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2020 PROCESSO COLETIVO José Roberto Mello Porto 54

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2020

PROCESSO COLETIVO

José Roberto Mello Porto

54

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C a p í t u l o

XI

Sentença e Coisa Julgada

1. SENTENÇA COLETIVA

1.1. Direitos difusos e coletivos

Quando o processo tiver como objeto direitos difusos e coleti-vos, não existe grande peculiaridade a respeito da sentença.

Uma preocupação, contudo, deve permear a decisão, mor-mente em se tratando de obrigações de fazer e não fazer: a prio-ridade pela prestação específica, seja ela preventiva (evitando o dano) ou repressiva (restituindo o estado anterior ao dano) - prin-cípio da maior coincidência entre o direito e sua realização na tutela coletiva.

` O que diz a lei?CDC: Art. 84. Na ação que tenha por objeto o cumprimento da obrigação de fazer ou não fazer, o juiz concederá a tutela específica da obrigação ou determinará providências que assegurem o resultado prático equivalente ao do adimplemento.

§ 1° A conversão da obrigação em perdas e danos somente será admis-sível se por elas optar o autor ou se impossível a tutela específica ou a obtenção do resultado prático correspondente.

ECA: Art. 213. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer, o juiz concederá a tutela específica da obrigação ou determinará providências que assegurem o resultado prático equivalente ao do adimplemento.

EI: Art. 83. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obrigação de fazer ou não-fazer, o juiz concederá a tutela específica da obrigação ou determinará providências que assegurem o resultado prático equivalente ao adimplemento.

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176 Processo Coletivo – Vol. 54 • José Roberto Mello Porto

` Como esse assunto foi cobrado em concurso?(CESPE – 2019 – TJ/SC– Juiz de Direito) Em caso de ação que tenha por ob-jeto o cumprimento da obrigação de fazer ou não fazer, o juiz deverá dar prioridade à conversão da obrigação em perdas e danos.

A alternativa foi considerada incorreta.

(CESPE – 2019 – MPE/PI – Promotor de Justiça) De acordo com o Código de Defesa do Consumidor, em ação coletiva que tenha por objeto o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer, há a possibilidade de conversão dessa obrigação em pagamento de indenização por perdas e danos somente se

a) o autor optar pela conversão.

b) o réu optar pela conversão.

c) a tutela específica ou a obtenção do resultado prático correspon-dente for impossível.

d) o autor optar pela conversão ou se for impossível a tutela específica ou a obtenção do resultado prático correspondente.

e) o réu optar pela conversão ou se for impossível a tutela específica ou a obtenção do resultado prático correspondente.

A alternativa D foi considerada correta.

São perfeitamente cumuláveis a obrigações de pagar e de fa-zer ou não fazer, não existindo restrição quanto aos pedidos.

` Como esse assunto foi cobrado em concurso?(CESPE – 2018 – Polícia Civil/MA – Delegado de Polícia) O MP de determi-nado estado da Federação ajuizou uma ação civil pública por improbi-dade administrativa contra determinado servidor estadual.

Nessa situação hipotética, a ação civil pública poderá requerer a con-denação pecuniária do servidor para a reparação de dano, mas não formular pedido de cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer de qualquer natureza.

A alternativa foi considerada incorreta.

De outro lado, quando a sentença contiver condenação em obrigação de pagar, o valor deverá ser revertido para um fundo – geralmente, o Fundo de Direitos Difusos, criado pela LACP – , salvo quando o dano tiver atingido o erário, caso em que a doutrina admite a reparação direta aos cofres públicos.

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177Cap. XI • Sentença e Coisa Julgada

` O que diz a lei?LACP: Art. 13. Havendo condenação em dinheiro, a indenização pelo dano causado reverterá a um fundo gerido por um Conselho Federal ou por Conselhos Estaduais de que participarão necessariamente o Ministério Pú-blico e representantes da comunidade, sendo seus recursos destinados à reconstituição dos bens lesados.

§ 1º. Enquanto o fundo não for regulamentado, o dinheiro ficará depo-sitado em estabelecimento oficial de crédito, em conta com correção monetária.

