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Jornal do Sindjus Fevereiro de 2005 • Nº 212

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Jornal do Sindjus Fevereiro de 2005 • Nº 21 3

EDITORIAL

Coordenadores gerais

Ana Paula Barbosa Cusinato (MPDFT)

Roberto Policarpo Fagundes (TRT)

Wilson Batista de Araújo (TRE)

Coordenadores de

Administração e Finanças

Berilo José Leão Neto (STJ)

Cledo de Oliveira Vieira (TRT)

Edilson Franklin Medeiros (TST)

Coordenadores de Assuntos

Jurídicos e Trabalhistas

Antônio Francisco Machado Costa (MPM)

Jailton Mangueira Assis (TJDFT)

Sheila Tinoco Oliveira Fonseca (TJDFT)

Coordenadores de Formação

e Relações Sindicais

Ademário Oliveira Nogueira Filho (TJDFT)

Nilton José Cordeiro Monteiro (TJDFT)

Thayanne Fonseca Pirangi Soares (TSE)

Coordenadores de

Comunicação, Cultura e Lazer

Eliane do Socorro Alves da Silva (TRF)

Valdir Nunes Ferreira (MPF)

Welton Ferreira Damasceno (TJDFT)

Redator e editor responsável

Antônio Carlos Queiroz

Reg. Prof. DF 00645 JP

Colaboradora

Cynthia de Lacerda Borges

Projeto Gráfico

Extrema Comunicação - 3033-5255

Impressão

ArtGraf

Tiragem

10.000 exemplares

EXPEDIENTE

N

SDS Ed. Venâncio V BI. RSalas 108 a 114CEP 70393-900 – Brasília – DFPABX (61) 224 - 9392www.sindjusdf.org.br

o dia 26 de janeiro, os servidores do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e doConselho da Justiça Federal receberam a primeira parcela da incorporação dosquintos. A decisão, que acatou requerimento administrativo do Sindjus, havia sidotomada pelo Conselho de Administração do STJ, no dia 14 de dezembro, por setevotos a favor, três contra e uma abstenção.

Na nota em que mandou divulgar a decisão, o presidente do STJ, ministro Edson Vidigalreconheceu explicitamente que os quintos são uma antiga e justa reivindicação de nossacategoria. "O pagamento dos quintos era uma das bandeiras do Sindicato dos Trabalhadoresdo Poder Judiciário e do Ministério Público da União no Distrito Federal (Sindjus-DF)", diz anota.

Desde o dia 12 de janeiro, a decisão tem sido bombardeada pela imprensa conservadora,com a pretensão de fazer parecer um privilégio o reconhecimento de direitos de trabalhado-res, ao mesmo tempo em que tentam transformar em vítimas os grandes especuladores quevivem à custa de juros escorchantes e da imposição de uma política econômica recessiva aonosso povo.

A veiculação da crítica à concessão dos quintos em diversos órgãos de imprensa parecefazer parte de uma campanha, provavelmente soprada por algum funcionário do governofederal interessado em diminuir os gastos públicos cortando salários, quando deveria fazê-lo com medidas administrativas criativas, melhorando a administração e aplicando melhor odinheiro do contribuinte.

A própria Advocacia Geral da União reconheceu a legalidade da incorporação dos quintosna Nota Técnica de 30 de julho de 2004, proferida na consulta solicitada pelo Cefet do RioGrande do Norte. De acordo com o parecer da AGU, "a concessão e o pagamento dos quintos/décimos na forma dos dispositivos que foram revigorados a partir da Lei nº 9.624/98, especi-almente, observando-se a MP nº. 2.048/2000 e MP 2.225/2001, não ofendem a legislaçãovigente".

A decisão do STJ , que teve como relatora a ministra Eliana Calmon, levou em considera-ção estudos técnicos efetuados pela Diretoria Geral do tribunal e os diversos precedentesjudiciais que vinham consolidando o entendimento sobre esse direito. Foi uma decisão admi-nistrativa interessante uma vez que as decisões judiciais se multiplicavam e protelá-lastraria prejuízos aos servidores e ao erário, que, com o passar dos anos, teria de corrigir aincorporação com juros e correção monetária.

O Sindjus fará tudo o que estiver a seu alcance para defender a decisão do STJ contra osinteresses dos que não respeitam os direitos dos servidores públicos.

Incorporação dos quintos,

conquista a consolidar

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ARTIGO

José Geraldo de Souza JuniorProfessor e ex-diretor da Faculdade de Direito da UnB,coordena o Projeto “O Direito Achado na Rua”

J

Juros: vampirismo

do capital financeiro

Ora, desde AdamSmith e suaperspectiva de quea economia se movetambém por"sentimentosmorais", o quesequer outilitarismo liberalpõe em causa,nunca os agentesfinanceirospuderam agir comtanta liberdade.

uízes do Rio Grandedo Sul, leais à tradi-ção das alternativasjurídicas da magis-tratura gaúcha, têm

adotado decisões restritivas àestipulação exorbitante de juros,ajustando as taxas contratuaisa patamares condizentes com osparâmetros estabelecidos emnormas regulamentares.

Em que pesem estarem es-ses parâmetros em valores pró-ximos à usura, o posicionamen-to dos juízes sinaliza para a ne-cessidade de um monitoramen-to das políticas públicas sobre o

sistema financeiro. Até porque,neste campo, a voracidade domovimento agressivo de capitaisde agências financeiras, numverdadeiro vampirismo, sufoca eexpropria a economia popularpor meio de créditos ao consu-mo de massa e pela distribuiçãofácil de empréstimos a trabalha-dores pobres.

Atuando com desenvolturasem precedente, mesmo sob asupervisão de um governo quese origina dos movimentos po-pular e sindical, esses bancos deempréstimos e as agências fi-nanceiras se mostram hoje comoum fator constitutivo do merca-do injusto tão fortemente com-batido nas críticas e proposiçõesque aparecem na agenda dasgrandes mobilizações solidári-as, a exemplo do que indica oFórum Social Mundial.

Com grande disponibilidadepersuasiva, protegidos pelo ar-gumento do realismo econômi-co, esses agentes financeirosreagem às expectativas de con-trole regulamentar. Há dias, nonoticiário noturno de maior au-diência no País, a orientação dosjuízes gaúchos foi destacadacomo exemplo de obstáculo aodesenvolvimento, descrita comocondição de "incerteza contra-tual" para a garantia de fluxosde capital, caracterizando o Bra-sil como uma "praça" insegurapara investimentos.

Em artigo recente (Lá e Cá,Folha de São Paulo, Tendências/Debates, 03.12.04, pág. 3), Joa-quim Falcão transcreve senten-ça de um juiz na Inglaterra sus-pendendo a execução de contra-to que estipulava a aplicaçãoexorbitante de juros: "quandojuros anuais são tão altos, acombinação dos fatores é tãopotencialmente exorbitante quegrosseiramente se opõe aos prin-cípios de uma negociação justae o contrato não pode ser exe-cutado".

Na Inglaterra, diz JoaquimFalcão, diferentemente do queocorre no Brasil, nem jornaisnem economistas nem "mis-sões" internacionais puseramem dúvida a sentença ou apon-taram a insegurança jurisdicio-nal, acusando "juízes de primei-ra instância de sabotar a políti-ca econômica do governo" ou de"criar clima hostil aos investi-mentos estrangeiros".

Que os juízes continuem oseu trabalho de equilibrada pon-deração, sem a astúcia que Ihe-ring (A Luta pelo Direito), cons-tatou no juiz Daniel durantte ojulgamento de Shylock (Shakes-peare, O Mercador de Veneza),que "tinha à sua livre escolhaou declarar o título válido oudeclará-lo nulo".

Mas, sobretudo, que os de-mais poderes, tanto o Executivocomo o Legislativo, retomem a

supervisão política do sistemafinanceiro, editando os regula-mentos que subordinem seumovimento a limites éticos.

Antes mesmo que se inseris-se em disposição constitucional,depois revogada (EC nº 40/2003),a regra de limitação das taxasde juros reais (*) já figurava nalegislação, considerando o ex-cesso crime de usura. Era assima disposição do velho CódigoCivil de 1917, fixando os juroslegais em "seis por cento aoano" e também a do Decreto22.626 de 1933, proibindo "es-tipular juros superiores a 12%ao ano", sendo que "a cobrançade juros acima da taxa legal cons-titui crime contra a economiapopular" (Lei nº 1.521/51).

A revogação da norma cons-titucional não implica restrição,como indica Alexandre de Mo-rais em seus comentários à par-te revogada do art. 192, ao seutratamento regulamentar pormeio de Lei Complementar.

(*) Art. 192, parágrafo 3º - Astaxas de juros reais, nelas inclu-ídas comissões e quaisquer ou-tras remunerações direta ouindiretamente referidas à con-cessão de crédito, não pode-rão ser superiores a doze porcento ao ano.

