jornal rumos - padrescasados.org filegraça de deus e com nossos cuidados corporais e espirituais....

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2 Jornal RUMOS

Jornal RUMOS

Edição 234

EDITORIAL

Amigas e amigos,cruzamos o ano2014. Com a

graça de Deus e comnossos cuidadoscorporais e espirituais.Centenas de milhares, noentanto, passaram para a2ª vida.

E nós, chegaremos aofinal deste ano? É perguntasem resposta...então vamosaproveitar muito bem todosos dias que a vida terrestrenos conceder.

Em abrilrecordaremos ereviveremos a vida, mortee ressurreição de nossoirmão Jesus Cristo. Comele procuremos traçar adireção de nossas vidas,em busca de nossa totalrealização.

Em início de março 16membros da Diretoria daAssociação Rumos (AS)

se encontrarão em LondrinaPR a fim de preparar o XXºEncontro Nacional doMFPC de 2015. Os 16pagarão generosamente deseus bolsos as despesas deviagem e hotel. Vocêspoderão ler as conclusõesem nosso sitewww.padrescasados.org

Nosso jornal RUMOSainda sobrevive, graças àcolaboração financeira dequem renovou anuidadecomo sócio da AR (150,00)ou assinante do jornal(40,00). E de alguns novos.Você foi um desses??? Sesim, parabéns, e continue!Se não, imite-os, por favor!

3 jornais enviados porcorreio foram-me devolvidospor "mudança de endereço".Peço que me avisem, se equando isso lhes acontecer.Por e-mail (abaixo) outelefone (47-99835537).

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Diretoria Executiva da Associação Rumos:biênio 2010/2012

Presidente: José Edson da SilvaVice-Presidente: Maria Lucia de Moura

1º. Secretário: José Carlos P. S. de Andrade2º. Secretário: Rosa Silvério. De Andrade

1º. Tesoureiro: Enoch Brasil de Matos Neto2º. Tesoureiro: Maria de Fátima Lima Brasil

Organismos de Apoio da AR e Conselho Gestor do Movimento de PadresCasados e suas Famílias:Presidente da AR - José Edson da SilvaCoordenadores do XX Encontro Nacional: Armando e Altiva HolyszewskiModerador do e-grupo padrescasados: João Correia TavaresCoordenadores do site www.padrescasados.org: Gilberto Luiz GonzagaCoordenadora do Grupo de viúvos e Viúvas: Benizzeth ZortheaCoordenadores do Grupo dos jovens do MFPC: José E. Rolim Motae RejaneE-mail para enviar matérias para o site: [email protected] internacionalArmando HolocheskiCoordenador da comissão de teologiaFrancisco Salatiel A. BarbosaAssessor Jurídico e Curador do Patrimônio da AR:Antônio Evangelista AndradeAssessores bíblico-teológicos:Eduardo Hoornaert e Geraldo FrenckenObs. - As respectivas esposas estão incluídas nas funções acima.

O JORNAL RUMOS é uma publicação bimestralda Associação Rumos/Movimento das Famílias

dos Padres Casados do Brasil (MFPC). AAssociação Rumos é uma sociedade civil de

direito privado, de âmbito nacional, comfinalidades assistenciais, filantrópicas,

culturais e educacionais, sem fins lucrativos.

Conselho Fiscal da AR: Joarez Virgolino Aires e Ausilia Moraes Aires (PR), Luís Guerreiro PintoCacais e Irene Ortlieb Guerreiro Cacais (DF) e Fernando Spagnolo e Telma Araujo de OliveiraSpagnolo (DF).JORNAL RUMOS:Coordenador do Conselho Editorial do Jornal Rumos: Gilberto Luiz GonzagaDiagramação Rodrigo Maierhofer MacedoJornalista Responsável: Mauro Queiroz (MTb 15025)Correspondência: artigos, comunicações, artigos, sugestões e críticas devem ser dirigidos para o e-mail: [email protected] de Gilberto Luiz Gonzaga, Porto Belo SC, fone 47- 9983-5537Os textos assinados não representam necessariamente a opinião do jornal e são de inteira responsa-bilidade de seus autores.

Assinatura anual:Assinatura anual: R$ 40,00 (quarenta reais)Pagamento pelo Agência: Banco do Brasil 3515-7 Conta Corrente: 13786-3CNPJ: 02.618.544/0001-47 (NECESSÁRIO QUANDO ENVIADO DE OUTRO BANCO)Comunique imediatamente ao nosso tesoureiro Enoch Brasil de Matos Neto por [email protected], ou telefone 85-32468126 - 85-89554114 - 85-96362026(Tim)Associação Rumos: Anuidade de sócio - 150,00 (138,00 + 12,00 para Fundo de mútua ajuda);

Pague sua anuidade exclusivamente através de depósito bancário noAgência: Banco do Brasil 3515-7 Conta Corrente: 13786-3

Caros coirmãos,cunhadas e sobrinhos,saúde e paz!

O nosso mundo viveum processo acelerado demudanças, e em quasetodos os cantos do planetase presenciam criseseconômicas, sociais,éticas, políticas,religiosas e até mesmoclimáticas.

A natureza grita detodas as formas, e de certaforma nos sinaliza que oser humano precisa mudarseus hábitos e atitudes. Amudança de algunshábitos talvez sejapossível, mas a mudançade atitudesé a maisdesafiadora para todosnós, acostumados apresenciar cenasmidiáticas que degradamcada vez mais a figurahumana.

Neste sentidopergunto: como enxergarno ser humano a imagem

Carta do Presidente aos leitores

de Deus? Que caminhosteremos que percorrer paraque sejamos sinais daressurreição? Com quaisinstrumentos faremos apassagem de tantosmomentos tenebrosos parauma vida nova, ondepossamos nos respeitar enos amar?

É exatamente comestas reflexões quedesejamos vivenciartantos ritos previstos em2014, onde a esperançaem cada coração precisaser mantida e alimentada.Os momentos de crisesexistem e provam queestamos vivos e dispostosa vencer todas as barreiras.

A CoordenaçãoNacional do MFPC econvidados estarãoreunidos em Londrina PRno período de carnaval,justamente para unirmosforças e encontrarmossaídas para novos rumos.

É d iante dos

Refaço a todos oconvite, para sobrevivênciade nosso jornal Rumos:conquistem 2 ou maisassinantes e/ou sócios! Docontrário teremos omesmo infeliz desfecho denosso irmão jornal "Linhade frente"! Como pagar, vernesta página 2, embaixo,em Expediente.

Aceitem meuconfiante abraço

[email protected]

percalços da vida quedevemos mostrar que anossa espir i tual idadefoi alicerçada sobre arocha e teremos claroque juntos seremosmais fortes e de cabeçaerguida , tendo fé navida, fé no homem, fé noque virá.

Desejamos a todos osnossos assinantes esimpatizantes um início deano pleno de realizações.

Feliz Páscoa!José Edson

Presidente doMFPC/AR

Saúde:1. Beba muita água;2. Coma mais o que nasce em árvores eplantas,e menos comida produzida emfábricas;3. Viva com os 3E's: Energia, Entusiasmoe Empatia;4. Arranje tempo para orar;5. Leia mais livros do que leu em 2013;6. Sente-se em silêncio 10 minutos pordia;7. Durma 8 horas por dia;9. Faça caminhadas de 20-60 minutos pordia, e enquanto caminha sorria.

Personalidade:10. Não compare a sua vida a dos outros;11. Tenha pensamentos positivos: tudo vaidar certo...12. Mantenha-se nos seus limites;13. Não se torne demasiadamente sério;14. Sonhe mais;15. Esqueça questões do passado.16. A vida é curta precisa ser bem vivida.17. Faça as pazes com o seu passadoparanão estragar o seu presente;18. Ninguém comanda a sua felicidade anão ser você;19. Tenha consciência que a vida é umaescola e que está nela para aprender.Sorria!20. Não é necessário ganhar todas asdiscussões;aceite também a discordância.

Este atualizado padre emérito, 81anos, de Caxias do Sul RS, enviaà redação do jornal muitos

depoimentos e fotos.Lamento não poder publicar tudo.Diz ele: "peço que publique nas

páginas do jornal Rumos, que é porta-voz dos padres casados, que adoramviver com suas esposas que fazem tantobem à Igreja".

Diz também: "grande razão depoucos padres e muitos com vida duplaé o celibato obrigatório. Deus inaugurouo Novo Testamento através da famíliaMaria, José e Jesus. Por isso o mundoatual bota fé na família sacerdotal: padre,esposa e filhos".

E conclui: "esperamos que o Papaabra as portas da Igreja e cancele ocelibato obrigatório. E que mulheresingressem no sacerdócio.

Grato, Pe. Mariano!Giba redator

PADRE MARIANO CALLEGARI

MANUAL REALIZADOR PARA 2014

Sociedade:21. Entre mais em contato com seusfamiliares;22. Dê, diariamente, algo de bom aosoutros;23. Perdoe a todos, por tudo;24. De um tempo com pessoas acima de70 anos e abaixo de 6.25. Tente fazer feliz pelo menos umapessoa por dia;26. Não te diz respeito o que os outrospensam de você;

A Vida:27. Faça o que é correto;28. Desfaça-se do que não é útil;29. DEUS cura tudo;30. O melhor ainda está para vir;31. Quando acordar pela manhã, agradeçaa DEUS pela graça da vida;32. Mantenha seu coração sempre feliz.

Jornal RUMOS

3Jornal RUMOSEdição 234

PÁGINA DOS LEITORES

Oi querido amigo, vamos ler todo ojornal Rumos eletrônico que nos enviou.Quanto à assinatura vamos pensar; esteano foi o ano da economia!

Regina [email protected]

Muito agradecida pelo envio onlinedo Jornal Rumos! Está ótimo, sempredivulgando o melhor!

Gostei também por publicar o artigoUma Peregrinação a-dois do Pe. Marcos.Disponham sempre dos artigos dele queestão no Blogwww.padrejosemarcosbach.blogspot.com.br

É preciso que haja sempre umamaior conscientização e um assumir maisevangélico da Vida. Grande e amistosoabraço!

Maria Célia [email protected]

Muchas gracias hermano "Gilgon": esun placer estar en contacto. Espero queNuestro Padre Dios nos sigamanteniendo unidos. La ausencia deNUESTRA QUERIDA MADRECLELIAnos sirva para seguir adelanteen este duro traginar por una NUEVAIGLESIA. Ella estamos seguros que yaestá en un lugar desde donde nos ayudarájunto a Jerónimo .Con mucho afecto.

Oswaldo [email protected]

Irmãos e amigos. Em nome doDiretor e Editor Gilberto Gonzaga, Giba,estou enviando a edição n° 233 do JornalRumos, do Movimento das Famílias dos

Padres casados do Brasil - MFPC.Leia, comente, colabore com artigos.

Se puder e quiser, faça sua assinatura.Para manter a edição impressa do JornalRumos, precisamos, pelo menos,duplicar o número de assinaturas,atualmente no valor de R$ 40,00.Confira como fazer no EXPEDIENTE(fim da p. 2).

João [email protected]

Amigo Giba, gostaria que, a bem daverdade, você retificasse a afirmação doFrancisco Rezende de que foi ele quelhe passou o jornal Rumos. Poderá fazê-lo na próxima edição com o mesmoespaço ocupado pelo Francisco paraestampar sua mentira!

Porque ele está dizendo isso? Seráque está ficando gagá ou atacado demanias de grandeza?! Por que está eleme ignorando? Sei que não fiz grandecoisa, mas a verdade deve sempreprevalecer. Porque o Francisco resolveuignorar minha modesta contribuição?

Não gostei e fiquei muito chateadocom essa presunção. Sic Locutus estVirgolino.

Joarez Virgolino [email protected]

Caro Gilberto: Virgolino está cobertode razão. Foi para ele que passamos oJR, lá em Luziânia. Tenho grande apreçopelo Virgolino e por você. Jamais tive aintenção de tergiversar.

Pode até mesmo ser verdade queestou ficando gagá. Após colocar 3safenas e uma mamária ( em 8.10.13),sofrer uma infecção hospitalar, que meobrigou a um retorno de 8 dias aohospital. Quando esta foi curada surgiuuma erisipela, de que ainda estou merestabelecendo.

Apenas tentei lembrar a situação doJR quando esteve sob a responsabilidadedo grupo de S. Paulo, uma equipe quetinha como Jornalista Responsável oFábio França..

Peço desculpas ao Virgolino se omitia sua participação ou o contristei.

Agradeço ao Virgolino e a você amemória dos fatos. Um abraço.

Francisco de Assis [email protected]

Muito legal essa edição, Giba.Importante a reportagem sobre o

"cloreto de magnésio".George Rohrbacher

[email protected]

Gilberto: MIL gracias por el envíode RUMOS. Aunque sin entendermucho he repasado todo con gran gustoy deleite. Hacía varios años que no lorecibía. Me encantó el artículo sobreSACERDOCIO DE LAS MUJERES.Nuestras mujeres viven realmenteenamoradas de Jesús!

Gracias por todo. Por tenernospresentes.

Autor peruano

FELIZ NAVIDAD Y PROSPEROAÑO NUEVO PARA TODOSNUESTROS HERMANOS DELBRASIL del Grupo Mosacar(Movimiento de Sacerdotes Católicos deCartagena de Indias). Abrazos,

Ramiro Pineda Salazar Y [email protected]

Olá Professor, recebi o jornal Rumos233 sim. Gostei bastante!

[email protected]

Amigo Gil, quanto ao futuro do nossojornal Rumos, continuo com a profeciada minha esposa Ausilia que, desde oinicio, sentenciou: Giba continuará editorin saecula saeculorum, amém.

Que minha madrinha, a Senhora daConceição nos obtenha um Natal commuito amor e carinho.

E que, junto a Aglésia e neta, te dêfirmeza para que com o sólido Tavaresmantenham com pulso o timão de nossamídia!

Joarez Virgolino [email protected]

Gostei do Jornal Rumos 233.Chamaram-me atenção as tantas receitaspara a saúde... sinal de que se fazemnecessárias.

Padre José [email protected]

Queridos manos que tão gentilmenteambos me/nos no-lo enviaram,aconselhando uma "Boa leitura!":PARABÉNS!

Desta vez senti necessidade deresponder só depois da tal leitura prévia- "em diagonal".

Aprecio -o sempre na principalcaraterística - a linha profética! Estão esão todas as páginas com assuntos muitoimportantes- "cada macaco no seugalho", recordando um feedback que naminha terra (se) utilizava muito(Luanda). Os artigos sobre o celibatoopcional e a(s) página(s) da mulher são

fundamentais!Que piada achei ao artigo na página

7 - Necessitamos de outros bispos, nestaopinião: "(...) alguns tenham torcicolosde tanto olhar para Roma", "de JoséMaria Castillo, em artigo publicado emseu blog: Teologia Sin Censura". Umdesafio para consultá-lo mesmo!