§ 2º. Havendo acordo ou condenação com fundamento em dano causado por ato de discriminação étnica nos termos do disposto no art. 1º desta Lei, a prestação em dinheiro reverterá diretamente ao fundo de que trata o caput e será utilizada para ações de promoção da igualdade étnica, conforme definição do Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Ra-cial, na hipótese de extensão nacional, ou dos Conselhos de Promoção de Igualdade Racial estaduais ou locais, nas hipóteses de danos com exten-são regional ou local, respectivamente.

Observação: o FDD é regrado pela lei 9.008/95 e regulamentado pelo decreto 1.306/94.

ECA: Art. 214. Os valores das multas reverterão ao fundo gerido pelo Con-selho dos Direitos da Criança e do Adolescente do respectivo município.

§ 1º As multas não recolhidas até trinta dias após o trânsito em julgado da decisão serão exigidas através de execução promovida pelo Ministério Pú-blico, nos mesmos autos, facultada igual iniciativa aos demais legitimados.

§ 2º Enquanto o fundo não for regulamentado, o dinheiro ficará depositado em estabelecimento oficial de crédito, em conta com correção monetária.

EI: Art. 84. Os valores das multas previstas nesta Lei reverterão ao Fundo do Idoso, onde houver, ou na falta deste, ao Fundo Municipal de Assistên-cia Social, ficando vinculados ao atendimento ao idoso.

Parágrafo único. As multas não recolhidas até 30 (trinta) dias após o trân-sito em julgado da decisão serão exigidas por meio de execução promo-vida pelo Ministério Público, nos mesmos autos, facultada igual iniciativa aos demais legitimados em caso de inércia daquele.

O FDD é gerido por conselho federal ou estadual, formados por representante do Ministério Público e da comunidade, para além de outros membros (art. 3º do decreto 1.306/94 e art. 2º da lei 9.008/95).

Dentre os recursos que compõem o fundo, destacam-se os valores recebidos a título de condenação, nas ações coletivas.

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Existe uma sutil divergência doutrinária acerca de quais seriam essas verbas:

1) Primeira corrente (Hugo Nigro Mazzilli, Fredie Didier Jr, Hermes Zaneti Jr, Daniel Assumpção Neves, Fabrício Bastos): critério é o da indivisibilidade dos direitos tutelados, logo as verbas em dinheiro oriundas de processos sobre direitos difusos e coleti-vos em sentido estrito irão para o fundo;

2) Segunda corrente (Adriano Andrade, Cleber Masson, Landolfo Andrade): a reversão de verbas ao fundo se restringe aos di-reitos difusos.

Existem outras fontes de receita, como multas cominatórias nos processos envolvendo esses direitos e doações de pessoas físicas ou jurídicas.

` Como esse assunto foi cobrado em concurso?(CESPE – 2017 – TRF-5ª Região – Juiz Federal) Em se tratando de ação civil pública por danos ambientais ajuizada

a) por associação de vítimas, eventuais multas processuais serão re-vertidas em favor dos associados.

b) pelo Ministério Público, a indenização arbitrada em sentença será destinada às vítimas diretas do prejuízo ambiental.

c) por estado-membro, a indenização arbitrada em sentença será des-tinada ao erário estadual.

d) por associação, a indenização arbitrada em sentença será destinada aos associados.

e) pelo Ministério Público, eventuais multas processuais serão reverti-das em favor do Fundo de Direitos Difusos.

A alternativa E foi considerada correta.

Tais recursos serão destinados à reconstituição do bem lesa-do, de acordo com a LACP. A legislação do FDD complementa essa finalidade central com outras:

a) Recuperação do bem;

b) Educação em direitos (promoção de eventos educativos, elaboração de material informativo);

c) Modernização administrativa dos órgãos responsáveis pelas políticas públicas.

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179Cap. XI • Sentença e Coisa Julgada

Extrapolando uma restrita interpretação desse rol, o Superior Tribunal de Justiça já decidiu pela possibilidade do uso dos recur-sos para custeio da perícia requerida em ação coletiva pelo Minis-tério Público.

` Como entende a jurisprudência?Inexistência de circunstância capaz de qualificar a decisão impugnada como manifestamente ilegal ou teratológica, pois a Primeira Seção desta Corte, no julgamento dos EREsps 733.456/SP e 981.949/RS, ocorrido na as-sentada do dia 24 de fevereiro de 2010, decidiu que, conquanto não se possa obrigar o Ministério Público a adiantar os honorários do perito nas ações civis públicas em que figura como parte autora, diante da norma contida no art. 18 da Lei 7.347/85, também não se pode impor tal obriga-ção ao particular, tampouco exigir que o trabalho do perito seja prestado gratuitamente.

