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JORNAL-LABORATÓRIO DO QUARTO ANO DE JORNALISMO DA FACULDADE DE ARTES E COMUNICAÇÃO DA UNISANTA ANO XIX - N° 145 - FEVEREIRO /2014 - DISTRIBUIÇÃO GRATUITA - SANTOS (SP) Mobilidade urbana é o grande desafio Fotos: Mayara Sampaio VLT será a solução?

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JORNAL-LABORATÓRIO DO QUARTO ANO DE JORNALISMO DA FACULDADE DE ARTES E COMUNICAÇÃO DA UNISANTA

ANO XIX - N° 145 - FEVEREIRO /2014 - DISTRIBUIÇÃO GRATUITA - SANTOS (SP)

Mobilidade urbanaé o grande desafio

Fotos: Mayara Sampaio

VLT será a solução?

Mayara SaMpaio

O presidente da Companhia de Engenharia de Tráfego de Santos (CET), Antônio Carlos Silva Gonçalves, disse que é necessário investir em melhorias no transporte público municipal e que, para atender à demanda existente e comportar ainda mais usuários, é necessário uma remodelação total das linhas de ônibus municipais, já iniciada no ano passado. “Acredito que nosso transporte público, entre 0 e 10, garante um 4 de nota. Ou seja, temos muito trabalho pela frente. Quem utiliza veículo particular para se locomover só irá recorrer ao transporte coletivo público se ele oferecer conforto, segurança e pontualidade. Por isso, a instalação de equipamentos de ar condicionado e rebaixamento do piso, que visa a diminuir ruídos e aumentar a comodidade dos usuários, são prioridades de adequação da nossa frota de 300 veículos”, afirmou, em entrevista aos alunos do quarto ano do curso de Jornalismo da Universidade Santa Cecília (UNISANTA)

Segundo Gonçalves, uma das soluções para o problema da falta de mobilidade urbana dos santistas são ações metropolitanas, que vão funcionar em conjunto com cidades vizinhas, como São Vicente e Guarujá. “Projetos como o túnel Marapé-Zona Noroeste, que vai diminuir o trânsito nos morros, o túnel Santos-Guarujá, que aliviará a demanda nas balsas e estradas, além do projeto de teleférico ligando a Zona Noroeste e a área central, pretendem aumentar as vias de acesso e otimizar o tempo dos motoristas”, explicou.

De acordo com Gonçalves, o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), que deve fazer sua primeira viagem de testes ao final de junho, também vai contribuir como nova opção de mobilidade urbana. "A integração entre os modais – VLT, teleférico e as linhas de ônibus municipal e intermunicipal –, por meio do Bilhete Único, vai aumentar a gama de extensão territorial que os usuários poderão percorrer com a comodidade da troca de translado facilitado", garantiu.

Outra novidade divulgada por Gonçalves é a de um projeto em fase de testes da Viação Piracicabana, que pretende facilitar a vida dos usuários dos coletivos municipais. “Pretendemos lançar um aplicativo de celular que indicará quanto tempo o ônibus levará para chegar ao ponto mais próximo. A intenção é trazer comodidade e diminuir a espera nos pontos”, afirmou.

Para Gonçalves, o rodízio de carros, sugestão que tem ganhado força por conta de seu implemento na capital paulista, foi descartado. “Existem alternativas que devem ser executadas

antes. A diminuição de vagas em vias públicas de grande fluxo, por exemplo, é um plano mais viável e que já vem sendo colocado em prática. Além disso, é preciso produzir mais pesquisas de origem/destino da população para detectarmos os polos geradores de trânsito e viabilizar soluções pontuais”, ressaltou.

O presidente da CET disse ainda que as coordenadas em relação ao trânsito na Cidade

durante a Copa do Mundo já estão em andamento. "Vamos iniciar melhorias nas sinalizações e nas identificações das vias de Santos, contribuindo para a estadia e locomoção dos visitantes que receberemos durante o evento esportivo. Além disso, mais agentes de tráfego farão a fiscalização, orientação dos motoristas e vão dar assistência a eventuais contratempos por conta do volume de pessoas na Cidade", concluiu.

Antonio Gonçalves diz que a integração dos moradores melhorará o transporte na cidade.

De um sonho de criança à tevê

Lia Heck

Q u a n d o criança, Beatriz Lopez dizia que seria professora. Ela percebeu que gostava de escrever e contar histórias e, influenciada pelo pai, que sonhou com uma filha jornalista, decidiu aos oito anos de idade qual seria realmente sua profissão.

Ingressou na faculdade aos 17 anos e logo no primeiro ano do curso começou a estagiar em uma editora. Ela conta que esse foi um período difícil, pois não lidou com o jornalismo efetivamente.

Quando estava indo para o segundo ano foi chamada para estagiar na CET. “Lá eu não apenas aprendi sobre assessoria, mas entendi o trabalho de um jornalista, pois eu tinha contato com quem trabalha em jornal, rádio e em tv, que foi onde trabalhei logo em seguida. Foi uma fase muito boa, gostei muito do trabalho em assessoria”.

Mas, o maior desafio viria em seguida quando estagiou na TV Tribuna. “Fui para a TV sem pretensão alguma em aparecer. Eu tinha um pouco de vergonha e por isso achava que o impresso era melhor pra mim”. Nessa fase ela percebeu como é o mercado de trabalho na região, as dificuldades de um jornalista e que é importante se aperfeiçoar e se relacionar bem.

Ao mesmo tempo, estagiou em outro veículo de TV, o programa “Espaço Unisanta”, que é produzido por alunos da FaAC, transmitido pela Santa Cecília TV. Beatriz conta que foi um período intenso, pois trabalhou em um veículo pela manhã e outro à tarde. Mas tudo isso agregou muito conhecimento. “Eu me apaixonei pela TV, pelo processo de produção de uma matéria. Entendi também que é um trabalho em conjunto”.

A jornalista, que hoje é repórter da Santa Cecília TV, conta que a paixão pela televisão não permite que ela pense em trabalhar em outra mídia. “Eu não me vejo mais trabalhando em mídia impressa. Eu sei fazer TV”.

2 Edição e diagramação: Carolina KobayashiPRIMEIRA IMPRESSÃO Fevereiro de 2014

Análise do professor

PRATA DA CASA

EXPEDIENTE - Jornal-Laboratório do Curso de Jornalismo da Faculdade de Artes e Comunicação da UNISANTA - Diretor da FaAC: Prof. Humberto Iafullo Challoub - Coordenador de Jornalismo: Prof. Dr. Robson Bastos – Responsáveis Prof. Dr. Adelto Gonçalves, Prof. Dr. Fernando De Maria e Prof. Francisco La Scala Júnior. Design Gráfico e diagramação: Prof. Fernando Cláudio Peel - Fotografia: Prof. Luiz Nascimento – Redação, fotos, edição e diagramação: alunos do 4º ano de jornalismo – Editor de foto: Renan Fiuza Primeira página: Rafael Correia - Coordenador de Publicidade e Propaganda: Prof. Alex Fernandes - As matérias e artigos contidos nesse jornal são de responsabilidade de seus autores. Não representam, portanto, a opinião da instituição mantenedora – UNISANTA – UNIVERSIDADE SANTA CECÍLIA – Rua Oswaldo Cruz, nº 266, Boqueirão, Santos (SP). Telefone: (13) 32027100, Ramal 191 – CEP 11045-101 – E-mail: [email protected]

EDiToRiAl

Desafio regionalEsta edição do Primeira Impressão

aborda um tema recorrente no cotidiano das pessoas: a mobilidade urbana, hoje o principal desafio posto às administrações públicas da Baixada De pedestres a condutores de veículos, todos enfrentam diariamente problemas nos sistemas viários das grandes cidades. A região possui nove cidades interligadas entre si, englobando a utilização (pelos cidadãos) de transporte público por terra, e por mar.

As reportagens mostram muitos problemas e algumas possíveis soluções. O Veículo Leve sobre Trilhos é uma delas e pretende aliviar o trânsito entre São Vicente e Santos, favorecendo o transporte público. O túnel que ligará Guarujá a Santos também é destaque, assim como os teleféricos que serão instalados nos morros santistas e o programa Bike Santos, de incentivo ao uso de bicicletas como modal de tramnsporte.

“Nosso transporte público merece 4”, diz presidente da CETProjetos como VLT e túnel Santos-Guarujá são prioridades para a melhoria da mobilidade urbana

Gonçalves observa que, com infraestrutura desafios de mobilidade serão superadosNicole Siqueira

O presidente da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), de Santos, Antônio Carlos Silva Gonçalves, disse que a mobilidade urbana é um dos cinco assuntos mais comentados e importantes para o Brasil. “No século passado, o País incentivou o uso de veículo individual e agora o desafio desse século é investir em infraestrutura. Assim, a mobilidade urbana será possível”, afirmou, em entrevista aos alunos do quarto ano do curso de Jornalismo da Universidade Santa Cecília (UNISANTA). O presidente ainda comentou sobre obras que irão melhorar o trânsito de Santos, como o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) e túneis.

Segundo Gonçalves, para melhorar o acesso em Santos, é preciso investir nos transportes públicos, como ônibus e bicicletas do Bike Santos. “Para atrair as pessoas para os coletivos é preciso ter três coisas: segurança, conforto e pontualidade, a qual é o maior desafio. Na frota de 300 ônibus, 30

já têm ar condicionado e futuramente trocaremos todos os veículos. Se todos os ônibus fossem trocados de uma vez, teríamos que aumentar o valor da passagem”, explicou.

Para o presidente da CET,o VLT irá desafogar o tráfego de São Vicente a Santos. "Cada composição do VLT transporta em torno de 600 pessoas. Com isso, não terá mais ônibus de São Vicente para a Avenida Francisco Glicério, agilizando o deslocamento”, acrescentou. Gonçalves também explicou que os passageiros pagarão por uma só passagem que incluirá o VLT, o teleférico e os ônibus municipais e intermunicipais.

De acordo com ele, Santos terá duas obras que ajudarão a diminuir o trânsito nos morros e nas ligação de Santos/Guarujá. "Teremos um teleférico, feito com gôndolas que levará seis passageiros e ligará a Zona Noroeste à região central. Teremos o túnel do Marapé até a Vila São Jorge e o túnel Santos/Guarujá que aliviará o trânsito das balsas e estradas", garantiu.

O presidente da CET disse ainda que não será, tão cedo, implantado o rodízio de carros na Cidade. "Antes de aceitarmos essa ideia, há outras alternativas, como o fim de estacionamentos em ruas e avenidas movimentadas e nos canais. Além de fazer uma revisão de circulação das vias", concluiu.

Sobre a fila de caminhões no Porto de Santos, Gonçalves culpou a falta de agendamento dos terminais e a logística ruim nas imediações. “O Brasil deveria investir em ferrovias para diminuir o fluxo de caminhões. Todos os dias chegam 14mil caminhões ao Porto”.

Em relação a acessibilidade, Silva afirmou que as calçadas estão sendo reformadas para facilitar a vida de todos os deficientes e que já existem lugares em Santos que têm a infraestrutura adequada para os deficientes. “Existe o programa Calçada para Todos que prevê a troca dos pisos azulejados por cimento. Com isso, é possível colocar ferramentas que permitam a acessibilidade de todas as pessoas”,finalizou.

Camilla Laranjeira

Arquivo pessoal

Mobilidade urbana é hoje um dos temas que mais provocam debates, pois todos têm sugestões para melhorar o sempre complicado trânsito das cidades. E raramente os resultados agradam a todos. Por isso, visões distintas com base no mesmo entrevistado fazem parte dos textos escolhidos. (Fernando De Maria).

Camilla Laranjeira

VLT: a aposta para o problema do trânsitoTransporte coletivo que promete rapidez e modernidade, Veículo Leve sobre Trilhos está envolto por discussões, apoio e expectativa

3Edição e diagramação: Camilla LaranjeiraPRIMEIRA IMPRESSÃO Fevereiro de 2014

Mayara SaMpaio

Não é de hoje que a discussão sobre mobilidade urbana domina debates calorosos em filas, corredores e pontos de ônibus, ainda mais depois de se tornar pauta frequente para milhares de vozes que paralisaram as ruas do País nos protestos que eclodiram em junho do ano passado (quem não se lembra da frase “Não é pelos 20 centavos?”). Na busca por soluções para ‘desatar o nó’ do transporte no Brasil, o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) vem sendo apontado como uma alternativa mais sustentável e eficiente que outros meios de transporte coletivo, como os ônibus e o metrô.

De acordo com dados divulgados pela Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos de São Paulo (EMTU) em audiência pública do modal na região, o consumo de energia do VLT é 2,6 vezes menor que o dos ônibus. Já em relação aos carros, o número é de 5,4 vezes menor.

Comum em países como França, Holanda e Alemanha, municípios brasileiros como Brasília, Goiânia, Cuiabá, Maceió e da Baixada Santista estão com obras em andamento para implantar o sistema, inédito no País. A escolha do VLT como modo de transporte na região se deu por diversas razões. “A primeira delas foi para aproveitar a faixa ferroviária que corta a Ilha de São Vicente, que anteriormente era pertencente a Rede Ferroviária Federal e foi transferida para a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), em meados da década de 1990”, explica o engenheiro civil Aureo Pasqualeto Figueiredo, mestre na área de Transportes (Infraestrutura-Ferrovias). Outro motivo citado pelo especialista são as condições topográficas favoráveis da região, próprias para a adoção do VLT como tecnologia de transporte.

Há quem olhe a estrutura-modelo de um VLT e logo se remete à imagem dos tradicionais bondes que percorrem as ruas da Cidade para fins turísticos. Mas o novo veículo vai além de ser um transporte de formato moderno e apresenta mais vantagens nos quesitos segurança e sustentabilidade. “É um pequeno trem urbano movido à eletricidade com um tamanho que permite a sua estrutura de trilhos no meio urbano existente. Produz menos poluição e barulho, é mais fácil de ser evacuado e consegue trafegar com rapidez”, comenta Pasqualeto.

IntegraçãoParte de uma estrutura maior, a

rede troncal do VLT será integrada com o sistema de linhas sobre pneus (ônibus). O projeto Sistema Integrado Metropolitano (SIM), sob a coordenação da EMTU, prevê uma rede de transporte de média capacidade que deve atender a uma demanda de 226 mil viagens por dia, levando em conta a conclusão de todos os trechos previstos pela empresa na Baixada Santista.

De acordo com a secretária adjunta de gabinete da Prefeitura de Santos e ex-diretora-técnica da Agência Metropolitana da Baixada Santista (Agem), a arquiteta Débora Blanco Dias, um dos principais objetivos do projeto é repensar a mobilidade pela Cidade e também em municípios vizinhos. “Além de um estímulo ao turismo, ampliando as possibilidades que os visitantes terão para conhecer

melhor nossa região, o SIM pretende beneficiar principalmente a fatia majoritária das viagens diárias, que correspondem ao quesito trabalho. Isto é, segundo dados da Pesquisa Domiciliar de Origem e Destino na Baixada Santista de 2012, 49% dos passageiros utilizam o transporte público para trabalhar”, comenta.

Em sua configuração completa, a rede deverá atender aos municípios de Santos (com destino ao bairro do Valongo, passando pelo Centro e pela Ponta da Praia, com acesso ao sistema de balsas que conecta atualmente Santos e Guarujá), São Vicente (ligando as porções continental e insular na Estação Barreiros), Praia Grande (integrado ao terminal de transporte rodoviário do município) e o distrito de Vicente de Carvalho, no Guarujá.

Segundo a EMTU, a primeira viagem de testes do trecho inicial do VLT – compreendido da estação Barreiros, em São Vicente, até a intersecção entre as avenidas Francisco Glicério e Conselheiro Nébias, em Santos - está prevista para julho deste ano. Num segundo momento, o projeto prevê a continuidade da linha até a área central na região do Valongo. Após permitir a integração com ônibus municipais e intermunicipais no

local, o VLT seguirá pela Rua Amador Bueno até retornar pela Avenida Conselheiro Nébias.

“O VLT é mais do que um investimento para um transporte coletivo mais eficiente e de qualidade para a população. Ele é um indutor de melhoria urbana, pois pode incentivar a geração de atividades em seu entorno, de oportunidades de emprego e ainda de recuperar paisagens nas quais a população tem acesso limitado e que possuem potencial econômico e social inexplorado”, complementa Débora.

TranstornosMas a implantação do VLT na

Baixada Santista tem também seus percalços, com a discordância em relação ao traçado do VLT no trecho entre o Canal 1 e a Conselheiro Nébias. Promotores de Justiça do Meio Ambiente e Urbanismo de Santos e do Grupo de Atenção Especial de Defesa do Meio Ambiente (Gaema) – Núcleo Baixada Santista chegaram a ingressar com uma ação cautelar, com pedido de liminar, para paralisar as obras do VLT. De acordo com a intervenção, o projeto original previa que o veículo trafegasse pela antiga linha férrea, e não pelo canteiro central. Porém, por determinação do Tribunal de Justiça, as obras foram

retomadas e o prejuízo da paralisação ainda não foi estipulado.

De acordo com a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) e a própria EMTU, não houve alteração de traçado do VLT desde a licença prévia de 2009 e a licença ambiental de maio do ano passado. “Estamos insistindo nesta tecla desde sempre, pois com o VLT passando pelo canteiro central poderemos diminuir um dos intervalos semafóricos. Isso ajudará a fluidez do trânsito, porque não criará mais um obstáculo em horários de pico, por exemplo, em grandes cruzamentos como o da Avenida Ana Costa e a Avenida Francisco Glicério”, afirma o presidente da Companhia de Engenharia de Tráfego de Santos (CET), Antônio Carlos Silva Gonçalves.

Ele ressalta ainda que o traçado pelo canteiro central vai ampliar a largura das pistas (de 7 para 9 metros), das calçadas (3,37m para 3,50m) e da ciclovia (de 2m para 2,50m).

