josÉ mÁrcio erculano marculino educaÇÃo fiscal agente de ... fiscal... · consciência no dever...

48
CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ FACULDADE CEARENSE CURSO DE GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS JOSÉ MÁRCIO ERCULANO MARCULINO EDUCAÇÃO FISCAL AGENTE DE TRANSFORMAÇÃO E SUA RELAÇÃO ENTRE O CIDADÃO E O ESTADO: UMA REFLEXÃO SOBRE OS FATOS ATUAIS Fortaleza Novembro/2013

Upload: voduong

Post on 16-Nov-2018

213 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: JOSÉ MÁRCIO ERCULANO MARCULINO EDUCAÇÃO FISCAL AGENTE DE ... FISCAL... · consciência no dever de uma cidadania fiscal acontece no momento de votar, na educação com qualidade,

1

CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ

FACULDADE CEARENSE

CURSO DE GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS

JOSÉ MÁRCIO ERCULANO MARCULINO

EDUCAÇÃO FISCAL – AGENTE DE TRANSFORMAÇÃO E SUA RELAÇÃO ENTRE O CIDADÃO E O ESTADO: UMA REFLEXÃO SOBRE

OS FATOS ATUAIS

Fortaleza Novembro/2013

Page 2: JOSÉ MÁRCIO ERCULANO MARCULINO EDUCAÇÃO FISCAL AGENTE DE ... FISCAL... · consciência no dever de uma cidadania fiscal acontece no momento de votar, na educação com qualidade,

1

JOSÉ MÁRCIO ERCULANO MARCULINO

EDUCAÇÃO FISCAL – AGENTE DE TRANSFORMAÇÃO E SUA RELAÇÃO ENTRE O CIDADÃO E O ESTADO: UMA REFLEXÃO

SOBRE OS FATOS ATUAIS

Monografia submetida à aprovação Coordenação do curso de graduação em ciências contábeis do Centro Superior do Ceará, como requisito para obtenção do grau de Graduação.

FORTALEZA 2013.2

Page 3: JOSÉ MÁRCIO ERCULANO MARCULINO EDUCAÇÃO FISCAL AGENTE DE ... FISCAL... · consciência no dever de uma cidadania fiscal acontece no momento de votar, na educação com qualidade,

2

JOSÉ MÁRCIO ERCULANO MARCULINO

EDUCAÇÃO FISCAL – AGENTE DE TRANSFORMAÇÃO E SUA RELAÇÃO ENTRE O CIDADÃO E O ESTADO: UMA REFLEXÃO SOBRE OS FATOS ATUAIS

Monografia como pré-requisito para obtenção do título de bacharelado em Ciências Contábeis, outorgado pela Faculdade Cearense – FaC, tendo sido aprovada pela banca examinadora composta pelos professores.

Data da Aprovação: ____/____/____

BANCA EXAMINADORA

__________________________________________ Professora Dra Marcia Maria Machado Freitas

Orientadora

___________________________________________ Professora Dra Liliana Farias Lacerda

Membro I

____________________________________________ Professor Ms Paulo Francisco Barbosa Sousa

Membro II

Page 4: JOSÉ MÁRCIO ERCULANO MARCULINO EDUCAÇÃO FISCAL AGENTE DE ... FISCAL... · consciência no dever de uma cidadania fiscal acontece no momento de votar, na educação com qualidade,

3

AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar a Deus, que tudo permite e ilumina a nossa vida. Aos meus colegas e professores de sala que sempre me ajudaram nas aulas e trabalhos em equipe. A minha orientadora que além de ter aceitado a me ajudar me mostrou os caminhos para realização deste trabalho, incentivou, cobrou, pressionou de forma sadia a chegar ao final. O meu muito obrigado. As minha mães, de criação e biológica, quero agradecer de forma muito especial, pois sem elas não estaria concluindo mais uma etapa na minha vida. A todos que direta e indiretamente incentivaram, acolheram e se fizeram disponível para que o objetivo fosse alcançado.

Page 5: JOSÉ MÁRCIO ERCULANO MARCULINO EDUCAÇÃO FISCAL AGENTE DE ... FISCAL... · consciência no dever de uma cidadania fiscal acontece no momento de votar, na educação com qualidade,

4

“Ensina a criança no caminho em que deve andar, e ainda quando for velho não se desviará dele”. Salomão – Provérbio. 22,6

Page 6: JOSÉ MÁRCIO ERCULANO MARCULINO EDUCAÇÃO FISCAL AGENTE DE ... FISCAL... · consciência no dever de uma cidadania fiscal acontece no momento de votar, na educação com qualidade,

5

RESUMO

As últimas manifestações populares pelas ruas do Brasil resgatam a voz da cidadania. Lamenta-se que o processo de recuperação da consciência cidadã tenham atos reprováveis merecedores de uma adequada conscientização do povo, pois algumas práticas ferem pessoas e danificam bens públicos e particulares. Nesse resgate da voz da cidadania, à de considerar importante e propicio a presente pesquisa, pois trata de assuntos pertinente e essencial na formação do cidadão. Deve-se reconhecer a necessidade de uma escola produtora de cidadãos amparada por uma educação cada vez mais progressista, com aparecimento de novos métodos e técnicas. Quando da sua efetivação se tornará uma poderosa alavanca moralizadora na nossa sociedade. Capaz de incutir hábitos novos. Dessa forma aliada há uma conscientização de cidadania alcançaremos progressos sociais imagináveis. Nesse sentido, o tema proposto para a pesquisa busca aproveitar o momento oportuno, porque abre-se um espaço na sociedade para discussões, debates, simpósios e trabalhos com temas até então esquecidos pela maioria. É uma questão cultural, mas também educacional. Não temos cidadania quando não se sabe quanto se paga para manter o estado. Há um grau muito grande de desinformação ainda. O programa nacional de educação fiscal é uma realidade. Visa um trabalho ativo e permanente. Com a sua abrangência nacional, seu foco com prioridade, são os alunos e professores do ensino fundamental e médio, mas procurando atingir o máximo de grupos, disseminaremos com mais eficiência a proposta. Portanto trazendo a abordagem para o meio acadêmico ampliaremos mais colaboradores potenciais. A perspectiva é de muito estudo, trabalho e dedicação por parte daqueles que desejam reduzir a corrupção, atenuar as desigualdades sociais e melhorar o perfil do cidadão. Palavras Chaves: Educação Fiscal. Cidadania. Programa Nacional de Educação Fiscal.

Page 7: JOSÉ MÁRCIO ERCULANO MARCULINO EDUCAÇÃO FISCAL AGENTE DE ... FISCAL... · consciência no dever de uma cidadania fiscal acontece no momento de votar, na educação com qualidade,

6

ABSTRACT

The latest popular demonstrations in the streets of Brazil recover the voice of citizenship . It is regrettable that the recovery process of civic conscience have reprehensible acts deserving of a proper awareness of the people , because some practices injure people and damage public and private property . In this redemption voice of citizenship, to consider important and conducive to this research, as this is relevant and essential issues in the formation of the citizen . Must recognize the need for a school production of citizens supported by an increasingly progressive education , with development of new methods and techniques . When its execution becomes a powerful lever moralizing in our society . Able to instill new habits . Ally this way there is an awareness of citizenship imaginable achieve social progress . In this sense , the proposed research theme seeks to harness the opportune moment , because it opens up a space in society for discussions , debates , symposia and work with themes hitherto forgotten by most. It is a cultural , but also educational issue . We do not have citizenship when they do not know how much you pay to maintain the state . There is a great degree of misinformation yet. The national program of tax education is a reality . Seeks an active and ongoing work. With its national scope , its focus on priority, are the students and teachers of elementary and middle school , but looking to achieve maximum groups disseminaremos more efficiently the proposal . So bringing the approach to academia will expand more potential reviewers. The outlook is much study , work and dedication on the part of those who wish to reduce corruption , alleviate social inequalities and improve the profile of the citizen . Key Words : Education Tax . Citizenship . National Tax Education Program .

Page 8: JOSÉ MÁRCIO ERCULANO MARCULINO EDUCAÇÃO FISCAL AGENTE DE ... FISCAL... · consciência no dever de uma cidadania fiscal acontece no momento de votar, na educação com qualidade,

7

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ---------------------------------------------------------------------------------- 8

1.1 Problemática ----------------------------------------------------------------------------------- 9

1.2 Objetivos ---------------------------------------------------------------------------------------- 9

1.2.1 Objetivo Geral ----------------------------------------------------------------------------- 9

1.2.2 Objetivos Especificos -------------------------------------------------------------------- 10

1.3 Justificativa ---------------------------------------------------------------------------------- 10

1.4 Metodologia ---------------------------------------------------------------------------------- 11

1.5 Hipótese ..................................................................................................... 11

2. TRIBUTOS --------------------------------------------------------------------------------------- 13

2.1 Função Social dos Tributos ---------------------------------------------------------------- 21

2.2 Função Socioeconomica dos Tributos -------------------------------------------------- 24

2.3 Educação Fiscal ------------------------------------------------------------------------------- 27

2.4 Harmonização entre o cidadão e o governo ------------------------------------------- 29

3. METODOLOGIA -------------------------------------------------------------------------------- 33

3.1 Escolha do tema ------------------------------------------------------------------------------ 33

3.2 Tipo de Pesquisa ------------------------------------------------------------------------------ 34

3.3 Pesquisa Bibliográfica ---------------------------------------------------------------------- 34

4. EDUCAÇÃO FISCAL ------------------------------------------------------------------------- 35

4.1 Da Filosofia do Programa ------------------------------------------------------------------- 36

4.2 Agente de Transformação Social --------------------------------------------------------- 37

4.3 Ações do Programa Nacional de Educação Fiscal --------------------------------- 39

4.4 Educação Fiscal e Controle Social ------------------------------------------------------- 42

5. CONCLUSÃO ---------------------------------------------------------------------------------- 45

6. REFERÊNCIAS -------------------------------------------------------------------------------- 47

Page 9: JOSÉ MÁRCIO ERCULANO MARCULINO EDUCAÇÃO FISCAL AGENTE DE ... FISCAL... · consciência no dever de uma cidadania fiscal acontece no momento de votar, na educação com qualidade,

8

1.INTRODUÇÃO:

Diante das recentes manifestações que tomaram conta do Brasil,

percebemos a dificuldade da população em entender o verdadeiro exercício da

cidadania. É preciso que a sociedade entenda o que é ser cidadão.

Faz-se necessário refletir se as crianças e jovens que serão o futuro

dessa nação se estão sendo preparadas adequadamente em casa, nas escolas,

para compreender desde cedo o verdadeiro significado da palavra cidadão. Se a

população adulta tem sérias dificuldades com relação ao assunto, como ensinar aos

seus filhos, se falta subsídios para explicar? A Educação é o caminho, o momento

exige , existe uma urgência social.

Ensinar que toda a população mundial que vive em uma casa, em um

bairro, em uma cidade, estado e em algum país possui direitos e obrigações iguais

pertinentes às leis de onde vive. A criança/jovem deve aprender desde cedo que

“cidadão é a pessoa que cumpre seus deveres e exige seus direitos” e que com

essa prática o individuo exerce a cidadania.

Na constituição brasileira, os arts. 5º. e 6º. tratam dos direitos individuais,

coletivos e sociais, de onde pode-se citar alguns,

- Somos todos iguais perante a lei;

- Homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações;

- É livre a manifestação do pensamento;

- É inviolável a liberdade de consciência e de crença;

- É livre o exercício de qualquer trabalho;

- É livre a locomoção no território nacional;

- São direitos sociais a educação, a saúde, a moradia, o lazer, a

segurança.

- A lei magna também trata dos nossos deveres:

- Votar;

- Cumprir e respeitar as leis;

- Respeitar os direitos do próximo;

- Ser solidários com todos os cidadãos, principalmente idosos, crianças e

pessoas com deficiência;

- Proteção e educação da melhor forma possível aos nossos filhos e

outras pessoas que dependem de nós.

Page 10: JOSÉ MÁRCIO ERCULANO MARCULINO EDUCAÇÃO FISCAL AGENTE DE ... FISCAL... · consciência no dever de uma cidadania fiscal acontece no momento de votar, na educação com qualidade,

9

Deve-se enfatizar os direitos, mas principalmente os deveres. A

consciência no dever de uma cidadania fiscal acontece no momento de votar, na

educação com qualidade, no instante do pagamento de tributos, no

acompanhamento dos políticos votados. A construção de uma sociedade melhor e

justa parte do cumprimento do dever de cada individuo, ele torna-se responsável

pelo resultado.