Diante desse impasse, afigura-se plausível a solução adotada no caso, de se determinar a utilização de recursos do Fundo Estadual de Reparação de Interesses Difusos Lesados, criado pela Lei Estadual 6.536/89, consi-derando que a ação civil pública objetiva interromper o parcelamento irregular de solo em área de mata atlântica, ou seja, sua finalidade última é a proteção ao meio ambiente e a busca pela reparação de eventuais danos que tenham sido causados, coincidentemente com a destinação para a qual o Fundo foi criado. (RMS 30.812/SP, Rel. Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma, julgado em 04/03/2010)

1.2. Direitos individuais homogêneos

Quando o processo tiver como objeto direitos individuais ho-mogêneos, a sentença coletiva será quase sempre genérica, fixan-do apenas a existência da obrigação e as partes da obrigação, enquanto a extensão do dano sofrido por cada envolvido será defi-nida na liquidação individual. Contudo, a sentença pode trazer pa-râmetros específicos a serem observados na posterior liquidação e no cumprimento, como reconhecido pelo STJ.

` Como esse assunto foi cobrado em concurso?(FCC – 2019 – TJ/AL – Juiz de Direito) Nas ações coletivas para defesa de interesses individuais homogêneos, em caso de procedência do pedi-do, a condenação será certa e determinada, fixando-se a responsabi-lidade do réu pelos danos causados e os legitimados a requererem o cumprimento do julgado, individualizados.

A alternativa foi considerada incorreta.

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Tal sentença deverá ser amplamente divulgada, e, para tanto, o STJ indica que a melhor forma de notificação seja a publicação de editais na rede mundial de computadores, ou mesmo por conta do próprio réu.

` Como entende a jurisprudência?Sob a égide do CPC/15, foi estabelecida a regra de que a publicação de editais pela rede mundial de computadores é o meio mais eficaz da in-formação atingir um grande número de pessoas, devendo prevalecer, por aplicação da razoabilidade e da proporcionalidade, sobre a onerosa pu-blicação em jornais impressos.

Precedentes. (STJ, REsp 1821688/RS, Rel. Ministra Nancy Andrighi, Terceira Turma, julgado em 24/09/2019)

Em razão do dever do juiz de assegurar o resultado prático do julga-do, determinando todas as providências legais que entender necessárias para a satisfação do direito da ação e com vistas ao alcance do maior número de beneficiários, a obrigação imposta ao recorrente de divulgar a sentença genérica em jornais de grande circulação deve ser substituída pela publicação na internet, nos sites de órgãos oficiais e no da própria recorrente, pelo prazo de 15 dias. (STJ, REsp 1570698/MT, Rel. Ministra Nan-cy Andrighi, Terceira Turma, julgado em 11/09/2018)

` Como esse assunto foi cobrado em concurso?(FCC – 2019 – TJ/AL – Juiz de Direito) Nas ações coletivas para defesa de interesses individuais homogêneos, ajuizada a demanda será publica-do edital no órgão oficial, a fim de que os interessados possam intervir no processo como litisconsortes, sem prejuízo de ampla divulgação pelos meios de comunicação social por parte dos órgãos de defesa do consumidor.

A alternativa foi considerada correta.

A respeito dos juros, o Superior Tribunal de Justiça fixou tese, em recurso repetitivo, no sentido de que o termo inicial é a citação na ação coletiva, pouco importando a comunicação na liquidação individual.

` Como entende a jurisprudência?A sentença de procedência da Ação Civil Pública de natureza condenató-ria, condenando o estabelecimento bancário depositário de Cadernetas de Poupança a indenizar perdas decorrentes de Planos Econômicos, esta-belece os limites da obrigação, cujo cumprimento, relativamente a cada um dos titulares individuais das contas bancárias, visa tão-somente a ade-

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181Cap. XI • Sentença e Coisa Julgada

quar a condenação a idênticas situações jurídicas específicas, não interfe-rindo, portando, na data de início da incidência de juros moratórios, que correm a partir da data da citação para a Ação Civil Pública.