‘Mal que vem para bem’Porém, conforme o traçado

estipulado, algumas construções presentes na área pela qual o VLT passará serão remanejadas, tais como a 5ª Companhia de Policiamento do

6º BPM/I e a sede da Sociedade de Melhoramentos do Campo Grande. “Eu sou um daqueles que ainda não foram convencidos de que este traçado no canteiro central é mesmo necessário. Mas, já providenciamos outro local para a sede, que funcionava na Avenida Francisco Glicério há mais de 32 anos,” diz o comerciante e associado, Fernando Marques.

As obras do VLT também estão tirando o sono de comerciantes ao longo do futuro trajeto do modal. Em São Vicente, a Rua Benjamin Constant foi uma das atingidas pelos desvios de trânsito. “Percebemos que o número de clientes diminui por conta do difícil acesso e tráfego pelas redondezas. Sabemos que é um mal que vem para o bem; então esperamos que as obras terminem logo”, desabafa o gerente de estabelecimento automotivo Eduardo Brito.

Para o motorista Ronaldo José Amâncio, que reside no bairro do Jardim Rio Branco, em São Vicente, o VLT deve afetar a região de diversas maneiras. “Acredito que o VLT vai mudar a minha vida e da minha família diretamente por ser um meio de transporte que promete ser rápido, além de oferecer mais conforto aos passageiros. Já indiretamente, deve revitalizar algumas aéreas da região e aumentar as oportunidades de emprego. Atualmente, sofremos muito com a superlotação dos ônibus e com o longo tempo gasto em deslocamento para trabalho e momentos de lazer, além do preço da passagem dos coletivos, que me parece abusivo”, enfatiza.

Já a vendedora Isilda Aparecida Ribeiro espera que o novo meio de transporte traga mais segurança aos usuários. “Pelo traçado oficial, terei uma estação próxima a minha casa. Onde moro, no Parque São Vicente, só há uma linha de ônibus intermunicipal. Portanto, vai ser muito mais fácil e menos perigoso para que a minha filha e meu marido possam sair para trabalhar em Santos”, finaliza.

A primeira viagem de testes do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) entre o trecho de Santos e São Vicente está prevista para julho deste ano

Mayara Sampaio

Estação modelo do VLT está em exposição na Praia do Itararé em São Vicente para os futuros usuários

Mayara Sampaio

Polêmica marca túnel sob o estuário

JéSSica SaNtoS

Uma intensa polêmica e a luta de moradores de um bairro tradicional de Santos marcam o lançamento de um antigo projeto de ligação entre Santos e Guarujá, há décadas reivindicado pelas populações dos dois municípios. O propalado túnel, projetado pelo Governo do Estado de São Paulo, vem com a promessa de conforto e agilidade.

O túnel ainda não começou a ser construído, mas é motivo de apreensão entre os moradores do Macuco, cujas casas estão no traçado da obra. O trajeto inicial divulgado pela Dersa, previa desapropriação de casas em de Vicente de Carvalho e nos bairros Estuário e Macuco.

O objetivo do projeto é solucionar um problema de mobilidade urbana na Baixada Santista, que prejudica moradores e trabalhadores que se deslocam entre as duas cidades.

Há quatro anos, seria uma ponte orçada em R$ 700 milhões ligando os municípios. Com a troca de governo em 2011, a idéia da ponte foi descartada, surgindo o projeto do túnel submerso, estimado em R$ 2,4 bilhões.

Atualmente, há dois meios de ligação entre as cidades. O primeiro é a balsa que demora cerca de 20 minutos, dependendo da fila de espera formada pelo excesso de carros nos horários de maior movimento. O segundo é a Rodovia Cônego Domênico Rangoni, cujo trajeto de 43 quilometros pode levar uma hora até o destino.

O projeto do túnel submerso beneficiará pedestres, ciclistas e quem utiliza automóvel. Ele terá 762 metros de extensão e 950 metros de rampas. A tecnologia será inédita no Brasil, seguindo a utilizada em outros países. A Dersa - Desenvolvimento Rodoviário S/A, será responsável pelo gerenciamento da obra.

PrevisãoO início dos serviços está previsto,

para junho deste ano e com prazo de término para 2018. O projeto está em fase de licenciamento ambiental, que compreende a análise e a aprovação do projeto pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) e pelo Conselho Estadual do Meio Ambiente (Consema).

Morte do MacucoApós protestos dos moradores e duas audiências públicas, a Dersa alterou o tra-çado e apenas as famílias do Estuário não seriam desapropriadas.Atualmente, as fa-mílias do lutam para reverter a situação.

Área do trajeto do túnel submerso ligando os municípios de Santos e Guarujá, seguida das alças de acesso

Para que a população saiba mais sobre o túnel a Dersa mon-tou centrais de relacionamento em Santos e Guarujá. Em Santos, fica no Centro de Convivência Praça Viriato Corrêa da Costa – Av. Bartolomeu de Gusmão com

Av. Conselheiro Nébias. A outra fica na Prefeitura Municipal de Guarujá e há ainda nela mais cin-co itinerantes pelas duas cidades.

Na central fixa, é possível con-sultar os Relatórios de Impacto Ambiental (RIMA) do projeto.

Com tecnologia inédita no Brasil, um túnel submerso poderá ligar as cidades de Santos e Guarujá em menos de dois minutos. Apesar das vantagens, o projeto é uma dor de cabeça para os moradores do Macuco

Moradores protestam com faixas pretas como sinal de luto

Em Vicentede Carvalho

JÉSSICA SANTOS

Em Santos, a central da Dersa presta informações sobre o túnel

Para conhecermelhor o projeto

Segundo a Secretaria de Pla-nejamento de Guarujá, a cida-de trabalha em conjunto com o governo do Estado para definir os melhores rumos para os mo-radores da região. Os morado-res que hoje habitam o trecho entre a linha férrea e o estuário, já têm destino definido. Eles estão comtemplados no pro-grama Favela Porto Cidade, do governo federal e serão remo-vidos para as moradias no Par-que da Montanha e Morrinhos.

Agosto/2011 - O go-vernador Geraldo Alckminww anuncia a construção de um túnel submerso ligando as cida-des de Santos e Guarujá. O or-çamento da obra era de R$ 1,3 bilhão. A ponte foi descartada, segundo o governador, porque a altura da construção sempre foi motivo de questionamento, e o túnel é uma alternativa para mi-nimizar problemas urbanísticos.

Maio/2012 - Alckmin assina a contratação do projeto executivo para a construção do túnel.

Setembro/2013 Alck-min entrega o Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Im-pacto ao Meio Ambiente (EIA/Rima) para a construção do tú-nel submerso. O documento foi entregue ao prefeito de Santos, Paulo Alexandre Barbosa, e à prefeita de Guarujá, Maria An-tonieta de Brito, em cerimônia no Palácio dos Bandeirantes. O orçamento total do empreen-

Novembro /2013- Após duas audiências públi-cas, o novo traçado foi apresen-tado, desapropriando somente as famílias do bairro do Macu-co. Conforme o projeto, o em-preendimento vai atravessar o estuário e voltar para Santos na altura das instalações da Capita-nia dos Portos. Depois, seguirá por baixo das avenidas Portuária e Almirante Tamandaré, de onde sairão as rampas de acesso à Rua José do Patrocínio. No lado de Santos, haverá duas saídas: a primeira na Avenida Sena-dor Dantas, sentido Perimetral e a segunda na Rua Padre An-chieta, sentido Ponta da Praia.

JÉSSICA SANTOS

Março/2010 - O governador de São Paulo na época, José Serra, anuncia a construção de uma ponte en-tre Santos e Guarujá. O orça-mento foi de R$ 700 milhões e seria executado em dois anos e meio. Teria 4,6 km, sendo 1 km de ponte estaiada. José Serra descartou a ideia de um túnel submerso por causa dos altos custos e longos prazos.

Outro fator para a mudan-ça foi a altura da ponte. Abaixo de 70 metros compro-meteria o porto, já que os na-vios são cada vez maiores . Se fosse acima de 80 metros ha-veria restrições da Base Aérea.

dimento é de R$ 2,4 bilhões. O traçado envolve a desapro-priação de aproximadamente 1.500 casas em Santos e em Vicente de Carvalho (Guarujá).

Macuco lutam para reverter a situação. Todas as sextas-feiras, os moradores do Macuco têm encontro marcado na rua José do Patrocínio. As reuniões fazem parte da comissão de moradores do bairro, que buscam uma alternativa no traçado escolhido para as obras do túnel. A rua será uma das alças de acesso e os moradores serão desapropriados.

Os encontros reúnem cerca de 50 moradores na casa da autônoma Alcione Alves Rocha, que mora no bairro há 25 anos.

“Não somos contra o túnel, pois é uma boa obra para a Cidade, mas queremos que tirem a alça de acesso da nossa rua. Queremos ficar nas nossas casas”, comenta.

Durante a reunião, Alcio-ne distribui faixas pretas, como forma de luto, escri-to: “Aqui túnel não”. Quem passa pelo bairro do Ma-cuco pode ver em quase to-das as casas a mesma faixa.

“A morte do Macuco” e “O Macuco está sendo assassina-do” são algumas das expres-

sões repetidas nas reuniões. O aposentado Gilmar de Lima

Lopes mora no bairro há 30 anos e diz que a melhor alternativa é que o túnel seja na entrada da Cidade. “ Nos sentimos indigna-dos. Estamos fazendo esses mo-vimentos e protestos. Acredito que através da força popular pos-samos mudar essa ideia deles”.

Lopes e alguns moradores fa-zem questão de ir todas as segun-das e quintas-feiras à Câmara Mu-nicipal, durante as sessões, para protestar. Levam panfletos e fai-xas pedindo a mudança do trajeto.

“A união dos moradores está sendo proveitosa e va-mos chegar ao nosso objeti-vo”, comenta o aposentado.

Os moradores fizeram uma página no Facebook, na qual colocam fotos e divulgam in-formações do movimento.

Segundo a deputada estadual Telma de Souza, que acompanha a luta dos moradores, o túnel é necessário e urgente para a re-gião, porém não pode ser cons-truído penalizando a população.

“Defendo que a cons-trução ocorra na entrada de Santos, ligando a área conti-nental da Cidade, pois os im-pactos sociais serão extrema-mente reduzidos”, comenta.

Divulgação / PMS

4 Edição e diagramação: Camilla LaranjeiraPRIMEIRA IMPRESSÃO Fevereiro de 2014

Retrospectiva

Em 2012, 80% dos transportes no Porto de Santos foram feitos por meio das rodovias e apenas 20% por trens. O engenheiro Érico Almeida acredita que investir nas ferrovias é a alternativa mais eficaz para desestimular a dependência do maior porto da América Latina do número excessivo de caminhões. “É um equívoco acreditar que quem precisa carregar a carga do navio é o caminhão. Os vagões dos trens têm quase o dobro da capacidade de transporte. É nisso que o município precisa investir”, pondera.

No último dia 11 de fevereiro, foi registrado o primeiro congestionamento do ano na região portuária. Caminhões formaram filas de aproximadamente 1,3 quilômetro nas duas faixas da Avenida Governador Mário Covas.

Qual a solução?A CET e Prefeitura de Santos

informaram, por meio de nota, que está prevista uma série de ações com os recursos do Programa de Aceleração de Crescimento (PAC)- Mobilidade para melhorar a fluidez do trânsito. Dentre elas, está prevista a construção de viaduto e ponte ligando os bairros Bom Retiro e Jardim São Manoel; teleférico ligando o Valongo à Caneleira e passando pelos morros São Bento e Nova Cintra, além da implantação de um corredor de ônibus do Centro até a Avenida Jovino de Mello, na Zona Noroeste.

Para criar uma rota alternativa no deslocamento Santos/São Vicente e região central e Leste, o governo municipal também busca recursos para construir um túnel ligando o Marapé à Zona Noroeste. Na Ponta da Praia também está prevista a construção de um outro túnel, ligando Santos ao Guarujá.

Além disso, o Veículo Leve sobre Trilhos deverá tirar de circulação algumas linhas de ônibus, além de otimizar o tempo das viagens. A construção segue, após problemas, envolvendo o traçado e até mesmo paralisação temporária das obras por questões judiciais.

A Cidade também pretende ampliar o alcance de programas de transportes públicos e ecológicos, tais como o Bike Santos.

“Atualmente, apenas 10% da população se locomove de bicicleta, contra 70% que utilizam veículos motorizados. Queremos aumentar o alcance do Bike Santos, que hoje conta com 30 estações. Atualmente, a Cidade possui uma malha de 30 quilômetros, que, caso sejam bem aproveitados, contribuirão e muito para desafogar o trânsito”, finaliza o presidente da CET.

Trânsito preocupa especialistas e usuáriosA Cidade tem problemas semelhantes ao das grandes metrópoles em termos de trânsito,

cada vez mais congestionado

rafaella MartiNez ViceNtiNi

“(...) As áreas livres desaparecerão totalmente, o número de veículos deverá aumentar consideravelmente, e os congestionamentos que o santista enfrenta deverão tornar-se cada dia mais freqüentes. Uma somatória de todos esses problemas fatalmente atingirá a qualidade de vida do santista. Ele será obrigado a conviver com a verticalização da Cidade; com a falta de áreas verdes e de opções de lazer; com um mar constantemente poluído; com caminhões do porto atravessando a área urbana; com os ônibus das empresas que ligam Santos a São Paulo utilizando-se de suas avenidas principais; com os congestionamentos e com muitos acidentes de trânsito. Em pouco tempo, poderá também conviver com a neurose, com a instabilidade emocional, e verá sua Cidade completamente descaracterizada, transformada apenas em mais uma cidade-problema, como tantas que existem no País (...)”.

(Trecho da reportagem “Sem planejamento, trânsito afetará condições de vida”, de autoria de Álvaro de Carvalho Júnior e José Carlos Silvares, publicada no jornal A Tribuna em 26/05/1981).

Escrever sobre o trânsito em Santos é abordar um assunto que já foi questão central para toda sorte de matérias e análises. Mas entender as engrenagens que sustentam muitos quilômetros de congestionamentos que se estendem por todos os cantos da Cidade é uma tarefa complexa, que há muitos anos preocupa os moradores e estudiosos do tema.

Número elevado de veículos Segundo dados da Delegacia

de Trânsito, em 1980, haviam aproximadamente 100 mil veículos registrados na Cidade, o que equivaleria a aproximadamente quatro veículos por habitante. Em 2001, essa média não sofreu grandes alterações: com 156.524 veículos licenciados, os números indicavam uma média de um para cada 2,6 moradores. Em 2013, dados do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que essa proporção alcançou números extraordinários: atualmente, circulam pelas ruas santistas 266.627 veículos licenciados, além dos aproximadamente seis mil caminhões que cruzam diariamente a Cidade em direção ao Porto.

No atual cenário, há por volta de um veículo para cada 1,6 santista: mais de 200 mil automóveis transitam pela Cidade. Embora não seja considerada como a de maior proporção veículo/habitante, o fato de a maior parte dessa frota transitar especificamente pelos 39,4 quilômetros de área insular coloca Santos frente a uma realidade completamente congestionada: o número de veículos já ultrapassou a capacidade viária da Cidade.

Segundo o engenheiro de Transportes e especialista em trânsito Érico Almeida, fatores como o crescimento da economia santista e atitudes do governo como a redução do Imposto de Produtos Industrializados (IPI) para compras de veículos novos contribuíram para o aumento excessivo do número de veículos em circulação. “Há vários fatores que incentivam a compra de

novos veículos, mas a infraestrutura da Cidade não comporta esse crescimento. Aumentaram a quantidade de ônibus, carros e motos, mas nada foi feito em relação às faixas das vias públicas, o que faz com que elas não absorvam o volume de veículos, provocando congestionamentos”, analisa.

Santos possui 1383 vias públicas, 727 delas com largura inferior a 14 metros, o que dificulta o fluxo de carros. De acordo com a Companhia de Engenharia e Tráfego (CET), o órgão estuda a proibição do estacionamento em algumas vias estreitas. A construção de obras viárias em algumas áreas também é uma tarefa complicada, pois Santos está situada em uma região plana, adensada e verticalizada e obras sob estas condições terminariam por prejudicar muitas estruturas.

Para o presidente da CET, Antônio Carlos Silva Gonçalves, uma das maiores barreiras contra a melhoria do trânsito da Cidade é estimular os moradores a não usar o carro como transporte obrigatório. “A sociedade em geral, não apenas Santos, vem de uma cultura em que foi constantemente estimulada a valorizar o transporte individual, sem se preocupar com a infraestrutura que iria comportar esse transporte. A frota de Santos aumenta em média 8% ao ano. Agora é hora de rever os conceitos e investir nas melhorias do transportes públicos existentes, além dos novos que virão (a exemplo do VLT) e fazer o caminho inverso: tirar os carros das ruas”.

Caos no transporte públicoEram 8h26 da manhã e sete pessoas

aguardavam no ponto a passagem do mesmo coletivo. Quando o ônibus passa (15 minutos atrasado), não há nenhuma possibilidade de atravessar a catraca. No total, mais de 40 pessoas estavam em pé, dividindo um espaço mínimo, com as altas temperaturas que assolaram a Baixada Santista. Naquele dia em especial, o coletivo não enfrentou o tradicional trânsito na entrada da Cidade. “Hoje você teve sorte”, afirma o motorista, enquanto a repórter divide espaço com mais quatro pessoas na parte da

frente ao lado do motor. Mas basta conversar com

qualquer pessoa que estava ali, a caminho do serviço, para constatar que a pausa no tráfego durante a viagem já é uma tradição. “A gente precisa sair com no mínimo uma hora de antecedência para garantir que vai chegar no horário. Nunca dá para saber quando a Avenida Nossa Senhora de Fátima vai estar parada”, afirma o ajudante de despachante aduaneiro Maylon Saturnino.

