jornal saiba - edição 001

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Ceará é segundo maior exportador de produtos da floricultura do Brasil >> Entendo Atrás apenas de São Paulo, o Ceará somou, em 2013, US$ 3.974.780 em valores de exportação. A pesar do Brasil manter bom posicionamento no ranking mundial da exportação de flores, o mercado da floricultura no Ceará obteve queda em 2013. É o que afirma o estudo “Panorama da Flo- ricultura do Estado do Ceará 2013”, divulgado pelo Instituto Agropolos do Ceará. O mercado cearense sofreu decréscimo de 8,24% em relação ao ano anterior. Ao todo, o país exportou US$ 26,073 milhões. Mesmo assim, o cenário da floricultura no Ceará é visto com ANO I | EDIÇÃO 1 >> CAPA >> DESTAQUE PRECE Conheça o programa onde cooperação, com- prometimento e união são sinônimos para educação e autonomia Páginas 06 e 07 por Bárbara Novais Colaboração de Antonio Laudenir otimismo, a região possui condições positivas para o desenvolvimento da atividade, proximidade com os princi- pais importadores (Estados Unidos da América - EUA e Europa), ecossiste- mas distintos, aeroporto internacional com câmera refrigerada e três mil horas de sol por ano. Esses fatores tornam a floricultura cearense mais competitiva, conside- rando-se as exigências dos mercados nacional e internacional. O Estado sempre teve participação crescente e efetiva nas exportações brasileiras, passando de US$ 825,00, em 1996, para US$ 4.992.986,00, em 2007. Em 2008, os efeitos da crise financeira e econômica internacional atingiu os principais importadores das flores nacionais (EUA, países da União Europeia e o Japão), chegando a uma queda de 8,5%, em relação ao ano de 2007 e 11,75%, comparando-se o ano de 2009 com o ano de 2008. Veja o gráfico 1.1. Continua nas páginas 04 e 05 Fortaleza, OUTUBRO de 2014 Foto: Jonne Roriz/ESTADÃO CONTEÚDO

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Page 1: Jornal Saiba - Edição 001

Ceará é segundo maior exportador de produtos da floricultura do Brasil

>> EntendoAtrás apenas de São Paulo, o Ceará somou, em 2013, US$ 3.974.780 em valores de exportação.

Apesar do Brasil manter bom posicionamento no ranking mundial da exportação de

flores, o mercado da floricultura no Ceará obteve queda em 2013. É o que afirma o estudo “Panorama da Flo-ricultura do Estado do Ceará 2013”, divulgado pelo Instituto Agropolos do Ceará. O mercado cearense sofreu decréscimo de 8,24% em relação ao ano anterior. Ao todo, o país exportou US$ 26,073 milhões.

Mesmo assim, o cenário da floricultura no Ceará é visto com

ANO I | EDIÇÃO 1

>> CAPA

>> DESTAQUE

PRECEConheça o programa onde cooperação, com-prometimento e união são sinônimos para educação e autonomia

Páginas 06 e 07

por Bárbara NovaisColaboração de Antonio Laudenir

otimismo, a região possui condições positivas para o desenvolvimento da atividade, proximidade com os princi-pais importadores (Estados Unidos da América - EUA e Europa), ecossiste-mas distintos, aeroporto internacional

com câmera refrigerada e três mil horas de sol por ano.

Esses fatores tornam a floricultura cearense mais competitiva, conside-rando-se as exigências dos mercados nacional e internacional. O Estado sempre teve participação crescente

e efetiva nas exportações brasileiras, passando de US$ 825,00, em 1996, para US$ 4.992.986,00, em 2007.

Em 2008, os efeitos da crise financeira e econômica internacional atingiu os principais importadores das flores nacionais (EUA, países da União Europeia e o Japão), chegando a uma queda de 8,5%, em relação ao ano de 2007 e 11,75%, comparando-se o ano de 2009 com o ano de 2008. Veja o gráfico 1.1.

Continua nas páginas 04 e 05

Fortaleza, OUTUBRO de 2014

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Page 2: Jornal Saiba - Edição 001

02 SaibaFortaleza, OUTUBRO de 2014

>> Carta ao Leitor03 OpiniãoDireitos humanos e segurança públicaA concepção contemporânea que se tem sobre a temática de Direitos Humanos compreende os direitos civis, políticos, sociais...

Saiba é uma publicação de formato tabloide editado pela Verso2 Comunicação e Eventos.Diretor Administrativo e Comercial: Benedito MachadoColaboradores: Augusto Oliveira (Projeto Gráfico e Diagramação)Bárbara Novais, Antonio Laudenir e Liane Braga (Produção Textual)Revisão: Paulo PaivaCorrespondente: Agência EstadoContato: [email protected]

A difícil tarefa de começar.Pois é, esse é o grande desafio de todos que fazem o Saiba.O Saiba é o mais novo veículo de comunicação impresso do

Ceará. Nosso propósito é levar informação precisa e imparcial a todos os recantos deste Estado. Inicialmente, a publicação conta com tiragem de cinco mil exemplares e tem distribuição gratuita em cidades dos Sertões de Canindé, região Metropolitana de Fortaleza, serra da Ibiapaba, Vale do Curu e Aracatiaçu.

O jornal impresso é eficiente ferramenta de registro da história. Folhear o Saiba significa compreender o cotidiano e a cultura da cidade ou região onde você vive. Uma população consciente de sua história tem orgulho de seu povo. É capaz de elevar o pertencimento comunitário e, consequente-mente, ampliar a capacidade de desenvolvimento social e econômico.

Tratar temas que causam impacto é um desafio. Significa cuidado com as informações e precisão na descrição dos fatos. Resumindo para o leitor, o Saiba não dará espaço a meias verdades, boatos ou evidências ilegítimas.

Em tom sóbrio, sem perder a leveza, nosso compromisso é com a apuração e seriedade na abordagem de entrevistados. Saiba é uma publicação em formato tabloide que prima pelo apuro visual e unidade gráfica. Afinal, deve tratar de assuntos complexos com clareza e respei-tando a inteligência do leitor.

Saiba é criação da Verso2 Comunicação e Eventos e reflete o envolvi-mento de renomados profissionais de diversas áreas do conhecimento como jornalistas, ambientalistas, sociólogos, produtores culturais, arqui-tetos, cientistas políticos e estudantes de comunicação social.

Boa leitura!