Dispositivos legais que visam à facilitação da defesa de direitos individuais homogêneos, propiciada pelos instrumentos de tutela coletiva, inclusive assegurando a execução individual de condenação em Ação Coletiva, não podem ser interpretados em prejuízo da realização material desses direi-tos e, ainda, em detrimento da própria finalidade da Ação Coletiva, que é prescindir do ajuizamento individual, e contra a confiança na efetividade da Ação Civil Pública, O que levaria ao incentivo à opção pelo ajuizamento individual e pela judicialização multitudinária, que é de rigor evitar.

Para fins de julgamento de Recurso Representativo de Controvérsia (CPC, art. 543-C, com a redação dada pela Lei 11.418, de 19.12.2006), declara-se consolidada a tese seguinte: “Os juros de mora incidem a partir da cita-ção do devedor na fase de conhecimento da Ação Civil Pública, quando esta se fundar em responsabilidade contratual, se que haja configura-ção da mora em momento anterior.” (STJ, REsp 1361800/SP, Rel. Ministro Raul Araújo, Rel. P/ Acórdão Ministro Sidnei Beneti, Corte Especial, julgado em 21/05/2014)

` Como esse assunto foi cobrado em concurso?(CESPE – 2017 – TRF-5ª Região – Juiz Federal) O Ministério Público de de-terminado estado da Federação e o Ministério Público Federal ajuiza-ram, em litisconsórcio, ação civil pública para tutela de direitos indivi-duais homogêneos de consumidores lesados por contrato de consumo.

De acordo com o STJ, nessa situação hipotética, se o réu for condena-do em obrigação de dar quantia certa, os juros de mora incidirão a partir da sentença condenatória que vier a ser prolatada na fase de conhecimento.

A alternativa foi considerada incorreta, pois o marco correto é a citação.

2. COISA JULGADA

Na tutela coletiva, uma visão sobre a coisa julgada importa-da da tutela individual significaria comprometimento aos direitos posto em juízo, que não pode ser defendido pelos seus titulares, assim como não se pode abrir mão da imutabilidade garantida pelo instituto.

2.1. Limites objetivos

Para facilitar o estudo, pode-se afirmar que a coisa julgada, no processo coletivo, possui limites peculiares.

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Os limites objetivos, usualmente restritos ao dispositivo da sentença, são flexibilizados no transporte in utilibus, no qual o legis-lador autoriza a ampliação objetiva do título executivo em proces-so sobre direitos transindividuais em favor de direitos individuais – como será visto no capítulo referente à liquidação da sentença coletiva.

2.2. Limites subjetivos

Quanto aos limites subjetivos, tem-se a formação de coisa jul-gada ultra partes e erga omnes dependendo da espécie de direito tutelada, bem como da delimitação (ou não) do grupo que será beneficiado pela decisão – e não meramente inter partes, como no processo individual.

` O que diz a lei?CDC: Art. 103. Nas ações coletivas de que trata este código, a sentença fará coisa julgada:

I - erga omnes, exceto se o pedido for julgado improcedente por insufi-ciência de provas, hipótese em que qualquer legitimado poderá intentar outra ação, com idêntico fundamento valendo-se de nova prova, na hipó-tese do inciso I do parágrafo único do art. 81;

II - ultra partes, mas limitadamente ao grupo, categoria ou classe, salvo improcedência por insuficiência de provas, nos termos do inciso anterior, quando se tratar da hipótese prevista no inciso II do parágrafo único do art. 81;

III - erga omnes, apenas no caso de procedência do pedido, para be-neficiar todas as vítimas e seus sucessores, na hipótese do inciso III do parágrafo único do art. 81.

O panorama legal é o seguinte:

a) Direitos difusos: coisa julgada erga omnes;

b) Direitos coletivos em sentido estrito: coisa julgada ultra partes;

c) Direitos individuais homogêneos: coisa julgada erga omnes.

` Como esse assunto foi cobrado em concurso?(MPE/SC – 2019 – MPE/SC – Promotor de Justiça) Nas demandas es-sencialmente coletivas, a eficácia subjetiva da coisa julgada material é erga omnes, conforme art. 103, I, do Código de Defesa do Consumidor,

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183Cap. XI • Sentença e Coisa Julgada

quando a tutela jurisdicional tiver como objeto o direito difuso, e será ultra partes, conforme art. 103, II, do Código de Defesa do Consumidor e art. 21, I, da Lei n. 12.016/2009, quando versar sobre a tutela jurisdi-cional do direito coletivo em sentido estrito.