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Sindicatos lutam pela revitalização

do Clube do Servidor

LEvelyne Santos

ixo, mato e destrui-ção. Uma enormeárea de lazer que de-veria ser utilizadapelos servidores pú-blicos foi deixada ao

longo dos anos à mercê do aban-dono e descaso. Quem passapelo Clube do Servidor localiza-do na L-4 Norte, atrás da Univer-sidade de Brasília (UnB), nãoimagina que aquele local já foi,um dia, considerado o melhorclube da cidade. Os servidoresque tiveram a oportunidade defreqüentá-lo em seus anos deauge, no início da década de 80,puderam desfrutar de um centrode lazer de excelente qualidade.Algo até difícil de acreditar, tendoem vista a atual situação do clube.

A boa notícia é que a Secre-taria de Patrimônio da União(SPU), graças à cobrança de umapolítica de valorização dos ser-

vidores públicos por parte daCUT e de sindicatos filiados àCentral, resolveu apoiar a revi-talização do Clube. A adminis-tração da SPU começou a estu-dar de que maneira podem serfirmados convênios ou parceriaspara restaurar as suas instala-ções e devolvê-lo ao usufruto dosservidores.

Patrimônio e sede da Funda-ção Centro de Formação do Ser-vidor Público (Funcep), entidadefundada na década de 80 pelogoverno federal, teve como fina-lidade de promover, elaborar eexecutar os programas de forma-ção, treinamento, aperfeiçoa-mento e profissionalização doservidor público Federal, bemcomo estabelecer medidas visan-do ao seu bem estar social e recre-ativo, o local ficou popularmenteconhecido como Clube do Servidor.

Saudades - O diretor doSindjus e ex-sócio do clube, Cle-

do de Oliveira Vieira, conta comoera a área antes de ser abando-nada, no final dos anos 80. "OClube do Servidor tinha a me-lhor estrutura da cidade. Eramuito freqüentado e superava osoutros, tanto em qualidadequanto em quantidade", afirma.Ele lembra, com saudades, dotempo em que passava os finaisde semana aproveitando as ati-

vidades esportivas oferecidaspela administração do clube."Era muito prazeroso ficar comos amigos em um ambiente tãoagradável", diz.

Naquela época o clube ofe-recia aos associados várias al-ternativas de diversão, entre asquais futebol, natação, tênis,basquete e vôlei. Havia serviçosde restaurante, lanchonete e um

Um dos mais importantes centros de lazer do DFna década de 80, o local encontra-se devastado

CLUBE DO SERVIDOR

O mato toma conta dos prédios

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Praticamente destruída a piscina que já foi a maior da América do Sul

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Rigor para quem?

salão de festas onde eram reali-zados coquetéis e recepções.Segundo antigos freqüentadoresdo local, a mensalidade tinhaum valor simbólico.

Para Cledo, é muito impor-tante que os servidores públicostenham um centro de lazer e di-versão e possam se reunir e tro-

car informações. "Em uma áreade entretenimento nós podemosunir o útil ao agradável. É pos-sível reencontrar amigos, diver-tir, aproximar a categoria e co-nhecer quais os problemas en-frentados pelos servidores nassuas respectivas áreas de atua-ção para melhorar a qualidade

de vida dos freqüentadores",defende Cledo Oliveira, apos-tando na revitalização da área.

Destruição - A decadênciado clube se intensificou em 1987quando a administração do lo-cal foi cedida ao Governo doDistrito Federal (GDF) por umconvênio firmado com o Depar-tamento de Administração dosServidores Públicos Federais(DASP). O convênio tinha a fina-lidade de manter os serviçosprestados aos servidores, ca-bendo ao governo local o ge-renciamento das atividades.Mas isso não aconteceu e o clu-be acabou sendo fechado, dei-xando os servidores sem esseimportante centro de lazer.

Hoje, o local está devasta-do: vidros quebrados, paredesrachadas, ferros corroídos e pis-cinas cheias de entulho. Alémdisso, a segurança do terreno éescassa. Apenas dois guardas

são responsáveis pelo monito-ramento de uma área de 55.000m². Com isso, qualquer um podeentrar ali, sem dificuldades. Otrânsito de pessoas estranhas émuito comum. Dentro dos prédi-os é possível encontrar restos decomida, lixo e várias pichaçõesnas paredes.

Os funcionários da Funcepque hoje compõem o quadro deservidores da Escola Nacional deAdministração Pública (Enap) sótêm boas histórias para contarsobre o Clube do Servidor. A ex-gerente do clube, Neide RosaCosta, conta orgulhosa queaquele espaço já teve a maiorpiscina da América do Sul, comcapacidade para três mil pesso-as. A maioria dos antigos funcio-nário do Clube do Servidor se dizmuito sensibilizada com seuabandono e afirmam não gostarnem de passar por perto. "Quan-do me falaram da destruição doclube, eu nem quis mais passarpor lá", lamenta. Ela adminis-trou o espaço por dois anos eafirma que não havia na cidadeponto melhor para se passar ofinal de semana. "O clube ficavalotado nos finais de semana. Nóschegamos a ter mais de 28 milsócios", relata.

Neide Costa atualmente é

gerente da Enap e diz que todosos servidores transferidos daFuncep possuem carteiras desócios sem nenhuma validade."De que adianta ter uma cartei-ra do clube se você não podeutilizá-lo?". Para ela, seria ma-ravilhoso se os servidores pudes-sem contar novamente com toda

a infraestrutura oferecida na-quela época. "Era um lugar fan-tástico. Era divertidíssimo traba-lhar naquele lugar. Estou torcen-do pela sua revitalização, poisfoi uma perda muito grande paratodos nós", diz.

Eventos - Assim como a ex-gerente, o servidor Juvenal Gon-çalves de Lima também ficoucomovido com a atual situaçãodo clube. "Estive lá no final doano passado e fiquei abalado. Émuito triste ver um lugar que jáfoi tão bonito se transformar emruínas", menciona. Ele lembrado período no qual o clube reali-zava shows com artistas de su-cesso. Entre eles, a cantora Ma-rina Lima. "Cheguei a trabalharna apresentação de Luís Caldas.Ele tinha acabado de estourarno mercado e o clube ficou lota-do", recorda Juvenal.

Outra servidora da Enap,Maria Silva da Mata, que não

CLUBE DO SERVIDOR

Devido ao desgastedo tempo e à totalfalta demanutenção, oClube do Servidorse transformou emum verdadeirodepósito de lixo.Seis piscinas, umadelas olímpica,quatro quadras devôlei, um prédio eum ancoradouro delanchas e barcos,situados àsmargens do LagoParanoá, foramtotalmenteabandonados.

Lixo, ferrugem, vidros partidos e pichações nas paredes

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chegou a trabalhar no clube,concorda com os colegas e torcepor sua revitalização. "Seria óti-mo conquistarmos essa área no-vamente, pois assim o servidorcontaria com uma boa alternati-va para os finais de semana".

No final do governo Fernan-do Henrique Cardoso, foi cele-brado um convênio entre a Se-cretaria de Patrimônio da União,o Superior Tribunal de Justiça ea Câmara dos Deputados, quealterou totalmente a vocação doclube. O objetivo do convênio eraa construção no local, em doisanos, da Escola Superior de Ma-gistratura e da Escola de Servi-dores do Legislativo. Em nenhumdos casos o projeto foi levado àdiante. Com o vencimento doprazo do convênio, em dezem-bro do ano passado, a Secreta-ria de Patrimônio da União (SPU)recebeu o espaço de volta. Mas

CLUBE DO SERVIDOR

somente agora surgiu a oportu-nidade de recuperar o clube paradevolvê-lo aos servidores públicos.

Projeto de revitalização -Em resposta às pressões da CUTe de alguns sindicatos filiados àCentral, a recuperação do Clubedo Servidor foi incluído no Pro-grama de Valorização dos Servi-dores. "Acreditamos ter umaexcelente oportunidade pararesgatar esse espaço. No mo-mento, estamos discutindo qualserá a melhor forma para revita-lizarmos a área", afirma o chefede gabinete da SPU, Miguel Ba-tista Ribeiro. Segundo ele, asentidades representativas dosservidores públicos poderãoapresentar um projeto para res-tauração das instalações, quepoderá ser concretizado pormeio de convênios e parcerias."Ainda estamos analisando omodo como esse projeto poderá

As piscinas estáo cheias de entulho

ser efetivado. Mas estamos tra-balhando para que a revitaliza-ção aconteça o mais rápido pos-sível, pois a consideramos fun-damental para elevar a auto-es-tima e a qualidade de vida do ser-vidor", reforça Miguel Ribeiro.