>> QUEM FAZ

>> FEITO ARTE

>> SAIBA POR PARTES

>> Arte no MuroO “Feito Arte” desta edição traz a arte urbana expressada por um autor desconhecido nos muros de Fortaleza.Convidamos vocês, leitores do Saiba, a participar desse coletivo de imagens, enviando registros do dia a dia na sua cidade. Não esqueça de colocar os créditos da imagem e o local. #vcnoSaibaE-mail para envio de imagens: [email protected]

08 PublicidadeÉ a vez da sua marca aparecer no nosso jornal.

04 e 05 Matéria de CapaFloricultura cearense e TECFLORESApesar de o Brasil manter um bom posicionamento no ranking mundial da exportação de flores, o mercado da floricultura...

06 e 07 DestaquePrece: Revolução do ensino cearenseEm uma casa de farinha desativada e sem energia elétrica surgiu a iniciativa educacional responsável por mudar vidas e realidades...

09, 10, 11 e 12 Variedades

• Carolina Ferraz estreia programa de culinária

Notas• Terceiro volume da

biografia de Getúlio Vargas é lançada

• Cinebiografia de Getúlio Vargas retrata momentos finais do ex-presidente

• Banda do Mar lança disco de estreia

• Robô inteligente pode substituir sistema de segurança para casa

• ‘Mercenários 3’ é como uma brincadeira para todas as idades

• Brasileiro edita páginas do wikipédia desde os 14 anos

Page 3: Jornal Saiba - Edição 001

Saiba 03Fortaleza, OUTUBRO de 2014

>> OPINIÃO

Direitos Humanos e Segurança Públicapor Roger Cid

A concepção contemporânea que se tem sobre a temática de Direitos Humanos compreen-

de os direitos civis, políticos, sociais, econômicos e culturais, de forma uni-versal, indivisível e interdependente. Tudo isso, pois se entende que a con-dição de PESSOA é requisito único para a titularidade de direitos, e que a garantia dos direitos civis e políticos é condição para a observância dos direitos sociais, econômicos e cultu-rais, e vice-versa. Quando um deles é violado, os demais também o são.

Durante bastante tempo a temática de Direitos Humanos esteve distante do debate sobre segurança pública por uma dificuldade clara dos militantes e entidades dos direitos humanos dialogarem com os órgãos especializa-dos, até mesmo, em razão do aparato repressivo utilizado durante o regime ditatorial vivido em nosso país, com-preendidos entre os anos de 1964 e 1985. Havia, portanto, um afastamen-to natural da segurança pública com os movimentos sociais e setores que repudiavam o regime militar, devido à forte agressão sofrida nesse período histórico.

Marcos Braga Júnior, doutorando em Direito pela USP, define a polícia como a “instituição estatal responsá-vel por promover a segurança interna da sociedade civil, por meio de pre-venção e repreensão” e esse conceito atingiu uma personificação na força estatal como objetivo de coibir a massa humana e os descontentes do regime militar. Nesse sentido, o filó-sofo francês Michael Foucault afirma que a noção de poder não é um objeto gerado naturalmente, não é uma coisa material, pois é por excelência uma prática social e por ser social é algo constituído de historia. Logo, perce-

bemos que a construção do conceito de segurança pública foi constituída de experiências históricas que macu-laram as instituições que desenvol-viam o papel de repreensão no estado. Apesar do poder repressivo perpassar as instituições estatais, ficava visível o aparato de censura que a polícia concebia.

Naturalmente, com o fim do regi-me militar e ao decorrer do tempo, a visão de segurança pública foi ga-nhando denotações mais humanísti-cas, de forma que, nos últimos anos seu distanciamento com os Direitos Humanos passou a ser questiona-do. As primeiras ações estatais que pensaram políticas públicas buscando caminhos alternativos de redução do crime e violência, a partir da preven-ção e de uma política mais voltada para a cultura de paz e respeito às diversidades, ajudaram nessa re-construção. Também ressaltamos as articulações da sociedade civil de re-pensar a segurança pública através do contato e da discussão com gestores, especialistas e operadores da seguran-ça pública. Esse fosso, aparentemente insuperável, entre os Direitos Huma-nos e a segurança pública começa a ser vencido, havendo uma valorização tanto da participação da sociedade civil como da participação das insti-tuições e profissionais de segurança pública nos processos democráticos de debates e formulação de políticas públicas de segurança de cunho mais humanitário.

É necessário pensar a segurança pública agora como integração dos indivíduos ao estado. O tema teve importância fundamental no Progra-ma Nacional de Direitos Humanos, em sua terceira versão, o qual aponta para uma necessidade central no

aprofundamento do debate sobre a participação popular nesse tema, contemplando a prevenção da violên-cia e da criminalidade como diretriz, reafirmando o direito universal de acesso à justiça.

Nas tentativas frequentes de su-peração dos estigmas criados a partir das resistências de ambos os lados, como de um lado “defensores de ban-didos” e de outro “agentes opressores”, busca-se consolidar a visão de segu-rança pública como aliada dos direitos humanos, sendo aquela necessária para a defesa do cidadão, dotado de direitos humanos a serem defendidos.

Nesse sentindo o PNDH-3 apresenta um eixo específico sobre segurança pública, acesso à justiça e combate a violência, e indicam, fundamentalmente, propostas para que o poder público se aperfeiçoe nas políticas públicas da área, sustentado na democracia e nos processo de par-ticipação e transferência. Ações que visam propor alterações significativas na área da segurança pública que vão desde mudanças no texto constitucio-nal para desmembrar a polícia como força auxiliar do exército até a revisão geral dos treinamentos, regimentos e controles dos órgãos de segurança pública, também perpassando pela criação de ouvidorias, pleno acesso à justiça, acompanhamento da saúde mental dos profissionais de segurança

pública, ampliação das restrições de uso de armas de fogos e muitas outras ações que visam a transparência e participação popular no sistema de segurança pública.

Apesar de ainda não superados to-dos os empecilhos nessa relação entre Direitos Humanos e segurança públi-ca e as nuances advindas do clamor social em situações de crimes hedion-dos ou em situações de fragilidade do Estado, mostrando a insuficiência estatal em garantir plenamente uma relação social sempre saudável, temos um avanço significativo na visão de segurança pública e de como pode se relacionar com os direitos humanos. O maior desafio é definir de maneira clara e objetiva os limites de atuação do poder repressor e garantidor da ordem social dos órgãos da segurança pública e até onde esse poder não se confunde com a vontade militar de seu governante. Os Direitos Huma-nos e a segurança pública devem ser instrumentos de busca pela justiça social, alinhando os interesses do bem estar social com a noção de segurança harmonizada, estendendo os limites da força estatal e a função primordial de tutela aos segmentos historicamen-te marginalizados, consolidando uma política de afirmação, defesa e promo-ção dos Direitos Humanos.