A alternativa foi considerada correta.

(MPE/SC – 2019 – MPE/SC – Promotor de Justiça) Nas ações coletivas de que trata o Código de Defesa do Consumidor, a sentença fará coisa julgada, ultra partes, em todo e qualquer caso, limitado ao grupo ou classe que guarde relação com o tema demandado.

A alternativa foi considerada incorreta.

No mandado de segurança coletivo, existe um aparente re-gramento próprio para a coisa julgada, limitada aos membros do grupo ou categoria substituídos pelo impetrante. A doutrina, po-rém, costuma enxergar no comando um mero esclarecimento da natureza de substituição processual dos legitimados.

` O que diz a lei?LMS: Art. 22. No mandado de segurança coletivo, a sentença fará coisa julgada limitadamente aos membros do grupo ou categoria substituídos pelo impetrante.

No mandado de injunção coletivo, com a edição da legislação própria, optou-se por adotar, como regra, a posição concretista intermediária coletiva.

Mesmo na impetração individual, após o trânsito em julgado, poderá haver extensão dos efeitos aos casos análogos, ampliando a extensão subjetiva em prol da isonomia.

` O que diz a lei?LMI: Art. 13. No mandado de injunção coletivo, a sentença fará coisa jul-gada limitadamente às pessoas integrantes da coletividade, do grupo, da classe ou da categoria substituídos pelo impetrante, sem prejuízo do disposto nos §§ 1º e 2º do art. 9º.

Art. 9º § 2º Transitada em julgado a decisão, seus efeitos poderão ser es-tendidos aos casos análogos por decisão monocrática do relator.

` Como esse assunto foi cobrado em concurso?(CESPE – 2018 – PGE-PE – Procurador do Estado) De acordo com lei que disciplina o mandado de injunção, uma vez transitada em julgado a de-

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cisão final, o relator poderá, monocraticamente, estender seus efeitos a casos análogos.

A alternativa foi considerada correta.

(VUNESP – 2019 – Câmara de Piracicaba – Advogado) Determinada cate-goria de servidores públicos ajuizou mandado de injunção para obten-ção de um direito constitucional em razão da falta da respectiva norma regulamentadora, obtendo decisão favorável para usufruir desse di-reito. Assim, considerando o que dispõe o direito brasileiro a respeito desse instituto, é correto afirmar que

a) a decisão judicial terá eficácia subjetiva limitada às partes e produ-zirá efeitos até eventual edição da norma regulamentadora, ainda que a aplicação da norma lhe seja mais favorável.

b) sem prejuízo dos efeitos já produzidos, a decisão poderá ser revis-ta, a pedido de qualquer interessado, quando sobrevierem relevan-tes modificações das circunstâncias de fato ou de direito.

c) transitada em julgado a decisão, seus efeitos não mais poderão ser estendidos aos casos análogos por decisão monocrática do relator.

d) se, eventualmente, a norma regulamentadora for editada antes da decisão, não ficará prejudicada a impetração, devendo o processo ter regular prosseguimento com resolução de mérito.

e) a decisão terá eficácia ultra partes ou erga omnes e produzirá efeitos que prevalecerão sobre a norma regulamentadora.

A alternativa B foi considerada correta.

2.3. Limites territoriais

Originariamente, o microssistema não fazia qualquer menção limites territoriais, mas duas medidas provisórias reduziram a efi-cácia da decisão.

a) A MP 1.570/97, convertida na lei 9.494/97, inseriu a restri-ção territorial na LACP.

b) A MP 2.180-35/01 impôs restrição específica para as associações.

` O que diz a lei?LACP: Art. 16. A sentença civil fará coisa julgada erga omnes, nos limites da competência territorial do órgão prolator, exceto se o pedido for julga-do improcedente por insuficiência de provas, hipótese em que qualquer legitimado poderá intentar outra ação com idêntico fundamento, valendo--se de nova prova.

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185Cap. XI • Sentença e Coisa Julgada

Lei 9.494/97: Art. 2º-A. A sentença civil prolatada em ação de caráter coleti-vo proposta por entidade associativa, na defesa dos interesses e direitos dos seus associados, abrangerá apenas os substituídos que tenham, na data da propositura da ação, domicílio no âmbito da competência territorial do órgão prolator.Parágrafo único. Nas ações coletivas propostas contra a União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e suas autarquias e fundações, a petição inicial deverá obrigatoriamente estar instruída com a ata da assembleia da entidade associativa que a autorizou, acompanhada da relação nomi-nal dos seus associados e indicação dos respectivos endereços.

