jornal do museu dos transportes e comunicações

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11 OUTUBRO 2006 ASSOCIADO | EXPOSIÇÕES | CCI | NOTÍCIAS ISSN 1645-6386 ASSOCIADO Direcção Geral das Alfândegas AUTOMÓVEL Mercedes-Benz: Potência, Fiabilidade, Modernidade EXPOSIÇÃO Metamorfose de um Lugar– Museu das Alfândegas

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n.º 11 (Outubro 2006)

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Page 1: Jornal do Museu dos Transportes e Comunicações

11OUTUBRO 2006

ASSOCIADO | EXPOSIÇÕES | CCI | NOTÍCIAS ISSN 1645-6386

ASSOCIADO

Direcção Geral das Alfândegas

AUTOMÓVEL

Mercedes-Benz:Potência, Fiabilidade, Modernidade

EXPOSIÇÃO

Metamorfosede um Lugar–Museu das Alfândegas

Page 2: Jornal do Museu dos Transportes e Comunicações

DIRECÇÃOGERAL DASALFÂNDEGAS

EDITORIAL

N.º 11

OUTUBRO 2006

Propriedade da Associação para o Museu dos Transportes e Comunicações

ISSN 1645-6386

FICHA TÉCNICA PERIODICIDADE

Sazonal

COORDENAÇÃO

EDITORIAL

Suzana Faro

REDACÇÃO

Adriana Almeida, Ana Sofia Soares, Cecília Amorim,Isabel Tavares,Mafalda Pereira,Paula Moura.

DESIGN

DNA Design

IMAGEM DA CAPA

DNA Design

(sobre uma imagem

de António Chaves)

TIRAGEM

1000 exemplares

IMPRESSÃO

Rocha Artes Gráficas

JORNAL DO MUSEU DOS TRANSPORTES E COMUNICAÇÕES| 2

ALFÂNDEGA NOVA

Alfândega, do árabe “al-funduq”. Lugar de movi-mento, de muito barulho e até de algazarra. Aloja-mento de mercadorias e de mercadores.

Os mercadores já se foram. As mercadorias já não chegam. O movimento, o barulho e a algazarra extinguiram-se.

Metamorfose precisa-se. Voltar a ter movimento, algum barulho, um pouco de algazarra. Ser coisa viva. Comunicar. Mercadorias diferentes. Mercado-res mais diferentes ainda.

Um Museu. Crianças no interactivo. Também nos corredores. Um Centro de Congressos. Homens e mulheres nas salas. Também nos corredores. Mercadorias do saber e da cultura. Mercadores do conhecimento e da imaginação.

Mais uma vez Alfândega. Alfândega Nova.

Eng. Carlos de Brito PRESIDENTE DO CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO

ASSOCIADO

“Metamorfose precisa-se. Voltar a ter movimento, algum barulho, um pouco de algazarra. Ser coisa viva.”

Em 1979 as Alfândegas Portuguesas comemo-raram os 800 anos dos Serviços Aduaneiros em Lisboa. Tal significa que a história das Alfânde-gas Portuguesas remonta à nossa nacionali-dade. Com efeito esta data de 1179 é a data do primeiro Foral concedido à cidade de Lisboa por D. Afonso Henriques, documento que contém, além de muitas disposições, importantes nor-mas respeitantes às então denominadas “taxas de portagem” que, constituindo a primeira Pau-ta Aduaneira, constitui, igualmente o primeiro sinal da instituição aduaneira.

Edifício da Alfândega de

Lisboa no início do Séc. XX

© ARQUIVO DGAIEC

Page 3: Jornal do Museu dos Transportes e Comunicações

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Em 1979 as Alfândegas Portuguesas comemo-raram os 800 anos dos Serviços Aduaneiros em Lisboa. Tal significa que a história das Al-fândegas Portuguesas remonta à nossa nacio-nalidade. Com efeito esta data de 1179 é a data do primeiro Foral concedido à cidade de Lisboa por D. Afonso Henriques, documento que con-tém, além de muitas disposições, importantes normas respeitantes às então denominadas “taxas de portagem” que, constituindo a pri-meira Pauta Aduaneira, constitui, igualmente o primeiro sinal da instituição aduaneira.