Adeilton Gomes trabalha como motorista pelas ruas de Santos há mais de 25 anos, sendo 14 deles como condutor da Viação Piracicabana. Ele lembra da época em que o tráfego era tranquilo. “As ruas são as mesmas de 26 anos atrás, mas a quantidade de carros é bem maior. Antes também não havia radar, limites de velocidade e até os semáforos e pontos de parada eram mais longe uns dos outros. Parece que não, mas isso faz muita diferença”, afirma.

O motorista conta ainda que o cenário de caos no trânsito da Cidade permanece inalterado há mais de dez anos. “Os pontos críticos são os mesmos: Nossa Senhora de Fátima, Centro de Santos, Divisa de Santos e São Vicente e Ponta da Praia, por causa da balsa. Nas horas de pico todos esses lugares param. Em época de safra, a Perimetral também fica completamente congestionada. Uma viagem que deveria durar no máximo duas horas, leva de 2h30 a três horas com o carro lotado”.

A garantia de um transporte público de qualidade é um direito constitucional e cabe ao município cumpri-la. O inciso IV do artigo 5º da lei número 12587, de 03/01/2012, que institui as diretrizes da política nacional de mobilidade urbana, afirma que “a política nacional da mobilidade urbana deve ser fundamentada na eficiência, eficácia e efetividade”. Em Santos, não é isso que acontece.

“O ônibus não para e, quando dá para entrar, você precisa ir esmagado. Optar por vir trabalhar de carro não foi nem uma atitude para evitar o trânsito, mas sim para garantir o mínimo de conforto enquanto enfrento

o congestionamento que já é tradicional”, afirma a analista de importação Joyce Pereira.

Todos os dias, ela se locomove do bairro do Itararé, em São Vicente, até o Centro de Santos com o carro particular. Mesmo poupando o valor aproximado de R$250,00 para guardar o carro (uma vez que o deixa no estacionamento do pai), ela gasta do próprio bolso em média R$140,00 mensais de gasolina. “Se o ônibus garantisse o mínimo de conforto, com certeza, eu iria usá-lo. Além do dinheiro, me pouparia do estresse no trânsito logo cedo”, afirma.

De acordo com o engenheiro Érico Almeida, melhorias no transporte público seriam a forma mais eficaz de aliviar o trânsito, tirando os carros das ruas. “É preciso investir pesado nisso, o que envolve mexer na estrutura dos coletivos, colocando portas mais largas e piso baixo para facilitar o embarque de idosos e deficientes”, sugere.

A CET afirmou que melhorias estão previstas para o setor. Em 2013, colocou em circulação seis novos ônibus com piso rebaixado e 30 com ar-condicionado. Neste ano, o objetivo é expandir o número. “Queremos sim um transporte público que garanta segurança, conforto e confiabilidade, mas tudo o que envolve essa questão precisa ser pensado com critério, pois influencia diretamente no preço da tarifa”, afirma Gonçalves.

O caminho até o PortoNo primeiro semestre de 2013, a

Ecovias, concessionária que opera o sistema Anchieta – Imigrantes (SAI), chegou a registrar mais de 50 quilômetros de lentidão nas rodovias que ligam a capital à Cidade. De acordo com dados da CET, aproximadamente 10 mil caminhões transitam pelo Porto de Santos diariamente, transportando mais de 25% de todas as cargas que entram e saem do País. Durante o período de safra, esse número chega a 20 mil, provocando filas que ocupam grande parte das ruas no entorno dos terminais – e fora deles também.

Rafaella Martinez

Nos horários de pico, os principais acessos da Cidade enfrentam tráfego pesado

“A frota de Santos aumen-ta em média 8% ao ano”

Antônio Carlos Gonçalves, engenheiro e presidente

da CET‘‘

5Edição e diagramação: Camilla LaranjeiraPRIMEIRA IMPRESSÃO Fevereiro de 2014

NathaMy lopeS

O Porto de Santos é o principal porto da América Latina. Em média, entre 10 a 15 mil caminhões diariamente passam pelo porto cortando as duas margens. Desse total, cerca de 30% são de granéis sólidos de origem vegetal. A Cidade opera diversos tipos de cargas, por isso o fluxo de veículos é intenso durante o ano inteiro.

Cada época do ano é um período de safra diferente. O número de caminhões pela Cidade não diminui. E cada vez mais, os caminhoneiros exigem das empresas condições adequadas de trabalho e segurança. Para tanto, reivindicam melhorias por meio de manifestações ou diretamente em reuniões com empresários e a direção da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp).

O presidente da companhia, Renato Ferreira Barco, explica que, com a implantação de novos pátios reguladores, a situação deve melhorar com a redução dos congestionamentos nas rodovias. “A passagem dos caminhões graneleiros pelos pátios é um dos projetos para área de espera no porto. Existem dois em funcionamento e outras áreas que estão em implantação que vão passar a funcionar em março”, afirma.

Enquanto aguardam por essa benfeitoria, os caminhoneiros continuam enfrentando dificuldades para ir ao banheiro e tomar água, o que é o mínimo para quem fica em filas por seis horas ou mais. Isso não ocorre todos os dias, mas com boa frequência. Seja embaixo de sol ou chuva, calor ou frio, com ou sem fome. Os motoristas para descarregar um contêiner ultimamente têm sofrido muito no Porto de Santos

Para o presidente do Sindicato das Empresas de Transportes de Carga de São Paulo e Região, Flávio Benatti, uma alternativa seria fazer

o porto de Santos subir ao planalto. “Hoje, temos áreas no sistema Anchieta/Imigrantes, na interligação, em Suzano e no Rodoanel, que poderiam ser controladas pela Codesp, obrigando os caminhões a passar por essas áreas, verificar os agendamentos junto às empresas, antes de descer a Serra”.

DesrespeitoDe acordo com o presidente

do Sindicato dos Transportadores Rodoviários Autônomos de Bens da Baixada Santista e Vale do Ribeira, Davi Santos de Lima, os congestionamentos estão diretamente ligados à gestão dos terminais. “Muitos deles, por falta de infraestrutura, desrespeitam os agendamentos, fazendo os caminhões de depósito de contêineres na rua até o navio atracar, o que causa filas nas entradas dos terminais”.

“Essa manobra é lucrativa para os terminais, já que podem movimentar mais carga dentro de suas dependências. O sindicato atua como mediador entre os caminhoneiros e os terminais, procurando coibir essa prática”, acrescenta o dirigente sindical.

Recentemente, no início de fevereiro, começou um esquema especial de monitoramento de caminhões em direção ao porto. Mais uma tentativa para evitar os transtornos das estradas de acesso ao cais santista. Principalmente, nesta época em que o movimento aumenta consideravelmente em razão da safra, explica a direção da Codesp.

O controle de tráfego será feito pela Secretaria dos Portos, por meio da Codesp e ministérios dos Transportes e Agricultura. Os caminhões devem agendar sua chegada e respeitar a programação. A Codesp afirma que é obrigação dos terminais o agendamento da chegada dos caminhões ao porto junto aos produtores.

Enfrentando filas e mais filas. Horas e horas de espera. Ao passar pelo porto, por muitas vezes a cena é a mesma. O tráfego da área portuária com congestionamento.

Para o motorista carreteiro Mauro Flori, conhecido como Gaúcho, que está há 47 anos pelas estradas, essa situação não é de hoje. Sempre encontra uma fila de espera em alguns terminais de no mínimo seis horas. “Estou desde as cinco horas da manhã esperando para descarregar. São três horas da tarde e nada. No meu papel de agendamento estava para as sete. Já estou acostumado, carrego comigo pãozinho e bolinho. Para banheiro e água tenho que me virar”, relata.

Gaúcho não é o único nessa

condição. De acordo com o aposentado Hélio Otávia que continua a trabalhar na área há 48 anos, o porto está uma vergonha. “Ninguém dá valor para o nosso serviço. Local de descanso é uma mentira de muitos anos. Se nem água temos, que dirá espaço físico decente? Para mim, Santos e Guarujá são os piores locais para descarregar”, revela.

Com 17 anos à frente do volante, José Augusto dos Santos conta que já viajou o Brasil inteiro. Trabalha como autônomo também para o porto. “Falar em banheiro aqui no porto é como se estivesse falando em inglês”, brinca o caminhoneiro.

“O tráfego do porto santista já foi bem melhor. Havia árvore

para sombrinha e espaço de lazer” relembra o caminhoneiro José Lins Santos. Ele trabalha no porto há 12 anos. Atualmente, define o trânsito como um verdadeiro “caos portuário”.

“A toda troca de autoridade há uma promessa de melhoras onde trabalhamos. Mas, quando entram no poder, nem aparecer por aqui eles aparecem”, ressalta.

O autônomo Alfredo Antônio Gaete trabalha no porto há sete anos. Sem camisa explica o porquê de estar na fila desse jeito. “Acredito que verbas para melhoria existem. Porém, investimento para permitir ao motorista boas condições de espera não existe”, explica.

Porto recebe de 10 a 15 mil caminhões diariamente

Congestionamentos, filas e muito tempo de espera. Essa é a rotina de Santos, que vive dias de caos no período das safras

Murilo César

6 Edição e diagramação: Carolina KobayashiPRIMEIRA IMPRESSÃO Fevereiro de 2014

Murilo céSar

Um dos pontos mais críticos de Santos em relação aos congestionamentos, sem dúvida, é entrada da Cidade. Muitos moradores dos bairros que ficam próximos são testemunhas de que a situação desde a Via Anchieta é crítica. José Leopoldo, morador no bairro da Alemoa há mais de 10 anos, é um deles. “Sempre houve esse problema. Trânsito de manhã, trânsito de tarde, trânsito de noite. A cada eleição que passa, nós moradores tentamos eleger políticos na esperança de que façam algo, mas isso nunca acontece”, reclama.

Tanto transtorno não incomoda só os moradores, mas também aqueles que precisam utilizar a via para trabalhar. Marcos Rotter, funcionário de uma empresa que trabalha para o Porto de Santos, como mora na Capital, opta pela Via Anchieta e sofre com os congestionamentos constantes. “Trabalho

há pouco tempo na Cidade e, no começo, fiquei muito assustado, pois imaginava ser diferente de São Paulo”, diz. “Cheguei aqui e, logo de cara, no primeiro dia, peguei um baita trânsito”, conta.

Para eliminar os problemas de congestionamentos e melhorar a mobilidade urbana, a Prefeitura projeta três importantes obras: corredor de ônibus do Centro até a Avenida Jovino de Mello, uma ponte que ligará o bairro Bom Retiro ao Jardim São Manoel e um viaduto na Avenida Martins Fontes. Para Leopoldo, além da tentativa de “desafogar” o trânsito, a ligação entre os bairros será uma boa opção.

“Hoje para quem precisa ir até o Bom Retiro não existem muitas alternativas. Esse viaduto será mais prático e rápido”, acredita.

Mesmo com todas essas obras, para o presidente da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), Antônio Carlos Silva Gonçalves, o trânsito de Santos só será solucionado com um bom investimento

em ferrovias. “É inadmissível que, nos dias atuais, 14 mil caminhões desçam a Serra do Mar para trazer carga para o Porto. Deveríamos ter uma opção ferroviária adequada. Qualquer país desenvolvido

tem como principal meio de deslocamento as ferrovias”, diz.

As obras devem começar no fim do ano e contarão com o investimento de R$ 290 milhões de financiamento obtido pela

prefeitura do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC)-Mobilidade do governo federal. A assinatura da operação de crédito com a Caixa Econômica Federal está prevista para 21 de outubro.

Fila de caminhões para acessar aos terminais da Baixada Santista: agendamento agora é obrigatório

Trânsito intenso no Porto: solução só virá com grandes investimentos em ferrovias

Entrada da Cidade passará por obras

Nathamy Lopes

Do outro lado, os motoristas

Usuários queixam-se de desrespeito nos coletivos

Corredores exclusivos dão maior

fluidez

7Edição e diagramação: Murilo CésarPRIMEIRA IMPRESSÃO Fevereiro de 2014

Ônibus superlotado: passageiros reclamam de desconforto

Muitos problemas, nenhuma solução

Moradores de Santos enfrentam dificuldades diariamente com o transporte coletivo

thaMireS rodrigueS

Ônibus superlotados, falta de segurança, desrespeito com os horários e falta de conforto. Estes são apenas alguns dos problemas enfrentados por quem utiliza o transporte público em Santos diariamente.

A estudante Juliana Araújo acha que a nova frota de ônibus está melhor se comparada com a antiga. Porém, ela reclama dos assentos, que ficaram menores, dizendo que uma pessoa tem de viajar grudada com o passageiro do lado.

A publicitária Roberta Tavares diz que nem tudo são flores, porém gostou muito das comodidades oferecidas na nova frota, pois o ar-condicionado e o wi-fi dão mais conforto a os usuários.

Para a estudante Camila Alves, a maior revolta com o transporte coletivo é a demora dos ônibus. Ela diz que as empresas prometem punição para os motoristas que não cumprem o horário, mas ela acredita que é responsabilidade dos motoristas, pois já chegou a esperar uma hora por um ônibus. Se os motoristas realmente sofressem alguma penalidade em seus salários, ela acha que eles não atrasariam mais.

O administrador Ygor Aguiar diz que, depois que a maior parte usuários dos ônibus santistas passou a usar o cartão-transporte,

ele achou que não haveria mais assaltos nos circulares da Cidade, mas não foi o que aconteceu. Aguiar conta que ladrões sentam-se nos últimos assentos do ônibus e furtam os usuários que estão próximos à saída, porque facilita a fuga quando a porta é aberta.

O administrador acrescenta que outro problema

do transporte público é o preço das passagens. Aguiar não se conforma em ter que pagar R$2,90 para se deslocar de ônibus em uma cidade completamente vertical e com fácil locomoção. “Fizeram diversas manifestações no ano de 2013, devido ao preço abusivo das passagens, mas isso foi apenas momentâneo, pois dentro

de poucos meses a tarifa será reajustada e teremos que aceitar”, diz . Caio Almeida estuda em Santos e mora em Praia Grande. Ele diz que a impressão que ele tem ao viajar em um ônibus é a de estar em uma lata de sardinha. “Todos têm que ir apertando, para não perder a hora dos seus compromissos”.

Melhorou, mas não agradou

Thamires Rodrigues

Júlia Maichberger

Raniely Cardoso e Bianca Teixeira são vizinhas, estudam na mesma universidade e compartilham opiniões negativas sobre o transporte público. Raniely diz que, se tivesse carro, escolheria o automóvel em vez de pegar ônibus.

“Eu ia poder sair um pouco mais tarde de casa e não teria de pegar tanto trânsito, além de não precisar passar calor”. Já Bianca, além de concordar com os argumentos da amiga, afirma que muitos motoristas não respeitam os passageiros. “Eu já cheguei a cair com a arrancada do ônibus. Graças a Deus, nunca me machuquei seriamente, mas minha avó já torceu o tornozelo por causa disso”.

Mas o desrespeito não vem apenas do motorista. A aposentada Lídia Helena Gomes, de 66 anos, diz que os próprios passageiros não se respeitam. “Muitas vezes entro no ônibus com todas as cadeiras ocupadas e logo me oferecem um lugar para sentar, mas, infelizmente, em alguns casos, jovens estão sentados na cadeira preferencial e fingem que não veem os idosos em pé”, conta. Sobre a estética e conforto do veículo, ela acha que vem melhorando com o passar dos anos.

O estudante Mateus Alves começou a cursar faculdade no ano passado e não costumava pegar ônibus antes, porém já possui opinião formada sobre o transporte público. “Gosto quando pego um coletivo com ar-condicionado. Já cheguei a encontrar alguns com wi-fi, mas de um tempo pra cá não tive mais sorte, ou pararam de disponibilizar

internet, não sei”. Ele diz ainda que, tirando o trânsito, não enfrentou problemas com o transporte. No entanto, reclama que “não adianta nada só alguns ônibus possuírem ar-condicionado, ainda mais nesse calor de quase 40 graus”.

A funcionaria pública Camila Gonçalves diz que só utiliza o transporte público quando não tem nenhuma opção. “Eu ando de moto, mas hoje infelizmente ela está na revisão. Por isso, tenho que

ir trabalhar de ônibus”. Ela fala que prefere até acordar mais cedo e pegar carona com alguma vizinha. “Pelo menos não tenho que ficar em pé e passar calor”.

O professor de natação Kauã Cabrera era morador de Praia Grande, mas mudou-se para Santos há três anos. “O principal motivo de ter me mudado para cá é porque ficava cansado de ter que ir e voltar todo dia, depois de trabalhar e estudar em Santos”. Ele conta que, muitas vezes,

a demora do ônibus ultrapassava uma hora de espera, além de estar sempre lotado.

A vendedora Suzy Simões, anda de ônibus esporadicamente porque consegue ir andando ao trabalho. “Só pego condução mesmo quando estou com preguiça de andar. Tenho sorte de ter essa opção, pois se tivesse que pegar ônibus todos os dias, iria ficar estressada”. Ela diz isso por conta do trânsito e também pela falta de educação dos passageiros. “Logo de manhã sou obrigada a ouvir funk porque os outros deixam o celular no último volume, fora as gracinhas que as mulheres ouvem de vez em quando”.

O morador de Guarujá Davi Cabral, supervisor de vendas, diz que quando vem para Santos percebe muita diferença entre os ônibus das duas cidades. “A qualidade e a estrutura são bem diferentes. Os veículos de Santos são melhores, mas acho que ainda tem muito que melhorar”. Fora os ônibus, ele diz que não se conforma com a condição das catraias e das barquinhas. “Deveria haver alguma outra alternativa de travessia entre as duas cidades, pois a qualidade é muito precária”, reclama Cabral.