A doutrina, contudo, aponta a inconstitucionalidade dos dispo-sitivos e sua atecnia, com base em vários fundamentos

i) Ausência dos requisitos de urgência e relevância exi-gidos para a edição de medida provisória;

ii) Violação do princípio da isonomia;

iii) Violação do princípio da segurança jurídica e da ga-rantia constitucional da coisa julgada, por se admitir o conflito lógico e prático de julgado;

iv) Violação do princípio da eficiência;

v) Violação ao princípio do acesso à justiça, ao dificul-tar a tutela dos direitos coletivos;

vi) Violação da razoabilidade e da desproporcionalida-de, porque são dispositivos editados tão somente em função dos interesses fazendários;

vii) Confusão entre competência e jurisdição, esta última uma e nacional;

viii) Confusão entre competência e limites subjetivos e objetivos da coisa julgada: pouco importa o órgão que julga o conflito, o relevante são os sujeitos atin-gidos (substituídos em juízo) e o próprio direito;

ix) Indivisibilidade dos direitos coletivos transindividuais, não admitindo respostas jurisdicionais díspares.

O Superior Tribunal de Justiça, inicialmente, aplicava a restri-ção totalmente. Por fim, em julgamento de recurso repetitivo, a Corte Especial assentou que os efeitos e a eficácia da sentença não

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186 Processo Coletivo – Vol. 54 • José Roberto Mello Porto

estão limitados pelo elemento geográfico, mas apenas ao que foi decidido e em relação a quem se decidiu.

` Como entende a jurisprudência?Para efeitos do art. 543-C do CPC: 1.1. A liquidação e a execução individual de sentença genérica proferida em ação civil coletiva pode ser ajuizada no foro do domicílio do beneficiário, porquanto os efeitos e a eficácia da sentença não estão circunscritos a lindes geográficos, mas aos limites objetivos e subjetivos do que foi decidido, levando-se em conta, para tanto, sempre a extensão do dano e a qualidade dos interesses me-taindividuais postos em juízo (arts. 468, 472 e 474, CPC e 93 e 103, CDC).

A sentença genérica proferida na ação civil coletiva ajuizada pela Apa-deco, que condenou o Banestado ao pagamento dos chamados expurgos inflacionários sobre cadernetas de poupança, dispôs que seus efeitos al-cançariam todos os poupadores da instituição financeira do Estado do Pa-raná. Por isso descabe a alteração do seu alcance em sede de liquidação/execução individual, sob pena de vulneração da coisa julgada. Assim, não se aplica ao caso a limitação contida no art. 2º-A, caput, da Lei n. 9.494/97. (STJ, REsp 1243887/PR, Rel. Ministro Luis Felipe Salomão, Corte Especial, julgado em 19/10/2011)

Para fins do art. 543-C do Código de Processo Civil: a) a sentença proferida pelo Juízo da 12ª Vara Cível da Circunscrição Especial Judiciária de Brasília/DF, na ação civil coletiva n. 1998.01.1.016798-9, que condenou o Banco do Brasil ao pagamento de diferenças decorrentes de expurgos inflacionários sobre cadernetas de poupança ocorridos em janeiro de 1989 (Plano Ve-rão), é aplicável, por força da coisa julgada, indistintamente a todos os detentores de caderneta de poupança do Banco do Brasil, independente-mente de sua residência ou domicílio no Distrito Federal, reconhecendo-se ao beneficiário o direito de ajuizar o cumprimento individual da sentença coletiva no Juízo de seu domicílio ou no Distrito Federal;

b) os poupadores ou seus sucessores detêm legitimidade ativa - também por força da coisa julgada -, independentemente de fazerem parte ou não dos quadros associativos do Idec, de ajuizarem o cumprimento individual da sentença coletiva proferida na Ação Civil Pública n. 1998.01.1.016798-9, pelo Juízo da 12ª Vara Cível da Circunscrição Especial Judiciária de Brasília/DF. (STJ, REsp 1391198/RS, Rel. Ministro Luis Felipe Salomão, Segunda Seção, julgado em 13/08/2014)

` Como esse assunto foi cobrado em concurso?(MPE/GO – 2019 – MPE/GO – Promotor de Justiça) A liquidação e a exe-cução individual de sentença genérica proferida em ação civil coletiva pode ser ajuizada no foro do domicílio do beneficiário, porquanto os

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187Cap. XI • Sentença e Coisa Julgada

efeitos e a eficácia da sentença não estão circunscritos a lindes geográ-ficos, mas aos limites objetivos e subjetivos do que foi decidido, levan-do-se em conta, para tanto, sempre a extensão do dano e a qualidade dos interesses metaindividuais postos em juízo.