Toda pessoa deve ter respeitados os direitos intrínsecos à sua natureza humana, como meio de garantir a construção de seu desenvolvimento, considerando todas as diferenças exis-tentes, como preconiza a Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948 e nos diversos tratados inter-nacionais dos quais o Brasil faz parte e em todo o arcabouço jurídico que regulamenta a política de Direitos Hu-manos no país. O Estado deve utilizar meios que busquem relações sociais mais justas e iguais, afastando má-culas, condições subumanas e repre-ensão pelo poder. A partir de então, teremos um país com um caminho promissor no anseio por uma cultura de paz, estabelecendo uma melhor relação entre Direitos Humanos e segurança pública.

Roger Cid é Filósofo, especialista em gestão pública e bacharel em Direito.

Page 4: Jornal Saiba - Edição 001

04 SaibaFortaleza, OUTUBRO de 2014

>> CAPA>CONTINUAÇÃO...

Valores nacionais

Segundo o Sistema de Análise das Informações de Comér-cio Exterior (MDIC/ALICE),

do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, o es-tado de São Paulo lidera o ranking de exportações brasileiras com 65,79%. O sistema, também conhecido como AliceWeb, foi desenvolvido para modernizar as formas de acesso e divulgação das estatísticas brasileiras de exportações e importações.

Ocupando a segunda posição vem o Ceará, com 16,61%, seguido do Rio Grande do Sul, com 10,97% e Minas Gerais, com 4,78%. Os demais pro-dutores, juntos, somam 1,91% (Veja o gráfico 1.2). Os números também mostram que a Holanda continua sendo o principal importador dos produtos da floricultura brasilei-ra, com 51% do que é enviado pelo país, seguida pelos Estados Unidos da América (EUA), com 22% e pela Itália, com 11%.

Gráfico 1.1 - Evolução das Exportações Cearenses de Flores e Plantas Ornamentais - 1996 a 2013.

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Os principais compradores das flores cearenses em 2013, segundo o AliceWeb, são Estados Unidos, Holanda e Canadá. Ainda em 2013, o sistema aponta um pequeno fluxo de produtos enviados para Coreia do Sul e Cabo Verde.

Disputando o mercadoPara continuar mantendo bons

resultados comerciais nas exporta-ções, o Ceará investiu no mercado de produtos intermediários, ou seja, de insumos e bulbos. Para o engenheiro agrônomo do Instituto Agropolos, Alexandre Maia, a produção de bulbos (um produto da floricultura) vem encontrando condições ideais de produção na região costeira do Ceará, mais precisamente nos municípios de Paraipaba e Marco, litoral oeste cearense.

“Atualmente, 96% das exportações cearenses são de bulbos de ‘Amarilis’, ‘Caladium’ e ‘Canna Índica’. Além disso, o município de São Benedito é destaque na produção principalmente de rosas. Nele, estão situados os maio-res produtores dessa cultura.”, destaca o engenheiro.

Alexandre Maia, Engenheiro Agrônomo do Instituto Agropolos do Ceará. (Fotografia: Benedito Machado)

>> Entendo96% das exportações que saem do Ceará são de bulbos (foto acima) de “Amarilis”, “Caladium e “Canna Índica”.

Fonte: MDIC/ALICE/2013: Instituto Agropolos do Ceará 2013

Page 5: Jornal Saiba - Edição 001

Saiba 05Fortaleza, OUTUBRO de 2014

Gráfico 1.2 - Ranking da Exportação Brasileira por Estado em 2013(%)

Manuel Messias e Marcos Vitor fazem “selfie”. Ambos, alunos do Tecflores, escola de Floricultura do Ceará, localizada em São Benedito, na Ibiaapaba e gerenciada pelo Instituto Agropolos do Ceará.

Tecflores capacita jovens rurais para o mercado de trabalho

Devido a instalação de grandes empreendimentos do setor da floricultura na região da Ibiapaba, a Escola de Floricultura do Ceará (TECFLORES), que fica

no município de São Benedito, foi criada para capacitar pessoas da comunidade local para serem inseridas no mercado de trabalho.

A escola, coordenada pelo Instituto Agropolos do Ce-ará, formou 10 turmas de 30 alunos cada, e tem o objetivo de socializar o conhecimento sobre cultivo de flores e plantas ornamentais. Patrícia Moreira, técnica do Institu-to, conta que a escola tem um impacto direto na vida dos alunos, pois eles já saem da sala de aula prontos para o mercado de trabalho. “A inserção desses jovens no merca-do local ajudou a fortalecer a floricultura cearense, já que aumentou o número de pessoas qualificadas para a área”, explica Patrícia. Um exemplo disso é o ex-aluno Manuel Messias (à esquerda na foto), formado na turma de 2014 e já inserido no mercado de trabalho da região.

O curso tem 192 horas de carga horária, divididos em 16 módulos entre aulas teóricas e práticas. As aulas práticas acontecem na própria escola. Há também aulas de campo em empresas que cultivam rosas e plantas orna-mentais na região da Ibiapaba.

ServiçoPré-requisitos para participar do curso: ser filhos de agricultores familiares, com idade mínima de 16 anos, possuir ensino médio ou estar cursando. Carga horária de 192h. Turnos e horários: manhã das 7h às 11h e tarde das 13h às 17h.

Contatos:Patrícia Moreira (88) 9428.2714 - Técnica do Instituto AgropolosFonte: MDIC/ALICE/2013: Instituto Agropolos do Ceará 2013

Comércio externo cai e produtores investem no mercado localDiante do decréscimo nas exportações, floricultura cearense passa a investir no mercado interno.

No Ceará, a baixa no número de exportações nos últimos anos fez com que o cenário

mudasse. O estado passou a fortalecer o mercado interno, através de ações desenvolvidas entre Governo do Esta-do do Ceará, Secretaria do Desenvol-vimento Agrário, Instituto Agropolos

do Ceará, Agência de Desenvolvimento do Estado do Ceará (ADECE), outras instituições parceiras e produ-tores de flores.

Com esse apoio, tornou-se possível o crescimento interno do setor através da realização de feiras e even-tos, além do incentivo ao comércio dos produtos em locais como supermercados e postos de combustíveis, facilitando o acesso da população aos produtos.

Para Alexandre Maia, esse passo foi muito impor-tante para que o mercado local fosse fortalecido. “An-tigamente, as pessoas só conseguiam comprar flores em locais específicos, como as floriculturas. Hoje você pode encontrar quase em todo lugar. Os órgãos insti-tucionais se uniram há um tempo e fizeram com que isso acontecesse e, agora, o mercado consegue andar com ‘as próprias pernas’. Hoje, o Ceará é oitavo estado em termos de consumo”.