O que se observa é a revolta de muitos, dentre esses uma minoria mais

radical trilhando o caminho da violência, da marginalidade, da falta de respeito,

destruindo patrimônios particulares e públicos, exigindo os seus direitos sem o

cumprimento dos seus deveres perante a si e ao próximo. Muitos não querem mais

votar, outros são a favor da sonegação fiscal. É a morte da democracia.

Portanto, a educação fiscal surge como instrumento na promoção sócio

econômica do ser e que a família, a escola, como instituições formadoras de

cidadãos, são responsáveis pela mudança social, e o processo educacional quanto

mais cedo melhor.

1.1. PROBLEMÁTICA

Assim, surgem os seguintes questionamentos norteadores desse

trabalho, a implantação e a intensificação do programa nacional de educação fiscal

poderá favorecer o exercício da cidadania? Trará melhoras na relação contribuinte e

o estado? Com relação à educação Fiscal poderemos considerá-lo como agente de

transformação social?

1.2. OBJETIVOS

1.2.1 OBJETIVO GERAL

Analisar a educação fiscal como agente de transformação e sua relação

entre o cidadão e o estado.

1.2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

- Investigar as escolas (crianças/jovens) na construção de futuros cidadãos;

- Buscar a harmonização entre o cidadão e o governo;

Page 11: JOSÉ MÁRCIO ERCULANO MARCULINO EDUCAÇÃO FISCAL AGENTE DE ... FISCAL... · consciência no dever de uma cidadania fiscal acontece no momento de votar, na educação com qualidade,

10

- Analisar a Educação Fiscal como prática da cidadania;

- Demonstrar ao cidadão a função socioeconômica dos tributos.

1.3. JUSTIFICATIVA

Nota-se necessário que a população domine informações acerca da

gestão fiscal do país, pois a grande parte dos brasileiros não sabe que paga

impostos e desconhece sua contribuição para o financiamento dos serviços públicos.

Tudo que está a nosso dispor, que é útil e necessário no dia a dia, foi

construído com os tributos que cada um paga. Todos somos contribuintes, mesmo

os isentos do imposto de renda, que ao consumirmos bens e serviços transforma-se

em tributo que são os valores que o cidadão paga na forma de impostos, taxas e

contribuições.

Todos devem estar cientes de que o destino do valor arrecadado serve

para manter a saúde, educação, transporte, segurança e a manutenção e

funcionamento do estado.

Aprendendo, o cidadão torna-se responsável cada vez mais pelo seu

próprio destino e comprometido com as melhorias da coletividade. Um cidadão

consciente de seus direitos e obrigações é um cidadão que saberá cobrar e votar

melhor.

Diante do exposto deve- se exigir as notas/cupons fiscais no momento da

aquisição de um bem ou serviço, é dever nosso. Não fazendo isso, nos tornamos

coniventes com a sonegação fiscal e nem percebemos o mal gerado para a vida em

sociedade.

Outra preocupação é a corrupção que tomou conta da administração

pública. Quando um administrador desvia dinheiro dos cofres públicos, certamente

faltará para garantir um medicamento ou o salário de um professor na escola. É um

crime social da mais alta gravidade, afeta principalmente as populações mais

necessitadas.

Precisa-se também aprender a acompanhar diariamente a prestação de

contas do governo, como está sendo aplicados os gastos, o sistema de controle dos

gastos estatais a chamada lei de transparência.

Levar o assunto para o meio acadêmico é também demonstrar a

importância em ampliar a participação de todos na busca de uma sociedade mais

Page 12: JOSÉ MÁRCIO ERCULANO MARCULINO EDUCAÇÃO FISCAL AGENTE DE ... FISCAL... · consciência no dever de uma cidadania fiscal acontece no momento de votar, na educação com qualidade,

11

justa. Melhorar a qualidade de vida e os benefícios sociais da população é umas das

consequências da educação fiscal.

1.4 METODOLOGIA

Esta etapa da pesquisa será realizada mediante pesquisas bibliográficas

na rede de informações da internet. Este procedimento seguirá, dentre outros, fontes

educacionais de entidades governamentais. Em uma pesquisa inicial, percebeu-se a

existência de material composto por 12 fascículos que estão integrados ao programa

de educação fiscal do estado do Ceará (PEF).

O estudo envolverá, também, as experiências desenvolvidas em outras

unidades da federação como os projetos de educação fiscal nos estados do Rio

Grande do Sul e Goiás.

Serão observadas outras fontes de pesquisas como seminários,

palestras, simpósios, entrevistas, publicações para interpretação e exame.

Objetivando, assim, o despertar do cidadão não só nos seus direitos, mas

principalmente nos seus deveres.

A implantação e a intensificação do programa nacional de educação fiscal

favorece o exercício da cidadania. A temática educação fiscal trata de assuntos

como ética, direitos humanos, controle social, responsabilidade fiscal e social,

função social dos tributos, dentre outros. Temas da mais alta relevância para a

formação de um verdadeiro cidadão. Uma população bem informada e consciente

de seus direitos e deveres leva uma ação participativa do povo, que impulsionará a

uma verdadeira efetivação do bem-estar e da justiça social.

Portanto, o presente trabalho é constituído por 6 (seis) capítulos:

No capítulo 1, serão abordados a introdução, problematização, objetivos,

justificativa e metodologia. No capítulo 2, será abordada a função social dos tributos,

O Programa Nacional, Estadual e Municipal da Educação Fiscal (PNEF),

transparência e responsabilidade social. O capítulo 3, trará a metodologia que será

utilizada para desenvolver este trabalho. No capítulo 4, o estudo sobre educação

fiscal. No capítulo 5, será feita a conclusão e por último as referências bibliográficas.

Page 13: JOSÉ MÁRCIO ERCULANO MARCULINO EDUCAÇÃO FISCAL AGENTE DE ... FISCAL... · consciência no dever de uma cidadania fiscal acontece no momento de votar, na educação com qualidade,

12

2. TRIBUTOS

Tributo é um dever imposto às pessoas físicas, jurídicas ou entidades

equivalentes com a finalidade de recolher valores aos cofres públicos da União, do

estado ou do município. É normalmente chamado de imposto.

Em harmonia com a lei, o tributo é definido de acordo com o art. 3º. do

Código Tributário Nacional (CTN) como uma “prestação pecuniária compulsória, em

moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção por ato ilícito,

instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada”.

Com intuito de fazer valer o tributo como um dever fundamental para o

contribuinte pessoa física ou jurídica. Torres (2003, pág. 334) conceitua tributo

como:

(...) consistente em prestação pecuniária que, limitado pelas liberdades fundamentais, sob a diretiva dos princípios constitucionais da capacidade contributiva, do custo/benefício ou da solidariedade do grupo e com a finalidade principal ou acessória de obtenção de receita para as necessidades públicas ou para as atividades protegidas pelo estado, é exigido de quem tenha realizado o fato descrito em lei elaborada de acordo com a competência especifica outorgada pela constituição.

Portanto, o relacionamento da fazenda pública e o contribuinte são

efetuados através de normas e desejos. De um lado os sujeitos passivos – pessoas

físicas e jurídicas ver o governo querendo intervir nos seus bens, uma apropriação

indevida por parte dos entes tributantes. Por parte do Erário é o principal instrumento

para financiar o estado e prover os recursos indispensáveis à vida em sociedade.

Como já abordado, o governo tem o poder de estabelecer através de lei

os tributos, este poder expresso na constituição federal, no entanto, a lei magna não

define e nem institui os tributos passando a competência para os entes federativos

(União, Estado, Município e Distrito Federal).

Assim, o tributo é devido aos entes tributantes federal, estadual e

municipal. É um dever obrigatório instituído em lei e não há como negar. Sua

finalidade básica produzir receita para o estado.

Os Tributos são relacionados pelo Sistema Tributário Nacional e está

estruturado de uma forma que permita ao fisco a sua cobrança. De acordo com o

art. 5º.do Código Tributário Nacional os tributos são os Impostos, as Taxas e as

Contribuições de Melhoria.

Page 14: JOSÉ MÁRCIO ERCULANO MARCULINO EDUCAÇÃO FISCAL AGENTE DE ... FISCAL... · consciência no dever de uma cidadania fiscal acontece no momento de votar, na educação com qualidade,

13

Quanto a Competência a Constituição Federal estipula a cada esfera de

poder a que pertence. O Art. 145 ressalta que a União, os Estados, o Distrito Federal

e os Municípios poderão instituir os seguintes impostos:

I – Impostos; II – Taxas, em razão do exercício do poder de policia ou pela utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos a sua disposição; III – Contribuição de melhoria, decorrente de obras públicas.

Porém, o art. 148 da Constituição Federal (CF/88) traz ainda uma quarta

espécie tributária, “empréstimo compulsório” somente a União possa instituir em

casos excepcionais. Finalmente temos as “contribuições especiais” estabelecida em

lei:

Ressalta ainda o Art. 149. que compete exclusivamente a União instituir

contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesse das

categorias profissionais ou econômicas, como instrumento de sua atuação nas

respectivas áreas (...)

É importante registrar que o sistema tributário enumerado pela

Constituição Federal é alvo de divergência entre vários tributaristas. Amaro (2010)

adota apenas quatro espécies tributárias considerando contribuições de melhoria

como uma taxa.

Há também alguns que defendem apenas os impostos e taxas como

espécies tributárias, por exemplo, Becker. (1972, pág. 371/372), considera as taxas

ligadas a um serviço oriundo do estado enquanto os impostos independem o seu

fato gerador.

As várias interpretações divergem uma das outras em relação aos

critérios adotados na divisão das espécies tributarias. Porém a teoria mais

atualizada são os critérios da restituição, destinação e vinculação.

O Art. 16 do Código Tributário Nacional define imposto como sendo o

tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação independente de qualquer

atividade estatal especifica relativa ao contribuinte.

De acordo com essa definição sua principal característica é uma situação

livre da atividade estatal como fato gerador. Para reforçar esse raciocínio recorre-se

a Amaro (2010, pág.52), que para exigir imposto de certo individuo, não é preciso

que o Estado lhe preste algo determinado.

Page 15: JOSÉ MÁRCIO ERCULANO MARCULINO EDUCAÇÃO FISCAL AGENTE DE ... FISCAL... · consciência no dever de uma cidadania fiscal acontece no momento de votar, na educação com qualidade,

14

Portanto o imposto não é um fato gerado pelo estado, mas sim pelo

contribuinte. Como comentado à lei Magna de 1988, no seu art. 145, inciso I,

estabelece que a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão

determinar alguns impostos. A cada um desses entes terá a sua competência como

será visto a seguir:

O art. 153 da CF/88 dispõe sobre os impostos de competência da União:

- IPI: Imposto sobre Produtos Industrializados; - IR: Imposto sobre a Renda e Proventos de Qualquer Natureza; - ITR: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural; - II: Imposto sobre a Importação de Produtos Estrangeiros; - IE: Imposto sobre a Exportação de Produtos Nacionais e Nacionalizados; - IOF: Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio, Seguros, ou relativas a Títulos ou Valores Mobiliários; - IGF: Imposto sobre Grandes Fortunas.

Os Impostos de Competência dos Estados e do Distrito Federal:

- ICMS: Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviço de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação; - IPVA: Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores; - ITCMD: Imposto sobre Transição Causa Mortes e Doação de quaisquer Bens ou Direitos.

Os Impostos dos Municípios e do Distrito Federal:

- ISS: Imposto sobre Serviços; - IPTU: Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana; - ITBI: Imposto sobre a Transmissão de Bens Imóveis Inter Vivos.

Por último tem-se o Simples Nacional, que é o imposto que unificam oito

tributos cobrados as empresas jurídicas, são eles:

IPI, IR, Contribuição Sobre o Lucro Liquido (CSLL), Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS), Contribuição para a Seguridade Social, Contribuição para o PIS/PASEP, todos de competência da União, mais o ICMS de competência do Estado, e o ISS, de

Competência do Município.

Outra Classificação refere-se à finalidade dos impostos, ou seja, para

quando tem por objeto arrecadar recursos para o estado (fiscal) ou quando tem

como objetivo incentivar ou desestimular reações aos contribuintes (extrafiscal).

Como visto os impostos arrecadados no Brasil é uma pedra fundamental

para o governo federal, estaduais e municipais. Essa transferência monetária é a

ferramenta disponível para manter as operações governamentais juntamente com

todos os seus órgãos e principalmente beneficiar a população em geral.