Para o presidente da CUT-DF,João Osório, a inserção da áreadentro do Programa de Valoriza-ção do Servidor é um sinal posi-tivo dos atuais responsáveis peloclube. "A reforma do Clube doServidor deve ser uma priorida-de para o conjunto do movimen-to sindical que trabalha pela va-lorização dos servidores públi-cos. Aquele é um patrimônioimportante que precisa serdevolvido à categoria", afir-ma João Osório.

Segundo o presidente daCUT-DF, há uma forte possibili-dade de que os trabalhos de re-cuperação sejam concluídos atéo final do ano que vem. "Nós

estamos muito otimistas com apossibilidade de dar uma boadestinação ao clube e resgataruma área de tamanha relevân-cia para o servidor", diz. "Com arevitalização do clube podere-mos oferecer mais lazer, culturae, principalmente, saúde para osservidores e sua família. Um es-paço que já teve tanto valor nãopode ficar abandonado da formacomo está", comenta.

De acordo com o assessor daSPU, Paulo Valério Silva, serãonecessários pelo menos R$ 3milhões para recuperar o Clubedo Servidor, segundo estimati-vas iniciais. Mas ainda não háprevisão de prazo para a conclu-são dos estudos técnicos, quedependem da aprovação do pro-jeto de revitalização. A disposi-ção da SPU, da CUT-DF e dos sin-dicatos de servidores, no entan-to, é de acelerar ao máximo todoo processo.

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JURIDIQUÊS

Linguagem empolada

afasta o povo da Justiça

A entrevista publicadanas páginas 9,10 e11 trata, entre outrosassuntos, do uso dalinguagem como ins-

trumento de dominação. Deter-minados grupos políticos ou pro-fissionais sempre cultivaram ex-pressões próprias, muito alémdas necessidades técnicas, pararestringir o compartilhamento deseus conhecimentos e mantersuas posições hierárquicas. Acon-

teceu com os escribas do Egitoantigo, com os padres da IgrejaCatólica pré-conciliar e aindaacontece, por exemplo, commuitos médicos, que se recusama escrever receitas de maneiralegível.

No Judiciário, beira à cala-midade a ridícula utilização deexpressões herméticas, grandeparte delas extraídas de dicio-nários de "latim forense". Coma fala arrevesada, advogados ejuízes procuram manter a pom-pa superada pela modernidaderepublicana, sem conseguir co-municar de maneira adequadaseus pedidos e decisões. Cons-piram, assim, contra a democra-tização da Justiça.

Campanha - Para enfrentaro problema, a Associação dosJuízes do Rio Grande do Sul (Aju-ris) acaba de organizar um guiaque traduz em linguagem degente os termos do "juridiquês".Além disso, tem estimulado osjuízes a debater o assunto pu-blicamente.

A iniciativa merece aplausos,por seu evidente mérito peda-gógico. E, a julgar pelos exem-plos divulgados pela imprensadas expressões mais bizarrasretiradas de processos, nãoserá difícil convencer a opiniãopública de que a reforma doJudiciário tem de incluir tam-

bém uma urgente reforma dolinguajar jurídico.

Um dos grandes defensoresda campanha da Ajuris, o juizRicardo Roesler, citou à Folha deS. Paulo uma frase escalofobéti-ca que uma vez ele próprio es-creveu quando mandou prenderum ladrão na comarca de BarraVelha, Santa Catarina: "Encami-nhe o acusado ao ergástulo pú-blico". Dois dias depois, o assal-tante continuava solto, pois ospoliciais não haviam entendidoque "ergástulo" era apenas acadeia municipal.

"Exordial" ? - Justiça céle-re exige linguagem simples,compreensível. Se existe "talãode cheque", por que dizer "cár-tula chéquica"? Se o cara ficouviúvo, por que chamá-lo de "côn-juge supérstite"? Se o advoga-do vai fazer uma denúncia, porque razão falar em "exordialacusatório"? E, como questionouo juiz federal Novély Vilanova,para que usar "remédio herói-

Advogados, magistrados e ministros abusam de expressõestermos esdrúxulos para manter suas posições hierárquicas

co" no lugar de "mandado desegurança"?

O uso do "juridiquês" mofa-do tem raízes antigas no Brasil.Segundo o advogado e historia-dor Alberto Venâncio Filho, ouvi-do pela Folha, há pelo menosduas explicações para o fenôme-no. A primeira é que os primei-ros advogados brasileiros foramformados na Universidade deCoimbra, onde o discurso jurídi-co era bem diferente da lingua-gem coloquial. A segunda é atri-buída a Rui Barbosa, um dosmaiores juristas que o País játeve, mas que deixou a péssimatradição dos pareceres longos,prolixos, apinhados de citaçõesem línguas estrangeiras.

Uma ponderação: quem de-fende a clareza do discurso jurí-dico não abre mão de seu jargãotécnico, rico em termos e ex-pressões consagrados pelo rigor,muitas vezes insubstituíveis.Que os magistrados continuema conceder "habeas corpus",sem receio de parecer ridículos!

Um dos grandesdefensores dacampanha da Ajuris,o juiz RicardoRoesler, citou àFolha de S. Paulouma fraseescalofobética queuma vez ele próprioescreveu quandomandou prender umladrão na comarcade Barra Velha,Santa Catarina:"Encaminhe oacusado aoergástulo público".

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ENTREVISTA

Jornal do Sindjus - Paraesquentar: não falamos umamesma língua no Brasil?

Marcos Bagno - Não. Emnenhum lugar do mundo, emnenhuma comunidade lingüísti-ca, se fala "uma mesma língua".Toda língua humana viva é umfeixe de variedades. Uma varie-dade lingüística é o modo de fa-lar característico de um deter-minado grupo social, de uma re-gião geográfica, de uma catego-

ria profissional, de uma faixa etá-ria etc. A língua é essencialmen-te heterogênea. Assim, o portu-guês brasileiro apresenta, comotoda língua, uma riqueza de va-riação, que não deve ser vistacomo um "problema", mascomo um patrimônio cultural esocial do nosso país. Além dis-so, são faladas no Brasil maisde 200 outras línguas, entrelínguas indígenas (umas 180) elínguas trazidas pelos imigran-tes europeus e asiáticos (umas

20). Pouca gente sabe disso,mas a segunda língua mais fa-lada no Brasil é o japonês, comcerca de 400 mil falantes. Aidéia de um país "monolíngüe"onde "todo mundo se enten-de" é um dos muitos mitos per-niciosos que circulam na nossacultura a respeito das questõeslingüísticas. Ele tem gravesconseqüências para a concreti-zação de uma identidade nacio-nal sadia e para a educação lin-güística do brasileiro.

A linguagem como instrumento

de poder e intimidação

JS - O que é o preconcei-to lingüistico e como ele semanifesta?

MB - O dicionário Houaisstraz uma boa definição do que éo preconceito lingüístico: "qual-quer crença sem fundamento ci-entífico acerca das línguas e deseus usuários, como, p.ex., acrença de que existem línguasdesenvolvidas e línguas primiti-vas, ou de que só a língua dasclasses cultas possui gramática,

Já deixou de ser novidadedizer que a linguagem não serveapenas para a comunicação, mastambém para o engodo e a ma-nipulação. Sempre foi instrumen-to de dominação de grupos soci-ais e isso é evidente na relaçãodos pacientes com os médicosou dos juízes com os réus, porexemplo. A novidade é que osestudos dos papéis da linguagemtêm avançado muito no Brasil eo professor Marcos Bagno, o en-trevistado desta edição, é um deseus expoentes. Mineiro de Ca-taguases, Bagno viveu em Sal-

Marcos BagnoEscritor, tradutor,

lingüista e professor deLingüística da UnB

vador, Rio de Janeiro, Recife eSão Paulo e se tornou professordo Departamento de Lingüísticada UnB em 2002. Escritor premi-ado, com mais de 20 obras lite-rárias, muitas delas dirigidas aopúblico infanto-juvenil, tambémtraduziu mais de 50 livros do in-glês, francês, espanhol e italia-no e publicou diversos livros queresultaram de suas investiga-ções. O que alcançou maior su-cesso de público, com mais de100 mil exemplares vendidosdesde 1999, e já na 30ª edi-ção, "Preconceito Lingüistico

- O que é, como se faz" (Edi-ções Loyola). Nele, o professorMarcos Bagno faz questão dese definir como um cientistaengajado politicamente, e deproclamar a sua militância con-tra todas as formas de exclusãosocial pela linguagem.

Em respeito aos seus prin-cípios, um alerta: escaldadocom experiências desagradá-veis com a imprensa, o profes-sor não permitiu que gravás-semos esta entrevista, tendopreferido dar as respostas porescrito.

