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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI
JUAN DIEGO ANGÉLICO
A UTILIZAÇÃO DO FACTORING COMO INSTITUIÇÃO BANCÁRIA
Biguaçu (SC) 2008
JUAN DIEGO ANGÉLICO
A UTILIZAÇÃO DO FACTORING COMO INSTITUIÇÃO BANCÁRIA
Monografia apresentada como requisito parcial para a obtenção de título de Bacharel em Direito pela Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, Centro de Educação de Biguaçu.
Orientador: Msc. Prof. Moacir José Serpa
Biguaçu (SC)
2008
JUAN DIEGO ANGÉLICO
A UTILIZAÇÃO DO FACTORING COMO INSTITUIÇÃO BANCÁRIA
Esta monografia foi julgada adequada para a obtenção do título de Bacharel em
Direito e aprovada pelo Curso de Direito da Universidade do Vale do Itajaí –
UNIVALI, Centro de Educação de Biguaçu.
Área de Concentração: Direito Comercial
Biguaçu (SC), 10 de novembro de 2008
_____________________________
Msc. Prof. Moacir José Serpa UNIVALI – CE de Biguaçu
Orientador
_____________________________
Esp. Prof. Marilene do Espírito Santo UNIVALI – CE de Biguaçu
Membro
_____________________________
Esp. Prof. Roberto Figueiredo Júnior Convidado Membro
TERMO DE ISENÇÃO DE RESPONSABILIDADE
Declaro, para todos os fins de direito, que assumo total responsabilidade pelo
aporte ideológico conferido ao presente trabalho, isentando a Universidade do
Vale do Itajaí, a coordenação do Curso de Direito, a Banca Examinadora e o
Orientador de toda e qualquer responsabilidade acerca do mesmo.
Biguaçu (SC), 10 de novembro de 2008.
_____________________________
Juan Diego Angélico
Graduando
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho, bem como todas as vitórias a minha família, que sem ela não estaria realizando mais um sonho de minha vida.
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus, por estar ao meu lado dando paciência e
forças para acreditar nesse sonho.
Ao meu Grande Amigo e Padrinho Luiz Antonio que fez esse
sonho se realizar e de uma forma acreditar e confiar em mim
espero nunca lhe desanimar.
A minha Mãe por toda sua determinação e ajuda e
conselhos, Obrigado Mãe – Te Amo.
Ao meu Pai por todas as orações repassadas.
A minha irmã Luize Marie, Flor Mais Bela.
Ao professor Msc. Moacir José Serpa, pela orientação,
ensinamentos e dedicação.
A todos aqueles que direta ou indiretamente contribuíram de
alguma forma para o enriquecimento de meus
conhecimentos e experiências nestes últimos 5 anos.
E em Especial para o meu Amigão Bill Farney Jr, psicólogo
nas horas vagas que me ajudou neste período,
Ao meu saudoso amigo, empreiteiro Luciano Cabral que
esta nessa caminhada comigo a 5 anos crescendo e
apreendendo.
E a minha pequena e amada Daniela Leal, que por 3 anos
esteve comigo e nas horas difíceis segurou-me para
continuar a luta e que sempre brigou para não desisti-se.
A todo Grupo Back em grifo Sr. Jose Koerich, que me liberou
para aulas e provas e ao Sr. Écio Back, por milhares de
ensinamentos.
Ala São José e OsBunitões – Quem Tá Junto, Tá Junto, E
eu To Junto.
EPÍGRAFE
Salmo 23:
1. O Senhor é o meu pastor; nada me faltará.
2. Deitar-me faz em pastos verdejantes; guia-me
mansamente a águas tranqüilas.
3. Refrigera a minha alma; guia-me nas veredas da justiça
por amor do seu nome.
4. Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não
temerei mal algum, porque tu estás comigo; a tua vara e o
teu cajado me consolam.
5 Preparas uma mesa perante mim na presença dos meus
inimigos; unges com óleo a minha cabeça, o meu cálice
transborda.
6 Certamente que a bondade e a misericórdia me seguirão
todos os dias da minha vida, e habitarei na casa do Senhor
por longos dias.
RESUMO
O factoring, figura que vem se firmando no Brasil,
principalmente nestas duas ultimas décadas, e que versa justamente sobre a
aquisição ou compra do crédito ou dos ativos financeiros das empresas
comerciais ou industriais, com expansão para o fomento mercantil e outros
setores, como a assessoria empresarial, a gestão dos créditos, a administração
de contas a receber e o planejamento da política creditícia. As constantes
controvérsias e dúvidas que se apresentam sobre o assunto impõem a correta
delimitação e o perfeito enquadramento do instituto, a que se chega pelo
alinhamento das concepções, definições e aplicações do que é comum ma
formação doutrinária e jurisprudencial. O presente trabalho, procura apresentar o
factoring na sua exata dimensão e nos alcances que pode ter como instituto
jurídico, que vai adquirindo tipicidade própria, com vantagens e benefícios,
embasamento legal, como funciona, público alvo, modalidades, cenário
econômico atual para o factoring, enfim, procuramos elaborar um trabalho com o
maior número de informações possível sobre o tema, que fosse de fácil
entendimento e que contivesse o necessário para que se possa entender como
funciona esse sistema, que está em faze de expansão no país.
Palavras chave: Factoring, Instituições Financeiras.
ABSTRACT
Factoring, that figure has been firm in Brazil, especially in the
past two decades, and which has just about the acquisition or purchase of credit or
financial assets of commercial or industrial businesses, with expansion to promote
market and other sectors, such as advisory business, the management of funds,
administration of accounts receivable and credit policy planning. The constant
controversies and doubts that were present on the subject correctly demarcation
and requires the perfect framework of the institute, which was reached by the
alignment of concepts, definitions and applications of that doctrine is common and
legal training program. This study, seeks to present factoring in its exact size and
scope that can have the legal institute, which is acquiring typical own, with
advantages and benefits, legal basement, how it works, target audience,
modalities, current economic scenario for factoring Finally, try drawing up a job
with the largest number possible of information on the subject, which would be
easy to understanding and containing the necessary order to understand how this
system works, which is making the expansion in the country.
Key words: Factoring, Financial Institutions.
ROL DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ANFAC Associação Nacional das Sociedades de Fomento Mercantil
ADPF Argüição de Descumprimento de Preceito Fundamental
AJUFE Associação dos Juízes Federais do Brasil
ANAMATRA Associação Nacional dos Magistrados do Trabalho
ART Artigo
BACEN Banco Central do Brasil
BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
CC/2002 Código Civil de 2002
CCJ Comissão de Constituição, Cidadania e Justiça
CMN Conselho Monetário Nacional
CNJ Conselho Nacional de Justiça
COMOC Comissão Técnica da Moeda e do Crédito
COAF Conselho de Controle de Atividades Financeiras
COFINS Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social
CPC Código de Processo Civil
CRFB/1988 Constituição da República Federativa do Brasil de 1988
CSLL Contribuição Social sobre o Lucro Líquido
CVM Comissão de Valores Imobiliários
DNRC Departamento Nacional de Registro do Comércio
EC Emenda Constitucional
FIDC Fundo de Investimento em Direitos Creditórios
HC Habeas Corpus
IR Imposto de Renda
PIS Programas de Integração Social
SRF Secretaria da Receita Federal
STF Supremo Tribunal Federal
STJ Superior Tribunal de Justiça
TRF Tribunal Federal de Recursos
ROL DE CATEGORIAS
Rol de categorias que o Autor considera estratégicas à
compreensão do seu trabalho, com seus respectivos conceitos operacionais.
Agiotagem
“Comércio especulativo de empréstimo clandestinos e
informais, cobrando juros excessivos com vistas a auferir lucros exagerados ou
vantagens exorbitantes.” 1
Banco
Empresa ou instituição financeira que tem por fim realizar a
mobilização do crédito, mediante o recebimento, em depósito,
de capitais de terceiros, e o empréstimo de importância, em
seu próprio nome, aos que necessitam de capital.2
Capitalização de Juros
“Capitalização dos juros significa juros compostos, em
oposição aos juros simples. [...] É chamada “capitalização” de juros porque é a
“ação” de tornar os juros em “capital””.3
Conselho Monetário Nacional
O Conselho Monetário Nacional seria um órgão do Poder
Executivo Central, criado com o objetivo de operacionalizar as
diretrizes do governo federal e de conferir agilidade à sua
1 LEITE, Luiz Lemos. Factoring no Brasil. Ed. Atlas S.A – 2007 -11ª edição, p. 21 2 DINIZ, Maria Helena. Tratado teórico e prático dos contratos. 4. vol. 5. ed. São Paulo: Saraiva,
2003. p. 573. 3 DALLAGNOL, Deltan Martinazzo. Capitalização de juros no direito brasileiro. Disponível em:
<http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=3439>. Acesso em 29 maio 2008.
atuação, no que diz respeito à matéria específica a ele
outorgada.4
Direito de Regresso
Direito assegurado, pela lei ou pelo contrato, àquele que pagou
a obrigação e que busca ressarcir-se frente aos demais obrigados. “Ação ou o direito
que se atribui ao credor ou a quem pagou por outrem, de ir buscar deste a quantia
ou a importância desembolsada. “ 5
Factoring
Na legislação brasileira vigente, factoring, é a prestação
cumulativa e contínua de serviços de assessoria creditícia,
mercadológica, gestão de crédito, seleção de riscos,
administração de contas a pagar e a receber, compra de
direitos creditórios resultantes de vendas mercantis a prazo ou
de prestação de serviços. 6
Factor
“Empresa de factoring, faturizador, cessionário e endossatário
dos títulos adquiridos.” 7
Fator
“Deságio (diferencial ou comissão) entre o valor de face do
título cedido e o pagamento feito pela empresa de factoring.” 8
4 TURCZYN, Sidnei. O sistema financeiro nacional e a regulação bancária. São Paulo: Revista
dos Tribunais, 2005. p. 131. 5 MARIANI, Irineu. Contratos Empresarias: atualizados pelo Código Civil 2002 e leis posteriores. Porto Alegre: Livraria do Advogado Editora, 2007, p. 332. 6 BRASIL, Lei 9.249 de 26 de dezembro de 1995, artigo 15 § 1�, III,d. 7 DONINI, Antônio Carlos. Manual do Factoring. Ed. Klarear. 2004, p. 269
8 DONINI, Antônio Carlos. Manual do Factoring. Ed. Klarear. 2004, p. 269
Faturização, Fomento Mercantil ou Factoring
Instituto pelo qual um industrial ou comerciante
(faturizado) cede à instituição (faturizador), total ou parcialmente,
créditos oriundos de vendas efetuadas a terceiros, mediante
pagamento de determinada comissão a cargo do cedente. 9
Faturizado
“Cliente da empresa de factoring, também conhecida como
contratante-faturizada, cedente endossante, emitente-sacador dos títulos cedidos na
operação de factoring “.10
Instituição Financeira
Consideram-se instituições financeiras, para os efeitos da
legislação em vigor, as pessoas jurídicas publicas ou privadas,
que tenham como atividade principal ou acessória a coleta,
intermediação ou aplicação de recursos financeiros próprios ou
de terceiros, em moeda nacional ou estrangeira, e a custodia
de valor de propriedade de terceiros. 11
Juros
“Os juros são a remuneração pelo uso do capital, ou seja,
pagamento efetuado ao proprietário, por ter-lhe retirado o uso do bem, por certo
período de tempo”.12
9 DONINI, Antônio Carlos. Manual do Factoring. Ed. Klarear. 2004, p. 269
10 DONINI, Antônio Carlos. Manual do Factoring. Ed. Klarear. 2004, p. 269
11 BRASIL, Lei 4.595 de 31 de dezembro de 1964, artigo 17 12 SCHONBLUM, Paulo Maximilian Wilhelm. O Novo direito empresarial: contratos bancários. Rio
de Janeiro: Freitas Bastos, 2004. p. 244.
Negócio Jurídico
“Negócio jurídico constitui todo o ato lícito, que tenha por fim
imediato adquirir, resguardar, transferir, modificar ou extinguir direitos.” 13
Sistema Financeiro Nacional
“[...] conjunto de instituições e órgãos que regulam, fiscalizam e
executam as operações relativas à circulação da moeda e do crédito”.14
13 VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil: teoria geral das obrigações e teoria geral dos contrato. P. 331 14 FERREIRA, J. Ricardo. Sistema Financeiro Nacional. Disponível em:
<http://www.editoraferreira.com.br/publique/media/01SFN.pdf>. Acesso em 07 maio 2008.
SUMÁRIO
DEDICATÓRIA........................................................................................................... iv
AGRADECIMENTOS.................................................................................................. v
EPÍGRAFE................................................................................................................. vi
RESUMO................................................................................................................... vii
ABSTRACT.............................................................................................................. viii
ROL DE ABREVIATURAS E SIGLAS....................................................................... iv
ROL DE CATEGORIAS............................................................................................. vi
INTRODUÇÃO.......................................................................................................... 17
2. FACTORING......................................................................................................... 19
2.1 História da Factoring no Mundo e no Brasil.............................................. 19
2.2 Conceituação de Factoring.......................................................................... 21
2.3 A Operacionalização da Factoring.............................................................. 24
2.3.1 Factoring Convencional........................................................................... 24
2.3.2 Compra de Matéria-prima........................................................................ 25
2.3.3 Trustee................................................................................................... 25
2.3.4 Maturity................................................................................................ 25
2.3.5 Importação – Exportação......................................................................... 26
2.3.6 Colletion Type Factoring Agreement........................................................ 27
2.3.7 Intercredit.................................................................................................. 27
2.3.8 Open Factoring......................................................................................... 27
2.3.9 O Quase Factoring, ou Undisclosed Factoring……..…………………….. 27
2.3.10 Factoring With Recouse................................................................... 27
2.3.11 O Non Notification Factoring.............................................................. 27
2.3.12 Old Line Factor..................................................................................... 28
2.3.13 Acounts Receivable Financing................................................................. 28
2.3.14 Bulk Factoring.......................................................................................... 29
2.4 Fundos de Investimento em Direitos Creditórios – FIDC......................... 29
2.5 Legislação sobre Factoring......................................................................... 31
3. INSTITUIÇÃO FINANCEIRA................................................................................ 35
3.1 Histórico........................................................................................................ 35
3.2 Bancos........................................................................................................... 36
3.2.1 Banco do Brasil......................................................................................... 39
3.3 Sistema Financeiro Nacional.......................................................................... 39
3.4 Conselho Monetário Nacional......................................................................... 40
3.5 Banco Central do Brasil.................................................................................. 42
3.6 Funcionalidade da Instituição Financeira....................................................... 43
4. A UTILIZAÇÃO DO FACTORING COMO INSTITUIÇÃO FINANCEIRA............. 47
4.1 Operações Bancárias Confundidas com o Factoring............................... 49
4.1.1 Jurisprudência............................................................................................ 56
CONCLUSÃO........................................................................................................... 61
REFERÊNCIAS DAS FONTES CITADAS................................................................ 63
GLOSSÁRIO............................................................................................................. 67
ANEXOS................................................................................................................... 69
1) Lei Nº 4.595 de 31 de dezembro de 1964............................................................. 69
2) Regimento Interno do Conselho de Ética............................................................ 107
3) Estatuto prevê a oferta de serviços a associados............................................... 111
INTRODUÇÃO
Existe uma grande diferença entre banco e factoring. O banco
não compra créditos, mas capta recursos do público e os empresta e depende de
autorização do Banco Central para funcionar. Já o factoring é uma atividade
comercial no qual se soma serviços com compra de crédito. Factoring é fomento
mercantil, porque expande os ativos de suas empresas clientes, aumenta-lhes as
vendas, elimina seu endividamento e transforma as suas vendas a prazo em vendas
a vista.
O Factoring é o filtro seletor que facilita que um bem ou um
título possa ser convertido em dinheiro em curto prazo para o mercado. O mercado
de factoring ainda está engatinhando e a sua competitividade vem aumentando a
cada dia.
Escolheu-se desenvolver um projeto sobre factoring, com a
intenção de aprimorar o conhecimento sobre o assunto. E sabe-se que quanto maior
a competitividade se destaca apenas aquele que se especializa, se tornando
qualificado para tal operação. Factoring exploram as atividades de prestação
cumulativa e contínua de serviços de assessoria credito, mercadológica, gestão de
crédito, seleção de riscos, administração de contas a pagar e a receber, compras de
direitos creditórios resultantes de vendas mercantis a prazo ou de prestação de
serviços.
A monografia ora apresentada está distribuída em três
capítulos:
Inicia-se o primeiro capitulo tratando de factoring e sua origem
histórica, bem como conceituação e operação. Aborda ainda, sobre o Fundo de
Investimento em direitos creditórios e sua aplicação na Legislação.
No segundo capítulo trata-se de Instituições Bancarias e sua origem histórica,
bem como sua evolução, relatando o sistema bancário do Brasil junto com o Sistema
Financeiro Nacional, Conselho Monetário Nacional, Banco Central e suas devidas
funcionalidades.
Quanto ao terceiro e último capítulo, é dedicado à análise das
operações utilizadas entre factoring e Instituições Bancárias, sendo que neste
momento se faz uma analise sobre as operações bancárias confundidas com o
factoring, como o processamento de desconto bancário, objeto do desconto e
transferência de titulo e sobre Direito de Regresso.
Método utilizado foi o dedutivo que é um método lógico que
pressupõe que existam verdades gerais já afirmadas e que sirvam de base
(premissas) para se chegar através dele a conhecimentos novos.
A oportunidade desse projeto pode ser considerada única, pois
além de um intenso aprendizado, irá proporcionar um grande crescimento pessoal.
2. FACTORING
2.4 História da Factoring no Mundo e no Brasil
Para entender a historia sobre a origem da factoring no mundo
precisa-se retornar a antiguidade.
Nesse sentido, Leite diz:
Nos primórdios da História do Ocidente, há mais de dois mil anos antes da nossa era, Hamurabi, Rei da Babilônia, fez gravar num bloco de pedra, como parte do chamado ‘Código de Hamurabi’, fórmulas de gestão comercial e normas que regulamentavam os procedimentos do comércio daquela época. Comércio pressuponha confiança (crédito). Naqueles primórdios da civilização, a forma de obter e transferir recursos a terceiros surgia como necessidade do tráfico de mercadorias e foi utilizada pelos povos antigos, caldeus, babilônicos, fenícios, etruscos, gregos, e romanos, entre outros que faziam comércio no Oriente Médio e no Mediterrâneo. 15
Os dois autores defedem de formas diferentes a origem do
factoring no mundo e tem a sua própria teoria. Martins encontra a origem numa
espécie de contrato de agência, feito entre comerciantes. “Na Grécia e em Roma,
comerciantes encubem o agentes (factors), disseminados por lugares diversos, a
guarda e venda de mercadorias de sua propriedade.” 16
Os factors – os agentes – atuavam localmente como agentes
de créditos diminuindo assim os possíveis riscos das operações de comércio.
Os romanos estabeleceram pontos estratégicos dentro de seus
territórios, que possuíam a incumbência de promover o comércio local, prestando
informações sobre créditos de outros comerciantes, recebendo e armazenados
mercadorias provenientes de outros locais e fazendo cobranças, em troca de
recebimento de uma remuneração.
Assim, pode-se caracterizar o surgimento das primeiras
estruturas de factoring nos USA da seguinte forma:
15 LEITE, Luiz Lemos. Factoring no Brasil. Ed. Atlas S.A – 2007 -11ª edição, p. 01 16 MARTINS, Fran. Contratos e obrigações comerciais. 14ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 1998, p. 470
A primeira sociedade de factoring foi constituída nos Estados Unidos, em 1808, sendo que em 1831, se admitia explicitamente que o cedente, depois da cessão, se tornando estranho à relação obrigacional originária. No plano legislativo, o Uniform Commercial Code, de 1954, adotado primeiramente pelo Estado da Pensilvânia, e depois, aos poucos, pelos demais Estados, com exceção da Lousiania, contém normas, especialmente no art. 9º, cujos numerosos parágrafos podem ser aplicados ao factoring. Dentre as várias disposições, destaca-se a que proíbe a insensibilidade de crédito. 17
O Reino Unido e a Itália são os países que mais se destacam
quanto à atividade do factoring.
Rizzardo afirma que:
[...] No último país, desde 1991, por uma lei sobre a cessão de crédito empresas envolvendo as operações anuais mais de um milhão de dólares, realizados pelas denominadas sociedades finalizzate, e a maioria controlada por bancos. 18
Já no Brasil, o surgimento do factoring deu início em 1968,
quando um funcionário do Banco Central do Brasil, ao examinar um relatório de um
banco de investimento de São Paulo, deparou-se com uma rubrica factoring,
rasurada no lugar de Financiamento de Capital de Giro, no ativo do balancete da
instituição financeira.
Por outro lado, deve-se registrar que no Brasil, o surgimento do
factoring ainda é confundido com a agiotagem nesse sentido escreve, Donini:
Revela-se, ainda, que os bancos visando se protegerem e evitarem riscos dificultavam e ainda dificultam a liberação de recursos, criando mecanismo de seletividade e garantias descabidas, sem contar com as enormes burocracias para atender as necessidades das pequenas
17 RIZZARDO, Arnaldo. Factoring. - 3ª ed. rev. atual. e ampl. – São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2004. p. 27 18 RIZZARDO, Arnaldo. Factoring. - 3ª ed. rev. atual. e ampl. – São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2004. p. 27/28
e médias empresas, não restando outra alternativa a essas empresas, senão buscar sobrevida no mercado paralelo. 19
Denota-se que este interesse pela disciplina factoring começou
a despertar a partir da década de 1980.
Segundo Mariani:
Em 1982, ganhou grande impulso com o surgimento da Associação Nacional de Factoring – ANFAC. Tramita no Congresso Nacional o Projeto Lei 230/95, o qual disciplinará a atividade, deixando então o factoring de ser um contrato atípico. 20
Desta forma, contata-se que o factoring no Brasil ainda, hoje,
não é reconhecido pela lei, porém existem várias leis tributárias que pretendem
definir contrato de factoring. Desta forma, constate-se que o factoring no Brasil
encontra-se em franca expansão neste mercado.
2.5 Conceituação de Factoring
Factoring é uma palavra de origem latina. Também é
conhecida no Brasil como “faturização” – conforme Comparato. 21 Porém, é
vigorosamente refutada por Luiz Carlos Leite, que prefere a expressão “fomento
comercial”. 22
Existem várias definições de factoring.
Para Donini:
19 DONINI, Antônio Carlos. Manual do Factoring. Ed. Klarear. 2004, p. 53 20 MARIANI, Irineu. Contratos Empresarias: atualizados pelo Código Civil 2002 e leis posteriores. Porto Alegre: Livraria do Advogado Editora, 2007, p. 291. 21 COMPARATO, Fábio Konder. Factoring In: Ensaios e Pareceres de Direito Empresarial. Rio de Janeiro: Forense, 1978. cap. 3, p. 347. 22 LEITE, Luiz Carlos. Factoring no Brasil. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2003, p.30.
Partindo das funções desempenhadas pelo factor no Brasil, factoring ou fomento empresarial resume-se em atos que envolvem a compra de crédito, antecipação de recursos não financeiros (matéria-prima) e prestação de serviços convencionais ou diferenciados, conjugados ou separadamente, a título oneroso entre dois empresários, faturizador e faturizado. 23
Na visão do presidente da ANFAC – Leite, que defende a
factoring como fomento comercial:
O factoring é um mecanismo que se destina a facilitar a vida de suas empresas-clientes, fomentando e alavancando suas atividades indispensáveis à colimação de seu objetivo social, ampliando seus ativos, expandindo suas vendas, eliminando seu endividamento e otimizando sua capacidade gerencial. 24
Neste sentido, leciona Rizzardo:
Sabe-se que o factoring corresponde a uma técnica comercial de negociação de créditos e de prestação de serviços. Na compra de créditos, estes vem representados por um titulo cambiário ou cambiariforme, em geral uma duplicata, o qual revela um crédito. Sobre o crédito criado por uma transação comercial, nasce uma transação comercial, nasce uma relação com um terceiro, alheio à transação, em geral de compra e venda, ou de prestação de serviços. 25
Já Lemmi diz que:
O conceito de factoring no Brasil hoje não é dado diretamente pela lei. Muito embora haja leis tributárias que tenham pretendido definir o contrato de factoring, a verdade é que o fizerem de maneira muito insatisfatória. 26
23 DONINI, Antônio Carlos. Manual do Factoring. Ed. Klarear. 2004, p. 04 24 LEITE, Luiz Lemos. Factoring no Brasil. Ed. Atlas S.A – 2007 – 11ª edição, p. 23 25 RIZZARDO, Arnaldo, Factoring. 3ª Ed. revista, atualizada e ampliada, p. 31 26 LEMMI, Luiz Rodrigo. Atividade Financeira e Factoring no Brasil. Ed. Quartier Latin. São Paulo, 2005, p. 67.
