jornal um novo rumo para o sinteemar

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PRECISAMOS MUDAR AGORA! Jornal produzido pelo Comitê da Chapa 03 para as eleições do Sindicato dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino de Maringá (SINTEEMAR). Abril de 2013 Lutar pela autonomia e acabar com a “pelegagem“ é a tarefa fundamental da CHAPA 3. Mas afinal, para que realmente serve o sindicato? Página 02 Sindicato submisso: dor de cabeça e humilhação para o trabalhador Página 3 Autonomia urgente: precisamos acordar e impedir o fim da nossa Universidade Página 4

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Jornal Um Novo Rumo Para o SINTEEMAR

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Page 1: Jornal Um Novo Rumo Para o SINTEEMAR

PRECISAMOS MUDAR AGORA!Jornal produzido pelo Comitê da Chapa 03 para as eleições do Sindicato dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino de Maringá (SINTEEMAR). Abril de 2013

Lutar pela autonomia e acabar com a “pelegagem“ é a tarefa fundamental da CHAPA 3.

Mas afinal, para que realmente serve o sindicato?Página 02

Sindicato submisso: dor de cabeça e humilhação para o

trabalhador Página 3

Autonomia urgente: precisamos acordar e impedir o fim da

nossa UniversidadePágina 4

Page 2: Jornal Um Novo Rumo Para o SINTEEMAR

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PARA QUE SERVE UM SINDICATO?

O sindicato deve estar presente em todos os espaços de trabalho

O sindicato é um meio para reivindicar os direitos trabalhistas na sociedade

O verdadeiro papel do sindicato não é promover

festas

Jornal da CHAPA 3 Expediente Coordenação: Catarina Teruco Makiyama - Assistente SocialAssessoria de comunicação e elaboração de textos: João Paulo de Assis - Acadêmico de Ciências Sociais, Pedro Felipe Barbosa - Acadêmico de Ciências Sociais, Carlos Rico - Acadêmico de Ciências Sociais e Servidor Público, Débora Fernandes de Paiva - Acadêmica de História, Cassius Marcelus Tales Marcusso Bernardes de Brito - Sociólogo, Lourival Souza Felix - Assistente Social, Cilena Dias Silveira - Assistente SocialDesenhos: Carlos Latuff - ArtistaLogotipos: Fabio Maki - Fotógrafo e Designer GráficoEdição: Cassius Marcelus Tales Marcusso Bernardes de Brito - Sociólogo, Felipe Alexandre Silva de Souza - Acadêmico de Ciências Sociais e JornalistaDiagramador, consultor de comunicação e jornalista responsável: Felipe Alexandre Silva de Souza - Registro MTB 9289/PRComitê Chapa 3 Bloco 10 - Sala 15 Fone 3011-3850 [email protected] movimentonovorumo.wordpress.com

O discurso conservador individualista conquistou o senso comum mas não mudou a realidade: a união dos trabalhadores é mais necessária do que nunca Cassius Brito, Sociólogo

Discutir o papel do sindicato nos dias atuais é uma tarefa muito complexa. Durante os séculos XIX e XX, os sindicatos, os partidos políticos e os movimentos sociais foram construções coletivas feitas pela classe trabalhadora na luta pelos seus interesses. Mas muita gente diz que esses tipos de organização estão com os dias contatos. Afinal, as mudanças ocorridas nas relações de trabalho teri-am alterado o modo como o trabalhador pensa e interage com a sociedade. Isso teria levado à der-rota das ideologias coletivistas e a instauração, em seu lugar, do ideário individualista da busca pelo sucesso pessoal. Um exemplo prático: se formos a qualquer uma destas grandes livrarias, não encon-traremos quase nenhum livro sobre temas sociais profundos, tais como a estrutura social, a relação entre riqueza e pobreza, a fome, a desigualdade de poder, o desenvolvimento de sistemas de segu-ridade social, de saúde e educação públicas, etc. Mas toparemos com uma infinidade de best sell-ers de auto-ajuda, focados na realização do sonho da ascensão social e da riqueza. Todos focados no indivíduo. Neste mundo do “salve-se quem puder”, entidades como sindicatos seriam peixes fora da água (com exceção, é claro, dos sindicatos pa-tronais: os patrões sempre souberam exatamente quais são seus objetivos e sempre foram muito espertos para alcançá-los). Mas vejamos mais de perto a nossa situação. Como andam as condições físicas e psicológicas de trabalho? Péssimas e pio-rando, para quase todos ao redor do mundo. A ideia neoliberal de que o melhor a fazer é cuidar de si mesmo está funcionando? Absolutamente não. Apesar de algumas exceções serem aponta-das como regra pela imprensa (para nós brasil-eiros, o exemplo clássico é do futebolista da fave-la, mas recentemente ouvimos muito a respeito de um taxista e de um professor que finalmente “subiram ao topo”), o individualismo está fal-hando miseravelmente para os trabalhadores — e quando o fracasso não é claro, esconde-se atrás de um endividamento crescente. Se o quadro é esse,