Page 6: Jornal Saiba - Edição 001

>> DESTAQUE

por Liane BragaColaboração de Antonio Laudenir

Em uma casa de farinha desativa-da e sem energia elétrica surgiu a iniciativa educacional respon-

sável por mudar vidas e realidades de muitos municípios. Em 1994, através da organização de sete pessoas, nascia o Programa de Educação em Células

Cooperativas (Prece) na localidade de Cipó, município de Pentecoste (dis-tante 100 km de Fortaleza).

Movidos pelo desejo de um nível educacional melhor, o grupo usava a casa para estudar. Mesmo com idade e nível escolar diferente, os integrantes ajudavam uns aos outros na supera-ção das dificuldades. Duas décadas

06 SaibaFortaleza, OUTUBRO de 2014

Prece: Revolução do ensino cearense

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Estudantes do PRECE

Conheça o programa onde cooperação, comprometimento e união são sinônimos para educação e autonomia.

depois, o Prece pode se orgulhar dos mais de 600 participantes que chega-ram a uma universidade e dos muitos que já conquistaram os títulos de mestrado e doutorado.

Naquele início, os alunos conta-vam com o apoio do amigo e tam-bém professor universitário Manoel Andrade. Por ser oriundo do Cipó, o professor nunca se conformou com

aquela realidade. “Não havia oportu-nidade para as pessoas concluírem os estudos. Era tudo muito difícil e os jovens precisavam trabalhar para aju-dar as suas famílias”, afirma a ex-aluna e hoje coordenadora de comunica-ção do Prece Aurenir Luz. Em 1996, a iniciativa comemora a primeira vitória: o aluno Francisco Antônio Alves Rodrigues (Toinho) passa em primeiro lugar no vestibular do Curso de Letras da Universidade Federal do Ceará (UFC).

Outros se graduaram e voltaram para ajudar os alunos novatos. A casa de farinha mudou para uma casa de estudo e a determinação do grupo chamou a atenção em toda a região. Desta forma, pessoas dos municípios vizinhos se mobilizaram para estudar em Cipó e fazer parte do programa.

Page 7: Jornal Saiba - Edição 001

Saiba 07Fortaleza, OUTUBRO de 2014

“Não havia oportunidade para as pessoas concluírem os estudos. Era tudo muito difícil e os jovens precisavam trabalhar para ajudar as suas famílias.”

Aurenir Luz, coordenadora de comunicação do Prece.

“Cipó ficou pequena para o número de estudantes que procuravam a localidade para estudar em grupo.”Ravena Luz, coordenadora pedagógica do Prece.

“Eu ajudava o meu pai na roça e nem sabia o que era uma universidade. Quando entrei para o Prece fiquei impressionado com os exemplos dos outros estudantes e passei a acreditar que eu também era capaz.” Alberto Amorin

Em 1996, a iniciativa comemora a primeira vitória: o aluno Francisco Antônio Alves Rodrigues (Toinho) passa em primeiro lugar no vestibular do Curso de Letras da Universidade Federal do Ceará - UFC.

Iniciativa é significado de autonomia

Já em 2003, conforme a coorde-nadora pedagógica do Prece, Ravena Luz, Cipó ficou pequena para o nú-mero de estudantes que procuravam a localidade para estudar em grupo. Naquele momento foi criado um novo núcleo estudantil em Pentecoste, com 450 estudantes inscritos. “Foi uma revolução. E assim os municípios vizinhos começaram a se inspirar e novas Escolas Populares Cooperativas (EPCs) foram surgindo. Hoje, temos 15 EPCs, em quatro municípios: Apuiarés, Paramoti, Umirim e Pente-coste”, orgulha-se Ravena.

Apesar dos resultados positivos na região, alguns políticos locais chegaram a ficar intrigados com as mudanças. Para Ravena, o Prece, além de promover o ingresso do estudante em uma universidade, amplia, por meio da educação, o senso crítico dos participantes. “Começamos a fazer debates políticos, visando uma maior criticidade. Posteriormente, os políti-cos entenderam a nossa missão”.

A motivação do grupo e as cons-tantes aprovações nos vestibulares chamaram a atenção do Governo do Estado, que juntamente com a Secre-taria da Educação (Seduc) cedeu um prédio para o programa em Fortaleza.

No local foram criadas duas escolas e uma residência estudantil, que oferece moradia a alunos do interior.

Interessada no projeto a UFC criou, em 2009, a Coordenação de Formação e Aprendizagem Coopera-tiva (COFAC). “Essa parceria resultou em projetos para ajudar os alunos da UFC a se manter na universidade e desenvolver a aprendizagem coope-rativa. No começo, 90 bolsas eram distribuídas. Hoje, são 250”, detalha Ravena. O exemplo saiu do Ceará e chegou a outra região do Brasil. Em Mato Grosso foi criado um programa inspirado no Prece.

O professor de educação física Alberto Amorim começou a estudar na EPC Paramoti aos 17 anos. Alber-to conta que não imaginava sua vida mudar tanto. “Eu ajudava o meu pai na roça e nem sabia o que era uma univer-sidade. Quando entrei para o Prece fiquei impressionado com os exemplos

dos outros estudantes e passei a acredi-tar que eu também era capaz”. Alberto é professor de educação física, tem especialização e passou uma tempora-da estudando em Portugal.

O incentivadorFilho de um casal de agricultores

do sertão cearense, Manoel Andrade

foi morar com os avós em Fortaleza. A falta de oportunidade em sua região obrigou a criança de nove anos a se deslocar para estudar na capital. O tempo passou e Manoel conseguiu ingressar na universidade. Hoje, volta para Cipó nos finais de semana para incentivar os outros jovens da região.

Aurenir conta que, no começo, Manoel levava no carro particular muitos estudantes, sendo multado com frequência pelos policiais rodo-viários. “Ele explicava que podiam multar, mas que daria continuidade ao seu sonho: de ver os estudantes progredindo e conquistando os seus objetivos”, contou.

De acordo com Manoel, no pro-grama não há professor. Cada inte-grante do grupo ensina aos demais o que sabe. “Juntos, eles conseguem aprender mais, superam dificuldades, formam um vínculo e atingem os seus objetivos”, disse.