Page 16: JOSÉ MÁRCIO ERCULANO MARCULINO EDUCAÇÃO FISCAL AGENTE DE ... FISCAL... · consciência no dever de uma cidadania fiscal acontece no momento de votar, na educação com qualidade,

15

Conforme aconteceu com os Impostos a Constituição Federal do Brasil de

1988, atribuiu em seu art. 145, inciso II, à União, Estados, Distrito Federal e os

Municípios o poder de instituir as “taxas em razão do exercício do poder de policia

ou pela utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis,

prestados ao contribuinte postos a sua disposição”.

As taxas tem como fato gerador uma determinada atividade da

administração pública diretamente ligada ao contribuinte, portanto podendo ser de

competência comum de todos os entes da federação.

Encontra-se também no art. 77 do CTN, o conceito de taxas, ou seja,

serão cobradas quando do exercício regular do poder de policia ou pela utilização de

determinados serviços públicos. Portanto a taxa tem seu fundamento na atividade

que o estado exerce sobre o particular. Amaro (2010, pág. 55) comenta que:

“A taxa de policia é cobrada em razão da atividade do Estado, que verifica o

cumprimento das exigências legais pertinentes e concede a licença, a autorização, o alvará”.

Sendo assim, o poder de policia acontece pela atividade fiscalizadora do

estado e se firma pela emissão de autorizações, licenças, alvarás, como, por

exemplo, licença para funcionamento de estabelecimento comercial e autorização

para porte de arma.

Cabe ressaltar que o parágrafo 2º do art. 145 da Constituição Federal do

Brasil determina que as taxas não possam ter base de cálculo própria de impostos.

O Código Tributário Nacional no seu art. 77, parágrafo Único observa ainda que a

taxa não pode ter fato que o venha gerar igual ao dos impostos, “nem ser calculada

em função do capital das empresas”.

Como se observa mais uma vez que, as taxas tem como fato gerador a

atuação da administração pública estatal, podendo ser cobrada em razão do

exercício da policia. O CTN, no seu art. 78, conceitua o poder de policia em:

Atividade da administração pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletiva.

Portanto para que a taxa possa ser cobrada em razão do poder de policia

necessite que o seu exercício seja regular. Recorremos mais uma vez ao art. 78 do

Código Tributário Nacional no seu parágrafo único onde no diz que:

Page 17: JOSÉ MÁRCIO ERCULANO MARCULINO EDUCAÇÃO FISCAL AGENTE DE ... FISCAL... · consciência no dever de uma cidadania fiscal acontece no momento de votar, na educação com qualidade,

16

“Considera-se regular o exercício do poder de policia quando desempenhado pelo órgão competente nos limites da lei aplicável, com observância do processo legal e, tratando-se de atividade que a lei tenha como discricionária, sem abuso ou desvio de poder”.

Dessa forma, o exercício do poder de policia acontece quando realizado

por órgão competente, está respaldado por lei aplicável através de processo legal e

nos casos que não haja abuso ou desvio de poder por parte das atividades

administrativas vinculados.

Não se pode deixar de destacar que tanto o art. 145, inciso II, da

Constituição Federal do Brasil como o Código Tributário Nacional através do art. 77

destaca que o que move também a cobrança das taxas é a utilização, efetiva ou

potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou

postos a sua disposição.

Diante disso a instituição e a cobrança das taxas em cima da prestação

de serviços públicos são verificadas quando for efetivamente prestado ou colocado a

disposição da população, deve ser especifico e divisível. Se essas condições a

administração publica não poderá cobrar.

Fundamentada no artigo 81, do CTN a cobrança da terceira espécie de

tributo, é definida da seguinte forma:

A contribuição de melhoria cobrada pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, é instituída para fazer face ao custo de obras públicas de que decorra valorização imobiliária, tendo como limite total a despesa realizada e como limite individual o acréscimo de valor que da obra resultar para cada imóvel beneficiado.

Portanto a contribuição de melhoria é considerada um tributo, assim como

as taxas o fato gerador relaciona-se a uma prestação de serviço especifico do

governo, ou seja, ela é instituída e cobrada quando o estado realiza uma obra que

tem por consequência a valorização do imóvel do cidadão.

Pertence a qualquer um dos entes tributantes, desde que seja realizada

pelo ente que realizou a obra. Em conformidade com o art. 1º.do Decreto-lei no. 195

do ano de 1967 duas situações são necessários para a sua cobrança: realização de

obra pública e valorização do imóvel do contribuinte.

Para reforçar a instituição da contribuição de melhoria, recorremos ao

grande tributarista Machado (2005, pág. 434) ressalta que: uma obra que não tenha

sido ali indicada (refere-se ao Decreto-lei No. 195) não ensejara a cobrança dessa

espécie tributaria.

Page 18: JOSÉ MÁRCIO ERCULANO MARCULINO EDUCAÇÃO FISCAL AGENTE DE ... FISCAL... · consciência no dever de uma cidadania fiscal acontece no momento de votar, na educação com qualidade,

17

Continuando o referido autor, informa que:

Não é realização da obra pública que gera a obrigação de pagar contribuição de melhoria. Essa obrigação só nasce de da obra pública decorrer valorização, isto é, se da obra pública decorrer aumento do valor do imóvel do contribuinte.

Portanto o governo não pode cobrar antes da obra ser feita. O Estado só

deverá aplicar a contribuição de melhoria após a conclusão total ou parte de uma

determinada obra. Verificamos que a cobrança acontece não pela realização da obra

pública, mas pela valorização do imóvel do cidadão proprietário da tal obra.

A contribuição de melhoria objetiva retornar aos cofres públicos os gastos

realizados pelo estado para realizar uma obra pública qualquer.

Presente também na Constituição Federal no seu art. 148 dispõe: “A

União, mediante lei complementar, poderá instituir empréstimos compulsórios, para

atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, de guerra

externa ou sua eminência; no caso de investimento público de caráter urgente e de

relevante interesse nacional, observado o disposto no art. 150, inciso III, item b.

Parágrafo Único. A aplicação dos recursos provenientes de empréstimo compulsório

será vinculada à despesa que fundamentou sua disposição”.

O Empréstimo Compulsório também é regulamento pelo CTN, através do

artigo 15: Somente a União, nos seguintes casos excepcionais, pode instituir:

I – guerra externa, ou sua iminência; II – calamidade pública que exija auxilio federal impossível de atender com os recursos orçamentários disponíveis; III – conjuntura que exija a absorção temporária de poder aquisitivo.

Parágrafo único. A lei fixará obrigatoriamente o prazo do empréstimo e as

condições de seu resgate, observando, no que for aplicável, o disposto nesta lei.

Percebe-se então que somente cabe a União instituir o empréstimo compulsório,

desde que seja através de lei complementar e que sua cobrança esteja relacionada

à:

- atender as despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, de guerras externas ou na sua iminência; - no caso de investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional.

A própria denominação do termo “empréstimo” entende-se que é a

captação momentânea de recursos da população ao governo e sua arrecadação por

parte do estado o obriga a devolver futuramente os valores cobrados ao contribuinte.

Page 19: JOSÉ MÁRCIO ERCULANO MARCULINO EDUCAÇÃO FISCAL AGENTE DE ... FISCAL... · consciência no dever de uma cidadania fiscal acontece no momento de votar, na educação com qualidade,

18

A instituição do empréstimo compulsório é de competência exclusiva do

governo federal (União), e é prevista por lei complementar diferente da maioria dos

tributos. Deve atender aos gastos oriundos das guerras externas ou sua iminência,

das calamidades públicas ou nos casos de urgência de investimento público de

interesse nacional, tais requisitos são fundamentais para a instituição do empréstimo

compulsório.

Por fim chegamos a última espécie tributária prevista no artigo 149 da

Constituição Federal de 1988, que são as contribuições especiais que se dividem

em: sociais, interesse de categorias profissionais e econômicas.

De acordo com o Art. 149, Compete exclusivamente a União instituir

contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesses de

categorias profissionais e econômicas, como instrumento de sua atuação nas

respectivas áreas, observado o disposto nos arts. 146, Inciso III, e 150, Incisos I e III,

e sem prejuízo do previsto no art. 195, parágrafo 6º relativamente às contribuições a

que alude o dispositivo.

Com intuito de enfatizar as contribuições em questão como uma espécie

de tributo, Barreto (2006, pág. 95) que diz:

As contribuições têm natureza tributária por se amoldarem ao conceito de tributo. É a sua natureza que define o regime jurídico ao qual deva ser submetida.

Verifica-se então que as contribuições especiais é um tributo que tem

como fim atender a seguridade social. Existentes em nosso país a seguridade social

compreende a previdência social, a assistência à saúde e social.

Portanto as contribuições especiais são dividas em:

A) Contribuições sociais que são, o FGTS, PIS, PASEP, COFINS, CSLL e

PREVIDENCIARIA;

“São tributos de competência da União com a finalidade de atender as

atividades na área social”

B) Contribuições de interesse profissional: são as anuidades cobradas pelos

Conselhos Federais de engenharia, de contabilidade, médicos, advogados

etc.

“São também de competência da União com a finalidade de financiar as

atividades desenvolvidas pelas instituições representativas e fiscalizadoras

das categorias econômicas ou profissionais”.

Page 20: JOSÉ MÁRCIO ERCULANO MARCULINO EDUCAÇÃO FISCAL AGENTE DE ... FISCAL... · consciência no dever de uma cidadania fiscal acontece no momento de votar, na educação com qualidade,

19

Para melhor caracterizar toda espécie de contribuição, Barreto (2006,

págs 124/125) descreve os traços comuns pertencentes a elas:

1. O vocábulo contribuição se refere “a parte a que esta sujeito o

cidadão, para a formação de fundos necessários ao custeio de

determinada(s) despesas(s) pública(s);

2. A atividade estatal deverá se voltar para o grupo de pessoas que

devera contribuir para a entidade, fundo ou despesa;

3. Deve haver uma vantagem ou beneficio que vincule aquele suporta o

custo ou a despesa (contribuinte) em relação à atividade desenvolvida pelo

Estado;

4. Há que haver uma correlação entre o custo da atividade estatal e o

montante arrecadado a titulo de contribuição e

5. O produto da arrecadação deve ser necessariamente aplicado na

finalidade que deu causa à instituição da contribuição.

Nesse contexto ressalta-se que as leis que instituem tais contribuições

quem realizará a cobrança são as próprias entidades que se beneficiarão com o

valor arrecadado para financiar as atividades de organizar, regulamentar e fiscalizar

as categorias econômicas e profissionais.

2.1 FUNÇÃO SOCIAL DOS TRIBUTOS

Ao falarmos sobre a função social dos tributos, deve-se lembrar de que o

objetivo da arrecadação dos tributos é produzir receita para o financiamento do

estado com a finalidade de manter/atender o bem-estar da coletividade.

Em decorrência da evolução humana, as relações sociais se

aprofundaram desencadeando o aprimoramento tecnológico criando assim o estado.

No intuito de enfatizar a necessidade da formação do estado Machado (2005, pág.

47) corrobora:

Para viver em sociedade, necessitou o homem de uma entidade com força superior, bastante para fazer as regras de conduta, para construir o direito positivo. Desta necessidade nasceu o estado, cuja noção se pressupõe conhecida de quantos iniciam o estudo do Direito Tributário.

As atividades exercidas pelo governo indispensáveis a vida em sociedade

firmou-se ao longo dos tempos. A estruturação do estado democrático trouxe a ideia

da necessidade de obter recursos para a obtenção dos objetivos da máquina

Page 21: JOSÉ MÁRCIO ERCULANO MARCULINO EDUCAÇÃO FISCAL AGENTE DE ... FISCAL... · consciência no dever de uma cidadania fiscal acontece no momento de votar, na educação com qualidade,

20

administrativa estatal. Os objetivos do estado foram introduzidos logo no art. 3º. , da

Constituição Brasileira de 1988,

Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:

I – construir uma sociedade livre, justa e solidária; II – garantir o desenvolvimento nacional; III – erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; IV – promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.

Para sustentar e atender as atividades da administração governamental,

os tributos devem ser cobrados das pessoas físicas e jurídicas não se esquecendo

de obedecer ao principio da capacidade contributiva constante no § 1º. , Inciso III, do

art. 145 da lei maior:

Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte, facultado à administração tributaria, especialmente para conferir efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte.

Os deveres do estado são exatamente as obrigações executadas pela

maquina estatal para promover e incentivar o bem estar social em diversas áreas.