No site da Receita Federal encontra-se a seguinte definição sobre factoring:
Factoring são aquelas que exploram as atividades de prestação cumulativa e contínua de serviços de assessoria credito, mercadológica, gestão de crédito, seleção de riscos, administração de contas a pagar e a receber, compras de direitos creditórios resultantes de vendas mercantis a prazo ou de prestação de serviços. 27
Desta forma, entende-se que o factoring é o filtro seletor que
facilita que um bem ou um título possa ser convertido em dinheiro em curto prazo
para o mercado. O mercado de factoring ainda está engatinhando e a sua
competitividade vem aumentando a cada dia.
Por outro lado, é uma sociedade mercantil, limitada ou
anônima, cuja existência legal nasce com o arquivamento de seus atos constitutivos
na Junta Comercial, sem a necessidade da autorização do Banco Central. Com a
filiação, a ANFAC (Associação Nacional das Sociedades de Fomento Mercantil),
coloca à disposição de suas filiadas seis vastos know-how.
A ANFAC centraliza empresas que estejam filiadas do gênero
de fomento. Neste segmento representa as empresas associadas judicial e
extrajudicialmente, coloca-se à disposição em caso de controvérsia atualmente
como Corte de Arbitragem entre suas associadas zelando sempre com a ética de
auto-regulamentação das empresas de factoring. “Com a consolidação do segmento
hoje ela movimenta em torno de R$ 50 bilhões por ano, e a entidade luta pela
consolidação legal do fomento mercantil no Brasil. “ 28
Para Donini: “A principal função de uma empresa de factoring –
induvidosamente – é fomentar as pequenas e medias empresas.” 29 O fomento
característica-se pela compra de créditos pela faturizadora junto às empresas
faturizadas, representados pelas duplicatas e cheques pós-datados advindos de
vendas de produtos ou prestação de serviços.
27 Disponível em: www.receita.fazenda.gov.br – site acessado 28/08/2007. 28 LEITE, Luiz Lemos. Factoring no Brasil, 11ª ed. - Ed. Atlas S.A, 2007 p. 8 29 DONINI, Antônio Carlos. Manual do Factoring. Ed. Klarear. 2004, p. 11
2.6 A Operacionalização da Factoring
A operação de factoring tem como base a prestação de serviço
seja de qual forma ele for, visto que pode abranger o mais complexo e o mais
simples tipo de serviço, e se finaliza através da compra de crédito, vinculada a
vendas mercantis, geradas por empresas (clientes).
A prestação de serviço se caracteriza pelo básico da operação
de factoring, na busca de novos clientes, produtos e mercados, bem como pesquisa
cadastral, seleção de compradores e fornecedores. É conhecido, também, como o
apoio para a clientela, ajuda a comprar matéria-prima, a organizar a contabilidade, a
controlar o fluxo de caixa, a acompanhar suas contas a receber e a pagar, a fazer o
orçamento de custos.
Todo este serviço prestado pelo factor para o seu cliente lhe garante a facilidade de uma venda ou compra a vista em dinheiro, para que este tenha um preço melhor, [...] Ou seja, a empresa-cliente vende a vista os direitos de suas vendas mercantis a prazo, que são comprados a vista pela sociedade de fomento mercantil e incorporados ao seu ativo patrimonial. É tipicamente uma venda e compra efetuadas entre duas empresas. [...] 30
Sobre as modalidades operacionais podem-se verificar as três
mais usadas no Brasil:
2.6.1 Factoring Convencional
É a prestação de serviço contínuo realizada pela sociedade de
fomento mercantil.
Para Leite:
[...]conjugada com a compra de créditos (direitos) ou ativos representativos de vendas mercantis realizadas a prazo, mediante a venda (cessão, alieanação) desses direitos, por suas empresas-clientes contratantes.[...] 31
30 LEITE, Luiz Lemos. Factoring no Brasil, 11ª ed. - Ed. Atlas S.A, 2007 p. 6 31 LEITE, Luiz Lemos. Factoring no Brasil, 11ª ed. - Ed. Atlas S.A, 2007 p. 6/7
Em poucas palavras é a compra dos direitos de créditos das
empresas fomentadas, através de um contrato de fomento mercantil.
2.3.2 Compra de Matéria-prima
Demonstra Leite: “é a possibilidade de negociar através da
compra a vista, junto a fornecedores, para que o mesmo possa repassar o produto
com o valor mais agregado.” 32
2.3.3 Trustee
Para Leite é:
É uma prestação de serviço junto a tesouraria, pois verifica o andamento do contas a pagar e receber, aonde a sociedade de fomento mercantil é a mandatária, para gerenciamento dessas contas. 33
Além destas existem outras modalidades, conforme abaixo que
não estão sendo muito usadas no Brasil.
2.3.4 Maturity
Sobre este enforque Leite escreve que:
A própria palavra já demonstra o seu significado de origem inglesa, se traduz “no vencimento”, neste caso o objeto do contrato será a compra do credito com a data do pagamento junto ao vencimento, sobre operações faturizadas. Neste tipo de modalidade o faturizado não terá custos com cobranças do titulo e não vai se preocupar com o inadimplemento do devedor, pois o risco será do faturizador (factoring) que devera assumir o risco. Nesta caso será a compra de credito e a prestação de serviços convencionais. 34
32 LEITE, Luiz Lemos. Factoring no Brasil, 11ª ed. - Ed. Atlas S.A, 2007 p. 7 33 LEITE, Luiz Lemos. Factoring no Brasil, 11ª ed. - Ed. Atlas S.A, 2007 p. 7 34 DONINI, Antônio Carlos. Manual do Factoring. 1ª ed. - Ed. Klarear, 2004 p.17/18
2.3.5 Importação – Exportação
Conhecida, também, como factoring internacional, pois
atravessa a ordem jurídica ou um País. Possui três frentes: importação, exportação
e a garantia ou securitização, que será operada através da compra de crédito e a
prestação de serviço convencional.
A estrutura do factoring internacional apresenta, em regra, uma
complexidade maior do que as operações internas ou domésticas. Conforme
assinala Brito, o factoring envolve quatro grupos de sujeitos:
(i) O exportador; (ii) O importador, que são as partes no contrato internacional de compra e venda de mercadorias ou no contrato internacional de prestação de serviços; (iii) Um export-factor, que é uma sociedade de factoring do país do exportador; (iv) Um import-factor, que é uma sociedade de factoring do país do importador. Esse sistema continua a mestre, “é de dois factors (ou import-export factoring) tem por objeto a cessão, por um exportador, a uma sociedade de factoring estabelecida no seu próprio país (export-factor) de créditos sobre devedores estabelecidos em outro país. O expor-factor, porém, em vez de cobrar diretamente os créditos sobre devedores estabelecidos fora do seu país, contrata uma sociedade de factoring do país do devedor (import-factor) a cobrança desses créditos. 35
Esta divisão foi proposta por Martins e que não acentua um
campo especial do factoring, mas a localidade onde se denota que está uma das
partes envolvidas no negócio:
As operações podem ser realizadas dentro do mesmo país, ou, neste, dentro de uma região: a esse tipo de faturização dá-se o nome de faturização interna. Pode, entretanto, a faturização se relacionar com operações a serem realizadas fora do país, como em operações de importação e exportação, dando-se a esse tipo o nome de faturização exterior. 36
35 BRITO, Maria Helena. O Factoring Internacional e a Convenção do Unidroit. Portugal: Ed. Cosmos, 1998. p.24 36 MARTINS, Fran. CONTRATOS E OBRIGAÇÕES COMERCIAIS. 14ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 1998. p. 569
2.3.6 Colletion Type Factoring Agreement
“É uma modalidade que representa os serviços de mera
cobrança pela empresa. Se paga ao cliente após o recebimento da fatura.“ 37
2.3.7 Intercredit
“O nome designa a atividade dirigida a garantir o pagamento
das faturas. Recebendo as faturas, pode a empresa ingressar com a cobrança.” 38
2.3.8 Open Factoring
“Designa o financiamento da compra e venda mercantil e o
compromisso em cobrar as faturas.” 39
2.3.9 O Quase Factoring, ou Undisclosed Factoring
“Utilizado pelos ingleses, expressa o factoring encoberto. Há
uma venda, pelo cliente, das mercadorias para o factor, que as revende as outras
pessoas, sendo comum a modalidade nas exportações.” 40
2.3.10 Factoring With Recouse
“Verifica-se quando o cliente ou faturizado recebe a notificação
da conta, que devera pagá-la diretamente ao factor. Acerta-se que poderá este
último cobrar do cliente caso o devedor não cumpra a obrigação junto ao factor.” 41
2.3.11 O Non Notification Factoring
Mediante esta modalidade, na explicação de Bertucelli: 37 RIZZARDO, Arnaldo, Factoring. 3ª Ed. revista, atualizada e ampliada, p. 49 38 RIZZARDO, Arnaldo, Factoring. 3ª Ed. revista, atualizada e ampliada, p. 49 39 RIZZARDO, Arnaldo, Factoring. 3ª Ed. revista, atualizada e ampliada, p. 49 40 RIZZARDO, Arnaldo, Factoring. 3ª Ed. revista, atualizada e ampliada, p. 49 41 RIZZARDO, Arnaldo, Factoring. 3ª Ed. revista, atualizada e ampliada, p. 50
A cessão de credito não é notificada ao cliente devedor. O factor assume o risco da insolvência, também parcial ou temporária, do devedor e não imputável ao fornecedor (que se interessa em passar ao factor o valor recebido, correspondente às faturas cedidas pro soluto), a sociedade de factoring está dispensada de varias incumbências, pelo que o fornecedor reduzirá a comissão. 42
2.3.12 Old Line Factor
Nesta modalidade, explica de Rizzardo:
Trata-se de uma modalidade que envolve outras
espécies. Porém, não é usado no Direito brasileiro. Significa a
compra e venda de crédito. Não adquire o factor a mercadoria
para revendê-la, mas o credito, arcando com o risco pelo não-
recebimento do valor. Seria o gênero do conventional factoring.43
2.3.13 Acounts Receivable Financing
Diz ainda Rizzardo:
Era uma forma primitiva que vigorava nos Estados
Unidos, no período de implantação do factoring, e mais
revelando a indefinição que então dominava quanto à sua
configuração contratual. Por esta forma, fazia-se uma cessão de
crédito com garantia. O cedente responderia se o devedor não
honrasse a dívida. Como o cessionário não suportava os riscos,
a comissão paga a ele era menor. Nos casos de
inadimplemento, ao cedente competia a cobrança dos créditos.
Em geral, o cessionário pagava à vista em torno de 20% do total
de crédito. O restante ficava na pendência da satisfação do valor
devido. 44
42BERTUCELLI, Antonio, Factoring. – Noções elementares da nova técnica de financiamento às empresas. P.287 43 RIZZARDO, Arnaldo, Factoring. 3ª Ed. revista, atualizada e ampliada, p. 52 44 RIZZARDO, Arnaldo, Factoring. 3ª Ed. revista, atualizada e ampliada, p. 52
2.3.14 Bulk Factoring
Assemelha-se, na prática, a um desconto de faturas, em que o
devedor é avisado de que deve pagar à sociedade de factoring. Sendo uma
modalidade usada, [...] principalmente, por empresas pertencentes a um mesmo
grupo econômico, que têm os seus próprios serviços de cobranças e que assumem
os seus próprios riscos [...]. 45
Com essa prestação de serviço surge um papel muito
importante: o agente de fomento mercantil, e tem como base sua autonomia para
verificação de suas parcerias (empresa-cliente). Relacionando-se na medida de
suas operações, e coloca-se à disposição para segurança de seus negócios e suas
futuras negociatas. Por esta prestação de serviço se cobra uma comissão.
Em contrapartida à prestação de serviço sempre vem
acompanhada com a compra de créditos, que é um mecanismo de gestão comercial,
pois aumenta as vendas, expande os ativos, aumenta a produtividade, transforma
vendas a prazo em vendas a vista e a empresa passa a ter dinheiro em caixa sem
fazer dívidas.
Como e empresa de factoring compra créditos (direitos) é
necessário estipular o preço pelo qual ele vai adquiri-los. Chama-se de fator de
compra e ressalta-se, ainda, que a empresa de factoring não faz empréstimo,
portanto, não pode cobrar juros.
2.4 Fundos de Investimento em Direitos Creditórios – FIDC
Associação Nacional das Sociedades de Fomento Mercantil –
ANFAC vem desenvolvendo e implementando, há pouco mais de um ano, um
projeto que tem por propósito viabilizar a estruturação e constituição de fundos de
recebíveis para o segmento.
Esse projeto tem como principal objetivo otimizar a capacidade
e o espectro operacional, promover a redução de custos e ampliar o mercado de
atuação das empresas de fomento.
45 Donini, Antonio Carlos. Factoring de acordo com o novo código civil. 1ª ed. Rio de Janeiro: Editora Forense, 2002. p.44
As empresas conveniadas da ANFAC, coordenadora do projeto
na qualidade de Entidade Supervisora são:
• PETRA CTVM – Administradora e Gestora dos fundos;
• ABN AMRO – Custodia, Controladoria e Cobrança dos
créditos;
• Austin Rating – Classificação de Riscos e Selo ANFAC de
Qualidade;
• BDO Trevisan – Auditoria e Circularização.
Participam, ainda, as seguintes empresas parceiras da ANFAC:
• SERASA – Certificação Digital;
• Comprova.com - Contratos Digitais;
• WBA – software de gestão.
• OrderBy – software de gestão;
• RGBsys - software de gestão
Neste momento a filiada recebe uma selo para adequação de
sua qualidade: ótima, boa ou adequada. Para obter esse selo a empresa filiada
passa por um processo de certificação da sua qualidade de gestão.
Existem dois tipos de fundos de investimentos: Fundo Aberto é
aquele no qual o investidor pode solicitar o resgate de suas cotas a qualquer tempo
e o Fundo Fechado, quando investidor só recebe o valor aplicado de volta, na forma
de resgate ou amortização de cotas, nos prazos fixados no regulamento do fundo.
Sendo que toda a captação de recursos de qualquer fundo de
investimento só pode ser feita por uma entidade integrante do sistema de
distribuição de valores mobiliários. Isto quer dizer que a empresa de fomento não
pode oferecer cotas do fundo diretamente.
Uma empresa de fomento é uma prestadora de serviços para o
fundo responsável pela análise e seleção dos créditos, que escolhe os recebíveis
originados de sua própria clientela. Portanto, o prazo médio dos títulos adquiridos é
o prazo dos títulos normalmente adquiridos pela empresa de fomento de suas
empresas-clientes.
A empresa de fomento deixa de comprar recebíveis para si e
passa a indicar os recebíveis para o fundo de investimento, ou seja, ela seleciona os
direitos creditórios que serão adquiridos pelo fundo. A qualidade dos direitos
creditórios (prazo dos títulos, média de inadimplência etc.) dependerá do trabalho
eficientemente realizado na escolha feita pela empresa de fomento. O fundo,
apenas, estabelece diretrizes, características e limites de concentração para os
direitos creditórios que serão selecionados pela empresa de fomento conforme a
política de investimento estabelecida no Regulamento do Fundo.
Como qualquer outro fundo de mercado, o imposto aplicável ao
Fundos de Investimento em Direitos Creditórios - FIDC é o Imposto de Renda - IR
que incide sobre o rendimento obtido pelo cotista. As alíquotas variam entre 22,5% a
15% (tabela regressiva conforme o tempo de permanência na aplicação). Se o
cotista for pessoa física, a tributação, na fonte, é exclusiva e definitiva. Se o cotista
for pessoa jurídica, a tributação não é definitiva ou exclusiva, ou seja, o imposto
retido na fonte é considerado um mero adiantamento de pagamento do IR. O
rendimento obtido com a aplicação em cotas de FIDC é considerado, receita
financeira, para efeito de cálculo do IR ou Contribuição Social sobre o Lucro Líquido
- CSLL apurados conforme a legislação aplicável. Se a fonte de renda da pessoa
jurídica for apenas o resultado de sua aplicação em cotas de FIDC, a pessoa jurídica
acabará pagando um valor maior de impostos (cerca de 34%) quando comparado à
carga tributária que incidiria sobre a aplicação caso ela fosse uma pessoa física
(entre 22,5% e 15%).
2.5 Legislação sobre Factoring
Não existe uma lei própria para a factoring, porém pode-se
encontrar regulamentos na legislação que são pertinentes a este instituto e que
podem ser interpretados conforme a sua finalidade. É uma atividade cujo os
fundamentos são regidos pelos princípios do Direito Mercantil.
O Banco Central adotou a circular nº. 703, de 16.06.1982,
ameaçando de punição criminal, com base na Lei nº. 4.595, de 31.12.1964, as
empresas físicas ou jurídicas que praticassem as operações de factoring, por
considerá-la uma atividade tipicamente financeira.
Neste sentido leciona Martins:
O Banco Central defendeu a tese de que as operações de factoring – cessão de credito sem garantia subsidiaria do cedente – apresentam, na maioria dos casos, características e particularidades daquelas privativas das instituições financeiras autorizadas pelo Banco Central (Circular nº. 703, de 16.06.1982); por tal razão, foram proibidas no país as operações de factoring, ate que o Conselho Monetário Nacional regulamentasse esse contrato. 46
A proibição vigorou até 30 de setembro de 1988, diante da
Circular nº. 1.359, que reconheceu o factoring como atividade mercantil, amparado
nas normas do direito vigente no País.
Araújo, explica sua motivação:
Em 1986, o Tribunal Federal de Recursos, apreciando a MS 99.964-RS (Relator o eminente Ministro Costa Leite, in D.J.U de 12.06.86), declarou que o Banco Central do Brasil não poderia impedir a constituição de empresas de factoring, bem como não havia lei proibindo a formação das mesmas. Todavia, o referido acórdão não enfrentou a controvérsia relativa a saber se atividade faturizadora insere-se ou não no campo privativo das instituições financeiras. 47
Constatou-se que o contrato de factoring pode proporcionar um
alívio nos serviços da empresa faturizada, pois se encarregam da contabilidade,
administração e cuidados essenciais.
Por outro lado a ANFAC tem como finalidade, junto as
autoridades, situar as atividades dentro dos limites permitidos pela legislação
Brasileira.
Segundo o site da ANFAC - Cartilha do Factoring Balizamento
Legal e Operacional do Factoring no Brasil 30.03.2008, pode-se constatar o que
amparo legal deste instituto apresenta-se:
I - Legal:
46 MARTINS, Fran. CONTRATOS E OBRIGAÇÕES COMERCIAIS. 14ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 1998. p. 472 47 Araújo. Paulo Guanabara Leal de. Factoring. Revista da Escola Superior da Magistratura. TJDF, Brasília. P.262
• Instrução Normativa nº. 16, de 10.12.1986 do DNRC,
dispensa a aprovação prévia do Banco Central para o arquivamento de atos
constitutivos de empresas de fomento mercantil;
• Circular - 1.359, de 30.09.1988, do Banco Central do
Brasil, que revogou a Circular BC nº. 703, de 16.06.1982, e reconhece ser o fomento
mercantil - factoring atividade comercial mista atípica que consiste na prestação de
serviços conjugada com a aquisição de direitos creditórios ou créditos mercantis;
• Resolução - 2.144, de 22.02.1995, do Conselho Monetário
Nacional, reconhece definitivamente a tipicidade jurídica própria e delimita
nitidamente a área de atuação da sociedade de fomento mercantil que não pode ser
confundida com a das instituições financeiras, autorizadas a funcionar pelo Banco
Central do Brasil que têm por objeto a coleta, intermediação e aplicação de recursos
de terceiros no mercado (Art. 17 da Lei 4.594, de 31.12.1964 e Arts. 1º e 16 da Lei
7492 de 16.06.1986);
• Circular nº. 2.715, de 28.08.1996, do Banco Central do
Brasil, permite às instituições financeiras a realização de operações de crédito com
empresas de fomento mercantil.
II - Operacional:
• Art. 5º, incisos II e XIII da Constituição da Republica
Federativa do Brasil de 1988;
• Art. 170 da Constituição da República Federativa do Brasil
de 1988;
• Conselho de Controle de Atividades Financeiras - COAF
Lei 9613 de 03.03.1998 - Resolução nº 13, de 30.09.2005 e Resolução nº 16 de
28.03.2007;
• Prestação de Serviços (Art. 594 do Código Civil);
• Compra e venda – (Arts. 481 ao 489 do Código Civil);
• Cessão de Créditos (Arts. 286 ao 298 do Código Civil);
• Endosso:
o Arts. 910, 911 e 914, do Código Civil
o Arts. 15 e 16 da Lei Uniforme – Convenção de Genebra
(Dec. 57663 de 24.01.1966)
o Art. 13, § 4º e 18, § 2º da Lei 5474 de 18.07.1968
• Vícios Redibitórios (Arts. 441 ao 446 do Código Civil);
• Solidariedade Passiva (Arts. 264 e 265 do Código Civil).
III - Fiscal:
• Ato Declaratório 51 de 28.09.1994, da Secretaria da
Receita Federal – SRF;
• Art. 28, § 1º, alínea "c" - 4 da Lei 8981 de 20.01.1995,
reiterado pelo Art. 15 da Lei 9249 de 26.12.95, Art 58 das Leis 9430 de 27.12.1996 e
9532 de 10.12.1997. Art. 14, inciso VI, da Lei 9718 de 27.11.1998 e Decreto 4.494,
de 03.12.2002;
• Lei 10.637 de 30.12.2002 Programas de Integração Social
- PIS e Lei 10.833 de 29.12.2003 Contribuição para o Financiamento da seguridade
Social – COFINS.
Atos Normativos, específicos, para a atividade, da Secretaria
da Receita Federal.
Neste primeiro capitulo, foi apresentado o estudo sobre o
desenvolvimento da factoring, desde a sua historia ate os dias atuais, citando e
demonstrando as principais características, na sua conceituação até a legislação. A
seguir, será abordado sobre Instituições Financeiras, verificando toda sua história
até sua funcionalidade.
3. INSTITUIÇÃO FINANCEIRA
3.1 Histórico
O surgimento de estabelecimento bancário já ocorreu na Idade
Média, com o Banco de Veneza, o mais antigo desde 1171. Em 1408, na época
medieval, se teve a ocorrência da primeira sociedade anônima conhecida com o
banco São Jorge, em Gênova.
Em meados do Século XVII, os bancos se caracterizaram pela
troca de moedas e depósito. O processo de empréstimos surgiu com o Banco da
Suécia, seguido pelo Banco da Inglaterra, em Londres, no ano de 1964.
No Brasil, o surgimento se deu através D. João VI, que foi o
Banco do Brasil, mediante alvará de 12.10.1808, modelo do Banco da Inglaterra,
suas atividades encerraram em 1829.
Em 1851, um segundo Banco do Brasil foi fundado pelo Barão
de Mauá, vindo esse a fundir-se com o Banco Comercial, tendo o produto dessa
fusão resultou na terceira instituição financeira a operar com esse nome.
Uma nova fusão foi criada em 1892. Este com o nome de
Banco da República dos Estados Unidos do Brasil, quando recebeu acunha de
Banco da República do Brasil. Nos meados de 1905, teve que ser socorrido pelo
governo federal, quando for todo reorganizado e com novos estatutos aprovados
pela Lei nº 1.455, de 30.12.1905. Por este fato se tornou o quarto a receber a
denominação Banco do Brasil.