Que Leonard Boff não deixe nuncade escrever e de integrarem um artigoseu no Jornal!

Autor desconhecido

SE NATAL É o VERBO AMARconjugado no presente, que 2014, sendoum ano novo, SEJA O VERBO AMARa conjugar no futuro. Então, que o seuespírito esteja e seja semprePRESENTE, porque JESUS foi, é, eserá o melhor PRESENTE que DEUSdeu ao MUNDO!

Um abraço fraterno daA s s o c i a ç ã o F R AT E R N I T A SM O V I M E N T O h t t p : / /fraternitasmovimento.blogspot.pt/

A secretária, Urté[email protected]

Giba, parabéns por mais esse númerode Rumos. Bem programado e bemeditado: parabéns. Aproveito para lhedesejar um bom Natal e Ano Novo, desdejá, e muito entusiasmo para levar adianteessa importante missão. Um abraço,

Eduardo [email protected]

Obrigado Giba,Parabéns pelo Rumos, do MFPCSaudades, abraço,

[email protected]

Prezado Giba, sou assinante desse"pequeno grande" Jornal, cujas matériashonbram e engrandecem o seu corpoeditorial. Pago a anuidade de 2014, comsinceros votos em prol da continuidadedesse periódico que tanto tem servido àcomunidade dos padres casados bemcomo aos demais simpatizantes.

Não gostaria que "Rumos" tivesse omesmo destino do "Linha de Frente".

"Prá frente Rumos", precisamos devocê!

Eduardo Lessa GuimarãesSalvador BA

OBRIGADO, MEU DEUS, PORPERMITIR QUE EU DIRIJAESTE C A R R O QUE ÉSEU. E ELE ME TRANSPORTECOM ABSOLUTA SEGURANÇAPARA ONDE EU QUEIRA IR.M U I T O O B R I G A D O!!!

Amigo(a) motoristaEsta Mantra abaixo já livrou a mim e

muitos outros motoristas de gravesacidentes.

Copie-a e cole-a em seu carroGiba Editor

Agradeço seus comentários.Desejo a vocês e a todos os

leitores uma feliz e SantaPÁSCOA.

Giba editor

4 Jornal RUMOS

Jornal RUMOS

Edição 234

Com meus votos de que nossosbispos e párocos comecem afalar amplamente sobre esse

Questionário de 38 perguntas ou,melhor ainda, que famílias e grupos defamílias católicas se organizem, a partirda base, para discutirem esse magno eurgente assunto que, se for levado asério, pode mexer com os EIXOS daIgreja e começar, de fato, a dar aosLEIGOS o seu protagonismo na Igreja,como cristãos adultos que são, noEspírito do cap. II da Lumen Gentium .

Não por delegação do papa, bisposou padres, mas a partir da imensa eoriginária força proveniente do seuBatismo e Crisma, alimentada pelaPalavra meditada e pela Eucaristia,sob o sopro contínuo do Espírito Santoque sopra onde quer e que não falta àIgreja dos filhos de Deus quecaminham neste mundo.

Família é assunto em que os Leigoscristãos são bem mais entendidos doque o clero. E onde muitas "verdadesteóricas, desencarnadas" se diluem, serelativizam e se ajustam continuamente.

E nós, Famílias dos Padres casadosdo Brasil, o que poderíamos fazer deespecífico, com nossa marca, em grupo,nacional ou estadual? Num jogorápido, pela internet, bem quepoderíamos combinar alguma coisa...Ou preferimos fazer por famílias?

Bom trabalho... e vamos àssugestões...

João [email protected]

QuestionárioAs seguintes perguntas permitem às

Igrejas particulares participar ativamentena preparação do Sínodo Extraordinário,que tem a finalidade de anunciar oEvangelho nos atuais desafios pastoraisa respeito da família.

1 - Sobre a difusão da SagradaEscritura e do Magistério da Igreja apropósito da família

a) Qual é o conhecimento real dosensinamentos da Bíblia, da Gaudiumet Spes, da Familiaris Consortio e deoutros documentos do Magistério pós-conciliar sobre o valor da famíliasegundo a Igreja católica? Como osnossos fiéis são formados para a vidafamiliar, em conformidade com oensinamento da Igreja?

b) Onde é conhecido, o ensinamentoda Igreja é aceite integralmente.Verificam-se dificuldades na hora de opôr em prática? Se sim, quais?

c) Como o ensinamento da Igreja édifundido no contexto dos programaspastorais nos planos nacional, diocesanoe paroquial? Que tipo de catequese sobrea família é promovida?

d) Em que medida - e em particularsob que aspectos - este ensinamento é

realmente conhecido, aceite, rejeitado e/ou criticado nos ambientes extra-eclesiais? Quais são os fatores culturaisque impedem a plena aceitação doensinamento da Igreja sobre a família?

2 - Sobre o matrimônio segundo a leinatural

a) Que lugar ocupa o conceito de leinatural na cultura civil, quer nos planosinstitucional, educativo e acadêmico,quer a nível popular? Que visões daantropologia estão subjacentes a estedebate sobre o fundamento natural dafamília?

b) O conceito de lei natural emrelação à união entre o homem e amulher é geralmente aceite, enquanto tal,por parte dos batizados?

c) Como é contestada, na prática ena teoria, a lei natural sobre a união entreo homem e a mulher, em vista daformação de uma família? Como éproposta e aprofundada nos organismoscivis e eclesiais?

d) Quando a celebração domatrimônio é pedida por batizados nãopraticantes, ou que se declaram não-crentes, como enfrentar os desafiospastorais que disto derivam?

3 - A pastoral da família no contextoda evangelização

Quais foram as experiências quesurgiram nas últimas décadas em ordemà preparação para o matrimônio? Comose procurou estimular a tarefa deevangelização dos esposos e da família?De que modo promover a consciênciada família como "Igreja doméstica"?

Conseguiu-se propor estilos de oraçãoem família, capazes de resistir àcomplexidade da vida e da culturalcontemporânea?

Na atual situação de crise entre asgerações, como as famílias cristãssouberam realizar a própria vocação detransmissão da fé?

QUESTIONÁRIO DE 38 PERGUNTAS

De que modo as Igrejas locais e osmovimentos de espiritualidade familiarsouberam criar percursos exemplares?

Qual é a contribuição específica quecasais e famílias conseguiram oferecer,em ordem à difusão de uma visão integraldo casal e da família cristã, hojecredível?

Que atenção pastoral a Igrejamostrou para sustentar o caminho doscasais em formação e dos casais emcrise?

4 - Sobre a pastoral para enfrentaralgumas situações matrimoniais difíceis

a) A convivência ad experimentum éuma realidade pastoral relevante naIgreja particular? Em que percentagemse poderia calculá-la numericamente?

b) Existem uniões livres de fato, semo reconhecimento religioso nem civil?Dispõem-se de dados estatísticosconfiáveis?

c) Os separados e os divorciadosrecasados constituem uma realidadepastoral relevante na Igreja particular?Em que percentagem se poderia calculá-los numericamente? Como se enfrentaesta realidade, através de programaspastorais adequados?

d) Em todos estes casos: como vivemos batizados a sua irregularidade? Estãoconscientes da mesma? Simplesmentemanifestam indiferença? Sentem-semarginalizados e vivem com sofrimentoa impossibilidade de receber ossacramentos?

e) Quais são os pedidos que aspessoas separadas e divorciadas dirigemà Igreja, a propósito dos sacramentosda Eucaristia e da Reconciliação? Entreas pessoas que se encontram em taissituações, quantas pedem estessacramentos?

f) A simplificação da praxe canônicaem ordem ao reconhecimento dadeclaração de nulidade do vínculo

matrimonial poderia oferecer umacontribuição positiva real para a soluçãodas problemáticas das pessoasinteressadas? Se sim, de que forma?

g) Existe uma pastoral para ir aoencontro destes casos? Como se realizaesta atividade pastoral? Existemprogramas a este propósito, nos planosnacional e diocesano? Como amisericórdia de Deus é anunciada aseparados e divorciados recasados ecomo se põe em prática a ajuda da Igrejapara o seu caminho de fé?

5 - Sobre as uniões de pessoas domesmo sexo

a) Existe no vosso país uma lei civilde reconhecimento das uniões depessoas do mesmo sexo, equiparadas dealguma forma ao matrimônio?

b) Qual é a atitude das Igrejasparticulares e locais, quer diante doEstado civil promotor de uniões civisentre pessoas do mesmo sexo, querperante as pessoas envolvidas neste tipode união?

c) Que atenção pastoral é possívelprestar às pessoas que escolheram viverem conformidade com este tipo deunião?

d) No caso de uniões de pessoas domesmo sexo que adotaram crianças,como é necessário comportar-sepastoralmente, em vista da transmissãoda fé?

6 - Sobre a educação dos filhos nocontexto das situações de matrimôniosirregulares

a) Qual é nestes casos a proporçãoaproximativa de crianças e adolescentes,em relação às crianças nascidas eeducadas em famílias regularmenteconstituídas?

b) Com que atitude os pais se dirigemà Igreja? O que pedem? Somente ossacramentos, ou inclusive a catequese eo ensinamento da religião em geral?

Jornal RUMOS

5Jornal RUMOSEdição 234

c) Como as Igrejas particulares vãoao encontro da necessidade dos paisdestas crianças, de oferecer umaeducação cristã aos próprios filhos?

d) Como se realiza a práticasacramental em tais casos: a preparação,a administração do sacramento e oacompanhamento?

7 - Sobre a abertura dos esposos à vidaa) Qual é o conhecimento real que

os cristãos têm da doutrina da HumanaeVitae a respeito da paternidaderesponsável? Que consciência têm daavaliação moral dos diferentes métodosde regulação dos nascimentos? Queaprofundamentos poderiam ser sugeridosa respeito desta matéria, sob o ponto devista pastoral?

b) Esta doutrina moral é aceite? Quaissão os aspectos mais problemáticos quetornam difícil a sua aceitação para agrande maioria dos casais?

c) Que métodos naturais sãopromovidos por parte das Igrejasparticulares, para ajudar os cônjuges a pôrem prática a doutrina da Humanae Vitae?

d) Qual é a experiência relativa a estetema na prática do sacramento dapenitência e na participação naEucaristia?

e) Quais são, a este propósito, oscontrastes que se salientam entre adoutrina da Igreja e a educação civil?

f) Como promover uma mentalidademais aberta à natalidade? Comofavorecer o aumento dos nascimentos?

8 - Sobre a relação entre a família ea pessoa

a) Jesus Cristo revela o mistério e avocação do homem: a família é um lugarprivilegiado para que isto aconteça?

b) Que situações críticas da famíliano mundo contemporâneo podem tornar-se um obstáculo para o encontro dapessoa com Cristo?

c) Em que medida as crises de fé,pelas quais as pessoas podem atravessar,incidem sobre a vida familiar?

9 - Outros desafios e propostasExistem outros desafios e propostas

a respeito dos temas abordados nestequestionário, sentidos como urgentes ouúteis por parte dos destinatários?

Para onde enviar as respostas:

O questionário respondido pode serenviado para os seguintes endereços:

Conferência Nacional dos Bispos doBrasil - CNBB

SE/Sul Quadra 801 Conjunto "B"70.200-014BRASÍLIA - DFE-mail: [email protected] Apostólica no BrasilSES Avenida das Nações quadra 801

lote 1CEP: 70.401-900 - Brasília / DFCaixa Postal 153 CEP: 70.359-970E-mail: [email protected] da DioceseO questionário com as respostas

também pode ser entregue na secretariade sua diocese.

Não há dúvida de que oPapa Francisco é hojeuma figura de impacto

global, talvez a figura maispopular no mundo, na qual sepõe mais esperança e confiança.

Foi proclamado comopersonalidade do ano 2013 pelarevista Time, que escolhe,desde 1927, a pessoa queconsidera ter tido maisinfluência nas notícias em todoo mundo no respectivo ano.Designou-o como "o Papa daspessoas", concretizando que "oque o torna tão importante é arapidez com que captou aesperança de milhões depessoas que tinham abandonadotoda a esperança na Igreja".

"É raro um novo atorinternacional da cena mundialsuscitar tanta atenção tãorapidamente, tanto entre osjovens como entre os maisvelhos, entre os crentes ou osmais cépticos", declarouNacy Gibbs, diretora daredacção da revista.

Também o diário francês LeMonde o escolheu comopersonalidade do ano 2013,afirmando que "não é absurdofalar de "papamania"",exaltandoa mensagem que Franciscoencarna e acrescentando: "Entreos crentes, está presente semdúvida a alegria de recuperaras origens da mensagemcristã . Os outros estãoseduzidos por algo que separece com a modernidade,pelo menos no discurso".

O QUE DIZEM DE FRANCISCO

Após um pontificado"crepuscular e quasedepressivo" de Bento XVI, comFrancisco chegou um homemque "suscita uma simpatia quaseuniversal", que dá a impressãode devolver ao seu cargoautoridade moral e credibilidade,tão urgentes para a Igreja e paraum mundo melhor. Diz-me umgrande professor de Medicina,racional e não beato: em 2013,a eleição de Francisco foi oacontecimento que mais alegriame trouxe. E gente que andavaafastada da prática religiosavoltou. As estatísticas dizem-no:na Grã--Bretanha, EstadosUnidos, França, Itália, América

Latina, constata-se um aumentode fiéis nas missas, chegandoesse aumento a uns 20%,segundo o The Sunday Times.

Sobre o Papa Franciscograndes figuras se têmpronunciado. O nobel deLiteratura Mário Vargas Llosadeclarou recentemente: "Tenhomuito boa opinião do Papa.Está a fazer um esforço queoxalá se traduza em reformasreais para modernizar a Igreja,para lhe devolver a força moralque teve nalgumas épocas e quefoi muito importante".

"Para The Guardian,Francisco poderia substituirBarack Obama como o rosto da

esquerda". "É o homem commaior número de buscas nainternet em 2013." Para ele, "oque conta não é a instituição,mas a missão". "Poderá não terum exército nem batalhões, mastem um púlpito e neste momentoestá a usá-lo para ser a voz maisclara e contundente do mundocontra o status quo".

"O próprio Presidente dosEstados Unidos, BarackObama, afirmou estar "muitoimpressionado com ospronunciamentos" do PapaFrancisco, com a sua"humildade", "empatia com ospobres", apoiando o que dizcom obras". "Creio que,

primeiro e sobretudo, pensa emacolher as pessoas e não emrejeitá-las, procura o que nelasé bom, em vez de condená-las",sublinhou Obama.