Nestes muitos anos de existência, as Alfân-degas desempenharam sempre um papel preponderante no quadro fiscal do Estado português, internacionalizando bastante a sua actividade a partir dos meados do século passado com a sua adesão ao Conselho de Cooperação Aduaneira (1953), hoje Organiza-ção Mundial das Alfândegas, a integração de Portugal na Associação Europeia de Comércio Livre, EFTA (1959), a celebração do Acordo CEE/Portugal (1972) e, enfim, a sua entrada na União Europeia em 1986. Actualmente, esta actividade internacional é ainda reforçada com um intenso esforço na cooperação adu-aneira, nomeadamente com todas as alfân-degas da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

A nível internacional, com a liberalização das trocas comerciais, houve nas últimas décadas, uma clara diminuição dos direitos aduaneiros. Também, a nível nacional, os direitos aduanei-ros desapareceram nas trocas intracomunitá-rias. No entanto, desde 1993, com a imple-mentação do mercado interno, a DGAIEC passou a assegurar a gestão dos impostos especiais de consumo (imposto sobre os produtos petrolíferos, imposto sobre o tabaco, imposto sobre o álcool e bebidas alcoólicas) e, ainda, o imposto automóvel e o imposto sobre o valor acrescentado (IVA) na importação de países terceiros.

Todavia, a actividade das Alfândegas vai, hoje em dia, muito para além da tradicional missão fiscal atrás referida (mas que representa, mesmo assim, cerca de 23% da receita fiscal do Estado – ver quadro) prolongando-se em actividades de protecção da sociedade, como por exemplo, no controlo da segurança das pessoas e bens, na defesa da saúde e do am-biente, na protecção do património cultural, no combate ao tráfico de drogas e estupefa-cientes e ao comércio de produtos proibidos

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ou de produtos contrafeitos.

A história das Alfândegas Portuguesas é, também, feita dos extraordinários edifícios representativos das várias épocas e das várias formas da intervenção aduaneira no comér-cio internacional. Os edifícios da Alfândega de Lisboa no Terreiro do Trigo junto ao Tejo e da Alfândega do Porto em Miragaia junto ao Douro (designações técnicas que as sucessi-vas reformulações orgânicas eliminaram) são dois magníficos exemplos da grandeza das Alfândegas e da função que representavam aquando da sua construção: junto do local de chegada das mercadorias e desenhadas em função dos seus objectivos.

O edifício da Alfândega do Porto é um dos melhores exemplos do que atrás foi dito. Contudo, quando o magnífico edifício acabou de ser construída (o)o (nos finais do século XIX) já se começava a pensar em construir o porto de Leixões, fora do rio Douro. Os navios eram cada vez maiores e o rio Douro torna-va-se para eles cada vez menos navegável. Com o passar dos anos a Alfândega do Porto foi ficando longe dos terminais marítimos, rodoviários e aéreos onde, naturalmente, a actividade se desenvolve com mais acuidade. E é assim que em 1999, através de um auto de cessão celebrado entre a Direcção Geral do Património e a Associação dos Museus de Transportes e Comunicações (AMTC), o edifício da Alfândega do Porto é cedido a essa Associação para a instalação dum Museu de Transportes e de Comunicações e para a realização de eventos. Logo a seguir em 2000 foi assinado um Protocolo entre a referida Associação e a Direcção Geral das Alfândegas e dos Impostos Especiais sobre o Consumo (DGAIEC) em que se previa a criação dum

núcleo museológico dedicado à ligação da história do edifício com a história da cidade do Porto. Em Fevereiro último, um novo protocolo relançava a questão museológica. Enfim, em 18 de Maio, foi inaugurada a exposição, com a presença do ministro das Finanças e do Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais.

O Museu e, igualmente, a renovada biblioteca da Alfândega do Porto, merecem ser visitadas para avaliar o resultado duma excelente co-laboração, que se deseja continuada, entre a DGAIEC e a AMTC. Estão ali os objectos e do-cumentos com interesse, convenientemente tratados e arrumados, que ao longo dos anos foi possível guardar e que agora se disponibi-lizaram para esta obra. A DGAIEC forneceu a matéria-prima e a sua longa história e a AMTC forneceu a capacidade e a vocação para a sua conservação, exposição e explicação. E esta colaboração pode e deve prolongar-se no enriquecimento do Museu com o fornecimen-to de peças que representem de uma forma mais evidente a missão actual das Alfândegas Portuguesas e também com um apoio claro na realização de exposições temporárias e temáticas. Em 2007 comemoram-se os 500 anos da instituição da Nossa Senhora da Ata-laia como Santa padroeira das Alfândegas e a DGAIEC e a AMTC terão aqui uma excelente oportunidade de organizarem, conjuntamente, uma comemoração à altura desses quinhen-tos anos. O desafio fica aqui registado.