Empreendedorismo ruralApós se formarem nas uni-

versidades, 15 jovens, filhos de agricultores, decidiram aplicar os conhecimentos adquiridos nas suas comunidades, em pleno sertão cea-rense. Era o surgimento da Agência de Desenvolvimento Econômico Local (Adel), em 2007, que tem por objetivo ajudar os jovens e agricul-tores a se tornarem empreendedores nas suas regiões.

No período de 2007 a 2010 aproximadamente 550 pequenos e médios produtores foram aten-didos em 70 comunidades rurais cearenses. Cinco municípios estão inseridos no projeto: São Gonçalo do Amarante, Pentecoste, Apuiarés, General Sampaio e Tejuçuoca. De acordo com Ravena, a Adel vê nas pessoas o potencial empreendedor

a ser desenvolvido e oferece ferra-mentas para que os negócios sejam possíveis. “A iniciativa da Adel esti-mula o desenvolvimento econômico da região, ajudando o município a gerar renda e empregos”, disse.

Gente como João Souza, que virou criador de aves em Apuiarés. “Com os conhecimentos e técni-cas de manejo que recebi, aprendi noções de mercado, economia, marketing e empreendedorismo. Percebi na criação de aves uma maneira de empreender e melhorar de vida, sem sair da minha cidade”, conta.

Saiba mais!Rua Juvenal Galeno, 403Benfica - Fortaleza/CEFone: (85) 3243-2180

Page 8: Jornal Saiba - Edição 001

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Page 9: Jornal Saiba - Edição 001

era possível ouvir a música alta e os gritinhos de “uhu” da apresentadora. “Sempre que vou para a cozinha, ligo o rádio. Claro que aqui não fico dan-çando o quanto faço em casa. Lá, solto a panturrilha. Aqui estou me contro-lando, fazendo uma linha mais fofa, educadinha. Estou sofrendo muito”, confessa, às gargalhadas.

Na contramão de colegas de canal, como Bela Gil, que explica proprieda-des medicinais e efeitos dos alimentos que prepara, Carolina só quer passar receitas adiante. “Gosto de uma coisa mais leve, mas sem preocupação. Eu me sinto uma vovozinha, uma Dona Benta pop. Sem nenhuma pretensão. A Dona Benta, para mim, é um gran-de ícone, ela é um sucesso.”

Ficar diante do fogão é assunto tão sério para a atriz que ela afirma ter o hábito de deixar os amigos na praia porque não pode deixar de preparar o almoço. Até na época das grava-ções de Receitas, em que chegava às 7 horas e só ia embora à noite, não largava as panelas. A goiana conta que costuma passar horas pesquisando in-gredientes novos no supermercado e passa batida pelos frequentadores. “Se estranham me ver lá, disfarçam bem.”

Carolina jura que fugiria se tivesse de cozinhar para Nigella ou Jamie Oli-ver, estrelas do GNT. “O que vou fazer com eles? Já tenho de decorar muito texto para novela e teatro. Quero co-mer a comida deles”, defende ela, que, por ora, pode ser vista atuando na reprise da novela História de Amor, no canal Viva.

Mesmo sempre em forma, ela ga-rante se jogar nas receitas menos leves e faz charme para dizer que não é tão magra assim. “Ícone da magreza? Você acha? Acho bom que, no incons-ciente coletivo, as pessoas consigam me ver magra. O tempo passa e a gente engorda.”

São Paulo, (AE) - Referência de mulher elegante e conhecida pelo vídeo em que grita “Eu sou

rica”, extraído de uma cena da novela Beleza Pura, Carolina Ferraz deu um tempo na vaidade para virar piloto de fogão e passar o dia remexendo as pa-nelas trajando um avental em Receitas da Carolina, previsto para estrear no GNT no dia 23 de setembro, às 22h30.

“Esse avental é meu. Estou usando roupas que usaria na minha vida. Es-tou preocupada em ser honesta e ver-dadeira em todos os aspectos”, alega a atriz, de 45 anos, que passou os últimos três negociando a atração de culinária com o canal. As conversas começaram pouco depois de lançar o livro Na Cozinha com Carolina, cuja venda gira em torno de 10 mil exemplares.

Apesar de cozinhar desde a adoles-cência, Carolina prefere se manter no time de amadores. “Eu me posiciono bem como cozinheira e não como uma expert. Não sou chef, sou uma atriz que adora cozinhar. Todo o tempo, ten-to passar para as pessoas que cozinhar bem é ter boas receitas e liberdade para você adaptar ao seu gosto.”

Saiba 09Fortaleza, OUTUBRO de 2014

Carolina Ferraz estreia programa de culinária

>> VARIEDADES

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o

por João Fernando

Enquanto separa os ingredientes, a atriz explica que não é preciso seguir à risca o jeito de preparar cada prato. “Se não quiser pimenta, pode tirar. Ou diminuir a cebola. Nada do que estou fazendo nem a interferência do público vai alterar o resultado da receita. Evidentemente, vai alterar o sabor”, reforça.

Segundo ela, serão mostradas opções simples. “É uma cozinha do dia a dia revisitada, coisas que faço na minha casa como arroz, feijão, algum legume, carne ou peixe. Aqui tem algumas coisas mais elaboradas, mas sempre com a preocupação de fazer receitas fáceis. Não quero que as pes-soas vejam e pensem que nunca vão conseguir fazer. Quero estimulá-las a se aventurarem na cozinha”.

O requinte ficou por conta da produção. Receitas de Carolina foi rodado em uma mansão no Jardim Europa. Na casa quase sem móveis, a equipe se concentrava na cozinha, que, de longe, parecia um salão de festas. Na gravação que o Jornal O Estado de S.Paulo acompanhou,

Notas

Contrato na mesaNão está certa a permanência de Rafael Cortez na Record. Boatos dão conta de que o apresentador e a emissora ainda não chegaram a um acordo sobre a renovação de contrato. A princípio, o canal quer mais dois anos de compromisso. O humorista passou a fazer parte do time do canal em 2012, depois de deixar o “CQC” (Band)

Quem matou?O centésimo capítulo da novela “Império” (Globo), programado para ser exibido em meados de novembro, trará um novo misté-rio para o espectador. Segundo o autor, Aguinaldo Silva, haverá uma morte e a principal suspeita será Cora (Drica Moraes). Primeiro cogitou-se que a vítima seria Maria Clara (Andreia Horta), mas depois esta notícia foi desmentida.

RetornoAs chances de Ivete Sangalo voltar a atuar na Globo são grandes. No que depender da vontade de alguns executivos da emissora, a cantora baiana interpretará a protagonista da próxima minissé-rie de Walther Negrão, “A Dama da Noite”, programada para 2015. A atração é baseada na vida de Eny Cezarino, uma das mais famosas cafetinas do Brasil.

