jornal regional_dez2009

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TEMPO Climatempo.com.br PÁGINA 2 Sol com aumento de nuvens e pancadas de chuva. Sábado e domingo com chuva. SUPLEMENTO ESPECIAL DE NATAL Siga o Jornal Regional no www.twitter.com/jrrioclaro RISCO PÁGINA 3 PÁGINAS 5 A 8 Eu + ! Eu + ! Nesta edição de Natal o caderno CIDADES traz os assuntos dos municípios que integram a cobertura do REGIONAL. Cratera no Palmeiras envolve tubulação de água e perigo para os moradores Prefeito de Analândia, Luizinho Garbuio presta contas de 2009 no Caderno Especial Um caderno recheado de informações sobre a Cultura de Rio Claro e região com reportagens especiais de Vivian Guilherme e Lourenço Favari é o presente do JORNAL REGIONAL para o fim de semana de nossos leitores. PÁGINAS 9 A 16 FIM DE SEMANA CIDADES Moradores do Jardim das Palmeiras, em Rio Claro, estão assustados com a cratera que se abre cada vez mais na Avenida 11 com a Rua 16. Vereador Julinho Lopes (PP) tenta uma solução. Na prefeitura, pelo menos, nenhuma até agora. Saúde consegue verba para informatização Legislativo rio-clarense faz balanço dos trabalhos PÁGINA 32 PÁGINAS 17 A 32 Vista aérea da estação de Rio Claro no projeto proposto pelo arquiteto; no detalhe: Érick Alexandro Tonin N em tudo parece estar perdido para a ferrovia de Rio Claro. O arquiteto e urbanista rio-clarense, formado pela UNESP de Bauru, Érick Alexandro Tonin, tem um projeto prontinho de reformulação total da estação ferroviária com um detalhe importante: a manutenção dos trilhos e das oficinas. O projeto é rico em minúcias arquitetônicas - que transformariam Rio Claro num exemplo de modernidade para outras cidades - e se contrapõe à ideia do prefeito Du Altimari (PMDB) de forrar a linha com asfalto. A presidente da Câmara, Mônica Hussni (DEM) está interessada em conhecer o trabalho. CARTAS NA MANGA

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Reportagem de capa do Jornal Regional (dezembro 2009) com meu projeto de TFG.

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Tempo

Climatempo.com.br

PÁGINA 2 Sol com aumento de nuvens e pancadas de chuva. Sábado e domingo com chuva.

SUPLEMENTO ESPECIAL DE NATAL

Siga o Jornal Regional no www.twitter.com/jrrioclaro

RISCO

PÁGINA 3

PÁGINAS 5 A 8

eu + !eu + !Nesta edição de Natal o caderno CIDADES traz os assuntos dos municípios que integram a cobertura do REGIONAL.

Cratera no Palmeiras envolve tubulação de água e perigo para os moradores

Prefeito de Analândia, Luizinho Garbuio presta contas de 2009 no Caderno Especial

Um caderno recheado de informações sobre a Cultura de Rio Claro e região com reportagens especiais de Vivian Guilherme e Lourenço Favari é o presente do JORNAL REGIONAL para o fim de semana de nossos leitores. PÁGINAS 9 A 16

fIm de SemANA

CIDADES

Moradores do Jardim das Palmeiras, em Rio Claro, estão assustados com a cratera que se abre cada vez mais na Avenida 11 com a Rua 16. Vereador Julinho Lopes (PP) tenta uma solução. Na prefeitura, pelo menos, nenhuma até agora.

Saúde consegue verba para informatização

Legislativo rio-clarensefaz balanço dos trabalhos

PÁGINA 32

PÁGINAS 17 A 32

Vista aérea da estação de Rio Claro no projeto proposto pelo arquiteto; no detalhe: Érick Alexandro Tonin

Nem tudo parece estar perdido para a ferrovia de Rio Claro. O arquiteto e urbanista rio-clarense, formado pela UNESP de Bauru, Érick Alexandro Tonin, tem um projeto

prontinho de reformulação total da estação ferroviária com um detalhe importante: a manutenção dos trilhos e das oficinas. O projeto é rico em minúcias arquitetônicas - que transformariam Rio Claro num exemplo de modernidade para outras cidades - e se contrapõe à ideia do prefeito Du Altimari (PMDB) de forrar a linha com asfalto. A presidente da Câmara, Mônica Hussni (DEM) está interessada em conhecer o trabalho.