então estaria mesmo correta a afirmação de que os sindicatos não seriam mais necessários?

Apenas o sindicato não basta; são necessários o agente e o objetivo

Como já mencionamos, os sindicatos são instrumentos criados para defender os interess-es da classe trabalhadora dividida em seus mais diferentes ramos de atividade. Ou seja, o sindi-

cato é um meio utilizado por alguém para atingir determinado objetivo. Esse alguém, por causa do caráter coletivo do sindicato, precisa ser toda uma categoria de trabalhadores, que planeja e atua em conjunto para atingir o objetivo almejado. Nesse sentido, o caráter ativo (ou inativo) do sindicato não deve ser atribuído somente ao seu aparelho enquanto tal, mas também ao agente que o utili-za. Não adianta existir o agente (os trabalhadores) sem o meio (o sindicato) e não adianta haver am-bos sem que esteja claro o objetivo a alcançar. Também não podemos esquecer que as ações do sindicato não acontecem em um espaço vazio. A defesa dos interesses de uma categoria de trabalhadores pelo sindicato ocorre em plena sociedade, que é um terreno complexo, cheio de objetivos contraditórios. Isso significa que todo o resultado final de uma atividade sindical depende da correlação de forças dos interesses em dispu-ta. É por isso que todo sindicato é uma entidade política e, por isso, age sempre no terreno da política — o que não significa de forma alguma a redução dessa política ao seu sentido partidário. Sindicato dependente de partido político é algo

que se deve combater, o que não significa que a participação de partidos políticos no movimento sindical seja condenável por princípio, uma vez que, cada um respeitando sua independência, am-bos podem somar forças para atingir objetivos em comum.

Sindicato não é empresa prestadora de serviços

O que refletimos até agora nos permite entender melhor a função do sindicato. Na me-dida em que é uma entidade representativa de interesses específicos de uma categoria da classe trabalhadora, a função do sindicato não pode ser confundida com a de uma empresa de prestação de serviços. Se a natureza da ação sindical é políti-ca e coletiva, é tendo por base critérios políticos e coletivos que devem ser planejadas as ações do sindicato e avaliadas os resultados alcançados. Muitas pessoas pensam que o sindicato é um prestador de serviços — que deve promover festas, jantares, brindes, tratamentos ortodônticos, etc. —, e avaliam a sua eficácia a partir da satisfação do consumidor em relação ao produto oferecido. Mas de forma alguma esse é o objetivo central do sindicato e da luta sindical. Os indivíduos que condicionam sua par-ticipação sindical aos benefícios imediatos que receberam ou podem receber esquecem que o próprio alcance desses mesmos benefícios de-pende, na maioria das vezes, de sua própria par-

ticipação nas atividades do sindicato. A força do sindicato na luta política em defesa dos interesses de sua categoria depende da demonstração de força da própria categoria em sua organização. Condicionar a sua participação aos resultados atingidos pelo sindicato é condenar o sindicato à inatividade e um ciclo vicioso: o sindicato é fraco

porque as pessoas não participam e as pessoas não participam porque o sindicato é fraco. Basi-camente, é querer fazer um bolo sem quebrar os ovos nem misturar a farinha. É claro que nem todas as ações do sindi-cato têm de ser necessariamente de cunho políti-co. O próprio perfil de classe do sindicato muitas vezes demanda algumas ações de assistência aos seus associados, e isso por si só não contradiz a sua natureza. Assim, por exemplo, o sindicato pode promover atividades de integração entre seus associados, como atividades culturais (músi-ca, filmes, dança, etc.), esportivas, de formação teórico-política, confraternizações, entre outras. O problema começa quando essas medidas pas-sam a ser as principais — e, nos piores casos, as únicas — ações da entidade.