"Um novo animal políticoestá a impor-se na cenamediática mundial", escreveuSylvie Kaufmann, directoraeditorial do Le Monde."Visibilidade ótima, sorrisocálido, verbo hábil, mensagemcom impacto, o Papa Franciscoconquistou, em poucos meses,uma audiência que superaamplamente a dos seus fiéis.Aos 77 anos, teminquestionavelmente isso que osprofissionais norte-americanosdas relações públicas chamamo star power. Fala muito e livre.Beija, acaricia, diz piadas,escreve cartas, chama aotelefone, tuíta, o maisimportante, surpreende."Nenhum tema o assusta.

"Será Francisco o Papa dorenascimento da comunidadecatólica? "O famoso escritorUmberto Eco definiu-o como"o Papa da globalização",dizendo numa entrevista:"Estou convencido de queFrancisco está a representarum fato absolutamente novona história da Igreja e, talvez,na história do mundo." Comosemiólogo, considera que "éum homem moderno, é oPapa da internet". O PapaFrancisco levará a bom termoo seu desígnio?

Pe. Anselmo Borges

www.padrescasados.org

6 Jornal RUMOS

Jornal RUMOS

Edição 234

Às vezes nós, católicos,tendemos espiritualizartanto algumas questões,

que esquecemos da sua conexãocom a realidade e da necessáriacoerência com a razão, com aética e com a ciência positiva.Com a reflexão sobre a questãoda morte não é diferente. Morreré algo natural - a única certeza quetemos é de que um diamorreremos.

Em novembro do ano passadofalávamos da morte como umaporta pela qual passamos destavida para outra - muitas vezes nosfixamos tanto na porta queesquecemos o que existe dooutro lado.

Desta vez refletiremos sobreuma questão mais técnicarelacionada à morte: aconsideração sobre a aceitaçãoda mesma. Certamenterespeitamos e defendemos a vidaem todas as suas etapas - daconcepção à morte natural - mastambém se faz necessário aceitar

ESTAMOS NUM VOO CEGO: PARA ONDE VAMOS?

A ACEITAÇÃO DA MORTE: ENTRE A DISTANÁSIA E A EUTANÁSIAo momento da morte.

As duas posturas extremasnesta questão - e como extremas,equivocadas - seriam a obstinaçãoterapêutica por um lado e aeutanásia por outro.

A obstinação terapêutica oudistanásia seria utilizar meiosdesproporcionais para amanutenção da vida,comprometendo os bens e aprópria qualidade de vida dapessoa sem esperanças deresultados significativos.Conhecemos muitos casos depessoas que, sabendo de seuestado terminal, utilizaram demeios que seriam incapazes decurá-la, simplesmente paramanter a vida por mais alguns diasou semanas.

O oposto contrário seria aeutanásia, através da qual, por umaação direta ou por uma omissãode uma ação devida, a pessoamorre. Aqui não se trata de umamera aceitação da morte, mas simde um protagonismo na decisão

da morte - repito, seja por umaação direta ou por uma omissão.Por exemplo, um paciente emcoma ou em estado vegetativonecessita ser hidratado (receberágua) e nutrido (receber comida).Seria eutanásia - assassinato -remover a hidratação e nutriçãode um paciente neste estado, poisa pessoa não morreria pela sua

doença, mas sim de fome e desede.

O meio termo, que neste casoé a atitude correta, seria o que sechama de ortotanásia. Trata-sesimplesmente de aceitar a morteno momento em que já nãosejamos mais capazes de lutarcontra a mesma. Podemos tomarcomo exemplo uma pessoa comcâncer - após váriasquimioterapias com pouco êxito,a pessoa pode renunciar a umaseguinte, aceitando que chegou asua hora e preparando-se paramorrer.

A consideração de quaismeios de tratamento seriam ounão proporcionais possui algunselementos objetivos, mastambém cabe um certo grau desubjetividade - de acordo com ascircunstâncias de cada um, algunsprocedimentos podem serconsiderados desproporcionaispara uma pessoa e proporcionaispara outra. Por essa razão devehaver uma profunda cooperação

entre o médico e o paciente, paraencontrarem, juntos, qual a justarazão para cada caso.

Por fim, faz-se necessárioconsiderar também ostratamentos paliativos. Em umpaciente terminal - independenteda renúncia ou não de tratamentos- sempre se faz necessário ajudara pessoa a suportar a dor e osdesconfortos causados peladoença que padece. O confortofísico ajuda a pessoa a preparar-se devidamente para a morte,despedindo-se de seus seresqueridos, recebendo os últimossacramentos e despedindo-sedesta etapa da vida. Em muitoscasos faz-se inclusive necessáriaa sedação - mas seria importanteque esta etapa de despedida e depreparação fosse realizada antesde tal procedimento e que apessoa fosse consciente de seuestado.

Pe. Hélio Tadeu L. Oliveira,Mestre em Moral e Bioética,

e doutorando em Bioética.

"Somos ungidos a mudar derumo, vale dizer, assumirnovos princípios e valores,capazes de organizar de formaamigável nossa relação paracom a natureza e para com aCasa Comum. O documentomais inspirador é seguramentea Carta da Terra, nascida deuma consulta mundial quedurou oito anos, sob ainspiração de MichailGobachev e aprovada pelaUNESCO em 2003", escreveLeonardo Boff, teólogo, filósofoe escritor.Eis o artigo.

Quem leu meus dois artigosanteriores O funesto impériomundial das corporações e Umagovernança global da piorespécie: os mercadores teráseguramente concluído que naúnica nave espacial - Terra, seuspassageiros viajam em condiçõestotalmente diferentes. Umpequeno grupo de super ricosocuparam para si a primeira classecom um luxo escandaloso; Outrosfelizardos ainda viajam na classeeconômica e são servidosrazoavelmente de comida ebebida. O resto da humanidade,aos milhões, viaja junto àsbagagens sujeita ao frio dedezenas de graus abaixo de zero,semimortos de fome, de sede eno desespero. Esmurram asparedes dos de cima, gritando: ourepartimos o que temos nestaúnica nave espacial ou, num certomomento, acabará o combustível

e pouco importa as classes,morreremos todos. Mas quem osescutará? Impassíveis dormemdepois de um lauto jantar.

Metaforicamente esta é asituação real da Humanidade. Naverdade, estamos perdidos e numvoo cego. Como chegamos a estasituação ameaçadora?

Temos experimentado doismodelos de produção e deutilização dos bens e serviçosnaturais para atender as demandashumanas: o socialismo e ocapitalismo. Ambos fracassaram.Não cabem detalhes os dados. Osistema do socialismo real erade economia de planejamentoestatal centralizado.

Chegou a níveis razoáveis deigualdade-equidade nos camposda educação, da saúde e damoradia mas, por razões internase externas, especialmente por seucaráter ditatorial não conseguiuresolver suas contradições e ruiu.

O sistema capitalistaneoliberal de mercado livre comparco controle do Estado tambémfracassou em razão de sua lógicainterna, a de acumular de formailimitada bens materiais semqualquer outra consideração.Produziu duas injustiças graves:uma social a ponto de 20% dosmais ricos controlarem 82,4%das riquezas das Terras e os 20%mais pobres devendo-secontentar com 1,6%; e outrainjustiça ecológica devastandointeiros ecossistemas eeliminando espécies de seres

vivos na ordem entre 70-100 milpor ano. Este sistema quebrou em2008 exatamente no coração dospaíses centrais.

O comunismo chinês é suigeneris: pragmaticamentecombina todos os modos deprodução, desde o uso da forçafísica das pessoas, dos animais,até a mais alta tecnológica,articulando a propriedade estatalcom a privada ou mixta, desde queo resultado final seja uma maiorprodução com mínimo sentido dejustiça social e ecológica.

Mas importa reconhecer queestá crescendo o convencimentobem fundado de que o sistema-Terra limitado em bens e serviços,pequeno e superpovoado já nãosuporta um projeto decrescimento ilimitado. Ele perdeuas condições de repor o que lhetiramos, por isso se torna cada vezmais insustentável. Mas por seruma super entidade viva, a Terrareage de forma cada vez maisviolenta: mudanças climáticasbruscas, furacões, tsunamis,degelo, desertificação espantosa,erosão da biodiversidade e umaquecimento global que não parade aumentar. Quando vai parar esseprocesso? Se continuar para ondenos vai levar?

Somos ungidos a mudar derumo, vale dizer, assumir novosprincípios e valores, capazes deorganizar de forma amigávelnossa relação para com a naturezae para com a Casa Comum. Odocumento mais inspirador é

seguramente a Carta da Terra,nascida de uma consulta mundialque durou oito anos, sob ainspiração de Michail Gobacheve aprovada pela UNESCO em2003. Ela incorpora os dadosmais seguros da nova cosmologiaque mostram a Terra como ummomento de um vasto universoem evolução, viva e dotada deuma complexa comunidade devida. Todos os seres vivos sãoportadores do mesmo códigogenético de base de sorte quetodos são parentes entre si.

Quatro princípios axiaisestruturam o documento: orespeito e o cuidado pelacomunidade de vida (1); aintegridade ecológica (2); ajustiça social e econômica (3); ademocracia, a não violência e apaz (4). Com severidade adverte:ou formamos uma aliança globalpara cuidar da Terra e uns dosoutros, ou arriscamos a nossadestruição e a da diversidade devida (preambulo).

As palavras finais do

documento apelam para umaretomada da humanidade: comonunca antes na história, o destinocomum nos conclama a um novocomeço. Isso requer uma mudançana mente e no coração. Requer umnovo sentido de interdependênciaglobal e de responsabilidadeuniversal. Só assim alcançaremosum modo de vida sustentável nosníveis local, regional, nacional eglobal (Conclusão).

Repare-se que não se fala dereformas, mas de um novocomeço. Trata-se de reinventar ahumanidade. Tal propósitodemanda um novo olhar sobre aTerra (mente), vista como um entevivo, Gaia, e uma nova relação decuidado e de amor (coração),obedecendo à lógica universal dainterdependência de todos comtodos e da responsabilidadecoletiva pelo futuro comum.

Este é o caminho a seguir queservirá de carta de navegação paraa nave-Terra aterrissar segura numoutro tipo de mundo.

Leonardo Boff

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7Jornal RUMOSEdição 234

Entrevista com Hans Küng "Agora, o Papa Francisco pode apelar

à resposta da maioria dos fiéis sobrequestões tão importantes no debate comos reacionários da Cúria. O Papa EméritoBento XVI escreveu há pouco para mim,eterno rebelde, uma carta afetuosa emque se compromete a apoiar Francisco,esperando em cada sucesso seu." Emsuma, substancialmente, é quase comodizer que Francisco é como Gorbachev,o homem novo contra os ortodoxos, mascom as pessoas ao seu lado".

Eis a voz de Hans Küng, máximoteólogo católico crítico vivo, sobre apesquisa chocante publicada nessedomingo no jornal La Repubblica e sobreo seu efeito na Igreja.

A reportagem é de Andrea Tarquini,publicada no jornal La Repubblica, 10-02-2014. A tradução é de MoisésSbardelotto.Eis a entrevista.

Professor Küng, como você avaliaa sondagem sobre os cristãos nomundo?

Tomados conjuntamente eanalisados, esses dados revelam aextraordinária discrepância entre osensinamentos da Igreja sobre questõesfundamentais, como a família, e, aocontrário, a visão real dos católicos nomundo.

Para você, entre os muitosresultados da sondagem, quais são osmais importantes?

Para mim, o mais importante é aimensa maioria de consensos para oPapa Francisco: 87% dos católicosentrevistados em todo o mundo e 99%dos italianos estão de acordo com ele.É uma enorme manifestação deconfiança para o Sumo Pontífice. Paramim, é um pequeno milagre, depoisdos anos da crise de confiança quetinha investido contra a Igreja nos anosdo Papa Bento XVI. Agora, em menosde um ano, o Papa Franciscoconseguiu inverter a tendência dos

''A IGREJA ESTÁ DISTANTE DEMAIS DOS FIÉIS,MAS OS INOVADORES SÃO MAIORIA''

sentimentos dos fiéis de todo o mundo.E o Papa Emérito Bento XVI, a seu

ver, ficará feliz ou triste com a respostada sondagem?

Naturalmente, ver esses resultados irálhe entristecer, especialmente repensandohoje nos últimos meses vividos por elecomo pontífice, no seu mandato. Mas,seguramente, ele irá se alegrar com ofato de que agora se segue em frente, eele, a meu ver, pensa mais no destinoda Igreja do que naquilo que diz respeitoa ele mesmo.

É só uma suposição sua ou vocêpode provar sobre o que você diz sobreos sentimentos de Joseph Ratzingerneste momento?

Eu acredito que explicarei melhor opensamento de Bento XVI citando frases

da sua recentíssima carta para mim.Bento XVI lhe escreveu depois de

anos de conflitos? E o que lhe escreveu?Bem, espere só um momento, deixe-

me pegar aqui na minha escrivaninhalotada esse manuscrito com a carta daSanta Sé endereçada por ele,pessoalmente, da sua residência de papaemérito. Data: 24dejaneirode2014.Remetente: "Pontifex emeritusBenedictus XVI". "Sou grato por poderestar ligado por uma grande identidadede pontos de vista e por uma amizadede coração ao Papa Francisco. Hoje,vejo como minha única e última tarefa éapoiar o seu Pontificado na oração."Acredito que são palavras muito belas.Certamente, escritas antes da publicaçãoda sondagem. Essa escolha de inclinaçãodo Papa Emérito Bento XVI meconvence ainda mais.

E o que significa a sondagem paraos bispos e, em geral, para a hierarquiaeclesiástica?

Eu gostaria de distinguir trêscategorias de prelados. Para os bisposprontos para as reformas, e eles existemem todo o mundo, os resultados dasondagem significam um grandeencorajamento: eles deverão secomprometer abertamente com as suasconvicções e não ficar tímidos demais.Segundo, para os conservadores quetêm as suas reservas: eles deveriamrefletir sobre as suas reservas e

deveriam ouvir os argumentos dosreformadores. Terceiro, para os bisposreacionários, presentes não só noVaticano, mas em todo o mundo, elesdeveriam abandonar a sua resistênciaobstinada e escolher a razoabilidade.

E o que significa a sondagem paraa base, para os cristãos?Encorajamento à reforma a partir dedentro, como Gorbachev sonhou emvão para o socialismo real e o ImpérioSoviético?

É importante o sinal de que omovimento para a reforma dentro daIgreja tem do seu lado a grande maioriados fiéis. O movimento de reforma éapoiado pela base - movimentos dereforma, como o Nós Somos Igreja -mais do que apareceu até agora, maisdo que dentro da Igreja oficial. É umfato em nível internacional.