CARTASna manga

Quinta-feira, 24 de dezembro de 2009 5capa

Carlos Aguiar

Mais uma vez o JORNAL REGIONAL aborda a ques-tão da ferrovia em Rio Claro. Em meados desse ano, mos-tramos o trabalho desenvolvi-do em Jaguariúna pela ABPF – Associação Brasileira de Preservação Ferroviária, que transformou aquele trecho da extinta Companhia Mogiana de Estradas de Ferro em motivo de orgulho e maior atrativo turístico da cidade, com seu impecável museu e autênticas Maria-fumaças.

O diretor administrativo da ABPF, Vanderlei Alves da Silva, que há 22 anos atua na guarda da memória ferro-viária, classificou Rio Claro como a maior importância histórica nacional. “Rio Claro é uma das maiores referências do Brasil quando se fala em ferrovia – teve a Companhia Paulista – a quinta melhor ferrovia do mundo”.

Infelizmente, essa refe-rência parece estar “escorren-do entre os dedos” com o pas-sar dos anos e corre o risco de tornar-se imortal apenas nas bibliotecas e nas mentes dos milhares de descendentes de ex-ferroviários.

ESTAÇÃOA Estação Ferroviária

de Rio Claro, estampada em qualquer elemento de marke-ting turístico e tombada pelo Patrimônio Histórico Nacio-nal, se parece muito mais com um cenário de filme ou novela, onde apenas a facha-da deve ser mostrada.

Internamente, o monu-mental prédio está se esfa-celando. As janelas e portas cobertas com tapumes es-condem o que está por trás – forro caindo, pisos deterio-rados e montes de entulhos empilhados. O mecanismo do relógio centenário, que re-gistrava as partidas pontuais das locomotivas, está há sete anos na casa de um senhor que providenciou a manu-tenção. O motivo? Não dá

O orgulho rio-clarense

para reinstalar o maquinário na sala porque o cômodo está completamente deteriorado, sendo assim, é mais seguro permanecer sob a guarda de um particular.

De acordo com o secre-tário municipal de turismo, René Neubauer, uma empresa de Rio Claro ofereceu um orçamento de R$ 78 mil para restaurar as portas, janelas, vidraças, piso e forro – valor irrisório para um patrimônio de tamanha envergadura – mas ele não conseguiu tocar o projeto adiante.

Da mesma forma, Neu-bauer disse que existe um projeto de restauração total do prédio, já aprovado pelo Condephaat, da época do governo Claudio de Mauro. Foi encaminhado pedido de recursos ao Ministério do Tu-rismo, mas nada aconteceu.

René diz que quer montar um museu ferroviário e tem certeza que consegue reunir material suficiente para isso. O maior acervo ferroviário de Rio Claro, hoje, está sob o domínio de João Greve, que garantiu ceder as peças ao museu, mas, é claro, desde que haja garantia que tudo não vá se perder. “Ele se tornou guardião da ferrovia”, enfatiza René.

O único passo conseguido pelo secretário foi a transfor-mação da passagem subterrâ-nea sob os trilhos da Avenida 8 em galeria de arte. Foi inaugurada em junho desse ano e já recebeu diversas ex-posições. Recentemente, uma museóloga de São Paulo se comprometeu a trazer mostras itinerantes para o local.

TRILHOSSe perambular pelo pa-

trimônio símbolo da Com-panhia Paulista é lamentável, andar nos trilhos por trás dos tapumes coloridos da estação é deprimente. Sim, as pessoas interessadas deveriam fazer um turismo “ecológico” no pátio das linhas.

Milhares de toneladas de ferro estão abandonadas em meio ao mato e sujeira. São centenas de vagões inúteis estacionados. Aliás, nem to-dos inúteis, já que algum se transformou em moradia.

Esse é o cenário da maior referência de Rio Claro para o Brasil. Muitas discussões vêm sendo feitas em torno da ferrovia. Neste momento o destaque fica para a proposta do prefeito Du Altimari, que quer substituir as linhas por asfalto.

Existem propostas diver-gentes e outras que misturam ideias, como a do arquiteto rio-clarense Erick Tonin, que mostraremos adiante.

Tire suas conclusões, debata, afinal, o patrimônio é de todos nós.