Arrecadar tributos aparece como fonte para financiar essas obrigações.

Com o pagamento dos tributos o cidadão contribui para financiar o

estado, mas retornarão em seu próprio beneficio. O sistema tributário atua como

unificação da vontade popular e representa o cidadão no desenvolvimento de um

determinado local.

Para o economista de finanças públicas, Musgrave (1976) o sistema

Tributário é o complexo orgânico formado pelos tributos instituídos em um país ou

região autônoma e os princípios e normas que os regem.

No entanto, o sistema tributário tem demonstrado que se tributa mais as

pessoas que tem menos dinheiro. A tributação deve sobrecarregar aqueles que

possuem maior riqueza e impor menos impostos as classes menos favorecida da

população brasileira. A população acha que quando são isentas de imposto de

renda, elas não são tributadas.

Estudos recentes do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA),

Fundação vinculada a Secretaria de assuntos estratégicos da Presidência da

Republica, afirmam que quando adquirir feijão, arroz, óleo, carne, a metade dos

gastos desses produtos é de impostos.

Page 22: JOSÉ MÁRCIO ERCULANO MARCULINO EDUCAÇÃO FISCAL AGENTE DE ... FISCAL... · consciência no dever de uma cidadania fiscal acontece no momento de votar, na educação com qualidade,

21

Mesmo que os itens da cesta básica o ICMS incidente sobre estes seja

uma alíquota menor das demais mercadorias, que haja a redução à zero dos tributos

federais. Apesar dessas últimas inovações quem é assalariado continua a pagar

mais tributos diz o IPEA.

Países como Alemanha quem mais ganha paga proporcionalmente mais

impostos e quem ganha menos proporcionalmente paga menos impostos. Essa

diferença coloca o Brasil entre as piores distribuições de renda do planeta. Como

erradicar a pobreza e reduzir as desigualdades sociais e regionais?

Com intuito de suavizar essa desigualdade foram criados vários

programas e ações sociais do governo federal. A bolsa família criada no governo de

Fernando Henrique Cardoso é uma das mais conhecidas, mas ao mesmo tempo em

que a população desfavorecida pode se alimentar mais, a parcela de impostos

também cresce, pois a comida é altamente tributada no país.

São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e a infância, a assistência aos desamparados, na forma desta constituição (CF-ART 6º).

Não pode continuar tributando essencialmente o consumo, devemos fazer

com que a cobrança recaia sobre a renda e o patrimônio com isso atingirá a camada

mais abastada.

A população brasileira deve ser tributada de acordo com as suas posses.

O bem comum se efetivará quando todos estiverem conscientes de tudo isso, ou

seja, a carga tributária e a distribuição de renda se tornarão mais justa. O cidadão

deve conhecer o quanto paga para manter o estado. Isto é cidadania fiscal.

Outro tema fundamental a respeito da função social dos tributos é como

são gastos os recursos adquiridos através da arrecadação dos impostos. Esse é o

instante onde podemos perceber a aplicação social da arrecadação.

Primeiramente, pode-se dizer que a maior parte dos gastos públicos

destina-se ao pagamento da divida pública. De acordo com o Orçamento Geral da

União, dos R$ 1,712 trilhão arrecadados dos impostos federais em 2012, 43,98%

foram consumidos pela divida pública, 4,17% foram para a Saúde, à educação

recebeu 3,34%, Segurança 0,39%, Transportes 0,7% e Habitação somente 0,01%.

Os números acima demonstram que os problemas sociais são

acarretados pela má distribuição daquilo que é arrecadado. Há tantos tributos pagos,

Page 23: JOSÉ MÁRCIO ERCULANO MARCULINO EDUCAÇÃO FISCAL AGENTE DE ... FISCAL... · consciência no dever de uma cidadania fiscal acontece no momento de votar, na educação com qualidade,

22

porém os recursos adquiridos pelo governo brasileiro o retorno é ínfimo, com isso os

serviço públicos são ineficiente.

Analisando ainda constata-se uma consequência negativa direta para o

cidadão. São problemas diários de saneamento, saúde e educação, dentre outros.

São cortes dos direitos sociais da população amparado em constituição que o

governo usa para pagar a dívida.

Essa falha da administração pública é que o renomado advogado

tributarista Martins (2009) expressa sua desilusão sobre a real função do tributo:

Aos 70 anos, dos quais 46 dedicados ao estudo do direito tributário estou, cada vez mais, convencido de que o tributo não tem nenhuma função social.

Outra pratica que colabora com a injustiça social é a corrupção que se

instalou na administração pública do Brasil. Infelizmente são vários episódios que

surge diariamente. São desvios de verbas na construção de prédios públicos,

enriquecimentos ilícitos por políticos, empresários, funcionários públicos e policiais.

Tem-se também como exemplo caso de golpes aplicados ao Instituto

Nacional de Seguridade Social (INSS), pessoas recebendo a aposentadoria no lugar

de segurado já falecido. Comportamentos como esses afetam a vida do estado e da

população. São crimes sociais da mais alta gravidade. Para se ter uma ideia o

desvio das verbas e o roubo de dinheiro público acarreta a diminuição de

investimento em beneficio da população na saúde e na educação.

Não se pode esquecer o efeito da excessiva carga tributaria no país, o

crescimento do comercio informal nas cidades brasileiras e a sonegação fiscal. Um

aumento na economia informal leva uma redução nos recursos públicos.

Quando um empresário vende uma mercadoria sem nota fiscal, consequentemente,

não repassa o valor do imposto ao estado, com isso afetará os serviços públicos

essenciais à população.

É urgente a mudança comportamental de todos os membros da

sociedade. A educação fiscal surge com a finalidade de trazer as informações

necessárias dos deveres/direitos do cidadão propiciando assim a justiça fiscal e

social. Será a concretização do bem-estar da população.

Ao relacionar função social do estado com os tributos, possibilita a

concretização da função social do tributo. Gera então uma responsabilidade dos

contribuintes, em outras palavras é um dever de cada um nós, é a cidadania fiscal.

Page 24: JOSÉ MÁRCIO ERCULANO MARCULINO EDUCAÇÃO FISCAL AGENTE DE ... FISCAL... · consciência no dever de uma cidadania fiscal acontece no momento de votar, na educação com qualidade,

23

2.2 FUNÇÃO SOCIOECONÔMICA DOS TRIBUTOS

Para que o governo possa cumprir seu objetivo primordial, que é a

realização do bem comum, através da garantia aos direitos sociais, como por

exemplo, direito à saúde, educação, trabalho, lazer, previdência. Direitos esses em

constituição como já visto anteriormente, se faz necessário à obtenção de recursos,

arrecadados na sua maioria através dos tributos.

Assim, tributo é toda contribuição em dinheiro paga pelo cidadão,

conforme a lei, com o fim de atender as atividades da administração pública, ou seja,

para obter o bem comum.

Portanto, é dever de todo cidadão recolher aos cofres públicos os tributos

e contribuir assim para o bem estar do meio ao qual vive. Na obra, para uma teoria

política do tributo.

De acordo com Lisboa. (1999),

Se for através do imposto que o estado obtém a maioria dos meios para dar satisfação às necessidades coletivas e realizar os seus fins, então parece poder concluir-se que o tributo é algo inerente, integrante da vida coletiva, anterior até a própria noção de estado.

Para alcançar o bem comum se fazem necessários uma relação fisco e

contribuinte em harmonia. O perigo da globalização nos trouxe o risco de agravar as

desigualdades sociais do nosso país. Mas uma política administrativa avançada é

capaz de atender à nova ordem econômica mundial não esquecendo a justiça social.

Nesse contexto, o cidadão deve ser consciente do seu poder e do seu

papel. Mas o que significa ser cidadão num país com tantos contrastes e

contradições sociais? O povo quer serviços públicos de qualidade, mas quer fugir do

pagamento dos tributos. Como o estado pode responder pelas necessidades do seu

povo?

Paulo Freire ressalta que “cidadania se aprende”. O povo brasileiro

necessita de mudança de consciência. Para Morin, (2000),

É necessário que as mentes humanas sejam formadas com base na consciência de que o humano é, ao mesmo tempo, individuo parte da sociedade, parte da espécie. Afinal, qualquer desenvolvimento poderá ser considerado realmente humano se compreender o desenvolvimento conjunto das autonomias individuais, das participações comunitárias, bem como da importante conscientização de pertencer a espécie humana.

Mas a característica atual no Brasil revela uma sociedade moderna e

industrial do outro lado os indicadores sociais demonstra que vive um povo em

Page 25: JOSÉ MÁRCIO ERCULANO MARCULINO EDUCAÇÃO FISCAL AGENTE DE ... FISCAL... · consciência no dever de uma cidadania fiscal acontece no momento de votar, na educação com qualidade,

24

condições de extrema pobreza e marginalidade urbana, ou em condições de

ignorância e pobreza.

O desafio do momento é desenvolver o país cada vez mais com uma

perspectiva de um futuro melhor para todos. É necessária a participação individual e

coletiva do povo brasileiro com ações concretas no social. Compete o cumprimento

dos deveres do cidadão para com o estado.

Não adianta querer sonegar com a justificativa de que os tributos são mal

aplicados, que há corrupção com desvios do dinheiro público. Nessa perspectiva

recorremos ao sociólogo Betinho “só a participação cidadã é capaz de mudar esse

país”.

A relação entre o estado e o povo passa, por uma significativa

transformação, cujo objetivo é o exercício da cidadania plena e a igualdade para

todos. Compete aos cidadãos, o cumprimento dos seus deveres para com o estado

para que possam exigir direta ou indiretamente os benefícios de interesse de todos.

Os direitos humanos estão incluídos em todas as constituições modernas.

Na democracia, os direitos do cidadão são soberanos, comenta-se até que

atualmente vive-se “a era dos direitos” de acordo com a obra de Bobbio, (2004).

Porém pouco se falam sobre os deveres de cada um dos cidadãos. Mas qual o

dever de cada um de nós, cidadão?

O dever do cidadão é participar da construção de um país desenvolvido e

justo, automaticamente todos se tornam responsável pelo resultado alcançado. De

acordo com Demo, (1995),

O nosso estado é tão ruim, porque a cidadania é ruim... tal qual a elite, o Estado e seus funcionários são impunes, porque seu autônomo patrão, a população cidadã, não tem ainda competência suficiente para por ordem na casa.

A crise mundial em que se vive exige uma reorganização dos papéis do

estado, do cidadão, dos funcionários públicos, do povo. O momento exige uma

compreensão dos deveres de cidadania. É fundamental que restabeleça uma

relação de dialogo e debates entre a sociedade e o estado e que o governo atenha-

se para construir um país mais bem-sucedido economicamente e socialmente.

Mas para isso acontecer e usando as palavras de Bonavides (2005), para

fazer o barco constitucional navegar, é necessário o braço forte do cidadão.O povo

tem a seu dispor uma democracia, basta usa-la através de sua participação, é

constitucional esse papel.

Page 26: JOSÉ MÁRCIO ERCULANO MARCULINO EDUCAÇÃO FISCAL AGENTE DE ... FISCAL... · consciência no dever de uma cidadania fiscal acontece no momento de votar, na educação com qualidade,

25

Para melhor enfatizar ressalta Demo (1995):

A cidadania, além de ser o fator mais decisivo para civilizar o mercado, é a força que qualifica o estado. À medida que avançar, sobretudo com os avanços da educação básica qualitativa, será possível introduzir mudanças econômicas e políticas de peso. O gestor governamental corrupto ou inepto não voltará mais a governar.

Cabe á educação garantir as gerações vindouras o domínio do seu saber

objetivando a construção da cidadania. É a principal estratégia para formar um

cidadão consciente. A CF/88 tem como objetivo a construção de uma sociedade

justa, livre e solidária e clama o povo a exercer sua cidadania. A educação como a

base de um país, é de todos.

Há um dever que não se deve fugir que é o de pagar tributos. É de

responsabilidade de todos. É a contribuição do cidadão na construção de um país

melhor garantindo pelo menos uma vida digna. Isso é Cidadania. A prática da

sonegação fiscal merece repúdio. É um golpe profundo, porque tira dos mais

necessitados a possibilidade de se sentirem povo.

Nesse contexto, surge a educação fiscal como uma possibilidade de

melhor conscientizar a sociedade quanto à função socioeconômica do tributo. É um

assunto dos mais significativos, que possibilita o despertar das atitudes essenciais

do cidadão na construção de um estado que de fato assuma o seu papel de atender

o bem estar social.

