jornal o quÊ - participação alexandre caprio

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Amores inesgotáveis - 21 São José do Rio Preto, abril 2015 É possível morrer de amor ? A medicina garante que sim, há quem morra de amor. E isso tem até um nome: Síndrome do Coração Partido. Separação pode desencadear a doença CAROL SOLER E MÁRIO SOLER Meu pai morreu de amor”, garante a publicitária Rosana Marin, 38 anos. Desde a morte de sua mãe, o pai Geraldo nunca mais foi o mesmo. “Ele não comia, não saía de casa, só queria dormir. O pouco que falava era sobre minha mãe e como se conheceram. Contava a mesma his- tória dez, doze vezes por dia para os netos. Tentávamos reanimá- lo, trazê-lo de volta ao nosso mundo, mas não sabíamos que a decisão já havia sido tomada. Meu pai morreu dormin- do, no ninho de amor de- les, numa tarde triste de quarta-feira. Tenho certeza de que ele sonhava com mi- nha mãe”. Afinal, é possível morrer de amor? Especialistas apostam que sim. O trauma emocional causado pela morte de alguém amado, ou até mesmo pela separação em vida, seja de um com- panheiro ou um ente querido, gera a chamada Síndrome de Takotsuba, mais conhecida como a Síndrome do Cora- ção Partido. Segundo o cardiologista e hemodi- namicista da Santa Casa de São José do Rio Preto. Hélio Trida Fernandes, o nome é referência a um balão utiliza- do no Japão como armadilha para pol- vos, chamado de takotsuba, e que se assemelha muito ao aspecto do cora- ção quando sofre desse tipo de estres- se. “Esta síndrome é desencadeada, geralmente, por um estresse emocio- nal muito grande”. Os sintomas da Síndrome do Cora- ção Partido são bem parecidos com o infarto: dor no peito, sensação de des- maio, falta de ar, náuseas e vômitos. “É por meio do cateterismo, exame que é necessário ser realizado na mesma hora, que vemos que não existe nenhu- ma obstrução e, no momento em que filmamos o coração, observamos que ele tem esse formato de balão, de co- ração partido. É mesmo um quadro pa- recidíssimo com infarto. Nesse caso, per- cebe-se que é a sín- drome”, explica Fernandes. Estudos também de- monstraram um aumento na incidência de ataques car- díacos na fase aguda do luto. “Este aumento de risco de ata- que cardíaco pode chegar até 20 vezes nas primeiras 48h, com redu- ção progressiva das chances, normali- zando-se após um mês”, afirma o car- diologista Eduardo Palmegiani. Apesar de rara, a síndrome pode matar nos casos em que o paciente já chega ao hospital com choque cardio- gênico (quando o coração, fraco, não consegue bombear quantidade adequa- da de sangue para as necessidades do corpo). Mas, no geral, depois de um pequeno período, o coração volta ao normal. “De qualquer forma, o paciente pre- cisa ficar pelo menos um dia na UTI para ser monitorizado. O curso da do- ença é benigno e, geralmente, não fica ne- nhuma sequela. Mas é neces- sário atenção es- pecial”, afirma Hélio Fernandes. Depressão é outro Depressão é outro Depressão é outro Depressão é outro Depressão é outro transtorno transtorno transtorno transtorno transtorno Transtornos como a depressão também podem agravar o quadro de casais que sofrem separações ou per- das, se não percebidas e tratadas a tempo. “Quando uma pessoa se habitua a viver ao lado da outra e suas rotinas se entrelaçam, ambas podem tornar- se condicionadas a fazer determinadas coisas juntos. Dessa forma, quando um dos dois falece, o outro pode sentir-se desorientado e desconectado de tudo aquilo que fazia ao lado do cônjuge. Não se trata de uma questão rara. Pes- soas que conviveram muito tempo jun- tas e apoiaram suas rotinas uma na ou- tra podem, literalmente, não conseguir reagir muito bem no luto e entrar em um processo de desistência”, explica o psicólogo cognitivo-comportamental, Alexandre Caprio. O especialista comenta que, quando se fala em desistir de vi- ver, é possível que o indivíduo esteja passando pelo chama- do Transtorno de Depres- são. “Embora seja visto por muitos como uma ilu- são ou até mesmo pregui- ça ou ‘frescura’, a de- pressão torna-se extre- mamente perigosa justa- mente por não ser nota- da. Ela se confunde com o desejo do indivíduo que pensa em não querer mais sair, seguir sua rotina e seus afazeres diários. Pode ser causada por diver- sos fatores, desde genéticos a situacionais, como a perda de um ente querido. É impor- tante salientar que o luto não é de- pressão. Luto é um processo natu- ral e até saudável de introspecção que passa com o tempo. Já a depressão é uma redução da atividade química do cérebro. Não se trata de tristeza, mas, sim, de ausência de reações emocio- nais”, afirma. Os sintomas envolvem alteração no apetite (para mais ou para menos), al- teração no sono (para mais ou para menos), dificuldade de levantar de manhã, intolerância para conversar ou lidar com as pessoas, absenteísmo das rotinas sociais, profissionais ou famili- ares, dificuldade para lidar com pro- blemas simples, diminuição da libido sexual, descuido em relação a tarefas domésticas e higiene pessoal, queda da autoestima e pensamentos suicidas. “Combater uma situação de perda que pode colocar em risco a vida de quem ficou, nos obriga a retomar o conceito de amor. Amor é tema am- plamente discutido, mas o conceito em si quase sempre não passa por uma análise minuciosa. Se tudo o que faze- mos envolve o outro, há uma perda de sentido geral quando o outro se ausen- ta. Mas, a jornada de um casal não é feita de uma única estrada. É feita de estradas paralelas, sintonizadas pela afinidade e pelos interesses comuns. Se um dos dois não consegue continuar,