Por trás dos tapumes da estação o que se enxerga é mato, sujeira e centenas de vagões abandonados

Caminho sem volta

Área das oficinas é o trecho mais conservado do complexo ferroviário de Rio Claro

Prefeito Du Altimari quer a remoção dos trilhos e das oficinas e a ocupação dos espaços com sistema viário, moradias, comércio e lazer

O prefeito Du Altimari (PMDB) vem trabalhando intensamente para retirar os trilhos da região urbana de Rio Claro e transformar o leito da ferrovia em uma via expressa, intitulada por ele de “Avenida Novo Tem-po”. Ele também afirma que a cidade é dividida, o que compromete o progresso dos bairros “além-linha”, e que isso poderia ser mudado com a abertura de novas avenidas de cruzamento.

O maior impasse, en-tretanto, é remover as ofi-cinas que ocupam a região central e que continuam em operação sob a concessão da ALL – América Latina Logística.

A proposta do prefeito é transferir todo o complexo para a região do Jardim Guanabara. Segundo o en-genheiro ferroviário apo-sentado Mauro Lourenço do Prado, essa ideia não é nova. Ele lembra que a área do Guanabara foi adquirida pela Cia. Paulista há muitos anos justamente com esse propósito, mas a mudança nunca foi viabilizada.

Altimari diz que são 70 mil metros quadrados de áre-as pertencentes ao Estado e mais 150 mil metros quadra-dos da União referentes ao pátio das oficinas, isso sem contar a área da estação. A toda essa área disponi-bilizada o prefeito espera dar três destinos: moradias, comércio e lazer.

Mas quem vai pagar a conta da transferência? Para o prefeito a matemá-tica é simples: O Governo Federal banca a mudança e depois vende parte da

área para a iniciativa privada, recuperando assim o capital investido e permitindo ao setor privado a expansão imobili-ária.

De acordo com Du, as ne-gociações entre prefeitura, ALL e Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura em Transpor-tes) já estão bastante avança-das. O trecho compreendido a partir da Avenida 24, sentido norte, já está passível de ganhar o comodato da União.

Outra novidade é que o

pontilhão da Avenida 7 poderá, enfim, ser dupli-cado, inclusive, contando com invest imentos do Shopping Center Rio Cla-ro. O prefeito havia dito que queria aterrá-lo com vistas à construção da via expressa, mas parece que a ALL não permitiu, o que demonstra que as coisas não estão tão cla-ras assim e que o domí-nio da concessionária é evidente.

Tapumes escondem o estado das portas e janelas e o forro das salas está se desintegrando

TRILHOS E VAZIOS URBANOS

O escopo do plano de ação de Tonin é a criação de uma “Avenida Parque”. A l inha ser ia mantida e , paralelo, criada uma via. Os vazios urbanos do entorno seriam utilizados pela Ave-nida Parque. A ideia é implan-tar dispositivos de lazer e en-volvimento co-munitário nos bairros. Com a instalação des-ses dispositivos as pessoas, pro-vavelmente, re-duziriam o flu-xo da periferia para o centro.

C e n t e n a s de vagões es-tão abandona-dos no pá t i o sem utilização. A suges tão é r e c i c l á - l o s e levá- los para esses espaços públicos.

U m a d a s opções para os vagões seria moldá-los para utilizações diversas – uma praça, um palco, uma base policial, um dispositivo de entreteni-mento. Eles seriam mantidos sobre os trilhos e levados

até os bairros, onde per-maneceriam estáticos. Não necessariamente um só, mas compor módulos com dois ou mais blocos. “As possibilidades são infinitas, até questões comerciais e de prestação de serviços”, salienta.

tenção da secretaria de turismo e no fundo um centro de eventos. “A ideia não é utilizar apenas parte, mas a estação como um todo” diz.

Outro detalhe é que ela seria au-tossustentável – a cobertura teria for-mato côncavo para coleta e reuso da água, além de placas fotovoltaicas.

No projeto são mais pri-vilegiados os pedestres. Dessa forma, os passeios públicos estariam nivelados e os corre-dores de ônibus seriam rebai-xados para que seu degrau ti-vesse a altura das plataformas. Também teriam guarda-corpos

para segurança das pessoas. Algo que Erick deixa claro

é a diferença entre o novo e o velho, ou seja, o que era ori-ginal seria mantido e o novo totalmente novo como forma de contraste entre os conjuntos arquitetônicos.