2.3 EDUCAÇÃO FISCAL

A deficiência cultural da população brasileira de entender temas como

cidadania, deveres, direitos, tributos, constituição. A educação fiscal surge com o

intuito de desperta o povo para uma atuação cidadã. As informações sobre esses

temas contribui para a população brasileira exercer sua cidadania.

Uma população com conhecimentos e consciente de seus direitos e

deveres é um cidadão pronto para participar muito mais, cobrar e até votar com mais

qualidade.

Diante disso, a família e a escola surgem como instituições formadoras de

cidadãos, onde cada um tem um papel de alta relevância na conscientização das

crianças e jovens, contribuindo assim para formar cidadãos sensíveis as questões

socioeconômicas de nosso país.

Page 27: JOSÉ MÁRCIO ERCULANO MARCULINO EDUCAÇÃO FISCAL AGENTE DE ... FISCAL... · consciência no dever de uma cidadania fiscal acontece no momento de votar, na educação com qualidade,

26

A educação fiscal é um processo de ensino e aprendizagem baseado em três eixos – valores, cidadania e cultura fiscal – e que tem como objetivo fomentar uma cidadania participativa e consciente de seus direitos e obrigações. (CURSO EDUCAÇÃO FISCAL E CIDADANIA)

Conforme Xerez (2008, pág. 450),

A escola é o espaço que tem como função social ensejar essa estimulação, a autonomia da autoconstrução, consciência política e social, porque cidadania é algo construído e conquistado através da plena consciência dos direitos e deveres, e da criticidade do mundo.

Mas os docentes, em todos os graus, são unânimes em afirmar que os

pais não participam desse processo de maneira adequada na formação dos seus

filhos, colocando a responsabilidade nas escolas.

O Programa de educação fiscal no Brasil foi criado no seminário do

Conselho Nacional de Política Fazendária (CONFAZ), em 1996, em Fortaleza-Ce,

quando das conclusões do encontro registramos o seguinte trecho:

A introdução do ensino do programa de consciência tributaria nas escolas é fundamental para despertar nos jovens a prática da cidadania, o respeito ao bem comum e a certeza de que o bem-estar social somente se consegue com a conscientização de todos.

Em setembro do mesmo ano, firmou-se um convênio entre todos os entes

federativos do Brasil no “intuito de elaborar e implementar um programa nacional

permanente de conscientização tributaria em todo território nacional”.

A Filosofia do Programa Nacional de Educação Fiscal tem como base

quatro Pilares, documentado que se encontra a disposição de todos no site

www.esaf.fazenda.gov.br:

- É requisito da cidadania a participação individual na definição da política fiscal e na elaboração das leis para sua execução; - Os serviços públicos somente poderão ser oferecidos à população se o governo arrecadar tributos; - Os recursos públicos são geridos pelos representantes do povo, cabendo ao cidadão votar responsavelmente, acompanhar as ações de seus representantes e cobrar resultados; - A sociedade tem limitada capacidade de pagar tributos; portanto, os recursos públicos devem ser aplicados segundo prioridades estabelecidas em orçamento e com controle de gastos; o pagamento voluntaria de tributos faz parte do exercício da cidadania.

Percebe-se que é um grande desafio, pois se trata de um processo de

retorno de longo prazo, são valores novos incutidos na pratica diária dos futuros

cidadãos. Conscientes de seu dever perante a si, ao próximo e a nação. A

educação fiscal traz abordagens de divisão de conhecimentos sobre o poder público

para elevar a eficácia e detalhamentos das ações do governo.

Page 28: JOSÉ MÁRCIO ERCULANO MARCULINO EDUCAÇÃO FISCAL AGENTE DE ... FISCAL... · consciência no dever de uma cidadania fiscal acontece no momento de votar, na educação com qualidade,

27

O povo cumprindo livremente e conscientemente os seus deveres e

permanentemente exercendo o controlo social sobre as atitudes governamentais. E

o estado como um grande prestador de serviço de qualidade para a sociedade

brasileira.

Esse mecanismo de transformação ao se concretizar, teremos cidadãos

conscientes e automaticamente críticos, com isso aumentaremos o senso de

responsabilidade fiscal e social dos nossos governantes. É o pleno exercício da

cidadania.

É notório que com a intensificação desse programa desenvolvera nos

administradores o fortalecimento da ética, reduzindo o desejo de ganhar vantagens

em tudo em troca de certos serviços.

Com o investimento na educação e na melhora na qualidade do ensino as

crianças e jovens de hoje terão uma formação adequada, para Amorim e Cruz,

(2010, pág. 19):

A elevação geral do nível de escolaridade da população possibilita ganhos socioeconômicos, fortalece a cidadania e propicia a participação da comunidade na luta por conquistas sociais substantivas.

A melhoria na qualidade dos educadores é de suma importante nesse

processo, o instante exige que os profissionais na área da educação tenham

compromisso com uma maneira nova de ensinar possibilitando mudanças de hábitos

na vida cotidiana dos cidadãos. E como formadores de opiniões estejam

fundamentados em conhecimentos na educação fiscal independente do curso que

lecione integrando assim cidadão e estado na busca de uma relação harmônica

consolidando no futuro a valorização da vida e o bem-estar social de todos.

2.4 HARMONIZAÇÃO ENTRE O CIDADÃO E O GOVERNO

Para a administração do governo o programa de educação fiscal estimula

o cidadão a cumprir voluntariamente as obrigações tributárias, mediante o

pagamento dos impostos aos cofres públicos. Porém, o dever de pagar os tributos

como um dever de cidadão passa por uma discussão muito ampla, por exemplo,

para melhorar a relação fisco e o povo, este precisa perceber em forma de serviços

o que o estado arrecada se está sendo aplicado corretamente.

Page 29: JOSÉ MÁRCIO ERCULANO MARCULINO EDUCAÇÃO FISCAL AGENTE DE ... FISCAL... · consciência no dever de uma cidadania fiscal acontece no momento de votar, na educação com qualidade,

28

Na verdade há uma rejeição da população com relação ao pagamento

dos tributos por que o contribuinte ver como uma participação do estado no seu

patrimônio. Outro motivo da não aceitação é que há sonegação por parte de alguns.

Porém essa relação piora quando o cidadão procura o estado em busca

de auxilio e proteção e só encontra descaso, indiferença ou até mesmo hostilidade

por parte da máquina administrativa governamental.

Outros exemplos de descaso é a lentidão da justiça, a dificuldade de

conseguir um tratamento médico, um ensino de péssima qualidade, a precariedade

das rodovias da capital, do interior e federal são alguns dos motivos que o cidadão

se pergunte sobre o dever de pagar impostos.

Presente na Constituição Federal o recolhimento dos impostos surge

como um dever do contribuinte de acordo com a medida da capacidade de cada um

contribuir, porém a legislação permite um tratamento diferenciado com redução na

base de cálculo, isenções, créditos presumidos.

Com isso abrem-se debates sobre o tratamento desigual entre os

contribuintes. Ocorre também certo privilégio fiscal em alguns ramos de atividade

empresarial. Assim, conforme Borges (1980, pág 39):

Estabelecido na Constituição Federal o principio da isonomia, segue-se que, indistintamente, estão vedados os privilégios de raça, classe e religião. Todos devem contribuir, na medida da sua capacidade, para a satisfação dos encargos públicos. Necessariamente a tributação deve obedecer a uma relação comutativa direta ou indireta com benefícios sociais. Discriminações tributárias, enquanto impliquem um tratamento privilegiado ou de favorecimento de determinadas pessoas, não as tolera o ordenamento constitucional brasileiro.

Ressalta ainda Borges:

Podem ser estabelecidas em lei apenas isenções compatíveis com o sistema constitucional da tributação, isto é, não violatórias do principio de isonomia ou igualdade de todos perante o fisco. Podem ser outorgadas isenções que não contrariem o principio da generalidade da tributação, mas que tão somente o excepcionam.

A Carta Magna no art. 150, II, proíbe a instituição de “tratamento desigual

entre contribuintes que se encontrem em situação equivalente” o que tira a possível

concessão de benefícios fiscais ou de tratamento tributários diferenciados, desde

que justificada pelo interesse da sociedade. Nesse contexto, no tema tributação, o

fisco deve tratar igual todos os contribuintes, sem selecionar uns em detrimento de

outros. Os benefícios fiscais não podem favorecer ou privilegiar, pois todos são

iguais perante o erário público.

Page 30: JOSÉ MÁRCIO ERCULANO MARCULINO EDUCAÇÃO FISCAL AGENTE DE ... FISCAL... · consciência no dever de uma cidadania fiscal acontece no momento de votar, na educação com qualidade,

29

Os benefícios fiscais ou a desobrigação de pagamento dos tributos, como

exceção ao de que todos devem contribuir para financiar a máquina administrativa

estatal, conforme a capacidade de cada um se justifica somente quando o estado

alcança o bem comum.

Diante desse assunto Bobbio (1998) define o bem comum em:

Toda atividade do Estado, quer política quer econômica, deve ter como objetivo criar uma situação que possibilite aos cidadãos desenvolverem suas qualidades como pessoas; cabe aos indivíduos, singularmente impotentes, buscar solidariamente em conjunto este fim comum.

São formas para alcançar o “bem comum” os direitos e deveres

individuais e coletivos (CF/88, art. 5º.), a diminuição das desigualdades regionais e

sociais (art. 170, VII), a saúde (art. 196), a educação (art. 205) entre outros.

Portanto, os impostos arrecadados e empregados, na medida em que

concorrem para esse fim, através do financiamento de bens e serviços públicos à

sociedade e em permitir os direitos e garantias assegurados em constituição.

Diante do exposto pergunta-se como melhorar o relacionamento entre o

estado e cidadão? A sociedade deve abrir discussão sobre esse processo numa

busca de harmonização entre as partes.

Afirma Bobbio (1998):

“O bem comum se distingue do bem individual e do bem público. Enquanto o bem público é um bem de todos por estarem unidos, o Bem comum é dos indivíduos por serem membros de um Estado; trata-se de um valor comum que os indivíduos podem perseguir somente em conjunto, na concórdia. Além disso, com relação ao Bem individual, o Bem comum não é um simples somatório destes bens; não é tampouco a negação deles; ele coloca-se unicamente como sua própria verdade ou síntese harmoniosa, tendo como ponto de partida a distinção entre individuo, subordinado à comunidade, e a pessoa que permanece o verdadeiro e último fim. Toda atividade do Estado, quer política quer econômica, deve ter como objetivo criar uma situação que possibilite aos cidadãos desenvolverem suas qualidades como pessoas; cabe aos indivíduos, singularmente impotentes, buscar solidariamente em conjunto este fim comum”.

Então, o cumprimento do “bem comum” é a ocupação principal do estado,

cujo objetivo e o seu fim é a razão de seu existir. O bem comum inclui toda a

disponibilidade da máquina governamental para o desenvolvimento do cidadão,

portanto desenvolve uma conduta moral do ser.

Com intuito de trazer uma reflexão sobre a função social do tributo e com

isso esclarecer/melhorar a relação fisco/contribuinte abordamos a questão da

moralidade e tributação. Torres (1993, pág. 6), adverte que a República Federativa

do Brasil no seu aspecto social:

Page 31: JOSÉ MÁRCIO ERCULANO MARCULINO EDUCAÇÃO FISCAL AGENTE DE ... FISCAL... · consciência no dever de uma cidadania fiscal acontece no momento de votar, na educação com qualidade,

30

Os impostos passam a se impregnar da finalidade social ou extrafiscal, ao fito de desenvolver certos setores da economia ou de inibir consumos e condutas nocivas à sociedade. Pela vertente da despesa, a atividade se desloca para a redistribuição de rendas, através do financiamento da entrega de prestações de serviços públicos ou de bens públicos, e para a promoção do desenvolvimento econômico, pelas subvenções e subsídios.

Os impostos visam não apenas ao financiamento da administração

pública, mas conduzir um melhor comportamento da sociedade, com consequências

no âmbito econômico e social. O governo deve não apenas recolher os tributos aos

cofres do governo, mas produzir alterações no econômico e principalmente no social

do país.

Ressalta-se ainda que a carga de impostos não pode ser tão alta

utilizando como argumento o fim social onde no fim não ocorre esse retorno para os

cidadãos.