Assim, surgiram as Instituições financeiras que passaram,
segundo a Lei 4.595, de 31.12.1964, a serem consideradas:
[...] as pessoas jurídicas públicas ou privadas que tenham como atividades principal ou acessória a coleta, a intermediação ou aplicação de recursos financeiros próprios ou de terceiros, em moeda nacional ou estrangeira, e a custódia de valor de propriedade de terceiros. 48
48 BRASIL. Art. 17, caput. Lei n. 4.595, de 31 de dezembro de 1964.
Por outro lado, segundo a Lei n. 7.492, de 16 de junho de
1986, instituição financeira é:
A pessoa jurídica de direito público ou privado, que tenha como atividade principal ou acessória, cumulativamente ou não, a captação, intermediação ou aplicação de recursos financeiros de terceiros, em moeda nacional ou estrangeira, ou a custódia, emissão, distribuição, negociação, intermediação ou administração de valores mobiliários. 49
3.2 Bancos
Sob a supervisão, regulamentação do Banco Central do Brasil,
os bancos, principalmente os comerciais, representam a base do sistema monetário
brasileiro e se classificam de acordo com as suas atividades:
No que tange bancos, Fazzio Júnior ensina que:
Os bancos são comerciantes que operam no sentido de auferir lucros mediante atividades intermediadoras de crédito. São sociedades empresariais que, com fundos próprios ou captados de terceiros, desempenham atividades de intermediação no crédito. No entanto, sua função econômica extravasa os lindes da mera intermediação, podendo caracterizar-se como implementadora da mobilização creditícia e suplementadora do mercado. 50
Com base nessa conceituação, Carvalho de Mendonça definiu
bancos:
Empresas comerciais, cujo objetivo principal consiste na intromissão entre os que dispõem de capitais e os precisam obtê-los, isto é, em
49 FAZZIO JÚNIOR, Waldo. Manual de direito comercial. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2007. p. 501. 50 FAZZIO JÚNIOR, Waldo. Manual de direito comercial. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2007. p. 502.
receber e concentrar capitais para, sistematicamente, distribuí-los por meio de operações de credito. 51
No aspecto comercial, sua atividade típica se dá através do
recebimento de depósitos em contas de movimento, prestam serviço de cobranças
bancarias, taxas, transferências, investimentos, mediante pagamento de comissões.
São constituídos na modalidade de sociedade anônima e consta na denominação
social o termo “banco”.
Nas lições de Schonblum menciona acepção de Covello:
Em nossa sistemática jurídica, apenas os Bancos podem realizar contratos bancários, devendo a expressão “Banco” ser utilizada em sentido amplo, como qualquer instituição financeira ou empresa de crédito, da forma estabelecida pelo art. 17 da Lei nº 4.595, de 31 de dezembro de 1964. O dispositivo considera instituição financeira “toda e qualquer pessoa jurídica que tenha como atividade principal ou acessória a coleta, a intermediação ou a aplicação de recursos financeiros próprios ou de terceiros, em moeda nacional ou estrangeira, e a custódia de valores de propriedade de terceiros”, sempre depende de autorização governamental para funcionarem. 52
No que se refere ao desenvolvimento, sua atividade básica se
dá através do apoio financeiro e sobre empréstimos nas iniciativas econômicas
regionais com uma estimativa de prazo. Também concede garantias sobre práticas
de arrendamento mercantil, capta recursos e cédulas hipotecárias. São instituições
regionais, estaduais ou federais como, por exemplo, o Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES, sob a forma de sociedade anônima
e tem em sua denominação a expressão banco de desenvolvimento. Tem como
base do Conselho Monetário Nacional a Resolução n.394 03.11.1976.
Turszyb, ao discorrer sobre o Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social, assim se expressa:
O BNDES, que já existia desde 1952, com a denominação de BNDE, recebeu a missão de atuar como o principal instrumento de execução
51 J. X. Carvalho de Mendonça. Tratado de Direito Comercial Brasileiro. Rio de Janeiro, 1947, v. 7, 3ª parte, p. 13-4. 52 SHONBLUM, Paulo Maximilian Wilhelm. Contratos bancários. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 2004. p. 57.
de política de investimentos do governo federal. Nos termos do art. 23 da Lei 4.595 de 31.12.1964: ”O Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico é o principal instrumento de execução de política de investimentos do Governo Federal, nos termos das Leis 1.628, de 20 de junho de 1952, e 2.973. de 26 de novembro de 1956. 53
Abrão conceitua o BNDES da seguinte forma:
O BNDES tem desempenho um papel de peculiar relevância nos investimentos sociais e de toda ordem, auxiliando empresas e diversos segmentos das atividades econômicas, sendo importante órgão na política pública e social do Governo, cuja capacitação e recurso adquirido ao longo dos anos se lhe permite a manutenção da pesquisa e a exploração de áreas que dependem fundamentalmente do incentivo dessa organização. 54
Na parte pertinente ao investimento, o seu principal objetivo é
oferecer apoio financeiro às empresas por meio de financiamento, com apoio de
terceiros, vindos de capital fixo e de giro. Suas atividades podem ser de leasing,
fundos de investimento, renda fixa e ações. Têm como base do Conselho Monetário
Nacional a Resolução n. 2.624 de 14.02.1999.
Sua atividade tem operação simultaneamente, carteiras de
banco comercial, de investimento, de crédito imobiliário, de crédito e de
desenvolvimento. Por este fato que são caracterizados “múltiplos”, pois são
denominadas sociedades anônimas, que têm duas ou mais carteiras, sendo
obrigatório umas delas oferecer a comercial ou investimento. Tem como base no
Banco Central do Brasil - BACEN a Resolução n.1.524, de 21.09.1988.
No aspecto cooperativo são constituídos na forma de banco
comercial ou múltiplo com carteira comercial. São sociedades anônimas de capital
fechado, com controle de cooperativa de crédito. Têm como base do Conselho
Monetário Nacional a Resolução n.2.788 de 30.11.2000.
Finalmente, as Caixas Econômicas, de origem federal, são
bancos comerciais, como por exemplo: a Caixa Econômica Federal ou estadual
53 TURCZYN, Sidnei. O sistema financeiro nacional e a regulação bancária. São Paulo: Revista
dos Tribunais, 2005. p. 165. 54 ABRÃO, Nelson. Direito Bancário. 11. ed. Ver., ampl. E atual. De acordo com o Código Civil e o Código de Defesa do Consumidor, por Carlos Henrique Abrão. São Paulo: Saraiva, 2008. p. 28
recebem depósitos à vista do publico e atuam, basicamente, em financiamento
habitacional.
3.2.1 Banco do Brasil
O Banco do Brasil é a maior instituição financeira da América
Latina. Criada em 1808, foi a primeira a operar no País. O Banco do Brasil foi o
quarto a banco emitir moeda no mundo. Trata-se de uma companhia aberta de
direito privado regido, sobretudo, pela legislação das sociedades por ações. Tem por
objeto a prática de todas as operações bancárias ativas, passivas e acessórias, a
prestação de serviços bancários, de intermediação e suprimento financeiro sob suas
múltiplas formas e o exercício de quaisquer atividades facultadas às instituições
integrantes do Sistema Financeiro Nacional. Como instrumento de execução da
política creditícia e financeira do Governo Federal, compete ao Banco do Brasil
exercer as funções que lhe são atribuídas em lei, especificamente aquelas previstas
no art. 19 da Lei nº. 4.595, de 31.12.1964.
É um banco múltiplo que opera, também, como agente
financeiro do Governo Federal, principalmente, na execução da política oficial de
créditos rural. É responsável pela gestão da Câmara de Compensação de Cheques
e outros papéis.
3.3 Sistema Financeiro Nacional
O Sistema Financeiro Nacional, segundo Ferreira, é definido
como “[...] conjunto de instituições e órgãos que regulam, fiscalizam e executam as
operações relativas à circulação da moeda e do crédito.” 55 Ressalta-se que o
Sistema Financeiro Nacional foi criado em 1964, pela Lei n. 4.380, de 21 de agosto
de 1964.56 Após, o Conselho Monetário Nacional passou a ter sua regulamentação
55 FERREIRA, J. Ricardo. Sistema Financeiro Nacional. Disponível em:
<http://www.editoraferreira.com.br/publique/media/01SFN.pdf>. Acesso em 07 maio 2008. 56 SILVA, Geraldo José Guimarães da. GUIMARÃES, Antônio Márcio da Cunha. Direito bancário e
temas afins. Campinas: CS Edições Ltda., 2003. p. 753.
na Lei n. 4.595, de 31 de dezembro de 1964, sendo esta chamada de Lei da
Reforma Bancária, pois foi a Lei que reformulou todo o sistema de intermediação
financeira e quando foi criado o Conselho Monetário Nacional e o Banco Central.57
A Lei n. 4.595, de 31 de dezembro de 1964, que rege o
Sistema Financeiro Nacional, descreve em seu artigo 1º:
Art. 1º O sistema Financeiro Nacional, estruturado e regulado pela presente Lei, será constituído: I – do Conselho Monetário Nacional; II – do Banco Central do Brasil; III – do Banco do Brasil; S. A.; IV – do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico; V – das demais instituições financeiras públicas e privadas. 58
Cabe mencionar que o Sistema Financeiro Nacional possui
previsão legal na Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, em seu
artigo 192, que descreve:
Art. 192 O sistema financeiro nacional, estruturado de forma a promover o desenvolvimento equilibrado do País e a servir aos interesses da coletividade, em todas as partes que o compõem, abrangendo as cooperativas de crédito, será regulado por leis complementares que disporão, inclusive, sobre a participação do capital estrangeiro nas instituições que o integram.
3.4 Conselho Monetário Nacional
Segundo o art. art. 2°, da Lei n. 4.595, de 31.12.64, o disposto
do Conselho Monetário Nacional, consiste em ”formular a política da moeda e do
credito (...) objetivando o progresso econômico e social do País”.
57 BRASIL. Ministério da Fazenda. História do mercado de capitais. Disponível em:
<http://www.portaldoinvestidor.gov.br/Acad%C3%AAmico/EntendendooMercadodeValoresMobili%C3%A1rios/Hist%C3%B3riadoMercadodeCapitaisdoBrasil/tabid/94/Default.aspx>. Acesso em 08 maio 2008.
58 BRASIL. Lei n. 4.595, de 31 de dezembro de 1964. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L4595.htm>. Acesso em 18 maio 2008.
Na mesma linha, Silva e Guimarães dispõe sobre o exercício
do “[...] Conselho Monetário Nacional, que exerce a regulação e fiscalização de todo
o sistema, além de exercer a imprescindível função de fixar as políticas montarias e
creditícias [...].” 59
Segundo as normas o Ministério da Fazenda:
O Conselho Monetário Nacional (CMN) é o órgão deliberativo máximo do Sistema Financeiro Nacional. Ao CMN compete: estabelecer as diretrizes gerais das políticas monetária, cambial e creditícia; regular as condições de constituição, funcionamento e fiscalização das instituições financeiras e disciplinares os instrumentos de política monetária e cambial. 60
O Conselho Monetário Nacional é integrado pelo Ministro de
Estado da Fazenda, na qualidade de seu presidente, pelo Ministro de Estado do
Planejamento e Orçamento e pelo Presidente do Banco Central do Brasil (Bacen).
Os serviços de secretaria do CMN são exercidos pelo Bacen.
Junto ao CMN funciona a Comissão Técnica da Moeda e do
Crédito (Comoc), composta pelo Presidente do Bacen, na qualidade de
Coordenador, pelo Presidente da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), pelo
Secretário Executivo do Ministério do Planejamento e Orçamento, pelo Secretário
Executivo do Ministério da Fazenda, pelo Secretário de Política Econômica do
Ministério da Fazenda, pelo Secretário do Tesouro Nacional do Ministério da
Fazenda e por quatro diretores do Bacen, indicados por seu Presidente.
Dispõe a Constituição da República Federativa do Brasil de
1988, em seu artigo 48:
59 SILVA, Geraldo José Guimarães da, GUIMARÃES, Antônio Márcio da Cunha. Direito bancário e
temas afins. Campinas: CS. Edições Ltda., 2003. p. 757. 60 BRASIL. Conselho Monetário Nacional. Disponível em:
<http://www.fazenda.gov.br/portugues/orgaos/cmn/cmn.asp>. Acesso em 07 maio 2008.
Art. 48 Cabe ao Congresso Nacional, com a sanção do Presidente da República, não exigida esta para os especificados nos arts. 49, 51 e 52, dispor sobre todas as matérias de competência da União, especialmente sobre: XIII – matéria financeira, cambial e monetária, instituições financeiras e suas operações. 61
Atualmente, o Conselho Monetário Nacional reduziu sua
composição, conforme dispõe o artigo 8º, da Lei n. 9.069, de 29 de junho de 1995:
Art. 8º O Conselho Monetário Nacional, criado pela Lei n. 4.595, de 31 de dezembro de 1964, passa a ser integrado pelos seguintes membros: I - Ministro de Estado da Fazenda, na qualidade de Presidente; II - Ministro de Estado do Planejamento e Orçamento; III - Presidente do Banco Central do Brasil. 62
3.5 Banco Central do Brasil
O Banco Central do Brasil é uma autarquia federal, com
personalidade jurídica e patrimônio próprio. Foi criado em 31.12.1964, com a
promulgação da Lei. 4.595. As principais atribuições do Banco Central são:
• emitir normas, autorizar o funcionamento das instituições
financeiras, fiscalizar e fazer intervenções;
• receber depósitos compulsórios e voluntários e fazer
operações de redesconto;
• emitir títulos, comprar e vender títulos públicos federais;
• emitir papel-moeda, controlar e sanear o meio circulante;
• administrar a dívida pública interna e externa e gerir as
reservas internacionais.
61 BRASIL. Art. 48 – Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituiçao.htm>. Acesso em 18 maio 2008. 62 BRASIL. Art. 6º. Lei n. 9.069, de 29 de junho de 1995. Disponível em:
<https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9069.htm>. Acesso em 18 maio 2008.
Neste aspecto, sobre atribuições Abrão explica:
(...) executar os serviços do meio circulante; determinar o recolhimento de até 100% do total dos depósitos à vista e de até 60% de outros títulos contábeis das instituições financeiras, seja na forma de subscrição de Letras ou Obrigações do Tesouro Nacional ou compra de títulos da dívida pública federal, seja através de recolhimento em espécie, em ambos os casos entregues ao Banco Central do Brasil (...). 63
É o órgão executivo central do Sistema Financeiro Nacional,
responsável pela fiscalização e cumprimento das disposições que regulam o
funcionamento do SFN de acordo com as normas expedidas pelo CMN.
3.6 Funcionalidade da Instituição Financeira
Por atividade bancária entende-se, juridicamente, no que tange
o art. 17, da Lei nº 4.595 de 31.12.1964:
Art. 17. Consideram-se instituições financeiras, para os efeitos da legislação em vigor, as pessoas jurídicas públicas ou privadas, que tenham como atividade principal ou acessória a coleta, intermediação ou aplicação de recursos financeiros próprios ou de terceiros, em moeda nacional ou estrangeira, e a custódia de valor de propriedade de terceiros. Parágrafo único. Para os efeitos desta lei e da legislação em vigor, equiparam-se às instituições financeiras as pessoas físicas que exerçam qualquer das atividades referidas neste artigo, de forma permanente ou eventual. 64
Não se demonstra clara a definição do mesmo, como descreve
Leite:
63 ABRÃO, Nelson. Direito Bancário. 11. ed. Ver., ampl. E atual. De acordo com o Código Civil e o Código de Defesa do Consumidor, por Carlos Henrique Abrão. São Paulo: Saraiva, 2008. p. 44 64 www.cosif.com.br – site acessado em 18.05.2008.
É verdade que a redação do art. 17, ao definir instituição financeira, é demasiadamente ampla, confusa e ambígua e, se interpretada literal e gramaticalmente, raras seriam as atividades do país que estariam fora da reserva criada para as instituições financeiras. De fato, muito poucas são as atividades que não envolvem a coleta, intermediação e aplicação próprias e de terceiros, como é fácil demonstrar. Qualquer atividade empresarial depende de recursos, próprios ou de terceiros, para investimentos e giro de seus negócios. 65
As instituições financeiras sempre adotam a forma de uma
sociedade anônima. As operações são tidas pela doutrinas como: atípicas, as
prestações de serviços acessórios aos clientes e típicas as relacionadas com o
crédito.
Sobre autorização Coelho afirma que:
Para exercer atividade bancária, é necessária a autorização governamental. O órgão competente para expedi-la é o Banco Central do Brasil, autarquia da União integrante do Sistema Financeiro Nacional, a quem a lei atribuiu, entre outras, as funções de emitir a moeda, executar os serviços do meio circulante, controlar o capital estrangeiro e realizar as operações de redesconto e empréstimo a instituições financeiras. Para os estrangeiros, a autorização é dada por decreto do Presidente da República. A lei estabelece pena de reclusão de um a quatro anos para o exercício de atividade bancária sem autorização. 66
Com fundamentação doutrinaria Martins escreve que:
Chamam-se bancos empresas comerciais que tem por finalidade realizar a mobilização do credito, principalmente mediante o recebimento, em deposito, de capitais de terceiros, e o empréstimo de importâncias em seu próprio nome, aos que necessitam de capital. 67
65 LEITE, Luiz Lemos. Factoring no Brasil, 11ª ed. - Ed. Atlas S.A, 2007 p. 29 66 COELHO, Fábio Ulhoa. Manual de direito comercial. 16. ed. São Paulo: 2005. p. 445-446. 67 MARTINS, Fran. CONTRATOS E OBRIGAÇÕES COMERCIAIS. 14ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 1997. p. 405.
O Banco Central do Brasil, entidade autárquica vinculada ao
Ministério da Fazenda, funciona como “banco dos bancos”, no que tange a Lei.
4.595 de 31.12.64, em seu art. 8º:
Art. 8º A atual Superintendência da Moeda e do Crédito é transformada em autarquia federal, tendo sede e foro na Capital da República, sob a denominação de Banco Central do Brasil, com personalidade jurídica e patrimônio próprios, este constituído dos bens, direitos e valores que lhe são transferidos na forma desta Lei e ainda da apropriação dos juros e rendas resultantes, na data da vigência desta Lei, do disposto no art. 9º do Decreto-Lei nº 8.495, de 28 de dezembro de 1945, dispositivo que ora é expressamente revogado. Parágrafo único - Os resultados obtidos pelo Banco Central do Brasil serão incorporados ao seu patrimônio. 68
Assim banco, como sociedade empresarial, é a sociedade que
tem por fim realizar a mobilização de crédito, ou seja, fazer a intermediação de
recursos monetários. Exercem os bancos uma imprescindível função econômica na
sociedade moderna, mobilizando o crédito em beneficio do desenvolvimento do
comércio.
Deste mesmo modo explica Rizzardo:
Na maioria das vezes, as pessoas físicas ou jurídicas comerciais ou industriais não têm meios próprios para atender as constantes demandas de aperfeiçoamento e expansão no ramo em que atuam. É o credito que move a engrenagem para alcançar tais objetivos, o qual tem o banco o seu principal elemento técnico propulsor. Não se destina para criar riquezas, mas para possibilitar a sua circulação e acumulação. 69
As operações bancáriases se dão da seguinte forma,
essenciais (fundamentais típicas ou exclusivas) e acessórias (atípicas). As
68 Lei. 4.595/64 Disponível em < http://www.cnb.org.br/CNBV/leis/lei4595-1964.htm > Acessado em 01 de Julho de 2008. 69 RIZZARDO, Arnaldo, Factoring. 3ª Ed. revista, atualizada e ampliada. 2000. p.15
operações essências que se referem à coleta, intermediação ou aplicação de
recursos financeiros que se da através do recolhimento e emprego de capitais.
Neste caso são os créditos onde estão autorizados a explorar licitamente. Já as
operações acessórias são levadas a cabo pelos bancos aonde não se refere à
intermediação de credito tais como a cobrança de obrigação e a custodia de bens,
pertinentes a prestação de serviços correlatos.
Ao realizarem seu objeto, os bancos, praticam uma série de
atividades as quais são demonstradas como operações bancárias. E estão à
disposição de seus clientes, podendo ser classificada como contrato que visa à
criação de obrigações com o ordenamento jurídico.
As operações ou contratos bancários costumam ser
classificadas em passivas ou ativas: As operações passivas se referem à captação
de recursos, neste caso o banco se coloca no papel de sujeitos passivos, tornando-
se devedor de seus clientes, dos quais ficam responsáveis por depósitos (conta
corrente ou poupança). Tratando-se de coisas fungíveis, a propriedade passa para o
banco, que se obriga a devolver não as mesmas coisas, mas bens do mesmo valor,
qualidade e quantidade. Por outro lado as operações ativas são aquelas em que os
bancos se colocam no papel de sujeitos ativos credores, neste caso são
empregados não apenas capital próprio, mas, principalmente, o numerário recebido
de terceiros, que passa à sua propriedade por se tratar de coisa fungível.
Nestes dois modos, os bancos se utilizam das operações
passivas para captar recursos junto ao publico, recursos estes que serão utilizados
nas operações ativas, sendo o banco remunerado por esta intermediação, nestes
casos podemos dar como exemplo de contratos bancários ativos, o mutuo e a
antecipação bancaria.
Assim, o contrato bancário é aquele aonde se faz necessário
em que uma das partes seja um banco. Este se remete ao exercício da atividade
bancaria, neste contrato remete a coleta, intermediação ou aplicação de recursos
financeiros próprios ou de terceiros, e desta forma definido como bancário. Denota-
se, portanto que para ser considerado um contrato bancário este somente poderá
ser feito por uma instituição devidamente regularizada junto ao Banco Central. São
considerados banqueiros os comerciantes que têm por profissão habitual do seu
comércio as operações chamadas bancárias.
4. A UTILIZAÇÃO DO FACTORING COMO INSTITUIÇÃO FINANCEIRA
Empresas de factoring não são instituições financeiras.
Todavia, este pratica operação que não se enquadrem no conceito legal de factoring
e que caracterizem uma atividade financeira, na forma do art. 18 da Lei 4.595 de
31.12.64:
Art. 18. As instituições financeiras somente poderão funcionar no País mediante prévia autorização do Banco Central ou decreto do Poder Executivo, quando forem estrangeiros. § 1º Além dos estabelecimentos bancários oficiais ou privados, das sociedades de créditos, financiamento e investimentos, das caixas econômicas e das cooperativas de créditos ou a seção de créditos das cooperativas que a tenham, também se subordinam às disposições e disciplinas desta lei no que for aplicável, as bolsas de valores, companhias de seguros e de capitalização, as sociedades que efetuam distribuição de prêmios em imóveis, mercadorias ou dinheiro, mediante sorteio de títulos de sua emissão ou por qualquer forma, e as pessoas físicas ou jurídicas que exerçam, por conta própria ou de terceiros, atividade relacionada com a compra e venda de ações e outros quaisquer títulos, realizando nos mercados financeiros e de capitais operações ou serviços de natureza dos executados pelas instituições financeiras. § 2º O Banco Central da Republica do Brasil, no exercício da fiscalização que lhe compete, regulará as condições de concorrência entre instituições financeiras, coibindo-lhes os abusos com a aplicação da pena (Vetado) nos termos desta lei. § 3º Dependerão de prévia autorização do Banco Central do Brasil as campanhas destinadas à coleta de recursos do público, praticadas por pessoas físicas ou jurídicas abrangidas neste artigo, salvo para subscrição pública de ações, nos termos da lei das sociedades por ações. 70
Denota-se, pelo estudo feito, que o factoring, por lei, está
proibido de captar e emprestar dinheiro no mercado, função específica dos bancos,
que dependem de autorização do Banco Central para funcionar.
A operação de factoring inicia-se com a prestação de serviço e
completa-se com a compra dos créditos mercantis (direitos) gerados a partir das
vendas que são feitas pelas empresas clientes.
70 www.cosif.com.br – site acessado em 18.05.2008.
A principal função do factoring é dar suporte assessorar,
promover o desenvolvimento do pequeno e médio empresário nos seus problemas
diários. Neste processo nada tem a ver com empréstimos, financiamentos ou
agiotagem São, portanto, empresas estabelecidas que têm como pressuposto
principal fornecer a alavancagem dos negócios das empresas que assistem.
E, finalmente, para concretizar o raciocínio, colaciona-se julgado
do SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL com o entendimento jurisprudencial sobre
funções de factorin :
"PROCESSUAL CIVIL. COMERCIAL. RECURSO
ESPECIAL. EXECUÇÃO. CHEQUES PÓS-DATADOS.
REPASSE À EMPRESA DE FACTORING. NEGÓCIO
SUBJACENTE. DISCUSSÃO. POSSIBILIDADE, EM
HIPÓTESES EXCEPCIONAIS. A emissão de cheque pós-
datado, popularmente conhecido como cheque pré-datado, não
o desnatura como título de crédito, e traz como única
conseqüência a ampliação do prazo de apresentação. Da
autonomia e da independência emana a regra de que o cheque
não se vincula ao negócio jurídico que lhe deu origem, pois o
possuidor de boa-fé não pode ser restringido em virtude das
relações entre anteriores possuidores e o emitente.