A alternativa foi considerada correta.

(CESPE – 2019 – DPE/DF – Defensor Público) Associação de defesa dos consumidores em determinado estado da Federação promoveu de-manda coletiva discutindo a ilegalidade da cobrança de taxa de conve-niência por fornecedor que oferecia a venda pela Internet de ingressos para apresentação de renomado artista. Nesse caso, segundo entendi-mento do STJ, os efeitos e a eficácia da sentença coletiva restringem-se aos limites do território da competência do órgão judicante, conside-rando-se sempre a extensão do dano e a qualidade dos interesses metaindividuais postos em juízo.

A alternativa foi considerada incorreta.

De todo modo, prevalece a extensão contida no título transi-tada em julgado.

` Como esse assunto foi cobrado em concurso?(MPE/GO – 2019 – MPE/GO – Promotor de Justiça) A abrangência nacional expressamente declarada na sentença coletiva pode ser, excepcional-mente, alterada na fase de execução, sem que haja ofensa à coisa julgada.

A alternativa foi considerada incorreta.

Cabe, aqui, uma palavra sobre o mandado de injunção cole-tivo: após a implementação da norma pelo Judiciário, pode ser que surja regulamentação por parte do real incumbido – essa nova norma produzirá efeitos apenas ex nunc, não retroagindo quanto aos beneficiários da impetração anterior, salvo se mais benéfica.

` O que diz a lei?LMI: Art. 11. A norma regulamentadora superveniente produzirá efeitos ex nunc em relação aos beneficiados por decisão transitada em julgado, salvo se a aplicação da norma editada lhes for mais favorável.

2.4. Coisa julgada secundum eventum probationis

Na tutela coletiva, existe a possibilidade de repropositura da demanda julgada improcedente por insuficiência de provas, no

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caso de direitos difusos ou coletivos - coisa julgada secundum even-tum probationis, ou seja, condicionada ao grau de prova obtido no processo.

` Como esse assunto foi cobrado em concurso?(CESPE – 2017 – DPE-AL – Defensor Público) A sentença de improcedência proferida em ação civil pública que tenha por objeto a defesa de inte-resses coletivos formará coisa julgada secundum eventum probationis.

A alternativa foi considerada incorreta, possivelmente por excluir os interesses difusos.

Essa nova ação coletiva pode ser intentada por qualquer dos legitimados, inclusive por aquele que moveu a primeira demanda.

` O que diz a lei?LACP: Art. 16. A sentença civil fará coisa julgada erga omnes, nos limites da competência territorial do órgão prolator, exceto se o pedido for julgado improcedente por insuficiência de provas, hipótese em que qualquer legitimado poderá intentar outra ação com idêntico fundamento, va-lendo-se de nova prova.

CDC: Art. 103. Nas ações coletivas de que trata este código, a sentença fará coisa julgada:

I - erga omnes, exceto se o pedido for julgado improcedente por insufi-ciência de provas, hipótese em que qualquer legitimado poderá inten-tar outra ação, com idêntico fundamento valendo-se de nova prova, na hipótese do inciso I do parágrafo único do art. 81;

II - ultra partes, mas limitadamente ao grupo, categoria ou classe, salvo improcedência por insuficiência de provas, nos termos do inciso ante-rior, quando se tratar da hipótese prevista no inciso II do parágrafo único do art. 81.

LAP: Art. 18. A sentença terá eficácia de coisa julgada oponível “erga om-nes”, exceto no caso de haver sido a ação julgada improcedente por deficiência de prova; neste caso, qualquer cidadão poderá intentar outra ação com idêntico fundamento, valendo-se de nova prova.

LMI: Art. 9º § 3º O indeferimento do pedido por insuficiência de prova não impede a renovação da impetração fundada em outros elementos probatórios.