Professor, há décadas, você pedemudanças e aberturas na Igreja. Foio primeiro e pagou as consequênciaspor isso. Para você, essa sondagem éuma vitória, uma vitória amarga, ououtra coisa?

Eu não me considero um vencedor,não liderei uma batalha por mim, massim pela Igreja. Evidentemente, eu tivemuitas experiências amargas, mas é bomver uma mudança na direção do ConcílioVaticano II. Eu tive a grande alegria depoder ver, ainda vivo, o sucesso dasideias de reforma da Igreja para a qualeu combati por tanto tempo, de poderver o início da virada. Para mim, é umnovo impulso vital, como diz Bento XVI,para este último trecho do percurso davida que nós agora temos pela frente.

Que consequências o PapaFrancisco deveria tirar dos resultadosdessa sondagem?

Se eu pudesse lhe dar um humildeconselho, ele deveria seguir em frentecom coragem no caminho em que estáencaminhado e não ter medo dasconsequências.

Concretamente, o que issosignifica?

Espero que ele use a arte da Distinçãoque ambos aprendemos na PontifíciaUniversidade Gregoriana: onde há,segundo a sondagem, consenso naComunidade eclesial, ele deveria proporuma solução positiva para o Sínodo.Onde há desacordo, ele deveria permitire suscitar um livre debate na Igreja.Onde ele mesmo é de outra opinião comrelação à maioria dos católicos, comosobre o sacerdócio para as mulheres, eledeveria nomear uma força-tarefa deteólogos e de outros cientistas, dehomens e mulheres, para abordar o tema.

Unisinos

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8 Jornal RUMOS

Jornal RUMOS

Edição 234

Encerrados os trabalhos dacomissão internacional deinvestigação, iniciados em março

de 2010O porta-voz da Santa Sé, pe.

Federico Lombardi, confirmouem 20-01que a última reunião da comissãointernacional de investigação sobreMedjugorje aconteceu dia 19. Acomissão foi estabelecida pelaCongregação para a Doutrina da Fé emmarço de 2010, sob a presidência docardeal Camillo Ruini, e os resultadosdos seus estudos serão submetidos agoraàs instâncias competentes da mesmaCongregação.

Ao criar a comissão, em março de2010, a Santa Sé lançou um comunicadode imprensa informando que "a comissãointernacional de investigação sobreMedjugorje se reuniu pela primeira vezem 26 de março e, conforme jáanunciado, o seu trabalho sedesenvolverá em rigoroso sigilo. Asconclusões serão apresentadas àsinstâncias da Congregação para aDoutrina da Fé".

Medjugorje é um pequeno povoadoda Bósnia-Herzegovina que setransformou em lugar de peregrinaçãopara milhões de pessoas, atraídas pelassupostas aparições da Virgem Mariarelatadas por seis videntes.

MEDO DA HIPNOSE?

A CONGREGAÇÃO PARA A DOUTRINADA FÉ RECEBE O ESTUDO SOBRE MEDJUGORJE

No fim de junho de 1981, um grupode jovens (Mirjana Dragicevic Soldo,Ivan kaIvankovic - Elez, Marija PavlovicLunetti, Vicka Ivankovic, IvanDragicevic e Jakov Colo) afirmou tervisto uma linda jovem que lhes confiavamensagens. Desde então, os seisprotagonistas declaram que as apariçõesse repetem até hoje.

A comissão internacional deinvestigação sobre Medjugorje,composta por cardeais, bispos, peritos eespecialistas, foi constituída depois quea comissão diocesana em Móstarconsiderou que o fenômeno ultrapassavaas competências da diocese. AConferência Episcopal da entãoIugoslávia tampouco tinha chegado auma conclusão sobre asobrenaturalidade ou não do fenômeno.

Os bispos da ex-Iugosláviadestacaram a necessidade deacompanhamento pastoral, sob aresponsabilidade do pároco e do bispolocal, de todos os fiéis que iam até olocal para rezar. Eles pediram que aCongregação para a Doutrina da Féassumisse a situação.

O atual prefeito da Congregação paraa Doutrina da Fé, dom Gerhard Müller,declarou recentemente que as apariçõesda Virgem Maria aos videntes deMedjugorje não podem ser assumidas

como verdadeiras.Müller recordou aos bispos dos

Estados Unidos, em novembro último,que a posição da Igreja é a mesma jáconfirmada em 1991: "não é possívelafirmar se houve aparições ou revelaçõessobrenaturais". Esta declaraçãoaconteceu durante a visita de IvanDragicevic ao país norte-americano.

O núncio apostólico nos EstadosUnidos, dom Carlo Maria Viganò, apedido de dom Müller, enviou uma cartaao secretário geral da Conferência dosBispos Católicos dos Estados Unidos,dom Ronny Jenkins. No texto, eleafirmou que "um dos assim chamadosvidentes de Medjugorje, o Sr. IvanDragicevic, programou visitas a certasparóquias do país", nas quais, conformetinha sido divulgado, "o Sr. Dragicevicreceberá 'aparições'".

Para "evitar escândalo e confusão",Viganò recordou aos bisposestadunidenses que "os clérigos e os fiéisnão podem participar de reuniões,conferências ou celebrações públicas emque a credibilidade de tais 'aparições' sejatida como certa".

Poucos dias depois, o papa Franciscodisse, durante uma homilia na Casa SantaMarta, em Roma, que a Virgem Maria"não trabalha nos correios para ficarenviando mensagens todos os dias".

O Santo Padre enfatizou que "oespírito de curiosidade nos afasta dasabedoria, porque, com ele, só interessamos detalhes, as pequenas notícias de cadadia". Esse espírito de curiosidade, que émundano, leva à confusão, advertiu ele.Para explicar melhor essa confusão, opontífice insistiu: "A curiosidade nos levaa achar que nosso Senhor está por aquiou por ali, ou nos faz dizer: 'Mas euconheço um vidente, uma vidente, querecebe cartas de Nossa Senhora,mensagens de Nossa Senhora'". A estepropósito, Francisco acrescentou: "NossaSenhora é mãe e ama a todos nós, masnão é encarregada dos correios para ficarmandando mensagens todos os dias".

Por sua vez, o cardealTarcisioBertone explicou, durante asinvestigações, que "as peregrinaçõesprivadas [a Medjugorje] são permitidase os fiéis podem contar comacompanhamento pastoral. Todos osperegrinos católicos podem ir aMedjugorje, um lugar de culto marianoem que é possível expressar-se atravésde todas as formas da devoção". Asdeclarações foram feitas em 2007 peloentão Secretário de Estado, em entrevistaao vaticanista Giuseppe De Carli.

Roma, 20 de Janeiro de 201Ivan de Vargas

Zenit.org

O medo é cultural e necessário aoser humano. É preventivo e nosfaz cautelosos diante da

realidade. O perigo é ele nos paralisar enão avançarmos ou ousarmos em nossosobjetivos. Vencemos os medos quandoconquistamos conhecimento e confiançano que fazemos. Exemplos: Perdemosmedo de Deus, quando confiamos emseu amor e em sua misericórdia; e dosprocedimentos cirúrgicos, quandoconscientes da competência do médico.

É comum o medo da hipnose, querpelos mitos a seu respeito, quer pelopouco conhecimento desta ciência. Émais divulgada por meio de showshipnóticos em TVs. Isso é positivoenquanto se demonstra o fantásticopoder da nossa mente inconsciente. Noentanto, necessário se faz conhecermelhor a hipnose clínica, eficaz ecurativa, que realiza procedimentosterapêuticos em diversos tipos dedesordens psicoemocionais, comoestresse, ansiedade, depressão, fobias,dependências químicas, tiques, gagueira,obesidade emocional etc.

Então, quais os medos mais

frequentes em relação à hipnose? Ummedo comum é o de perder o controle,a autonomia e a liberdade pessoal, tipo:"O hipnólogo pode fazer tudo o que quercom a pessoa?" "Ela fica inconsciente?""Vai lembrar depois do que vivenciouno transe?" Vai descobrir segredos

indesejados, como: "E se eu descobrirque minha mãe me rejeitou?"

Respondendo. Quanto a perder aliberdade, a pessoa não a perde. Noprocesso hipnótico, ela fica conscientedo que vem do inconsciente,acompanhatudo o que acontece, e depois se lembra

de tudo o que vivenciou no transe, anão ser que o hipnólogo dê uma sugestãopara que se esqueça.

Hipnose implica confiança eempatia. A pessoa acredita e interagecom o hipnólogo. Então, ela vive oque se permite viver. Se, por exemplo,um hipnólogo inconsequente, induzum hipnotizado a matar alguém ou atirar a roupa em público, se a suaformação não lhe permite isso, elareage (não interage) e saiimediatamente do transehipnótico,rejeitando a sugestão.Portanto, a consciência moral épreservadaaté pelo inconsciente, o queé muito bom.Neste sentido, tambémos segredos não são violados, masprotegidos. Em hipnose clínica, tudoo que se vivencia é para o bem, asaúde da pessoa.

Na hipnose, vivem-se quatro etapas:indução, aprofundamento, programaçãoe saída da hipnose. Confie, supere omedo e desfrute bem da hipnose!

Luciano SampaioPsicanalista e hipnólogo

[email protected]

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9Jornal RUMOSEdição 234

Parecia tudo tranquilo para 2014.Os eventos já marcados, bemgarantidos por um calendário

estabelecido com absoluta prioridade: acopa do mundo, e as eleições de outubro.

Mas eis que de repente surge umainterrogação inquietante: como vaiser esta copa? E como serão aseleições, que dependerão muito doresultado da copa.

Uma interrogação que envolve,portanto, os dois eventos principais,previstos para este ano.

O temor se concentra naprobabilidade de manifestaçõespopulares. Como serão, que repercussãoterão, qual sua força de intervenção nosdiversos eventos programados.

Uma coisa é certa, e necessita denossa atenção. Muitos preferem águasturvas para pescar. Estão torcendo pelopior. E não terão escrúpulos de usar aviolência para conseguir seus objetivos.

Diante desta postura, assumida eorganizada por grupos bem identificados,não resta dúvida que cabe ao poderpúblico estar atento, e coibir açõescriminosas, que se valem da legitimidadede manifestações populares, paraencobrirem seus intentos criminosos.

Um dos mitos mais conhecidossobre o cérebro é o de queutilizamos apenas 10% de sua

capacidade. É uma ideia atraente, poissugere que poderíamos ser muito maisinteligentes, bem sucedidos e criativosse conseguíssemos aproveitar os outros90% que podemos estar desperdiçando.Infelizmente, isso não é verdade.

A reportagem é de ClaudiaHammonde publicada pela BBCBrasil, 04-06-2013.

Não é bem claro a que se referemesses tais 10% de utilização. Se aafirmação se refere a 10% de regiõescerebrais, é fácil de ser refutada.

Usando uma técnica chamadaimagem de ressonância magnéticafuncional, neurocientistas podemidentificar as partes to cérebro quesão ativadas quando uma pessoa fazou pensa em algo.

Uma simples ação, como abrir efechar a mão ou dizer algumas poucaspalavras, requer uma atividade demuito mais de uma décima parte docérebro. Mesmo quando se supõe quea pessoa não está fazendo nada, océrebro está trabalhando bastante,controlando funções como respiração,atividade cardíaca ou memória.Nada ocioso

Se os 10% mencionados se referiremao número de células do cérebro, ainda

SERÁ QUE UTILIZAMOS APENAS 10% DE NOSSO CÉREBRO?assim a afirmação não procede.

Quando qualquer célula nervosadeixa de ser utilizada ela se degenerae morre ou é colonizada por outrasáreas vizinhas. Não permitimos queas células de nosso cérebro fiquemociosas. Elas são valiosas demais.

Segundo o neurocientista SergioDella Sala, o cérebro necessita demuitos recursos. Manter o tecidocerebral consome 20% de todo ooxigênio que respiramos.

Como pode então uma ideia semfundamento biológico ou fisiológico terconseguido se espalhar desse jeito? Édifícil rastrear a fonte original do mito.

O psicólogo e filósofo norte-americanoWilliam James escreveu no livro "Asenergias do homem" que "utilizamossomente uma pequena parte de nossospossíveis recursos mentais e físicos".

Ele pensava que as pessoas podiamprogredir mais, porém não se referia aovolume do cérebro nem à quantidade decélulas, tampouco a uma porcentagemespecífica.

A referência aos 10% é feita em umprólogo da edição de 1936 do popularlivro de Dale Carnegie intitulado "Comoganhar amigos e influenciar pessoas".Algumas pessoas dizem que AlbertEinstein foi a fonte da afirmação.

Della Sala tem tentado encontraressa ci tação, mas ninguém que

trabalha no arquivo Albert Einsteinpôde sequer confirmar que tenhaexistido. Parece mais um outro mito.Zona duvidosa

Existem dois fenômenos que talvezpossam explicar o mal-entendido. Novede cada dez células do cérebro são dotipo neuróglias ou células gliais, que sãocélulas de apoio, que provêm assistênciafísica e nutricional. Os outros 10% dascélulas são os neurônios, que seencarregam de "pensar".

Assim, talvez as pessoas tenhaminterpretado que os 10% das células quese ocupam do trabalho duro de pensarpoderiam aproveitar também asneuróglias para aumentar a capacidadecerebral pensante. Só que essas célulassão totalmente distintas e não podemsimplesmente se transformar emneurônios para nos dar mais potênciamental.Existem os 10% que pensam, e os 90%que ajudam a pensar.

Há, no entanto, um grupo depacientes, cujas imagens do cérebrorevelaram algo extraordinário.

Em 1980, um pediatra britânicochamado John Lorber mencionou narevista Science que alguns dos pacientescom hidrocefalia, que tinham muitopouco tecido cerebral, ainda assimtinham um cérebro que podia funcionar.

O caso, sem dúvida, demonstra quetodos nós podemos usar nossos cérebrospara fazer mais coisas do que sabemos,já que é sabido que as pessoas seadaptam a circunstâncias extraordinárias.

É certo, claro, que se nospropusermos, podemos aprender coisasnovas. E cada vez há mais evidência quemostra que nosso cérebro muda. Porém,não é que estejamos explorando umanova área do cérebro. Acredita-se quequando novas conexões entre as célulasnervosas são feitas, perdemos velhasconexões quando já não as necessitamos.

O que mais intriga neste mito é queele pode ter nascido e se cristalizado combase em informação que não é correta.

Talvez falar em 10% seja uma formaatrativa porque oferece um potencialenorme para se melhorar. Todosqueremos ser melhores. E podemos, senos cuidarmos.

Porém nunca vai acontecer deencontramos uma porção de nossocérebro em desuso.