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Page 1: JORNAL O QUÊ - participação Alexandre Caprio

Amores inesgotáveis - 21São José do Rio Preto, abril 2015

É possível morrer de amor ?A medicina garante que sim, há quem morra de amor. E isso tem até um nome:

Síndrome do Coração Partido. Separação pode desencadear a doença

CAROL SOLER E MÁRIO SOLER

“Meu pai morreu de amor”, garantea publicitária Rosana Marin, 38anos. Desde a morte de suamãe, o pai Geraldo nuncamais foi o mesmo. “Ele nãocomia, não saía de casa,só queria dormir. Opouco que falava erasobre minha mãe ecomo se conheceram.Contava a mesma his-tória dez, doze vezespor dia para os netos.Tentávamos reanimá-lo, trazê-lo de volta aonosso mundo, mas nãosabíamos que a decisãojá havia sido tomada.Meu pai morreu dormin-do, no ninho de amor de-les, numa tarde triste dequarta-feira. Tenho certezade que ele sonhava com mi-nha mãe”.

Afinal, é possível morrer deamor?

Especialistas apostam que sim. Otrauma emocional causado pela mortede alguém amado, ou até mesmo pelaseparação em vida, seja de um com-panheiro ou um ente querido, gera achamada Síndrome de Takotsuba, maisconhecida como a Síndrome do Cora-ção Partido.

Segundo o cardiologista e hemodi-namicista da Santa Casa de São Josédo Rio Preto. Hélio Trida Fernandes,o nome é referência a um balão utiliza-do no Japão como armadilha para pol-vos, chamado de takotsuba, e que seassemelha muito ao aspecto do cora-ção quando sofre desse tipo de estres-se. “Esta síndrome é desencadeada,geralmente, por um estresse emocio-nal muito grande”.

Os sintomas da Síndrome do Cora-ção Partido são bem parecidos com oinfarto: dor no peito, sensação de des-maio, falta de ar, náuseas e vômitos.“É por meio do cateterismo, exame queé necessário ser realizado na mesmahora, que vemos que não existe nenhu-ma obstrução e, no momento em quefilmamos o coração, observamos queele tem esse formato de balão, de co-ração partido. É mesmo um quadro pa-recidíssimo com infarto. Nesse caso,

p e r -c e b e - s eque é a sín-drome”, explicaFernandes.

Estudos também de-monstraram um aumentona incidência de ataques car-díacos na fase aguda do luto.“Este aumento de risco de ata-que cardíaco pode chegar até 20vezes nas primeiras 48h, com redu-ção progressiva das chances, normali-zando-se após um mês”, afirma o car-diologista Eduardo Palmegiani.

Apesar de rara, a síndrome podematar nos casos em que o paciente jáchega ao hospital com choque cardio-gênico (quando o coração, fraco, nãoconsegue bombear quantidade adequa-da de sangue para as necessidades docorpo). Mas, no geral, depois de umpequeno período, o coração volta aonormal.

“De qualquer forma, o paciente pre-cisa ficar pelo menos um dia na UTIpara ser monitorizado. O curso da do-ença é benigno e, geralmente, não fica

n e -n h u m a

s e q u e l a .Mas é neces-

sário atenção es-pecial”, afirma Hélio

Fernandes.