Esse regramento leva a doutrina a discutir se, verdadeiramen-te, existe coisa julgada material, no primeiro julgado:

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189Cap. XI • Sentença e Coisa Julgada

1) Primeira corrente (Hugo Nigro Mazzilli): não há imutabilidade na primeira decisão, logo a segunda ação, sem fundamentação em prova nova, deve ser extinta por ausência de interesse de agir;

2) Segunda corrente (Daniel Assumpção Neves): há imutabilidade e coisa julgada, mas condicionada, logo a segunda ação, sem fundamentação em prova nova, deve ser extinta por existência de coisa julgada.

` Como esse assunto foi cobrado em concurso?(CESPE – 2018 – TCM/BA – Analista de Controle Externo) A hipótese que indica conteúdo de sentença de mérito proferida em ação popular, mas sem eficácia de coisa julgada oponível erga omnes é o julgamento de improcedência por deficiência de prova.

A alternativa foi considerada correta. No entanto, é questionável se a redação é a melhor, já que, a rigor, há coisa julgada nos limites subjeti-vos da ação popular (erga omnes), mas que não impede a propositura de nova ação.

Essa particularidade apenas existe na tutela de direitos difu-sos e coletivos em sentido estrito, mas não na de direitos indivi-duais homogêneos, como reconhece o Superior Tribunal de Justiça, atento à literalidade do CDC.

` Como entende a jurisprudência?A apuração da extensão dos efeitos da sentença transitada em julgado proferida em ação coletiva para a defesa de direitos individuais homogê-neos passa pela interpretação conjugada dos artigos 81, inciso III, e 103, inciso III e § 2º, do Código de Defesa do Consumidor.

Nas ações coletivas intentadas para a proteção de interesses ou direitos individuais homogêneos, a sentença fará coisa julgada erga omnes ape-nas no caso de procedência do pedido. No caso de improcedência, os interessados que não tiverem intervindo no processo como litisconsortes poderão propor ação de indenização a título individual.

Não é possível a propositura de nova ação coletiva, mas são resguarda-dos os direitos individuais dos atingidos pelo evento danoso. (STJ, REsp 1302596/SP, Rel. Ministro Paulo De Tarso Sanseverino, Rel. P/ Acórdão Mi-nistro Ricardo Villas Bôas Cueva, Segunda Seção, julgado em 09/12/2015)

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` Como esse assunto foi cobrado em concurso?(CESPE – 2017 – TRF-5ª Região – Juiz Federal) O Ministério Público de de-terminado estado da Federação e o Ministério Público Federal ajuiza-ram, em litisconsórcio, ação civil pública para tutela de direitos indivi-duais homogêneos de consumidores lesados por contrato de consumo.

De acordo com o STJ, nessa situação hipotética, caso seja rejeitado o pedido, com sentença transitada em julgado, estará vedada a pro-positura de nova demanda coletiva, com o mesmo objeto, por outro legitimado coletivo.

A alternativa foi considerada correta.

A prova nova deve reunir dois requisitos:

1) Requisito substancial: ser, ao menos na avaliação superficial do juiz da segunda ação, aparentemente capaz de gerar um julgamento favorável;

2) Requisito formal: a doutrina debate o que seria prova nova para fins da repropositura:

a) Primeira corrente (Daniel Assumpção Neves, Hugo Nigro Mazzilli): prova nova é aquela não utilizada no primeiro processo, ainda que existente à sua época;

b) Segunda corrente (Ada Pellegrini Grinover): prova nova tem que ser uma prova superveniente (adotando-se o critério temporal, portanto).

Discute-se, ainda, a necessidade de menção expressa à ausên-cia de provas, na primeira sentença, transitada em julgado:

1) Primeira corrente (Rodolfo Mancuso, Gregório Assagra, Ada Pel-legrini Grinover): deve haver expressa menção na decisão ou fundamentação que indique a falta de provas (tese restritiva);

2) Segunda corrente (Daniel Assumpção Neves, Ricardo de Barros Leonel): é desnecessário que se extraia da decisão transitada em julgado a falta de provas (tese ampliativa).

2.5. Coisa julgada secundum eventum litis in utilibus

No processo coletivo, a coisa julgada se forma de acordo com o resultado do processo (secundum eventum litis), e apenas em benefícios dos indivíduos (in utilibus).