O sindicato deve se direcionar por meio do debate As propostas de linhas de ação do sindicato devem ser apresentadas e discutidas nas reuniões e assembleias. As diferentes opiniões não são um empecilho à melhora do relacionamento entre a direção do sindicato e a base. Pelo contrário, elas devem se transformar em um princípio de dinam-ização da sua estrutura e do seu funcionamento. Mas essas diferenças devem ser apresentadas e as pessoas devem estar dispostas a discuti-las nos es-paços propícios, porque é nesses espaços que uma opinião que aparentemente pode ser vista como se fosse unicamente pessoal se apresenta naquilo que ela realmente é: uma concepção de mundo compartilhada com várias pessoas, que se posi-ciona diante das contradições da vida e acaba se expressando como posicionamento político. O sindicato deve estar ciente das condições em que seus associados estão trabalhando. Estan-do presente em todos os espaços de trabalho, ele conseguirá alcançar esse objetivo se for capaz de mudar a concepção de sua função. A ideia de fun-cionamento do sindicato como empresa tende a afastar seus associados das atividades do sindica-to. É preciso que este se mostre como aquilo que verdadeiramente é: um espaço de decisão coletiva dos objetivos e dos meios que uma categoria tem que usar para alcançar melhores condições de tra-balho e de vida para os seus associados.

Page 3: Jornal Um Novo Rumo Para o SINTEEMAR

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GOVERNO BURGUÊS E SINDICATO OMISSO, TRABALHADOR EM RISCO

A atual gestão do SINTEEMAR busca afagos do Estado e do poder econômico enquanto nossas condições de trabalho são empurradas ladeira abaixo Carlos Rico, servidor público

Não é novidade para ninguém a situação da UEM, em especial os problemas trazidos à tona com a chegada do PSDB ao governo do Paraná, na figura de Beto Richa. Não é novidade também o processo de paulatina retirada de direitos dos trabalhadores desde os governos FHC/Lerner, e mesmo nos gov-ernos Lula/Requião, para ficar só no caso específico do Paraná. Esses governos, inclusive, se reivindicavam (ainda se reivindicam, uma vez que o governo Lula continua por meio de sua apadrinhada, Dilma) como representantes dos trabalhadores no Executivo. No que nos interessa de imediato, o ataque aos trabalhadores do setor público é contundente. Toda a enrolação nas negociações dos PCCSs técni-co e docente demonstra o total descompromisso do governo estadual com o serviço público. A aprovação de um reajuste salarial dos professores das IES em 4 parcelas de 7,14% à partir de 2012, conseguido de-pois de intensos diálogo e mobilizações; e a quase imposição de um plano de carreiras para os técnicos, que na prática não alterou os critérios de promoção e progressão na carreira, apenas deu reajustes na tabela salarial (na verdade, apenas uma recuperação dos sa-lários, uma vez que não houve aumento real dos sa-lários nos últimos anos), e que ainda não contemplou todos os servidores das universidades, no fim das con-tas só interessa às pretensões do governo Richa, fiel representante dos interesses dos ricos e poderosos. A aprovação, no final de 2012, de uma alter-ação nas contribuições previdenciárias dos servidores públicos do estado do Paraná é outro sinal do desre-speito do governo Richa. Os trabalhadores da ativa, isto é, não aposentados, contribuirão, a partir de abril de 2013, com 11% sobre o seu salário base, enquanto que servidores aposentados com salário superior a R$3.900,00 correm o risco de terem que contribuir muito em breve, segundo projeto do governo, com os mesmos 11% dos servidores da ativa. Há também um plano de custeio do SAS — o plano de saúde dos servidores públicos paranaens-es, que já funciona a duras penas —, que prevê uma contribuição e pagamento conjuntos entre governo e servidores para utilização dos serviços do SAS. O que já funciona com tantos problemas e só serve para injetar dinheiro público na iniciativa privada, uma vez que há recursos do SUS no SAS — é só observar o hos-pital Santa Rita, que teve um crescimento gigantesco depois que começou a atender via SAS e SAMA (dos funcionários da prefeitura de Maringá) —, agora é jogado como responsabilidade dos trabalhadores. Ora, quem tiver contato com o orçamento do governo do estado e do governo federal vai pod-er entender os motivos desses exercícios de ataque aos trabalhadores. Tanto o governo estadual como o governo federal representam os interesses dos ricos e poderosos. Para se ter uma ideia mais ou menos pre-