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ENTREVISTA

ou de que os povos indígenas daÁfrica e da América não possu-em línguas, apenas dialetos".Ele se manifesta sempre quan-do, numa sociedade letrada emque existe um modelo idealiza-do de língua "certa" (a nebulo-sa "norma culta", que ninguémsabe exatamente o que é), aspessoas comparam os modosreais de uso da língua, semprevariáveis e mutantes, com essemodelo petrificado, que corres-ponde em geral ao modo de fa-lar de uma determinada região(em geral, a mais poderosa poli-ticamente ou mais rica econo-micamente) e de uma classe so-cial (em geral, a classe dominan-te). Como todas as outras for-mas de preconceito que circu-lam na sociedade, o preconceitolingüístico se configura comouma forma de exclusão social,de discriminação, de desrespeitoa direitos humanos básicos.Como todas as outras formas depreconceito, também, o precon-ceito lingüístico não tem nenhu-ma sustentação numa análise ri-gorosa, científica, dos fenôme-nos envolvidos.

JS - Numa sociedade de-mocrática os direitos nãodeveriam ser do máximo en-tendimento popular?

MB - Sem dúvida. No entan-

to, nós sabemos que para a ma-nutenção das desigualdades so-ciais, das hierarquias e dos me-canismos de dominação, é sem-pre preciso existir um "código"de acesso restrito, conhecidoapenas pelos iniciados. Não épor acaso que a palavra "códi-go" é tão empregada no terrenojurídico. O mesmo acontece coma gramática normativa, que des-de sua invenção se configuracomo um código jurídico, comsuas leis, regras, exceções e pu-nições. Tanto quanto o códigojurídico, o código gramatical es-conde mais do que revela. Daí anecessidade do leigo ter de re-correr a algum dos iniciados. É oque se traduz no adesivo que agente vê em tantos carros: "Con-sulte sempre um advogado". Daítambém a enorme insegurançalingüística experimentada portodas as pessoas, inclusive asmais letradas, no uso da língua.Ninguém nunca vai conseguirrespeitar cem por cento as re-gras da gramática normativa. Sãomecanismos de violência simbó-lica e de dominação, presentesem todas as sociedades, mesmonas mais democráticas.

JS - É comum verificar umcerto desconforto dos acu-sados ou das testemunhasdiante de perguntas nãocompreensíveis. É possívelque a linguagem seja utiliza-da como forma de tortura?

MB - Não propriamentecomo forma de tortura, se en-tendermos aqui a tortura física,mas como mecanismo de intimi-dação, de aterrorização, de es-magamento psíquico. Isso ocor-re em todas as instâncias de usoda língua, mesmo no terreno pri-vado, familiar, em que a autori-dade também está presente ese exerce primordialmente pormeio da linguagem. Na esferamais ampla das relações soci-ais, e no terreno jurídico em par-

ticular, a coisa toma ainda pro-porções maiores.

JS - O que é ensinar por-tuguês?

MB - No conjunto de propos-tas mais inovadoras que vêmsendo lançadas pelos lingüistase educadores brasileiros há pelomenos vinte anos, ensinar por-tuguês significa, antes de tudo,introduzir o aprendiz no mundoda leitura e da escrita. Daí o con-ceito novo e revolucionário de"letramento", que é algo que vai

muito além da mera alfabetiza-ção e da decoreba gramatical.Para ensinar a ler e a escrever épreciso ler e escrever. Pareceóbvio, mas essa é a grande re-volução. Durante séculos (e atéhoje, infelizmente), a idéia deensino de língua era sinônimade ensino de gramática norma-tiva. A pessoa só seria alguémna vida se soubesse explicar a(suposta) diferença entre "ad-junto adnominal" e "comple-mento nominal" ou se soubessereconhecer uma "oração subor-dinada substantiva objetiva di-reta reduzida de infinitivo". Esseconhecimento técnico não temnenhuma relevância para a in-serção plena do cidadão na cul-tura letrada. Uma educação lin-güística plena tem que ter comoeixos norteadores a noção de

letramento, o estudo da varia-ção lingüística aliado ao comba-te ao preconceito lingüístico, ea prática da reflexão lingüística,que toma a língua como objetode estudo, mas sem a paranóiaclassificatória e analítica da tra-dição gramatical.

JS - O que é erro de por-tuguês?

MB - Para um lingüista, "errode português" é algo que nãoexiste. Do ponto de vista estri-tamente científico, não existe

"erro", existem variantes lin-güísticas, isto é, formas alterna-tivas de dizer a mesma coisa.Todas essas variantes têm ra-zão de ser, são explicáveis pelahistória da própria língua, pelosprocessos cognitivos dos falan-tes, pelas necessidades de co-municação e expressão etc. Noentanto, do ponto de vista soci-ocultural, o "erro" de língua exis-te, sim, e sua maior ou menor"gravidade" depende, antes detudo, da situação social do fa-lante que "comete" esse erro.Quanto mais distante das cama-das privilegiadas da população,quanto menor for o prestígio so-cial atribuído ao falante, mais"erro" será detectado no seumodo de falar. O mais importan-te é sempre lembrar que existeuma relação muito forte entre

“Para umfuncionário públicoexercer bem suasfunções, ele nãoprecisa saber o queé ‘epiceno’,‘sobrecomum’ ou‘comum de dois’ “

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ENTREVISTA

fenômeno lingüístico e fenôme-no social. Quando um "erro"sobe na escala social e passa aser usado também pelas pesso-as "cultas", mesmo contradizen-do as prescrições gramaticais,ele deixa de provocar "arrepi-os" e, pelo contrário, as prescri-ções tradicionais é que passama ser vistas como "antiquadas".Mas por causa das hierarquiassociais, só os falantes "cultos"têm o direito de considerar algu-mas formas lingüísticas como "ob-soletas". Aquelas que eles não usamsão sempre vistas como "erros ca-

beludos" de gente "ignorante".

JS - A paranóia ortográfi-ca que o senhor descreve emseu livro "Preconceito Lin-güístico" acompanha a pes-soa pela vida desde o primei-ro grau escolar. Que conse-qüências esse tipo de enfer-midade provoca para a vidadessa pessoa?

MB - O que chamo de "para-nóia ortográfica" é a preocupa-ção exagerada dos professores,sobretudo no início da escolari-zação, com as regras da orto-grafia. Uma grande parte doschamados "erros" de portuguêsse reduz, de fato, a erros de or-tografia. Existe aí então a confu-são entre "língua" e "ortogra-fia". A ortografia do português

não é das mais complicadas domundo (basta a gente compararcom o inglês e o francês), mas aspráticas de ensino convencionais,a falta de um trabalho consistente ebem embasado com a leitura e aescrita é que não permitem um do-mínio mais tranqüilo da ortografia.

JS - Os concursos públicos,normalmente os mais con-corridos, colocam peso naortografia e na gramáticapara selecionar os "melho-res". Quais as conseqüênci-as disso na prestação de umbom serviço à sociedade? Epara aqueles que não sa-bem bem a ortografia, massão tolerantes, atenciosose comunicativos, mas nãoforam selecionados?

MB - O conhecimento da or-tografia oficial faz parte dascompetências que uma pessoa"culta" deve ter. Evidentemen-te, ninguém sabe escrever to-das as palavras da língua etodo mundo tem dúvidas. Masexistem regras básicas que nãopodem ser desconhecidas poralguém que tenha um bomgrau de letramento. Quanto àgramática normativa, os me-lhores concursos e outros exa-mes vêm passando uma boa esaudável transformação, prefe-rindo avaliar outras competên-cias - como a capacidade de lerum texto e reconstruir seussentidos e a de escrever umtexto coeso e coerente - e de-dicando bem menos espaço aoconhecimento da terminolo-gia gramatical e a questõestécnicas que só interessamaos gramáticos e aos lingüis-tas prof iss ionais. Para umfuncionário público exercerbem suas funções ele nãoprecisa saber o que é "epice-no", "sobrecomum" ou "co-mum de dois". Definitivamen-te. Mas precisa ser capaz deler e escrever bem.

JS - O senhor é conheci-do por sua crítica a famososprofessores de português,como Pasquale Cipro Neto eDad Squarisi. Por quê?

MB - Tradicionalmente,desde há séculos, as pessoasque se dedicam a "ensinarbem a língua", a "defender oidioma", a "denunciar a cor-rupção da língua" etc. exercemessa atividade aliando umaenorme arrogância com umaenorme carga de preconceitoe discriminação. No caso daspessoas citadas na pergunta,além dessas questões éticas -que para mim são as mais im-portantes -, existe uma totalignorância por parte delas detodos os avanços que as ciên-cias da linguagem e da educa-ção lingüística vêm alcançan-do nos últimos tempos (eu di-ria até, no último século). Nocaso da Sra. Dad Squarisi, a coi-sa beira o absurdo. Ela inventaregras que não estão nem nasgramáticas normativas mais con-servadoras. Ela denuncia como"erros" formas que estão con-sagradas nas obras dos mais res-peitados escritores da língua. Enão bastasse essa ignorânciatoda, ela é campeã de falta deética. Já chamou o povo brasi-leiro todo de "caipira" (como seisso fosse uma ofensa!), já fezchacota com a morte do cantorTim Maia e, mais recentemen-te, escreveu uma coluna dizen-do que o tsunami na Ásia e amorte de mais de 250 mil pesso-as serviram para ensinar a eti-mologia da palavra "terremoto".No mesmo texto ela diz que "overbo matar é generoso comocoração de mãe: tem dois parti-cípios" e faz piadinha com a morteda diplomata brasileira e do filhona tragédia asiática. O "humor"dela é patológico. Fico impressio-nado com o sucesso que uma pes-soa tão estúpida alcança nos mei-os de comunicação.