Comprovada, todavia, a ciência, pelo terceiro adquirente, sobre
a mácula no negócio jurídico que deu origem à emissão do
cheque, as exceções pessoais do devedor passam a ser
oponíveis ao portador, ainda que se trate de empresa de
factoring. Nessa hipótese, os prejuízos decorrentes da
impossibilidade de cobrança do crédito, pela faturizadora, do
emitente do cheque, devem ser discutidos em ação própria, a
ser proposta em face do faturizado. Recurso especial não
conhecido." 71
71 REsp 612423/DF. TERCEIRA TURMA. DJ 26.06.2006.
4.1 Operações Bancárias Confundidas com o Factoring
Umas das operações que mais se aproxima, sem dúvida
nenhuma, é o desconto bancário, que tem como função transmitir títulos cambiários,
ou seja, em ambos, mecanismos que permitem a satisfação de sua necessidade de
credito, sendo que cada um com suas particularidades.
Para Dornelles:
O desconto é uma operação financeira que consiste singelamente na obtenção de capital mediante cessão ao banco de títulos de crédito sacados contra terceiros, em que é favorecido o descontaria, garantindo este, por pacto de resgate, seu pagamento, obrigação que se traduz em recompra em caso de inadimplemento do sacado. 72
Neste caso, denota-se que se constitui uma operação típica de banco comercial, devidamente autorizado pelo Banco Central do Brasil.
No mesmo sentido, Castro explicita que:
Talvez seja por causa do instituto de desconto bancário que o factoring tenha tido, no passado, grandes dificuldades para buscar o seu reconhecimento, pois, indevidamente confundidos, levaram, por conseqüência, à equiparação das instituições financeiras com as sociedades de fomento mercantil e, então, à equivocada conclusão de que estas sociedades estavam adentrando em campo de atuação restrito àquelas, o que era ilegal. Logo, ilegal era a factoring. Contudo, esse problema foi superado com o tempo, graças à melhor compreensão destes institutos, que são afins, mas não iguais. 73
Sobre o processamento na operação de desconto bancário,
Viana diz:
Ocorre à fungibilidade intersubjetiva do crédito: a transformação do crédito comercial em bancário. Assim é que o cliente-descontário que concedeu uma venda a prazo ou prestação de serviços saca uma duplicata da qual passa a ser credor (crédito comercial) e leva-a ao banco para descontá-la (crédito bancário). 74
72 LUZ, Aramy Dornelle da. Negócios Jurídicos Bancários. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1996, p.133. 73 CASTRO, Rogério Alessandre de Oliveira. Factoring. Leme: Ed. Direito, 2000, p. 43 74 VIANA, Bonfim. Desconto Bancário. Rio de Janeiro: Forense, 1987, p.22.
Sobre a mácula do desconto bancário confundindo com factoring
denota-se pelo, TRIBUNAL DE JUSTIÇA GAÚCHO manifestou-se acerca do
assunto:
"COMERCIAL, CIVIL E PROCESSUAL. TÍTULO DE CRÉDITO. DUPLICATA ACEITA E ENDOSSADA TRANSLATIVAMENTE A EMPRESA DE "FACTORING" EM DESCONTO. AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE OBRIGAÇÃO DE PAGAR CUMULADA COM PEDIDO LIMINAR INCIDENTAL DE CANCELAMENTO DE PROTESTO. POSSIBILIDADE. CONTRATO QUE ESTABELECIA OBRIGAÇÃO À ENDOSSANTE DE PRÉVIA COMUNICAÇÃO DA CESSÃO À DEVEDORA. NOTIFICAÇÃO INEXISTENTE. RECURSO ESPECIAL. PREQUESTIONAMENTO DEFICIENTE. REEXAME DE PROVA E INTERPRETAÇÃO DE CLÁUSULA. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULAS NS. 5 E 7-STJ. DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL NÃO CARACTERIZADO.
I. Não é imprópria a cumulação, em ação ordinária declaratória, do pedido de reconhecimento de inexistência da dívida representada por duplicatas endossadas a empresa de "factoring", cujo valor foi pago pela devedora diretamente à sacadora-endossante, com a postulação cautelar incidental de cancelamento de protesto das mesmas cártulas.
II. Dissídio jurisprudencial não configurado, eis que baseada a decisão do acórdão estadual, soberano na interpretação do contrato e no exame da prova, de revisão impossível em face das Súmulas ns. 5 e 7 do STJ, no entendimento de que o instrumento representativo da cessão de crédito mediante endosso de duplicatas aceitas previa, expressamente, a obrigação de a emitente das cártulas e endossante notificar a devedora sacada sobre a transferência da titularidade, e que tal não aconteceu, de modo a eximir a devedora de pagar novamente o débito, posto que já adimplido o seu ônus.
III. Ausência de prequestionamento das questões federais alusivas ao mérito, atraindo a incidência das Súmulas ns. 282 e 356 do C. STF.
IV. Recurso especial não conhecido." 75
75 REsp 100522 / RS; QUARTA TURMA; DJ 19.08.2002.
No que tange o descontante, em toda sua forma a concessão
de cadastro reverte-se a obrigação do banco a respeitá-lo, aonde se verifica a
solvabilidade, responsabilidade do cliente no banco e origem dos títulos, desta forma
se cria o limite cadastral e em função deste o grau de viabilidade de uma nova
operação.
Ao falar sobre objeto do desconto, de modo geral, todo tipo de
crédito pode ser incorporado em documento classificados como títulos de crédito,
estes são: a nota promissória, a letra de câmbio, a duplicata, o cheque, os
certificados de depósitos a prazo fixo, os warrants, as debêntures, as letras do
tesouro e mesmo os títulos cambiais não aceitos, para exercer o direito que eles
representam.
Ao invocar a doutrina de Cunha e Sá escreve que:
A principal diferença entre desconto e o factoring é que, no primeiro, o descontado adquire os créditos do descontário e mantém o direito de regresso contra este – diz-se que ocorreu uma cessio pro solvendo; diferentemente, no factoring, em regra os créditos são cedidos ao factor em caráter definitivo – diz-se que houve uma cessio pro soluto. 76
Assim, a principal operação na factoring, considerando o
elemento preponderante, é a cessão de crédito. Nas palavras de Comparato: “A
cessão de créditos, que constitui a essência da faturização, não parece assimilável
ao desconto bancário.” 77
No que se refere ao desconto bancário, o elemento essencial é
o empréstimo em relação à transferência de título. Nesta linha de raciocínio
Rizzardo, ressalta:
Tanto que o descontário recebe o valor, pagando juros e taxas a título de remuneração pelo tempo que medeia entre a data do recebimento do valor e do vencimento do título. Assim, embora
76 SÁ, Gonçalo Ivens Ferraz da Cunha e. O Factoring e a Nova Constituição. RDM 73, p. 104. 77 COMPARATO, Fábio Konder. Direito Empresarial. São Paulo: ed. Saraiva, 1995, p.63
transpareça uma troca de valor por um título, os princípios do mutuo regulam a relação contratual a ponto de assistir ao descontador o direito de receber o montante do descontário casa o devedor do título não o satisfazer. 78
Neste caso, o empréstimo se consolida mediante a
transferência pro solvendo do título cambial.
Segundo J.X. Carvalho de Mendonça:
[...] o desconto é uma variedade do mútuo no qual a soma a emprestar e a dos juros calculam-se um função da soma de crédito do qual o descontário é titular e com essa dação pro solvendo assegura ao mutuário a restituição da antecipação e compensação de modo que nunca represente o capital, que junto aos juros e aos juros dos juros pelo tempo que falta para o vencimento, perfaça, depois desse tempo, a soma do credito referida e a outra represente a soma dos juros daquele capital e do seu anatocismo. 79
Outro aspecto relevante diz respeito a classificação do contrato
de desconto, que, além de real e consensual, considera-se o oneroso. A proposta do
assunto Abrão diz que:
[...] a onerosidade de desconto reside em que redunda ele em proveito econômico para ambas as partes: para o cliente, em possuir a disponibilidade de quantias correspondentes a créditos ainda não vencidos; para o banco, a percepção de juros e comissões. 80
Segundo Abrão, “É contrato bilateral o desconto [...], o cliente
descontário ficará com a obrigação residual de pagar ao banco o principal, juros e
78 RIZZARDO, Arnaldo. Contratos de Crédito Bancário. São Paulo: Revistas Tribunais, 1994, p. 65. 79 MENDONÇA, J.X. Carvalho de. Tratado de Direito Comercial Brasileiro. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, v.VI, parte III, p.171. 80 ABRÃO, Nelson. Curso de Direito Bancário. 2.ed. São Paulo: Revistas dos Tribunais, 1988, p. 89.
custos da operação, caso não o faça o devedor cedido [...]” 81. Sendo que o banco
na omissão do credito deve diligenciar o recebimento junto a este ultimo.
No que tange contrato, segue julgado sobre revisão contratual:
"AÇÃO DE REVISÃO CONTRATUAL E AÇÃO INDENIZATÓRIA. CONTRATO DE FINANCIAMENTO COM CESSÃO DE CRÉDITO A EMPRESA DE FACTORING VINCULADA A INSTITUIÇÃO FINANCEIRA. INCIDÊNCIA DA LEI DE USURA. JUROS MORATÓRIOS. DANO MORAL. PROTESTO INDEVIDO. QUANTUM INDENIZATÓRIO EXCESSIVO. REDUÇÃO.”Tratando-se de empresa que opera no ramo de factoring,não integrante do Sistema Financeiro Nacional, a taxa de juros deve obedecer à limitação prevista no art. 1º do Decreto nº 22.626, de 7.4.1933" (REsp n. 330.845/RS, relatado pelo eminente Ministro Barros Monteiro, DJ de 15/09/2003). O fato de a empresa de factoring ser vinculada a instituição financeira tampouco altera tal disciplina. Os juros moratórios podem ser convencionados no limite previsto no Decreto n. 22.626/33, consoante jurisprudência pacificada nesta Corte. O valor da indenização por dano moral não pode escapar ao controle do Superior Tribunal de Justiça" (REsp n. 53.321/RJ, Min. Nilson Naves). Redução da condenação a patamares razoáveis, considerando as peculiaridades da espécie. Recurso especial parcialmente conhecido e, nessa extensão, provido" 82
Na seqüência do raciocínio acima exposto, cabe mencionar o
entendimento de Rizzardo:
[...] Bilateral, no sentido de ambos os estipulantes deverem suportar obrigações. Ao banco compete concretizar efetivamente o desconto dos títulos, conforme se comprometeu, bem como apresentar em cobrança, no momento aprazado, os títulos de crédito em seu poder. Ao cliente cabe satisfazer o preço da operação, com os interesses ajustados e o reembolso dos gastos exigidos. Cumpre-lhe, outrossim, a restituição ao descontante do importe dos títulos desatendidos pelos devedores principais.83
81 ABRÃO, Nelson. Curso de Direito Bancário. 2.ed. São Paulo: Revistas dos Tribunais, 1988, p. 89. 82 REsp 623691 / RS; QUARTA TURMA; DJ 28.11.2005. 83 RIZZARDO, Arnaldo. Contratos de Crédito Bancário. São Paulo: Revistas Tribunais, 1994, p. 67.
Sobre contrato de compra e venda Tribunal do Rio Grande do Sul, coloca:
"AÇÃO REVISIONAL. CONTRATO DE COMPRA E VENDA COM RESERVA DE DOMÍNIO. EMPRESA DE FACTORING. LIMITAÇÃO DA TAXA DE JUROS. COMISSÃO DE PERMANÊNCIA. INCIDÊNCIA DA LEI DE USURA. Tratando-se de empresa que opera no ramo de factoring, não integrante do Sistema Financeiro Nacional, a taxa de juros deve obedecer à limitação prevista no art. 1º do Decreto n. 22.626, de 7.4.1933. Exigência descabida da comissão de permanência e da capitalização mensal dos juros. Incidência das Súmulas ns. 5 e 7-STJ quanto à pretensão de empregar-se a TR como fator de atualização monetária. Recurso especial não conhecido. 84
Quanto à inadimplência do sacador-devedor, esta tem como
fato gerador o desconto no qual o adiantamento de valor ao cliente e o não
pagamento do valor correspondente o descontante assiste a promover a execução
do valor junto ao descontário.
Desta forma Donini, explica:
Para dirigir-se contra o descontário, é necessário o anterior protesto do titulo. Esse ato é elemento imprescindível para comprovar a inadimplência do devedor cedido. Sem esta providência, terá o banco dificuldades em comprovar a mora do devedor cedido. E o protesto impõe-se na falta ou recusa de aceite, e na mora no pagamento, a menos que fique consignado, no contrato, clausula dispensando tal ato. Sem a medida, fica impossibilitado o direito de regresso, pois não provada a mora do devedor. 85
Sobre o direito de regresso, Mariani, escreve:
Mas também são diferentes porque no contrato de desconto bancário o direito de regresso é uma garantia e a instituição financeira opera com recursos próprios e de terceiros, enquanto no de factoring o direito de regresso é uma faculdade (operação contratual), e o faturizador opera tão-só com recursos próprios, além de o factoring ser mais amplo, uma vez que pode envolver assistência não-financeira e serviços relativos ao crédito e à administração. 86
84 REsp 329935 / MG; TERCEIRA TURMA; DJ 25.11.2002. 85 DONINI, Antônio Carlos. Manual do Factoring. 1ª ed. - Ed. Klarear, 2004 p.59 86 MARIANI, Irineu. Contratos Empresarias: atualizados pelo Código Civil 2002 e leis posteriores. Porto Alegre: Livraria do Advogado Editora, 2007, p. 308
Para Mariani, “[...] a obrigação de regresso nasce da
vinculação anterior do destinatário na cártula pelo endosso. Esse instituto responde
pela garantia, isto é, pelo pagamento.” 87 Se o devedor não honra o pagamento no
vencimento e comprovada a recusa formal através de protesto do título, terá o
endossante a obrigação de reembolsar o endossatário.
Pelos estudos constatou-se que não constituem factoring, por
exemplo, as seguintes hipóteses: Operações aonde o contratante não seja Pessoa
Jurídica; Empréstimo via cartão de credito; Alienação de bens móveis e imóveis;
Financiamento ao consumo; Operações privativas das instituições financeiras.
Diante de todo o exposto, ao final do trabalho, chegou-se o
entendimento que o A Empresa de Factoring não é uma instituição bancária ou
financeira, mas simplesmente uma empresa mercantil voltada para o fim da
faturização.
Vale ressaltar que tal limitação de atividades, feita pela lei, se
dirige apenas àquelas empresas de factoring que não são instituições bancárias,
pois estas, pela sua própria natureza, têm a plena liberdade de, além de realizar a
atividade faturizadora, realizar todas as demais atividades que lhe são privativas,
entre elas o empréstimo de dinheiro, de acordo com a Lei Federal n. 4595 de
31.12.1964 ,
87 LUZ, Aramy Dornelle da. Negócios Jurídicos Bancários. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1996, p.133.
4.1.1 Jurisprudência
"CONTRATO. FACTORING. REVISÃO CONTRATUAL.
CLÁUSULA ABUSIVA.
O factoring é um contrato por meio do qual um comerciante
cede a outrem os créditos correspondentes às suas atividades, total ou
parcialmente, recebendo em contra-partida, remuneração consistente em desconto
sobre os respectivos valores. O elemento que diferencia o contrato de factoring de
uma operação financeira comum é a assunção, pelo faturizador, dos riscos pelo
inadimplemento dos créditos transferidos, pelo devedor cedido. A assunção desses
riscos pelo faturizado leva à desfiguração do factoring. A cláusula contratual que
refere-se à emissão de nota promissória em branco configura uma nítida condição
potestativa, pois submete ao arbítrio exclusivo de uma das partes a prática do ato
jurídico, caracterizando cláusula potestativa vedada pelo artigo 115 do Código Civil"
(TJRJ - Apelação n. 2001.001.14325, Rel. Des. André
Andrade Julgamento: 12.03.2002 – Décima Quarta Câmara Cível). (grifo nosso)
"PROCESSUAL CIVIL. MANDADO DE SEGURANÇA.
PETIÇÃO INICIAL. INÉPCIA. FACTORING. TRANSFERÊNCIA DE CRÉDITO.
FALTA DE NOTIFICAÇÃO À DEVEDORA. INEXISTÊNCIA DE DIREITO LÍQUIDO
E CERTO.
I - Não é nulo o acórdão, que, apesar de suscinto, reconheceu
subsistir a falha argüida em preliminar de falta de causa de pedir, nos termos do art.
295, parágrafo único, I, do CPC.
II - Inexiste direito líquido e certo a ser amparado pelo
mandamus. Com efeito, a liminar de sustação de protesto foi condicionada à
prestação de caução, no valor dos títulos; além disso foi juntado aos autos recibo de
pagamento dos títulos e o protesto efetivou-se por instituição financeira diversa do
impetrante, ora recorrente.
Ademais, não ficou comprovado que a devedora foi
notificada de que os créditos foram transferidos para a faturizadora.
III - Recurso ordinário que se nega provimento
(RMS 3974/RN. RECURSO ORDINARIO EM MANDADO DE
SEGURANÇA. TERCEIRA TURMA. DJ 13.06.2005 p. 285).
"AÇÃO MONITÓRIA. DUPLICATA DE PRESTAÇÃO DE
SERVIÇOS. ACEITE (FALTA). PROTESTO. PROVA DA DÍVIDA. FACTORING.
- O protesto não impugnado de duplicata sem aceite permite a
propositura do procedimento monitório, mas tal fato só por si não é suficiente para a
procedência da ação. - Negada a relação causal pela demandada, sem a prova da
efetiva prestação dos serviços, impunha-se reconhecer a irregularidade na emissão
da duplicata e a improcedência da ação. - Se não fosse assim, toda falsa duplicata
levada a protesto sem impugnação seria suporte suficiente para a procedência da
ação monitória. No entanto, o devedor que se omite diante do protesto pode
defender-se na ação de cobrança, e esta somente pode ser acolhida se
demonstrada adequadamente a existência da dívida. - A devedora pode alegar
contra a empresa de factoring a defesa que tenha contra a emitente do título.
Recurso conhecido e provido."
(REsp 469051 / RS; QUARTA TURMA; DJ 12.05.2003 p.
308). (grifo nosso)
"COMERCIAL E PROCESSUAL CIVIL. CHEQUE.
INVESTIGAÇÃO DA CAUSA DEBENDI. CIRCUNSTÂNCIAS ESPECIAIS, QUE O
PERMITEM. LEI N. 7.357/85. EXEGESE. HONORÁRIOS. FIXAÇÃO EQÜITATIVA.
CPC, ART. 20, § 4º.
I. A autonomia do cheque não é absoluta, permitida, em certas
circunstâncias especiais, como a prática de ilícito pelo vendedor de mercadoria não
entregue, após fraude notória na praça, a investigação da causa subjacente e o
esvaziamento do título pré-datado em poder de empresa de "factoring", que o
recebeu por endosso.
II. Honorários advocatícios já fixados em valor módico, não
cabendo ainda maior redução.
III. Recurso especial não conhecido.
"Inobstante algumas posições em contrário, o entendimento
aqui firmado é no sentido de que a autonomia do cheque não é absoluta. A sua
higidez é presumida, porém admite-se, excepcionalmente, a discussão da
relação jurídica subjacente, quando se possa extrair que a cártula advém de
prática ilícita ou de obrigação ilegalmente contraída, desrespeito à ordem jurídica ou,
ainda, se presente a má-fé do portador.
(REsp 434433 / MG; QUARTA TURMA; DJ 23.06.2003 p. 378)
"CHEQUE. EMBARGOS DE DEVEDOR. GARANTIA.
INVESTIGAÇÃO DA CAUSA.
1. Reconhecendo embora a divergência doutrinária e
jurisprudencial, não é razoável juridicamente admitir-se o cheque como caução,
como garantia, e negar-se a relação entre a garantia e a sua causa. Essa posição
permitiria toda sorte de abusos, ocasionando o enriquecimento sem causa, como no
presente caso, no qual se ofereceu em garantia um cheque de valor muito maior do
que o efetivamente comprometido.
2. Se a praxe no mercado aceita o cheque em garantia, vedar,
em tese, a investigação da causa debendi propiciaria um desequilíbrio na relação
jurídica entre partes, uma das quais, em casos de extrema necessidade, ficaria a
depender do arbítrio da outra. Se o cheque ganhou essa dimensão, fora do critério
legal, que tanto não regulou, é imperativo extrair a conseqüência própria, específica.
Por essa razão, é que deve ser admitida a investigação da causa debendi.
3. Recurso especial conhecido, mas, não provido."
(3ª Turma, REsp n. 111.154/DF, Rel. Min. Carlos Alberto
Menezes Direito, unânime, DJU de 19.12.1997)
No que concerne ao avalista cambiário, a situação de garante
da liquidação do débito também não se altera, pois não poderá opor exceções de
natureza subjetiva frente ao faturizador, remanescendo apenas as objetivas, como,
por exemplo, vícios formais do título. É a norma do § 2º, do artigo 899, do Código
Civil, in verbis:
"Art. 899 (...)
§ 2º. Subsiste a responsabilidade do avalista, ainda que nula a
obrigação daquele a quem se equipara, a menos que a nulidade decorra de vício de
forma."
Além de vício da forma, o STJ vem sedimentando
entendimento de ser possível ao avalista apontar a inexistência da obrigação (RESP
190.753).
Nas hipóteses de o título ser ilegítimo ou eivado de qualquer
vício que nulifique os direitos deles decorrentes, o faturizador poderá demandar a
empresa faturizada, demonstrando que a cobrança perante o devedor principal
restou frustada em razão da nulidade do título.
"Código de Defesa do Consumidor: artigos 3°, § 2°, e 6°, V.
Factoring. Contrato de financiamento entre a empresa
faturizadora e a adquirente do bem. Reajustamento pela variação cambial.
Precedente da Corte.
1. O contrato de financiamento entre a empresa faturizadora e
a adquirente do bem, distinto do contrato de factoring, está alcançado pelo art. 3°, §
2°, do Código de Defesa do Consumidor.
2. A brusca variação da cotação do dólar, na oportunidade de
que cuida o presente feito, configura fato superveniente forte o suficiente para
provocar a incidência do art. 6°, V, do Código de Defesa do Consumidor,
configurada a onerosidade excessiva.
3. Recurso especial não conhecido."
(REsp 329935 / MG; TERCEIRA TURMA; DJ 25.11.2002 p.
229)
CONCLUSÃO
Nos últimos tempos, a mídia tem veiculado com maior
freqüência, notícias sobre factoring. Verifica-se, entretanto, que a maioria dos textos
demonstra vagos, superficiais, incorretos e equivocados conceitos em torno deste
mecanismo, que comparam precipitadamente com a agiotagem.
O fomento mercantil (factoring) é um conjunto de serviços que
deve ser prestado por empresa profissionalmente habilitada, especializada em
praticá-lo e destina-se a ajudar pequenas e médias empresas, o seu mercado-alvo.
Essas empresas costumam apresentar dificuldades para identificar e dimensionar as
suas deficiências, principalmente no que tange ao acompanhamento de suas contas
a receber e a pagar, controle de estoques, formação de custo e preço de seus
produtos, conhecimento do mercado em que atua atividades que, por acarretar um
custo elevado, normalmente são negligenciadas, até porque, por ser pequena, a
empresa não tem condições financeiras de contratar um profissional para cuidar do
seu departamento administrativo e financeiro.
A sociedade de fomento mercantil presta serviços, os mais
variados e abrangentes, à sua clientela - pequenas e médias empresas - e compra
créditos (direitos resultantes de vendas mercantis) com recursos não coletados da
poupança pública, não colocando, portanto, em risco recursos de terceiros.
A cessão, a alienação ou a venda de créditos mercantis,
mediante endosso pleno em preto, entre duas empresas tipifica uma autêntica venda
mercantil, em que a empresa-cliente, vendendo à vista, recebe "caixa" o valor que
julga ter os seus créditos, que é o preço de compra pago, à vista, pela sociedade de
fomento mercantil e livremente pactuado entre as partes.
Em conseqüência, a sociedade de fomento mercantil passa a
ser a única e legítima credora titular desses direitos, representados pelos títulos
negociados. A empresa-cliente não é mais a devedora, mas o sacado, aquele que
compra produtos e mercadorias que foram vendidos pela empresa-cliente. Daí
porque cessão de crédito não é operação de crédito nem assimilável ao desconto
bancário.
Já nas operações de crédito bancário - empréstimo ou
desconto - abrigadas no direito de regresso, subsiste o vínculo da obrigação que deu
origem ao crédito permitindo ao banco voltar-se contra o devedor endossante. Os
bancos e as sociedades de fomento mercantil têm suas áreas de atuação
delimitadas por normas legais e administrativas, com sua clientela ocupando nichos
próprios do mercado que não se confundem. Entretanto, pessoas desavisadas, que
ignoram os fundamentos do fomento mercantil, julgam-no concorrentes dos bancos.