cisa sobre essa afirmação, basta ver o que o governo federal gastou em saúde e educação e o que gastou com pagamento aos banqueiros nos ano de 2012. En-quanto serviços tão essenciais como saúde e educação tiveram investimentos de 3,98% e 3,18% respectiva-mente, os bancos receberam nada menos que 47,19% de todo o dinheiro que o governo tinha disponível. A suposta dívida pública que determina esse pagamento abusivo é oriunda de uma política fiscal que favorece o mercado financeiro desde FHC. Para ficar bem cla-

ro: o governo ajuda os ricos a roubarem dos pobres. E o que o SINTEEMAR tem com isso? É preciso lembrar que o sindicato é um tipo de organização de defesa dos interesses de classe — no nosso caso, aquele segmento da classe que são os trabalhadores em estabelecimentos de ensino — e de apoio às causas diversas dos trabalhadores. Ora, o que

é a ACIM, por exemplo, que um tipo de organização de classe, que ferozmente defende os interesses da sua classe, nada mais que um sindicato patronal do comércio e da indústria? O sindicato de trabalhadores, seja ele de qual segmento for, não pode se negar ou se omitir na de-fesa dos trabalhadores, seja em causas diretas, como as salariais ou de jornada de trabalho, para ficar nos exemplos mais comuns da luta dos trabalhadores; seja em causas indiretas, como as questões gerais da sociedade, que discutem a saúde pública, o transporte e a educação, por exemplo, e dizem respeito direto à vida dos trabalhadores, uma vez que estes são de-pendentes últimos das políticas de Estado, já que, na sua maioria, recebem salários que mal servem para alimentação e moradia. A atuação do SINTEEMAR deixou muito a desejar nos últimos anos. É só ver os resultados da condução das negociações dos PCCSs técnico e do-cente, onde professores tiveram um aumento dado em quatro anos, e os técnicos tiveram uma readequa-ção da tabela salarial com desmonte da carreira — e há aqueles servidores que não receberam um centavo a mais na nova tabela. Para os servidores técnicos que entrarem nas universidades hoje, as condições de pro-gressão e promoção na carreira são um fator muito negativo: terão que esperar 7 ou 11 anos para atin-girem algum benefício salarial da nova tabela. Para piorar, há a relação do SINTEEMAR com a administração da UEM, que segue fielmente a cartil-ha do governo do PSDB. Os casos mais emblemáticos

são os das horas extras, em que houve um corte drás-tico dos serviços em horários extraordinários, como se os servidores estivessem roubando a universidade e não tapando os buracos da falta de funcionários e da grande expansão física do campus-sede; e os proble-mas dos trabalhadores do Restaurante Universitário, fortemente perseguidos pela administração da UEM, na figura do cargo de confiança da reitoria dentro do setor. Nestes casos e em outros de menor visibili-dade, a diretoria do sindicato fez, em todos os mo-mento, um esforço enorme para evitar choques com a administração da UEM. Em várias assembleias, servidores do RU, da zeladoria, do CAP, entre out-ros, pediram a palavra para relatar os problemas dos seus setores e cobraram o apoio do sindicato. Quase sempre, a resposta que recebiam era um “deixa pra lá”. Das situações mais triviais às mais escandalo-sas, dos choques com as ações autoritárias da admin-istração da universidade à situação de sucateamento da UEM, da imposição do PCCS técnico — que só ser-virá ao governo e sua sanha privatista — às mudanças nas contribuições previdenciárias, o que se vê é um cenário de lenta retirada dos direitos dos trabalha-dores, direitos conquistados com enorme sacrifício e disposição, enquanto diretorias sindicais descom-prometidas e, para efeitos práticos, aliadas às vonta-