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Jornal do Sindjus Fevereiro de 2005 • Nº 2112

P

Os planos dos servidores

para enfrentar a falta de reajuste

Cristina Lima

erspectiva de reajus-te mínimo em 2005.É assim que começao ano dos servidorespúblicos federais,

pois o governo não incluiu no or-çamento deste ano propostassalariais para a categoria. “Asperspectivas não são melhoresque em 2004. Ao contrário, sãomais restritas quando o assuntoé aumento nos salários”, comen-tou o diretor da ConfederaçãoNacional dos Trabalhadores doServiço Público Federal (Cond-sef), Pedro Armengol. Segundoele, nas reuniões entre sindica-listas e autoridades do governo,ficou claro que o governo fede-ral continuará com a mesma po-lítica de não recuperar as per-das salariais.

Armengol avalia que o servi-dor tem hoje um cenário indefi-nido quanto ao futuro. “O gover-no lançou a Mesa Nacional deNegociação, mas até agora, nãodefiniu nada. Foram criadas co-missões temáticas, mas as reu-niões não acontecem há oitomeses”, criticou o diretor doCondsef. Para Armengol, “en-quanto o governo continuar coma política macroeconômica se-melhante à do ano passado, nãose poderá esperar muita coisa”.

O diretor do Condsef lembraque a categoria tem a mesmapauta histórica de reivindicaçõesdos últimos 20 anos. “Temos

dois eixos de perspectivas parase trabalhar: um é a recomposi-ção de perdas salariais. Outro éo Plano de Carreira”.

Na última plenária dos ser-vidores públicos realizada pelaCoordenação Nacional de Enti-dades de Servidores Federais,CNESF, realizada em janeiro noFórum Social Mundial, em PortoAlegre, decidiu-se que o lança-mento da campanha salarial para2005 será no dia 16 de março.Durante o encontro, não foi de-talhada a linha de atuação paraeste ano. Na véspera do lança-

mento da campanha, haveránova plenária nacional. A Coor-denção planeja fazer um ato pú-blico na Esplanada dos Ministé-rios. Armengol não sinaliza ain-da para a greve, mas não des-carta essa possibilidade no casode fracasso das negociações como governo.

Mísero reajuste - Em 2003,os servidores públicos federaissó conquistaram um mísero rea-juste de 1%, que só serviu, naavaliação dos sindicalistas, paraburlar a Constituição Federal,que obriga o governo a fazer a

CAMPANHA SALARIAL 2005

revisão salarial anual. Em comu-nicado na página eletrônica doCondsef, a diretoria escreve que“nos anos de FHC a negociaçãonão ocorreu porque o governose negou a sentar-se à mesa comos servidores; na gestão Lula, anegociação não ocorre porque asmesas não passam de encena-ções demagógicas, pois os ser-vidores ficam sabendo das deci-sões por meio da imprensa”.

Enquanto não há um acordoentre o governo e sindicalistas,o Ministério do Planejamento,Orçamento e Gestão instalou nodia 2 de fevereiro a Mesa Seto-

É urgente a necessidade de uma política salarialque defina o índice da correção anual

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Jornal do Sindjus Fevereiro de 2005 • Nº 21 13

rial de Negociação, em nova ten-tativa de estabelecer espaçopermanente e articulado para odiálogo e a negociação, entre osservidores e o governo. A inten-ção é melhorar as condições detrabalho dos servidores e a eleva-ção dos índices de produtividade.

Na ocasião, o ministro inte-rino do Planejamento, NelsonMachado, classificou a MesaSetorial “como um grande pas-so na modernização das relações

de trabalho e de suma importân-cia para o cumprimento da Agen-da da Eficiência, um esforço queo governo está propondo paraotimizar os gastos do setor pú-blico, melhorar o atendimento aocidadão, e ampliar o uso da tec-nologia da informação nas com-pras governamentais”.

Previdência Complemen-tar - O governo federal quertambém criar o Fundo Comple-mentar dos Servidores Públicos,previsto na Emenda Constituci-onal nº 41, aprovada em dezem-bro de 2003. A perspectiva é que

até o final de abril de 2005 oProjeto de Lei Complementar queprevê a criação comece a trami-tar no Congresso Nacional. Osservidores que vierem a ingres-sar no serviço público após a cri-ação do Fundo, terão teto deaposentadoria de R$ 2.508,72,o mesmo dos trabalhadores doRegime Geral de Previdência.

Assim, o objetivo do Fundo égarantir uma complementação àaposentadoria dos servidorescom renda superior a R$2.508,74, que ingressarem noserviço público depois da insti-tuição do regime de previdênciacomplementar, e para os atuais,por meio do termo de opção.Para os servidores com rendainferior a R$ 2.508,74 continua agarantia da previdência oficial,pública e compulsória, que des-conta 11% de sua remuneração.

O Fundo não garante benefí-cio definido, mas contribuiçãodefinida (conforme definido no §15 do art. 40 da ConstituiçãoFederal). Assim, o valor da apo-sentadoria irá depender do cál-culo feito a partir das contribui-ções efetuadas ao longo dos anostrabalhados e da capitalizaçãodos investimentos realizadospelo Fundo, que contará no seuConselho com três representan-tes do patrocinador (a União) e

três representantes dos servido-res optantes. Depois de aprova-da a Lei Complementar, a regu-lamentação do Fundo é que de-finirá as regras do Conselho.

Enquanto o governo nãoapresenta propostas concretas,os servidores reclamam que nãohá incentivos. A pedagoga Már-cia Ferreira Alves Cunha, 40, ser-vidora do Ministério da Educa-ção, se sente prejudicada quan-do o assunto é ascensão funcio-nal. Em 1985, ela passou em con-curso de nível médio. Formou-seem Pedagogia e fez pós-gradua-ção. “Na Secretaria de Educa-ção do DF, o professor que atin-ge o nível superior é promovidode função automaticamente. Nonosso caso, se quisermos crescer,temos que fazer outro concurso ecompetir com gente que passa odia estudando”, argumentou.

Segundo o secretário-geraldo Sindicato dos Servidores Pú-blicos (Sindsep), Ricardo Jacomi,o governo tem sinalizado queesse ano vai investir mais emeducação e saúde dos servido-res. E que não vai conceder osreajustes pedidos. “Na verdade,estão trocando a concessão depagar salários dignos por edu-cação e saúde, enquanto é obri-gação do Estado garantir tudoisso”, afirmou.

Judiciário e MPU - O as-sunto interessa muito aos servi-dores do Judiciário e do Minis-tério Público uma vez que a defi-nição do índice de reajuste sala-rial atinge esses servidores. Parao coordenador geral do Sindjus,Roberto Policarpo, a recomposi-ção periódica dos salários é fun-damental para a manutenção dopoder de compra dos servidores.“Não existe tabela salarial queresista ao poder de corrosão dainflação. Daí a necessidade ur-gente de definição de uma polí-tica salarial que defina um índi-ce de correção anual”.

Roberto Policarpo acreditaque nenhum dos governos recen-tes teve coragem de definir umapolítica salarial para os servido-res públicos para não quebrar alógica da política econômica dita-da pelo FMI e quem perde é o povo.“Enquanto o governo se subme-ter à lógica do reajuste fiscal seráimpossível reconstruir a máqui-na do Estado que vem sendodesmontada desde o governoCollor”.

Os servidores do Poder Judi-ciário e do MPU terão que sepreparar para mais uma campa-nha salarial difícil mas necessá-ria para evitar o rebaixamento deseu poder de compra, como vemacontecendo desde 1995.