Na verdade, são atividades que se completam ou se complementam. A ANFAC
como importante filão a explorar para obter redução dos seus custos, para operar
com riscos praticamente inexistentes e para alcançar excelente rentabilidade.
Esta é uma constatação só aferível por pessoas que
efetivamente tenham vivência do mundo dos negócios e do factoring hoje praticado
em 50 países.
Vale ressaltar que tal limitação de atividades, feita pela lei, se
dirige apenas àquelas empresas de factoring que não são instituições bancárias,
pois estas, pela sua própria natureza, têm a plena liberdade de, além de realizar a
atividade faturizadora, realizar todas as demais atividades que lhe são privativas,
entre elas o empréstimo de dinheiro, de acordo com a Lei Federal n. 4595 de
31.12.1964 , artigo 17.
A Empresa de Factoring não é uma instituição bancária ou
financeira, mas simplesmente uma empresa mercantil voltada para o fim da
faturização.
REFERÊNCIA DAS FONTES CITADAS
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BRASIL, Lei 4.595 de 31 de dezembro de 1964, artigo 17
BRITO, Maria Helena. O Factoring Internacional e a Convenção do Unidroit.
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VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil: teoria geral das obrigações e teoria geral dos
contrato.
GLOSSÁRIO – TRADUÇÃO
Acoints Receivable Financing – Ato, processo ou caso de levantar ou prover fundos
para algum empreendimento.
Austin Rating – Método com o qual um observador classifica a aptidão, interesse,
habilidade ou outras características de um indivíduo ou grupo. Quase sempre a
classificação é por uma escala que pode ser alfabética ou numérica.
Bulk Factoring – Factoring em massa, em grande quantidade.
Cessio pro soluto – Ação de ceder, cedimento, transferência de direitos ou bens.
Cessio pro solvendo – Solvendo em termos executivos é a capacidade de uma
empresa liquidar as dividas ou de uma vez ou a medida que forem vencendo.
Colletion Type Factoring - Agreernet – Concorda com tipo, classe, categoria,
espécie.
Conventiond Factoring – Convenção, algo como um conjunto de regras para o
factoring, uma padronização.
Export-factor – Factor que adquire créditos decorrentes de vendas realizadas por
exportadores ao comercio exterior.
Factor - Entidade bancária ou financeira que se dedica ao financiamento das
operações de uma empresa, comprando-lhe suas contas a receber (accounts
receivable), mediante certa percentagem de lucro.
Factoring – As operações realizadas por um factor (Contrato de fomento mercantil).
Factoring With Recouse – Recurso de Factoring.
Finalizzate – Finalizar.
Import - Export – Factoring – Junção de importação e exportação factoring.
Import – Factor – Factor que adquire créditos decorrentes de vendas realizadas por
importação.
Intercredit – Intercredito.
know – how – Conhecimento em um determinado assunto, tipo ter competência,
habilidade, experiência no assunto.
Leasing – Tipo um arrendamento.
Maturity – Maturidade
Non Notification Factoring – Factoring sem notificação.
Old Line Factor – Um factor da linha antiga, a moda antiga.
Open Factoting – É um processo de factoring aberto, publicado.
Order By – Ordenado por
Trustee – Vem de fidúcia, confiança. Pessoa ou entidade a quem são confiados
bens de terceiros para serem administrados.
Undisclosed Factoring – Um processo de factoring não publicado.
Uniform Commercial Code – Código comercial uniforme, que segue um padrão,
padronizado
ANEXOS
1) LEI Nº 4.595 DE 31 DE DEZEMBRO DE 1964
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA,
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Capítulo I - Do Sistema Financeiro Nacional
Art. 1º O sistema Financeiro Nacional, estruturado e regulado pela presente
Lei, será constituído:
I - do Conselho Monetário Nacional;
II - do Banco Central do Brasil; (Redação dada pelo Del nº 278, de 28/02/67)
III - do Banco do Brasil S. A.;
IV - do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico;
V - das demais instituições financeiras públicas e privadas.
Capítulo II - Do Conselho Monetário Nacional
Art. 2º Fica extinto o Conselho da atual Superintendência da Moeda e do
Crédito, e criado em substituição, o Conselho Monetário Nacional, com a finalidade
de formular a política da moeda e do crédito como previsto nesta lei, objetivando o
progresso econômico e social do País.
Art. 3º A política do Conselho Monetário Nacional objetivará:
I - Adaptar o volume dos meios de pagamento ás reais necessidades da
economia nacional e seu processo de desenvolvimento;
II - Regular o valor interno da moeda, para tanto prevenindo ou corrigindo os
surtos inflacionários ou deflacionários de origem interna ou externa, as depressões
econômicas e outros desequilíbrios oriundos de fenômenos conjunturais;
III - Regular o valor externo da moeda e o equilíbrio no balanço de pagamento
do País, tendo em vista a melhor utilização dos recursos em moeda estrangeira;
IV - Orientar a aplicação dos recursos das instituições financeiras quer
públicas, quer privadas; tendo em vista propiciar, nas diferentes regiões do País,
condições favoráveis ao desenvolvimento harmônico da economia nacional;
V - Propiciar o aperfeiçoamento das instituições e dos instrumentos financeiros,
com vistas à maior eficiência do sistema de pagamentos e de mobilização de
recursos;
VI - Zelar pela liquidez e solvência das instituições financeiras;
VII - Coordenar as políticas monetária, creditícia, orçamentária, fiscal e da
dívida pública, interna e externa.
Art. 4º Compete ao Conselho Monetário Nacional, segundo diretrizes
estabelecidas pelo Presidente da República: (Redação dada pela Lei nº 6.045, de
15/05/74) (Vetado)
I - Autorizar as emissões de papel-moeda (Vetado) as quais ficarão na prévia
dependência de autorização legislativa quando se destinarem ao financiamento
direto pelo Banco Central da República do Brasil, das operações de crédito com o
Tesouro Nacional, nos termos do artigo 49 desta Lei.(Vide Lei nº 8.392, de 30.12.91)
O Conselho Monetário Nacional pode, ainda autorizar o Banco Central da
República do Brasil a emitir, anualmente, até o limite de 10% (dez por cento) dos
meios de pagamentos existentes a 31 de dezembro do ano anterior, para atender as
exigências das atividades produtivas e da circulação da riqueza do País, devendo,
porém, solicitar autorização do Poder Legislativo, mediante Mensagem do
Presidente da República, para as emissões que, justificadamente, se tornarem
necessárias além daquele limite.
Quando necessidades urgentes e imprevistas para o financiamento dessas
atividades o determinarem, pode o Conselho Monetário Nacional autorizar as
emissões que se fizerem indispensáveis, solicitando imediatamente, através de
Mensagem do Presidente da República, homologação do Poder Legislativo para as
emissões assim realizadas:
II - Estabelecer condições para que o Banco Central da República do Brasil
emita moeda-papel (Vetado) de curso forçado, nos termos e limites decorrentes
desta Lei, bem como as normas reguladoras do meio circulante;
III - Aprovar os orçamentos monetários, preparados pelo Banco Central da
República do Brasil, por meio dos quais se estimarão as necessidades globais de
moeda e crédito;
IV - Determinar as características gerais (Vetado) das cédulas e das moedas;
V - Fixar as diretrizes e normas da política cambial, inclusive quanto a compra
e venda de ouro e quaisquer operações em Direitos Especiais de Saque e em
moeda estrangeira; (Redação dada pelo Del nº 581, de 14/05/69)
VI - Disciplinar o crédito em todas as suas modalidades e as operações
creditícias em todas as suas formas, inclusive aceites, avais e prestações de
quaisquer garantias por parte das instituições financeiras;
VII - Coordenar a política de que trata o art. 3º desta Lei com a de
investimentos do Governo Federal;
VIII - Regular a constituição, funcionamento e fiscalização dos que exercerem
atividades subordinadas a esta lei, bem como a aplicação das penalidades previstas;
IX - Limitar, sempre que necessário, as taxas de juros, descontos comissões e
qualquer outra forma de remuneração de operações e serviços bancários ou
financeiros, inclusive os prestados pelo Banco Central da República do Brasil,
assegurando taxas favorecidas aos financiamentos que se destinem a promover:
- recuperação e fertilização do solo;
- reflorestamento;
- combate a epizootias e pragas, nas atividades rurais;
- eletrificação rural;
- mecanização;
- irrigação;
- investimento indispensáveis às atividades agropecuárias;
X - Determinar a percentagem máxima dos recursos que as instituições
financeiras poderão emprestar a um mesmo cliente ou grupo de empresas;
XI - Estipular índices e outras condições técnicas sobre encaixes, mobilizações
e outras relações patrimoniais a serem observadas pelas instituições financeiras;
XII - Expedir normas gerais de contabilidade e estatística a serem observadas
pelas instituições financeiras;
XIII - Delimitar, com periodicidade não inferior a dois anos o capital mínimo das
instituições financeiras privadas, levando em conta sua natureza, bem como a
localização de suas sedes e agências ou filiais;
XIV - Determinar recolhimento de até 60% (sessenta por cento) do total dos
depósitos e/ou outros títulos contábeis das instituições financeiras, seja na forma de
subscrição de letras ou obrigações do Tesouro Nacional ou compra de títulos da
Dívida Pública Federal, seja através de recolhimento em espécie, em ambos os
casos entregues ao Banco Central do Brasil, na forma e condições que o Conselho
Monetário Nacional determinar, podendo este: (Redação dada pelo Del nº 1.959, de
14/09/82)
a) adotar percentagens diferentes em função; (Redação dada pelo Del nº
1.959, de 14/09/82)
- das regiões geo-econômicas; (Redação dada pelo Del nº 1.959, de 14/09/82)
- das prioridades que atribuir às aplicações; (Redação dada pelo Del nº 1.959,
de 14/09/82)
- da natureza das instituições financeiras; (Redação dada pelo Del nº 1.959, de
14/09/82)
b) determinar percentuais que não serão recolhidos, desde que tenham sido
reaplicados em financiamentos à agricultura, sob juros favorecidos e outras
condições fixadas pelo Conselho Monetário Nacional. (Redação dada pelo Del nº
1.959, de 14/09/82) (Vide art 10, inciso III)
XV - Estabelecer para as instituições financeiras públicas, a dedução dos
depósitos de pessoas jurídicas de direito público que lhes detenham o controle
acionário, bem como dos das respectivas autarquias e sociedades de economia
mista, no cálculo a que se refere o inciso anterior;
XVI - Enviar obrigatoriamente ao Congresso Nacional, até o último dia do mês
subsequente, relatório e mapas demonstrativos da aplicação dos recolhimentos
compulsórios, (Vetado).
XVII - Regulamentar, fixando limites, prazos e outras condições, as operações
de redesconto e de empréstimo, efetuadas com quaisquer instituições financeiras
públicas e privadas de natureza bancária;
XVIII - Outorgar ao Banco Central da República do Brasil o monopólio das
operações de câmbio quando ocorrer grave desequilíbrio no balanço de pagamentos
ou houver sérias razões para prever a iminência de tal situação;
XIX - Estabelecer normas a serem observadas pelo Banco Central da
República do Brasil em suas transações com títulos públicos e de entidades de que
participe o Estado;
XX - Autoriza o Banco Central da República do Brasil e as instituições
financeiras públicas federais a efetuar a subscrição, compra e venda de ações e
outros papéis emitidos ou de responsabilidade das sociedades de economia mista e
empresas do Estado;
XXI - Disciplinar as atividades das Bolsas de Valores e dos corretores de
fundos públicos;
XXII - Estatuir normas para as operações das instituições financeiras públicas,
para preservar sua solidez e adequar seu funcionamento aos objetivos desta lei;
XXIII - Fixar, até quinze (15) vezes a soma do capital realizado e reservas
livres, o limite além do qual os excedentes dos depósitos das instituições financeiras
serão recolhidos ao Banco Central da República do Brasil ou aplicados de acordo
com as normas que o Conselho estabelecer;
XXIV - Decidir de sua própria organização; elaborando seu regimento interno
no prazo máximo de trinta (30) dias;
XXV - Decidir da estrutura técnica e administrativa do Banco Central da
República do Brasil e fixar seu quadro de pessoal, bem como estabelecer os
vencimentos e vantagens de seus funcionários, servidores e diretores, cabendo ao
Presidente deste apresentar as respectivas propostas; (Vide Lei nº 9.650, 27.5.1998)
XXVI - Conhecer dos recursos de decisões do Banco Central da República do
Brasil; (Vide Lei nº 9.069, de 29.6.1995)
XXVII - aprovar o regimento interno e as contas do Banco Central do Brasil e
decidir sobre seu orçamento e sobre seus sistemas de contabilidade, bem como
sobre a forma e prazo de transferência de seus resultados para o Tesouro Nacional,
sem prejuízo da competência do Tribunal de Contas da União. (Redação dada pelo
Decreto Lei nº 2.376, de 25.11.1987) (Vide art 10, inciso III)
XXVIII - Aplicar aos bancos estrangeiros que funcionem no País as mesmas
vedações ou restrições equivalentes, que vigorem nas praças de suas matrizes, em
relação a bancos brasileiros ali instalados ou que nelas desejem estabelecer - se;
XXIX - Colaborar com o Senado Federal, na instrução dos processos de
empréstimos externos dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, para
cumprimento do disposto no art. 63, nº II, da Constituição Federal;
XXX - Expedir normas e regulamentação para as designações e demais efeitos
do art. 7º, desta lei. (Vide Lei nº 9.069, de 29.6.1995) (Vide Lei nº 9.069, de
29.6.1995)
XXXI - Baixar normas que regulem as operações de câmbio, inclusive swaps,
fixando limites, taxas, prazos e outras condições.
XXXII - regular os depósitos a prazo de instituições financeiras e demais
sociedades autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil, inclusive entre
aquelas sujeitas ao mesmo controle acionário ou coligadas. (Redação dada pelo
Decrto-lei nº 2.290, de 1986)
§ 1º O Conselho Monetário Nacional, no exercício das atribuições previstas no
inciso VIII deste artigo, poderá determinar que o Banco Central da República do
Brasil recuse autorização para o funcionamento de novas instituições financeiras,
em função de conveniências de ordem geral.
§ 2º Competirá ao Banco Central da República do Brasil acompanhar a
execução dos orçamentos monetários e relatar a matéria ao Conselho Monetário
Nacional, apresentando as sugestões que considerar convenientes.
§ 3º As emissões de moeda metálica serão feitas sempre contra recolhimento
(Vetado) de igual montante em cédulas.
§ 4º O Conselho Monetário nacional poderá convidar autoridades, pessoas ou
entidades para prestar esclarecimentos considerados necessários.
§ 5º Nas hipóteses do art. 4º, inciso I, e do § 6º, do art. 49, desta lei, se o
Congresso Nacional negar homologação à emissão extraordinária efetuada, as
autoridades responsáveis serão responsabilizadas nos termos da Lei nº 1059, de
10/04/1950.
§ 6º O Conselho Monetário Nacional encaminhará ao Congresso Nacional, até
31 de março de cada ano, relatório da evolução da situação monetária e creditícia
do País no ano anterior, no qual descreverá, minudentemente as providências
adotadas para cumprimento dos objetivos estabelecidos nesta lei, justificando
destacadamente os montantes das emissões de papel-moeda que tenham sido
feitas para atendimento das atividades produtivas.
§ 7º O Banco Nacional da Habitação é o principal instrumento de execução da
política habitacional do Governo Federal e integra o sistema financeiro nacional,
juntamente com as sociedades de crédito imobiliário, sob orientação, autorização,
coordenação e fiscalização do Conselho Monetário Nacional e do Banco Central da
República do Brasil, quanto à execução, nos termos desta lei, revogadas as
disposições especiais em contrário. (Vide Lei nº 9.069, de 29.6.1995)
Art. 5º As deliberações do Conselho Monetário Nacional entendem-se de
responsabilidade de seu Presidente para os efeitos do art. 104, nº I, letra "b", da
Constituição Federal e obrigarão também os órgãos oficiais, inclusive autarquias e
sociedades de economia mista, nas atividades que afetem o mercado financeiro e o
de capitais.
Art. 6º O Conselho Monetário Nacional será integrado pelos seguintes
membros: (Redação dada pela Lei nº 5.362, de 30.11.1967) (Vide Lei nº 9.069,
de 29.6.1995)
I - Ministro da Fazenda que será o Presidente; (Redação dada pela Lei nº
5.362, de 30.11.1967)
II - Presidente do Banco do Brasil S. A.; (Redação dada pela Lei nº 5.362, de
30.11.1967)
III - Presidente do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico; (Redação
dada pela Lei nº 5.362, de 30.11.1967)
IV - Sete (7) membros nomeados pelo Presidente da República, após
aprovação do Senado Federal, escolhidos entre brasileiros de ilibada reputação e
notória capacidade em assuntos econômico-financeiros, com mandato de sete (7)
anos, podendo ser reconduzidos. (Redação dada pela Lei nº 5.362, de 30.11.1967)
§ 1º O Conselho Monetário Nacional deliberará por maioria de votos, com a
presença, no mínimo, de 6 (seis) membros, cabendo ao Presidente também o voto
de qualidade.
§ 2º Poderão participar das reuniões do Conselho Monetário Nacional
(VETADO) o Ministro da Indústria e do Comércio e o Ministro para Assuntos de
Planejamento e Economia, cujos pronunciamentos constarão obrigatòriamente da
ata das reuniões.
§ 3º Em suas faltas ou impedimentos, o Ministro da Fazenda será substituído,
na Presidência do Conselho Monetário Nacional, pelo Ministro da Indústria e do
Comércio, ou, na falta dêste, pelo Ministro para Assuntos de Planejamento e
Economia.
§ 4º Exclusivamente motivos relevantes, expostos em representação
fundamentada do Conselho Monetário Nacional, poderão determinar a exoneração
de seus membros referidos no inciso IV, dêste artigo.
§ 5º Vagando-se cargo com mandato o substituto será nomeado com
observância do disposto no inciso IV dêste artigo, para completar o tempo do
substituído.
§ 6º Os membros do Conselho Monetário Nacional, a que se refere o inciso IV
dêste artigo, devem ser escolhidos levando-se em atenção, o quanto possível, as
diferentes regiões geo-ecônomicas do País.
Art. 7º Junto ao Conselho Monetário Nacional funcionarão as seguintes
Comissões Consultivas: (Vide Lei nº 9.069, de 29.6.1995)
I - Bancária, constituída de representantes:
1 - do Conselho Nacional de Economia;
2 - do Banco Central da República do Brasil;
3 - do Banco do Brasil S.A.;
4 - do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico;
5 - do Conselho Superior das Caixas Econômicas Federais;
6 - do Banco Nacional de Crédito Cooperativo;
7 - do Banco do Nordeste do Brasil S. A.;
8 - do Banco de Crédito da Amazônia S. A.;
9 - dos Bancos e Caixas Econômicas Estaduais;
10 - dos Bancos Privados;
11 - das Sociedades de Crédito, Financiamento e Investimentos;
12 - das Bolsas de Valores;
13 - do Comércio;
14 - da Indústria;
15 - da Agropecuária;
16 - das Cooperativas que operam em crédito.
II - de Mercado de Capitais, constituída de representantes:
1 - do Ministério da Indústria e do Comércio;
2 - do Conselho Nacional da Economia.
3 - do Banco Central da República do Brasil;
4 - do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico;
5 - dos Bancos Privados;
6 - das Sociedades de Crédito, Financiamento e Investimentos;
7 - das Bolsas de Valores;
8 - das Companhias de Seguros Privados e Capitalização;
9 - da Caixa de Amortização;
III - de Crédito Rural, constituída de representantes:
1 - do Ministério da Agricultura;
2 - da Superintendência da Reforma Agrária;
3 - da Superintendência Nacional de Abastecimento;
4 - do Banco Central da República do Brasil;
5 - da Carteira de Crédito Agrícola e Industrial do Banco do Brasil S. A.;
6 - da Carteira de Colonização de Banco do Brasil S.A.;
7 - do Banco Nacional de Crédito Cooperativo;
8 - do Banco do Nordeste do Brasil S.A.;
9 - do Banco de Crédito da Amazônia S.A.;
10 - do Instituto Brasileiro do Café;
11 - do Instituto do Açúcar e do Álcool;
12 - dos Banco privados;
13 - da Confederação Rural Brasileira;
14 - das Instituições Financeiras Públicas Estaduais ou Municipais, que operem
em crédito rural;
15 - das Cooperativas de Crédito Agrícola.
IV - (Vetado)
1 - (Vetado)
2 - (Vetado)
3 - (Vetado)
4 - (Vetado)
5 - (Vetado)
6 - (Vetado)
7 - (Vetado)
8 - (Vetado)
9 - (Vetado)
10 - (Vetado)
11 - (Vetado)
12 - (Vetado)
13 - (Vetado)
14 - (Vetado)
15 - (Vetado)
V - de Crédito Industrial, constituída de representantes:
1 - do Ministério da Indústria e do Comércio;
2 - do Ministério Extraordinário para os Assuntos de Planejamento e Economia;
3 - do Banco Central da República do Brasil;
4 - do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico;
5 - da Carteira de Crédito Agrícola e Industrial do Banco do Brasil S.A.;
6 - dos Banco privados;
7 - das Sociedades de Crédito, Financiamento e Investimentos;
8 - da Indústria.
§ 1º A organização e o funcionamento das Comissões Consultivas serão
regulados pelo Conselho Monetário Nacional, inclusive prescrevendo normas que:
a) lhes concedam iniciativa própria junto ao MESMO CONSELHO;
b) estabeleçam prazos para o obrigatório preenchimento dos cargos nas
referidas Comissões;
c) tornem obrigatória a audiência das Comissões Consultivas, pelo Conselho
Monetário Nacional, no trato das matérias atinentes às finalidades específicas das
referidas Comissões, ressalvado os casos em que se impuser sigilo.
§ 2º Os representantes a que se refere este artigo serão indicados pelas
entidades nele referidas e designados pelo Conselho Monetário Nacional.
§ 3º O Conselho Monetário Nacional, pelo voto de 2/3 (dois terços) de seus
membros, poderá ampliar a competência das Comissões Consultivas, bem como
admitir a participação de representantes de entidades não mencionadas neste
artigo, desde que tenham funções diretamente relacionadas com suas atribuições.
CAPÍTULO III - Do Banco Central da República do Brasil
Art. 8º A atual Superintendência da Moeda e do Crédito é transformada em
autarquia federal, tendo sede e foro na Capital da República, sob a denominação de
Banco Central da República do Brasil, com personalidade jurídica e patrimônio
próprios este constituído dos bens, direitos e valores que lhe são transferidos na
forma desta Lei e ainda da apropriação dos juros e rendas resultantes, na data da
vigência desta lei, do disposto no art. 9º do Decreto-Lei número 8495, de
28/12/1945, dispositivo que ora é expressamente revogado.
Parágrafo único. Os resultados obtidos pelo Banco Central do Brasil,
consideradas as receitas e despesas de todas as suas operações, serão, a partir de
1º de janeiro de 1988, apurados pelo regime de competência e transferidos para o
Tesouro Nacional, após compensados eventuais prejuízos de exercícios anteriores.
(Redação dada pelo Del nº 2.376, de 25/11/87)
Art. 9º Compete ao Banco Central da República do Brasil cumprir e fazer
cumprir as disposições que lhe são atribuídas pela legislação em vigor e as normas
expedidas pelo Conselho Monetário Nacional.
Art. 10. Compete privativamente ao Banco Central da República do Brasil:
I - Emitir moeda-papel e moeda metálica, nas condições e limites autorizados
pelo Conselho Monetário Nacional (Vetado)).
II - Executar os serviços do meio-circulante;
III - determinar o recolhimento de até cem por cento do total dos depósitos à
vista e de até sessenta por cento de outros títulos contábeis das instituições
financeiras, seja na forma de subscrição de Letras ou Obrigações do Tesouro
Nacional ou compra de títulos da Dívida Pública Federal, seja através de
recolhimento em espécie, em ambos os casos entregues ao Banco Central do Brasil,
a forma e condições por ele determinadas, podendo: (Incluído pela Lei nº 7.730, de
31.1.1989)
a) adotar percentagens diferentes em função:
1. das regiões geoeconômicas;
2. das prioridades que atribuir às aplicações;
3. da natureza das instituições financeiras;
b) determinar percentuais que não serão recolhidos, desde que tenham sido
reaplicados em financiamentos à agricultura, sob juros favorecidos e outras
condições por ele fixadas.