O contribuinte é um cidadão, chamado a contribuir para financiar a

administração governamental. Mas o governo dever tornar possível que a pessoa

leve uma vida verdadeiramente humana com direitos, à saúde, educação e cultura,

alimentação adequada, trabalho, vestuário entre outros. Outro problema gravíssimo

é a postura de alguns funcionários da administração pública, levando a

comportamentos sem ética e agindo até de má-fé,

Conforme Malerbi (1998, pág. 58),

A moralidade administrativa é principio desdobrada da confiança que o povo depositou no poder e na legitimidade da atividade administrativa em relação à gestão da coisa pública. Em consequência, a moralidade no contexto dos princípios erigidos à administração, guarda primazia, pois toda atuação estatal deve partir e buscar a dimensão ética. No Estado Democrático de Direito, a legalidade legítima da conduta administrativa é, simplesmente, legalidade moral. A moralidade do direito é, assim, o aperfeiçoamento das atividades da administração pública.

O erário e o contribuinte deve possuir uma relação de colaboração e

confiança. O governo deve orientar facilitar, promover o conhecimento da legislação

levando o contribuinte uma possibilidade de cumprir suas obrigações fiscais.

Isto significa o desenvolvimento da cidadania em cada um dos

contribuintes. A conscientização acontece também quando da noção de bem

público, como do patrimônio público comum de toda a sociedade, da administração

fazendária.

Há uma necessidade de aumentar a eficiência do governo. A

administração governamental deve ser transparente no desempenho de suas

funções. Para melhor harmonizar o estado e o cidadão o relacionamento deve ser

Page 32: JOSÉ MÁRCIO ERCULANO MARCULINO EDUCAÇÃO FISCAL AGENTE DE ... FISCAL... · consciência no dever de uma cidadania fiscal acontece no momento de votar, na educação com qualidade,

31

pautado na moral e ética. Ver e refletir sobre o social é de fundamental importância

nesse contexto. É necessária uma persistência e uma modificação de postura do

cidadão e do administrador público com relação aos pagamentos dos tributos.

O Programa Nacional de Educação Fiscal tem um como objeto estimular

a harmonização governo e cidadão na busca da estruturação da democracia no

nosso país. Todos devem estar engajados no cumprimento desse objetivo

educadores, educando, servidores públicos, políticos, enfim os cidadãos.

Por fim, a relação população e governo devem ter por base a ética e a

moral. Os interesses individuais devem ser dominados pelos interesses públicos. E

não podemos esquecer que um dos objetivos fundamentais da Republica Federativa

do Brasil é, “Construir uma sociedade livre, justa e solidária”.

A metodologia usada até o momento é a pesquisa de obras com a

finalidade de proporcionar o debate ao tema “Educação Fiscal seu papel

transformador” visando uma sociedade mais justa.

Page 33: JOSÉ MÁRCIO ERCULANO MARCULINO EDUCAÇÃO FISCAL AGENTE DE ... FISCAL... · consciência no dever de uma cidadania fiscal acontece no momento de votar, na educação com qualidade,

32

3. METODOLOGIA 3.1 Escolha do Tema

Elaborar um projeto de pesquisa se faz necessário adotar uma sequência

de comportamentos que ajudem a manter a monografia dentro de uma linha de

raciocínio. Esses comportamentos/estudos são denominados de metodologia de

pesquisa. Conforme Vergara (2009, pág. 3) “Método é um caminho, uma forma,

uma lógica de pensamento”.

Para que haja o desenvolvimento de um trabalho cientifico, o

procedimento inicial é a escolha do tema. Segundo Almeida (2011, pág. 7) “a

escolha do tema permite que você aprofunde os conhecimentos sobre o mesmo”.

Para escolher o tema do presente trabalho foi feito uma breve análise

critica das recentes manifestações que ocorreram pelo Brasil; onde, evidenciou-se

uma dificuldade da população em entender o verdadeiro exercício da cidadania.

O tema “educação fiscal – agente de transformação e sua relação entre o

cidadão e o estado” surgiu como necessária e urgente para atualidade. Das milhões

de pessoas que foram as ruas pude verificar que um alto grau de participantes não

sabem exatamente qual é o motivo de sua insatisfação. Sou a favor das

manifestações, porém as não violentas.

O acompanhamento das manifestações populares ocorreu através de

jornais, programa televisivo e internet. A seguir verificamos a dificuldade de se

entender sobre questões tributarias, econômicas e políticas, surgiu a partir daí a

ideia de abordar esse assunto, retratando a educação fiscal como aliado na

transformação da sociedade na busca da harmonização do estado e cidadão.

Após definido o tema de estudo vem à escolha dos métodos de pesquisa

que irá proporcionar o desenrolar do trabalho sem sair da ideia central.

A escolha do método a ser utilizado é indispensável para iniciar um

trabalho de conclusão de um determinado curso. Segundo, Almeida (2011, pág. 30)

“trata-se da adoção de procedimentos padronizado e muito bem descritos, afim de

que outras pessoas cheguem a resultados semelhantes se seguirem os seus

passos”.

Page 34: JOSÉ MÁRCIO ERCULANO MARCULINO EDUCAÇÃO FISCAL AGENTE DE ... FISCAL... · consciência no dever de uma cidadania fiscal acontece no momento de votar, na educação com qualidade,

33

Com a finalidade de alcançar os objetivos propostos por esse trabalho de

termino de curso, apresenta-se abaixo os métodos e procedimentos utilizados para

elaborar este estudo acadêmico.

3.2 Tipo de Pesquisa

De acordo com Gil (2002, pág. 41) quanto aos objetivos de uma

determinada pesquisa cientifica pode ser classificada em: exploratória, descritiva e

explicativa.

3.3 Pesquisa Bibliográfica

Nesse aspecto da pesquisa acadêmica, aconteceu através de

levantamento das obras acerca do tema escolhido. Nesse presente trabalho

relacionamos obras que abordam assuntos pertinentes a: Educação Fiscal,

Cidadania, Função Social dos Tributos, Programa Nacional de Educação Fiscal,

Responsabilidade Fiscal, dentre outros.

Vergara (2009, pág. 43) afirma que:

Pesquisa bibliográfica é o estudo sistematizado desenvolvido com base em material publicado em livros, revistas, jornais, redes eletrônicas, isto é, material acessível ao público em geral.

Portanto as obras e as publicações periódicas permitem fundamentar a

ideia do trabalho acadêmico e buscam reflexões, soluções e respostas para as

indagações.

Além das pesquisas bibliográficas, foi feito:

1. Pesquisa virtual (consulta a sites ligados ao assunto);

2. Pesquisa a Programas realizados por municípios e estados da

Federação;

3. Pesquisa documental (seminários, jornais, textos, artigos, revistas,

publicações entre outros).

Após o conhecimento do método de pesquisa utilizado, passamos ao

capitulo seguinte trazendo o estudo sobre a educação fiscal, pois é o um programa

educativo cujo objetivo é o exercício pleno da cidadania.

Page 35: JOSÉ MÁRCIO ERCULANO MARCULINO EDUCAÇÃO FISCAL AGENTE DE ... FISCAL... · consciência no dever de uma cidadania fiscal acontece no momento de votar, na educação com qualidade,

34

4. EDUCAÇÃO FISCAL

Como já comentado anteriormente, são conjuntos de ações visando o

ensino e a aprendizagem tendo como base três pilares – valores, cidadania e cultura

fiscal – e que tem como finalidade estimular uma cidadania participativa e consciente

de suas obrigações e direitos.

Os primeiros registros das ideias da Educação Fiscal no Brasil ocorreram

por volta das décadas de 1960 e 1970, quando o Ministério da Fazenda instituiu,

através da Receita Federal, programas educativos de informação sobre os impostos

federais e seu retorno para o social. A partir desses registros iniciais, oficializou, em

1996, um Programa Nacional de Educação Fiscal (PNEF).

No período de 27 a 30 de maio de 1996, realizou-se no município de

Fortaleza-Ce, o seminário do Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz),

cujo assunto era “Administração Fazendária”. No encerramento do encontro, um dos

itens de conclusão era:

“A introdução do ensino do programa de consciência tributária nas escolas é fundamental para despertar nos jovens a prática da cidadania, o respeito ao bem comum e a certeza de que o bem-estar social somente se consegue com a conscientização de todos”.

Nos meados de setembro do mesmo ano, a União, os Estados e o Distrito

Federal assinaram um Convênio de Cooperação Técnica, “a elaboração e a

implementação de um programa nacional permanente de conscientização tributária,

para ser desenvolvido por todas as unidades da Federação”.

Mas foi apenas em março de 1999, que a Confaz aprova e altera o nome

do programa para Programa Nacional de Educação Fiscal (PNEF) com a seguinte

promessa de harmonizar a relação entre o estado e o povo. No intuito de levar a

sociedade mecanismos para acompanhar os gastos da administração Pública.

Conforme Rivillas, Vilardebó e Mota 2010( pág. 44):

No final do ano de 2002, foi instituída e reformulada através da portaria No. 413 o Grupo Nacional, agora de Educação Fiscal aumentando sua composição para os três níveis de governo e reorganizando competências e instituições ligadas ao assunto. O Grupo de Educação Fiscal (GEF) objetiva descentralizar as atitudes e ajudar a participação do publico escolar em ações e projetos pedagógicos.

Page 36: JOSÉ MÁRCIO ERCULANO MARCULINO EDUCAÇÃO FISCAL AGENTE DE ... FISCAL... · consciência no dever de uma cidadania fiscal acontece no momento de votar, na educação com qualidade,

35

4.1 Da Filosofia do Programa Nacional de Educação Fiscal

Continua os mesmos autores acima citado, que os pilares do Programa

Nacional de Educação Fiscal (2010, pág. 44/45):

1. É requisito da cidadania a participação individual na definição da política fiscal e na elaboração das leis para sua execução; 2. Os serviços públicos somente poderão ser oferecidos à população se o governo arrecadar tributos; 3. Os recursos públicos são geridos pelos representantes do povo, cabendo ao cidadão votar responsavelmente, acompanhar as ações de seus representantes e cobrar resultados; 4. A sociedade tem limitada capacidade de pagar tributos; portanto, os recursos públicos devem ser aplicados segundo prioridades estabelecidas em orçamento e com controle de gastos; o pagamento voluntário de tributos faz parte do exercício da cidadania.

O referido programa define (2010, pág. 35): Educação Fiscal é uma transmissão de

conhecimentos, de informações ou de esclarecimentos úteis ou indispensáveis a sociedade

contemporânea .

Ela é um grande desafio, pois se trata de um processo de implantação de

valores com mudanças a longo prazo nos indivíduos. São alterações nos hábitos

adquiridos a longo do tempo do povo que só perceberemos nos futuros cidadãos,

que serão conscientes de suas obrigações perante o governo e aos patrimônios

públicos. O povo exercerá sua função de cidadania cobrando coerentemente a

destinação dos recursos adquiridos dos impostos arrecadados pelo governo.

A educação fiscal se propõe a trabalhar sobre a óptica de aumentar o

conhecimento da população sobre a administração pública com intuito de elevar a

eficiência das ações do governo e sua transparência. Nesse sentido, a sociedade e

o estado se harmonizarão cumprindo fielmente seus papéis. A sociedade atendendo

espontaneamente as suas obrigações e o estado prestando os serviços de

qualidade.

A disseminação do programa trará uma mudança significativa na postura

de contribuintes/cidadão e administradores públicos. A educação Fiscal se faz

necessária, pois consideramos como uma estratégia não apenas para se arrecadar

cada vez melhor, mas para alcançar uma sociedade justa.

4.2 Agente de Transformação Social

Segundo Amorim e Cruz (2010, pág.20) a educação tem um papel

fundamental na formação e promoção social do ser.

Page 37: JOSÉ MÁRCIO ERCULANO MARCULINO EDUCAÇÃO FISCAL AGENTE DE ... FISCAL... · consciência no dever de uma cidadania fiscal acontece no momento de votar, na educação com qualidade,

36

E a escola, continua sendo a formadora de cidadãos. Portanto, se faz

necessário o ingresso e a permanência de crianças, jovens e adultos de todos os

níveis sociais nas instituições de ensino. Mas não basta apenas assegurar a sua

permanência nas instituições educacionais. Deve-se ter um ensino de qualidade, é

preciso que seja inserido nas grades curriculares temas relacionadas a cidadania e a

ética.

Não se deve deixar de reconhecer a importância da educação formal, pois

ela prepara o individuo a uma determinada profissão. Mas os profissionais da área

da educação precisam reformular, executar, incorporar uma nova forma de educar.

A educação com o sentido de educar, ou seja, a educação como formação humana.