CAMPANHA SALARIAL 2005

Data Atividade Local

Calendário da Campanha Salarial 2005

25/02/05 Hotel Nacional

26 e 27/02 de 2005 Brasília

14/03 Brasília

15/03 Brasília

16/03 Brasília

Assembléia dos Servidores do PoderJudiciário e do MPU para a escolha dos

delegados à reunião ampliada daFenajufe

Reunião Ampliada da Fenajufesobre o PCS

Plenárias setoriais das entidadesnacionais da Cnesf

Plenária Nacional dos SPF’s

Ato público em Brasília de lançamentoda Campanha Salarial 2005 dos SPF’s

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REFORMA SINDICAL

Nada mais comum,desde há muitosanos, que a críticacontundente ao nos-so sistema de rela-

ções coletivas do trabalho, sem-pre sob a tônica de que a legis-lação brasileira persiste em car-regar fortes traços de um mode-lo influenciado pelo fascismo ita-liano, próprio da época em queVargas flertava com as idéias deMussolini, muito embora tenhaterminado, mesmo, namorandoos "Aliados", contra o "Eixo",

na Segunda Guerra Mundial. Basta, porém, analisar os

fatos com isenção, para ser re-chaçada a tese de existência dealgum vínculo entre as conquis-tas alcançadas pelos trabalha-dores brasileiros e a concepçãonazi-fascista do Estado. Carecede investigação e confirmação ci-entífica a pertinência do tributoconferido a Getúlio pelos avan-ços dos direitos individuais tra-balhistas, consubstanciados nasférias anuais remuneradas, dé-cimo terceiro salário, fixação dajornada, salário mínimo, remu-neração adicional do trabalhoinsalubre ou perigoso, além deoutras vantagens previstas naCLT e em leis esparsas.

Por outro lado, e aqui a crí-tica é irrefutável, o Estado con-trolador dos movimentos sociaisde Vargas superou-se na institu-cionalização de um modelo sin-dical umbilicalmente atrelado aopoder público.

Nem mesmo o decurso deperíodo superior a 60 anos, comduas constituições democráticasintercorrentes, foi capaz de eli-minar alguns dos pilares dessesistema retrógrado. Dentre elesdestacam-se a unicidade da re-presentação sindical numa mes-ma base territorial e a contri-buição compulsória, conhecidacomo imposto sindical, cobradade todos os empregados, sejamsindicalizados ou não.

Nem tudo foi tão ruim, é ver-dade. A Carta Política vigente en-sejou, pelo menos, sepultar o

controle direto das atividadessindicais pelo Estado, extirpan-do do sistema a autorização parafuncionamento, a fiscalização ea intervenção.Agora, o PoderExecutivo anuncia o encaminha-mento de projeto de lei e de pro-posta de emenda constitucionalpara romper com aqueles res-quícios ultrapassados paridospelo Estado Novo. Sinaliza-separa a substituição do impostocompulsório por contribuiçõesdefinidas em assembléias dascategorias profissionais. Aponta-se também para a autorizaçãoda organização obreira nos pró-prios locais de trabalho e a pe-nalização das condutas anti-sin-dicais.

Caminhando na contramãodessas algumas boas iniciativas,a proposta governamental nãoelimina a unicidade sindical, aopreconizar que aos atuais sindi-catos será assegurado o mono-pólio( exclusividade) da repre-sentatividade desde que com-provem determinado númeromínimo de filiados. Sem nenhu-ma justificativa convincente, re-cuou o governo da indispensá-vel proposta de positivação doprincípio da prevalência da nor-ma mais benéfica ao emprega-do, medida que sinalizaria a in-tenção em não flexibilizar o di-reito do trabalho na reforma tra-balhista. A ultratividade danorma coletiva, do mes-mo modo, desapare-ceu do textoque será

enviado ao Congresso Nacional. Na mesma linha, evidencia-

se o manifesto desejo de con-centração de poder nas cúpulasdas entidades sindicais, ao pre-tender-se propiciar-lhes o privi-légio injustificável de instituirsindicatos sem a observância dosquoruns previstos em lei, bemassim ensejar-lhes a imposição,de cima para baixo, de cláusulasem acordos nacionais.

No quadro que se desenha,a criação de entidades sindicaisserá tarefa das mais árduas, res-tando praticamente inviabiliza-do o natural nascimento de mo-vimentos contrários aos atuaisdetentores do poder sindical.

O direito de greve, comoposto no projeto de lei, sofre sé-rias restrições. Há exigência demanutenção do funcionamentoparcial da empresa, ainda queesta não desenvolva atividadereconhecida como essencial, ca-paz de autorizar até a contrata-ção de trabalhadores temporá-rios na hipótese do sindicatoobreiro não assegurar os níveismínimos de prestação laboral.

Não é bem-vinda ainiciativa que buscaabrir uma bre-cha no tex-t o

Jornal do Sindjus Fevereiro de 2005 • Nº 2114

“Para umfuncionário públicoexercer bem suasfunções, ele nãoprecisa saber o queé ‘epiceno’,‘sobrecomum’ ou‘comum de dois’ “

Proposta do governo

restringe o direito de greveOutro ponto ruim é o desejo de concentraro poder nas cúpulas sindicais

Grijalbo F. Coutinho,39, juiz do Trabalho, é

Presidente da Anamatra(Associação Nacional dos

Magistrados da Justiça doTrabalho)

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constitucional, a ser preenchidapor via de lei ou de sórdida me-dida provisória bonapartista.Muito menos o ensaio de retro-cesso quanto ao papel do Esta-do na certificação da represen-tatividade sindical. Numa pers-pectiva de efetiva liberdade sin-dical, não só devem ser expur-gados o imposto compulsório ea unicidade, como também pro-piciados meios para se assegu-rar autonomia financeira aos sin-dicatos.

Contudo, não contribui a in-tenção deflagrada recentemen-te, de se pretender votar a to-que de caixa o projeto de lei quetorna compulsórias, tambémpara não-sindicalizados, as con-tribuições assistencial e confe-derativa, ainda que limitadas apercentuais reduzidos de sortea eliminar os abusos. Não dápara identificar se os sindicatosestão iludindo os parlamentares ouse está ocorrendo o inverso ou, ain-da, ambas as coisas. Ora, o impassenão se supera apenas com o neces-sário controle dos abusos.

Há de se considerar a inar-redabilidade do princípio cons-titucional da liberdade sin-dical, que não se com-padece com a com-pulsoriedadede con-t r i -

b u i -ções. Segu-

ramente a leinão romperá a in-

constitucionalidade jáassentada pelo Supremo

Tribunal Federal.As Centrais, por força da pró-

pria realidade fática, devem serreconhecidas como as entidadesmaiores da estrutura sindical, semque seja permitido, porém, um

modelo hierarquizante, já quedevem ser controladas pela base.

Ainda na prospecção da efe-tiva liberdade sindical, além dapositivação do princípio da nor-ma mais benéfica, da vigênciada norma coletiva enquanto nãosuplantada expressa-mente por outra, danão-obrigatorieda-de da negociaçãocoletiva, da subs-tituição proces-sual ampla, é in-dispensável aefetiva demo-cratização dasrelações cole-tivas. Isso so-mente seráviabilizado apartir da ga-rantia de

estabilidade a todos os em-pregados, do exercício do di-reito de greve sem restri-ções por parte do Estado eda inclusão no movimentosindical dos milhões de tra-balhadores desempregados

e de outros tantos não-empre-gados, atualmente sem qual-quer referencial enquanto ca-tegoria profissional e, portan-to, desprovidos de mínimosinstrumentos para melhoria desua condição de vida.

A fraternidade exige dossindicatos a luta pela integra-ção de todos os excluídos, pri-vilegiando a defesa dos seg-mentos mais pobres e discri-minados, bem como de interes-ses maiores de toda a Humani-dade, como sejam a proteção aomeio ambiente e o desarmamen-to global.

A não ser assim, afetadosque foram pela globalização,pelo neoliberalismo, pela tercei-rização e pelo ocaso do temordo socialismo, os sindicatos nãoresistirão e passarão a atuar emlimites cada vez mais estreitos,forjando lideranças cada vezmais conformistas com resulta-dos pífios para as categorias quepretendam representar.

Não estamos tratando detema de somenos importância,mas, sim, de pressuposto funda-mental para a concretização doEstado Democrático de Direito ede valorização dos ideais de jus-tiça social.

Sem sindicatos livres, inde-pendentes e politicamente for-tes, perde a classe trabalha-dora nacional e perde a Na-ção, que não conseguirá su-perar os seus dramas soci-ais, subjacentes à elevadaconcentração de renda e

refletidos na miséria reinan-te em todos os quadrantes do

país. Essas considerações refle-tem o posicionamento e a orien-

tação da Anamatra, enquanto co-letividade dos magistrados traba-lhistas brasileiros.

Jornal do Sindjus Fevereiro de 2005 • Nº 21 15

REFORMA SINDICAL

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Jornal do Sindjus Fevereiro de 2005 • Nº 2116

ara comemorar seus22 anos de fundação,a Central Única dosTrabalhadores (CUT)está organizando o

1º Festival da Nova Canção Bra-sileira (CantaCut), com o objeti-vo de valorizar a produção musi-cal nacional, estimular a inclusãocultural e propiciar o intercâmbioentre músicos e compositores dediferentes regiões do Brasil.