Depressão é outroDepressão é outroDepressão é outroDepressão é outroDepressão é outrotranstornotranstornotranstornotranstornotranstornoTranstornos como a depressão

também podem agravar o quadro decasais que sofrem separações ou per-das, se não percebidas e tratadas atempo.

“Quando uma pessoa se habitua aviver ao lado da outra e suas rotinasse entrelaçam, ambas podem tornar-se condicionadas a fazer determinadascoisas juntos. Dessa forma, quando umdos dois falece, o outro pode sentir-sedesorientado e desconectado de tudoaquilo que fazia ao lado do cônjuge.Não se trata de uma questão rara. Pes-soas que conviveram muito tempo jun-tas e apoiaram suas rotinas uma na ou-tra podem, literalmente, não conseguirreagir muito bem no luto e entrar emum processo de desistência”, explica o

psicólogo cognitivo-comportamental,Alexandre Caprio.

O especialista comenta que,quando se fala em desistir de vi-

ver, é possível que o indivíduoesteja passando pelo chama-

do Transtorno de Depres-são. “Embora seja vistopor muitos como uma ilu-são ou até mesmo pregui-ça ou ‘frescura’, a de-pressão torna-se extre-mamente perigosa justa-mente por não ser nota-da. Ela se confunde como desejo do indivíduo quepensa em não querer maissair, seguir sua rotina e

seus afazeres diários.Pode ser causada por diver-

sos fatores, desde genéticosa situacionais, como a perda

de um ente querido. É impor-tante salientar que o luto não é de-

pressão. Luto é um processo natu-ral e até saudável de introspecção que

passa com o tempo. Já a depressão éuma redução da atividade química docérebro. Não se trata de tristeza, mas,sim, de ausência de reações emocio-nais”, afirma.

Os sintomas envolvem alteração noapetite (para mais ou para menos), al-teração no sono (para mais ou paramenos), dificuldade de levantar demanhã, intolerância para conversar oulidar com as pessoas, absenteísmo dasrotinas sociais, profissionais ou famili-ares, dificuldade para lidar com pro-blemas simples, diminuição da libidosexual, descuido em relação a tarefasdomésticas e higiene pessoal, queda daautoestima e pensamentos suicidas.

“Combater uma situação de perdaque pode colocar em risco a vida dequem ficou, nos obriga a retomar oconceito de amor. Amor é tema am-plamente discutido, mas o conceito emsi quase sempre não passa por umaanálise minuciosa. Se tudo o que faze-mos envolve o outro, há uma perda desentido geral quando o outro se ausen-ta. Mas, a jornada de um casal não éfeita de uma única estrada. É feita deestradas paralelas, sintonizadas pelaafinidade e pelos interesses comuns. Seum dos dois não consegue continuar,

Page 2: JORNAL O QUÊ - participação Alexandre Caprio

22- Amores inesgotáveis São José do Rio Preto, abril 2015

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Amor que desafia o tempoCasais que vivem juntos há décadas provam que é possível manterviva a chama do amor. Oquê Oquê Oquê Oquê Oquê registra depoimentos deliciosos de

quem ama e faz questão que todo mundo saiba.

por mais que isso seja doloroso, o ou-tro ainda terá elementos em sua vidaque o puxem para frente e o façamcontinuar”, comenta Caprio.

Nestes casos, quando a ajuda pro-fissional se torna necessária? A psicó-loga Cristiane F. Alves Lorga, especi-alista em Intervenção Familiar, Psico-terapia e Orientação Sistêmica, do Ins-tituto Terapia Sistêmica (ITS), de SãoJosé do Rio Preto, explica que, geral-mente, as pessoas conseguem passarpor essa dor sem ajuda profissional.

“Entretanto, quando um quadro dedepressão se instala e se prolonga,principalmente se já existiam apareci-mentos anteriores ou transtornos afe-tivos ou de humor, recomenda-se abusca de um profissional. O psicólogovai acolhê-lo, sem julgamentos ou co-branças, para que, juntos, a pessoa sereaproprie de sua história, no seu tem-po, recuperando sua energia e sua au-toestima”.

Segundo Lorga, ao perder um entequerido, ou algo muito importante, serápreciso preencher o vazio decorrentedessa perda. “O sofrimento fica supor-tável ao sabermos que ele terá um fime insuportável quando fingimos que nãoexiste. Dá uma sensação de vazio, umador horrível que parece que não vaimais acabar. Infelizmente, ninguémestá isento desse sofrimento”.