DISCERNIMENTO E RESPONSABILIDADEUm fenômeno interessante está

tomando forma. No país do futebol, seavolumam os questionamentos àmaneira como vem sendo organizada acopa do mundo. Este questionamentose amplia, ao constatarmos onde foi parareste esporte tão envolvente e tãopróximo das camadas mais pobres dapopulação.

O futebol foi domesticado, eapropriado indevidamente pelo podereconômico, a tal ponto que virousimplesmente um negócio, que vaitirando a beleza deste esporte tãodemocrático e tão popular.

Esta tendência contagiounegativamente todos os níveis dofutebol. Desde os campeonatos devárzea, até a organização mundial dofutebol, simbolizado pela FIFA, que temna organização da copa do mundo suaincumbência maior.

Hoje, qualquer menino que dá seuprimeiro chute numa bola, já começaa sonhar em ser um grande jogador,ganhando salários fabulosos. E comode fato o futebol acarreta somasfabulosas, a copa do mundo acabouficando refém da grande especulaçãofinanceira que gira ao seu redor.

Ao chegar o tão esperado"ano da copa", parece que "opaís do futebol" tem umquestionamento importante afazer aos cartolas, que seapoderaram indevidamentedeste esporte tão popular, quenão pode ficar reduzido a umatrama de negócios escusos.

Mas para nos habilitarmosa transmitir esta mensagem dequestionamento, não podemosperder a credibilidade que noshabilita a tomar uma posiçãoesclarecida, madura eresponsável.

Se for para fazermanifestações populares,providenciemos as condiçõespara que elas se façamordeiramente, sem violência esem intenções malévolas, sejade que ordem forem.

Uma das belezas maiores dofutebol decorre da rigidez de suasnormas, que o juiz se encarrega deaplicar. A democracia também precisade regras claras, seguidas com rigor.Também quando se t rata demanifestações de massa.

O ano da copa e das eleições nosconvida para o discernimento e para aresponsabilidade. Nisto, todos podemosentrar em campo!

Dom Demétrio ValentiniBispo de Jales - SP

10 Jornal RUMOS

Jornal RUMOS

Edição 234

"Não deixeis que vos roubem aesperança" (EG 86)

Como filhos de Deus e irmãos emCristo, nós, 531 presbíteros, 10 Bispose demais convidados, representando 224de nossas 274 igrejas particulares, queformam a Igreja no Brasil, reunimo-nos,na Casa da Mãe Aparecida, entre os dias05 a 11 de fevereiro de 2014, para rezar,conviver e refletir sobre nossa vida emissão como Presbíteros nos dias dehoje.

Aos irmãos presbíteros e aos seuspresbitérios desse imenso Brasil

1. Testemunhas de fé, esperança ecaridade

Como filhos de Deus e irmãos emCristo, nós, 531 presbíteros, 10 Bispose demais convidados, representando 224de nossas 274 igrejas particulares, queformam a Igreja no Brasil, reunimo-nos,na Casa da Mãe Aparecida, entre os dias05 a 11 de fevereiro de 2014, para rezar,conviver e refletir sobre nossa vida emissão como Presbíteros nos dias dehoje.

Nosso encontro teve como tema:"Concílio Vaticano II e os Presbíterosno Brasil: Testemunhas de Fé, Esperançae Caridade" e o lema: "Estai sempreprontos a dar a razão da esperança aquem pedir" (1Pd 3,15). A grandemoldura deste encontro, a celebraçãodos 50 anos do Concilio Vaticano II, noscolocou em comunhão com a totalidadedo povo de Deus e nos levou a renovarnossa esperança na edificação de umaIgreja verdadeiramente ministerial emissionária.

E neste 15º ENP evocamos algunsPresbíteros como exemplos detestemunhas que nos inspiram nacaminhada: Padre Gabriel Malagrida,Frei Joaquim do Amor Divino Caneca,Padre Diogo Antônio Feijó, Padre JoseAntônio Pereira Ibiapina, Padre CiceroRomão Batista, Padre Júlio Maria, PadreJoão Bosco Penido Burnier, PadreAntônio Henrique Pereira da Silva Neto,Padre Ezequiel Ramin, Padre JosimoMorais Tavares, Padre AlbertoAntoniazzi, Padre João Batista Libânioe outros que atualmente estão no plenoexercício de seu ministério junto aoPovo de Deus.

2. Esperança frente à realidadedesafiadora

No primeiro dia do encontro tivemosa análise da conjuntura sócio-política-econômica e eclesial. Ajudados pelo Dr.Pedro Gontijo, secretário executivo daComissão Brasileira de Justiça e Paz,mergulhamos na realidade mundial,latino-americana e brasileira.

Comunicou-nos que recente relatórioda ONG britânica Oxfam mostra que opatrimônio das 85 pessoas mais ricas domundo equivale às posses de metade dapopulação mundial. Os poderes

econômicos e políticos estão produzindoum "apartheid" mundial, o que tornaprevisível que as tensões sociais e oaumento do risco de ruptura social sejaminevitáveis.

Percebemos que, na América Latina,o modelo neo-desenvolvimentistaadotado por vários países, dentre eles oBrasil, torna praticamente inviável a vidade comunidades tradicionais, como a dospovos indígenas, quilombolas,ribeirinhos, pescadores e outras.

Constatamos, também, a falência dosistema penitenciário, que ainda nãodespertou significativamente asolidariedade da sociedade civil.Precisamos, sem dúvida, criar umacultura de rejeição ao "câncer social" queé a corrupção (EG 60). Como alertou oPapa Francisco, não podemos ficarreféns da globalização da indiferença.

A inclusão de inúmeros pobres nasociedade de consumo não é suficientepara dizermos que houve realmente umaascensão social significativa no país. Essasó será real quando esses pobresestiverem incluídos num sistema dignode saúde, de educação, de saneamentobásico, de lazer, de segurança, demobilidade urbana.A exemplo de Jesus,o Bom Pastor, sofremos ao perceber queo povo, sobretudo os pobres, continuacomo ovelhas sem pastor.

Frente às novas manifestações quetomam as ruas do nosso país, desdejunho de 2013, cabe a nós, Presbíteros,uma pergunta fundamental: o que elastêm a ver com o exercício de nossoministério? Podemos alimentar aesperança de que o povo na rua temverdadeiramente um poder constituinte?

A análise de conjuntura eclesialesteve sob a assessoria do Pe. ThierryLinard de Guertechin, SJ, do InstitutoBrasileiro de Desenvolvimento

CARTA DO 15° ENCONTRO NACIONAL DE PRESBÍTEROS

(IBRADES).Constatamos com alegria, nas últimas

décadas, o crescimento numérico dosPresbíteros (22.119), das Paróquias(10.720) e das Dioceses (274). NossaIgreja está viva e dinâmica, com muitasiniciativas evangelizadoras em todas asregiões de nosso imenso país.Por outrolado, percebemos que muitos católicosvêm abandonando nossas comunidades,buscando, muitas vezes, soluçõesmágicas e imediatas para os seusproblemas.

Isto nos desafia, como Presbíteros,a buscar novas formas de presença e decomunicação, de linguagem, de símbolosque facilitem nosso contato com o povo,não cedendo às soluções fáceis, masacreditando que devemos intensificarnossa proximidade, inserindo-nos na vidade nosso povo, abraçando, assim, suacausa como pastores.

Lamentamos a veiculação decomportamentos, por parte de algunssetores da Mídia que vêm banalizandovalores humanos e cristãos,fundamentais para a sadia convivênciasocial e, sobretudo, os sacramentos daIgreja Católica, com caricaturas deextremo mau gosto de nossascelebrações.

Frente a todos esses desafios,emergem com força as palavras de DomHélder Câmara: "não deixem cair aprofecia". Será que podemos, diante detantas cruzes e sofrimentos de nossopovo, pretender ser testemunhas da fé eda caridade, não permitindo jamais quenos roubem a esperança?

3.Esperança na retomada darecepção do Concílio Vaticano II na vidae no exercício do ministério presbiteral

Motivados pelos 50 anos darealização do Concílio Vaticano II, desdea preparação para este nosso 15º ENP,

estamos refletindo como serverdadeiramente Presbítero, à luz doespírito e textos conciliares, sob aassessoria de nossos irmãos daArquidiocese de São Paulo, padres Neyde Souza e Edson Donizete Toneti.

Constatamos que há inúmeras formasde exercer o ministério presbiteral, desermos sacerdotes, pastores e profetas,numa Igreja-Povo de Deus, emcomunhão com nossos Pastores e comtodos os batizados, fazendo emergir orosto de uma Igreja toda ministerial, quefavorece também a atuação efetiva denossos irmãos leigos e leigas.

Essa eclesiologia de comunhão eparticipação que vem a nós pelaConstituição Dogmática LumenGentiumnos mergulha no mistério daTrindade, nos insere na vida de nossasIgrejas Particulares (LG 22) e nos fazPadres para a universalidade da Igreja,tanto na vivência dos sacramentos comodas virtudes (LG 11).

Por isso, precisamos ser Presbíterosde uma Igreja em saída, no espírito doDecreto Ad Gentes, que nos lança àmaravilhosa e desafiadora aventura damissão inculturada, discernindo assementes do Verbo espalhadas em todosos povos, em todas as nações(AG11;26).

A missão é intrínseca à Igreja, poissua natureza é missionária e isso nosdesafia a sermos discípulos do únicoMestre e missionários do Reino. Nossacaminhada ministerial precisa ter, comtransparência, a centralidade da Palavrade Deus, como nos indica a Dei Verbum,numa busca sincera de equilíbrio entreo Pão da Vida da Palavra e o Pão daVida da Eucaristia (DV 21). Palavra deDeus que nos aproxima do coração dopovo que tanto a ama e que dela temsede. Ser Presbíteros de vida e coração

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11Jornal RUMOSEdição 234

Sem Jesus Cristo e fora doseu Plano de Salvaçãonão é mais possível fazer

história. Os projetosmessiânicos de Marx como o deHitler fracassaramestrondosamente porque lhesfaltou o chão seguro da fé naspromessas divinas.

Sem esperança é impossívelfazer história. Esta esperançanão é qualquer surto deotimismo artificialmenteinsuflado por teorias ouslogans. Menos ainda é aqueleotimismo barulhento e irracionalartificialmente criado pelaMídia. É certo que ao morrer aúltima certeza de que é possívelcriar um mundo melhor, ahumanidade voltaria à pré-história. A morte da esperançaseria o fim da história e acabariajogando a humanidade de voltaàs florestas donde saiu e àscavernas do paleolítico.

Pode a história terminarem fracasso? Pode, e por quenão, se tudo o que é vivo trazem si o germe da dissolução?Já tivemos vinte civilizaçõeshistoricamente identificadas,diz o historiador inglêsToinby, e todas elas seextinguiram. Ou foram

orantes e celebrativos, à luz daSacrosanctumConcilium, nos fazconsiderar seriamente a Eucaristia comofonte e cume de toda a Igreja (SC 10).

Como sermos também abertos àpresença das sementes do Verbo emoutras Igrejas cristãs e de Deus Pai emoutras religiões, numa perspectivaecumênica e do diálogo inter-religioso,de acordo com UnitatisRedintegratio eNostraAetate? E homens da defesaincondicional da liberdade religiosa e detodos os direitos humanos à luz daDignitatisHumanae?

E, sendo Presbíteros conciliares,seremos profetas e testemunhas de queoutro mundo é possível, fazendo dasalegrias e tristezas, angústias eesperanças de todos, sobretudo dospobres, nossas alegrias e tristezas,nossas angústias e esperanças,iluminados pela Constituição PastoralGaudiumetSpes(GS 1).

É nessa perspectiva de conformaçãode nosso ministério com as grandesinspirações conciliares que queremosformar os novos Presbíteros comoverdadeiros pastores, como nos indicaOptatamTotius, quando afirma que apastoral deve ser o eixo de toda aformação presbiteral (OT 4).

Tudo isso nos propicia a chance desermos Presbíteros identificados com

a eclesiologia conciliar, padres doDecre toPresby te ro rumOrd in i s ,profundamente inseridos nos nossospresbitérios e com a vida centrada nacaridade pastoral (PO 8,14-16).Vivendo assim, em presbitério nasnossas Igrejas Particulares,enfrentando nossas ambiguidades econtradições, e colhendo os frutos detanto trabalho abnegado, ninguém nosroubará a esperança.

4. Esperança fundada em Jesus e naspalavras e atitudes do Papa Francisco

Vivenciamos de maneira forte eprofética o nosso dia de retiro, sob aorientação de Dom Angélico SândaloBernardino, que nos instigou a fugirda tentação de sermos presbíteros maisou menos. Ele fez, ainda uma vez,emergir com força a consciência de queo fundamento maior de nossaesperança advém da certeza de queJesus caminha conosco, pois segui-Lodeve ser a fonte e o paradigmamáximos da nossa caminhada deministros ordenados.

Por isso, não basta estarmos naIgreja, precisamos estar em Cristo.Como presbíteros, precisamos serhomens do sacrifício eucarístico, dapartilha e de profunda intimidade comDeus e união com seu povo. Partindoda consideração sobre o "presbitério" de

Jesus, afirmou que, como bispo, ele teriamandado embora no mínimo uns seis,mas que Nosso Senhor assim não o fez;pelo contrário, mesmo com tantoshomens frágeis, continuou sua missão eainda confiou-lhes a continuidade dela.

Lembrou-nos, ainda, de que emnossas inúmeras reuniões, seja depresbíteros, seja dos bispos, não sãotratados com transparência osverdadeiros problemas que afetamnossa vida e ministério. Sem seringênuo e com intrepidez nos cumuloude esperança de que é possível viverem comunhão presbiteral, ainda quenão nos amemos o bastante. Somos,por tudo isso, cotidianamenteimpelidos pelas palavras e gestos doCarpinteiro de Nazaré, que ousou fazerouvir a voz da periferia na capital deseu país, frente aos poderes políticos,econômicos e religiosos de sua época.

Hoje, somos também instigados pelaspalavras e atitudes do Papa Franciscoque tem chamado a atenção de todospela sua forma normal de ser pastor eprofeta no meio do povo, inspirando-nos nas nossas condutas e no exercíciode nosso ministério presbiteral, comodiscípulos missionários do Reino do Pai.

Sobretudo, ressoam em nossosouvidos suas palavras desafiadoras,abrindo a Igreja para enfrentar os

grandes conflitos do mundo, quando diz:"Prefiro uma Igreja acidentada, ferida eenlameada por ter saído pelas estradas,a uma Igreja enferma pelo fechamentoe a comodidade de se agarrar às própriasseguranças. Não quero uma Igrejapreocupada com ser o centro, e que acabapresa no emaranhado de obsessões eprocedimentos" (EG 49).