IV - Receber os recolhimentos compulsórios de que trata o inciso anterior e,
ainda, os depósitos voluntários à vista das instituições financeiras, nos termos do
inciso III e § 2º do art. 19. (Renumerado com redação dada pela Lei nº 7.730, de
31/01/89)
V - Realizar operações de redesconto e empréstimos a instituições financeiras
bancárias e as referidas no Art. 4º, inciso XIV, letra " b ", e no § 4º do Art. 49 desta
lei; (Renumerado pela Lei nº 7.730, de 31/01/89)
VI - Exercer o controle do crédito sob todas as suas formas; (Renumerado pela
Lei nº 7.730, de 31/01/89)
VII - Efetuar o controle dos capitais estrangeiros, nos termos da
lei;(Renumerado pela Lei nº 7.730, de 31/01/89)
VIII - Ser depositário das reservas oficiais de ouro e moeda estrangeira e de
Direitos Especiais de Saque e fazer com estas últimas todas e quaisquer operações
previstas no Convênio Constitutivo do Fundo Monetário Internacional; (Redação
dada pelo Del nº 581, de 14/05/69) (Renumerado pela Lei nº 7.730, de 31/01/89)
IX - Exercer a fiscalização das instituições financeiras e aplicar as penalidades
previstas; (Renumerado pela Lei nº 7.730, de 31/01/89)
X - Conceder autorização às instituições financeiras, a fim de que possam:
(Renumerado pela Lei nº 7.730, de 31/01/89)
a) funcionar no País;
b) instalar ou transferir suas sedes, ou dependências, inclusive no exterior;
c) ser transformadas, fundidas, incorporadas ou encampadas;
d) praticar operações de câmbio, crédito real e venda habitual de títulos da
dívida pública federal, estadual ou municipal, ações Debêntures, letras hipotecárias
e outros títulos de crédito ou mobiliários;
e) ter prorrogados os prazos concedidos para funcionamento;
f) alterar seus estatutos.
g) alienar ou, por qualquer outra forma, transferir o seu controle acionário.
(Incluído pelo Del nº 2.321, de 25/02/87)
XI - Estabelecer condições para a posse e para o exercício de quaisquer
cargos de administração de instituições financeiras privadas, assim como para o
exercício de quaisquer funções em órgãos consultivos, fiscais e semelhantes,
segundo normas que forem expedidas pelo Conselho Monetário Nacional;
(Renumerado pela Lei nº 7.730, de 31/01/89)
XII - Efetuar, como instrumento de política monetária, operações de compra e
venda de títulos públicos federais; (Renumerado pela Lei nº 7.730, de 31/01/89)
XIII - Determinar que as matrizes das instituições financeiras registrem os
cadastros das firmas que operam com suas agências há mais de um
ano.(Renumerado pela Lei nº 7.730, de 31/01/89)
§ 1º No exercício das atribuições a que se refere o inciso IX deste artigo, com
base nas normas estabelecidas pelo Conselho Monetário Nacional, o Banco Central
da República do Brasil, estudará os pedidos que lhe sejam formulados e resolverá
conceder ou recusar a autorização pleiteada, podendo (Vetado) incluir as cláusulas
que reputar convenientes ao interesse público.
§ 2º Observado o disposto no parágrafo anterior, as instituições financeiras
estrangeiras dependem de autorização do Poder Executivo, mediante decreto, para
que possam funcionar no País (Vetado)
Art. 11. Compete ainda ao Banco Central da República do Brasil;
I - Entender-se, em nome do Governo Brasileiro, com as instituições financeiras
estrangeiras e internacionais;
II - Promover, como agente do Governo Federal, a colocação de empréstimos
internos ou externos, podendo, também, encarregar-se dos respectivos serviços;
III - Atuar no sentido do funcionamento regular do mercado cambial, da
estabilidade relativa das taxas de câmbio e do equilíbrio no balanço de pagamentos,
podendo para esse fim comprar e vender ouro e moeda estrangeira, bem como
realizar operações de crédito no exterior, inclusive as referentes aos Direitos
Especiais de Saque, e separar os mercados de câmbio financeiro e comercial;
(Redação dada pelo Del nº 581, de 14/05/69)
IV - Efetuar compra e venda de títulos de sociedades de economia mista e
empresas do Estado;
V - Emitir títulos de responsabilidade própria, de acordo com as condições
estabelecidas pelo Conselho Monetário Nacional;
VI - Regular a execução dos serviços de compensação de cheques e outros
papéis;
VII - Exercer permanente vigilância nos mercados financeiros e de capitais
sobre empresas que, direta ou indiretamente, interfiram nesses mercados e em
relação às modalidades ou processos operacionais que utilizem;
VIII - Prover, sob controle do Conselho Monetário Nacional, os serviços de sua
Secretaria.
§ 1º No exercício das atribuições a que se refere o inciso VIII do artigo 10 desta
lei, o Banco Central do Brasil poderá examinar os livros e documentos das pessoas
naturais ou jurídicas que detenham o controle acionário de instituição financeira,
ficando essas pessoas sujeitas ao disposto no artigo 44, § 8º, desta lei. (Incluído
pelo Del nº 2.321, de 25/02/87)
§ 2º O Banco Central da República do Brasil instalará delegacias, com
autorização do Conselho Monetário Nacional, nas diferentes regiões geo-
econômicas do País, tendo em vista a descentralização administrativa para
distribuição e recolhimento da moeda e o cumprimento das decisões adotadas pelo
mesmo Conselho ou prescritas em lei. (Renumerado pelo Del nº 2.321, de 25/02/87)
Art. 12. O Banco Central da República do Brasil operará exclusivamente com
instituições financeiras públicas e privadas, vedadas operações bancárias de
qualquer natureza com outras pessoas de direito público ou privado, salvo as
expressamente autorizadas por lei.
Art. 13. Os encargos e serviços de competência do Banco Central, quando por
ele não executados diretamente, serão contratados de preferência com o Banco do
Brasil S. A., exceto nos casos especialmente autorizados pelo Conselho Monetário
Nacional. (Redação dada pelo Del nº 278, de 28/02/67)
Art. 14. O Banco Central do Brasil será administrado por uma Diretoria de cinco
(5) membros, um dos quais será o Presidente, escolhidos pelo Conselho Monetário
Nacional dentre seus membros mencionados no inciso IV do art. 6º desta Lei.
(Redação dada pela Lei nº 5.362, de 30.11.1967) (Vide Decreto nº 91.961, de
19.11.1985)
§ 1º O Presidente do Banco Central da República do Brasil será substituído
pelo Diretor que o Conselho Monetário Nacional designar.
§ 2º O término do mandato, a renúncia ou a perda da qualidade Membro do
Conselho Monetário Nacional determinam, igualmente, a perda da função de Diretor
do Banco Central da República do Brasil.
Art. 15. O regimento interno do Banco Central da República do Brasil, a que se
refere o inciso XXVII, do art. 4º, desta lei, prescreverá as atribuições do Presidente e
dos Diretores e especificará os casos que dependerão de deliberação da Diretoria, a
qual será tomada por maioria de votos, presentes no mínimo o Presidente ou seu
substituto eventual e dois outros Diretores, cabendo ao Presidente também o voto
de qualidade.
Parágrafo único. A Diretoria se reunirá, ordinariamente, uma vez por semana,
e, extraordinariamente, sempre que necessário, por convocação do Presidente ou a
requerimento de, pelo menos, dois de seus membros.
Art. 16. Constituem receita do Banco Central do Brasil as rendas: (Redação
dada pelo Del nº 2.376, de 25/11/87)
I - de operações financeiras e de outras aplicações de seus recursos; (Redação
dada pelo Del nº 2.376, de 25/11/87)
II - das operações de câmbio, de compra e venda de ouro e de quaisquer
outras operações em moeda estrangeira; (Redação dada pelo Del nº 2.376, de
25/11/87)
III - eventuais, inclusive as derivadas de multas e de juros de mora aplicados
por força do disposto na legislação em vigor. (Redação dada pelo Del nº 2.376, de
25/11/87)
§ 1º Do resultado das operações de cambio de que trata o inciso II deste artigo
ocorrido a partir da data de entrada em vigor desta lei, 75% (setenta e cinco por
cento) da parte referente ao lucro realizado, na compra e venda de moeda
estrangeira destinar-se-á à formação de reserva monetária do Banco Central do
Brasil, que registrará esses recursos em conta específica, na forma que for
estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional. (Vide Lei nº 5.143, de 1966)
(Renumerado pelo Del nº 2.076, de 20/12/83)
§ 2º A critério do Conselho Monetário Nacional, poderão também ser
destinados à reserva monetária de que trata o § 1º os recursos provenientes de
rendimentos gerados por: (Parágrafo incluído pelo Del nº 2.076, de 20/12/83)
a) suprimentos específicos do Banco Central do Brasil ao Banco do Brasil S.A.
concedidos nos termos do § 1º do artigo 19 desta lei;
b) suprimentos especiais do Banco Central do Brasil aos Fundos e Programas
que administra.
§ 3º O Conselho Monetário Nacional estabelecerá, observado o disposto no §
1º do artigo 19 desta lei, a cada exercício, as bases da remuneração das operações
referidas no § 2º e as condições para incorporação desses rendimentos à referida
reserva monetária. (Parágrafo incluído pelo Del nº 2.076, de 20/12/83)
CAPÍTULO IV - DAS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS
SEÇÃO I - Da caracterização e subordinação
Art. 17. Consideram-se instituições financeiras, para os efeitos da legislação
em vigor, as pessoas jurídicas públicas ou privadas, que tenham como atividade
principal ou acessória a coleta, intermediação ou aplicação de recursos financeiros
próprios ou de terceiros, em moeda nacional ou estrangeira, e a custódia de valor de
propriedade de terceiros.
Parágrafo único. Para os efeitos desta lei e da legislação em vigor, equiparam-
se às instituições financeiras as pessoas físicas que exerçam qualquer das
atividades referidas neste artigo, de forma permanente ou eventual.
Art. 18. As instituições financeiras somente poderão funcionar no País
mediante prévia autorização do Banco Central da República do Brasil ou decreto
do Poder Executivo, quando forem estrangeiras.
§ 1º Além dos estabelecimentos bancários oficiais ou privados, das sociedades
de crédito, financiamento e investimentos, das caixas econômicas e das
cooperativas de crédito ou a seção de crédito das cooperativas que a tenham,
também se subordinam às disposições e disciplina desta lei no que for aplicável, as
bolsas de valores, companhias de seguros e de capitalização, as sociedades que
efetuam distribuição de prêmios em imóveis, mercadorias ou dinheiro, mediante
sorteio de títulos de sua emissão ou por qualquer forma, e as pessoas físicas ou
jurídicas que exerçam, por conta própria ou de terceiros, atividade relacionada com
a compra e venda de ações e outros quaisquer títulos, realizando nos mercados
financeiros e de capitais operações ou serviços de natureza dos executados pelas
instituições financeiras.
§ 2º O Banco Central da Republica do Brasil, no exercício da fiscalização que
lhe compete, regulará as condições de concorrência entre instituições financeiras,
coibindo-lhes os abusos com a aplicação da pena (Vetado) nos termos desta lei.
§ 3º Dependerão de prévia autorização do Banco Central da República do
Brasil as campanhas destinadas à coleta de recursos do público, praticadas por
pessoas físicas ou jurídicas abrangidas neste artigo, salvo para subscrição pública
de ações, nos termos da lei das sociedades por ações.
SEÇÃO II - DO BANCO DO BRASIL S. A.
Art. 19. Ao Banco do Brasil S. A. competirá precipuamente, sob a supervisão
do Conselho Monetário Nacional e como instrumento de execução da política
creditícia e financeira do Governo Federal:
I - na qualidade de Agente, Financeiro do Tesouro Nacional, sem prejuízo de
outras funções que lhe venham a ser atribuídas e ressalvado o disposto no art. 8º,
da Lei nº 1628, de 20 de junho de 1952:
a) receber, a crédito do Tesouro Nacional, as importâncias provenientes da
arrecadação de tributos ou rendas federais e ainda o produto das operações de que
trata o art. 49, desta lei;
b) realizar os pagamentos e suprimentos necessários à execução do
Orçamento Geral da União e leis complementares, de acordo com as autorizações
que lhe forem transmitidas pelo Ministério da Fazenda, as quais não poderão
exceder o montante global dos recursos a que se refere a letra anterior, vedada a
concessão, pelo Banco, de créditos de qualquer natureza ao Tesouro Nacional;
c) conceder aval, fiança e outras garantias, consoante expressa autorização
legal;
d) adquirir e financiar estoques de produção exportável;
e) executar a política de preços mínimos dos produtos agropastoris;
f) ser agente pagador e recebedor fora do País;
g) executar o serviço da dívida pública consolidada;
II - como principal executor dos serviços bancários de interesse do Governo
Federal, inclusive suas autarquias, receber em depósito, com exclusividade, as
disponibilidades de quaisquer entidades federais, compreendendo as repartições de
todos os ministérios civis e militares, instituições de previdência e outras autarquias,
comissões, departamentos, entidades em regime especial de administração e
quaisquer pessoas físicas ou jurídicas responsáveis por adiantamentos, ressalvados
o disposto no § 5º deste artigo, as exceções previstas em lei ou casos especiais,
expressamente autorizados pelo Conselho Monetário Nacional, por proposta do
Banco Central da República do Brasil;
III - arrecadar os depósitos voluntários, à vista, das instituições de que trata o
inciso III, do art. 10, desta lei, escriturando as respectivas contas; (Redação dada
pelo Decreto-lei nº 2.284, de 1986)
IV - executar os serviços de compensação de cheques e outros papéis;
V - receber, com exclusividade, os depósitos de que tratam os artigos 38, item
3º, do Decreto-lei nº 2.627, de 26 de setembro de 1940, e 1º do Decreto-lei nº 5.956,
de 01/11/43, ressalvado o disposto no art. 27, desta lei;
VI - realizar, por conta própria, operações de compra e venda de moeda
estrangeira e, por conta do Banco Central da República do Brasil, nas condições
estabelecidas pelo Conselho Monetário Nacional;
VII - realizar recebimentos ou pagamentos e outros serviços de interesse do
Banco Central da República do Brasil, mediante contratação na forma do art. 13,
desta lei;
VIII - dar execução à política de comércio exterior (Vetado).
IX - financiar a aquisição e instalação da pequena e média propriedade rural,
nos termos da legislação que regular a matéria;
X - financiar as atividades industriais e rurais, estas com o favorecimento
referido no art. 4º, inciso IX, e art. 53, desta lei;
XI - difundir e orientar o crédito, inclusive às atividades comerciais
suplementando a ação da rede bancária;
a) no financiamento das atividades econômicas, atendendo às necessidades
creditícias das diferentes regiões do País;
b) no financiamento das exportações e importações. (Vide Lei nº 8.490 de
19.11.1992)
§ 1º - O Conselho Monetário Nacional assegurará recursos específicos que
possibilitem ao Banco do Brasil S. A., sob adequada remuneração, o atendimento
dos encargos previstos nesta lei.
§ 2º - Do montante global dos depósitos arrecadados, na forma do inciso III
deste artigo o Banco do Brasil S. A. Colocará à disposição do Banco Central da
República do Brasil, observadas as normas que forem estabelecidas pelo Conselho
Monetário Nacional, a parcela que exceder as necessidades normais de
movimentação das contas respectivas, em função dos serviços aludidos no inciso IV
deste artigo.
§ 3º - Os encargos referidos no inciso I, deste artigo, serão objeto de
contratação entre o Banco do Brasil S. A. e a União Federal, esta representada pelo
Ministro da Fazenda.
§ 4º - O Banco do Brasil S. A. prestará ao Banco Central da República do Brasil
todas as informações por este julgadas necessárias para a exata execução desta lei.
§ 5º - Os depósitos de que trata o inciso II deste artigo, também poderão ser
feitos nas Caixas econômicas Federais, nos limites e condições fixadas pelo
Conselho Monetário Nacional.
Art. 20. O Banco do Brasil S. A. e o Banco Central da República do Brasil
elaborarão, em conjunto, o programa global de aplicações e recursos do primeiro,
para fins de inclusão nos orçamentos monetários de que trata o inciso III, do artigo
4º desta lei.
Art. 21. O Presidente e os Diretores do Banco do Brasil S. A. deverão ser
pessoas de reputação ilibada e notória capacidade.
§ 1º A nomeação do Presidente do Banco do Brasil S. A. será feita pelo
Presidente da República, após aprovação do Senado Federal.
§ 2º As substituições eventuais do Presidente do Banco do Brasil S. A. não
poderão exceder o prazo de 30 (trinta) dias consecutivos, sem que o Presidente da
República submeta ao Senado Federal o nome do substituto.
§ 3º (Vetado)
§ 4º (Vetado)
SEÇÃO III - DAS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS PÚBLICAS
Art. 22. As instituições financeiras públicas são órgãos auxiliares da execução
da política de crédito do Governo Federal.
§ 1º O Conselho Monetário Nacional regulará as atividades, capacidade e
modalidade operacionais das instituições financeiras públicas federais, que deverão
submeter à aprovação daquele órgão, com a prioridade por ele prescrita, seus
programas de recursos e aplicações, de forma que se ajustem à política de crédito
do Governo Federal.
§ 2º A escolha dos Diretores ou Administradores das instituições financeiras
públicas federais e a nomeação dos respectivos Presidentes e designação dos
substitutos observarão o disposto no art. 21, parágrafos 1º e 2º, desta lei.
§ 3º A atuação das instituições financeiras públicas será coordenada nos
termos do art. 4º desta lei.
Art. 23. O Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico é o principal
instrumento de execução de política de investimentos do Governo Federal, nos
termos das Leis números 1628, de 20/06/1952 e 2973, de 26/11/1956.
Art. 24. As instituições financeiras públicas não federais ficam sujeitas às
disposições relativas às instituições financeiras privadas, assegurada a forma de
constituição das existentes na data da publicação desta lei.
Parágrafo único. As Caixas Econômicas Estaduais equiparam-se, no que
couber, às Caixas Econômicas Federais, para os efeitos da legislação em vigor,
estando isentas do recolhimento a que se refere o art. 4º, inciso XIV, e à taxa de
fiscalização, mencionada no art. 16, desta lei.
SEÇÃO IV - DAS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS PRIVADAS
Art. 25. As instituições financeiras privadas, exceto as cooperativas de crédito,
constituir-se-ão unicamente sob a forma de sociedade anônima, devendo a
totalidade de seu capital com direito a voto ser representada por ações nominativas.
(Redação dada pela Lei nº 5.710, de 07/10/71)
§ 1º Observadas as normas fixadas pelo Conselho Monetário Nacional as
instituições a que se refere este artigo poderão emitir até o limite de 50% de seu
capital social em ações preferenciais, nas formas nominativas, e ao portador, sem
direito a voto, às quais não se aplicará o disposto no parágrafo único do art. 81 do
Decreto-lei nº 2.627, de 26 de setembro de 1940. (Incluído pela Lei nº 5.710, de
07/10/71)
§ 2º A emissão de ações preferenciais ao portador, que poderá ser feita em
virtude de aumento de capital, conversão de ações ordinárias ou de ações
preferenciais nominativas, ficará sujeita a alterações prévias dos estatutos das
sociedades, a fim de que sejam neles incluídas as declarações sobre: (Incluído pela
Lei nº 5.710, de 07/10/71)
I - as vantagens, preferenciais e restrições atribuídas a cada classe de ações
preferenciais, de acordo com o Decreto-lei nº 2.627, de 26 de setembro de 1940;
(Incluído pela Lei nº 5.710, de 07/10/71)
II - as formas e prazos em que poderá ser autorizada a conversão das ações,
vedada a conversão das ações preferenciais em outro tipo de ações com direito a
voto. (Incluído pela Lei nº 5.710, de 07/10/71)
§ 3º Os títulos e cautelas representativas das ações preferenciais, emitidos nos
termos dos parágrafos anteriores, deverão conter expressamente as restrições ali
especificadas. (Incluído pela Lei nº 5.710, de 07/10/71)
Art. 26. O capital inicial das instituições financeiras públicas e privadas será
sempre realizado em moeda corrente.
Art. 27. Na subscrição do capital inicial e na de seus aumentos em moeda
corrente, será exigida no ato a realização de, pelo menos 50% (cinqüenta por cento)
do montante subscrito.
§ 1º As quantias recebidas dos subscritores de ações serão recolhidas no
prazo de 5 (cinco) dias, contados do recebimento, ao Banco Central da República do
Brasil, permanecendo indisponíveis até a solução do respectivo processo.
§ 2º O remanescente do capital subscrito, inicial ou aumentado, em moeda
corrente, deverá ser integralizado dentro de um ano da data da solução do
respectivo processo.
Art. 28. Os aumentos de capital que não forem realizados em moeda corrente,
poderão decorrer da incorporação de reservas, segundo normas expedidas pelo
Conselho Monetário Nacional, e da reavaliação da parcela dos bens do ativo
imobilizado, representado por imóveis de uso e instalações, aplicados no caso,
como limite máximo, os índices fixados pelo Conselho Nacional de Economia.
Art. 29. As instituições financeiras privadas deverão aplicar, de preferência, não
menos de 50% (cinqüenta por cento) dos depósitos do público que recolherem, na
respectiva Unidade Federada ou Território.
§ 1º O Conselho Monetário Nacional poderá, em casos especiais, admitir que o
percentual referido neste artigo seja aplicado em cada Estado e Território
isoladamente ou por grupos de Estados e Territórios componentes da mesma região
geoeconômica.
Art. 30. As instituições financeiras de direito privado, exceto as de investimento,
só poderão participar de capital de quaisquer sociedades com prévia autorização do
Banco Central da República do Brasil, solicitada justificadamente e concedida
expressamente, ressalvados os casos de garantia de subscrição, nas condições que
forem estabelecidas, em caráter geral, pelo Conselho Monetário Nacional.
Parágrafo único (Vetado)
Art. 31. As instituições financeiras levantarão balanços gerais a 30 de junho e
31 de dezembro de cada ano, obrigatoriamente, com observância das regras
contábeis estabelecidas pelo Conselho Monetário Nacional.
Art. 32. As instituições financeiras públicas deverão comunicar ao Banco
Central da República do Brasil a nomeação ou a eleição de diretores e membros de
órgãos consultivos, fiscais e semelhantes, no prazo de 15 dias da data de sua
ocorrência.
Art. 33. As instituições financeiras privadas deverão comunicar ao Banco
Central da República do Brasil os atos relativos à eleição de diretores e membros de
órgão consultivos, fiscais e semelhantes, no prazo de 15 dias de sua ocorrência, de
acordo com o estabelecido no art. 10, inciso X, desta lei.
§ 1º O Banco Central da República do Brasil, no prazo máximo de 60
(sessenta) dias, decidirá aceitar ou recusar o nome do eleito, que não atender às
condições a que se refere o artigo 10, inciso X, desta lei.
§ 2º A posse do eleito dependerá da aceitação a que se refere o parágrafo
anterior.
§ 3º Oferecida integralmente a documentação prevista nas normas referidas no
art. 10, inciso X, desta lei, e decorrido, sem manifestação do Banco Central da
República do Brasil, o prazo mencionado no § 1º deste artigo, entender-se-á não ter
havido recusa a posse.
Art. 34. É vedado às instituições financeiras conceder empréstimos ou
adiantamentos:
I - A seus diretores e membros dos conselhos consultivos ou administrativo,
fiscais e semelhantes, bem como aos respectivos cônjuges;
II - Aos parentes, até o 2º grau, das pessoas a que se refere o inciso anterior;
III - As pessoas físicas ou jurídicas que participem de seu capital, com mais de
10% (dez por cento), salvo autorização específica do Banco Central da República do
Brasil, em cada caso, quando se tratar de operações lastreadas por efeitos
comerciais resultantes de transações de compra e venda ou penhor de mercadorias,
em limites que forem fixados pelo Conselho Monetário Nacional, em caráter geral;
IV - As pessoas jurídicas de cujo capital participem, com mais de 10% (dez por
cento);
V - Às pessoas jurídicas de cujo capital participem com mais de 10% (dez por
cento), quaisquer dos diretores ou administradores da própria instituição financeira,
bem como seus cônjuges e respectivos parentes, até o 2º grau.
§ 1º A infração ao disposto no inciso I, deste artigo, constitui crime e sujeitará
os responsáveis pela transgressão à pena de reclusão de um a quatro anos,
aplicando-se, no que couber, o Código Penal e o Código de Processo Penal. (Vide
Lei 7.492, de 16.7.1986)
§ 2º O disposto no inciso IV deste artigo não se aplica às instituições
financeiras públicas.