6 capa“A ferrovia morreu, essa

que é a verdade”, disparou Roberto Antonio Leonardo, ex-supervisor de manuten-ção das oficinas da Fepasa. Ele é diretor e ex-presidente da União dos Ferroviários Aposentados (UFA).

Leonardo ingressou no SENAI - que funcionava dentro da oficina da Com-panhia Paulista - aos 13 anos de idade. Formou-se e só saiu em 1986, depois de mais de 40 anos de de-dicação.

Ele conhece aquilo como a palma da mão e conta que são barracões metálicos que podem ser transferidos, mas acredita que a mudança é extrema-mente onerosa. Segundo avalia, o montante que se estimava há certo tempo para a transferência não é suficiente nem para mudar o torno.

Ainda de acordo Leo-nardo, em 1999 havia uma proposta de instalar um trem estático na estação, composto de vagão restau-rante, carro pullman e va-gões de 1ª e 2ª classes, com o objetivo de exposição e visitação. “Na época eles estavam lá, mas hoje não se sabe mais onde foram parar”, comenta.

Já o engenheiro Mauro Lourenço do Prato, também do grupo diretor da UFA, considera que “se for pelo lado sentimental não deve ser mudado, pelo lado do progresso, sim”.

No entendimento de Mauro, o importante é man-ter contato com a empresa ALL para saber das necessi-dades. Ele diz que houve um tempo em que se planejava fechar as oficinas de Jundiaí para transferir tudo para Rio Claro. “Tem que ter firmeza de propósito e planejamen-

O fim da linhato”, enfatiza.

Para Mauro, se tiver que fazer o momento é ago-ra, por conta da afinidade da vice-prefeita Olga Salomão (PT) com o Governo Fede-ral. “Brasília abriu as portas, mas a eleição é o ano que vem”.

O diretor Luiz Fernan-do Bicudo é mais cético – acha que nada vai acon-tecer. “Onde entra política nada acontece; em Jagua-riúna deu certo porque um grupo de ferroviários e uma ONG pegaram; na política cada um pensa de um jeito”, analisa. Para Bicudo as coisas são muito confusas e as conversas contraditórias.

UFAA União dos Ferrovi-

ários Aposentados possui 6.348 associados em todo o Estado de São Paulo. Só em Rio Claro a entidade tem cerca de 4.000 associados e considerando as esposas, que são associadas naturais, esse número se eleva para 7.000 pessoas.

No coração de Rio Cla-ro, a UFA conta com amplo prédio administrativo e um moderno e completo ambulatório, onde atendem 18 médicos e três dentistas, além de outros profissionais. No próximo dia 4 de janei-ro a agremiação inaugura também uma farmácia – a “FARMAUFA” – que vai atender também o cidadão não associado.

Atualmente, a UFA é presidida por José Otavio Sanches Varella. A diretoria é composta por oito direto-res – cinco remanescentes das oficinas da Fepasa e três do sistema de tráfego.

Tudo isso mostra a for-ça ferroviária da cidade no contexto nacional.

Gilberto Antonio Leonardo, Norival Santos Volpato, José Otavio Sanches Varella e Mauro Lourenço do Prado

“A ferrovia morreu, essa que é a verdade”

CAPA Quinta-feira, 24 de dezembro de 2009 7

Modelo de vagões-comerciais agrupados criando uma praça de alimentação e lazer

Área interna da estação projetada, com bicicletários e áreas de lazer

EXCLUSIVOO arquiteto rio-clarense

Érick Alexandro Tonin (26) decidiu escolher sua cidade natal para produzir seu Tra-balho Final de Graduação (TFG), quando se formou arquiteto e urbanista pela Universidade Estadual Pau-lista Julio de Mesquita Filho (UNESP), campus de Bauru, em 2007.

Com o projeto intitulado “Requalificação e diretriz – Intervenções para a cidade de Rio Claro”, o jovem apresenta alternativas para o transporte público, com destaque para uma nova proposta de utiliza-ção do complexo ferroviário, incluindo a estação.

O trabalho foi mostrado ao prefeito Nevoeiro Júnior, em 2008, que, segundo diz, lamentou o fato de não ter tido conhecimento anterior-mente.