Patricia Alexandra Franco e o marido Sergio Augusto são de São Vicente e trabalham em Santos. Ele, eletricista, diz que já está acostumado com o trânsito, mas o que mais o incomoda é a superlotação dos ônibus. Sua esposa, farmacêutica, também reclama da superlotação, mas o que a preocupa mesmo é a demora. “Quanto mais a lotação demora a chegar, mais vou ficando assustada, pois já fui assaltada duas vezes em pontos de ônibus”, lamenta.

Júlia Maichberger

JackliNe do SaNtoS Sá

Horário de pico e as pessoas esperam impacientemente o ônibus. Olham para o painel que indica que ele demorará três minutos. Passado esse tempo, o coletivo não aparece. O número de pessoas aumenta e há apenas uma certeza: o próximo veículo estará cheio e a viagem vai demorar. Problemas como esses são enfrentados diariamente pelos cidadãos de Santos. “Sempre demoro muito para embarcar no ônibus, pois eles demoram demais”, conta a jornalista Carla Nascimento, 27 anos.

Como incentivo para o uso do transporte público e com o objetivo de agilizar a viagem dos usuários, as faixas exclusivas de ônibus, também conhecidas como “corredores”, estão presentes em três pontos da Cidade: avenidas Ana Costa, Conselheiro Nébias e Bernardino de Campos (Canal 2). Juntas, elas formam 9,6 quilômetros de faixas restritas para este transporte.

Cada localidade tem um horário específico de funcionamento. Na Avenida Ana Costa, por exemplo, é proibido estacionar ou circular em períodos determinados. Na pista sentido Praia/Centro, o horário de funcionamento é das 6 às 9 horas, de segunda a sexta-feira. No sentido inverso, o corredor é ativado das 17 às 20 horas. Já nas avenidas Conselheiro Nébias e Bernardino de Campos, a faixa é preferencial para os coletivos, mas permite a circulação de outros veículos. Ambas funcionam de segunda a sexta-feira, das 17 às 20 horas, no sentido Centro/Praia.

O motorista Cristiano da Silva sente diariamente as mudanças dessa medida. “Está mais fácil para trabalhar assim. Temos mais comodidade e certo respeito pelo horário da chegada. Porém, sempre há pessoas que desrespeitam”, explica ele.

Já a jornalista Carla, assídua das linhas 7 e 77, ambas com destino à Avenida Presidente Wilson, diz que as faixas exclusivas pouco ajudam nas viagens. “Há motoristas e motociclistas que desrespeitam e isso apenas atrapalha o fluxo dos coletivos”, conclui.

O universitário Thalles Galvão, 20 anos, usa sempre o transporte público. Segundo ele, os corredores ajudam na agilidade das viagens, porém ainda há muito o que fazer. “Priorizar o transporte público é o caminho certo, mas as medidas não podem parar por ai. Temos que melhorar em todos os aspectos. Desde os abrigos dos pontos até o ar condicionado”, completa o estudante.

A Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) planeja implantar outras faixas exclusivas na Rua João Pessoa, entre o Centro e a Zona Noroeste, e no túnel que l iga Santos e São Vicente, projetado entre os bairros do Marapé e Caneleira. De acordo com o presidente da CET Antonio Carlos Gonçalves, mais tr inta ônibus serão adaptados com piso baixo e ar condicionado.

Ônibus em direção ao Centro: usuários reclamam de falta de rigor no cumprimento dos horários

Em São Vicente, só reclamaçõeslucaS MartiNS SaNtoS

Quem utiliza os ônibus interurbanos em São Vicente não está contente com a qualidade desse transporte. O Primeira Impressão conversou com usuários. As reclamações são recorrentes e levam alguns passageiros a procurar alternativas para não utilizar mais os coletivos.

Esse é o caso de Alan Henrique Carvalho. A má qualidade do transporte intermunicipal em São Vicente pesou na decisão dele de fazer a transferência de endereço de um curso. Ele é montador industrial, estudante de Engenharia Civil e fazia inglês na cidade. “Pelo fato de o transporte coletivo não ser dos melhores, decidi abandonar e procurar um curso mais próximo de onde eu moro”.

Ele estudava das 14 às 18 horas. Costumava pegar uma linha na ida e na volta. “No Terminal Tude Bastos em Praia Grande, eu pegava o ônibus da Ana Costa, que passava perto de onde estudava. Chegava atrasado, pois os ônibus, na maioria das vezes, demoravam. Para voltar, tinha que andar até a Biquinha para pegar um ônibus que demorava muito, até o terminal, para depois me locomover até a minha casa”.

A falta de segurança nas ruas reflete na vida de quem anda nos coletivos. Durante uma das viagens, Carvalho foi vítima de apedrejamento. O artefato veio de fora e acertou o estudante. “Havia vândalos na rua, com muitas pedras nas mãos. E a hora em que o ônibus passava eles davam pedradas. Uma passou pela janela e acertou a minha cabeça”. Ele hoje anda de carro.

Katia Caroline Santos é vendedora ambulante e mora no Samaritá, bairro da Área Continental de São Vicente. Ela reclama que lá não há tantas opções de linhas, além da insuficiência de veículos que circulam

nessas linhas. “Para ir a Santos, para outros lugares, são poucos em horário de pico. É insuportável entrar nos ônibus. É muito lotado, fica-se esmagado na porta”.

Além disso, o calor também faz parte do pacote de questões negativas do transporte público intermunicipal em São Vicente. “Tem gente que desmaia, que passa mal, porque é muito quente”, conta Katia.

Ela já ouviu relatos de amigos que comprovam a falta de segurança nos ônibus. “Várias pessoas já foram furtadas. Como é muito lotado, quando você vai ver, já desceu do ônibus (o bandido) e você perdeu o aparelho”. Segundo ela, os marginais costumam levar celulares e outros pequenos objetos.

SoluçõesCarvalho acha que as soluções

podem estar no investimento no transporte público intermunicipal, para diminuir também os congestionamentos. “É um preço alto, para pouco produto. Eles falam para deixar o carro em casa, mas não dão o direito de a pessoa falar: não! eu vou de ônibus, porque vou chegar no horário, vou me sentir bem, eu consigo ir com segurança”. Para Katia, o número de veículos deveria ser aumentado. “Acho que tinha que ter mais ônibus nas linhas, para não ser tão lotado”.

A Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos (EMTU) informou por meio de nota que a empresa tem 520 carros circulando em 62 linhas. Esses ônibus têm idade média de 2,6 anos e passam por manutenções periódicas, em que cerca de 500 itens são avaliados. Respondeu também que periodicamente, agentes vão a campo fiscalizar itens como cumprimento das partidas, lotação dos veículos em locais de convergência e maior carregamento das linhas.

Segundo a EMTU, essas

fiscalizações têm como objetivo adequar a oferta de veículos a demanda de passageiros. A nota também informa que, com a chegada do VLT, haverá uma melhora significativa na qualidade do transporte intermunicipal na região.

Quanto às reclamações sobre segurança, a empresa disse que as ocorrências registradas no centro de Gestão do Sistema EMTU/SP são encaminhadas para a Sala de Situação da Polícia Militar e ao Batalhão da região. A partir desse envio são

tomadas as medidas necessárias. Quem quiser dar uma sugestão

ou prestar queixa pode entrar em contato com a Central de Atendimento ao Cliente da empresa pelo site www.emtu.sp.gov.br ou pelo telefone 0800 724 0555.

Ônibus em São Vicente: superlotação é só um dos problemas

Entre as queixas estão superlotação, insuficiência no número de linhas para alguns bairros e insegurança

8 Edição e diagramação: Rafael CorreiaPRIMEIRA IMPRESSÃO Fevereiro de 2014

Lucas Martins

Usuários reclamam também de atrasos, superlotação e alto preços das passagens

Medo e insegurança na Ponte do Mar Pequeno

Ônibus superlotado em Praia Grande: atraso e desconforto prejudicam estudantes e trabalhadores

9Edição e diagramação: Rafael CorreiaPRIMEIRA IMPRESSÃO Fevereiro de 2014

JuliaNa JuSNtiNo

Desde o fechamento da Ponte Pênsil para reforma, em julho do ano passado, a única opção para se deslo-car entre São Vicente e Praia Grande é a Ponte do Mar Pequeno. Na região dos semáforos da Rodovia dos Imi-grantes, assaltantes se aproveitam do aumento do número de veículos e da falta de policiamento no local e ins-tauraram o terror na população com assaltos, arrastões e assassinatos.

A Ponte Esmeraldo Soares Tar-quínio de Campos Filho, popular-mente conhecida como Ponte do Mar Pequeno, fica no trecho final da Rodovia dos Imigrantes e faz a liga-ção entre as cidades de São Vicente e Praia Grande. Quando foi inaugu-rada, em 1981, a sua construção foi considerada um marco do desenvol-vimento de São Vicente, mas hoje é descrita como um dos locais mais críticos em relação à violência na Baixada Santista. Dos cinco cruza-mentos que existem na rodovia, três são apontados como pontos de vio-lência constante: a Av. Mascarenhas de Moraes e a Av. Cidade de Santos, na Vila Margarida, e a Linha Ama-rela.

Presos em semáforos ou con-gestionamentos, os motoristas são assaltados a qualquer hora do dia, muitas vezes por grupos de bandi-dos. Quem utiliza a rota já começou o ano com medo. No primeiro final de semana de fevereiro, um poli-cial reformado foi assassinado ao se recusar a abrir a janela do carro e outros dois assaltos foram reporta-dos à polícia. Segundo moradores, apesar do aumento da criminalidade próximo à divisa com Praia Grande, o policiamento continua o mesmo: uma viatura que circula pelos cinco quilômetros do trecho vicentino.

Heitor Santana estuda Cinema e Audiovisual na Unimonte, em San-

tos. Como mora em Praia Grande, precisa passar pela Ponte do Mar Pequeno todos os dias para ir à fa-culdade. Ele conta que a sua maior preocupação é a falta de segurança e que já escapou por pouco de um assalto no local em plena luz do dia. “Estava indo para o estágio, em São Vicente, quando vi que o carro da frente estava parado, mesmo com o semáforo verde, e cinco bandidos vinham na sua direção. Um deles tinha uma arma e, quando viu que eu estava olhando, a apontou para mim”, lembra. “Fiquei em pânico, acelerei o carro e corri até chegar no Corpo de Bombeiros. Tive que ‘furar’ dois semáforos vermelhos”, conta angustiado.Depois deste epi-sódio, deixou de ir para a faculdade de carro, com medo dos assaltos. “Agora só ando ali de carro duran-te o dia. Vou para a faculdade de ônibus, porque acaba sendo mais seguro”, diz o estudante, que já ti-

nha mudado sua rotina por causa do fechamento da Ponte Pênsil. “Tive que me adaptar, pois não vou ficar correndo risco”, completa.

A faxineira Rita Gonçalves mora na Vila Margarida, em São Vicente, e dificilmente vai à Praia Grande, mas já presenciou alguns assaltos na região. “Os meninos roubam e fogem para o meio das casas, é impossível controlar se não tiver polícia por per-to”, conta. “Aqui nunca tem polícia, nunca tem prefeito, nunca vem nin-guém. Agora que todo mundo é obri-gado a passar por aqui estão vendo o resultado”, completa. A violência no local não é uma novidade e, fre-quentemente, a população reivindica obras que ajudem a melhorar o fluxo de carros e aumento do policiamento para conter a ação de criminosos.

De acordo com a Polícia Rodovi-ária, as causas da violência no trecho decorrem de diversos fatores que facilitam a prática de crimes, como

a ocupação irregular no entorno da ponte, o acúmulo de lixo e entulho e a presença de andarilhos.

A Prefeitura de São Vicente afir-mou que a responsabilidade pela se-gurança no local é da Polícia Mili-tar, mas que está estudando medidas para melhorar a situação. Segundo a assessoria de comunicação, o pre-feito Luis Claudio Bili fez diversas solicitações ao Governo do Estado de São Paulo desde o início de 2013, pedindo o aumento do policiamento para conter a violência na cidade. Após o fim da Operação Verão, o prefeito pediu que o efetivo da po-lícia continuasse na cidade até o fim do Carnaval, mas não foi atendido.

O deputado estadual Luciano Ba-tista (PTB) tem reivindicado ações do governo estadual e da Polícia Mi-litar para solucionar o problema da violência na região dos semáforos da Imigrantes. O deputado se reuniu com o governador Geraldo Alckmin

para pedir, com urgência, o aumento do policiamento no local.

A expectativa é de que a Opera-ção Delegada, onde policiais milita-res trabalham para a prefeitura du-rante suas horas de folga, ajude no controle da criminalidade. A região dos semáforos da Rodovia dos Imi-grantes, porém, continua sendo res-ponsabilidade da Polícia Rodoviária.

PoliciamentoSegundo a Polícia Militar, o poli-

ciamento “é distribuído pela rodovia de acordo com os dados obtidos jun-to aos sistemas inteligentes, que são alimentados pelas ocorrências regis-tradas e ligações feitas ao 190”. Por isso, é importante registrar qualquer ocorrência em uma delegacia, a fim de chamar a atenção para o proble-ma. A delegacia mais perto da Ponte do Mar Pequeno é o 2º DP de São Vicente, que fica na Rua José Adria-no Marrey, 408, na Cidade Náutica.

Ponte do Mar Pequeno, que liga Praia Grande a São Vicente, é cenário de violência

João Gabriel Suaed

Juliana Justino

Joao gabriel Suaed

O transporte público de Praia Grande e também a rede intermu-nicipal de ônibus têm sido alvo de muitas críticas por parte dos mu-nícipes. As falhas mais comuns são os atrasos, insuficiência de coletivos em determinadas linhas, superlotação e o alto preço das passagens. Motivo de protestos em junho do ano passado, o pre-ço da tarifa faz com que Maria de Lourdes Evangelista dos Santos, auxiliar de serviços gerais, busque uma alternativa para se dirigir ao serviço.

Pedalando 14 quilômetros por dia, Maria diz que já se atrasou mui-tas vezes por causa do ônibus e a bicicleta foi à saída para evitar esse tipo de transtorno. “Hoje só uso ôni-bus em dias de chuva ou quando é extremamente necessário”, diz.

Ela conta ainda que sofre com a falta de ônibus na linha 13, que faz o trajeto Terminal Tatico ao Termi-nal Tude Bastos e passa pelos bair-ros Tude Bastos e Vila Sônia, onde mora. “Os coletivos demoram muito para passar e, quando passam, vêm lotados. Não há como pagar três re-ais (R$2,90) ou ir a pé nesse calor”, reclama.

A estudante Paloma Navarette também foi vítima das falhas. Ela

estudava em Santos e dependia das conduções municipais e intermunici-pais para se dirigir ao colégio. “Mui-tas vezes, chegava atrasada porque o ônibus do meu horário estava tão cheio que não parava”, afirma.

Paloma também conta que, cer-ta vez, sofreu um desmaio durante o trajeto, devido à superlotação do coletivo. “Cheguei a desmaiar por-que o ônibus estava lotado e muito quente. É muito caro para pouco ser-viço”.

Em entrevista a Gazeta do Lito-ral, a secretária de Transportes da cidade de Praia Grande, Raquel Au-xiliadora Chini, justificou o aumento das passagens e comentou sobre as queixas a respeito da falta de con-forto no transporte. “Esse reajuste representa uma cláusula contratual e foi dado depois de quatro aumentos seguidos no valor do óleo diesel. As preocupações com melhoria do con-forto nós teremos apenas a partir do próximo contrato. Meu objetivo é que as pessoas fiquem, pelo menos, sentadas”, afirmou.

No ano passado, houve um au-mento de 10,34% nas passagens, fato que gerou passeatas de protesto no município.

HistóricoPara Manuella Tavares, jorna-

lista e autora do blog Crônicas do

Coletivo, a cidade não melhorou significativamente sua qualidade no setor. Usuária há 17 anos, a jornalista contou que chegava a demorar mais tempo no trajeto Jardim Samambaia-Centro de Santos, com 31,8 quilômetros de extensão, do que no trajeto Ter-minal Jabaquara-Santos, com 76.

Para evitar esses problemas, ela passou a contar com o siste-ma do ônibus fretado. “Existem pessoas que buscam alternati-vas, como necessidade mesmo”, diz. Para ela, se os moradores protestassem mais, exporiam outros problemas da cidade, como, por exemplo, a malha

cicloviária, que não suportaria o grande número de ciclistas.

Em 1996, a jornalista lem-bra que havia outras empre-sas atuando na cidade, como a Marazul e a Aviação. Hoje, só existe a Piracicabana. “O mo-nopólio é o grande problema do transporte na cidade”, afirma.

Falta ônibus em Praia Grande

Translitoral é multada por problemas no transporte

O Procon aplicou uma sanção de mais de R$ 250 mil. A concessionária aguarda decisão judicial

Movimentaçção de passageiros é intenso em Guarujá

10 Edição e diagramação: João Pedro Diwan PRIMEIRA IMPRESSÃO Fevereiro de 2014

rafe aguiar

Falta de higiene. Tarifa injusta. Enumerar as deficiências do transporte público em Guarujá exige tempo e paciência, para quem utiliza o serviço. Não é difícil encontrar histórias que comprovem o descaso. Falta informação, abrigo nas paradas de ônibus. Com os dias contados, o contrato com a Translitoral – Transportes, Turismo e Participação Ltda acaba em junho de 2015 e passa a receber punições da Administração Municipal.

Os descasos obrigaram a Fundação Procon a aplicar uma multa no valor R$ 250. 986,67 em janeiro. A multa é referente a reclamações dos moradores quanto às más condições do serviço prestado. A Translitoral entrou com recurso e aguarda a nova decisão judicial.