Com Jesus e com as nuvens detestemunhas que temos, podemosafirmar que ninguém nos roubará aesperança (Hb 12,1). "E a esperança nãoengana. Porque o amor de Deus foiderramado em nossos corações peloEspírito Santo que nos foi dado"(Rm5,5).

5. Esperança pela companhiaconstante de Maria

Desta Casa de Maria, queresplandece como modelo de virtudes(LG 65) e é aqui chamada MãeAparecida, terra tão amada do nossopovo romeiro, voltamos às nossasIgrejas Particulares, aos nossospresbitérios, às nossas comunidadeseclesiais , certos da sua bênçãomaternal para nossa vida e ministériopresbiteral, onde nos comprometemosa ser testemunhas das vir tudesteologais e dar razão da esperança aquem a pedir.

Pe. Manoel [email protected]

SEM JESUS CRISTO NÃO É MAIS POSSÍVEL FAZER HISTÓRIA

extintas. Nada neste planetaé eterno. Quantos Impériossurgiram e desapareceram nocurto espaço de tempo dealguns milênios! Dos Impériosjá sabemos que a sua extinçãoé uma questão de tempo.Impérios são construçõeshumanas das quais a históriaprocura l ivrar-se com apressa com que cortamos umabananeira que já deu cacho.

Mas há no campo social um

tipo de entidade que não sesubmete à lógica da entropia ese considera imune ao princípioda extinção e à lei da entropia.São as entidades religiosas.Nenhuma delas se preocupacom a sua sobrevivência.Julgam-se eternas, imunes aovaivém dos acontecimentos. Porse terem na conta de obra deDeus, agem como se estivessema caminho da eternidade,imunes, portanto, à ação

corrosiva e desintegradora dotempo.

Qual o líder ou chefereligioso da atualidade que nãoalimenta a certeza de estar dolado certo e seguro da história?Quem pode ter a certeza deestar do lado certo da história?A quem vou aliar-me: aos quejá descobriram a resposta ouà turma irrequieta dos quecontinuam procurando,convictos de que o momento

atual da história representaapenas a ponta emersa de umcontinente prestes a emergir?A escolha é de cada um denós, membros de umasociedade que já não podeapelar mais para a ignorânciapela facilidade que temos hojede saber o que se passa longedo nosso pequeno emesquinho mundo doméstico.

A humanidade precisa nãosó de quem lhe mostre otamanho do buraco em que semeteu, mas de profetas que lheapontem o caminho por ondesair dele.

Uma concepção materialistae ateia da história humana émetafisicamente inaceitável,pois é da essência da históriaser obra do espírito humano.Excluir Deus da história a pontode não admiti-lo sequer comohipótese, é outro erro.

Quem exclui Deus dahistória dos homens termina porexcluir dela também o homem.Excluir Deus da história doshomens, da sua natureza, da suapsique e dos seus sonhos defelicidade é o mesmo que jogá-los de volta às árvores, dondepartiram milhões de anos atrás.

Padre Marcos Bach

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Jornal RUMOS

Edição 234

Wunibald Müller adverteinsistentemente a Igrejacatólica há anos. Em

discussões e comunicações, temfrequentemente sustentado anecessidade de uma renovação da suaIgreja. E, na qualidade de psicólogo eteólogo, colocou o dedo sobre um pontoparticularmente dolorido: a atitude rígidada Igreja sobre a sexualidade humana ea obrigação do celibato para ossacerdotes, que, no mundo moderno, éagora pouco compreendido.

A reportagem é de Ross Andreas,publicada pelo jornal Sueddeutsche,29-12-2013.

Müller sabe do que está falando.Como diretor da Reecollectio-Haus noconvento beneditino deMünsterschwarzach, na BaixaFrancônia, o psicólogo encontra muitossacerdotes com problemas psicológicosque o buscam como terapeuta, porquenão conseguiram realizar-se nessa formade vida, e desejam tomar as rédeas desua situação. Mas até agora, nem Romanem os bispos pensam em querer mudaralguma coisa nessa situação dolorosapara as pessoas envolvidas.

Agora Müller coloca plena esperançano Papa Francisco, que descreve como"uma bênção para a nossa Igreja". "Aporta não está fechada. Está apenasencostada. Depende dele para que se

Se a humanidade se comprometessea consumir a cada ano só osrecursos naturais que pudessem

ser repostos pelo planeta no mesmoperíodo, em 2013 teríamos de fechar aTerra para balanço hoje, 20 de agosto.

Essa é a estimativa da GlobalFootprint Network, ONG de pesquisaque há dez anos calcula o "Dia daSobrecarga".

Neste ano, o esgotamento ocorreumais cedo do que em 2012 - 22 deagosto -, e a piora tem sido persistente."A cada ano, temos o Dia da Sobrecargaantecipado em dois ou três dias", dizJuan Carlos Morales, diretor regional daentidade na América Latina.

A reportagem é de Rafael Garcia epublicada pelo jornal Folha de S. Paulo,20-08-2013.

Para facilitar o entendimento dasituação, a Global Footprint Networkcontinua promovendo o uso do conceitode "pegada ambiental", uma medidaobjetiva do impacto do consumo humanosobre recursos naturais.

No Dia da Sobrecarga, porém,expressa-o de outra maneira: parasustentar o atual padrão médio deconsumo da humanidade, a Terra

PSICOTERAPEUTA PEDE QUE O CELIBATO SEJA FACULTATIVO

PLANETA ESGOTOU SUA QUOTA NATURAL PARA 2013

abra". "Peço insistentemente que abra aporta", escreve Müller. Müller refere-seao Pontífice diretamente, sempreâmbulos, sobre sua experiênciaprofissional. Em aproximadamente 25anos, ele teve o privilégio de conhecernão só externamente, mas tambéminteriormente muitas centenas desacerdotes.

"Conheci um número incalculável depadres que, por causa do estilo de vidacelibatário que lhe é exigido, encontra-seem uma situação de grande dificuldadepsicológica", escreve Müller. Sempremais frequentemente, estão entre elesjovens sacerdotes. "Parto do pressupostode que o Senhor saiba dessa dificuldade.O Senhor contribuiu com a sua açãobenéfica, para garantir o aumento dadisponibilidade dos sacerdotes que vivemuma relação a enfrentar a própria verdade

e realidade", continua Müller na sua cartaao Papa. Muitos desses padres desejariammanter e viver a sua relação, mas seriamesmo um pecado se eles perdessem aigreja. Wunibald Müller apela em suacarta também ao teólogo Karl Rahner,que, já há quarenta anos, havia apoiadoa oportunidade de uma separação entresacerdócio e celibato, se a Igreja estivessena situação de não ter um númerosuficiente de padres. Outro motivo paraa separação seria, no entanto, o fato deque muitos sacerdotes não se sentem maisbem em viver de maneira celibatária.Encontrar-se-iam, portanto, na alternativade ou deixar seu ofício eclesiástico oupermanecer no cargo, vivendo suasrelações sexuais em segredo.

A sexualidade e intimidade praticadadessa maneira não poderiam serimplantadas de maneira autêntica, eseriam, portanto, também causa "demodo especial de comportamento físicae espiritualmente pouco saudáveis, queobscurecem a vida celibatária e trazem-lhe descrédito", argumenta Müller. Opsicoterapeuta vê "um motivo ainda maisprofundo" para a separação entre osacerdócio e o celibato. Trata-se de levarverdadeiramente a sério a constituiçãohumana e a força criadora, "que Deusnos deu na sexualidade". Müller refere-se, nesse contexto, a Ildegarda vonBingen, da qual transferiu a declaração

de que Deus nos deu, com a sexualidade,uma força em que não está somente olascivo Satanás, mas também a "forçada eternidade".

Ainda uma vez Müller apela ao papaFrancisco, "pelo amor de Deus, peloamor ao homem e pela nossa Igreja, parafazer tudo o que lhe é possível, afim deque, na nossa Igreja, possamos ainda terpadres que escolhem seriamente umavida em que a sua força sexual sejainvestida no compromisso com osoutros, e, dessa maneira, tornar-sefrutífera, e implementá-la de uma formaconsoante com a força de vida que estána sexualidade".

Ao mesmo tempo, Müller desejariaque, no futuro, no entanto, nóstivéssemos também sacerdotes quepudessem celebrar e desfrutar de suasexualidade e, enriquecer e alimentaras relações íntimas "com paixão,dando o melhor de si no seu serviçocomo sacerdotes".

O teólogo de Münsterschwarzachtambém se declara, na sua carta, a favordo sacerdócio feminino. Do ponto devista dogmático, não vê nada emcontrário em tal pedido, mostra-se, noentanto, cético no que tange aomomento. "Essa inovação absolutamentesem precedentes, nós dois não apodemos viver", escreve ele ao papa.

Wunibald Müller

precisaria ter 50% mais recursos.Para fazer a conta, a ONG usa dados

da ONU, da Agência Internacional deEnergia, da OMC (Organização Mundialdo Comércio) e busca detalhes em dadosdos governos dos próprios países.

O número leva em conta o consumoglobal, a eficiência de produção de bens,o tamanho da população e a capacidadeda natureza de prover recursos ebiodegradar/reciclar resíduos. Isso étraduzido em unidades de "hectaresglobais", que representam tanto áreascultiváveis quanto reservas de mananciale até recursos pesqueiros disponíveis emáguas internacionais.

A emissão de gases de efeito estufatambém entra na conta, e países ganhammais pontos por preservar florestas queretêm carbono.

Apesar de ter começado a calcularo Dia da Sobrecarga há uma década, aGlobal Footprint compila dados queremontam a 1961. Desde aquele ano,a sobrecarga ambiental dobrou noplaneta, e a projeção atual é de queprecisemos de duas Terras parasustentar a humanidade antes de 2050.A mensagem é que esse padrão dedesenvolvimento não tem como sesustentar por muito tempo.

"O problema hoje não é só proteger

o ambiente, mas também a economia,pois os países têm ficado maisdependentes de importação, o que faz opreço das commodities disparar", dizMorales. "Isso ocorre porque os serviçosambientais [benefícios que tiramos dosecossistemas] já não são suficientes".BRASIL "CREDOR"

No panorama traçado pela GlobalFootprint Network, o Brasil apareceainda como um "credor" ambiental,oferecendo ao mundo mais recursosnaturais do que consome. Isso se deveem grande parte à Amazônia, que retémmuito carbono nas árvores, e a umagrande oferta ainda de terras agricultáveisnão desgastadas.

Mas, segundo a ONG WWF-Brasil,que faz o cálculo da pegada ambientaldo país, nossa margem de manobra estádiminuindo, e exibe grandesdesigualdades regionais. "Na cidade deSão Paulo, usamos mais de duas vezese meia a área correspondente a tudo oque consumimos", diz Maria Cecília Weyde Brito, da WWF. O número é similarao da China, um dos maiores"devedores" ambientais.

Global Footprint Network www.ihu.unisinos.br

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A cada ano fica mais claro que as dimensões dafigura de Helder Câmara ultrapassam asfunções que ele ocupou na vida,

especificamente a função de arcebispo católico deOlinda e Recife. A cada ano se ressalta mais seu valoruniversal, para além da diocese, da igreja do Brasil,do catolicismo e mesmo do cristianismo em geral. Oprimeiro a enxergar isso, 15 anos atrás, foi o escritor edirigente comunista francês Roger Garaudy. No livro'Helder, o Dom' editado pela Vozes em 1999 ecoordenado por Zildo Rocha, ele escreve textualmente:'Meu primeiro encontro com Dom Helder foi omomento mais importante de minha vida' (p. 29). Nãose escreve uma frase dessas à toa. Ela resume umavida inteira. Ele explica: 'em 1967, eu estavaparticipando de um encontro em Genebra e, nointervalo de uma das sessões, alguém me procuroupara dizer: um arcebispo o espera no corredor´. EraHelder Câmara, que logo tomou a palavra e propôs aodirigente comunista um pacto: você diz aos comunistasque religião nem sempre é alienação e eu digo aoscatólicos o socialismo não é algo condenável. Num deseus escritos, Helder Câmara comentou esse momentocom as seguintes palavras: 'eu sentia que no essencialRoger Garaudy e eu pensávamos da mesma maneira'.Um dirigente comunista e um arcebispo católico pensamda mesma maneira! Isso não é sinal de universalismo?E o texto de Garaudy termina com as seguintes palavras:'Graças a Dom Helder Câmara, o muçulmano que soue o marxista que não deixei de ser consideram Jesus oeixo central de minha vida' (p. 31).

Esse episódio mostra que, já em 1967, HelderCâmara era capaz de transcender o cargo que exerciapara enxergar um horizonte mais amplo, o dahumanidade como um todo. O mesmo Roger Garaudy,num de seus livros, tinha soltado um grito, dirigido àsigrejas cristãs: 'Devolvam-nos Jesus: Ele nos pertence'.Jesus é do mundo, não das igrejas. E penso que portrás do encontro entre ele e Helder se pode ouvir umgrito parecido, dirigido à igreja católica:

Devolvam-nos Helder Câmara,Ele nos pertence.É o grito silencioso da bandeira do Movimento dos

Sem Terra estendida sobre o caixão de Helder Câmarano dia de seu enterro.

Não, não podemos prender Helder Câmara nasnossas instituições. Como discípulo fiel de Jesus deNazaré, Helder Câmara pertence ao mundo. Não ébom que suas mensagens fiquem apenas circulandodentro de uma determinada organização. Jesus eHelder: pássaros de voo livre, que não podem ficarpresos numa gaiola, por dourada que seja.

Pode parecer um tanto ousado o que digo aqui,mas corresponde perfeitamente ao que nós, seuscolaboradores, presenciamos diversas vezes noconvívio com Helder Câmara. Pessoalmente trabalheidurante quase 17 anos com ele, desde sua posse em1964 até a minha saída do clero em 1980. Sempretive a impressão de que a igreja era para ele umtrampolim para a sociedade. Um palanque, ummicrofone, uma tela de TV, uma difusora. Isso tantoé verdade que a publicidade foi seu maior escudocontra as ameaças de morte que recebia. Ele só nãofoi morto porque temia-se a repercussão da morte deum bispo famoso. Escapou pela publicidade em vezde fugir na clandestinidade.