Art. 35. É vedado ainda às instituições financeiras:
I - Emitir debêntures e partes beneficiárias;
II - Adquirir bens imóveis não destinados ao próprio uso, salvo os recebidos em
liquidação de empréstimos de difícil ou duvidosa solução, caso em que deverão
vendê-los dentro do prazo de um (1) ano, a contar do recebimento, prorrogável até
duas vezes, a critério do Banco Central da República do Brasil.
Parágrafo único. As instituições financeiras que não recebem depósitos do
público poderão emitir debêntures, desde que previamente autorizadas pelo Banco
Central do Brasil, em cada caso. (Redação dada pelo Decreto-lei nº 2.290, de 1986)
Art. 36. As instituições financeiras não poderão manter aplicações em imóveis
de uso próprio, que, somadas ao seu ativo em instalações, excedam o valor de seu
capital realizado e reservas livres.
Art. 37. As instituições financeiras, entidades e pessoas referidas nos artigos
17 e 18 desta lei, bem como os corretores de fundos públicos, ficam, obrigados a
fornecer ao Banco Central da República do Brasil, na forma por ele determinada, os
dados ou informes julgados necessários para o fiel desempenho de suas atribuições.
Art. 39. Aplicam-se às instituições financeiras estrangeiras, em funcionamento
ou que venham a se instalar no País, as disposições da presente lei, sem prejuízo
das que se contém na legislação vigente.
Art. 40. As cooperativas de crédito não poderão conceder empréstimos se não
a seus cooperados com mais de 30 dias de inscrição.
Parágrafo único. Aplica-se às seções de crédito das cooperativas de qualquer
tipo o disposto neste artigo.
Art. 41. Não se consideram como sendo operações de seções de crédito as
vendas a prazo realizadas pelas cooperativas agropastoris a seus associados de
bens e produtos destinados às suas atividades econômicas.
CAPÍTULO V - DAS PENALIDADES
Art. 42. O art. 2º, da Lei nº 1808, de 07 de janeiro de 1953, terá a seguinte
redação:
"Art. 2º Os diretores e gerentes das instituições financeiras respondem
solidariamente pelas obrigações assumidas pelas mesmas durante sua gestão, até
que elas se cumpram.
Parágrafo único. Havendo prejuízos, a responsabilidade solidária se
circunscreverá ao respectivo montante." (Vide Lei nº 6.024, de 1974)
Art. 43. O responsável ela instituição financeira que autorizar a concessão de
empréstimo ou adiantamento vedado nesta lei, se o fato não constituir crime, ficará
sujeito, sem prejuízo das sanções administrativas ou civis cabíveis, à multa igual ao
dobro do valor do empréstimo ou adiantamento concedido, cujo processamento
obedecerá, no que couber, ao disposto no art. 44, desta lei.
Art. 44. As infrações aos dispositivos desta lei sujeitam as instituições
financeiras, seus diretores, membros de conselhos administrativos, fiscais e
semelhantes, e gerentes, às seguintes penalidades, sem prejuízo de outras
estabelecidas na legislação vigente:
I - Advertência.
II - Multa pecuniária variável.
III - Suspensão do exercício de cargos.
IV - Inabilitação temporária ou permanente para o exercício de cargos de
direção na administração ou gerência em instituições financeiras.
V - Cassação da autorização de funcionamento das instituições financeiras
públicas, exceto as federais, ou privadas.
VI - Detenção, nos termos do § 7º, deste artigo.
VII - Reclusão, nos termos dos artigos 34 e 38, desta lei.
§ 1ºA pena de advertência será aplicada pela inobservância das disposições
constantes da legislação em vigor, ressalvadas as sanções nela previstas, sendo
cabível também nos casos de fornecimento de informações inexatas, de
escrituração mantida em atraso ou processada em desacordo com as normas
expedidas de conformidade com o art. 4º, inciso XII, desta lei.
§ 2º As multas serão aplicadas até 200 (duzentas) vezes o maior salário-
mínimo vigente no País, sempre que as instituições financeiras, por negligência ou
dolo:
a) advertidas por irregularidades que tenham sido praticadas, deixarem de
saná-las no prazo que lhes for assinalado pelo Banco Central da República do
Brasil;
b) infringirem as disposições desta lei relativas ao capital, fundos de reserva,
encaixe, recolhimentos compulsórios, taxa de fiscalização, serviços e operações,
não atendimento ao disposto nos arts. 27 e 33, inclusive as vedadas nos arts. 34
(incisos II a V), 35 a 40 desta lei, e abusos de concorrência (art. 18, § 2º);
c) opuserem embaraço à fiscalização do Banco Central da República do Brasil.
§ 3º As multas cominadas neste artigo serão pagas mediante recolhimento ao
Banco Central da República do Brasil, dentro do prazo de 15 (quinze) dias, contados
do recebimento da respectiva notificação, ressalvado o disposto no § 5º deste artigo
e serão cobradas judicialmente, com o acréscimo da mora de 1% (um por cento) ao
mês, contada da data da aplicação da multa, quando não forem liquidadas naquele
prazo;
§ 4º As penas referidas nos incisos III e IV, deste artigo, serão aplicadas
quando forem verificadas infrações graves na condução dos interesses da instituição
financeira ou quando dá reincidência específica, devidamente caracterizada em
transgressões anteriormente punidas com multa.
§ 5º As penas referidas nos incisos II, III e IV deste artigo serão aplicadas pelo
Banco Central da República do Brasil admitido recurso, com efeito suspensivo, ao
Conselho Monetário Nacional, interposto dentro de 15 dias, contados do
recebimento da notificação.
§ 6º É vedada qualquer participação em multas, as quais serão recolhidas
integralmente ao Banco Central da República do Brasil.
§ 7º Quaisquer pessoas físicas ou jurídicas que atuem como instituição
financeira, sem estar devidamente autorizadas pelo Banco Central da Republica do
Brasil, ficam sujeitas à multa referida neste artigo e detenção de 1 a 2 anos, ficando
a esta sujeitos, quando pessoa jurídica, seus diretores e administradores.
§ 8º No exercício da fiscalização prevista no art. 10, inciso VIII, desta lei, o
Banco Central da República do Brasil poderá exigir das instituições financeiras ou
das pessoas físicas ou jurídicas, inclusive as referidas no parágrafo anterior, a
exibição a funcionários seus, expressamente credenciados, de documentos, papéis
e livros de escrituração, considerando-se a negativa de atendimento como embaraço
á fiscalização sujeito á pena de multa, prevista no § 2º deste artigo, sem prejuízo de
outras medidas e sanções cabíveis.
§ 9º A pena de cassação, referida no inciso V, deste artigo, será aplicada pelo
Conselho Monetário Nacional, por proposta do Banco Central da República do
Brasil, nos casos de reincidência específica de infrações anteriormente punidas com
as penas previstas nos incisos III e IV deste artigo.
Art. 45. As instituições financeiras públicas não federais e as privadas estão
sujeitas, nos termos da legislação vigente, à intervenção efetuada pelo Banco
Central da República do Brasil ou à liquidação extrajudicial.
Parágrafo único. A partir da vigência desta lei, as instituições de que trata este
artigo não poderão impetrar concordata.
CAPÍTULO VI - DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 46. Ficam transferidas as atribuições legais e regulamentares do Ministério
da Fazenda relativamente ao meio circulante inclusive as exercidas pela Caixa de
Amortização para o Conselho Monetário Nacional, e (VETADO) para o Banco
Central da República do Brasil.
Art. 47. Será transferida à responsabilidade do Tesouro Nacional, mediante
encampação, sendo definitivamente incorporado ao meio circulante o montante das
emissões feitas por solicitação da Carteira de Redescontos do Banco do Brasil S.A.
e da Caixa de Mobilização Bancária.
§ 1º O valor correspondente à encampação será destinado à liquidação das
responsabilidades financeiras do Tesouro Nacional no Banco do Brasil S. A.,
inclusive as decorrentes de operações de câmbio concluídas até a data da vigência
desta lei, mediante aprovação especificado Poder Legislativo, ao qual será
submetida a lista completa dos débitos assim amortizados.
§ 2º Para a liquidação do saldo remanescente das responsabilidades do
Tesouro Nacional, após a encampação das emissões atuais por solicitação da
Carteira de Redescontos do Banco do Brasil S.A. e da Caixa de Mobilização
Bancária, o Poder Executivo submeterá ao Poder Legislativo proposta específica,
indicando os recursos e os meios necessários a esse fim.
Art. 48. Concluídos os acertos financeiros previstos no artigo anterior, a
responsabilidade da moeda em circulação passará a ser do Banco Central da
República do Brasil.
Art. 49. As operações de crédito da União, por antecipação de receita
orçamentaria ou a qualquer outro título, dentro dos limites legalmente autorizados,
somente serão realizadas mediante colocação de obrigações, apólices ou letras do
Tesouro Nacional.
§ 1º A lei de orçamento, nos termos do artigo 73, § 1º inciso II, da Constituição
Federal, determinará quando for o caso, a parcela do déficit que poderá ser coberta
pela venda de títulos do Tesouro Nacional diretamente ao Banco Central da
República do Brasil.
§ 2º O Banco Central da República do Brasil mediante autorização do
Conselho Monetário Nacional baseada na lei orçamentaria do exercício, poderá
adquirir diretamente letras do Tesouro Nacional, com emissão de papel-moeda.
§ 3º O Conselho Monetário Nacional decidirá, a seu exclusivo critério, a política
de sustentação em bolsa da cotação dos títulos de emissão do Tesouro Nacional.
§ 4º No caso de despesas urgentes e inadiáveis do Governo Federal, a serem
atendidas mediante créditos suplementares ou especiais, autorizados após a lei do
orçamento, o Congresso Nacional determinará, especificamente, os recursos a
serem utilizados na cobertura de tais despesas, estabelecendo, quando a situação
do Tesouro Nacional for deficitária, a discriminação prevista neste artigo.
§ 5º Na ocorrência das hipóteses citadas no parágrafo único, do artigo 75, da
Constituição Federal, o Presidente da República poderá determinar que o Conselho
Monetário Nacional, através do Banco Central da República do Brasil, faça a
aquisição de letras do Tesouro Nacional com a emissão de papel-moeda até o
montante do crédito extraordinário que tiver sido decretado.
§ 6º O Presidente da República fará acompanhar a determinação ao Conselho
Monetário Nacional, mencionada no parágrafo anterior, de cópia da mensagem que
deverá dirigir ao Congresso Nacional, indicando os motivos que tornaram
indispensável a emissão e solicitando a sua homologação.
§ 7º As letras do Tesouro Nacional, colocadas por antecipação de receita, não
poderão ter vencimentos posteriores a 120 (cento e vinte) dias do encerramento do
exercício respectivo.
§ 8º Até 15 de março do ano seguinte, o Poder Executivo enviará mensagem
ao Poder Legislativo, propondo a forma de liquidação das letras do Tesouro
Nacional emitidas no exercício anterior e não resgatadas.
§ 9º É vedada a aquisição dos títulos mencionados neste artigo pelo Banco do
Brasil S.A. e pelas instituições bancárias de que a União detenha a maioria das
ações.
Art. 50. O Conselho Monetário Nacional, o Banco Central da República do
Brasil, o Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico, o Banco do Brasil S.A., O
Banco do Nordeste do Brasil S.A. e o Banco de Crédito da Amazônia S. A. gozarão
dos favores, isenções e privilégios, inclusive fiscais, que são próprios da Fazenda
Nacional, ressalvado quanto aos três, últimos, o regime especial de tributação do
Imposto de Renda a que estão sujeitos, na forma da legislação em vigor.
Parágrafo único. São mantidos os favores, isenções e privilégios de que
atualmente gozam as instituições financeiras.
Art. 51. Ficam abolidas, após 3 (três) meses da data da vigência desta Lei, as
exigências de "visto" em "pedidos de licença" para efeitos de exportação,
excetuadas as referentes a armas, munições, entorpecentes, materiais estratégicos,
objetos e obras de valor artístico, cultural ou histórico. (Vide Lei nº 5.025, de 1966)
Parágrafo único. Quando o interesse nacional exigir, o Conselho Monetário
Nacional, criará o "visto" ou exigência equivalente.
Art. 52. O quadro de pessoal do Banco Central da República do Brasil será
constituído de: (Vide Lei nº 9.650, de 1998)
I - Pessoal próprio, admitido mediante concurso público de provas ou de títulos
e provas, sujeita á pena de nulidade a admissão que se processar com
inobservância destas exigências;
II - Pessoal requisitado ao Banco do Brasil S. A. e a outras instituições
financeiras federais, de comum acordo com as respectivas administrações;
III - Pessoal requisitado a outras instituições e que venham prestando serviços
à Superintendência da Moeda e do Crédito há mais de 1 (um) ano, contado da data
da publicação desta lei.
§ 1º O Banco Central da República do Brasil baixará dentro de 90 (noventa)
dias da vigência desta lei, o Estatuto de seus funcionários e servidores, no qual
serão garantidos os direitos legalmente atribuídos a seus atuais servidores e
mantidos deveres e obrigações que lhes são inerentes.
§ 2º Aos funcionários e servidores requisitados, na forma deste artigo as
instituições de origem lhes assegurarão os direitos e vantagens que lhes cabem ou
lhes venham a ser atribuídos, como se em efetivo exercício nelas estivessem.
§ 3º Correrão por conta do Banco Central da República do Brasil todas as
despesas decorrentes do cumprimento do disposto no parágrafo anterior, inclusive
as de aposentadoria e pensão que sejam de responsabilidade das instituições de
origem ali mencionadas, estas últimas rateadas proporcionalmente em função dos
prazos de vigência da requisição.
§ 4º Os funcionários do quadro de pessoal próprio permanecerão com seus
direitos e garantias regidos pela legislação de proteção ao trabalho e de previdência
social, incluídos na categoria profissional de bancários.
§ 5º Durante o prazo de 10 (dez) anos, cotados da data da vigência desta lei, é
facultado aos funcionários de que tratam os inciso II e III deste artigo, manifestarem
opção para transferência para o Quadro do pessoal próprio do Banco Central da
República do Brasil, desde que:
a) tenham sido admitidos nas respectivas instituições de origem, consoante
determina o inciso I, deste artigo;
b) estejam em exercício (Vetado) há mais de dois anos;
c) seja a opção aceita pela Diretoria do Banco Central da República do Brasil,
que sobre ela deverá pronunciar-se conclusivamente no prazo máximo de três
meses, contados da entrega do respectivo requerimento.
CAPÍTULO VII - Disposições Transitórias
Art. 54. O Poder Executivo, com base em proposta do Conselho Monetário
Nacional, que deverá ser apresentada dentro de 90 (noventa) dias de sua
instalação, submeterá ao Poder Legislativo projeto de lei que institucionalize o
crédito rural, regule seu campo específico e caracterize as modalidades de
aplicação, indicando as respectivas fontes de recurso.
Parágrafo único. A Comissão Consultiva do Crédito Rural dará assessoramento
ao Conselho Monetário Nacional, na elaboração da proposta que estabelecerá a
coordenação das instituições existentes ou que venham a ser cridas, com o objetivo
de garantir sua melhor utilização e da rede bancária privada na difusão do crédito
rural, inclusive com redução de seu custo.
Art. 55. Ficam transferidas ao Banco Central da República do Brasil as
atribuições cometidas por lei ao Ministério da Agricultura, no que concerne à
autorização de funcionamento e fiscalização de cooperativas de crédito de qualquer
tipo, bem assim da seção de crédito das cooperativas que a tenham.
Art. 56. Ficam extintas a Carteira de Redescontos do Banco do Brasil S. A. e a
Caixa de Mobilização Bancária, incorporando-se seus bens direitos e obrigações ao
Banco Central da República do Brasil.
Parágrafo único. As atribuições e prerrogativas legais da Caixa de Mobilização
Bancária passam a ser exercidas pelo Banco Central da República do Brasil, sem
solução de continuidade.
Art. 57. Passam à competência do Conselho Monetário Nacional as atribuições
de caráter normativo da legislação cambial vigente e as executivas ao Banco Central
da República do Brasil e ao Banco do Brasil S. A., nos termos desta lei.
Parágrafo único. Fica extinta a Fiscalização Bancária do Banco do Brasil S. A.,
passando suas atribuições e prerrogativas legais ao Banco Central da República do
Brasil.
Art. 58. Os prejuízos decorrentes das operações de câmbio concluídas e
eventualmente não regularizadas nos termos desta lei bem como os das operações
de câmbio contratadas e não concluídas até a data de vigência desta lei, pelo Banco
do Brasil S.A., como mandatário do Governo Federal, serão na medida em que se
efetivarem, transferidos ao Banco Central da República do Brasil, sendo neste
registrados como responsabilidade do Tesouro Nacional.
§ 1º Os débitos do Tesouro Nacional perante o Banco Central da República do
Brasil, provenientes das transferências de que trata este artigo serão regularizados
com recursos orçamentários da União.
§ 2º O disposto neste artigo se aplica também aos prejuízos decorrentes de
operações de câmbio que outras instituições financeiras federais, de natureza
bancária, tenham realizado como mandatárias do Governo Federal.
Art. 59. É mantida, no Banco do Brasil S.A., a Carteira de Comércio Exterior,
criada nos termos da Lei nº 2.145, de 29 de dezembro de 1953, e regulamentada
pelo Decreto nº 42.820, de 16 de dezembro de 1957, como órgão executor da
política de comércio exterior, (VETADO)
Art. 60. O valor equivalente aos recursos financeiros que, nos termos desta lei,
passarem a responsabilidade do Banco Central da República do Brasil, e estejam,
na data de sua vigência em poder do Baco do Brasil S. A., será neste escriturado em
conta em nome do primeiro, considerando-se como suprimento de recursos, nos
termos do § 1º, do artigo 19, desta lei.
Art. 61. Para cumprir as disposições desta lei o Banco do Brasil S.A. tomará
providências no sentido de que seja remodelada sua estrutura administrativa, a fim
de que possa eficazmente exercer os encargos e executar os serviços que lhe estão
reservados, como principal instrumento de execução da política de crédito do
Governo Federal.
Art. 62. O Conselho Monetário Nacional determinará providências no sentido
de que a transferência de atribuições dos órgãos existentes para o Banco Central da
República do Brasil se processe sem solução de continuidade dos serviços atingidos
por esta lei.
Art. 63. Os mandatos dos primeiros membros do Conselho Monetário Nacional,
a que alude o inciso IV, do artigo 6º desta lei serão respectivamente de 6 (seis), 5
(cinco), 4 (quatro), 3 (três), 2 (dois) e 1 (um) anos.
Art. 64. O Conselho Monetário Nacional fixará prazo de até 1 (um) ano da
vigência desta lei para a adaptação das instituições financeiras às disposições desta
lei.
§ 1º Em casos excepcionais, o Conselho Monetário Nacional poderá prorrogar
até mais 1 (um) ano o prazo para que seja complementada a adaptação a que se
refere este artigo.
§ 2º Será de um ano, prorrogável, nos termos do parágrafo anterior, o prazo
para cumprimento do estabelecido por força do art. 30 desta lei.
Art. 65. Esta lei entrará em vigor 90 (noventa) dias após data de sua
publicação, revogadas as disposições em contrário.
Brasília, 31 de dezembro de 1964; 143º da Independência e 76º da República.
2) Regimento Interno do Conselho de Ética
Título I – Disposições Gerais
Art. 1° – O Conselho de Ética e Disciplina, órgão da ANFAC subordinado
exclusivamente a sua Assembléia Geral, é composto de cinco Membros efetivos e
cinco suplentes, eleitos pela Assembléia Geral Ordinária com mandato de três anos,
admitida a reeleição, sendo três Membros não associados de reconhecida
competência, e dois representantes do quadro social da ANFAC.
Art. 2° – Compete com exclusividade ao Conselho de Ética e Disciplina apurar e
julgar faltas atribuídas às sociedades de fomento mercantil filiadas a ANFAC, bem
como seus prepostos, na forma do Código de Ética e Disciplina do Fomento
Mercantil – Factoring.
Art. 3° – Compete ainda ao Conselho de Ética e Disciplina manifestar-se ou dar
parecer sobre matéria relativa à interpretação de qualquer dispositivo estatutário ou
de normas legais e princípios éticos, bem como atender as convocações para
arbitragem comercial ou judicial em matéria de fomento mercantil.
Art. 4° – Os laudos arbitrais serão elaborados mediante pré-remuneração do
interessado.
Art. 5° – Das decisões do Conselho de Ética cabe recurso sem efeito suspensivo à
Assembléia Geral, interposto pelo interessado ou seu advogado.
Art. 6° – O prazo de interposição do recurso é de quinze dias, contado da intimação
da decisão.
Título II – Atribuições
Art. 7º – Os integrantes do Conselho de Ética e Disciplina escolherão seu
Presidente e seu Vice-Presidente entre seus Membros não associados.
Art. 8° – Compete ao Presidente:
I. Representar o Conselho de Ética e Disciplina junto à Diretoria, Assembléia Geral
e Conselho Fiscal da ANFAC.
II. Presidir as sessões de julgamento, mantendo a ordem, regulando a discussão
dos recursos entre os Membros, a sustentação oral dos advogados,
encaminhando e apurando as votações e proclamando o resultado delas.
III.Tomar parte no julgamento em que funcionar como relator.
Art. 9° – Compete ao Vice Presidente:
I.Substituir o Presidente nos impedimentos ocasionais;
II.Representar o Conselho de Ética e Disciplina, por delegação do Presidente, em
solenidade a atos públicos;
III.Exercer as funções inerentes à corregedoria permanente.
Título III – Processo e Julgamento
Art. 10 – Cada feito processado no Conselho de Ética e Disciplina terá um relator
designado mediante distribuição, observados os princípios da publicidade e da
alternatividade.
Art. 11 – O Relator será o instrutor do processo, resolvendo as questões incidentes
e determinando as diligências necessárias aos julgamentos dos recursos, bem como
negando seguimento àqueles interpostos fora de prazo.
Art. 12 – Compete-lhe ainda propor preferência do julgamento do recurso, quando
lhe parecer urgente.
Art. 13 – Os processos serão julgados pelo relator e mais dois Membros do
Conselho de Ética e Disciplina.
Art. 14 – Será Membro certo aquele que adiar o julgamento para proferir o voto de
desempate, salvo reconhecido motivo de força maior.
Art. 15 – Os julgamentos ocorrerão em sessões públicas designadas pelo
Presidente do Conselho e serão em dias úteis entre dez e dezessete horas,
intimadas as partes ou seus advogados.
Art. 16 – A sessão realizar-se-á com a presença de, pelo menos, três Membros do
Conselho de Ética e Disciplina.
Art. 17 – À hora designada, o Presidente, verificando haver quorum, declarará
aberta a sessão, mencionando os processos que serão julgados bem como a
composição da Turma Julgadora.
Art. 18 – Se da publicidade puder resultar escândalo, inconveniente grave ou perigo
da perturbação da ordem, o Presidente poderá determinar que o julgamento se
realize a portas fechadas, limitando o número de pessoas que poderão estar
presentes.
Art. 19 – Os expectadores não poderão manifestar-se.
Art. 20 – O julgamento prosseguirá só com a assistência do advogado se o
constituinte se portar inconveniente.
Art. 21 – Somente poderão postular perante o Conselho de Ética e Disciplina os
advogados regularmente inscritos na OAB.
Art. 22 – Iniciado o julgamento, o Relator proporá a conciliação das partes, se
cabivel..
Art. 23 – Se for aceita, a conciliação será homologada pelo Relator, arquivando-se o
recurso.
Art. 24 – Caso contrário, o Relator fará a exposição do processo facultando-se aos
advogados das partes, sucessivamente e sem apartes, sustentar oralmente suas
razões, por dez minutos cada.
Art. 25 – Todos os Membros, ainda que não participem do julgamento, poderão
discutir o recurso depois do voto do relator, e usarão da palavra na ordem em que a
solicitarem.
Art. 26 – Terminado o debate, indagará o Presidente se a discussão pode ser
declarada encerrada; Ou se algum Membro quer vista para os autos para estudo,
adiando-se, nesta hipótese, o julgamento.
Art. 27 – Encerada a discussão, passará o Presidente a tomar os votos, a começar
pelo Relator.
Art. 28 – Proferidos os votos, o Presidente anunciará o resultado do julgamento.
Art. 29 – Sendo na questão principal vencido o Relator, ainda que em parte, a
decisão será redigida pelo primeiro Membro que proferir voto vencedor. Proceder-
se-á de modo idêntico se o Relator for vencido em preliminar que não versa sobre o
mérito.
Art. 30 – Os Membros vencidos, no todo ou em parte, poderão declarar seus votos
se assim o desejarem ou se assim for requerido pelo recorrente ou seu advogado.