O edifício da Alfândega do Porto é, ainda, a velha Tesouraria que será tratada museologi-camente logo que possível, são os carris que atravessam o edifício e que relembram o ter-minal ferroviário, as Furnas que armazenavam as mercadorias chegadas pelo rio, o Salão No-bre ou a extraordinária Sala do Arquivo recu-perada para a realização de grandes eventos. Trata-se de um edifício de tal forma ilustre que a sua utilização não é mais compatível com o regresso a um centro administrativo.

A DGAIEC tem muito orgulho nos seus edifícios e nas peças que constituem a sua história, por vezes chorará mesmo uma lágrima de saudade ao abandoná-los, mas não pode deixar de re-conhecer que a AMTC tem feito, no Edifício da Alfândega do Porto, um trabalho muito valioso de recuperação e de utilização do espaço.

João de SousaSUBDIRECTOR GERAL DAS ALFÂNDEGAS

RUBRICAS

Direitos Aduaneiros

Direitos Agrícolas

Imposto sobre o Valor Acrescentado

Imposto sobre Produtos Petrolíferos e Energéticos

Imposto sobre os Tabacos

Imposto sobre Álcool e as Bebidas Alcoólicas

Imposto Automóvel

Outras

TOTAL

RECEITAS COBRADAS

2003 2004 2005

107 455,4

24 977,2

1 000 943,0

2 946 398,8

1 223 945,7

206 688,0

985 097,9

21 029,3

6 516 535,3

1,65

0,38

15,36

45,21

18,78

3,17

15,12

0,32

100

113 041,8

43 937,6

1 003 816,1

2 962 446,3

1 026 980,2

195 589,1

1 121 278,6

21 576,0

6 488 665,7

1,74

0,68

15,47

45,66

15,83

3,01

17,28

0,33

100

115 105,1

26 453,2

1 036 160,0

2 992 694,3

1 322 935,6

179 932,5

1 173 175,9

21 201,1

6 867 657,7

Nº %

1,68

0,39

15,09

43,58

19,26

2,62

17,08

0,31

100

Nº %Nº %

RECEITA FISCAL COBRADA PELA DGAIEC (MILHARES DE EUROS)

Assinatura da Adesão

de Portugal à C.E.

© ARQUIVO DGAIEC

Page 4: Jornal do Museu dos Transportes e Comunicações

METAMORFOSE DE UM LUGAR –

Novo Núcleo Museológico e Biblioteca

A memória do Edifício da Alfândega Nova do Porto e a sua ar-ticulação com a cidade e a actividade aduaneira constituem o mais recente desafio levado a cabo pelo Museu dos Transportes e Comunicações. Materializado na abertura de uma exposição permanente e da biblioteca da Alfândega do Porto, este projecto (sugestivamente intitulado “Metamorfose de um Lugar”) foi co-financiado por fundos comunitários no âmbito de uma candi-datura à ON – Eixo 1 – Medida 1.4.

DESTAQUE JORNAL DO MUSEU DOS TRANSPORTES E COMUNICAÇÕES| 4

© ANTÓNIO CHAVES

AMTC

MUSEU DAS ALFÂNDEGAS

Page 5: Jornal do Museu dos Transportes e Comunicações

ral, hoje a cargo da Associação para o Museu dos Transportes e Comunicações.Chaves, bússolas, lanternas, cofres, relógios, ca-rimbos, material de laboratório, documentos... objectos que acompanharam o dia-a-dia dos funcionários aduaneiros voltam a ganhar vida através de novas abordagens museológicas. Como se contrabandeava azeite dentro de uma viola? Como se analisavam as merca-dorias que se pretendiam desalfandegar? Que equipamentos ocupam hoje o Edifício da Alfândega Nova do Porto? Estas e outras questões poderão ser descobertas nesta exposição que traça todo o percurso da memória do lugar e suas metamorfoses, por outras palavras, 150 anos de história agora revelados.A exposição articula-se ainda com a possibilida-de de visita ao edifício, através de um percurso interpretativo criado em 2000 para o efeito.