Quero comentar com vocês que numa determinadaocasião ele realmente nos surpreendeu. Numa tarde,parece que foi nos inícios dos anos 1970 ou no finaldos anos 1960, ele nos chama para o Palácio dos

HELDER CÂMARA, UM HOMEM UNIVERSAL

Manguinhos. Uns vinte padres, mais ou menos. Aíele começa a dizer que a igreja católica não tem aprojeção que merece: o mundo oriental tem Gandhi,os Estados Unidos têm Martin Luther King, mas aigreja católica não tem nenhuma figura que representeo que ela está realmente fazendo neste momento.Fiquei sem saber o que pensar dessas palavras, poisnaquele tempo eu não tinha capacidade de percebero real alcance delas. Pensei: ele está se comparandoa Gandhi e Martin Luther King, isso é muitoatrevimento. Só depois de sua morte em 1999,cheguei a compreender o real alcance da comparaçãodaquela tarde nos Manguinhos. Hoje, entendo queHelder Câmara efetivamente figura como um símbolouniversal, comparável a Gandhi, Martin Luther Kinge, para falar nos termos de hoje, Mandela. Sãopersonagens que por assim dizer delineiam figuras querepresentam o que há de mais humano no pensamentode uma época, cultura, continente, país, agrupamentohumano. São figuras universais, já desligadas datrajetória concreta de suas vidas. Elas tornam-sesímbolos universais: independência e verdade (aSatyagraha de Gandhi), superação do racismo(Mandela), opção pelo pobre (Helder Câmara). Hojevejo claramente que, naquela tarde nos Manguinhos,Helder não estava afirmando sua personalidade, masrevelando uma profunda intuição política, uma visãodo âmago das questões. Se, naquela época, adesenvoltura com que Helder falou de grandes figurasda história me causou certo espanto, era, no fundo,porque naquele tempo eu não tinha a maturidade parapensar em Helder Câmara. Só consegui pensar emDom Helder. É foi isso, afinal, que me impediu deenxergar a grandeza de suas colocações.

Continuemos por uns instantes com a comparaçãoentre Gandhi, Mandela e Helder Câmara, desta vezem termos de estratégia de ação. Gandhi foi o mestre,ele avançou a ideia da não-violência ativa como umaestratégia que escapa ao círculo vicioso da dialéticaentre ação e reação, situação e revolta, dominação e

insurreição, ou seja, para falar em termos helderianos,da 'espiral da violência'. Nas conferências entrerepresentantes da Índia e da Inglaterra, Gandhi repetia:a independência da Índia não é só boa para os indianos,mas também para os ingleses. Com isso, ele se mostroucapaz de olhar para além das fronteiras da Índia e decompartilhar os sentimentos ingleses. Nisso se mostrouuniversalista. Mandela aprendeu isso com Gandhi. Deinício aderiu a movimentos violentos, o que lhe custou27 anos de prisão, mas com o tempo aprendeu que asuperação do apartheid na África do Sul não era algobom só para os negros, mas também para os brancos.Nesse ponto, Helder Câmara mostrou-se igualmentediscípulo de Gandhi quando nos dizia, muitas vezes:'não se trata de vencer, mas de convencer'. Em suascartas circulares ele repetia: a rejeição dos métodos detortura e repressão violenta não é só proveitosa para apopulação, mas também para os militares. Na época,muitos não compreendiam essa postura aparentementefraca por parte do arcebispo e esperavam dele posturasde confronto aberto. Queriam, sem saber, que ele semetesse no círculo vicioso da espiral da violência, masHelder tinha lido os evangelhos e estava convencidodo princípio supremo do amor ao inimigo, não setevezes, mas setenta vezes sete vezes. Nisso, ele seguiaJesus como Gandhi seguia os antigos mestres hindus.

Podemos avançar um pouco mais e dizer queHelder Câmara alçou uma bandeira mais difícil desegurar que as de Gandhi e Mandela. Em seu livro ́ Aespiral da violência', de 1978, ele descreve três tiposde violência: a institucional, a revolucionária e arepressiva. A novidade está na descrição da primeiraviolência, geradora das demais: a instituição desociedades baseadas na injustiça e, portanto, naviolência. Aqui Helder vai além de Gandhi e de Mandelae ataca um problema que subjaz a todos os demais: apobreza como consequência da violência institucional.O livro 'A espiral da violência' mostra que a opçãopelo pobre é a grande novidade no cenário mundialdos anos 1970, algo mais profunda e mais complexaque a opção pela descolonização ou pela valorizaçãoda raça negra. É uma opção que exige uma análisecontinuada e sempre atualizada da sociedade.

Hoje muitas das ideias helderianas começam a sedifundir no mundo e na igreja. O papa Francisco podeser chamado de helderiano. Mas o programa traçadopor Helder Câmara é muito exigente:

Quando dou uma esmola a um pobre, me chamamsanto

Quando pergunto por que ele é pobre, me chamamcomunista.

Essas duas linhas expressam uma exigência muitogrande, melhor, um desafio para todos nós.

Não posso terminar sem esclarecer que não querodizer que está errado quem continuar falando em DomHelder, nosso querido Dom. Em minha fala só quisrealçar que Helder não necessita do Dom para sergrande. Não se trata de desvalorizar ou 'secularizar' oquerido Dom. À primeira vista, temos a impressãoque dizer 'Helder' é diminuir 'Dom Helder'. Mas issoé apenas uma impressão. O que importa é que amemória de Helder seja um espaço universalista nocoração do mundo e lembre a vocação universalistaque todos nós carregamos conosco. Para além daigreja, do cristianismo e mesmo das minoriasabraâmicas, em direção às minorias de espíritoabraâmico espalhadas pelo mundo inteiro.

Eduardo [email protected]

14 Jornal RUMOS

Jornal RUMOS

Edição 234PÁGINA DA MULHER

Cinco gestos simplespodem mudar a felicidadeno casamento, pelo

menos no que depende dasmulheres. As conclusões são daautora do livro 'Os segredos doscasamentos mais felizes : aspequenas coisas que fazem adiferença'.

Shaunti Feldhahn estudoumais de 1000 casais paradescobrir a fórmula da felicidadea dois. "As mulheres mais felizesreconhecem que o companheirose esforça para ser um bommarido", revela o autor. Numaabordagem que, a grande parte daseuropeia, em especial dasportuguesas, até pode parecer umtanto ou quanto sexista, Shauinticoncluiu ainda que as mulheresque fazem com que os seusmaridos se sintam apreciadosrecebem o máximo em troca.

Os cinco gestos que podem

Os salmos constituem umadas formas mais altas deoração que a humanidade

produziu. Milhões e milhões depessoas, judeus, cristãos ereligiosos de todas as tradições,dia a dia, recitam e cantamsalmos, especialmente osreligiosos, as religiosas e ospadres no, assim chamado, "ofíciodas horas" diário.

Não sabemos exatamentequem são seus autores, pois elesrecolhem as orações quecirculavam no meio do povo.Seguramente muitos são de Davi(século X a.C). É considerado,por excelência, o protótipo dosalmista. Foi pastor, guerreiro,profeta, poeta, músico, rei eprofundamente religioso.Conquistou o Monte Sion dentrode Jerusalém e lá, ao redor daArca da Aliança, organizou o cultoe introduziu os salmos.

Quando se diz "salmo de Davi",na maioria das vezes, significa:"salmo feito no estilo de Davi".Os salmos surgiram no arco dequase mil anos, nos lugares deculto e recitados pelo povo atéserem recompilados na época dosMacabeus, no século II. a.C. Osaltério é um microcosmohistórico, semelhante a umacatedral da Idade Média,construída durante séculos, porgerações e gerações, por milharesde mãos e incorporando asmudanças de estilo arquitetônicodas várias épocas. Assim, hásalmos que revelam diferentesconcepções de Deus, próprias decerta época, como aqueles,

DESCUBRA O SEGREDO DOS CASAMENTOS FELIZES

PÁGINA BÍBLICO-TEOLÓGICAOS SALMOS: A ANATOMIA DA ALMA HUMANA

transformar o seu casamento,segundo a autora:

- Reconheça o esforço do seucompanheiro. "A maioria daspessoas sentem-se agradecidasmas não são capazes de dizer'obrigado'. De acordo com osdados recolhidos, 72% doshomens ficam satisfeitosquando a esposa ou namoradareconhece o seu esforço etrabalho. Parece que, para umhomem, um "obrigado" pode serum equivalente a dizer "amo-te",diz Shaunti.

- Quer deixá-lo feliz? Digalhe que fez um ótimotrabalho.Segundo Shaunti, esta éa forma mais eficaz de fazer comque um homem se 'derreta'."Apesar de parecem viris econfiantes, os homens ainda sãouns meninos que se sentemansiosos para dar à mãe o vaso quefizeram na escola. O bom trabalho

tem um impacto emocional noshomens", explica.

- Não faça queixas dele emfrente a outras pessoas, sejamamigos ou familiares. A melhortática é reconhecer o que debom ele faz, para que sinta queestá no bom caminho e continuea agradá-la. "Quando estivercom outros casais diga-lhes queos seu marido fez uma surpresa

de aniversário incrível ou quebrinca com as crianças aosábado de manhã, para que possadormir mais um pouco. Elespodem mostrar-se indiferentes,mas por dentro estão a adorar",explica a autora.

- Demonstre que o deseja.Não é surpresa nenhuma que oshomens adoram sexo. Mas paraShaunti a razão é mais emocional

do que física. "De uma formamuito profunda, um homemprecisa saber que a mulher odeseja", referiu, acrescentado queos homens gostam de agradar àscompanheiras. Algumas palavraspodem fazer toda a diferença:dizer-lhe que o quer muito podeser muito importante para o eledo que apenas a relação física.

- Mostre que ele a faz feliz."88% dos homens afirmam queficam derretidos quando a esposadiz que ele a faz feliz", refereSaunti. Um sorriso espontâneo,quando ele diz algo que lheagradou, ou dizer-lhesimplesmente como se sentebem ao lado dele, faz com que elequeira ser ainda mais carinhoso.

Resta saber quais as sugestõesque ShautntiFeldhahn direcionouaos homens, para melhorarem arelação com as suas parceiras.

ACTIVA.PT

estranhas para nós, que expressamo desejo de vingança e o juízoimplacável de Deus.

Os salmos testemunham aprofunda convicção de que Deus,não obstante habitar numa luzinacessível, está em nosso meio,morando como que numa tenda(shekinah). Podemos chegar aEle, em súplicas, lamentações,louvores e ações de graças. Eleestá sempre pronto para escutar.

O lugar denso de sua presençaé o Templo onde se cantam ossalmos. Mas como Criador docéu e da terra, está igualmente emtodos os lugares, embora nenhumpossa contê-lo.

Com razão, se orgulhavam oshebreus dizendo: "ninguém temum Deus tão próximo como nós"!Próximo de cada um e no meiode seu povo. Os salmos revelama consciência da proximidadedivina e do amparo consolador.Por isso há neles intimidadepessoal sem cair no intimismoindividualista. Há oração coletivasem destituir a experiência

pessoal. Uma dimensão reforça aoutra, pois cada uma é verdadeira:não há pessoas sem o povo no qualestão inseridas e não há povo sempessoas livres que o formam.

Ao rezar os salmos,encontramos neles a nossaradiografia espiritual, pessoal ecoletiva. Neles identificamosnossos estados de ânimo:desespero e alegria, medo econfiança, luto e dança, vontadede vingança e desejo de perdão,interioridade e fascinação pelagrandeza do céu estrelado. Bemo expressou o reformador JoãoCalvino (1509-1564) noprefácio de seu grandiosocomentário aos salmos:

"Costumo definir este livrocomo uma anatomia de todas aspartes da alma, porque não hásentimento no ser humano quenão esteja aí representado comonum espelho. Diria que o EspíritoSanto colocou ali, ao vivo, todasas dores, todas as tristezas, todosos temores, todas as dúvidas,todas as esperanças, todas as

preocupações, todas asperplexidades até as emoçõesmais confusas que agitamhabitualmente o espírito humano".

Pelo fato de revelarem nossaautobiografia espiritual, ossalmos representam a palavra doser humano a Deus e, ao mesmotempo, a palavra de Deus ao serhumano. O saltério serviu semprecomo livro de consolação e fontesecreta de sentido, especialmentequando irrompe na humanidade odesamparo, a perseguição, ainjustiça e a ameaça de morte. Ofilósofo francês Henri Bergson(1859-1941) deu esteinsuspeitado testemunho: "Dascentenas de livros que li nenhumme trouxe tanta luz e confortoquanto estes poucos versos dosalmo 23: O Senhor é meu pastore nada me falta; ainda que andepor um vale tenebroso, não temomal nenhum, porque Tu estáscomigo".

Um judeu, por exemplo,cercado de filhos, era empurrado,para as câmaras de gás emAuschwitz. Ele sabia quecaminhava para o extermínio.Mesmo assim, ia recitando alto osalmo 23: "O Senhor é meupastor… Ainda que eu ande pelasombra do vale da morte, nenhummal temerei, porque Tu estáscomigo". A morte não rompe acomunhão com Deus. Épassagem, mesmo dolorosa, parao grande abraço infinito da pazeterna.

Por fim, os salmos sãopoesias religiosas e místicas damais alta expressão. Como toda

poesia, recriam a realidade commetáforas e imagens tiradas doimaginário. Este obedece a umalógica própria, diferente daquelada racionalidade. Peloimaginário, transfiguramossituações e fatos detectandoneles sentidos ocultos emensagens divinas. Por issodizemos que não só habitamosprosaicamente o mundo,colhendo o sentido manifesto dodesenrolar rotineiro dosacontecimentos. Habitamostambém poeticamente o mundo,vendo o outro lado das coisas eum outro mundo dentro do mundode beleza e de encantamento.

Os salmos nos ensinam ahabitar poeticamente a realidade.Então ela se transmuta numgrande sacramento de Deus,cheia de sabedoria, deadmoestações e de lições quetornam mais seguro nossoperegrinar rumo à Fonte. Comobem diz o salmista: "quandocaminho entre perigos, tu meconservas a vida… e estás até o fima meu favor" (Salmo 138, 7-8).

Leonardo BoffAdital

OBS: Comentário de Pe. NeyBrasil Pereira: Gilberto,concordo plenamente com aperspectiva de L.Boff sobre osSalmos, dos quais venhopublicando um comentário cadamês, no Jornal da Arquidiocese.Os salmos são insuperáveiscomo oração, comoexperiências, as mais variadas,da presença de Deus no âmagoda nossa vida.

Jornal RUMOS

15Jornal RUMOSEdição 234

Faleceu dia 25 de janeiro de 2014,em Fortaleza, CE, o nosso amigoe irmão Henrique Swillens, aos 91

anos de idade.Henrique foi da Congregação de S.

Vicente de Paulo, Lazaristas.Foiordenado em 1949, na Alemanha, seupaís de origem, onde nasceu em05.08.1922. Trabalhou na pastoral e naformação dos seminaristas noMaranhão e no Ceará.

Deixou o ministério em 1976 ecasou com Edite Pontes. Não tiveramfilhos. No Ceará, Henrique foi tambémprofessor universitário. E sempre muitoativo na vida do MFPC cearense.

Conheci-o no VI Encontro Nacionaldo MFPC em Salvador. E encontrei ocasal em vários outros EncontrosNacionais, inclusive no último, emJunho de 2012. Sofia e eu tivemos oprazer de nos hospedarmos várias vezesna casa deles em Fortaleza.