Para elaboração do do-cumento, Érick fez levanta-mento fotográfico de todas as áreas da ferrovia, incluindo os “vazios urbanos”, que de acordo com o constatado, hoje são ocupadas por mo-radores com hortas e outras formas de utilização. O es-tudo levou em conta também o fluxo de pessoas – de onde saem e para onde se dirigem, a utilização das bicicletas e ônibus e outros atributos que compõem o transporte públi-co do município.

Erick propõe um siste-ma cicloviário detalhado para toda a cidade. O trabalho dedica todo um capí-tulo exclusivo para a ciclovia. S e u p l a n o é baseado numa pesquisadora de Fortaleza, que editou um ca-derno de orien-tações básicas para implanta-ção de ciclovias em qualquer ci-dade brasileira.

U m a d a s alternativas é a implantação de ciclofaixas com horários pré-estabelecidos para as bicicletas, assim como as faixas exclusivas de ônibus nos grandes centros. “A questão de priorizar este ou aquele transporte público é uma opção – é meio que obrigar a pessoa a se ade-quar”, considera.

Arquiteto apresenta proposta diferenciada

A ESTAÇÃO“Mexeram na estação,

mas ela continua sem utili-zação; apenas alteraram a fachada, recuaram o muro e criaram uma pseudoparada de ôni-bus, que a princípio re-solve, mas ao longo do tempo não vai mais su-prir a demanda – você não vai afastar o muro ali da estação”, vaticina Érick. “Rio Claro con-tinua sem opção para uma integração mais completa de transporte público, como centrais de ônibus na periferia, fazendo com que as pessoas fossem menos para o centro”, acres-centa.

Em seu projeto, o terminal vai para den-tro da estação, fazen-

do também interligação dos dois la-dos da cida-de. Haveria p r a ç a s d e uso público c o m b i c i -cletários. A proposta é que o usuá-rio deixasse a bicicleta e utilizasse o comércio ou qualquer out ro f im.

Haveria ainda uma grande praça de alimentação. “O objetivo é trazer as pessoas para dentro da estação”.

Um trilho seria mantido para interligar as oficinas, conservan-do-as como forma de manutenção da história e cultura. Haveria um bloco de passagem para pedestres sobre a ferrovia com três formas de acesso – escada rolante, ele-vador e escada fixa. A ideia é criar acessibilidade para qualquer pessoa – deficiente permanente ou temporário, deficiente visual etc.

“Reciclando a estação ou trazendo a pessoa para dentro ela criaria vida, já que teria mais uso; eu crio mais espaços de eventos, de comércio e serviços; tem muito no centro, porque não dentro da estação também?”, pondera.

O trabalho também prevê a readequação de praças, a manu-

acabar com a segmentação da cidade.

Tonin entende que o projeto proposto ainda é poss íve l , embora tenha havido intervenção na es-tação. “Se houver interesse, qualquer coisa é possível”, conclui.

Terminal de ônibus seria transferido para dentro da estação, com prioridade para o pedestre

Perspectiva interna com detalhe para a nova cobertura do terminal

Os conjuntos teriam ár-vores no entorno como forma de resfriar o ambiente, já que os vagões são em chapa.

Outra sugestão, e que vem de encontro à queixa do prefeito Du Altimari, é abrir novas travessias para

Érick Alexandro To-nin é filho de José Carlos

Tonin e de Maria de Fá-tima Ceccato Tonin. Seu TFG teve como orienta-

dora a Professora Silvana Aparecida Alves.

TRILHOS E VAZIOS URBANOS

O escopo do plano de ação de Tonin é a criação de uma “Avenida Parque”. A l inha ser ia mantida e , paralelo, criada uma via. Os vazios urbanos do entorno seriam utilizados pela Ave-nida Parque. A ideia é implan-tar dispositivos de lazer e en-volvimento co-munitário nos bairros. Com a instalação des-ses dispositivos as pessoas, pro-vavelmente, re-duziriam o flu-xo da periferia para o centro.

C e n t e n a s de vagões es-tão abandona-dos no pá t i o sem utilização. A suges tão é r e c i c l á - l o s e levá- los para esses espaços públicos.

