma equipe de trabalhadores, por exemplo, seria um requisito para o desempenho de uma dada tarefa? Como ocorreria o alinhamento dos valores organizacionais, individuais e grupais? Como caracterizar o desempenho decorrente da aprendizagem compartilhada em grupos? A literatura que trata de variáveis de nível meso precisa avançar na identificação dos modos de funcionamento decorrentes da idéia de um coletivo. A coleta de dados deve, assim, ser feita também diretamente em nível meso. O pesquisador deve estar atento às formas de configuração do grupo considerando sua dinâmica vívida. A psicologia social pode auxiliar nesta compreensão por meio dos conceitos de identificação e personificação dos indivíduos em situação de grupo. Provavelmente, a utilização combinada de estratégias de pesquisa qualitativas e quantitativas ajude a avançar nesta direção. Processos são mais facilmente apreendidos por observação e mensuração temporal. Isto nos leva a pensar que, por mais difícil que seja realizar estudos longitudinais na prática, eles poderiam contribuir para a teorização em estudos de CO. É fato que a literatura científica sobre CO cresceu muito nas últimas décadas, e que são inúmeras as suas contribuições para a compreensão e explicação da relação entre indivíduos e organizações de trabalho. Entretanto, há desafios a serem vencidos para sua consolidação como ciência. Sem dúvida, isto depende da visão de ciência que se tem. Neste artigo adotou-se o ponto de vista de que uma ciência, ainda que reconheça as diferenças históricas, sociais e culturais, deve assumir o compromisso de desenvolver teorias mais gerais e abstratas capazes de explicar a maior parte dos fenômenos. É um ideal de nível de maturidade a ser buscado, que poucos campos científicos conseguiram atingir, especialmente no campo das ciências sociais. O ideal, numa alusão a Weber (1987), pode vir a servir como diretriz e parâmetro crítico para orientar a construção teórica e a produção de conhecimentos válidos sobre CO. As contribuições teóricas daí advindas poderiam promover um refinamento na atual literatura disponível. O dado empírico, assim, poderia contribuir mais eficazmente para o avanço das teorias de CO. Com isto, ou seja, com a literatura sobre CO minimamente consolidada em termos do seu alcance, possibilidades de generalizações e de suas aplicações, poder-se-ia até ter um alcance prático junto às organizações bem mais efetivo do que é na atualidade, principalmente em termos de instrumentalização e do uso de medidas com evidências de validade que garantam a precisão e a generalidade dos resultados de pesquisa encontrados. Referências Aguinis, H., Pierce, C. A., Bosco, F. A., & Muslin, I. S. (2009). First decade of organizational

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