BibliotecaParte integrante deste projecto é, também, a recuperação da antiga Biblioteca da Alfândega que, fisicamente, ocupa o espaço contíguo ao núcleo museológico, lugar onde a alma é invadi-da pelo odor dos livros antigos numa atmosfera que assume uma dimensão histórica marcante.Num espaço já outrora designado de bibliote-ca, coabitavam documentos de arquivo – fruto

Ao longo de mais de cinco anos, a Associação para o Museu dos Transportes e Comunica-ções (AMTC) desenvolveu uma série de ac-ções visando criar as condições necessárias à implementação de um núcleo expositivo que, partindo de um vasto acervo museológico e documental (disponibilizado pela Direcção-Geral das Alfândegas - DGAIEC à AMTC) que urgia investigar, preservar e expor, pudesse apresentar não só as memórias deste edifício, mas também a actividade aduaneira enquan-to contributo de importância capital para a cidade, bem como para a economia, socieda-de e política nacionais.Um espaço nobre do 2º piso do corpo central do edifício da Alfândega, dotado de grande dignidade e com forte relação visual com o rio, foi recuperado, de acordo com o projecto do arquitecto Eduardo Souto de Moura, para acolher este novo projecto.

A ExposiçãoEstruturada em cinco núcleos, a exposição aborda o percurso de memória do lugar, desde a relação histórica entre a construção do edi-fício na Praia de Miragaia, à sua relação com a população local, ao percurso da alfândega enquanto instituição aduaneira e reguladora das transacções comerciais e, finalmente, à transformação deste edifício em espaço cultu-

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No âmbito do Projecto “Metamorfose de um Lugar” o MTC organizou, no dia 23 de Maio, uma conferência que contou com a participa-ção de historiadores, sociólogos, museólogos e representantes da DGAIEC a fim de se debater o processo da metamorfose do edifício e da ci-

dade na qual está envolvido, nas suas diversas valências. No final da conferência seguiu-se uma visita à exposição, o lançamento do livro “Metamorfo-ses de um Lugar” e um passeio de barco pelo rio Douro com partida do Cais da Alfândega.

Conferência Metamorfose

da actividade desta instituição aduaneira – e documentos de biblioteca que, a título de depósito, apreensão pelos serviços alfande-gários ou como instrumento de apoio às suas funções, aqui foram dando entrada.Um total de cerca de 25 000 volumes, compreendidos entre o séc. XVIII e a actu-alidade, abarcando áreas que vão desde as ciências sociais (economia, política, direito, administração pública), às ciências exactas (química, física, biologia), e ciências aplicadas (engenharias e indústria), revela por um lado, a diversidade de conhecimentos necessários à actividade aduaneira e, por outro, o manancial informativo pronto a ser estudado, consulta-do, desfrutado por qualquer investigador, es-tudante ou por mera curiosidade. Foi, de resto, objectivo assumido desde o início do projecto, devolver este acervo à sua função primordial, disponibilizando-o à consulta pública.

Os novos desafiosO Projecto realizou-se. A missão da AMTC, enquanto entidade impulsionadora da valori-zação do património e da memória do edifício que lhe está associado, assume agora outros desafios. A criação de roteiros na cidade e o estabelecimento de parcerias com institui-ções que se articulem com as temáticas abor-dadas neste novo espaço expositivo, consti-tuem objectivos a concretizar a curto prazo no sentido de dinamizar e dar a conhecer, cada vez mais, as novas potencialidades do Edifício da Alfândega. A actividade comercial na cidade, a ligação ao rio e aos transportes, as histórias de vida dos rostos que animaram e passaram pela Alfândega, o estudo e investigação em áreas específicas na nova Biblioteca, as visitas guia-das, as oficinas para crianças e famílias, são temas e projectos a desenvolver.