U m a d a s opções para os vagões seria moldá-los para utilizações diversas – uma praça, um palco, uma base policial, um dispositivo de entreteni-mento. Eles seriam mantidos sobre os trilhos e levados

até os bairros, onde per-maneceriam estáticos. Não necessariamente um só, mas compor módulos com dois ou mais blocos. “As possibilidades são infinitas, até questões comerciais e de prestação de serviços”, salienta.

tenção da secretaria de turismo e no fundo um centro de eventos. “A ideia não é utilizar apenas parte, mas a estação como um todo” diz.

Outro detalhe é que ela seria au-tossustentável – a cobertura teria for-mato côncavo para coleta e reuso da água, além de placas fotovoltaicas.

No projeto são mais pri-vilegiados os pedestres. Dessa forma, os passeios públicos estariam nivelados e os corre-dores de ônibus seriam rebai-xados para que seu degrau ti-vesse a altura das plataformas. Também teriam guarda-corpos

para segurança das pessoas. Algo que Erick deixa claro

é a diferença entre o novo e o velho, ou seja, o que era ori-ginal seria mantido e o novo totalmente novo como forma de contraste entre os conjuntos arquitetônicos.

6 capa“A ferrovia morreu, essa

que é a verdade”, disparou Roberto Antonio Leonardo, ex-supervisor de manuten-ção das oficinas da Fepasa. Ele é diretor e ex-presidente da União dos Ferroviários Aposentados (UFA).

Leonardo ingressou no SENAI - que funcionava dentro da oficina da Com-panhia Paulista - aos 13 anos de idade. Formou-se e só saiu em 1986, depois de mais de 40 anos de de-dicação.

Ele conhece aquilo como a palma da mão e conta que são barracões metálicos que podem ser transferidos, mas acredita que a mudança é extrema-mente onerosa. Segundo avalia, o montante que se estimava há certo tempo para a transferência não é suficiente nem para mudar o torno.

Ainda de acordo Leo-nardo, em 1999 havia uma proposta de instalar um trem estático na estação, composto de vagão restau-rante, carro pullman e va-gões de 1ª e 2ª classes, com o objetivo de exposição e visitação. “Na época eles estavam lá, mas hoje não se sabe mais onde foram parar”, comenta.

Já o engenheiro Mauro Lourenço do Prato, também do grupo diretor da UFA, considera que “se for pelo lado sentimental não deve ser mudado, pelo lado do progresso, sim”.

No entendimento de Mauro, o importante é man-ter contato com a empresa ALL para saber das necessi-dades. Ele diz que houve um tempo em que se planejava fechar as oficinas de Jundiaí para transferir tudo para Rio Claro. “Tem que ter firmeza de propósito e planejamen-

O fim da linhato”, enfatiza.

Para Mauro, se tiver que fazer o momento é ago-ra, por conta da afinidade da vice-prefeita Olga Salomão (PT) com o Governo Fede-ral. “Brasília abriu as portas, mas a eleição é o ano que vem”.

O diretor Luiz Fernan-do Bicudo é mais cético – acha que nada vai acon-tecer. “Onde entra política nada acontece; em Jagua-riúna deu certo porque um grupo de ferroviários e uma ONG pegaram; na política cada um pensa de um jeito”, analisa. Para Bicudo as coisas são muito confusas e as conversas contraditórias.

UFAA União dos Ferrovi-

ários Aposentados possui 6.348 associados em todo o Estado de São Paulo. Só em Rio Claro a entidade tem cerca de 4.000 associados e considerando as esposas, que são associadas naturais, esse número se eleva para 7.000 pessoas.

No coração de Rio Cla-ro, a UFA conta com amplo prédio administrativo e um moderno e completo ambulatório, onde atendem 18 médicos e três dentistas, além de outros profissionais. No próximo dia 4 de janei-ro a agremiação inaugura também uma farmácia – a “FARMAUFA” – que vai atender também o cidadão não associado.

Atualmente, a UFA é presidida por José Otavio Sanches Varella. A diretoria é composta por oito direto-res – cinco remanescentes das oficinas da Fepasa e três do sistema de tráfego.

Tudo isso mostra a for-ça ferroviária da cidade no contexto nacional.