Previsto para ser realizado acada dois anos, com financia-mentos baseados na Lei Roua-net, a primeira edição do Fes-tival terá duas fases, a clas-sif icatória e a final. A pri-meira fase acontecerá emsete etapas com iní-c io em ju lho de2 0 0 5 . E asegun-

P

CUT cria festival

para valorizar a MPBIniciativa é grande oportunidade para ostalentos de nossa categoria

da, no dia 27 de agosto de2005, em São Paulo.

A fase classificatória será di-vidida em sete etapas:

• Etapa Sul (envolvendo os Es-tados do Rio Grande do Sul,Santa Catarina e Paraná);

• Etapa São Paulo (São Paulo);• Etapa 7 de Ou-

tubro (Minas Gerais, Rio deJaneiro e Espírito Santo);

• Etapa Nordeste (Bahia, Ser-gipe, Alagoas, Pernambuco,Paraíba, Rio Grande do Nor-te, Ceará, Piauí e Maranhão)

• Etapa Centro-Oeste (DistritoFederal, Goiás, Tocantins,Mato Grosso do Sul e MatoGrosso);• Etapa Chico Mendes (Acre

e Rondônia);• Etapa Amazonas (Pará,

Amazonas, Roraima eAmapá).

As inscrições paraa Etapa Centro-Oes-te, gratuitas, podemser feitas pessoal-mente ou pelos cor-reios, no seguinteendereço: Rua 70,

661 - Centro - Goiâ-nia - GO; telefones:

(62) 213-5438 /212-8434. Os

filiados doSindjus te-

rão a op-

ção de fazer suas inscrições nosindicato, que terá o máximoprazer de encaminhá-las à Co-missão Organizadora.

Condições - Não há limitespara o número de inscrições,podendo se inscrever qualquerpessoa maior de 18 anos com,no máximo duas composiçõespor compositor.

Não serão aceitas as inscri-ções de composições que façamparte de catálogos de gravado-ras/produtoras comerciais nemde músicas premiadas em outrosfestivais, até a data da inscri-ção. Também não serão aceitascomposições em língua estran-geira. E cada concorrente só po-derá disputar uma das elimina-tórias regionais.

Julgamento - As composi-ções inscritas serão julgadas pormembros nomeadas pela Comis-são Nacional Organizadora, combase nos materiais gravados eenviados pelos compositores em

formato CD de áudio. Se-rão seleciona-

das 20

CANTA CUT

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Jornal do Sindjus Fevereiro de 2005 • Nº 21 17Jornal do Sindjus Dezembro de 2004 • Nº 20 17

Sindjus incentiva

participação dos filiados

composições em cada uma dassete etapas. As eliminatóriasserão realizadas em teatrosdas seguintes cidades: PortoVelho, Belém, Brasília, Recife,Belo Horizonte, Florianópolis eSão Paulo.

A Comissão Nacional Orga-nizadora, que será integrada pordirigentes e assessores das es-truturas horizontal e vertical daCentral Única dos Trabalhadores,além de parceiros designadospela Executiva Nacional da CUT,usará três critérios para compora Comissão de Seleção: musi-cais, artísticos e conhecimentosmusicais.

Premiação - As três melho-res composições classificadasem cada uma das sete etapasreceberão os seguintes prêmi-os em dinheiro: 1º lugar, R$10 mil; 2º lugar, R$ 5 mil; 3ºlugar, R$ 3 mil.

Somente as duas primeirascomposições classificadas emcada uma das sete etapas se-guirão para a fase final, sendoque as 14 classificadas rece-berão mil cópias do DVD queserá gravado ao vivo, duranteas respectivas apresentaçõesao público, no dia 27 de agos-to de 2005, em São Paulo.

Está prevista também aclassificação da "Melhor Mú-sica do Júri Popular". O públi-co poderá votar pela Internet(www.cut.org.br) e, na etapafinal, por meio de cédulasapropriadas.

O regulamento do 1º Can-taCut pode ser acessado na pá-gina eletrônica do Sindjus(www.sindjusdf.org.br). Maioresdetalhes sobre o Festival serãodivulgados oportunamente emnossos informativos.

Dando cumprimento à deliberação de seu 4º Congresso, no sentido de promover a músicaentre seus filiados, o Sindjus montará uma estrutura para receber e encaminhar as inscrições dosservidores do Judiciário e do Ministério Público Federal no Distrito Federal. Nas próximas sema-nas, o sindicato convocará uma reunião com os talentos musicais da categoria para discutirdetalhes de sua participação.

O músico e compositor Newton Brum, servidor do TST, é o primeiro a anunciar que concorreráao Festival. "Não só me inscreverei, como incentivarei a participação de meus colegas, pois achoque temos a obrigação de fortalecer esta proposta da CUT", promete Brum, depois de elogiar ocompromisso assumido pelo sindicato com os músicos da categoria durante o 4º Congresso.

Segundo Brum, "não existe um órgão do Judiciário ou do MPU onde não haja um artista, sejacantor-solo, seja integrante de alguma banda. Em todo lugar encontramos um artista. Isso,evidentemente, fortalece a necessidade de estarmos voltados para o CantaCut, ainda que oFestival não esteja voltado especificamente para os servidores públicos, mas para o artistabrasileiro em geral, em especial o artista independente".

Newton Brum considera que o CantaCut constitui "uma oportunidade ímpar desde a épocados grandes festivais de música popular brasileira, nos anos 70, para os artistas independentesmostrarem o seu talento e o valor da MPB". Ele diz que o grande problema enfrentado hoje poresses artistas é a divulgação. "Na era digital, ficou fácil gravar um CD, até mesmo em casa. Masé muito difícil divulgar o trabalho. O máximo que a gente consegue é atingir a Internet ou fazera difusão entre as pessoas mais próximas. Fazer a divulgação massiva só é possível se vocêestiver vinculado a uma grande gravadora, que não está interessada na qualidade de sua música,mas no potencial de sua vendagem, ficando a cultura em segundo plano", esclarece.

Está prevista também a classificação da "Melhor Música do JúriPopular". O público poderá votar pela Internet (www.cut.org.br)

e, na etapa final, por meio de cédulas apropriadas.

CANTA CUT

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CULTURA

TT Catalão

a cidade do impériodo automóvel, as bu-zinas viraram panfle-tos sonoros e a esté-tica do medo venceu

a repressão. Brasília, 1º de ju-nho de 1984, Torre de TV, a cida-de sob medidas de emergência,30 mil teimosos da resistênciacandanga na platéia ativa, mais177 "músicos" instalados emseus "instrumentos", divididosem oito notas e apoiados emvolantes motorizados, o maes-tro Jorge Antunes regia, um sa-xofone, guitarra, baixo e piano elé-tricos, bateria, difusor de sons ele-trônicos, coral, declamador de po-emas e cinco regentes de campo.

São 40 minutos de duraçãocom direito a um spalla das bu-

zinas (o Dó da

buzina do violoncelista GuerraVicente), coro, discursos de Lula,Ulysses, Pompeu de Souza, Bru-na Lombardi, Coral Tontos deTanto Canto, Chico Expedito,Rênio Quintas, Fernando Corbale poemas de TT Catalão parauma sinfonia que desafiaria au-toridades intolerantes e aque-les artistas e rebeldes mais tra-dicionais incapazes de ver-ouviro quanto a forma pode determi-nar o conteúdo e a política nãoprecisa ser necessariamentechata, sem emoção e vulgar nosclichês das palavras de ordembatidas.

O embrião do comício sinfô-nico começa em abril de 1983,quando Jorge Antunes propõe aoComitê Suprapartidário pelasDiretas, reunião de partidos deesquerda e representantes dasociedade civil, o Moteto das

Diretas, que o maestro

desejava para o que seria o últi-mo comício antes da votação daEmenda Dante de Oliveira em 25de abril de 1984 no CongressoNacional - depois da longa ca-minhada nacional em manifes-tações públicas de massa quan-do se esperava pela volta do votolivre e a consolidação da demo-cracia. Jorge pede a TT Catalãotextos para a manifestação (naverdade uma parceria iniciadana composição musical panfle-tária nada convencional Depen-dência é Morte, apresentada noTeatro Nacional e, recentemen-te, Paz quem quer Faz - contra aguerra, encenada na rua comcarro de som de passeata - e aatual Vade Retro, Retrocesso -contra a reforma universitária).Como seria véspera da votação,o tema estava em diversos usosdo verso "amanhã é a primeiramanhã de um novo amanhã".

Emergências - O ge-neral-presidente Figueire-do temia a "invasão de Bra-sília" pela onda já manifes-tada de mobilizações emtodas as capitais do Brasil.E mais uma vez a cidadecassada, no centro das con-tradições brasileiras, é pu-nida com as nefastas medi-

das de emergência, im-pondo restrições às

manifestações pú-blicas. Não teve

o comícionem o

Moteto previsto, e a emenda nãopassou.