Temos a certeza de que o Pai lhereservou um bom lugar e que, agora, temosmais um intercessor pelo MFPC no Céu.

À querida Edite, aos sobrinhos enossos colegas e amigos Venceslau eWilma e ao MFPC do Ceará, nossasolidariedade fraterna, neste momentode despedida.

João Tavares e Sofia

FALECIMENTO

Uma reveladora pesquisa realizadapor Univisión, a maior cadeia detelevisão dos Estados Unidos,

concluiu que a maioria dos católicos domundo não está de acordo com algumasdas principais doutrinas da Igreja como oaborto, o uso de anticoncepcionais e aproibição da comunhão para osdivorciados.

A reportagem é publicada pelo jornalcolombiano El Tiempo, 09-02-2014. Atradução é do Cepat.

A pesquisa, realizada entre dezembrode 2013 e janeiro de 2014, com 12.038fiéis de 12 países majoritariamentecatólicos, dos cinco continentes - entreeles a Colômbia -, e com uma margem deerro de 0,9%, adiantou-se em relação aopapa Francisco.

Em novembro do ano passado, oPontífice argentino enviou umquestionário a todos os bispos do mundo,para que perguntassem aos seus fiéis o quepensam sobre as uniões entre casais domesmo sexo e sobre o ensino da Bíblia,entre outros temas pastorais. Os resultadosdesta consulta, também realizada naColômbia - onde não foi divulgada - serãodiscutidos no próximo mês de outubro, porocasião do Sínodo dos Bispos, onde serãodebatidos diferentes aspectos sobre ofuturo do catolicismo.

O documento demonstrou que 58%de consultados estão em discordânciacom a norma que estabelece que a pessoaque se divorciou e se casou novamente,fora da Igreja, vive em pecado e que,portanto, não pode receber a comunhão.A Europa é o local onde mais desaprovamesta medida (75%), seguida pela AméricaLatina (67%).

Também se perguntou sobre o aborto,um tema inegociável para a Igrejacatólica. Nesse quesito, 57%responderam que deveria se permitirapenas em alguns casos, como quando avida da mãe ou do ente esteja em perigo;

Chefe autoritário, "bonzinho", que usa ideias dosempregados sem dar o crédito ou que marca tantasreuniões que atrapalha o andamento da equipe. Há chefes

complicados para todos os gostos (ou desgostos) dosfuncionários. Mesmo aqueles que conseguiram ter um gestor comqualidades acima da média não devem se enganar. Por melhorque seja, o superior hierárquico está trabalhando para aempresa e os interesses da companhia podem ser divergentesdos interesses dos funcionários , segundo o escritor e ex-executivo Beto Ribeiro, autor do livro "Eu odeio meu chefe"."O chefe nunca é bom o suficiente para a equipe. Mas é possívelaté aprender com ele", conta o escritor.

O bom líder deve ter dez características fundamentais, deacordo com o presidente do Instituto Brasileiro de Coaching(IBC), José Roberto Marques. "Ele deve compartilharconhecimentos e experiências, correr riscos, fazer o que gosta,manter um canal aberto com os funcionários, admitir falhas, serum bom ouvinte, admitir que não sabe e tentar aprender, passarinformações de forma clara, saber dar feedback e assumir aresponsabilidade pela equipe", diz.

Não sei… Se a vida é curtaOu longa demais pra nós,Mas sei que nada do que vivemosTem sentidoSe não tocamosO coração das pessoas.

Muitas vezes basta ser:Colo que acolhe,Braço que envolve,Palavra que conforta,Silêncio que respeita,Alegria que contagia,Lágrima que corre,Olhar que acaricia,Desejo que sacia,Amor que promove.

E isso não é coisa de outro mundo,É o que dá sentido à vida.É o que faz com que elaNão seja nem curta,Nem longa demais,Mas que seja intensa,Verdadeira, pura…Enquanto durar.

Cora Coralina

Saber Viver

O QUE PENSAM OS CATÓLICOS SOBRE O ABORTO,MULHERES NO SACERDÓCIO E UNIÕES GAY

CONHEÇA OS DEFEITOS DOS CHEFESE VEJA COMO LIDAR COM ELES

8% acreditam que se deve permitirsempre e 33% expressaram que não devenunca ser permitido.

A França é o país onde mais seconcorda com o aborto - sempre e emalguns casos - (93%), seguida deEspanha (88%), Itália (83%) e Polônia(82%). Na AméricaLatina, os que maisaprovam esta forma de interrupção dagravidez - sempre e alguns casos - sãoos brasileiros (81%); seguidos pelosargentinos (79%), mexicanos (73%) ecolombianos (61%). Na Colômbia, 38%responderam que o aborto não deve serpermitido sob nenhuma circunstância.

Sobre o uso dos anticonceptivos, outrotema vetado pela Igreja católica, a imensamaioria (78%) expressou concordar como uso. Apenas 19% disseram ser contraesses métodos de planejamento. Inclusive,entre aqueles que participam comfrequência da Igreja, a porcentagem dos queconcordam é majoritária (72%). E noveem cada dez daqueles que participam compouca frequência da Igreja tambémaprovam.

Também foi perguntado aos fiéis seacreditavam que os sacerdotes católicos

deveriam se casar. E cinco em cada dez - amaior porcentagem nesta resposta -respondeu que sim. Sendo que 47%discordaram e 3% não responderam. É naEuropa onde estão os que mais concordamque os sacerdotes tenham família (70%);na América Latina são 53%.

Casamento gay e mulheres com batinaA pesquisa também perguntou sobre o

casamento entre pessoas do mesmo sexo.Neste ponto, os fiéis católicos forammajoritariamente contra (66%). Apenas 30%foram a favor das uniões gays. Os africanossão os que mais se opõem (99%), seguidospelos asiáticos (84%). No caso dos latino-americanos, 57% rejeitaram o chamado'casamento gay'. Os Estados Unidos são olocal onde mais aprovam (54%) esse tipo decasamento. Os consultados de estratos maisbaixos (7 em cada 10) são os que maisrejeitam essas uniões.

No que diz respeito à eterna discussãosobre o sacerdócio para as mulheres, 51%responderam que elas também deveriamser ordenadas. Já 45% rejeitaram a figuradas mulheres nos altares do catolicismo e4% não responderam.

A Europa é o continente onde maisquerem ver as mulheres com batina (64%),seguida pela América do Norte (59%) eAmérica Latina (49%).

Todos querem o papa FranciscoOutra das perguntas desta pesquisa foi

sobre a gestão do papa Francisco, duranteos primeiros dez meses de seupontificado. Foram 41% os que aconsideraram como 'excelente', ao passoque 46% disseram que era 'boa'. Por fim,5% disseram que era 'medíocre', e 1% queera ruim.

A popularidade do Papa argentino éparecida em todo o mundo, sendomajoritária na Europa (90%), seguidapela América do Norte (89%), AméricaLatina (88%), África (85%) e Ásia-Pacífico (82%).

Unisinos

Para a especialista em desenvolvimento de pessoas StefâniaLins Giannoni, nenhum chefe pode romper a barreira do assédiomoral. Se o empregado começar a se sentir mal fisicamentepelas posturas agressivas do gestor, ou se sentir agredidomoralmente, deve dizer ao chefe que está incomodado. "Outraopção é procurar o setor de Recursos Humanos (RH), pararesolver de uma vez essa situação", diz. Veja dez tipos de chefescomplicados e aprenda a lidar com eles.

Bruna Saniele

16 Jornal RUMOS

Jornal RUMOS

Edição 234

A coordenação nacional do MFPC/AR convocou membros da Diretoriapara um encontro em Londrina PR nos dias 28 de fevereiro a 4 de março- dias do Carnaval.

O objetivo do encontro é planejar e detalhar as atividades preparatórias aoXXº Encontro Nacional do MFPC, a se realizar em 2015.

Está prevista a presença de 16 pessoas. Num gesto de dedicação e amor aoMFPC todos tirarão de seus bolsos as despesas de viagem e estadia.

Após o encontro serão comunicadas as notícias em nosso sitewww.padrescasados.org

Giba redator

Três figuras-chave noestabelecimento da Igreja Católicano Brasil e no Canadá podem ser

declaradas santas antes do fim do ano,disse um jesuíta que está ajudando apreparar o material necessário para assuas canonizações.

As três pessoas que estão rapidamentea caminho da santidade são: o Bem-aventurado José de Anchieta, conhecidocomo o Apóstolo do Brasil; a Bem-aventurada Marie de l'Incarnation,conhecida como a Mãe da Igrejacanadense; e o Bem-aventurado Françoisde Laval, o primeiro bispo do Quebec.

Os três foram beatificados juntos em1980.

Ainda se pode dizer algo que nãotenha já sido dito sobre NelsonMandela, perante quem o mundo

todo se inclinou, em sinal de respeito eveneração, aquando da sua morte a 5 deDezembro passado, aos 95 anos? Já antestambém.

Estive várias vezes na África do Sul,ainda no tempo do apartheid. Ainda vi, porexemplo, em bancos de jardim ou indicaçãode praia, a ordem: "Whitesonly" (só parabrancos). Se pude visitar o Soweto, foiporque o afável bispo católico deJoanesburgo, que não era racista, pediu aopároco negro que me acompanhasse. E foicom muita simpatia que me receberam.

Muitas vezes me perguntei como é queaquela ignomínia iria acabar. Seria possívelsem um banho de sangue? Foi possível.Pacificamente, abriu-se o caminho para ademocracia no quadro da coexistênciaracial. Isso se deveu certamente também àinteligência política do presidente DeKlerk, no novo contexto criado pela quedado muro de Berlim.

Mas, para evitar a tragédia, o espírito ea ação de Mandela foram determinantes.Afinal, tudo está naquele gesto de apertara mão aos carcereiros e convidá-los parao banquete de inauguração da novapresidência da "nação arco-íris". Énecessário caminhar com a utopia, que nosdiz, por um lado, o que não pode ser,porque intolerável, e, por outro, nos indicao caminho do para onde se deve ir.

Mandela percebera que os seuscarcereiros eram seres humanos habitadospelo medo. Ora, o medo é do pior que há.O medo tolhe a razão e a capacidade depensar. É preciso ter medo de quem temmedo, de tal modo que a primeiralibertação tem de ser a libertação do medo.Também e sobretudo no universo dareligião. Aterrados pelo medo de Deus,homens e mulheres que se julgamreligiosos caminham fatalmente paradesgraças tenebrosas.

Por isso, a Bíblia é atravessada pelacompreensão histórica lenta, que culminaem Jesus, através da sua experiência,palavras e acções, de que a única tentativade "definir" Deus é (está em São João):Ho theósagapêestín (Deus é amorincondicional, Deus é Força infinita de

Senhor Papa, com licença,Diga-me com lealdade,Pra que serve penitência,Se não houver a caridade.

O povo lhe pede o pãoDo Evangelho bem pregado.Por que, nessa missão,Bom senso não é usado?

Eu não posso dizer missa.No mister fui bloqueado,Não por faltar à justiça,Mas por ser padre casado.

MANDELA: O MILAGRE DO PERDÃO

criar e só sabe amar).Mandela era cristão. Por isso, sabia que

se deve perdoar aos inimigos. PeloEvangelho, também sabia que os romanosenquanto potência de ocupação podiamobrigar um judeu a transportar a bagagemna distância de uma milha, sendo nestecontexto que se percebe o que Jesus diz:"Faz uma segunda milha de livre vontade."Talvez o romano começasse a conversar, equem sabe se não acabariam por beber umcopo juntos? A reconciliação, a soluçãopacífica dos conflitos é preferível àviolência e à guerra. E Jesus, do alto dacruz, rezou: "Pai, perdoa-lhes, porque nãosabem o que fazem."

De qualquer modo, o perdão é ummilagre, também em política.JürgenHabermas, agnóstico, talvez o maiorfilósofo vivo, que quereria uma filosofiaque herdasse, num processo desecularização mediante a razãocomunicativa, os conteúdos semânticos dareligião e a sua força, reconheceu que háum resto na religião não herdável pelasimples razão. Disse-o num discursofamoso, por ocasião da recepção doprémio da paz dos livreiros alemães e jádepois dos acontecimentos trágicos do 11de Setembro de 2001. Esse resto tem quever nomeadamente com o drama do perdão.

O perdão, em última análise, já nãopertence à ordem do jurídico nem dopolítico. No perdão do imperdoável, é arazão humana enquanto capacidade docálculo que é superada, pois nem o algoztem direito ao perdão nem a vítima éobrigada a perdoar. Como escreveu ofilósofo Jacques Derrida, perdoar oimperdoável aponta para algo que estápara lá da imanência, "qualquer coisa detrans-humano": "na ideia do perdão, há ada transcendência", pois realiza-se umgesto que já não está ao nível daimanência humana. Aí, começa o domínioda religião.

"A partir desta ideia do impossível,deste "desejo" ou deste "pensamento" doperdão, deste pensamento dodesconhecido e do transfenomenal, podemuito bem tentar-se uma génese doreligioso."

Anselmo Borgeswww.dn.pt/inicio/opiniao

ENCONTRO EM LONDRINA

BRASIL E CANADÁ PODEM TER NOVOSSANTOS ANTES DO FIM DO ANO

Jesus nos deu o preceitoDe Sua Igreja cuidar,E por que o preconceito,Sempre quer nos relegar?

O homem é incompleto,Sem a mulher, sua costela,Foi Deus que, com Seu afeto,O colocou junto a ela.

A sublime criatura,Mulher no divino plano,Traz ao homem mais ternura,E o torna mais humano.

Onofre A. Menezes

PADRE CASADO

O Papa Francisco dispensou alguns dosprocedimentos nas causas brasileiras ecanadenses em resposta a pedidos dasConferências Episcopais dos dois países.

O cardeal Raymundo Damasceno Assis,de Aparecida, presidente da Conferênciados bispos brasileiros, anunciou emdezembro que o Papa Francisco lhetelefonara para dizer que tinha aceitado opedido dos bispos brasileiros de queAnchieta fosse canonizado, embora ummilagre atribuído à sua intercessão nãohouvesse sido identificado e verificado.

Normalmente, é preciso um milagredepois da beatificação para mover umcandidato à canonização.

O jesuíta disse que o papa poderiaassinar um decreto reconhecendo os trêsnovos santos ainda no começo de abril edepois definir uma data para a suacanonização.

A devoção ao brasileiro "é clara. Muitaspessoas recebem muitas graças rezandopara ele, assim como com João XXIII",disse Lindeijer. "Com base na massivadevoção popular, eles serão canonizados".

IHU - Instituto HumanitasUnisinos