© ARQUIVO AMTC

© IVO CANELAS

AMTC

© IVO CANELAS

AMTC

Page 6: Jornal do Museu dos Transportes e Comunicações

MERCEDES-BENZ: POTÊNCIA, FIABILIDADE, MODERNIDADE

Enquanto a Benz & Cie Rheinische Automobil und Motoren-Fabrik AG criou a marca registada Benz & Cie de Manheim, a Daimler-Motoren-Gesellschaft adoptou a designação Mercedes, um nome mais atractivo para o mercado automóvel francês, mas também o nome da filha do diplomata austríaco Emil Jellinek que, para além de grande admirador de Daimler, era também seu parceiro de negócios na comercialização de automóveis nos mercados europeu e americano.

Uma Longa CaminhadaNo início do século XX, carros de corrida Mercedes, equipados com motores Daimler bastante potentes para a época, obtiveram grande sucesso nas corridas de automóveis na Europa. Ao seu alto rendimento associa-va-se um atractivo design. À rápida evolução dos veículos Mercedes respondeu a Benz em 1908, ocupando os 2º e 3º lugares no Grande Prémio de França.

O período após a I Guerra Mundial foi marca-do pela recessão económica e consequente diminuição de vendas de automóveis parti-culares, então considerados objectos de luxo e ostentação, facto que prejudicou significa-tivamente a indústria automóvel alemã. Para fazer frente a estas dificuldades, algumas marcas optaram pela fusão. A Daimler-Benz, após a sua fusão em Junho de 1926, produziu uma série de carros de estrada inspirados nos vitoriosos automóveis de corrida Mercedes do período pós-guerra.

As Corridas Como Fonte de InspiraçãoO período de depressão, provocado pelo colap-so da Bolsa de Nova Iorque em 1929, consti-tuiu novo travão às vendas dos carros de luxo produzidos pela Mercedes-Benz mas, durante a década de 30, os seus famosos e dispendio-sos modelos desportivos continuavam a ser muito desejados. O próprio governo alemão, então chefiado por Adolf Hitler, subsidiou com avultados fundos a entrada desta marca nas mais famosas competições automobilís-ticas. Desta forma, tanto a Mercedes como a sua rival alemã Auto-Union, dominaram os Grandes Prémios da época. A construção de carroçarias cada vez mais aerodinâmicas foi um importante impulso para o desenvolvimen-to da tecnologia automóvel de então.

Após o período de devastação provocado

pela II Guerra Mundial, a Mercedes retomou o fabrico de veículos e apresentou, logo no início dos anos 50, o modelo Mercedes 300 S que veio integrar o mercado de veículos de luxo e grande potência. O seu motor de três litros com 6 cilindros seria entretanto adaptado para de novo corresponder à grande tradição dos Mercedes desportivos da década de 20.

Em 1952, surge o mítico Mercedes 300 SL. Na sequência do regresso da marca às vitórias nas Grandes Competições, este novo modelo alcançou o 1º lugar na Carrera PanAmericana (México). Apesar de se retirar das corridas, as vitórias conquistadas pelo 300 SL permitiram o lançamento de uma edição limitada de um novo modelo de Grande Turismo nele inspi-rado. A manutenção da estrutura do modelo de corrida impediu a utilização de portas convencionais e conferiu a este automóvel o famoso design onde se destacavam as portas basculantes, característica que lhe angariou designações como “Gullwing”, em Inglaterra, e “Papillon”, em França.

Inspirado nos revolucionários modelos de corrida da década de 30, surgiu, em 1954, o Mercedes W 196 Streamline. Conduzido pelo mítico piloto argentino Juan Fangio, este mo-delo tomou de assalto o Campeonato Mundial de Grandes Prémios vencendo em 1954 e 1955 dois Campeonatos Mundiais de Condutores.

Um novo modelo Mercedes 300 SLR, surgido em 1955, foi especialmente concebido para corridas tão míticas como a Mille Miglia, a Targa Florio e as 24 Horas de Le Mans. Em Itália, Stirling Moss e o seu navegador Denis Jenkinson venceram a Mille Miglia com uma velocidade média record de 160 Km/h, foi uma das seis vitórias conquistadas pelo Mer-cedes 300 SLR ao longo de 1955.

Na década de 70, o novo Mercedes 350 SL

trouxe consigo inovações ao nível da seguran-ça, sofisticação e conforto do condutor, me-lhorias integradas já nas inovações encetadas nos anos 60 que contribuíram para o reforço da suspensão e do amortecimento na frente e retaguarda dos veículos.