A Advocacia Geral de Guarujá esclarece que a multa aplicada pelo Procon à empresa concessionária do transporte público municipal, é apenas administrativa, ou seja, envolve relações de consumo, pela violação dos direitos do consumidor. Neste caso, não se aplica quebra de contrato.

Após a lavratura da multa, o documento é encaminhado à Diretoria de Trânsito (Ditran),

que é o departamento gestor deste contrato. Se for confirmada violação contratual, o órgão pode emitir notificação prévia à empresa. O Procon não estipulou prazo para os reparos porque a Translitoral já vem

solucionando alguns dos problemas apontados.

A renovação com a concessionária ainda não está confirmada. A administração municipal vem estudando e realizando audiências

públicas para definir o melhor modelo.

A Prefeitura não confirmou se haverá aumento de tarifa neste ano. A concessionária desenvolve as planilhas solicitando o reajuste anualmente. No entanto, a Prefeitura ressalta que tratará do assunto em momento oportuno, e discutirá com a população se será válido o pedido, quando assim ocorrer. Até o fechamento desta edição, o reajuste não foi pleiteado pela empresa.

RespostaA Translitoral esclarece

que a quantidade de veículos e a definição dos intervalos são baseadas em avaliações de demanda de passageiros para cada faixa horária de operação e o dia típico de circulação (dias úteis, sábados ou domingos), sendo que o cumprimento da programação horária está diretamente ligado a condições normais de trânsito.

A concessionária observou também que, em razão da utilização do cartão transporte, os deslocamentos necessários também podem ser realizados com da integração gratuita, podendo o usuário utilizar duas linhas ao custo de uma única passagem.

Sobre falta de limpeza, a Translitoral afirmou que todos os

veículos são limpos e higienizados antes de iniciarem uma nova jornada de trabalho e, nos pontos finais, há equipes para realização da varrição ao longo da jornada de trabalho.

No mês de janeiro deste ano, instalou mais 20 novos abrigos metálicos nos pontos de ônibus de Guarujá. Os abrigos possuem assentos para os passageiros e espaço reservado aos cadeirantes.

Até o final de fevereiro, em uma nova etapa, serão aplicados em cada um destes abrigos novos, placa (testeira) com a identificação do local e mapa ilustrativo indicando as linhas que passam no ponto indicado, com informações sobre horários de início e término de circulação de cada linha em dias úteis e aos sábados, domingos e feriados. A Cidade possui um total de 258 abrigos de ônibus. A quantidade atende ao disposto no contrato de concessão da empresa com o município.

A Translitoral mantém um canal direto com o usuário, em casos de dúvidas, informações, reclamações e sugestões pelo Serviço de Atendimento ao Cliente (SAC), 3344-3004, de segunda a sábado, das 7 às 19 horas, e também pelo site www.translitoral.com.br.

Usuários reclamamdo serviço de balsas

alexa flaMbory

O problema das balsas que fazem a travessia Santos e Guarujá é uma discussão que não tem fim. Os usuários que dependem do serviço para atravessar de uma cidade para outra sofrem com o longo tempo de espera e, frequentemente, passam por testes de paciência, além de chegarem atrasados em seus compromissos.

Os usuários chegam a esperar 90 minutos na fila, sendo que, em dias normais, com o tempo de espera e a travessia, a viagem dura cerca de 8 minutos. Em média, 27 mil veículos utilizam diariamente o serviço de travessia. De acordo com a Dersa, empresa responsável pela administração do sistema de balsas do Estado de São Paulo, no ano de 2013, 10.005.834 veículos utilizaram o serviço. A taxa de travessia para carros é de R$9,10, já para motos o valor é de R$4,60. A empresa também faz a travessia de automóveis e camionetes com reboque, por R$18,40.

A jornalista Patrícia Araújo mora no município de São Vicente, mas trabalha de segunda a sexta-feira em Guarujá. Por causa da demora e também do alto preço da travessia, ela costuma variar a viagem para o trabalho entre carro e ônibus. “Há dias em que a demora não tem explicação. Às vezes, a fila ultrapassa o Canal 7, mesmo com todas as balsas em operação. Fico sem entender”, reclama.

Patrícia, por diversas vezes, deixa o carro em Santos e atravessa por meio da barca de pedestres para não passar pelo teste de paciência e chegar atrasada ao trabalho. “Um dia está tudo bem e no outro não. Em dias de chuva, a gente entende porque a balsa reduz a velocidade, mas, muitas vezes, não há fila e também fica parado. É um serviço instável”, conta.

A estudante Rafaela Biglia passa pelo mesmo problema. Moradora de Guarujá, a futura engenheira estuda em Santos e utiliza a travessia de segunda a sexta-feira. “No ano passado, cheguei a esperar uma hora e meia para voltar de Santos para o Guarujá e uma hora para ir de Guarujá para Santos. Eles dão preferência para as motos, já que são em maior quantidade”, diz.

Em dias normais, Rafaela espera cerca de 15 minutos na fila. Em relação ao preço da tarifa, a estudante diz que gasta mais de R$200,00 mensalmente. “Acho o preço caro, tendo em vista que a travessia não chega nem a um quilômetro”, desabafa.

Com o assessor de imprensa Rafael Cicconi, não é diferente. Ele utiliza o serviço da balsa de duas a três vezes por semana para ir à casa da sua namorada, que mora em Santos. Segundo Cicconi, é raro ele não enfrentar fila. “Já cheguei a desistir de ir por causa do comprimento da fila”, conta. Como a maioria dos usuários, ele não entende a causa da demora.

“Existem alguns informativos

nos painéis eletrônicos. Uma vez, o painel informava que a travessia estava atuando com sete balsas, cheguei dentro do bolsão e estava com duas balsas a menos. Eles informam e desinformam”, ressalta.

A reportagem entrou em contato com a Dersa por e-mail e por telefone. A repórter foi encaminhada para outro setor de comunicação e, até o fechamento desta edição, a assessoria de imprensa da Dersa e os demais setores relacionados não responderam à solicitação do jornal

Primeira Impressão.

Hora marcada A Dersa trabalha com o serviço de

agendamento de viagem, chamado de Hora Marcada, que chega a ser três vezes mais caro que o serviço normal. Na travessia Guarujá/Santos, por exemplo, a tarifa cobrada para carros é de R$9,10. Já o valor do mesmo serviço com hora marcada é de R$32,20 a ida e R$23,00 a volta. Pagando pelo serviço, o motorista tem o direito de embarcar por uma via prioritária.

Para fazer a reserva, o usuário deve acessar o site da Dersa (http://www.dersa.com.br/), clicar no menu travessias/hora marcada e, em seguida, abrir o link onde estão as explicações para o uso do sistema. A compra do serviço é feita pela internet e o pagamento por cartão de crédito. O horário da travessia deve ser marcado com, no mínimo, duas horas de antecedência.

Alexa Flambory

Rafe Aguiar

Fila do pedágio para a balsa que faz travessia de automóveis entre Santos e Guarujá: reclamações frequentes

Alexa Flambory

11Edição e diagramação: Carolina KobayashiPRIMEIRA IMPRESSÃO Fevereiro de 2014

Motoristas desrespeitam as leis de trânsito

Apesar de severas, as leis de trânsito não são respeitadas e é possível ver diversas cenas de imprudência no PaísCarolina Huerte

caroliNa huerte

Atravessar no sinal vermelho, parar na faixa de pedestres, estacionar em local proibido... Um péssimo exemplo, mas que já se tornou comum na vida das pessoas. Pequenas atitudes como essas acabam aumentando os índices de acidentes por imprudência no trânsito, que, desde 1980, já bateu o número de um milhão de óbitos no País.

Segundo o secretário de Trânsito e Segurança de Itanhaém, Silvio César de Oliveira, o que falta aos motoristas é a conscientização quanto a importância das leis. “Os condutores só conhecem as leis de trânsito na hora de tirar a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) e não se preocupam muito com isso, pois o maior objetivo deles é ser aprovado no exame técnico. Acho importante que as crianças e os jovens tenham acesso a leis de trânsito nas escolas”, diz.

O publicitário Thiago Teves, de 23 anos, dirige desde os 18 e já presenciou diversas cenas de motoristas que não respeitam as leis de trânsito.”Por mais que as leis de trânsito sejam bem abordadas nos cursinhos, já presenciei diversas cenas de imprudência, como, por exemplo, parar em vagas destinadas a deficientes e idosos, pessoas dirigindo na pista alcoolizadas e em alta velocidade, podendo provocar um acidente”, comenta.

O secretário diz ainda que é possível notar a falta de consciência desses condutores com uma boa conversa. “Se perguntarmos aos motoristas a diferença entre parar e estacionar, apenas 10% sabem a resposta correta”, diz. Para quem não

por exemplo, admite que já dirigiu sem cinto de segurança. “Ia até o mercado na rua do lado da minha casa, foi muito rápido, mas poderia ter sofrido um acidente”, completa. No final de 2013, a presidente Dilma Rousseff foi flagrada desrespeitando uma lei de trânsito, pois estava carregando seu neto, de três anos, sem a cadeirinha, uma infração gravíssima e acabou se desculpando

pelo twitter.

Educação no trânsitoHá cidades que estão procurando

mostrar a importância das leis de trânsito. Em Itanhaém, por exemplo, diversas ações já foram e estão sendo realizadas. “Fizemos palestras nas escolas para educar as crianças e os pais que já são condutores e, durante a Semana Nacional de Trânsito, de

18 a 25 de setembro, colocamos carros acidentados em pontos estratégicos para causar um impacto e sensibilidade nos motoristas”, conta Oliveira, citando também o projeto Educando para o Trânsito, um circuito em que as crianças dirigem carrinhos e aprendem as leis de trânsito. “Esse projeto é aplicado em todas as escolas municipais”, completa.

Placa alerta os que não respeitam vagas exclusivasViNíciuS aNSelMo

Santos sofre com um problema sério quanto a vagas especiais no trânsito. De acordo com o Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) existem 201 vagas para deficientes e 110 para idosos. O período de permanência máxima é de 2 horas, sendo necessário o uso do cartão em local visível. O cartão pode ser retirado na CET com hora marcada por meio do telefone 0800 -7719.

Pensando em melhorar a situação de quem depende desse tipo de vaga, a CET implantou placas complementares para alertar motoristas a respeitar as vagas exclusivas. Já foram instaladas 61 placas nos bairros do Boqueirão, Centro e Vila Mathias.

A sinalização é colocada logo abaixo da placa de regulamentação e informa que os condutores que estacionam de forma irregular estão sujeitos a multa de R$53,20, acréscimo de três pontos na CNH e possibilidade de remoção do veículo. Na mensagem também consta que as penalidades estão previstas no Código de Trânsito Brasileiro, em seu artigo 181. As placas medem 27 cm x 17 cm.

Muitas pessoas que têm direito a vagas, mas não podem utilizá-las. É o caso do aposentado Joaquim de Assis. “Vou ao mercado toda quarta-feira e tenho dificuldades para estacionar, já vi muitos jovens usando minha vaga. Fica complicado”.

A campanha teve início em setembro, com a distribuição de folhetos informativos nas ruas e nos estacionamentos comerciais onde há vagas demarcadas. A segunda fase, consistiu na equipe de educadores da CET procurar veículos estacionados indevidamente e afixar no vidro retrovisor uma mensagem de reflexão, mostrando ao condutor que o carro está em um espaço que não o pertence.

Vinícius Anselmo

Motoristas desrespeitam vagas exclusivas voltadas aos deficientes, prejudicando o uso de quem tem direito

sabe, segundo o Código Brasileiro de Trânsito, em seu Anexo I, parar é a imobilização em curto espaço de tempo do veículo para o embarque e desembarque das pessoas. Já estacionar é o ato de parar o veículo, independentemente, se o veículo está ligado ou se o condutor está dentro.

Por mais que seja errado, quase 100% dos motoristas já praticaram algum ato de imprudência. Teves,

Na hora de estacionar, é possível perceber que os motoristas não se importam com a sinalização proibitiva

Caminhar:o transporte

do futuroDeixar os carros na garagem, abandonar o

transporte público e andar vem se tornando a maneira mais rápida de se locomover

Faixa Viva tem aceitação,mas precisa ser aprimorada

12 Edição e diagramação: Murilo CésarPRIMEIRA IMPRESSÃO Fevereiro de 2014

paula MatoS

Sinalizar para atravessar na faixa. Essa é a proposta do projeto municipal “Faixa Viva”. Desenvolvido a partir de outras cidades com trânsito similar, a proposta ainda tem muito a ser aprimorada, apesar do sucesso inicial. A questão principal é a sintonia entre veículos, motoristas e pedestres. Hoje, com três anos de implantação, a Faixa Viva ainda é motivo de discussão.

Na visão do presidente da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), Antônio Carlos Silva Gonçalves, a iniciativa precisa de melhorias em locais de maior movimento, como a implantação de faixas sinalizadas. Ele abordou também as mudanças visuais que serão realizadas nestas vias. “Estamos percebendo a cada dia uma aceitação maior dos motoristas, que estão se conscientizando sobre o uso das faixas”, cita Gonçalves.

A Faixa Viva é um projeto que começou há três anos em Santos e já é considerado sucesso pelo governo municipal. Segundo pesquisa realizada pelo Diário Oficial de Santos, a cidade reduziu o número de vítimas fatais no trânsito em comparação com 13 anos atrás. Naquele período, eram registradas 73 mortes por ano. Já em 2013 esse número caiu para 51 vítimas fatais. Alessandra Aparecida, vende-dora no bairro do Gonzaga, fala da falta de consciência das pessoas quanto à utilização dessas vias. “Todos os dias vejo pedestres tentando atravessar e percebo o quanto falta de consciência e educação para os motoristas, de modo que essas faixas funcionem bem. Eu mesma tenho dificuldades no dia a dia, espero que isso mude”.

Reinaldo Durante, que morou nos Estados Unidos durante 17 anos e voltou para o Brasil há dois, elogia a existência da Faixa Viva. Ele relata que teve momentos de pânico ao tentar atravessar as ruas em Santos. “Como lá a educação no trânsito é diferente e andávamos muito a pé, viemos com outros hábitos. Passei por situações em que achei que iria morrer por aqui. A Faixa Viva ajudou bastante nessa questão, mas as pessoas precisam se conscientizar mais, tanto os pedestres, quanto os motoristas”.

Já o técnico em radio-logia, Wagner Lima aponta problemas que os motoristas enfrentam. “Costumo respeitar e colaborar quando vejo que estou chegando próximo de alguma faixa viva e reduzo a velocidade. Já aconteceu de pessoas surgirem de repente à noite e eu precisar frear, correndo o risco do carro de trás bater no meu”. Consciência e educação de pedestres e motoristas são fundamentais para o êxito da iniciativa

Renan Fiuza

laíS diaS

Ficar esperando muito tempo, sem trégua do sol forte e com o preço que muitos dizem não condizer com as condições do transporte público de Santos, são alguns pontos fortes na hora de algumas pessoas escolherem deixar tudo isso de lado e resolver ir andando a um compromisso ou até mesmo para o serviço. Uma medida que, além de economizar e ajudar a saúde, também está sendo um meio mais rápido de chegar aos lugares.

Lúcia Maria de Souza, 34 anos, levava mais de uma hora no deslocamento até o local de trabalho, na Avenida Bernardino de Campos (Canal 2). Eram 40 minutos de espera pelo ônibus e mais 30 até o destino. Tudo isso enfrentando ônibus lotado, muito calor e um trânsito que não diminui em nenhum momento do dia. “Moro na Conselheiro Nébias, que não é muito longe do Canal 2 e já estava habituada a esperar pela linha 13, que faz esse trajeto. Mas nesse dia o ônibus estava mais de 20 minutos atrasado. Me aborreci tanto que resolvi ir andando. Cortei caminho por algumas ruas paralelas e demorei apenas 30 minutos. Passei a adotar essa prática todos os dias”, lembra a recepcionista.

A economia também pesou na decisão. Lúcia Maria pegava, em

média, duas conduções por dia, cinco dias na semana. Em um mês desembolsava R$116,00, dinheiro que atualmente está sendo depositado no cofrinho das filhas.

Outro adepto das caminhadas é o paulistano Carlos Ferreira. Morador de Santos há mais de uma década, o analista de sistemas, de 42 anos, resolveu sair de São Paulo para levar uma vida mais tranquila ao lado da esposa e dos dois filhos. Entretanto acabou se surpreendendo com o trânsito santista e resolveu deixar de lado qualquer tipo de transporte. “As pessoas me perguntam como eu faço para enfrentar esse calor, se eu não chego todo suado no trabalho. Claro que chego. Por isso me programo antes pra não pegar esse sol forte da manhã e ainda conseguir tomar uma ducha no vestiário da firma”, diz.

Para driblar a distância entre os lugares, ele preferiu morar perto do serviço e colocar os filhos em escolas perto de casa, o que tornou a tarefa de se locomover mais fácil e saudável. “Saímos de São Paulo para fugir do caos dos engarrafamentos, onde se gasta praticamente mais tempo dentro do carro do que em casa, e não fazia sentido usar o automóvel também em Santos”, acrescenta.

BicicletasOutra maneira de fugir do trânsito

e dos ônibus lotados é usar as bicicletas que foram disponibilizadas pela Prefeitura nos principais pontos de Santos desde o início do ano passado. Gratuito e com um sistema simples e fácil de acessar, quem escolhe esse meio de locomoção tem a opção de não precisar comprar uma bicicleta e poder utilizar as ciclovias que já estão presentes em boa parte da Cidade.

A estudante de Oceanografia Marina dos Santos se cadastrou logo que o sistema foi disponibilizado e desde então só anda de bicicleta. “Eu penso no meio ambiente e na minha saúde. Sou meio claustrofóbica e não suportava pegar uma condução lotada, principalmente nesse calor.