Em análiseDizem nos bastidores que a Record está interessada em saber o que o público deseja para a nova atração de Gugu Liberato. Para isso, uma pesquisa tem sido desenvolvida com o objetivo de determinar os rumos do novo programa. Em julho, a emissora e o apresentador fecharam um acordo de produção conjunta.

por Diego Palmieri

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Terceiro volume da biografia de Getúlio Vargas é lançadapor Ubiratan Brasil

10 SaibaFortaleza, OUTUBRO de 2014

São Paulo, (AE) - Um dos mais famosos disparos de revólver da história do Brasil completa

60 anos. Naquela manhã de 1954, às 8h35, um barulho seco ecoou no Palácio do Catete, no Rio, então sede do governo federal. Familiares correram assustados para o quarto do presidente Getúlio Vargas, encontrado deitado, com meio corpo para fora da cama. No pijama, à altura do coração, borbulhava uma mancha vermelha de sangue. Um revólver estava caído próximo à sua mão direita.

“Não foi um suicídio, mas uma autoimolação”, atesta o jornalista Lira Neto, que lança o terceiro e último volume da biografia do mais carismá-tico presidente brasileiro, justamente a edição que trata da deposição do ditador, em 1945, até sua morte, nove anos depois, passando pelo ocaso político no Sul e vitória triunfal na eleição de 1950. “Getúlio sabia o im-pacto que esse gesto extremo provo-caria: uma tal comoção popular que anularia os adversários. Foi exatamen-te o que aconteceu. A desmoralização pública se voltou contra os rivais. O gesto consolidou o mito, construído desde 1930.”

Durante cinco anos, Lira se ocu-pou da tarefa de reconstituir todos os passos do político gaúcho para um ambicioso projeto que rendeu os três volumes publicados pela Companhia das Letras. Para a dedicação exclusiva, contou com adiantamentos garan-tidos pela editora, além dos frutos de um contrato com a RT Features, produtora que comprou os direitos para cinema e TV antes mesmo que Lira tivesse escrito a primeira linha. “Foi graças a isso que pude contratar pesquisadores, realizar viagens de tra-balho, adquirir material bibliográfico

e digitalizar todas as fontes de pesqui-sa que julguei necessárias”, garante.

A empreitada, de fato, foi enorme - Getúlio Dornelles Vargas (1882-1954) foi um político singular. Filho de uma família típica da oligarquia gaúcha do final do século 19, época marcada pelo caudilhismo, ele desenvolveu uma personalidade política ardilosa, que o levou a comandar a Revolução de 30 até chegar ao poder do País, implantando uma ditadura em 1937. Deposto em 1945, voltou cinco anos depois pelo voto popular, terminando drasticamente seu mandato, sob uma crise que o levou ao suicídio em 1954.

O planejamento seguiu regras bem definidas, que só foram modi-ficadas na pesquisa para o terceiro volume. Felizmente - “Eu já tava com a redação do segundo livro quase toda concluída quando, em conversa com Celina, neta de Getúlio, desco-bri que havia um imenso volume de cartas trocadas entre o político e sua filha, que se revelou um verdadeiro tesouro”, conta. “Por conta disso, modifiquei meus planos para o ter-ceiro livro.”

De fato, a correspondência trocada entre Getúlio e Alzira Vargas do Ama-ral Peixoto entre 1945 e 1950, a fase do “retiro” do ex-ditador em São Bor-ja, compreende exatas 1.652 páginas.

>> VARIEDADES

Era um material que Alzira pretendia utilizar em seu segundo volume de memórias, mas continuou inédito. “Isso mudou meu plano original, pois pensava em passar batido pelos perí-odo em São Borja, pela ausência de uma documentação que narrasse os detalhes desse exílio”, comenta Lira.

Com acesso aos documentos, o biógrafo conseguiu destrinchar as ar-ticulações políticas que permitiram a Getúlio retornar em 1950 para dispu-tar a eleição presidencial. “O material possibilitou ainda delinear o cotidiano do ex-ditador no Sul, o que lia, comia, a forma como administrava a fazenda, ou seja, sua intimidade.”

É importante lembrar que Alzira não era uma mera confidente. Filha predileta de Vargas, foi eleita sua se-cretária particular pela apurada visão política que detinha da realidade. “Ela era muito bem articulada - suas análises políticas eram lúcidas e é evidente sua participação intelectual nas atitudes do pai, mesmo quando o contestava.”

É por meio das cartas, por exem-plo, que certos fatos são desmistifi-cados. Como a famosa entrevista de Getúlio realizada por Samuel Weiner, repórter dos Diários Associados, em fevereiro de 1949, em São Borja, aquela em que o ex-ditador fez um

comentário positivo do brigadei-ro Eduardo Gomes - ciente de que qualquer palavra do pai provocava verdadeira ebulição política no Rio de Janeiro às vésperas da eleição, Alzira combinara com membros da UDN, a União Democrática Nacional, partido criado para se opor justamente a Ge-túlio, a ida de um repórter dos Diários ao Sul, onde o ex-presidente elogiaria o brigadeiro. “Por mais insólito que isso pudesse parecer, a entrevista daria combustível à candidatura de Edu-ardo Gomes e embaralharia o jogo político, fortalecendo o argumento de que Getúlio seria a melhor opção em um cenário político desestruturado”, observa Lira.

O biógrafo apresenta também ou-tra interessante análise para uma das mais importantes peças políticas da história brasileira: a carta testamento, encontrada em um envelope deixado na mesinha de cabeceira da cama de Getúlio, no Palácio do Catete. Como não sabia escrever à máquina, o presidente fez um esboço à mão, que foi datilografado - e, talvez, reescri-to - por um ajudante de ordens, José Soares Maciel Filho.

“Uma leitura atenta comprova que não se trata de uma carta de um suici-da, mas de alguém que pretende mor-rer lutando. Mas Getúlio habilmente deixou a possibilidade de análise para as duas situações, revelando uma frie-za até em situações desesperadoras”, sustenta Lira.

O biógrafo não descreve os mo-mentos antes do disparo, pois não havia testemunha, mas descreve, no final do livro, uma cena comovente: agonizante, Getúlio vagueia o olhar até fixar em Alzira. “Apenas um leve sorriso me deu a impressão de que ele havia me reconhecido”, escreveu ela, anos depois.