O maestro fala do previsto:"Para o Moteto, TT Catalão es-creveu dois longos poemas: umera extremamente onomatopai-co, o outro extremamente epo-péico. O primeiro poema reque-ria um tratamento musical jogra-lesco. TT, com seu estilo peculi-ar, desenvolvia uma estrofe emque predominavam os fonemasfricativos - sonoros e surdos - apartir das palavras já e janela:um... dois... três... já ... um, dois,diretas já já já já janelas aber-tas já já já jazidas pro jeca, já,já, já, jazigo pros juros. O poetame fornecia, para fazer música,uma coletânea de ricas estrofesonomatopaicas que se alterna-vam a textos discursivo-metafó-ricos: 'os atores principais, pre-sentes aqui nesta praça, solici-tam aos figurantes, que até ago-ra estiveram no poder, que seretirem delicada e naturalmen-te de cena porque é a vez da vozque vota, da voz que veta'. OMoteto evoluiria para a Sinfo-nia.

Sob repressão e cancela-mento do comício do dia 24 deabril, ninguém esperava a extra-ordinária reação civil do brasili-ense. Superando até a organi-zação de grupos políticos mobi-lizados, uma série de manifes-tações espontâneas aconteciaem buzinaços e panelaços (daíos versos "um dia é do caçadore o outro é da caçarola"). Umacidade de funcionários públicos

Sinfonia, comício e invenção

N

As buzinas que azucrinaram Brasíliana luta pelas Diretas Já

Page 19: Jornal do Sindjus - Amazon S3...peare, O Mercador de Veneza), que "tinha à sua livre escolha ou declarar o título válido ou declará-lo nulo". Mas, sobretudo, que os de-mais poderes,

CULTURA

- sob ameaça de retaliação noemprego e perdas de promoçõese chefias - a indignação da clas-se média surgia pelos meiosmais próximos: o automóvel (tãoglorificado no carrossel-autora-ma dos traçados de Lúcio Costa)e as panelas que produziam sonsdas janelas, sem luzes acesas,incapazes de serem vistas pelainfame deduragem da vizinhan-ça não manifestante. O generalNewton Cruz desesperado coma desobediência civil, chicotea-va fuscas na Esplanada que, empasseata, buzinavam pelas Di-retas, Já. O coronel Lauro Rie-th comandava as operações or-denando que abafassem "o má-ximo de ruído possível". Impos-sível deter a história quando umcom mais um decidem sair doanonimato e da submissão. OComitê marcou para 1º de junhoo comício proibido, mesmo comas Diretas derrotadas. O desa-fio de tirar o movimento da res-saca era imenso - sem falar queos emocionais oportunistas depalanque só aparecem quandoa coisa "é show, tô na onda",Brasília não teria "estrelas" mo-bilizadoras de Rio, São Paulo,Curitiba, Porto Alegre, Recife,Salvador. A cidade tinha que sevirar sozinha.

O choque estético das buzi-nas cidadãs foi imenso na histó-ria política da Capital. Era gentecom e sem partido, crianças,apocalípticos e integrados, mes-siânicos e desbundados gerais,apenas dispostos a um recado:basta! Indignação coletiva quenão se via normalmente na ci-dade sob repressão (direta ouvelada das demissões sem justacausa e "geladeiras" institucio-nais para esta ou aquela voz dis-cordante). Tal impacto foi retra-tado em uma crônica de TT Ca-talão no Correio Braziliense de29 de abril de 1984, intituladaAs Buzinas de Jericó.

Muralhas - Nas palavras domaestro, a virada e a decisão

para reagir e elaborar a obra apartir do azucrinar de buzinasinflamáveis: "A crônica do TT,publicada no dia 29, em plenavigência das medidas de emer-gência, de modo felicíssimo re-lembrava ele a passagem da Bí-blia em que Josué lidera seu povo,na cidade sitiada de Jericó. Logoapós a Páscoa, depois que setesacerdotes tocaram sete trom-betas por seis dias, o povo dariavoltas em redor da cidade. Naúltima volta todos emitiriam umgrande clamor. Feito isso, asmuralhas da grande fortalezaruiriam. Brasília saiu às ruas emplena "emergência", com as"trombetas" de seus automó-veis. Num grande clamor, pre-tendeu que a fortaleza ruísse.Nada ruiu. Como em Jericó, se-guiram-se as cenas de barbárieexplícita".

No encarte que acompanhao CD histórico lançado este mêspela Sistrum Edições Musicais epela ADUnB (Associação de Do-centes da Universidade de Bra-sília), à venda nas livrarias daUnB, o maestro Jorge Antunesdetalha minuciosamente a cons-trução da obra e catalogação dos"instrumentos" e seu criteriosoprocesso de criação e mobiliza-ção: telefonemas eram em códi-go e os panfletos de convocaçãoeram jogados dos prédios doSetor Comercial Sul, pois as ma-nifestações estavam proibidas.

"A idéia da Sinfonia das Di-retas surgiu durante a frustra-ção do Moteto nas reuniões es-condidas. Desta vez a obra mu-sical incorporaria, de modo or-ganizado dentro de uma estru-tura musical forte, as novas ebelas fontes sonoras: a orques-tra de buzinas e a orquestra depanelas. Suspensas as emergên-cias, dei início a uma criteriosaobservação e análise experimen-tal das potencialidades musicaisda buzina. O ouvido musical, numtrabalho de detecção apurada,presenciou as intensas horas derush de Brasília e permitiu uma

avaliação tipológica que logoacendeu o fogo da invenção mu-sical. Uma catalogação minuci-osa de buzinas permitiria a rea-lização de melodias, pois que agrande maioria das buzinas pro-duz sons de alturas fixas no es-calonamento do sistema tempe-rado. A paleta sonora se enri-quecia à medida que se desen-volviam idéias de utilizaçãosemi-aleatória das buzinas. Des-sa forma a linguagem musical, enão apenas o vocabulário musi-cal, adquiriria uma intensa ori-ginalidade", escreve Jorge noencarte do CD.

O novo projeto - A partirde um plano para a Sinfonia dasDiretas, em razão de sua dura-ção e de sua estrutura, novostextos foram encomendados aoTT. Diz o maestro: "Dois diasdepois recebo seu belo poemaintitulado Atestado de Óbvios eainda uma lauda com cerca de40 frases soltas. O poema foidestinado ao declamador, paraa coda: 'Sempre haverá luz quese atreva às trevas, veredas. / Aroutra vez haverá / Haverá quemilumine as trevas. / Ilumine. /Revelar / Sempre haverá quemse atreva à travessia; / ao atroz;mesmo por um triz / Sempre ha-verá clarear, trovão, luz, trevos,ternos, lema, motriz. Semprehaverá quem se atreva a ser fe-liz'. As 40 frases soltas forma-vam uma salada de estilos e con-teúdos, com ingredientes queiam desde o 'quem rumina, nãobuzina... fon-fon... Terezinhaa-aaaa... bi-bi-biiii', até o 'batepanela, abre a janela, dispensao choro e a vela, solta uma fitaamarela'. O poeta pediu-me queescolhesse os versos que maisse ajustassem às minhas idéiasmusicais. Escolhi, para o coral epara coro popular, duas constru-ções verbais que considerei pri-morosas: 'Um dia é do caçador,outro da caçarola; abre a janela,bate panela. Quem nos tiraniza,abusa, arrasa, azucrina; a razão

resolve, buzina, Brasília, buzina'.Essa segunda tirada estava ma-gistralmente montada com aconstância de variantes sutis daconsoante fricativa dental e al-veolar sonora zê. Esse era o somque me interessava: o "zzzzz"do zumbido ruidoso que preci-sava ser levado às ruas".

Pela honra de ter sido con-vocado pelo maestro para a suaobra, o que mais emocionou foia alma guerreira do brasiliensede não se intimidar sob pressãoe comparecer aos gramados daTorre de TV para confirmar, sobrisco e na prática que a luta con-tinuava, mesmo. Nem o boato(incorporado pelos jornais da ci-dade, de que haveria repressãoe impedimento da Sinfonia) nemo tal fusquinha vermelho em Fá eum dos Opalas em Lá que se infil-traram no ensaio (de reconhecidosagentes do então SNI) impedirama cidade de dizer não de uma for-ma tão inusitada e criativa.

Quanto aos agentes, JorgeAntunes desfilava mais que iro-nia, bravura: "Desde que tocas-sem afinados e na hora certa!".E para os políticos de esquerdamais tradicionais em estética, omaestro lembra a excelente par-ticipação e resposta do público:"Os textos eram bem políticos,com mensagem até mais forteque os discursos dos políticos".

Brasília soube crescer enquan-to o resto do país lamentava a der-rota. Deu fibra para novas lutas.

Um dia é docaçador,

outro dacaçarola;

abre a janela,

bate panela

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