Gilberto Antonio Leonardo, Norival Santos Volpato, José Otavio Sanches Varella e Mauro Lourenço do Prado

“A ferrovia morreu, essa que é a verdade”

CAPA Quinta-feira, 24 de dezembro de 2009 7

Modelo de vagões-comerciais agrupados criando uma praça de alimentação e lazer

Área interna da estação projetada, com bicicletários e áreas de lazer

EXCLUSIVOO arquiteto rio-clarense

Érick Alexandro Tonin (26) decidiu escolher sua cidade natal para produzir seu Tra-balho Final de Graduação (TFG), quando se formou arquiteto e urbanista pela Universidade Estadual Pau-lista Julio de Mesquita Filho (UNESP), campus de Bauru, em 2007.

Com o projeto intitulado “Requalificação e diretriz – Intervenções para a cidade de Rio Claro”, o jovem apresenta alternativas para o transporte público, com destaque para uma nova proposta de utiliza-ção do complexo ferroviário, incluindo a estação.

O trabalho foi mostrado ao prefeito Nevoeiro Júnior, em 2008, que, segundo diz, lamentou o fato de não ter tido conhecimento anterior-mente.

Para elaboração do do-cumento, Érick fez levanta-mento fotográfico de todas as áreas da ferrovia, incluindo os “vazios urbanos”, que de acordo com o constatado, hoje são ocupadas por mo-radores com hortas e outras formas de utilização. O es-tudo levou em conta também o fluxo de pessoas – de onde saem e para onde se dirigem, a utilização das bicicletas e ônibus e outros atributos que compõem o transporte públi-co do município.

Erick propõe um siste-ma cicloviário detalhado para toda a cidade. O trabalho dedica todo um capí-tulo exclusivo para a ciclovia. S e u p l a n o é baseado numa pesquisadora de Fortaleza, que editou um ca-derno de orien-tações básicas para implanta-ção de ciclovias em qualquer ci-dade brasileira.

U m a d a s alternativas é a implantação de ciclofaixas com horários pré-estabelecidos para as bicicletas, assim como as faixas exclusivas de ônibus nos grandes centros. “A questão de priorizar este ou aquele transporte público é uma opção – é meio que obrigar a pessoa a se ade-quar”, considera.

Arquiteto apresenta proposta diferenciada

A ESTAÇÃO“Mexeram na estação,

mas ela continua sem utili-zação; apenas alteraram a fachada, recuaram o muro e criaram uma pseudoparada de ôni-bus, que a princípio re-solve, mas ao longo do tempo não vai mais su-prir a demanda – você não vai afastar o muro ali da estação”, vaticina Érick. “Rio Claro con-tinua sem opção para uma integração mais completa de transporte público, como centrais de ônibus na periferia, fazendo com que as pessoas fossem menos para o centro”, acres-centa.

Em seu projeto, o terminal vai para den-tro da estação, fazen-

do também interligação dos dois la-dos da cida-de. Haveria p r a ç a s d e uso público c o m b i c i -cletários. A proposta é que o usuá-rio deixasse a bicicleta e utilizasse o comércio ou qualquer out ro f im.

Haveria ainda uma grande praça de alimentação. “O objetivo é trazer as pessoas para dentro da estação”.

Um trilho seria mantido para interligar as oficinas, conservan-do-as como forma de manutenção da história e cultura. Haveria um bloco de passagem para pedestres sobre a ferrovia com três formas de acesso – escada rolante, ele-vador e escada fixa. A ideia é criar acessibilidade para qualquer pessoa – deficiente permanente ou temporário, deficiente visual etc.

“Reciclando a estação ou trazendo a pessoa para dentro ela criaria vida, já que teria mais uso; eu crio mais espaços de eventos, de comércio e serviços; tem muito no centro, porque não dentro da estação também?”, pondera.

O trabalho também prevê a readequação de praças, a manu-

acabar com a segmentação da cidade.

Tonin entende que o projeto proposto ainda é poss íve l , embora tenha havido intervenção na es-tação. “Se houver interesse, qualquer coisa é possível”, conclui.

Terminal de ônibus seria transferido para dentro da estação, com prioridade para o pedestre

Perspectiva interna com detalhe para a nova cobertura do terminal

Os conjuntos teriam ár-vores no entorno como forma de resfriar o ambiente, já que os vagões são em chapa.

Outra sugestão, e que vem de encontro à queixa do prefeito Du Altimari, é abrir novas travessias para

Érick Alexandro To-nin é filho de José Carlos

Tonin e de Maria de Fá-tima Ceccato Tonin. Seu TFG teve como orienta-

dora a Professora Silvana Aparecida Alves.