Entre 1972 e 1981, foi produzido o Mercedes SL C de 4 lugares que se tornou num verda-deiro carro familiar, sem perder o seu carácter luxuoso de passeio concebido de forma a tornar a condução a alta velocidade agradável, fácil e segura.

Nos anos 90, o modelo SL K comprovou, uma vez mais, o interesse da Mercedes em manter as suas origens desportivas. A silhueta pratea-da combinava a tradição dos SL e do majes-toso SS K dos longínquos anos 20 e nele se conjugavam as duas formas tradicionais dos carros desportivos: o Coupé de capota rígida e o Roadster descapotável.

Os automóveis Mercedes de carácter despor-tivo, transformaram-se num símbolo associa-do a um estilo de vida abastado e despreocu-pado, atingindo um estatuto quase de culto entre os seus admiradores.

O Futuro Exige InovaçãoAs preocupações associadas à protecção do ambiente, a uma melhor eficiência no consu-mo energético, à reciclagem e à melhoria da mobilidade no espaço urbano conduziram ao estabelecimento, em 1994, de uma parceria entre a Mercedes-Benz e a Swatch. O resul-tado surge em 1998 com a apresentação do Smart City-Coupé. Actualmente, este modelo é produzido pela DaimlerChrysler mas a sua criação confirma que a inovação e a criativida-de são estratégias essenciais para a conquista do futuro e que a Mercedes continua, como há mais de cem anos, a ter um importante papel na definição desse mesmo futuro.

AUTOMÓVEL JORNAL DO MUSEU DOS TRANSPORTES E COMUNICAÇÕES| 6

As corridas como fonte de inspiração

Page 7: Jornal do Museu dos Transportes e Comunicações

Quem não gosta de desvendar segredos? E quem será capaz de dizer o que têm em comum todos os seres vivos?Sejam eles formigas, elefantes, árvores e seres humanos, todos têm em comum o facto de serem constituídos por células. Mas, se são todos constituídos da mesma maneira, então, tem de existir algo nas células que seja res-ponsável pelas diferenças encontradas entre os seres vivos… O que será?

Imagine que tem nas mãos uma célula e que vai abrir o seu núcleo. Lá dentro, encontrará uma sequência de códigos secretos que os cientistas chamam de ADN. Em português, a sigla significa ácido desoxirribonucleico. Mas que nome tão complicado!, estará a pensar… Talvez mais importante do que simplesmente saber o seu nome é saber que o tal código secreto, o ADN, é responsável pelas caracte-rísticas físicas de todos os seres vivos!As moléculas de ADN contêm as informações necessárias para formar um ser vivo e tam-bém para que ele se possa reproduzir. Nele existem informações que se chamam genes. Cada molécula de ADN possui muitos genes, que influenciam as características físicas dos seres vivos. A cor dos nossos olhos, por exem-plo, é determinada por um gene.

É através do ADN que as células comunicam entre si. Deste modo, o organismo consegue estar em maior harmonia. Há cientistas que chegam a defender que uma das primeiras formas de comunicação que alguma vez exis-tiu foi a comunicação entre as células.Quem nunca ouviu expressões como: “Tens os olhos do teu Pai!” ou “As mãos, herdaste-as da tua Mãe!”?

Nenhum ser vivo é igual a outro: os descen-dentes herdam informações do ADN dos seus progenitores. Umas características físicas até podem ser iguais entre eles, mas outras surgem pela primeira vez nos descendentes. Então… estes novos seres vivos não são idên-ticos aos seus progenitores e nem a ninguém! O seu ADN é diferente, é único!

Num ser vivo, o ADN é exactamente igual em todas as células do seu corpo, desde as células da sua pele, dos tecidos, da raiz do cabelo, dos ossos, dos músculos,… O seu ADN forma-se no momento da fecundação e jamais mudará, mesmo depois da morte.No núcleo da Ciência da Exposição da Comu-nicação do Conhecimento e da Imaginação investiga-se a molécula de ADN e exploram-se formas de a utilizar:– Qual será o procedimento para se realizar um teste de paternidade/maternidade que tanto se ouve falar?