O povo reconhece o aumento do sistema publico de ensino, no crescente

aumento nas ofertas de matricula, de material escolar, de merenda, mas percebe

que tudo isso veio acompanhado em uma qualidade péssima de ensino. Nos últimos

tempos, o estado e suas políticas públicas parece não se preocupar com a

efetivação dessas mudanças sociais dentro da educação.

Alves (2001, pág. 198) diz que:

“Com o suporte desses recursos, e tratada sob a ênfase da democratização do ensino, da disseminação da cultura e da formação do cidadão, a expansão escolar tem correspondido tão-somente a um aumento quantitativo das redes escolares públicas. Mas, exatamente por esse meio, tem realizado uma função essencial, pois tem contribuído para assegurar a alocação, em atividade improdutiva, de trabalhadores liberados pelas atividades produtivas e para manter no interior das camadas médias, os filhos de seus integrantes”.

Numa reflexão com que foi exposta, a escola é uma produtora de

cidadãos, e numa contradição ela aliena e impossibilita uma ascensão social.

Portanto a função social da educação e das escolas possuem pontos que precisam

ser enfrentadas e resolvidas pelos grupos que vivem o dia a dia escolar e esta

função necessita ser discutida, planejada e construída e todos que estão envolvidos

devem se comprometer para que as mudanças sejam alcançadas.

Analisando o problema, percebe-se que não podemos eximir outras

instituições educacionais de assumir o seu papel de educar como a família e a

igreja. Atualmente, muitos educadores reclamam que as famílias não têm

participado adequadamente da educação das suas crianças/jovens transferindo para

as instituições de ensino toda a responsabilidade na arte de educar.

As técnicas de ensino e aprendizagem tem se caracterizado ainda pelo

ensinar através de um discurso oral e escrito sem as atitudes e valores que venha

Page 38: JOSÉ MÁRCIO ERCULANO MARCULINO EDUCAÇÃO FISCAL AGENTE DE ... FISCAL... · consciência no dever de uma cidadania fiscal acontece no momento de votar, na educação com qualidade,

37

contribuir para que o ser venha ter respeito ao próximo, a si mesmo e ao meio em

que o educando esta inserido.

A educação fiscal deve ser implantada e pode trazer temas nos currículos

escolares assuntos que possibilite mudanças sociais significativas. Em sala de aula

das instituições de ensino privada e principalmente nas redes públicas federais,

estaduais e municipais disciplinas como gestão dos recursos públicos, impostos,

deveres e direitos dos indivíduos, cidadania e a relação do povo e do estado e

tantos outros temas de alta relevância na construção de uma sociedade que tanto

almejamos.

Cabe, portanto, as instituições educacionais, assegurar um plano

adequado de ensino que favoreça a aprendizagem de conteúdos que estimulem

crianças, jovens e adultos a uma consciência cidadã. É urgente essa nova forma de

ensinar e aprender.

A educação e as instituições de ensino devem se comprometer em trazer

novos modelos de ensino que venha atender as necessidades coletivas. Por

exemplo, disseminando assuntos sobre gestão pública, ética, cidadania,

provavelmente reduzirá a corrupção, suavizará as diferenças sociais, conduzindo

assim a integração do estado e do cidadão. Mas sem uma educação fiscal atuante e

eficiente, as mudanças sociais tornam-se praticamente impossíveis.

Desse modo, “a educação é o caminho” e o momento exige que, todos os

envolvidos educadores ou não, tomem posições a favor de uma instituição

educacional que seja voltada para a formação de cidadãos. E o tema educação

fiscal é um assunto permanente e ativo. É um amplo projeto educativo objetivando

conhecimentos específicos necessários ao pleno exercício da cidadania.

4.3 Ações do Programa Nacional de Educação Fiscal

Comentando os referidos autores, Rivillas, Vilardebó e Mota (2010, pág.

45/46):

O PNEF foi implantado com a finalidade de inserir o tema Educação Fiscal nas: escolas de ensino fundamental, escolas de ensino médio, servidores públicos (municipal, estadual e federal), universidades e sociedade em geral. O Programa é uma ação conjunta de todas as unidades da federação do Brasil sob a coordenação da Escola de Administração Fazendária (ESAF).

Page 39: JOSÉ MÁRCIO ERCULANO MARCULINO EDUCAÇÃO FISCAL AGENTE DE ... FISCAL... · consciência no dever de uma cidadania fiscal acontece no momento de votar, na educação com qualidade,

38

As principais ações do Programa registradas atualmente em âmbito

nacional dividem-se em ações de arte, educação, formação e sensibilização. As

palestras, seminários, workshops, debates são atitudes que sensibilizam a

sociedade.

Encontram-se também na atualidade pelo Brasil a formação de

disseminadores em Educação Fiscal com curso presencial e á distância. Cursos de

pós-graduação. Ações de educação na formação e capacitação de professores,

monitores e atividades acadêmicas. Na arte, verificamos a elaboração e encenação

de peças teatrais, vídeos, músicas, concursos culturais enfocando o tema em

questão.

Recentemente uma equipe de educação fiscal da Receita Federal

promoveu ação de conscientização na praia do Arpoador/RJ contra pirataria de

produtos, informando aos transeuntes que a aquisição dessas mercadorias traz uma

consequência negativa tanto à saúde como a economia brasileira, além da

distribuição da revista “leãozinho”.

Na região norte do Brasil, no dia 10 de outubro passado o Grupo de

Educação Fiscal da Alfândega do Porto de Manaus participou da homenagem ao dia

das Crianças na aldeia indígena localizada no rio Tarumã-Açú, na oportunidade o

grupo abordou de forma informal com as crianças o tema “Cidadania: direitos e

deveres”.

No 2º trimestre desse ano a ESAF promoveu no seu auditório em

Brasilia/DF um encontro internacional de intercâmbio técnico em educação fiscal

cujo o programa trazia temas como: PNEF- diretrizes, desafios e perspectivas,

Experiência da sociedade civil em educação fiscal e controle social.

Experiência de educação fiscal formal na educação básica em estados e

municípios brasileiros, A educação fiscal nas instituições gestoras federal, estadual e

municipal dentre outros assuntos agendados para o encontro.

Nos últimos tempos diagnosticamos a criação dos conselhos municipais

cujo objetivo é a participação do povo na gestão publica para que haja um melhor

atendimento à população por parte dos serviços públicos.

Nos ensinos superiores pelo País encontramos várias experiências de

educação fiscal incluindo esse tema nos cursos de pedagogia, história, saúde e

contabilidade entre outros.

Page 40: JOSÉ MÁRCIO ERCULANO MARCULINO EDUCAÇÃO FISCAL AGENTE DE ... FISCAL... · consciência no dever de uma cidadania fiscal acontece no momento de votar, na educação com qualidade,

39

Na Região Sul, notadamente no Rio Grande do Sul, as secretarias da

fazenda e da educação em parceria promovem temas sobre orçamento público,

ingressos das receitas, despesas públicas e fiscalização do estado, assuntos esses

que fazem parte da rotina das salas de aula, mostrando aos alunos e a sociedade

em geral que a cidadania é assunto de todos os dias e, portanto não se tira férias

quando o tema é educação fiscal.

Já no estado de Goiás, Semanalmente o Movimento Pedagógico

Estratégico, da Secretaria da Educação estadual promove palestras e encontros

com o Grupo de Educação Fiscal Estadual (GEFE/GO) levando assuntos de

cidadania, impostos, meio ambientes, respeito ao trânsito aos alunos dos colégios

das redes estaduais de ensino.

No dia 14 de Agosto de 2013, a educação fiscal no Ceará completou 15

anos, sendo um momento de reflexão com o intuito de reforçar os acertos e de

traçar novas estratégias que permita sustentar o programa no nosso estado. Nos

últimos tempos encontramos na pratica uma estrutura organizacional mais firme

procurando parcerias necessárias ao êxito do programa.

Parcerias essas que pode-se exemplificar:

1. SEFAZ – Secretaria da Fazenda;

2. SEDUC – Secretaria da Educação Estadual;

3. TCM – Tribunal de Contas do Município;

4. RFB – 3ª Região Fiscal

5. CGU – Controladoria Geral da União

6. SEFIN – Secretaria de Finanças do Município de Fortaleza;

7. Secretaria de Educação de Fortaleza;

8. CRC/CE – Conselho Regional de Contabilidade.

A SEFAZ/CE ministrou no último dia 25 e 26 de Setembro curso de

“Educação Fiscal e Cidadania” em Iguatu/CE para Estudantes dos Cursos de

Administração de Empresas e Ciências Contábeis da Universidade do Vale do

Acaraú (UVA), o evento firma uma parceria com o objetivo de difundir naquela

instituição conteúdos como ética, cidadania, meio ambiente, administração publica,

tributos e controle social.

Fazendo parte das ações comemorativas dos 15 anos a SEFAZ/CE leva o

projeto itinerante á todos os administradores fazendários que compõem os núcleos

de execução de sua secretaria espalhadas pelo estado cujo objetivo é disseminar

Page 41: JOSÉ MÁRCIO ERCULANO MARCULINO EDUCAÇÃO FISCAL AGENTE DE ... FISCAL... · consciência no dever de uma cidadania fiscal acontece no momento de votar, na educação com qualidade,

40

temas abordados pela Educação Fiscal como a relação entre Estado e Sociedade,

Ética, Justiça Fiscal e Controle Social dentre outros.

No município de Fortaleza através de sua Secretaria de Finanças instituiu

em lei no. 9.825 do ano de 2011, o programa de Educação Fiscal do Município

tornando a primeira capital brasileira a implantar um programa de Educação Fiscal

com tanta abrangência.

Os principais pontos da Lei:

1. Inclui a educação fiscal de forma transversal nas salas de aula; 2. Estimulo a EI, MPE e EPP; 3. Institui o Prêmio SEFIN; 4. Destinação de 0,04% da RCL para Educação Fiscal; 5. Abre espaços para parcerias público-privada.

Atualmente os projetos municipais vêm se intensificando exemplo disso é

a criação do projeto “Farol da Cidadania” que trata de um programa instrumental que

possibilita o exercício da cidadania, leva aos estudantes o conhecimento dos

equipamentos públicos e estatais e informa a origem e aplicação dos recursos

públicos dentre outras ações educativas.

Por último não podemos deixar de registrar que: “O Programa de

Educação Fiscal do Ceará – PEF estabeleceu parceria com o Conselho Regional de

Contabilidade do Ceará – CRC/CE com o intuito de disseminar o tema Educação

Fiscal junto aos profissionais e estudantes de escola técnica e universitários do

Estado do Ceará”. A parceria foi inaugurada com o Curso “Tributação e Cidadania”

realizada no período de 11/05/2013 a 29/06/2013.

4.4 Educação Fiscal e Controle Social

O Art.1º. da Constituição Federal de 1988 estabelece que a República

Federativa do Brasil constitui-se em Estado Democrático de Direito, portanto

significa dizer que a concretização do bem estar da sociedade assegura a

participação dos cidadãos no processo de tomada de decisão. Daí, o individuo

passa a ser o ator principal na construção de sua própria vida.

Para atender as demandas e assegurar o bem estar da sociedade o

governo realiza gastos e, portanto, necessita de receitas cujas origens nascem da

arrecadação de tributos.

Page 42: JOSÉ MÁRCIO ERCULANO MARCULINO EDUCAÇÃO FISCAL AGENTE DE ... FISCAL... · consciência no dever de uma cidadania fiscal acontece no momento de votar, na educação com qualidade,

41

O controle social é um dos principais instrumentos que a população

possui para fiscalizar as ações públicas. É o acompanhamento, a vigilância e a

fiscalização das atividades desenvolvidas pelo governo federal, estadual e

municipal. Assim, o controle social é a prova do mecanismo de uma cidadania ativa

e permanente.

Exemplificando a participação ativa do povo é o direito de exigir/receber o

cupom fiscal/nota fiscal ao realizar uma aquisição de uma mercadoria/produto nos

estabelecimentos comerciais, caso não receba o contribuinte pode exigir o seu

documento fiscal.

A emissão de notas fiscais cresce a arrecadação dos impostos e garante

o ingresso de maior dinheiro nos cofres do governo, recursos que voltarão em forma

de serviços na área da saúde, educação etc. O ciclo é fechado quando o cidadão

realiza novamente o controle da correta aplicação de tais recursos.

O cidadão necessita cada vez mais conhecer melhor as estruturas da

administração pública. A educação fiscal surge com uma proposta de despertar, na

sociedade, o interesse de acompanhar a captação dos recursos e os seus gastos. É

uma ação mais participativa do povo.