Casar na modernidadeCasar na modernidadeCasar na modernidadeCasar na modernidadeCasar na modernidadeDiferentemente dos tempos antigos,

hoje os casamentos estão acabandocada vez mais cedo. A psicóloga Da-niela Brandi comenta que, neste con-texto, vários aspectos mudaram. A nãoobrigatoriedade de permanecer casa-dos por questões religiosas e sociais éuma delas.

“Outra, sem dúvida, é a independên-cia financeira de ambas as partes, quetambém liberou as pessoas. Mas, tal-vez, o que mais tenha mudado é queas pessoas ‘desaprenderam’ a ser ca-sal; são casadas, mas não formam ‘par’,não comungam opiniões, não trocamafetos, não são mais cúmplices”.

Alexandre Caprio concorda, e ex-plica que as pessoas não estão saben-do – ou tendo paciência – de se co-nhecerem de fato. Sentem atração umpelo outro, mas não pensam de formaparecida e seus comportamentos nãose afinam.

“Trata-se de estradas que seguemtrajetórias muito diferentes, com pou-cas intersecções. Quando isso acon-tece, o relacionamento dura pouco ouuma das pessoas se anula para seguirna estrada da outra. E, se abandonar-mos nossos sonhos, nossos amigos,nossos talentos e nossas expectativaspara vivermos a trajetória alheia, abri-remos mão de nós mesmos e acabare-mos como uma mera sombra que, semo outro, encontrará seu próprio fimantes mesmo de ter vivido essa incrí-vel experiência chamada vida”.

Dr. Paulo Nímer, com a mulher, dona Urânia: sempre de mãos dados pelas ruas

Álbum de família

Ela é meu poemaEla é meu poemaEla é meu poemaEla é meu poemaEla é meu poema“Quando nos conhecemos, Urâ-

nia tinha 12 anos e estudava no co-légio Santo André. Eu, com 17,morava na mesma pensão que ela.Nos conhecemos num cruzar deolhares; a vi pela primeira vez na salade jantar. Ela, percebendo que eutinha dificuldade em ligar a torneirado banheiro, se dispôs a me ajudar.Foi nesse simples momento, nessasimples troca de olhares, que sentique ela veio se instalar na retina demeus olhos. Eu sabia que Urâniaseria a mulher dos meus sonhos, mi-nha companheira e amiga por todaa eternidade. Hoje, fizemos nossavida juntos e temos quatro filhos:Paula Márcia, advogada; Paulo Ní-mer Filho, juiz de direito em SãoPaulo; Carlos Simão, advogado; eIsabela Maria, advogada; além desete netos: Paulo José, Beatriz, Car-los Simão, Marina, Lucas, Luiza eMarcos. Uma coisa que chama aatenção das pessoas nas ruas é quenós andamos sempre de mãos da-das, e de mãos dadas vamos conti-nuar caminhando por toda a eterni-

dade. Acredito que, para ser feliz nocasamento, primeiro, é preciso amarmuito, depois, compreender e toleraras mazelas de um e do outro. Urânia émeu grande amor e nossa vida é umnamoro eterno. Ela é meu poema”.

(Paulo Nímer, advogado, 84 anos,casado com Urânia Nímer, professoraaposentada, 79 anos)

Cinco mil cartas de amorCinco mil cartas de amorCinco mil cartas de amorCinco mil cartas de amorCinco mil cartas de amor“Foram 58 anos de casados e mais

oito anos de namoro. Depois de doisanos juntos, Paulo foi morar no Rio deJaneiro. Quando chegou ao terceiro anode faculdade, já trabalhava em um es-critório de advocacia considerado umdos maiores do Rio de Janeiro. Foi en-tão que voltou nas férias para me bus-car para que fôssemos morar lá. Comosou filha única, e meu pai era viúvo,disse que não poderia deixá-lo sozinho.Por minha causa, Paulo ficou em RioPreto. Casamos em José Bonifácio –meu pai era cartorário lá – e, em segui-da, nos mudamos para cá. Um momen-to muito marcante para mim foi que,quando namorávamos, combinamos de

escrever cartas um para o outrotodos os dias. Naquela época, acomunicação era difícil, não tínha-mos telefone e tudo era feito pormeio de uma central telefônica.Foram mais de cinco mil cartas es-critas ao longo dos anos, e as delesempre em forma de poesia. Erauma alegria quando as cartas che-gavam, todos os dias. Na repúbli-ca, os amigos de Paulo esperavampor elas ansiosamente junto comele. Nessas cartas, estava escritoa história do nosso amor, esse amorque vive dentro de nós. Os tem-pos também eram outros, fomospegar na mão depois de quatroanos de namoro! Crescemos jun-tos e eu sei exatamente o que eleestá pensando. Um entende o ou-tro, sem precisar de palavras. Temmuitos homens que não têm tem-po de olhar para sua mulher. OPaulo não, ele cuida de mim. Atéhoje, todos os dias ao acordarmos,ele diz que estou linda!”.(Urânia Nímer, professora aposen-tada, 79 anos, casada com Paulo