A COMUNICAÇÃO QUE SE FAZ EM CIÊNCIA…

EXPOSIÇÕES TEMPORÁRIAS

CCI | EXPOSIÇÕES TEMPORÁRIAS | 7

FIAT - LA BELLA MACCHINA… Entrando no museu fora de horas…

O MTC e a Fiat Clássicos de Portugal inauguraram

no dia 20 de Maio pelas 17h, a exposição “FIAT – La

Bella Macchina”. Nesta exposição, com cerca de 30

exemplares, estiveram patentes alguns dos auto-

móveis mais antigos que passaram por Portugal,

desde o Tipo 1 de 1909, até um 1400 Cabriolet, único

na Península Ibérica. No dia da inauguração, pelas

17h houve um passeio a iniciar na Praça das Flores,

percorrendo a marginal até ao castelo da Foz e

rumando depois à Alfândega.

Neste dia a viagem foi pela noite dentro, uma vez

que a exposição esteve integrada na iniciativa “La

nuit des musées” e pode ser visitada até às 22h.

REUNIÃO DE OBRA #3 INDÚSTRIA: A Unidade Industrial da Inapal – Autoeuropada Autoria de Francisco Vieira de Campos

O Ciclo de exposições “Reunião de Obra” continua e

desta vez mostra-se o papel do arquitecto

na edificação de espaços vocacionados para a in-

dústria. Ao contrário do que é comum na construção

destes parques industriais, onde o arquitecto por

norma não participa a não ser no final por questões

estéticas de fachada, aqui prevaleceu “uma necessi-

dade de mediação entre a crua necessidade técnica

e o reconhecimento de ordem, do familiar que a

arquitectura pode providenciar”.

VOA PORTUGALTAP 60 Anos na Rota do Futuro

Realizada no âmbito da comemoração dos 60 anos

da TAP, o objectivo desta exposição é dar a conhecer

a história da companhia desde a década de 40 até

à actualidade. Conduzindo o visitante a percorrer

6 décadas de actividade, exibem-se maquetas

de avião, uniformes, instrumentos de navegação,

material de catering e um conjunto de imagens

que ilustram a actividade da transportadora aérea

portuguesa. Esta foi uma das apostas do MTC para

a programação de Verão e de 13 de Julho a 27 de

Agosto a exposição contou com 653 visitantes.

AS VIAGENS AERONÁUTICAS DOS PORTUGUESES

Os transportes aéreos continuam em destaque e

desta vez o MTC e o Museu do Ar da Força Aérea

Portuguesa apresentaram uma exposição dedicada

à aviação portuguesa entre as décadas de 20 e 30

do séc. XX. Esta mostra integrou painéis com infor-

mação bilingue (português e inglês), vitrines com

objectos pertencentes aos aviadores pioneiros, mo-

tores originais de aviões que participaram nos raids

aéreos e projecção de audiovisuais. Esta foi uma

homenagem que a Força Aérea prestou aos aviado-

res portugueses e 461 visitantes puderam participar

neste tributo entre 20 de Julho a 15 de Agosto.

– Como se identifica a quem pertencem os cabelos deixados numa cena de crime?Aceita um convite para conhecer e experi-mentar actividades sobre o ADN?!?

Ana SoaresNÚCLEO “É MESMO CIÊNCIA?...”

EXPOSIÇÃO “COMUNICAÇÃO DO

CONHECIMENTO E DA IMAGINAÇÃO”

NOTA: A visita à exposição e a experimentação nas oficinas está sujeita a marcação prévia.

©ARQUIVO AMTC

©ARQUIVO AMTC

Page 8: Jornal do Museu dos Transportes e Comunicações

DEFINIÇÃO DO NOVO CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃONo dia 23 de Fevereiro de 2006, no âmbito da reunião do Conselho Geral da AMTC, foi designado um novo Conselho de Administração (CA) para o triénio de 2006-2008, que continua a ter como seu Presidente o Engenheiro Carlos de Brito. A vice-presidência ficou a cargo da Universidade Católica Portuguesa – Centro Regional do Porto, representada pelo Professor Doutor Alberto de Castro, e como vogais elegeram-se os seguintes membros: o Instituto Português de Museus (IPM), representado pela Dr.ª Isabel Maria Granja Fernandes, a APDL – Administração dos Portos do Douro e Leixões, S.A., na pessoa do Dr. António Ricardo de Oliveira Fonseca e a Sociedade de Transportes Colectivos do Porto, S.A. (STCP) representada pela Dr.ª Cristina Pimentel.