A prática do controle social permite, naturalmente, uma qualidade melhor

na prestação de serviço por parte da máquina administrativa do governo que, no

aumento do atendimento das necessidades da sociedade, passou a capacitar os

seus servidores, ampliando gradativamente a transparência da sua gestão.

O exercício do controle social pode encontrar diversos entraves

aumentando a dificuldade de acompanhar a gestão pública. De acordo com o

próprio povo como exemplos podemos citar o tráfico de influências, o

assistencialismo ou paternalismo político, as dificuldades de acesso ao Poder

Judiciário, dentre outros que impedem uma participação e uma fiscalização maior

por parte da sociedade.

Como consequências negativas dessas práticas dentro da administração

pública facilitam fenômenos como a corrupção, o crime organizado, à violência, as

desigualdades econômicas dificultando assim a prática da cidadania.

O surgimento da Lei de Responsabilidade Fiscal em 2000 instituiu

mecanismo que ajuda na prática do exercício do controle social, pois permite de

forma clara o planejamento, o equilíbrio entre as receitas e despesas do governo e a

transparência das contas públicas.

Page 43: JOSÉ MÁRCIO ERCULANO MARCULINO EDUCAÇÃO FISCAL AGENTE DE ... FISCAL... · consciência no dever de uma cidadania fiscal acontece no momento de votar, na educação com qualidade,

42

A sociedade brasileira através do aumento de movimentos espalhados

pelo País traz como foco principal tema transparência. Sabemos que os fatores

para tal clamor é o inconformismo. É a prova de que a população não suporta mais

conviver com sucessivas atitudes contra valores e princípios constitucionais.

A participação popular é um elemento essencial no controle social, a

sociedade civil deve ampliar seu interesse, deve buscar ideias, procurar recuperar o

tempo perdido. A educação fiscal deve ser um canhão de luz libertadora desses

hábitos nocivos que permeiam a nossa sociedade.

Em muitos lugares, pelas terras brasileiras é possível identificar projetos

com aplausos para figurar nas boas práticas de cidadania. Abaixo encontra-se a

prova disso, documentado e a disposição como modelo para toda a sociedade

brasileira, acessando o site http://observatoriosocialmaringa.org.br,

Maringá (PR) – Cidade exemplo

Maringá – Cidade Paranaense possui um histórico de desvio de dinheiro dos cofres

públicos. Nos anos 90 foram desviados mais de R$ 100 milhões da prefeitura, os

escândalos foram noticia nacional. Com isso os problemas eram muitos na

educação, saúde, no trânsito, dentre outros. Na época o Tribunal de Contas do

Estado aprovou as contas municipais, mas só algum tempo depois a comunidade

descobriu as falcatruas. Quando foi descoberta em 2000 a revolta foi enorme.

Motivada pelos escândalos e como consequência positiva no ano de 2006 fundava o

OBSERVATÓRIO SOCIAL DE MARINGÁ (OSM), criada com o intuito de

proporcionar aos habitantes da cidade oportunidades que promovam a coesão

social, por meio da transparência e zelo na gestão dos recursos públicos. A equipe

se reúne uma vez por semana para traçar metas de trabalho, que são discutidas e

avaliadas por vários integrantes. Toda e qualquer denúncia da comunidade são

analisadas antes de qualquer procedimento. Apesar de o seu nascimento ser

recente, o desenvolvimento dos seus trabalhos contribui para uma relação correta

dos impostos arrecadados e os serviços públicos de qualidade. A metodologia

compreende três fases:

1. Análise no edital de licitação:

Page 44: JOSÉ MÁRCIO ERCULANO MARCULINO EDUCAÇÃO FISCAL AGENTE DE ... FISCAL... · consciência no dever de uma cidadania fiscal acontece no momento de votar, na educação com qualidade,

43

Caso necessite, é solicitado ao poder público a impugnação ou possíveis

alterações, após a conclusão de que o edital é transparente, o mesmo é

divulgado para um maior número de empresas possível.

2. Processo da Licitação;

Nessa fase, é verificado os preços, as quantidades e a qualidade dos

produtos e/ou serviços adquiridos.

3. Acompanhamento da entrega dos produtos e/ou serviços:

Verifica-se, se o que foi ofertado na licitação é o mesmo que está sendo

entregue. Ainda é feito o controle de estoque e o seu efetivo consumo.

Como verificamos a ideia é simples, mas com um impacto profundo

superando o período do assistencialismo que o Brasil passa para uma efetiva

prestação dos serviços por parte do poder público.

Em julho desse ano o Observatório foi capa da revista Super

Interessante como exemplo, de que a sociedade ao invés de ficar reclamando,

decidiu reagir, o cidadão sem filiação de partido monitorasse voluntariamente o uso

do dinheiro público naquele município.

Assim finaliza-se o presente capitulo demonstrando que a Educação

Fiscal é a fomentadora da pratica do controle social e que o acompanhamento e

controle dos gastos públicos são necessários para efetiva justiça social.

Page 45: JOSÉ MÁRCIO ERCULANO MARCULINO EDUCAÇÃO FISCAL AGENTE DE ... FISCAL... · consciência no dever de uma cidadania fiscal acontece no momento de votar, na educação com qualidade,

44

5 CONCLUSÃO

A sociedade brasileira contemporânea necessita de uma proposta

educacional que aproxime estado e cidadão.

Para que o povo realmente se torne cidadão de fato, se faz necessário

que ele entenda sobre a gestão dos tributos, no âmbito municipal, estadual e federal.

A educação fiscal procura debater, espalhar, dar subsídios, ou seja, disseminar

conhecimentos à população com o fim de contribuir para o verdadeiro exercício da

cidadania.

Portanto, aquele que estiver interessado na construção de uma

sociedade mais justa deve participar desta metodologia. Nesse contexto, a reflexão

sobre as práticas sociais vigentes é de fundamental importância.

O programa Nacional de Educação Fiscal não é uma campanha para

arrecadar mais, é um programa voltado para a cidadania, seu objetivo é mudança de

hábitos, como por exemplo, a sonegação fiscal e a corrupção que permeia por vários

séculos. O programa exige um esforço conjunto de cidadão, administradores

públicos e política.

As atuais manifestações populares demonstram o momento delicado em

que nação atravessa, apesar de muitos não entender o que seja “cidadania”. Mas a

insatisfação dos manifestantes trouxe um espaço público para a discussão de temas

pertinentes a aprendizagem. O momento é propicio para debates, simpósios,

seminários, trabalhos acadêmicos. Porque antes de ensinar as futuras gerações se

faz necessários que venhamos a aprender.

É sabido por muitos dos nossos direitos. Mas para que a nossa

sociedade/estado melhore se faz necessário que cada um político, cidadão,

administradores públicos, governantes, a sociedade enfim entenda sua verdadeira

função/papel dentro do estado, ou seja, seus deveres.

Quando mudarmos de costumes/hábitos nocivos e do avanço da

educação fiscal desde a infância, passando pela fase juvenil chegando à adulta

todos será ciente dos seus deveres. O cidadão comandará o estado, portanto não

teremos governos corruptos fugindo de suas responsabilidades. É o caminho para a

concretização da justiça social e bem-estar do povo.

Page 46: JOSÉ MÁRCIO ERCULANO MARCULINO EDUCAÇÃO FISCAL AGENTE DE ... FISCAL... · consciência no dever de uma cidadania fiscal acontece no momento de votar, na educação com qualidade,

45

Muitos fogem da necessidade do pagamento dos impostos, mas acabam

cobrando do governo inescrupuloso uma postura ética e a responsabilidade pelos

seus atos errados.

Engana-se quem acha que o trabalho terminou quando se exige a nota

fiscal quando da aquisição de um determinado produto, e depois disso, temos que

saber para onde foi o valor recolhido e o como foi investido? Por que queremos o

retorno através dos serviços prestados pelo governo.

Analisando as fontes pesquisadas percebemos que a implantação e a

disseminação do Programa Nacional de Educação Fiscal no Brasil têm avançado.

Mas há muito ainda a fazer. Deve-se ser encarado como apenas um inicio. O

caminho é longo. Há de chegar o dia que os impostos recolhidos alcance sua função

social quando da arrecadação e principalmente na aplicação dos recursos dele

provenientes. Faz-se necessário que a aliança entre os Ministérios da Fazenda e da

Educação se intensifiquem. Busquem novas estratégias, pois a educação crítica,

questionadora, proporciona um desenvolvimento de um país.

Por tudo isso, o estudo dessa pesquisa identifica que a educação fiscal é

um assunto que deve crescer ainda mais e que as manifestações populares levem a

uma revolução de consciência. Pois somente um povo conscientizado, leva um

cidadão a participar, interferir, controlar, melhorar as suas relações com as políticas

de todos os órgãos públicos desse país.

Page 47: JOSÉ MÁRCIO ERCULANO MARCULINO EDUCAÇÃO FISCAL AGENTE DE ... FISCAL... · consciência no dever de uma cidadania fiscal acontece no momento de votar, na educação com qualidade,

46

6.REFERÊNCIAS AMARO, Luciano. Direito Tributário Brasileiro. 16ª. Ed. São Paulo: Saraiva, 2010.

Almeida, Nébia Maria de Figueiredo. Método e Metodologia na Pesquisa Cientifica,

3ª Ed. Editora Yendis, São Paulo: 2011.

ALVES, Gilberto. A produção da escola pública contemporânea. Editora Autores

Associados, Campo Grande: 2001.

BARRETO, Paulo Ayres. Contribuições - Regime Jurídico, Destinação e Controle,

São Paulo: Noeses, 2006.

BECKER, Alfredo Augusto. Teoria G. do Direito Tributário, 2ªEd. – São Paulo:

Saraiva,1972.

BOBBIO, Norberto. A era dos direitos, 6ª Edição. Editora Campos. São Paulo: 2004.

BOBBIO, Norberto, Matteucci, Nicola&Pasquino, Gianfranco. Dicionário de Política.

11ª. Ed. Brasilia: UnB, 1998.

BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional. 17ª Ed. São Paulo: Malheiros,

2005.

BORGES, José Souto Maior. Isenções Tributárias. 2ª. Ed. São Paulo: Sugestões

Literárias, 1980.

BRASIL, Constituição da República Federativa. 40ª. Ed. Atual. – São Paulo:

Saraiva, 2007.

CRUZ, Lindalva Costa da e Amorim, Rosendo Freitas de. Fasciculo 01 do curso

Educação Fiscal e Cidadania à distância, 2010.

DEMO, Pedro. Cidadania tutelada e cidadania assistida. Editora autores associados.

São Paulo: 1995.

Page 48: JOSÉ MÁRCIO ERCULANO MARCULINO EDUCAÇÃO FISCAL AGENTE DE ... FISCAL... · consciência no dever de uma cidadania fiscal acontece no momento de votar, na educação com qualidade,

47

GIL, Antonio Carlos. Como elaborar Projetos de Pesquisa, 4ª. Ed. São Paulo: Atlas,

2002.

VERGARA, Sylvia Constant. Projetos e relatórios de pesquisa em administração. 10ª

Ed. Rio de Janeiro: Atlas, 2009.

LISBOA, João Ricardo Catarino. Para Uma Teoria Política do Tributo. Lisboa. Na

Revista de Ciências e Técnica Fiscal, 1999.

MACHADO, Hugo de Brito. Curso de Direito Tributário, 26ª. Ed. São Paulo:

Malheiros, 2005.

MALERBI, Diva. O Principio da Moralidade no Direito Tributário. Coordenador Ives

Gandra da Silva Martins. 2ª. Ed. São Paulo: Revista dos Tribunais: Centro de

Extensão Universitária, 1998.

MARTINS, Ives Gandra da Silva. Uma Breve Teoria do Poder. 2ª. Ed. São Paulo:

Revistas dos Tribunais, 2009.

MORIN, Edgar. Os sete saberes necessários à educação do futuro.São

Paulo:Cortez, 2000.

MUSGRAVE, Richard A. Finanças Públicas: Teoria e Prática, São Paulo: Atlas,

1976.

RIVILLAS, Borja Díaz e Vilardebó, Andréa e Mota, Luiza Ondina Santos. Fasciculo

02 do Curso Educação Fiscal e Cidadania à distância, 2010.

TORRES, Ricardo Lobo. Curso de Direito Financeiro e Tributário. São Paulo:

Renovar, 2003.

XEREZ, Antonia Solange Pinheiro. Educação e Cidadania: ampliando os espaços de

inclusão. Editora: LCR, Fortaleza, 2008.