Nímer, advogado, 84 anos)

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Amores inesgotáveis - 23São José do Rio Preto, abril 2015

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Casamento na VilaCasamento na VilaCasamento na VilaCasamento na VilaCasamento na Vila“Era uma vez em Ida Iolanda, in-

terior de São Paulo, um rapaz tímidoe franzino que resolveu se aventurarna grande capital para ‘fazer’ a vida.Em uma de suas viagens para revera família, conheceu uma colega de suairmã, filha caçula de pais muito rígi-dos, e uma luz se acendeu. Dois me-ses depois, o rapaz voltou para a pe-quena vila na esperança de rever aque-la menina que tanto havia mexido comele. Na ocasião, as fofocas sobre umamor à primeira vista já haviam espa-lhado e o pai dela queria tirar satisfa-ções com o suposto namorado. Foi noterceiro encontro que, finalmente, meu

pai pediu em namoro minha mãe. Naocasião, meu avô estava muito doentee já quis combinar logo o casamento.Meu pai, então, voltou para São Paulopara ajeitar as coisas e só conseguiuvoltar no dia do casamento. Ele esta-va assustado e até preparado para adesistência da noiva, já que ficarammuito tempo sem se falar e sem se ver– naquela época não existiam essasfacilidades de comunicação que temoshoje. Para alegria de meu pai, minhamãe o esperava ansiosa e pronta paraassumir o compromisso de suas vidas.Eles fizeram a vida com muita dificul-dade financeira, falta de instrução, de-semprego, mas superaram todos os de-safios. Hoje, já estão juntos há 50 anos

e são totalmente inse-paráveis. É impressio-nante ver como umvive intensamentepara o outro. São ple-namente felizes e ser-vem como espelho eexemplo para toda anossa família”.

(Ivana Dutra é filha deNair Amaral Soler, dona decasa, 66 anos, e de GeraldoAlonso Soler, Técnico emdesenho mecânico e eletrô-nica aposentado, 72 anos)

Diferentes,Diferentes,Diferentes,Diferentes,Diferentes,masmasmasmasmasinseparáveisinseparáveisinseparáveisinseparáveisinseparáveis

“Conheço o Orvi-le há 45 anos. Ele ti-nha ficado viúvo ecom três filhos adoles-centes. Na época, as-sumiu a gerência doBanco do Brasil ondeeu já residia, em Mon-te Aprazível. Eu o co-nheci porque ele que-ria alugar a casa ondeeu morava e me cha-mou no banco acertar os detalhes.Desde que o vi pela primeira vez achei-o muito diferente de mim. Era tímidodemais para o meu gosto, mas muitoeducado. Logo depois, acabei alugan-do a casa para ele e me mudei com meufilho e minha mãe para Rio Preto. Nes-sa altura, já estávamos namorando eesse namoro durou um ano. O casa-mento aconteceu em São Paulo e es-tamos juntos há 44 anos. Tivemos umfilho, o Rodrigo, que se juntouao Alessandro, filho do meu primeirocasamento, e os três filhos do Orvile,João Alberto, Paulo Sérgio e Beatriz.Tenho 4 netos e ele tem 9 netos e 5

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Geraldo e Nair: exemplos para toda a família

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Orvile e Cida: “já não me vejo sem ele”

bisnetos. O momento mais mar-cante dessa história foi o nascimentodo nosso filho Rodrigo que, no anopassado, completou 40 anos e quedesde que nasceu só nos trouxe alegri-as. Depois 44 anos juntos, passamospor momentos difíceis, mas superamostudo e a nossa união vai muito bem.Eu já não vejo mais minha vida sem ele,e creio que nem ele sem eu, mesmosendo bem diferentes em todos os sen-tidos”.

(Cida Caran, jornalista, 67 anos, casada comOrvile Tucunduva Westin, gerente aposentado

do Banco do Brasil, 89 anos)