Passava muito mal”, conta.O aposentado João Almeida, de

68 anos, também se tornou adepto da ‘magrela’, como a bicicleta é conhecida popularmente na Baixada Santista. Segundo o aposentado, foi uma indicação do seu próprio médico para ajudar na circulação sanguínea. “Vou a todos os lugares de bicicleta, e já percebo que alguns problemas que eu tinha, principalmente nas pernas, melhoraram muito. Dá até pra enganar a idade”, brincou.

A saúde agradeceOutro fator que beneficia quem

adota essas práticas é a saúde. Segundo o cardiologista André Mattos, quem opta pelas caminhadas

reduz drasticamente os índices de colesterol, diabetes e estresse, diminuindo os principais causadores dos infartos. Ainda de acordo com o médico, quem pretende iniciar essa atividade deve passar pelos exames básicos para checar se está tudo em bom funcionamento e depois é só colher os bons frutos.

“É fundamental que, antes de começar qualquer exercício físico, um médico seja procurado e que todos os exames sejam feitos. É preciso que as pessoas evitem os horários de maior incidência de sol, procurando sair um pouco mais cedo de casa e sempre usar protetor solar”, recomenda o médico.

Renan Fiuza

Cada dia mais pessoas largam o transporte para caminhar: um meio mais prático e saudável

Renan Fiuza

13Edição e diagramação: Carolina KobayashiPRIMEIRA IMPRESSÃO Fevereiro de 2014

Helicópteros: alternativa contra o trânsitoEm todo o País, o movimento de helicópteros tem se tornado crescente e na Baixada Santista o mercado também é promissor

caroliNe Souza

Procurando uma saída para acabar com a dificuldade de se locomover por terra, economizando tempo e diminuindo o estresse que isso provoca, o uso de helicópteros tem atraído cada vez mais usuários.

Ao olhar para o céu, quem mora nas cidades da Baixada Santista, especialmente em Santos e Guarujá, já deve ter se deparado com esse tipo de transporte cada vez mais frequente.

Além da rapidez e conforto, o uso de helicópteros diminui o risco de sequestro, roubo, assalto e outras violências costumeiras do trânsito.

Em todo o Estado de São Paulo, o número de helicópteros tem aumentado a cada ano. Em 2001, eram 416; agora, são 727. Destes, 411 estão na capital, que se tornou a cidade com a maior frota de helicópteros do mundo, de acordo com a Associação Brasileira dos Pilotos de Helicóptero. Em todo o Brasil, até setembro de 2013, 2.038 aeronaves estavam registradas pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).

Segundo dados da agência, a Baixada Santista possui 21 helipontos, e as cidades que mais concentram esses lugares são Guarujá e Santos, com nove e cinco helipontos respectivamente. Em Guarujá, o do Sofitel Jequitimar, que tem capacidade para aeronaves de até seis toneladas, é um dos principais.

Apesar deste número, o sócio-diretor da RD Helicópteros, Ruy Novaes, acredita que a região ainda é carente de helipontos. “O que se observa é que existe um grande crescimento vertical, mas a maioria dos edifícios comerciais não têm helipontos. Além disso, muitos só aceitam aeronaves de condôminos ou visitantes das empresas do condomínio, mas não de terceiros.”

O voo de helicóptero é auto coordenado, ou seja, os próprios pilotos exercem o poder de decisão sobre seus voos, desde que respeitem

as regras previstas em legislação, como a altitude mínima, e declarem a capacidade de ver e serem vistos pelas demais aeronaves. Por isso não existem dados específicos de quantas aeronaves costumam circular pela Baixada.

De acordo com informações do Grupo Mendes, no heliponto do empreendimento, costuma haver em média um pouso por dia, sendo que quase a totalidade são para negócios, principalmente de executivos que vêm da capital para a região.

“O helicóptero é a opção de transporte utilizada por executivos e empresários para fugir dos constantes engarrafamentos na Capital. Em Santos, de olho no trânsito cada vez mais difícil, procuramos oferecer esse serviço”, explica Novaes.

A RD Helicópteros é a única empresa na região a disponibilizar esse tipo de serviço aéreo. Para Novaes, a Baixada tem um grande

potencial a ser explorado. “Queremos dar mais um diferencial à cidade, oferecendo serviços de qualidade ao turismo corporativo e ao setor empresarial”.

Segundo o sócio-diretor da empresa, entre os voos mais procurados estão os executivos, de estudos, acompanhamento de obras e eventos, fotojornalismo e panorâmicos corporativos.

Fotos aéreas

Na região, é comum o uso desse transporte para a realização de fotos aéreas. Com dez anos de experiência e mais de 500 horas de voo, o fotógrafo Sérgio Furtado é quem mais realiza este tipo de trabalho. “Sempre que algum cliente precisa de fotos novas ou precisamos “alimentar” nosso site decolamos. Voamos aproximadamente seis vezes ao mês e os voos duram em média

duas horas por decolagem”, conta. O fotógrafo Flávio Meyer, que

faz fotos aéreas mensalmente desde 2010 e fotografa diferentes regiões do Brasil, expôs recentemente seu trabalho Gigantes em Miniatura em Santos. “Diferentemente do Rio de Janeiro e de São Paulo, em Santos o voo é muito mais livre, com poucas restrições de espaço aéreo”.

Para os fotógrafos é sempre melhor decolar com os pilotos que já estão acostumados com o tipo de serviço realizado, pois já sabem os ângulos, a velocidade e altitude que os profissionais precisam para fotografar.

Mas quem está pensando em usufruir desse meio de transporte saiba que os voos não são baratos. De acordo com a RD Helicópteros, que possui sete tipos diferentes de aeronaves, os executivos costumam procurar pela Augusta, que tem capacidade para até seis passageiros e custa R$8.500,00 a hora voo, sem

contar as taxas aeroportuárias, que incluem o valor dos atendimentos de pista.

Mercado de TrabalhoCom a crescente utilização

desse meio de transporte não só na Baixada Santista, como em diversas outras cidades brasileiras, investir na carreira de piloto pode ser um bom negócio.

Para trabalhar na área, são necessários cursos específicos. Em Santos, a Escola de Aviação de Congonhas é a única a oferecer esse tipo de curso. A formação de piloto de helicóptero é dividida em duas etapas: primeiro é preciso se formar como piloto privado, o que garante autorização apenas para pilotar o próprio helicóptero ou de terceiros sem remuneração. Apenas após a conclusão da segunda etapa, a de piloto comercial, é possível trabalhar remunerado.

A primeira etapa consiste em cinco meses de curso teórico, que custa cerca de R$ 2 mil, e 40 horas de voo, sendo que cada hora custa em média R$ 800,00, totalizando R$ 32 mil.

Na segunda etapa, o aluno precisará investir mais R$ 2 mil na parte teórica e R$ 48 mil na parte prática, já que a exigência é de mais 60 horas de voo.

Mas de acordo com a escola, quem se forma como piloto não fica sem emprego. “A Baixada Santista está crescendo cada vez mais nessa área e a remuneração inicial varia de R$ 5 a 8 mil, podendo chegar até R$ 18 mil”.

Paulo Ortega, piloto do Grupo Mendes desde 2004, iniciou a carreira em 1984 como piloto de avião e, em 1996, de helicóptero. Para ele o mercado da Baixada Santista é promissor. “Sem dúvidas o mercado irá crescer, principalmente devido as operações da Petrobras e do desenvolvimento da região e do pré-sal”.

Para ingressar no curso de piloto de helicóptero, é preciso ter mais de 18 anos e ensino médio completo.

Helicópteros são opção de transporte para aqueles que querem fugir dos congestionamentos

Profissão que às vezes vale a vida

raphael riNaldi

É cada vez mais frequente o número de acidentes envolvendo motociclistas em todo o país. Em dez anos, o número de mortes no trânsito aumentou 263,5%, segundo dados do Sistema de Informações de Mortalidade (SIM), criado pelo Ministério de Saúde. Em 2011, ocorreram 11.268, contra 3.100, em 2001. Estes são os dados mais recentes disponíveis, tendo em vista que os registros das tragédias levam até dois anos para serem contabilizados, segundo o Ministério da Saúde.

Nas estatísticas, o salto no número de mortes em acidentes com motos supera os acidentes fatais de trânsito em geral, que envolve carros, caminhões, ônibus, pedestres. Em 2011, foram 42.425 óbitos contra 30.424. Em 2001, registrando uma alta de 39%.

Porém, o número de veículos sobre duas rodas aumentou consideravelmente. A quantidade de motos emplacadas no Brasil saltou de 4.611.301 unidades, em 2001, para 18.442.413, em 2011, segundo a Associação Brasileira

dos Fabricantes de Motocicletas e Similares (Abracilo), com base em números divulgados pelo Departamento Nacional de Trânsito (Denatran).

Apesar da grande quantidade de acidentes, não são poucos os que ganham a vida trabalhando sobre as motos. Gustavo Menezes é motoboy há três anos e alega que já passou por diversas situações onde achou que perderia a vida. “Uma vez fui fazer uma entrega, em um dia de muita chuva, quando ultrapassei o carro, uma criança apareceu na minha frente. Ela atravessou a rua no sinal vermelho. Consegui desviar dela, mas não deu para me equilibrar. Caí e fui deslizando. Por sorte não passava nenhum carro naquela hora. O ruim é que a entrega do cliente estragou”, comenta com bom humor.

Mesmo estando com a razão no acidente, Gustavo disse que nem sempre respeita as leis de trânsito. “Às vezes, passo o sinal vermelho, ou ultrapasso o limite de velocidade em algumas vias. Não é por má intenção, eu tento fazer as entregas o mais rápido possível para deixar o cliente satisfeito”, confessou.

Caroline Souza

Acidentes com vítimas fatais envolvendo motos supera números envolvendo os demais tipos de veículos

Rubens Santos também tinha o mesmo costume de Gustavo. Não respeitava algumas leis para satisfazer o cliente. Porém, esta mesma atitude, o fez sair da profissão. “Passei por um sinal vermelho em alta velocidade e não vi que vinha um carro no cruzamento. Só me lembro da hora da batida e eu acordando no hospital com a perna

quebrada”. Depois disso, Rubens optou por escolher outra profissão e hoje é vendedor de pastel. “Moto é minha paixão, mas minha mãe e minha namorada me convenceram a seguir outro rumo, declarou.

Desde 2009 foi regulamentada uma lei exigindo especializações para tornar-se motoboy. É necessário ter idade mínima de 21 anos, habilitação

Raphael Rinaldi

de dois anos na categoria A e ser aprovado em curso especializado e regulamentado pelo Contran. Os órgãos de trânsito regionais terão a responsabilidade de fiscalização dos cumprimentos das leis.

Com essas normas, a tendência é que o número de acidentes com motoboys reduza, consequentemente, e abaixe os riscos da profissão.

luiz heNrique aNtuNeS

Ser taxista não é uma das tarefas mais fáceis quando se trata de enfrentar o estresse do trânsito. Ter que lidar com motoristas que não usam a seta ou fazem ultrapassagem perigosa é o risco a ser lidado. Nesse cenário, o condutor que se sente prejudicado lança uma enxurrada de palavrões contra o apressado. Diferente de algumas metrópoles, Santos mostra um trânsito menos briguento e mais consciente.

Há 17 anos como taxista, Camilo Paula Peres, 60 anos, trabalha no ponto de táxi da Rua Lobo Viana. Para ele, assumir o erro é a melhor saída. “Já tive oportunidade de brigar, mas sempre evitei. O meio mais fácil é pedir desculpa se estiver errado e perdoar se for prejudicado. A maior solução é a conversa”.

Peres segue contando um caso na qual a educação foi a melhor saída: “Fui levar uma senhora até a universidade para idosos e, quando cheguei ao local, não havia espaço para estacionar. Parei o carro na pista da direita para deixar o outro lado livre. Dois homens num carro passaram e gritaram: “Ó, folgado!.” Ao deixar a passageira, encontrei o mesmo carro no semáforo à

frente e fui logo perguntando: “Por que folgado? Deixei a faixa da esquerda livre para o senhor passar. Se fiz algo de errado foi sem intenção.” Os dois rapazes me olharam feio e inesperadamente pediram desculpa”.

CETCom 420 quilômetros de vias,

Santos tem um dos maiores números de veículos por habitante no Brasil, chegando à marca de 1,4 habitantes/veículo. Mesmo com esses dados, o presidente da Companhia de

Engenharia de Trafego (CET), Antonio Carlos Silva Gonçalves, explica que casos de violência no trânsito não são tão recorrentes: “O motorista santista é mais passivo. Casos de brigas não são tão expressivos mesmo com tantos

veículos nas ruas. Por outro lado, acidentes envolvendo atropelamentos acontecem muito mais. Nesse sentido, não temos campanhas específicas para esses fatos. Esse é um lado positivo do comportamento dos nossos condutores”.

“Posso olhar, doutor?”Flanelinhas fazem parte do cotidiano de todo o motorista, muitas vezes coagindo e extorquindo

14 Edição e diagramação: Carolina Kobayashi PRIMEIRA IMPRESSÃO Fevereiro de 2014

Nicole Siqueira

O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, em março de 2013, que o trabalho informal de flanelinha não é contravenção. A decisão foi tomada com base na lei 6242, de 23/09/1975, regulamentada pelo decreto 79.797 de 08/06/1977, que prevê a figura do guardador de veículos. Porém, extorsão é crime e, se for cometida por um desses profissionais, deve ser denunciada à polícia. A extorsão consiste em obrigar alguém, mediante violência ou grave ameaça, a deixar de fazer ou fazer algo contra a sua vontade.

Foi o que aconteceu com Eunira Maria de Souza, que, cansada de ser abordada por flanelinhas toda vez que ia a um supermercado em Praia Grande, resolveu não pagar e denunciar a extorsão para o gerente do estabelecimento. “Ele alegou que não poderia fazer nada, explicando que só a Guarda Municipal ou a polícia poderia fazer algo. Quando voltei ao estacionamento, meu carro estava arranhando e com os quatro pneus furados. Não tomei quelquer providência e agora prefiro pagar o que eles pedem”.

Algumas cidades, como Ribeirão Preto (SP), Novo Hamburgo (RS), Salvador (BA) e Porto Seguro (BA), proibiram a atuação de flanelinhas. Há pela Internet abaixo-assinados que pedem pela proibição em lugares como Maringá (PR), Sobral (CE) e Recife (PE). O blog Liga Nacional Anti-flanelinha pede o fim da prática no Brasil todo e compartilha notícias sobre assunto.

Na Baixada Santista, a Delegacia Seccional de Santos faz um cadastro para identificar os indivíduos que atuam como flanelinha. Desde 2010, foram cadastradas 344 pessoas, das quais 75% de Santos, 15% de São Vicente, 10% Praia Grande e 5% Cubatão, Guarujá e Bertioga.

Segundo o delegado da Delegacia Seccional, Rony da Silva Oliveira, o

objetivo do cadastro da Polícia Civil não é o de regulamentar a profissão e, sim, identificar os indivíduos. “A preocupação da Polícia Civil com os flanelinhas é o da segurança pública. O cadastro procura manter um controle que identifique os flanelinhas que atuam na área”, explica Oliveira.

Um dos desafios da Copa do Mundo de Futebol será impedir os flanelinhas de ficarem em volta dos estádios. Em dia de jogo, as ruas em volta dos estádios ficam tomadas pelos flanelinhas, que cobram até R$ 50 por uma vaga. Diego Ferreira foi a São Paulo assistir ao jogo entre

Corinthians e São Paulo, pegou trânsito devido às interdições feitas pela Companhia de Engenharia Tráfego (CET) e, quando chegou ao Estádio do Pacaembu, já não havia vagas. “Um flanelinha me abordou, me cobrou o preço do ingresso que era de R$ 30, mas entramos em um acordo para pagar R$ 20. Ao final do jogo, subi a rua e havia três carros com muita gente em volta. Um estava com os vidros quebrados e outro com a porta entortada e, por sorte, o meu estava intacto, mas não havia nenhum flanelinha no local”, conta Ferreira.

Não são todos os flanelinhas que

agem de má fé. Raphael da Silva de França, de 19 anos, trabalha desde os 10 anos para ter uma pouco de independência financeira e não precisar da ajuda dos pais. “Com o dinheiro que eu ganho aqui dá para sempre comprar uma coisinha, como um botijão de gás”, afirma.

Na contramão, cidades como Brasília, Manaus (AM) e Natal (RN) têm associações que regulamentam os flanelinhas. Para o delegado Rony Oliveira, proibir não é a melhor solução. “O melhor é um policiamento preventivo apto a inibir excessos por parte daqueles que se

propõem a guardar veículos em vias públicas, ficando claro que o cidadão só irá retribuir o serviço se entender que é o caso, pois nada garante ao guardador de veículo pagamento pelo fato dele tomar conta de veículo em via pública”, opina.

Quem for vítima de algum abuso cometido por flanelinhas deve acionar a Polícia Militar para conduzir o infrator ao Distrito Policial, se possível com testemunhas. Ou deve comparecer a uma delegacia posteriormente para registrar ocorrência e tentar identificar o flanelinha por meio dos álbuns específicos.

Motorista sendo abordado por policiais militares em razão de eventual infração cometida

Infrator sim, brigão não

Flanelinha e motorista negociam lugar próprio para estacionar automóvel; na região, 344 pessoas foram cadastradas pela Delegacia Seccional

Renan Fiuza

Nicole Siqueira

Nicole Siqueira

Acidentes são a segundamaior causa de mortes

Estudo mostra que jovens são as principais vítimas no Brasil

Renan Fiuza

VaNeSSa piMeNtel

Os acidentes de trânsito ainda são a segunda maior causa de mortes no Brasil. É o que mostra o último levantamento realizado pelo Observatório Nacional de Segurança Viária, no ano passado.