ServiçoGetúlio 3 (1945-1954)Autor: Lira NetoEditora: Companhia das Letras (464 págs., R$ 49,50 (papel) e R$ 34,50 (e-book))

Foto: Lira neto. Crédito: JF Diorio/ESTADÃO CONTEÚDO

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Cinebiografia de Getúlio Vargas retrata momentos finais do ex-presidente

Banda do Mar lança disco de estreia

por Luiz Carlos Merten

por Julio Maria

Saiba 11Fortaleza, OUTUBRO de 2014

São Paulo, (AE) - O terceiro volume da biografia de Getúlio Vargas por Lira Neto chega às

livrarias ainda sob o impacto do filme de João Jardim, Getúlio, que chega em DVD no fim do mês. O filme aborda os últimos dias do ex-presidente, sitiado no Palácio do Catete. O livro cobre de 1945 até o suicídio, em 1954 “Saio da vida para entrar na História...” Getúlio

São Paulo, (AE) - Uma parte do mistério começa a ser desven-dada. Desde maio, quando

Mallu Magalhães usou as redes so-ciais para contar que estava formando um grupo com o marido Marcelo Camelo e o baterista Fred Ferreira, dos grupos portugueses Buraka Som Sistema e Orelha Negra, fãs das duas metades da laranja se colocaram em alerta. “Hoje, posso contar o que tenho guardado com euforia”, escre-veu a cantora. “Nós nos juntamos e fizemos a Banda do Mar.

A Banda do Mar era um nome bom mas vago, não entregando muito o que poderia ser o novo som da dupla. Agora, duas canções saem também via redes sociais e apontam para uma provável origem do batismo. A Banda do Mar faz, ao menos nas canções liberadas Hey Nana e Mais Ninguém, algo muito influenciado pela surf music. O som é de banda de rock sessentista, sem nada que a sustente além do trio de baixo, guitar-

entrou. É um dois mais emblemáticos personagens da história do Brasil.

O ex-ditador que voltou ao poder democraticamente repete no filme que rasgou duas Constituições e não rasgaria a terceira. Muitos críticos reclamam do grande tema. Não enten-deram nada. Ao concentrar a tragé-dia de Getúlio em poucos dias, João Jardim retoma seu tema da palavra e tenta iluminar momentos controver-sos da história do País.

Tanto Lira Neto quanto George Moura, o roteirista de João Jardim, fizeram acurados trabalhos de inves-tigação, mas eles não bastam. Existem relatos contraditórios, do próprio Car-los Lacerda sobre o atentado da Rua Toneleros. E o que dizer do suicídio, que não teve testemunhas? Em ambos os casos, João Jardim preenche com a

ficção o que a documentação (incom-pleta) não lhe permite entender.

Quem leu os dois primeiros volu-mes da biografia de Getúlio vai con-cordar que os livros não iluminam só o personagem, mas a própria História do Brasil. E o filme é maravilhoso, um grande thriller político. Quem é mais fiel, Lira Neto ou George Moura/João Jardim? Não importa, ou melhor, o que importa é que ambos tentam decifrar o enigma do homem e do político.

O leitor imagina Getúlio, com base na iconografia oficial. O espectador vê Tony Ramos, tão perfeito no papel, que nem o próprio Getúlio desfaz a mágica. São obras sérias, o filme como o(s) livro(s). Nos permitem entender como 1954 (o suicídio) antecipou 1964 (o golpe). A fórmula “leia o livro, veja o filme” nunca foi mais acurada.

ra e bateria, com uma linha de baixo gordo, uma bateria a la jovem guarda e uma guitarra de linguagem Dick Dale.

As duas canções são feitas basi-camente com a mesma receita. Soam mais os domingos de Mallu do que o inverno dos Hermanos, mais o des-pudor pop da canção do que qualquer pretensão cerebral. O amor na poesia é leve, ainda que não necessariamente consumado. “Mesmo que não venha mais ninguém, ficamos só eu e você... Fazemos a festa, somos do mundo, sempre fomos bom de conversar”, diz Mallu em Mais Ninguém. “Hey Nana, eu vim aqui pra te falar e te dizer o tanto que eu não pude te dar... Hey Nana, você nunca fez mal nenhum,

mas eu sei o tanto que ficou pra trás. Se você não quiser, eu vou te conven-cer, lá em casa continua todo mundo bem e todos os problemas se anteci-pam”, canta Marcelo em Hey Nana.

Um bilhete grudado na geladeira da casa dos Camelo diria que a vida vai bem, obrigado. Mallu e Marcelo se completam em seus conceitos, que já haviam se cruzado quando ele pro-duziu Pitanga, o belo e mais recente álbum da cantora, ou quando ela cantou com ele Janta, em 2008. Agora, chegam ao ponto de soarem um, sem que fique visível quem fez o quê. Ela o ajuda a descer dois degraus, ele a ajuda a subir dois, e todos vão sorri-dentes cantar na praia.

Robô inteligente pode substituir sistema de segurança para casapor Bruno Capelas

São Paulo, (AE) - Um robô inteligente, em formato de roda e capaz de se movi-

mentar por diversos ambientes pode ser o futuro para sistemas de segurança residenciais, sendo ca-paz de substituir câmeras estáticas e alarmes. Pelo menos é nisso que aposta a Roambotics, responsável pelo robô Jr., que contém câme-ras e sensores de áudio e pode se conectar ao smartphone ou tablet para patrulhar (e avisar) sobre quaisquer movimentos estranhos na casa ou no escritório. 

Com visão de 360 graus, o Jr. pode ser programado para rodar pelo ambiente selecionado, captan-do informações que são enviadas diretamente para a nuvem atra-vés de um sistema sem fio. Caso encontre algo estranho, o robô te manda uma notificação em seu app próprio ou um e-mail. 

Além de ter conectividade via Bluetooth e Wi-Fi, o Jr. também conta com um sistema de detec-ção de obstáculos e de aprendiza-do com as situações, sendo capaz de traçar um mapa da casa para evitar um choque com o sofá ou a casinha do seu cachorro. Para ser recarregado, o robô tem uma base capaz de transmitir energia de forma indutiva. Ainda não há preço nem data exata para o lan-çamento do Jr., embora a empresa planeje começar as vendas do robô em 2016.

Foto: Malu Magalhães.Crédito: Márcio Fernandes/ESTADÃO CONTEÚDO

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12 SaibaFortaleza, OUTUBRO de 2014

>> VARIEDADES

‘Mercenários 3’ é como uma brincadeira para todas as idadespor Luiz Carlos Merten

São Paulo, (AE) - O maior lança-mento da distribuidora Califór-nia chega com força em 2014.