des dos inimigos da classe trabalhadora, assistem de camarote à exploração cada vez maior daqueles que ferozmente deveriam defender. Por essas e outras situações nos colocamos como mudança. Nós, trabalhadores, cansamos de ser encurralados, cansamos do sindicato do deixa-pra-lá, cansamos de sermos feitos de bobos e, principal-mente, cansamos de ter nossa dignidade ameaçada todos os dias. Queremos Um Novo Rumo para o SIN-TEEMAR!

Nós, trabalhadores, cansamos de ter nossa dignidade ameaçada

O SINTEEMAR sob a atual gestão tornou-se o sindicato do deixa-pra-lá

O sindicato não pode se omitir quando nossos

direitos são jogados no lixo

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Já passou da hora de acordarA falta de uma política de estado para as IEES do Paraná compromete nosso patrimônio intelectual; precisamos conquistar uma autonomia que nenhum governo possa derrubar

QUE UEM QUEREMOS?

Comitê Chapa 3 Constatamos com orgulho e satisfação a posição de destaque que a UEM vem ocupando em relação a outras Universidades do Paraná, do Brasil e do mundo. Esta posição alcançada ao longo de 42 anos de sua historia, é fruto de muito trabalho, dedi-cação e competência das três categorias: docentes, discentes e agentes universitários que souberam jun-tos construir os alicerces deste patrimônio acadêmi-co, cientifico e cultural que hoje pertence a toda so-ciedade e se vê ameaçado por políticas de governos que não entendem, ou se recusam a entender, as especificidades e necessidades de universidades pub-licas, gratuitas e de qualidade. A UEM não seria o que é hoje sem um pas-sado de lutas. A primeira delas ocorreu quando de sua própria criação, já que o projeto inicial do gover-no da época era criar uma universidade estadual na cidade de Apucarana, ao invés de Maringá. A gratui-dade do ensino, o direito de escolha de seus dirigen-tes em eleições diretas, a implantação das carreiras dos docentes e agentes universitários e a conquista do regime de dedicação exclusiva (TIDE) são marcos históricos que foram conquistados graças à união e reivindicação conjunta das três categorias da univer-sidade. Dentre todas as bandeiras de luta da Comu-nidade Universitária uma delas parece que se perdeu no tempo e cada vez fica mais distante. A autonomia universitária, citada inclusive na Constituição Fed-eral, já foi objeto de muitos movimentos na UEM.

Comitê Chapa 3 Muito se fala atualmente nos problemas que as universidades públicas do Paraná enfren-tam. Mas são poucas as abordagens sobre o am-biente de trabalho do corpo de técnicos e profes-sores dessas instituições. No caso particular da UEM é preciso relembrar as condições em que a universidade foi criada. Sua existência deve-se, sobretudo, a iniciativa da comunidade local que, três décadas atrás, enxergou o papel estratégico da educação e da ciência para o desenvolvimento social, econômico e cultural da região. Acertou em cheio. Não fosse a UEM, Maringá jamais

Em 1999, por um curto período de tempo, chega-mos a ter uma pseudo autonomia que foi sepultada pelo governo que sucedeu ao que havia assinado o referido termo. Na ocasião, a proposição da autono-mia novamente partiu da Comunidade Universitária e foi desencadeada como uma resposta aos decre-tos 4.959/98 e 4.960/98, assinados pelo Governador Jaime Lerner, que promoviam na prática uma verda-deira intervenção nas universidades estaduais para-naenses.