Com base nos pedidos de indenização ao DPVAT (Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Via Terrestre), o seguro obrigatório de veículos, o

estudo apontou que os acidentes com mortes ou invalidez permanente só crescem., tanto que o número de vítimas aumentou de 57.116 em 2008 para 60.752, em 2013.

Os jovens ainda são as principais vítimas e os acidentes com motos, os mais frequentes. Geralmente, a motocicleta é o primeiro veículo que um jovem de 18 anos consegue comprar e pelo pouco tempo de experiência no trânsito, aliado à imprudência, pode acabar se

envolvendo mais facilmente em desastres.

O estudo revelou também que 74% das pessoas que tiveram invalidez permanente (paraplegia, tetraplegia, mutilação e lesões neurológicas) estavam em motocicletas.

SegurosAs vítimas de acidentes de

trânsito que ficarem com sequelas direito de receber os benefícios sociais.

O seguro DPVAT é um deles e

a indenização é paga mesmo que a pessoa não dirija. Ele é pago obrigatoriamente por todos os proprietários de veículos.

As indenizações são obtidas em três circunstâncias: morte; invalidez permanente; ou nos casos em que o acidente tenha gerado despesas médicas e hospitalares.

A aposentadoria por invalidez também é um direito dos trabalhadores que, devido ao acidente, forem considerados pela

perícia médica da Previdência Social incapacitados para exercer suas atividades ou outro tipo de serviço que lhes garanta o sustento.

O Governo tenta, por meio de campanhas publicitárias e nova legislação, como a Lei Seca, conscientizar os motoristas e tentar diminuir os R$ 40 bilhões gastos anualmente em despesas hospitalares, danos ao patrimônio e benefícios previdenciários pagos às vítimas ou a seus dependentes.

15Edição e diagramação: Carolina KobayashiPRIMEIRA IMPRESSÃO Fevereiro de 2014

Em 2004, Heitor Mariano. voltando para casa pela avenida Marechal Deodoro, em São Vicente, um automóvel bateu na traseira de sua moto e o motorista foi embora sem prestar socorro.

Na queda, duas vértebras torácicas foram quebradas. As vértebras que Mariano fraturou tiraram dele o movimento das pernas, tornando-o paraplégico.

“Descobrir com 20 anos de idade que você não poderá mais andar não é legal. Por alguns segundos a revolta toma conta da cabeça. Praticava esporte desde criança e sonhava em viver disso. Sabia que através da superação, voltaria a praticá-lo. Só não imaginava qual modalidade, pois agora teria de ser um esporte adaptado”, lembra o atleta.

Em 2009 realizou sua primeira competição de pedestrianismo e não parou mais. Hoje, com 29 anos, o atleta obteve inúmeras conquistas na carreira. A última delas foi o primeiro lugar na meia-maratona de

Miami, no fim de janeiro. Ele venceu a prova em tempo recorde e agora se prepara para os Jogos Paraolímpicos do Rio de Janeiro, em 2016.

André Martins Fonseca também teve de mudar a rotina depois de um acidente de trânsito. Há cinco anos, ele era motoboy de uma pizzaria em Itanhaém e no retorno de umas das entregas, um motorista que vinha na pista contrária entrou na contramão e acertou sua moto.

Ele ficou 38 dias em coma. Quando acordou, descobriu que tinha sido contaminado por uma bactéria chamada síndrome compartimental, em que o músculo sofre pressão e enrijece a pele até ela se abrir. Após 24 cirurgias, sem sucesso, tomou a decisão de amputar a perna.

“Não é uma decisão fácil de tomar e os médicos não podem fazer isso sem autorização do paciente. Como eu estava consciente e cansado daquela luta em vão durante um ano, decidi assinar os

papéis e autorizar a amputação. Foi um alívio me livrar daquela dor”, diz Fonseca.

Adaptou-se rápidamente à prótese e faz parte dos times de vôlei e futebol paraolímpico de Itanhaém. “Faço tudo o que fazia antes, inclusive dirigir. Sou mais lerdo em minhas atividades diárias, mas a vida é normal”, afirma André, que passou também em um concurso público e hoje trabalha no Centro de Zoonoses da cidade.

Mas nem todas as vítimas de acidentes se recuperam desta forma. É o caso de Robson Gonçalves, que depois de um acidente grave de carro, em 2008, sofreu fratura do fêmur e desenvolveu uma artrose no joelho que o impede de exercer a antiga profissão.

“Era gerente de vendas e trabalhava externamente, atendendo os clientes. Agora não posso mais ficar muito tempo em pé”, conta Gonçalves, aposentado aos 36 anos por invalidez.

Vítimas se adaptam à nova realidade

Mais de 60 mil vítimas fatais ou com invalidez permanente foi o saldo dos acidentes de trânsito ocorridos no ano passado

eduardo corrêa

Como uma das alternativas para reduzir o tempo de viagem nos deslocamentos em Santos, o Sistema Bike Santos foi inaugurado em novembro de 2012. Criado pela Prefeitura em parceria com a empresa Samba Transportes Sustentáveis, consiste em disponibilizar bicicletas públicas em diversos pontos estratégicos, em “estações inteligentes” conectadas a uma central de operações via wireless, alimentada por energia solar. Os usuários se cadastram gratuitamente e retiram a bicicleta podendo utilizá-la por até 45 minutos a baixo custo.

De acordo com Regiane Duarte, assessora da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), após 16 meses de utilização, relatórios apontaram uma boa aceitação da população. Foram 28.142 viagens em dezembro/2012; 44.524 em janeiro/2013; 46.292 em fevereiro/2013; 52.157 em março/2013.

O mês de janeiro deste ano registrou 60.866 viagens e o sistema conta com 51 mil usuários cadastrados. “Após o novo contrato com a empresa responsável, foi possível ampliar as vantagens do Bike Santos, como o passe diário, no valor de R$5,00, válido por até 24 horas”, explica, lembrando que agora o cadastramento é gratuito e pode ser feito pelo celular.

O projeto Bike Santos integra uma estratégia da Prefeitura que tem como objetivo incentivar o transporte não poluente de curtas e médias distâncias, vindo ao encontro às necessidades do município. Devido ao processo de crescimento econômico, a cidade viu sua frota de veículos aumentar, o que impactou diretamente na qualidade de vida na cidade. Atualmente, são 290 mil veículos para uma população de 420 mil habitantes.

Mesmo sendo cedo para avaliar

os reflexos do Bike Santos no trânsito da Cidade, é possível afirmar que houve migração tanto do transporte público quanto privado para o Bike Santos. Pelo crescente número de usuários cadastrados, dá para perceber que trabalhadores e estudantes estão substituindo a utilização de veículos particulares pela bicicleta.

Esse é o caso de Paulo Henrique Garcia, 21, estudante, que utiliza o Bike Santos sempre que o tempo está agradável, tanto para lazer quanto para ir à faculdade. “Gosto de aproveitar o calçadão da praia, a ciclofaixa está lá para isso”, afirma. Já para Flávio Teixeira, 39, o Bike Santos não seria a melhor opção para deixar o carro em casa. De

acordo com ele, pelo fato de levar o filho à escola na parte da manhã, não há como deixar o veículo em casa no momento. “Como não costumo andar de bicicleta, deixo meu filho na escola antes de ir trabalhar”, diz.

FuturoO projeto deve ganhar mais sete

estações a serem implantadas a partir deste mês, sendo cinco delas na Zona Noroeste, além de mais 70 bicicletas que devem ser colocadas para utilização. Hoje, o Bike Santos mantém 30 estações e 300 veículos. Regiane conta que funcionários da CET fazem inspeções diárias nos equipamentos para garantir a conservação e funcionamento.

O contrato assinado em novembro do ano passado estabelece punições para a empresa responsável que podem ir de R$ 150,00 a R$ 900,00 por dia por qualquer falha nos equipamentos. “Isso garante uma punição quando houver falhas na operação no call center, estações sem oferta de bicicletas ou de vagas por mais de uma hora, estações fora do ar, bicicletas com problemas de manutenção etc”, diz Regiane.

Além disso, com a viabilização do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), haverá uma integração ao sistema do Bike Santos com o novo modelo de transporte e os ônibus convencionais. em breve, os usuários poderão, em breve, fazer a

retirada da bicicleta com o cartão-transporte.

A empresa Serttel já está instalando nas estações leitores de cartão smart-card. Com isso, não será mais necessário a utilização de telefone celular ou aplicativo para liberar a bicicleta.

O cartão-transporte é o mesmo que é utilizado nos ônibus da Viação Piracicabana.

Ao que tudo indica, outras cidades da Baixada Santista pretendem implantar sistemas semelhantes.

De acordo com Regiane, representantes de alguns municípios já entraram em contato com CET-Santos a fim de receber informações sobre o projeto.

Como alternativa para melhora do trânsito, Bike Santos deve ganhar mais sete estações

Depois de um ano, Bike Santos aparece como solução

Apontado como alternativa para reduzir tempo de viagem, sistema foi bem recebido pela população

16 Edição e diagramação: Carolina KobayashiPRIMEIRA IMPRESSÃO Fevereiro de 2014

Renan Fiuza

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Trânsito requer mais educação e paciência

Campanhas de educação no trânsito promovem cuidados de segurança e prevenção de acidentese estimulam o respeito ao próximo na convivência urbana

Mara MeNezeS

Temperatura entre 30 e 40 graus, um sol de lascar, e um trânsito de milhares de carros em direção ao litoral todo fim de semana. Algumas mídias chegam a divulgar o número na casa dos 100 mil veículos. Todos têm pressa de chegar e poder curtir mais tempo de folga longe da rotina do trabalho ou dos estudos.

A população na Baixada Santista durante os meses de férias de verão se multiplica chegando à casa dos milhões. Esse mundão de gente circula incessantemente pela cidade, em meio aos que vivem aqui e precisam chegar ao trabalho.

Nas ruas, é um cruzar interminável de carros, ônibus, caminhões e motocicletas em todas as direções. Isso se somando aos pedestres, que se lançam à sorte na tentativa de atravessar as ruas.

Cruzamentos, semáforos, lomba-das, engarrafamentos, motocicletas acelerando pelos corredores en-tre os carros. Veículos que se movem lentamente procurando estacionamento ao longo da avenida, bloqueando a fluidez do trânsito.

As pessoas irradiam eletricidade no ar. Ânimos se alteram com mais facilidade. Sandra de Souza, 45, comerciária, relata que, ao passar pelo semáforo da Avenida Epitácio Pessoa com o Canal 4, o sinal ficou amarelo, e ela se preparou para parar. O motorista do veículo de trás, freou bruscamente, desviou-se dela e passou o cruzamento já no sinal vermelho. Não antes de fazer-lhe um sinal obsceno com as mãos.

A pressa de chegar ao destino, a impaciência, o estresse à flor da pele. Como evitar as trombadas de intransigência e os pavios curtos?

Campanha institucional

Adriano Mosna é especialista de educação no trânsito pela Companhia de Engenharia de Tráfego (CET). É ele quem coordena as campanhas educativas.

A praia foi dividida em trechos e foram montadas barracas e balões Atores fantasiados encenaram situações bem-humoradas mas com uma mensagem de comportamento para segurança e bem-estar de todos no trânsito. As crianças receberam pulseirinhas de identificação e foi lhes ensinada a importância do uso do cinto de segurança e da cadeirinha no carro.

Foram divulgadas também normas

a serem seguidas pelos ciclistas que pedalam pelas ruas e ciclovias da cidade. A orla é fiscalizada por até quatro funcionários da empresa de tráfego, que circulam de bicicleta.

A CET também deu orientações para o núcleo da terceira idade. Foram ministradas palestras sobre como cruzar a rua com segurança, o uso das faixas de pedestres, e o momento adequado para realizar um cruzamento seguro.

Na areia foi distribuído material impresso lembrando os motoristas habilitados, sobre o perigo de se combinar a bebida alcoólica e o volante.

Na última semana de fevereiro foi lançada uma nova campanha

voltada principalmente para os foliões e turistas do período de Carnaval. O objetivo foi o de alertar e conscientizar os foliões sobre os perigos constantes com bebidas alcoólicas e promover um feriado mais agradável com pessoas mais conscientes e habilitadas a conduzir com segurança no trânsito. Houve distribuição de 30 mil ventarolas educativas em universidades, tendas da praia e clubes. Faixas foram distribuídas e fixadas em pontos estratégicos da cidade. Atores estiveram nos cruzamentos de Santos distribuindo material gráfico que alertaram a todos sobre o risco de ingestão do àlcool antes de dirigir, o uso do cinto de segurança,

e a segurança das crianças dentro dos carros.

Faixa VivaEsse processo educativo lembrou

ainda a “Faixa Viva” que é uma campanha lançada pela Prefeitura de Santos e a CET em maio de 2011. A ação incentiva o pedestre a estender o braço, pedindo preferência de passagem em faixas de travessia em que não haja semáforos.

No Código de Trânsito Brasileiro, no artigo 70, é prevista a preferência do pedestre numa faixa de travessia onde não há semáforos. Os motoristas, ao se aproximarem de uma faixa e avistarem o pedestre solicitando a prioridade, devem fazer com que a parada seja segura que a parada seja segura, e então parar o veículo. O pedestre deve certificar-se de que os carros tenham parado e só atravessar quando sentir que é seguro.

No entanto, há queixas de que muitos motoristas ignoram ou fingem que não veem os pedestres pedindo passagem. Maria Laus, 65, avó de três crianças, tentava atravessar com seus netos uma esquina do bairro Campo Grande. “Tive de esperar vários minutos antes que algum motorista desse crédito ao meu braço estendido. Me olhavam como se eu fosse alguma maluca ali fazendo sinal pra eles.”

O presidente da CET, Antônio Carlos Gonçalves, afirmou que este ano as faixas-vivas receberão nova pintura com as palavras “faixa-viva” pintadas sobre elas em ambas as direções. A campanha lançada em Santos visa, além do cumprimento da legislação, a promoção da cidadania reacendendo valores como a gentileza e respeito ao próximo na convivência urbana.

CET ensina educação no trânsito: lançado em maio de 2011, projeto Faixa Viva tem apresentado bons resultados

Condutores de primeira viagem enfrentam novos desafios

thaMiryS teixeira

A Carteira Nacional de Habilitação (CNH) é o desejo de muitos jovens que estão próximos de completar 18 anos ou também daqueles que, por algum motivo, adiaram esse sonho. A autoescola é o primeiro passo para quem quer aprender a dirigir. Houve um aumento de 59% na emissão de novas CNHs nos últimos 10 anos segundo pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE 2012).

O processo não é complicado. Para tirar a habilitação, seja na categoria A (motocicleta), B (automóvel) ou A e B, é necessário ser maior de 18 anos, saber ler e escrever, ser penalmente imputável e possuir os documentos básicos de identificação. Depois de aprovados no exame de habilitação, os candidatos ganham permissão para dirigir com validade de um ano. Recebem a carteira definitiva os condutores que não cometerem infração grave ou gravíssima nesse período.

Caso o candidato cometa alguma infração nessas categorias, ele faz uma reciclagem, presta novos exames, renova sua permissão e passa mais um ano com a CNH

temporária.

Simular antes de vivenciarA partir de junho deste ano,

entram em vigor as novas medidas do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran). A novidade será a obrigatoriedade de cinco aulas em simuladores. O equipamento pretende desenvolver as habilidades sensoriais e motoras do condutor, assim como os conhecimentos teóricos das regras de trânsito.

Maria Cristina Hoffmann, coordenadora de qualificação do fator humano no trânsito do Denatran, explica que o objetivo do simulador é tornar o aprendizado mais prático. “São aulas de 30 minutos, nas quais ele vai ter chuva, neblina, fogo na estrada, um pedestre que vai atravessar a via na frente dele e a questão da sinalização”, explicou. “Se o aluno aumentar a velocidade virá a anotação de que ele infringiu uma legislação e qual é o artigo que ele infringiu”, complementou.

O processo para habilitação de motocicletas, também terá mudanças. “Com esse outro circuito do simulador, ele vai ter a parte de frenagem, e outras situações da vida real”, explicou a coordenadora, garantindo que o Denatran está

propondo novas medidas para tornar o exame de motociclistas mais rígido.

Segundo Antônio Pereira Silva, subgerente da Auto Moto Escola Orla, em Santos, o aparelho custa entre R$ 35 mil e R$ 45 mil (preço aproximado de um carro 0km) e resultará em um reajuste de aproximadamente 18% no custo da primeira habilitação, devido aos investimentos que serão feitos para a compra dos equipamentos (de R$ 1.720,00 a R$ 2.020,00 – Categoria AB). Até meados de fevereiro, os simuladores de trânsito ainda não haviam chegado às autoescolas da Baixada Santista. Enquanto isso, as autoescolas continuarão fechando planos de aula no método tradicional, sem o acréscimo de 18% no valor.

Opiniões divididas

A novidade causou polêmica. A professora e orientadora educacional Ana Lúcia Brito, habilitada há 25 anos, não concorda com essa medida. “A educação no trânsito deveria começar desde a infância. Isso formaria adultos mais conscientes.” A professora não acha os simuladores realmente necessários, pois os outros meios de transporte, como bicicletas (elétricas ou não) e até os próprios pedestres não têm noções

de educação no trânsito. “Se trata de mais uma forma de tirar dinheiro do povo”, desabafa.

Já a comissária de bordo Thais Duarte é a favor dos simuladores. Ela procura algo que ajude o aluno a ter uma ideia do que pode enfrentar em dias diferentes. “Nem sempre nas aulas práticas vou poder vivenciar variações climáticas... creio que o

simulador vai me deixar preparada.” Quanto ao pagamento, Thais não terá ajuda da família, porém vem se preparando para arcar com o custo das aulas desde os 18 anos. Mesmo sendo a favor, a comissária reconhece que poderia aprender sem o simulador. “De certa forma, não passa de um videogame de última geração. É um “jogo” bem salgado para o bolso.”