Art. 31 – A decisão terá a data da sessão em que se concluir o julgamento e será
autenticado, pela assinatura do Presidente ou do relator.
Art. 32 – As decisões serão precedidas de ementas redigidas pelos relatores.
Art. 33 – As inexatidões materiais existentes na decisão, devidas a lapso manifesto,
a erros de escrita ou de cálculos poderão ser corrigidas por despacho do relator “ex
offício”, ou a requerimento do recorrente ou seu advogado.
Art. 34 – Do que ocorrer na sessão de julgamento será lavrada ata que será lida,
discutida, emendada e votada na sessão imediata, assinando-a o Presidente.
Art. 35 – A ata mencionará:
I.A data (dia, mês e ano) da sessão e hora em que foi aberta e encerrada;
II.Quem presidiu os trabalhos;
III.Os nomes dos Membros que houverem comparecido;
IV.Quais os processos julgados, a natureza de cada um, seu número de ordem, o
nome do relator e membros que participaram do julgamento, bem como das
partes;
V.O resultado da votação, consignando-se os nomes dos Membros vencidos, se
houver, a designação de relator “ad hoc” e o mais que ocorrer.
Art. 36 – Gravações, irradiação, fotografias e filmagens nas sessões de julgamento
só serão permitidas no interesse exclusivo da ANFAC.
3) Estatuto prevê a oferta de serviços a associados
ANFAC - ASSOCIAÇÃO NACIONAL DAS SOCIEDADES DE FOMENTO
MERCANTIL - FACTORING
CNPJ 27.642.602/0001-07
CAPÍTULO I - DA CONSTITUIÇÃO, REGIMES JURÍDICO E PATRIMONIAL
ARTIGO 1° - A ANFAC - ASSOCIAÇÃO NACIONAL DAS SOCIEDADES DE
FOMENTO MERCANTIL - FACTORING é uma sociedade civil, de âmbito nacional,
com personalidade jurídica própria, sem fins lucrativos e de duração indeterminada,
com sede e foro em Brasília - DF, no SRTVS Qd. 701 Bl. O nº 110 sala 285, Asa Sul,
CEP 70340-000, Edifício Novo Centro Empresarial..
Parágrafo Único: Para sua manutenção, a sociedade tem como fonte de recursos
as mensalidades pagas por suas associadas, as taxas de filiações, as receitas de
cursos e seminários por ela patrocinados e de acordos ou convênios de colaboração
técnica ou prestação de serviços, firmados com entidades públicas ou privadas, que
reverterão em benefício para suas associadas.
ARTIGO 2º - Constitui objeto precípuo da ANFAC definir, caracterizar e tipificar o
FOMENTO MERCANTIL - FACTORING, que se deve desenvolver através de
normas e obrigações estabelecidas por seus órgãos competentes, as quais devem
ser acatadas, respeitadas e reconhecidas por todas as suas empresas associadas,
como definidoras da atividade que se auto-regulará pela própria ANFAC no interesse
setorial a que se dedicarão, de modo a preservar e viabilizar a prática do FOMENTO
MERCANTIL - FACTORING sem conflitos nem transgressões da legislação
específica das instituições financeiras e das regras do direito vigente no País. Na
consecução do seu objetivo compete à ANFAC:
a. congregar todas as pessoas jurídicas que se dediquem às atividades de
FOMENTO MERCANTIL - FACTORING, assim entendidas apenas aquelas
definidas em lei;
b. publicar e divulgar o FATOR DE COMPRA dos créditos mercantis e outras
normas indispensáveis à realização dos objetivos institucionais do FOMENTO
MERCANTIL -FACTORING;
c. representar e defender os interesses do FOMENTO MERCANTIL -
FACTORING, atuando, para esse fim, junto aos poderes públicos - federais,
estaduais e municipais - e às entidades do setor privado;
d. estabelecer e fazer cumprir as normas éticas de auto-regulamentação
relacionadas com as atividades do FOMENTO MERCANTIL - FACTORING;
e. organizar e orientar as atividades regionais dentro dos preceitos destes
Estatutos;
f. manter intercâmbio com as associações e outras sociedades congêneres,
nacionais e estrangeiras;
g. estimular o desenvolvimento e aprimoramento tecnológico do FOMENTO
MERCANTIL - FACTORING, buscando difundi-lo no segmento das pequenas
e médias empresas, através de cursos e seminários;
h. representar as associadas judicial e extrajudicialmente, mediante contratação
de profissional devidamente habilitado;
i. mandar editar, por empresa habilitada, revistas e publicações técnicas com
ou sem patrocínio comercial;
j. contratar ou realizar, em comum, serviços de utilidade para as associadas;
k. celebrar acordos e convênios de colaboração técnica ou de prestação de
serviços com entidades públicas ou privadas;
l. funcionar como Corte de Arbitragem em controvérsia entre suas associadas,
fazer perícias, emitir parecer em matéria de sua área de competência e
subsidiar os Poderes do Estado e demais autoridades competentes nos
assuntos pertinentes às operações de FOMENTO MERCANTIL -
FACTORING no País.
ARTIGO 3° - São associadas da ANFAC, após aprovadas pelo Presidente, as
empresas de FOMENTO MERCANTIL - FACTORING legalmente constituídas,
devidamente registradas na Junta Comercial e demais órgãos públicos de registros
obrigatórios que atendam aos requisitos de admissão exigidos pela ANFAC.
ARTIGO 4° - São direitos das associadas:
a. votar e ser votado para qualquer cargo eletivo da ANFAC;
b. fazer-se representar por procurador, nas Assembléias Gerais;
c. usufruir dos serviços, benefícios e conhecimentos da ANFAC, através de suas
circulares e periódicos;
d. participar das Assembléias Gerais;
e. receber orientação jurídica, associativa e societária, relativas à atividade de
FOMENTO MERCANTIL - FACTORING;
f. participar dos eventos promovidos pela ANFAC;
g. interpor recurso contra decisões da Diretoria à Assembléia Geral, no caso de
penalidade aplicada pelo Conselho de Ética, em decorrência de processo
administrativo.
h. receber, pelas vias disponíveis, os balancetes contábeis mensais da ANFAC;
i. acessar o banco de dados da ANFAC para obter orientação técnica e
informações importantes para sua atividade.
ARTIGO 5° - São obrigações das associadas:
a. prestigiar os objetivos da ANFAC, bem como cumprir todas as normas deste
Estatuto, do Código de Ética e Disciplina do FOMENTO MERCANTIL -
FACTORING e as decisões da Assembléia Geral e da Diretoria.
b. contribuir, pontualmente, com uma taxa de filiação, uma cota de manutenção
mensal e uma cota mensal para o Fundo Institucional ANFAC fixadas pela
Diretoria e homologadas pela Assembléia Geral;
c. apresentar ficha cadastral da empresa e dos seus principais sócios;
d. apresentar documento comprovando a entrada de recursos no país, em se
tratando de empresa com participação de capital estrangeiro;
e. zelar pela atividade do FOMENTO MERCANTIL - FACTORING , bem como
por sua associação.
Parágrafo Primeiro: As associadas não respondem pelas obrigações sociais da
ANFAC.
Parágrafo Segundo: A demissão da associada dar-se-á por sua livre decisão,
respondendo, entretanto, quanto às suas obrigações até o momento do pedido. A
exclusão da associada, por decisão do Presidente, dar-se-á nos seguintes casos:
a. descumprimento de suas obrigações estatutárias;
b. falta de pagamento das contribuições previstas neste estatuto;
c. extinção da empresa e/ou da condição e exercício da sua atividade de
FOMENTO MERCANTIL - FACTORING.
d. por recomendação do Conselho de Ética e Disciplina em decorrência do
processo disciplinar, assegurado o amplo direito de defesa.
CAPITULO II - DA ADMINISTRAÇÃO
ARTIGO 6° - A Assembléia Geral é o órgão soberano da ANFAC e é composta por
suas associadas em dia com suas obrigações sociais, permitida a representação por
procurador até o limite máximo de 5 (cinco) representadas.
ARTIGO 7° - Compete privativamente à Assembléia Geral:
a. eleger e destituir o Presidente, o 1º Vice-Presidente, o Vice-Presidente
Executivo, os Vice-Presidentes Corporativos, os Vice-Presidentes Regionais,
os membros do Conselho Fiscal e do Conselho de Ética e Disciplina;
b. aprovar o relatório e as contas de cada exercício, apresentados pelo
Presidente, elaborados pelo Vice-Presidente Executivo e apreciados pela
Diretoria, bem como o parecer do Conselho Fiscal;
c. deliberar sobre planos gerais de atividade social elaborados pela Diretoria,
fixando sua política e forma de execução;
d. apreciar recurso interposto por associadas contra decisão da Diretoria e do
Conselho de Ética e Disciplina do Fomento Mercantil – Factoring;
e. alterar este Estatuto;
f. instituir contribuições associativas extraordinárias;
g. deliberar sobre a dissolução da Associação;
h. referendar o nome proposto pelo Presidente para ocupar cargo eletivo vago
conforme Artigo 27.
ARTIGO 8° - As Assembléias Gerais Ordinárias realizar-se-ão no primeiro trimestre
de cada ano e serão convocadas por via epistolar, com antecedência mínima de
10(dez) dias. Sua ordem do dia incluirá obrigatoriamente a apreciação do relatório e
das contas do exercício anterior acompanhadas dos pareceres do Conselho Fiscal e
da Auditoria Externa bem como a eleição dos membros da Diretoria, do Conselho
Fiscal e do Conselho de Ética e Disciplina, quando for o caso.
ARTIGO 9° - As Assembléias Gerais Extraordinárias serão convocadas pelo
Presidente, sempre que exista matéria de interesse geral, na forma prevista no
artigo anterior, ou quando a urgência tornar imperativo, por via eletrônica ou
epistolar, com antecedência mínima de 48 (quarenta e oito) horas.
Parágrafo Único: Reunir-se-á ainda extraordinariamente a Assembléia Geral, por
solicitação escrita e fundamentada, dirigida ao Presidente da ANFAC, por, pelo
menos, 1/5 (um quinto) das Associadas em dia com suas obrigações associativas. À
Assembléia Geral Extraordinária convocada, na forma deste parágrafo, deverá
comparecer, sob pena de nulidade, a maioria absoluta dos que a promoveram.
ARTIGO 10 - A Assembléia Geral instalar-se-á, em primeira convocação, com, no
mínimo, 1/3 das associadas em dia com suas obrigações associativas; e, em
segunda e última convocação, com qualquer número de associadas em dia com
suas obrigações associativas.
Parágrafo Único: As deliberações da Assembléia Geral serão tomadas por maioria
de votos dos presentes à reunião.
ARTIGO 11 - De cada reunião será lavrada ata em livro próprio que será assinada
pelo Presidente e pelo Secretário da mesa que será escolhido dentre os presentes
no momento da instalação da Assembléia.
ARTIGO 12 - A ANFAC será administrada por uma Diretoria, eleita, na forma
prevista pelos Artigos 8º e 10, dentre os sócios ou diretores eleitos de suas
associadas, composta de 01 (um) Presidente, de 01 (um) 1º Vice-Presidente, de 01
(um) Vice-Presidente Executivo, 10 (dez) Vice-Presidentes Corporativos e de 5
(cinco) Vice-Presidentes Regionais.
Parágrafo Único – É vedada a acumulação de qualquer cargo de Vice-Presidente
Executivo, de Vice-Presidente Corporativo, de Vice-Presidente Regional e de
Conselheiro.
ARTIGO 13 - À Diretoria compete:
a. fixar as diretrizes de atuação da ANFAC;
b. aprovar as prioridades que devem ser observadas na promoção e na
execução das atividades da ANFAC ;
c. deliberar sobre as propostas de empréstimos a serem apresentadas a
entidades de financiamento, que onerem os bens da ANFAC;
d. aprovar o orçamento, o relatório anual e acompanhar a execução
orçamentária;
e. apreciar e aprovar a criação de estruturas administrativas;
f. aprovar o quadro de cargos e salários e suas alterações, bem como fixar
diretrizes de salários, vantagens e outras compensações de seu pessoal;
g. aprovar a escolha de auditores independentes;
h. aprovar o Regimento Interno;
i. deliberar sobre quaisquer assuntos de interesse da ANFAC que lhe forem
submetidos por intermédio do Presidente;
j. apreciar o balanço anual, os relatórios e o parecer da Auditoria Externa,
apresentados pelo Presidente.
ARTIGO 14 - Poderão candidatar-se aos cargos de Presidente, 1º Vice-Presidente,
Vice-Presidente Executivo, Vice-Presidente Corporativo, Vice-Presidente Regional,
Conselheiro Fiscal e de Ética quaisquer sócios ou diretores eleitos de suas
associadas, em dia com suas obrigações estatutárias, com 01 (um) ano de filiação à
ANFAC.
Parágrafo Único - Os cargos de Vice-Presidentes Regionais serão preenchidos por
01 (um) associado, representante de cada uma das cinco regiões geográficas
brasileiras (IBGE), preferencialmente Presidente de SINFAC conveniado com a
ANFAC e com o maior número de empresas associadas à ANFAC na sua base
Regional.
ARTIGO 15 – As candidaturas para os cargos eletivos deverão ser apresentadas por
escrito em correspondência dirigida ao Presidente da Comissão Eleitoral com
antecedência de 10 dias da data designada para eleição.
Parágrafo Primeiro – A comissão eleitoral será presidida pelo Presidente do
Conselho de Ética e Disciplina da ANFAC e composta por mais 02 (dois) membros
por ele designados durante a sessão eleitoral.
Parágrafo Segundo – A Assembléia Geral Ordinária destinada à eleição da
Diretoria será aberta pelo Presidente da ANFAC que fará um breve resumo de seu
mandato e o declarará encerrado passando a Presidência dos Trabalhos ao
Presidente da Comissão Eleitoral.
Parágrafo Terceiro – Havendo mais do que um candidato para quaisquer dos
cargos eletivos, proceder-se-á à eleição por votação secreta através de cédulas
previamente confeccionadas, sendo que na hipótese da inexistência de mais de um
candidato por cargo a eleição será aberta mediante ratificação do nome proposto à
Assembléia.
ARTIGO 16 – Os Vice-Presidentes Regionais ou Corporativos poderão ser
destituídos em caso de descumprimento da lei, do estatuto social e do código de
ética da ANFAC, assegurado o direito à ampla defesa.
ARTIGO 17 – O Presidente, o 1º Vice-Presidente, o Vice-Presidente Executivo, os
Vice-Presidentes Regionais, os Vice-Presidentes Corporativos e os membros do
Conselho Fiscal e de Ética e Disciplina serão eleitos em Assembléia, com mandato
de 3 (três) anos, admitindo-se a reeleição para todos os cargos, exceto ao cargo de
Vice-Presidente Executivo, cuja reeleição fica limitada a somente uma.
ARTIGO 18 - Os membros da Diretoria não recebem remuneração pelo exercício de
suas funções.
ARTIGO 19 - A ANFAC admitirá em seus quadros um executivo profissional, que
terá as funções de Gerente Administrativo e Financeiro e será indicado pelo Vice-
Presidente Executivo, devendo tal indicação ser ratificada pelo Presidente.
ARTIGO 20 - A nomeação de procurador, que assinará sempre em conjunto com o
Vice-Presidente Executivo ou com o Gerente Administrativo e Financeiro, será feita
pelo Presidente, devendo o mandato ter prazo e poderes limitados.
ARTIGO 21 – Ao Presidente compete:
a. representar a ANFAC ativa e passivamente, em juízo ou fora dele e perante
os poderes públicos, entidades públicas e privadas, nacionais ou
internacionais, podendo constituir procuradores, mandatários ou prepostos;
b. a aprovar pedido de filiação à Associação;
c. convocar e presidir as reuniões de Diretoria;
d. convocar e presidir Assembléias Gerais Ordinárias ou Extraordinárias.
e. ratificar a indicação e destituição do Gerente Administrativo e Financeiro, feita
pelo Vice-Presidente Executivo;
f. emitir atos normativos ou comunicados que visem ao bom funcionamento da
ANFAC.
g. acatar as decisões tomadas nas reuniões de Diretoria convocadas pelo Vice-
Presidente Executivo na forma do disposto no Artigo 24.
ARTIGO 22 – Ao 1º Vice-Presidente incumbe substituir o Presidente em seus
impedimentos, assim como exercer os encargos que lhe forem atribuídos pelo
Presidente.
Parágrafo Único – Na hipótese de impedimento do 1º Vice-Presidente, ele será
substituído pelo Vice-Presidente Corporativo indicado pelo Presidente.
ARTIGO 23 - Ao Vice-Presidente Executivo compete:
1. representar a Associação, na qualidade de preposto do Presidente, em juízo
e fora dele, com exceção unicamente às atividades de caráter institucional;
2. supervisionar todos os atos do Gerente Administrativo e Financeiro;
3. adotar todas as providências indispensáveis para o efetivo funcionamento da
Associação;
4. aprovar compra de bens do ativo permanente não previsto em orçametno e
de valor relevante;
5. assinar cheques e outros documentos inerentes à função, juntamente com o
Gerente Administrativo e Financeiro ou com um procurador;
6. nomear e destituir o Gerente Administrativo e Financeiro, que deverá ter
vínculo funcional, regendo-se suas relações com a Associação pelas normas
da Consolidação das Leis do Trabalho.
7. contratar e demitir funcionários;
8. elaborar o orçamento anual e fiscalizar sua execução.
ARTIGO 24 - O Vice-Presidente Executivo poderá convocar a Diretoria para dirimir
controvérsias decorrentes de atos de sua atribuição e que dependam de ratificação
do Presidente.
Parágrafo Único - O quorum de instalação é de, no mínimo, 1/3 (um terço) dos
membros da Diretoria. As deliberações serão tomadas por maioria de votos, tendo o
Vice-Presidente Executivo, a quem compete presidir, neste caso, as reuniões de
Diretoria, o voto de qualidade, em caso de empate na votação. Lavrar-se-á em livro
próprio a ata circunstanciada sobre as matérias objeto da pauta.
ARTIGO 25 – Aos Vice-Presidentes Corporativos incumbe coordenar os trabalhos
dos Comitês Temáticos, regulados por normas do Regimento Interno da Diretoria, a
saber:
1. Governança Corporativa
2. Novos Produtos
3. Planejamento e Gestão
4. Assuntos Trabalhistas, Contábeis e Tributários
5. Responsabilidade Social e Empresarial
6. Assuntos Educacionais e de Formação Profissional
7. Editoriais, Marketing e Mídia
8. Recuperação e Revitalização de Empresas
9. Relações Públicas e Institucionais
10. Assuntos Federativos
ARTIGO 26 – Aos Vice-Presidentes Regionais, eleitos nos limites de suas
respectivas regiões geográficas, compete:
1. congregar as pessoas jurídicas que se dediquem às atividades de Fomento
Mercantil – Factoring, assim entendidas aquelas definidas em lei;
2. defender os interesses do Fomento Mercantil – Factoring;
3. fazer cumprir as normas éticas de auto-regulamentação relacionadas com as
atividades do Fomento Mercantil – Factoring;
4. organizar e orientar as atividades regionais dentro dos preceitos deste
Estatuto;
5. elaborar relatório anual sobre as atividades regionais para apreciação da
Diretoria.
ARTIGO 27 - Ao Gerente Administrativo e Financeiro compete:
1. organizar, dirigir e fiscalizar todas as atividades internas da Associação;
2. supervisionar o expediente;
3. ter sob sua guarda e responsabilidade o patrimônio, os documentos e os
valores da ANFAC, inclusive os da Tesouraria;
4. assinar cheques e outros documentos inerentes à função, juntamente com o
Vice-Presidente Executivo ou com um procurador.
5. assessorar o Vice-Presidente Executivo executando as atribuições por ele
destinadas.
6. executar o orçamento anual, sob fiscalização do Vice-Presidente Executivo.
ARTIGO 28 - Na ocorrência de vaga em cargo de Diretoria ou do Conselho Fiscal ou
do Conselho de Ética e Disciplina, o Presidente, de imediato, indicará o novo
ocupante, cujo referendo competirá à primeira Assembléia Geral que se realizar
após a nomeação. O novo membro completará o tempo do mandato do substituído,
devendo, no caso de Vice-Presidente Regional, preencher a vaga, quando possível,
com a indicação de um Presidente de SINFAC, que atenda ao disposto no Parágrafo
Único do Artigo 14.
ARTIGO 29 - A Diretoria reunir-se-á, no mínimo, uma vez por trimestre convocada
pelo Presidente por via epistolar.
Parágrafo Único - O quorum de instalação é de, no mínimo, 1/3 (um terço) dos
membros da Diretoria. As deliberações serão tomadas por maioria de votos, tendo o
Presidente, a quem compete presidir as reuniões de Diretoria, o voto de qualidade,
em caso de empate na votação.
ARTIGO 30 - Perderá automaticamente o mandato o membro da Diretoria que
deixar de comparecer a três reuniões com ou sem justificativa, no período de
um ano.
CAPÍTULO III - CONSELHO FISCAL
ARTIGO 31 - A ANFAC disporá de um Conselho Fiscal, composto de três membros
efetivos e seus respectivos suplentes eleitos pela Assembléia Geral, com mandatos
coincidentes com os da Diretoria, dentre os sócios ou diretores de suas associadas,
na mesma ocasião em que for renovada a Diretoria, sendo encarregado de examinar
e fiscalizar a gestão financeira da ANFAC, trimestralmente, após parecer da
auditoria externa.
Parágrafo Primeiro: Os membros do Conselho Fiscal elegerão, entre si, o seu
Presidente, o que ocorrerá em reunião imediatamente após a sua posse.
Parágrafo Segundo: Incumbe ao Conselho Fiscal, como órgão colegiado, emitir
parecer a ser submetido à Diretoria sobre:
1. balancetes trimestrais,
2. balanço geral.
CAPÍTULO IV - CONSELHO DE ÉTICA E DISCIPLINA
ARTIGO 32 - O Conselho de Ética e Disciplina da ANFAC, órgão subordinado
exclusivamente à sua Assembléia Geral, é composto de 05 (cinco) membros efetivos
e 05 (cinco) membros suplentes, eleitos pela Assembléia Geral Ordinária com
mandato de 03 (três) anos, sendo 03 (três) membros não associados, de
reconhecida competência, e 02 (dois) representantes do quadro social da ANFAC.
Parágrafo Primeiro: Compete ao Conselho de Ética e Disciplina apreciar e julgar os
processos administrativos instaurados na forma prevista no Código de Ética e de
Disciplina do Fomento Mercantil - Factoring, aprovado em Assembléia Geral. Das
decisões do Conselho de Ética cabe recurso à Assembléia Geral, sem efeito
suspensivo, e sem prejuízo da apreciação da mesma matéria pelo Poder Judiciário.
Parágrafo Segundo: Compete, ainda, ao Conselho de Ética e Disciplina manifestar-
se ou dar parecer sobre a matéria relativa à interpretação de qualquer dispositivo
estatutário ou de normas legais, administrativas e éticas.
Parágrafo Terceiro: Os membros do Conselho de Ética e Disciplina escolherão,
entre seus membros não associados, o seu Presidente e o seu Vice-Presidente.
CAPÍTULO V - DISPOSIÇÕES GERAIS
ARTIGO 33 - O exercício social inicia-se em primeiro de janeiro encerrando-se em
trinta e um de dezembro do mesmo ano.
ARTIGO 34 - Ao final de cada exercício social, a Diretoria fará elaborar as
demonstrações contábeis da receita e das despesas do período de suas atividades
bem como das contas Ativas e Passivas.
ARTIGO 35 - Integram o patrimônio da ANFAC os ativos permanentes, havidos a
qualquer título, bem como sua marca.
ARTIGO 36 - A ANFAC não distribui lucros, bonificações ou vantagem a dirigentes,
mantenedores ou associados, sob nenhuma forma ou pretexto.
CAPÍTULO VI - DA DISSOLUÇÃO
ARTIGO 37 - A ANFAC será dissolvida por deliberação da Assembléia Geral das
Associadas na forma dos Artigo 10.
Operando-se a dissolução da ANFAC e liquidadas todas as suas obrigações, o
patrimônio remanescente será doado a uma associação sem fins lucrativos.
CAPÍTULO VII – DISPOSIÇÃO TRANSITÓRIA
ARTIGO 38 - Excepcionalmente, o mandato da atual Diretoria ficará prorrogado
até 20 de junho de 2.008, a fim de que as eleições ocorram em obediência às
presentes normas estatutárias, devendo no ato de aprovação da reforma
estatutária ser eleito um vice-presidente executivo, com mandato até 20 de junho
de 2008.