A inexistência de uma política de estado para as Universidades Estaduais do Paraná pode compro-meter todo o patrimônio intelectual construído com tanto esforço pela comunidade acadêmica. Cada governo que toma posse para governar o estado do Paraná estabelece a sua política, desconsiderando toda a historia anterior e impondo a sua vontade e jeito de fazer. Acordos negociados entre altos es-calões do governo e das universidades são rompidos a todo instante como se nada representássemos e aq-uilo que produzíssemos não tivesse valor. As verbas para manutenção da UEM, repas-sadas pelo governo, não atendem às nossas necessi-

dades básicas. Contratações de professores e agentes universitários, imprescindíveis para atender as mais diversas atividades da UEM são ignoradas pelo gov-erno e hoje, até mesmo o pagamento de bolsistas, diárias e horas extras estão comprometidos. Os re-itores das Universidades Estaduais, que no passado ocupavam o status de secretários de estado, rara-mente são recebidos pelo governador e precisam de muita articulação política para ser recebidos até mes-mo por dirigentes do segundo escalão do governo. O Decreto 3728/2012 de 23/01/2012 edi-tado pelo atual governo do estado retira de vez todo e qualquer tipo de autonomia que pudéssemos alme-jar. Com ele em vigor as Administrações das Uni-versidades Estaduais Paranaenses passarão simples-mente a exercer um papel de cumpridores de ordens decorrentes de decisões tomadas pelo governo do estado e as conquistas memoráveis de nossas lutas correm o serio risco de se perder num curto período tempo. Já passou da hora da UEM acordar. A Comu-nidade Universitária precisa se unir e exigir do gov-erno uma política de estado para as Universidades Estaduais Paranaenses. A sobrevivência da UEM e a manutenção de seu atual nível de excelência não podem ficar a mercê de políticas de governo que en-tram e saem, sejam eles de esquerda ou direita. A 1ª melhor universidade estadual do Paraná, 12ª do Brasil, 19ª da América Latina e a 499ª do mundo tem seus direitos e merece o devido respeito por parte dos governantes do estado do Paraná.

O governo age como se não tivéssemos valor

poderia ter crescido tanto a ponto de se tornar um dos maiores pontos de desenvolvimento do estado, abrigando, inclusive, segundo avaliação do MEC, a melhor universidade do Paraná. Mas quem visita os campi nos quais a UEM está instalada rapidamente observa a in-suficiência e precariedade de sua infraestrutura. No campus sede, professores, técnicos e alunos ainda realizam atividades didáticas, científicas, pedagógicas e administrativas nos barracões “provisórios” construídos em caráter emergencial para abrigar os primeiros cursos criados. Sobre um plano diretor fracassado, novas edificações se

distribuem quase que aleatoriamente e de forma padronizada, sem observar as diferenças de cada atividade. Não bastasse a má qualidade dos pro-jetos, que não atendem requisitos de segurança, de conforto ambiental e de economia, soma-se ainda a baixa qualidade de execução destas obras. Muitas edificações, antes mesmo de serem ocupadas, apresentam problemas de infiltração, de queda de energia, acessibilidade, de funciona-mento precário de equipamentos, etc. O resul-tado, obviamente, repercute no desempenho dos trabalhadores da UEM. Estes se sentem desvalo-rizados e desestimulados na execução de suas atividades. Para piorar, a má qualidade do espaço físico tem impactado na saúde destas pessoas. Cresce a cada dia o número de pedidos de insa-lubridade e periculosidade, aumentam os custos para adequação de ambientes desconfortáveis, comprovado pelo número de aparelhos de ar-condicionado, e, o que é pior, o número de pedi-dos de licença causados por doenças relacionadas às condições de trabalho em que os trabalhadores estão expostos. Perguntamos então: a quem cabe defender o trabalhador desta situação? No nosso entendimento o seu sindi-cato, que deveria ter o compromisso de lutar, não só por melhor remuneração, mas também, e continuamente, para que o trabalhador tenha garantido por seu empregador as condições ad-equadas para realização de suas atividades. As-sim como é importante receber um salário digno pela atividade ou trabalho realizado, também é fundamental o acesso às ferramentas e ambi-ente adequado para que o mesmo se realize. Na UEM ainda estamos distantes dessa realidade. Precisamos, urgentemente, mudar esta situação denunciando as más condições de trabalho, fis-calizando as ações da administração, cobrando dos conselhos superiores um novo Plano Diretor e um novo padrão de construção e fazendo valer a legislação.