Thamirys Teixeira

Os simuladores ainda não chegaram em Santos, mas há grande procura

Edição e diagramação: Carolina KobayshiPRIMEIRA IMPRESSÃO Fevereiro de 2014

Paula Matos

luiS Varela

Congestionamentos, dificuldade para estacionar e tempo perdido atrás do volante. Qualquer motorista em Santos conhece essa rotina. O problema afeta não somente a Cidade como toda a Baixada Santista. Com cada vez mais carros nas ruas, alguns apontam o rodízio como a solução. A restrição de carros, de acordo com a placa e o dia da semana, ativo em São Paulo desde 1997, pode até limitar a quantidade de veículos, mas depende de um transporte público de qualidade.

Pedro Mendes, técnico bancário, é contra o rodízio. O santista mora e trabalha em regiões opostas da Cidade e, quando faz o trajeto de moto ou carro, gasta em torno de 20 e 60 minutos, respectivamente. “Em ambos os casos não consigo esse tempo com o transporte coletivo”, afirma. “O problema

maior é um transporte de qualidade. Você tira o carro, porém não dá outras opções ao morador”, diz. Ao invés do rodízio, a solução seria investir em melhorias no transporte público.

O rodízio pode neutralizar até certo ponto as consequências do problema, mas não resolve a causa. O número de veículos registrados no Departamento Estadual de Trânsito (Detran) de Santos cresceu de 215.844, em 2010, para 293.659, em 2012. Esses números demonstram que, por enquanto, andar de carro ainda é uma prioridade. “O interessante é mostrar ao morador que ele pode fazer o mesmo caminho mais barato, com conforto e em menos tempo”, conclui Mendes.

Oswaldo Villela, assessor de imprensa, mora em Santos e trabalha em São Vicente, assim como muitos moradores da região que se deslocam de uma cidade a outra até chegar ao trabalho. Mesmo fazendo

esse trajeto fora do horário de pico, já sofreu com congestionamentos. “Cheguei a ficar até duas horas para cumprir um trajeto que normalmente desenvolvo em 20, 25 minutos”, diz. Ele também, não acredita que o rodízio seja a solução.

“Santos, assim como São Vicente, é uma cidade de passagem, você não pode cercear esse direito de ir e vir”, afirma. Villela também aponta falhas no projeto do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT). “O VLT deveria atender a todas as cidades. Se vivemos em uma região metropolitana, não podemos pensar de maneira isolada. Só se retira carros das ruas com um transporte coletivo de qualidade, que não é o nosso caso”, diz.

Suely Sacramento também é contra o rodízio. Para ela, a restrição não somente impediria o direito de ir e vir, como também traria consequências negativas. “Poderão ocorrer congestionamentos mais

cedo, como ocorre em São Paulo. As pessoas saem mais cedo de casa para ir ao trabalho, gerando enormes congestionamentos antes das 6 horas da manhã”.

“Se tivéssemos uma boa malha de transportes públicos , não seria necessário o rodízio”, diz. Além de melhorias no transporte público, outro fator que ela destaca é a educação dos motoristas, que por comodismo e pressa do dia a dia acabam prejudicando outras pessoas. Como os que insistem em parar o carro em frente a garagens ou em ruas de mão dupla, como acontece frequentemente em frente às escolas.

Até o momento, a Companhia de Engenharia de Tráfego de Santos (CET) considera o rodízio “desnecessário” e prefere adotar outras medidas para garantir mais agilidade no trânsito nos horários de pico.

Além do Plano de Melhorias

no Transporte, constituído pela renovação da frota de ônibus e adoção da bilhetagem eletrônica, e o projeto Bike Santos, que já conta com 30 estações, a companhia espera que o VLT seja mais um avanço na mobilidade urbana.

Rodízio de veículos não é a solução

Ônibus ainda é a melhor opção para se chegar à faculdade

Em pesquisa realizada pelos alunos do 2º semestre de Jornalismo da UNISANTA, os coletivos se destacam

Tido como vilão, o radar é aliado contra acidentes

JéSSica bitteNcourt

O ônibus coletivo é o meio de transporte mais utilizado pelos alunos da UNISANTA. Este é o resultado da pesquisa realizada pelos alunos do 2º semestre de Jornalismo no final do ano passado. Cerca de 1.060 pessoas (10% do total), matriculadas em diversos cursos, responderam ao questionário indicando qual transporte utilizam com mais frequência para chegar à universidade.

Entre os mais citados, os coletivos aparecem em primeiro lugar, com 30,5%, seguido pelos carros particulares, com 18,1%. A surpresa vem no terceiro lugar da lista: os estudantes preferem ir a pé em vez de moto, por exemplo. A diferença entre os dois itens foi de 5,5 pontos percentuais (14,7% dos entrevistados andam até a universidade, contra 9,2% que preferem as motos).

As bicicletas também perderam espaço na preferência dos estudantes. Ao lado da

universidade há uma estação do Bike Santos, projeto da Prefeitura que disponibiliza bicicletas para a população santista, só 6,1% dos entrevistados elegeram as “magrelas” como o seu meio de transporte.

Quase metade dos entrevistados reside em Santos (48,2%), e uma parcela menor mora em São Vicente (17,1%).

Em quarto lugar no levantamento, à frente das motos e das bicicletas, estão os fretados com 11,7% das menções. Do total

de entrevistados, 24,7% vêm de Praia Grande, Cubatão, Itanhaém, Peruíbe, Mongaguá e Bertioga para estudar na UNISANTA. É o caso das estudantes Eliana Souza e Náthaly Azevedo, que estão no 5º semestre do curso de Jornalismo.

Eliana vem de Bertioga e acredita que o fretado é a melhor opção para os dias de chuva ou de calor intenso, mesmo que os horários sejam cansativos. “Como eu estudava de manhã, saía de casa às 5h30 e chegava aqui às 7h30. Agora estudo no período da noite,

e saio de casa às 17h para chegar na aula às 19h. Na volta para casa, passa de meia-noite”, relata.

Para Náthaly, o percurso do fretado também é cansativo. Ela reclama ainda da constante quebra dos ônibus, o que atrasa a chegada dos alunos à faculdade. “Toda semana, pelo menos um fretado quebra no caminho, e outro deve vir socorrer os associados da linha. Duas horas dentro do ônibus, tanto para ir quanto para voltar e ainda pegando trânsito, não é fácil”, completa.

rafe aguiar

Eles tem fama de vilôes, mas os radares eletrônicos, instalados em vários pontos da Baixada Santista, podem salvar vidas.

Os aparelhos servem para monitorar os motoristas apressados nas vias onde são registrados os maiores índices de acidentes e não apenas para multar os infratores.

Ao todo, são 80 equipamentos de fiscalização eletrônica: em Santos (21), Praia Grande (5), Guarujá (24), Cubatão (6) e Bertioga (24). Em Itanhaém e Peruíbe não há radares. Já as prefeituras de Mongaguá e São Vicente não responderam até o fechamento desta edição.

A instalação dos equipamentos é feita após um estudo técnico da área onde o radar será colocado, constatando-se a necessidade do aparelho. Os motoristas podem ficar tranquilos, pois não há risco de cair em pegadinhas no trânsito. Todos os radares devem receber sinalização no trecho onde está instalado.

O resultado pode ser confirmado com a redução de acidentes. A Companhia de Engenharia de Trânsito (CET) de Santos registrou 65 vítimas fatais para uma frota de 217.193 veículos em 2001, quando não havia equipamentos

eletrônicos de fiscalização na cidade. Proporcionalmente, foram 29,9 vítimas fatais para cada 100 mil veículos.

Em 2012, o número total de mortes em Santos caiu para 54, mesmo com o crescimento da frota, que contabilizou 293.659 veículos. A proporção passou a ser de 18,3 vítimas fatais para cada 100 mil veículos cadastrados. Os números declinaram a partir da instalação dos radares, em 2002, aliados à fiscalização feita por operadores de trafego e policiais militares, além de campanhas educativas.

Já em Cubatão, os locais onde os radares foram instalados representam uma redução em mais de 80% de acidentes e os números se mantêm depois disso. O radar na Ponte do Rio Cubatão, por exemplo, foi instalado na primeira semana de 2013. Em 2012, foram registrados 36 acidentes na região, e o número caiu para oito após a instalação do aparelho, que aconteceu no ano seguinte.

Em Guarujá, o número de acidentes com vítima passou de 1.479, em 2009, para 1.291, em 2012 (ano do último levantamento anual completo). Em compensação, o número de vítimas fatais subiu de nove, em 2009, para 11, com os números do primeiro semestre de 2013.

A Diretoria de Trânsito da Cidade aplicou 66.105 multas por radares

em 2013, com o número maior de 11.498 multas no radar da Avenida Desembargador Plínio de Carvalho.

Como funcionam?Os equipamentos eletrônicos

contam com três sensores instalados na via, que criam um campo magnético que calcula a velocidade. Eles são desativados depois que o veículo passa.

Entre o primeiro e o segundo

sensores, é medida a velocidade, e o cálculo é refeito entre o segundo e o terceiro sensores, para confirmar o dado. Caso o motorista esteja em velocidade acima da permitida, a multa é gerada e enviada ao infrator.

Renan Fiuza

Ao todo, 21 radares fazem o monitoramento de Santos

18 Edição e diagramação: Carolina KobayashiPRIMEIRA IMPRESSÃO Fevereiro de 2014

Pedágio urbanoA letra “R” que indica os pontos

onde há restrição de veículos em São Paulo foi inspirada na letra “C” encontrada nas ruas de Londres, que adotou o pedágio urbano. O Congestion Charging (“taxa de congestionamento”, em tradução literal), criado em 2003, exige o pagamento de 10 libras esterlinas (R$ 40) para transitar nas zonas de maior movimento, de segunda à sexta, entre 7 horas da manhã e 6 horas da tarde. O dinheiro arrecadado é direcionado para investimentos no sistema de transporte público.

19Edição e diagramação: Camilla LaranjeiraPRIMEIRA IMPRESSÃO Fevereiro de 2014

Ciclovias precisam de manutenção e segurança

Santos possui cerca de 32 mil metros de malha cicloviária, que cobre praticamente toda a Cidade

gilda liMa

Santos é uma cidade que estimula seus moradores e visitantes a se interessar a compartilhar momentos de lazer, exercícios e até mesmo a fácil locomoção de um lugar. Por ser uma cidade plana a bicicleta está cada vez mais relacionada ao dia-a-dia do santista. Seja pela praia, pelas principais avenidas da Cidade ou por acesso às cidades vizinhas como São Vicente e Guarujá (acesso pela balsa), as ciclovias são hoje a forma mais rápida, menos poluente e mais saudável de locomoção.

De acordo com dados fornecidos pela Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), a Cidade conta com cerca de 31.650 metros de ciclovia construídos. Destes, 7.874 metros são de ciclovia na orla da praia. Santos ainda conta com um projeto de construção na rua João Pessoa de mais 1.700 metros e já estão em construção na Avenida Nossa Senhora de Fátima mais 3.260 metros (destes, 260 metros serão na Avenida Martins Fontes, para interligação com o outro equipamento).

Com uma malha tão extensa alguns problemas já podem ser detectados ao longo dessas ciclovias e ciclofaixas espalhadas pela Cidade. Alguns pontos sem pintura adequada para a sinalização dos usuários e pedestres, buracos na via e, ainda, falta de estacionamentos pelo trajeto são alguns dos problemas encontrados.

Dificuldades

O estudante Matheus Ferreira, 19 anos, relata a dificuldade de andar na ciclovia após uma chuva. “Quando chove, fica impossível transitar pela ciclovia sem me molhar. Também são poucos lugares que consigo desviar. Muitas vezes tenho que descer da bicicleta para não me molhar. Quando não dá, fico todo molhado”.

Outra dificuldade encontrada pelos ciclistas é a falta de

estacionamento adequado pelo trajeto. Luiza Mendes, 30 anos, utiliza a ciclovia para atravessar a cidade para trabalhar, pois ela mora em Guarujá e trabalha em São Vicente “Eu saio de Guarujá e atravesso a cidade todos os dias até São Vicente, mas às vezes preciso encontrar um local para deixar a bicicleta em Santos e é sempre bem complicado, fora alguns usuários que não respeitam a sinalização e velocidade. É muito complicado”, avalia.

Com o intuito de incentivar o uso de bicicletas, a CET observa os principais pontos de destino dos ciclistas e instala paraciclos nesses espaços. São estruturas abertas para o estacionamento desses veículos, geralmente afixadas no leito carroçável ou nas calçadas. Os equipamentos estão disponibilizados em 61 locais, oferecendo 770 vagas gratuitas para o estacionamento de bicicletas.

Novas vagasA CET prevê ainda a instalação de

mais 26 equipamentos em diferentes pontos da Cidade, que ofertarão mais de 300 novas vagas. Também dispõe de bicicletários com cinco ou sete vagas dentre outros locais onde as estruturas são ampliadas (é instalado mais de um equipamento). É o caso dos bicicletários na Estação Rodoviária e Praça Almirante Gago Coutinho, onde há mais de 20 vagas para o estacionamento de bicicletas.

A lei que trata de Polos Atrativos de Trânsito e Transporte estabelece que os novos empreendimentos devem ter 5% dos total de vagas destinados ao estacionamento de bicicletas. Por isso, além do Poder Público, os centros de compras e de serviços também devem se sensibilizar no sentido de prover espaço para o estacionamento de bicicletas, uma vez que parte dos seus atuais e potenciais clientes se deslocam por esse meio de transporte.

A importância da bicicleta como

modal de transporte na Cidade é inegável: contribui para a redução de carros nas ruas, favorece a qualidade de vida e tem baixo custo. Além disso, munícipes podem entrar em contato com a CET, caso identifiquem locais desprovidos do equipamento e com grande concentração de ciclistas.

SegurançaA segurança também é um

dos pontos mais críticos relatados por usuários das ciclovias. Placas sinalizando a velocidade máxima permitida para transitar no local existem, mas ao longo da extensão das ciclovias algumas marcações como a faixa de separação, faixa de pedestre se encontram apagadas, dificultando o fluxo. Em alguns locais até o semáforo está apagado, dificultando a segurança e circulação dos ciclistas.

Margarete Lima utiliza a ciclovia para trabalhar e observa que a falta de sinalização somada com a de educação de alguns ciclistas agrava a ultrapassagem. “Tem gente que passa em uma velocidade tão alta que chegamos a ficar desequilibrados; e nos locais em que está faltando faixa, fica difícil a ultrapassagem”.

De acordo com a Prefeitura de Santos, a Guarda Municipal realiza de duas a três blitzes por semana, em horários e locais diversos (principalmente em pontos onde há ciclovias e em feiras livres), com o objetivo de promover mudança comportamental dos ciclistas. Nas operações, os que desrespeitam as principais regras de trânsito têm suas bicicletas apreendidas, e a forma para reavê-las é participando de um curso gratuito na sede da CET (Av. Rangel Pestana, 100) ou pagando

uma taxa de R$34,00. Ainda de acordo com a Prefeitura, as bicicletas não são multadas porque não são licenciadas já que os veículos não são emplacados.

Há um curso específico, ministrado na CET, voltado aos ciclistas. É gratuito e ocorre todas as segundas-feiras. O curso mostra aos ciclistas o processo de cidadania no trânsito e o dever de obedecer às leis, em benefício da convivência mútua entre motociclistas, ciclistas e pedestres. Os participantes do curso recebem a Cartilha do Ciclista, contendo orientação sobre as regras de circulação dos veículos, sinalização de trânsito e recomendações importantes como estar atento à travessia de pedestres, utilização de equipamentos obrigatórios, onde estacionar os veículos e dicas de saúde.

Gilda Lima

As ciclovias cobrem boa parte da Cidade, mas apresentam problemas em alguns trechos

Catraia, transporte que resiste ao tempoVictor birkett

Você sabe como funciona uma catraia? A travessia que já é feita há mais de 80 anos leva diariamente milhares de pessoas entre Vicente de Carvalho, distrito de Guarujá, e Santos, na Bacia do Mercado.

O veículo a motor leva um máximo de 15 a 17 pessoas, dependendo da embarcação. Cada uma tem um condutor, popularmente chamado de catraieiro. Mantém sua aparência rústica há anos, não possuindo teto e sendo um problema para quem o pega na chuva. “Quando chove os passageiros já sabem que tem que levar guarda-chuvas”, diz Pedro Pereira, popularmente conhecido como “Seu” Pedro, catraieiro há 20 anos. “Na chuva, continuamos a travessia normalmente, mas na parte de baixo do canal, às vezes, não dá para passar”, comenta. “Quando a maré enche, temos que olhar as marcações na parede do canal para saber se podemos passar ou não”, completa.

No final de 2013 uma catraia virou durante a travessia. Felizmente, não houve vítimas fatais, porém o ocorrido trouxe a atenção de toda a mídia da região para o assunto. “O que aconteceu foi uma fatalidade, acho a catraia muito segura”, lembra “Seu” Pedro.

Com a rotina diária de vários passageiros, surgem histórias curiosas na travessia das catraias. “Quando era mais jovem conseguia até paquerar”, brinca a auxiliar administrativa Elizabete Santos, que se locomove de catraias há 15 anos. “Acabo encontrando as mesmas pessoas quase todos os dias. Dá para fofocar um pouco”, finaliza. No passado, os tripulantes da catraia pagavam para atravessar o mar a remo

Camilla Laranjeira

VLTA implantação do Veículo

Leve Sobre Trilhos (VLT) é considerada uma das principais

obras da Baixada Santista nos últimos anos. Alguns dos

problemas em transporte público serão resolvidos e a solução da

mobilidade urbana na região, por fim, concretizada.

Envoltas em polêmicas por conta de seu traçado e expectativa por

parte da população, as obras do modal estão em andamento e a primeira viagem de testes é prevista para junho deste ano.