Cerca de 800 salas de todo o Brasil vão exibir Os Mercenários 3. Barney (Sylvester Stallone) e seus amigos estão de volta, e agora com novas parcerias. Uma nova formação e nova atitude. Você vai ouvir que o filme de Patrick Hughes é só diversão. Por mais divertido que seja, e é - grande diversão -, Mercenários 3 está queren-do dizer alguma coisa sobre o mundo atual. No original, o título quer dizer outra coisa.

Nem é ‘mercenários’, mas ‘expen-dables’, descartáveis. Só para lembrar, em 1946, de regresso da guerra, John Ford fez Fomos os Sacrificados, jus-tamente para honrar os soldados que deram suas vidas ou ficaram estropia-dos combatendo o nazismo.

A meia-hora inicial de Mercená-rios 3 é pura pauleira. Uma ação para resgatar Wesley Snipes, carregado num trem de segurança máxima, emenda com outra para tentar pren-der traficante de armas Encoberto sob outro nome está Stonebanks/Mel Gibson, o antigo parceiro de Barney/Stallone. Outrora aliados, colocaram-se em campos opostos. O personagem de Gibson até tenta explicar o que os separou. O mundo dos mercenários é podre por natureza, mas Barney insistia em seus pruridos morais. O fracasso da operação para prender Stonebanks em seu novo dis-farce leva Barney a dissolver o antigo grupo. Bye-bye, Jason Statham, Dolph

Lundgren e os demais velhinhos. A nova operação encomendada por um figurão da CIA (Harrison Ford) exige sangue novo. Entra a nova formação e eles também são ‘expendables’, mas trazem as novas tecnologias, a nova mentalidade.

Não dá certo e a coisa só vai fun-cionar quando as duas formações, dos velhos e dos novos, pegarem juntas. Do novo grupo participa um especia-lista em informática, um jovem que se sente responsável pela morte dos parceiros - atormentado como Barney - e uma garota que bate e arrebenta, e o tempo todo suspira e dá de ombros dizendo ‘Homens!’ Tem também um tagarela (Antonio Banderas) e o militar (Harrison Ford) que traz seu team (Arnold Schwarzenegger e Jet Li). Todos na caça de Gibson/Stone-banks, que estabeleceu seu QG numa corrupta república do antigo Leste, cujo Exército controla. Para entender o que Stallone e o diretor Hughes querem dizer, é bom prestar atenção no personagem de Gibson, na forma como ele se move.

Sua primeira operação no filme é lançar uma bomba, a segunda, comprar uma obra de arte pós-mo-derna que desdenha e a terceira ocorre dentro de um museu de arte moderna, onde ele tergiversa sobre Caim e Abel, certamente como refe-rência a seu antigo parceiro e agora inimigo, Barney. Velhos ou novos, a tese sustentada pelos personagens de Mercenários 3 é um pouco aquela que já estava no clássico de ação Os Doze Condenados, de Robert Aldrich, nos anos 1960, e retomadas por Quentin

Brasileiro edita páginas do wikipédia desde os 14 anospor Pedro CaiadoEspecial para AE

São Paulo, (AE) - Existem 15 mil brasileiros trabalhando volun-tariamente para a Wikipédia.

Eles são uma comunidade ativa, que edita em torno de 200 mil páginas diariamente. Vinícius Siqueira, de 22 anos, é editor do site desde os 14 anos. “O que me motiva é compartilhar conhecimento de forma livre”, disse ele ao jornal O Estado de S.Paulo, por telefone.

O estudante de medicina edita as-suntos do seu dia a dia. “É uma técnica de aprendizado para mim. Esse é um compromisso pessoal com o acesso livre ao conhecimento”, defendeu ele.

Perguntado quais são as páginas mais vandalizadas do Wikipedia em português, ele explica que várias tem que ser trancadas. Somente admi-nistradores ou usuários registrados podem editá-las. “Entre as protegidas estão assuntos como ‘bunda’, as de ce-lebridades como Luan Santana e Jus-tin Bieber, e de políticos como Dilma Rousseff e Lula”, disse o jovem que já

dedicou parte de suas férias editando artigos do Wikipedia.

“Um vandalismo muito óbvio, como um palavrão, não dura segun-dos antes de ser retirado”, ele explica. “E você pode acessar o histórico de todas as edições de uma mesma pági-na.” O cargo de editor é considerado como de grande responsabilidade. “Os assuntos tem de ser abordados de forma imparcial”, disse.

Vinicius explica que há maneiras de monitorar a qualidade dos artigos. “Há uma parte chamada ‘mudanças recentes’, em que você consegue ver todas as edições feitas nas páginas em português.”

Segundo ele, quem faz o monito-ramento de artigos conhece as regras da Wikipédia, mas não é necessaria-mente um profissional da área. “Você não precisa ser médico para editar páginas relacionadas à medicina”, afir-mou, dizendo que a fonte é que cede a informação, e que cabe aos editores catalogá-la. Para ele, a Wikipédia fun-ciona de forma democrática. “Você tem que ter aprovação da comunidade para ter acesso a certas ferramentas”.

Em uma rápida analise das páginas dos candidatos a presidência, in-cluindo à do recém-falecido Eduardo Campos, Siqueira dá sua opinião. “Es-tão todas de acordo com os padrões do Wikipédia. Acho que somente a do Campos merecia mais fontes, mas talvez seja pelo momento”, disse.

Tarantino no mais recente Bastardos Inglórios. A guerra é um negócio sór-dido em que desajustados de carteiri-nha, podendo liberar seus instintos, sentem-se à vontade. Haja visto o Galgo de Banderas, que proclama que matar é só o que sabe e exulta com as armas na mão.

Mas nesse mundo em que tudo é mercado e tem um preço - a arte como as armas -, ainda existe ética, e ela, como o companheirismo e a ami-zade, é o que une as duas gerações de descartáveis. Nesse universo ‘masculi-no’, o velho amante latino (Banderas) é o único a tentar seus avanços sobre a Luna de Ronda Rousey, que canta e pega junto com os rapazes, mas

resiste às manifestações de delicadeza de Smilee (Kellan Lutz). Acabaram-se os gêneros? Ela trata os durões como ‘pussys’.

Stallone, de tanto botox, virou - com todo respeito por Zilka Salaberry - a velha senhora do Sítio do Pica-pau Amarelo. O filme dura mais de duas horas. Passa rápido, como uma verti-gem. Uma brincadeira para garotos de todas as idades, com eventuais links para o mundo real, só para mostrar que, no mundo que virou mercadão, só a mística do grupo nos salva, e essa também era a ideia de outro grande, o Sam Peckinpah de Meu Ódio Será Sua Herança/The Wild Bunch, do fim dos anos 1960.

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