DIAS ESPECIAIS

Dia da Árvore e Dia da Poesia – 21 de Março “Árvore da Poesia”Como já vem sendo tradição, os desafios fazem os nossos propósitos e no Dia da Poesia e da Árvore o MTC apresentou a “Árvore da Poesia”. Partindo de um “campo” de granito e ferro, atrevemo-nos a “plantar” e fomos teimosos ao ponto de acreditar que aqui brotasse algo. Ao longo deste dia, os que com ela se cruzaram, sentiram-se na tentação de a vestir. Vestiram-na com os seus textos, as suas poesias, as da imaginação ou da realidade, as do coração ou simplesmente as da casualidade.O nosso muito obrigado a todos quanto vestiram a Árvore da Poesia e deixaram a primavera acontecer…

18 Maio – Dia Internacional dos MuseusNo Dia Internacional dos Museus o MTC ofereceu à cidade do Porto dois novos equipamentos culturais, com a inauguração da Exposição “Metamorfose de um Lugar – Museu das Alfândegas” e da nova Biblioteca da Alfândega. A exposição apresenta um espólio variado de objectos usados na actividade aduaneira desde carim-bos, balanças, máquinas de escrever, relógios, material de laboratório e até animais embalsamados apreendi-dos ao logo dos anos. A Biblioteca, por seu lado, conta com um acervo de 25 mil volumes, onde imperam as áreas da economia, finanças públicas, direito, indústria, engenharia, química e ainda alguns documentos de registo dos exportadores do vinho do Porto.

VIAJAR COM O MUSEU AGORA MAIS ACOMPANHADA – MALA PEDAGÓGICA A exposição itinerante “Viajar com o Museu” diver-sificou o seu projecto de animação através da Mala Pedagógica. O que torna esta mala tão especial? Um tapete-jogo sobre as exposições do museu; 5 automóveis em miniatura que ilustram a história da evolução técnica do automóvel e uma miniatura do Mecânico “Sr. Teixeira” ou como alternativa, 5 miniaturas representativas dos núcleos da exposição “Comunicação do Conhecimento e da Imaginação”. Estes materiais permitiram alargar as possibilidades do programa de animação, tornando a exposição mais autónoma, diversificada e ilustrada, para que a mensa-gem do MTC passe sem deixar escapar nada!

PROGRAMA FAMÍLIAS NOS MUSEUS 2006 “Alfândega: Uma Casa Cheia de Tesouros!” “Alfândega: uma casa cheia de tesouros!”Já a decorrer, o Programa Famílias nos Museus conta novamente com a colaboração dos museus da cidade do Porto, onde o MTC se insere e procura dar a conhe-cer alguns dos seus espaços renovados e histórias ainda por contar. Desta feita, o museu convida as famílias para a descoberta do Edifício e do novíssimo núcleo museológico Metamorfose de um Lugar – Mu-seu das Alfândegas sob a temática alfandegária. Todos os 4ºs sábados de cada mês, pelas 15h ou 17horas, mediante marcação prévia é possível participar nas Oficinas “Caça ao Tesouro” realizada no Edifício da Al-fândega e “Despachar depressa e bem não há quem!”, onde se revelam vários segredos e segredinhos acerca de como se fazia o “despacho” das mercadorias que por este entreposto alfandegário passavam.

OFICINAS DE PÁSCOA E VERÃO 2006“Vamos Arquitectar” foi a proposta lançada para as oficinas de Páscoa deste ano. Integrada na 2ª exposição temática do Ciclo “Reunião de Obra” dedicada ao tema da Habitação Unifamiliar, os participantes foram desafiados a idealizar a sua casa de sonho e a construir a maquete respectiva com diversos materiais. Nesta edição participaram 65 crianças e jovens que, além da imaginação, da interacção com um grupo, exploraram várias áreas como o desenho, a perspectiva, a motri-cidade fina, numa vivência do espaço que se alargou também ao edifício. No Verão e já contando com a

exposição “Metamorfose de um Lugar”, a proposta voltou-se para o “restauro” de objectos com a Oficina “Com velharias o que é que farias?”. Revelando alguns instrumentos de trabalho aduaneiro e recorrendo aque-les objectos que andam lá por casa perdidos, a ideia foi acima de tudo sensibilizar para a importância da preservação do património, experimentando algumas técnicas empregues no restauro de objectos.

4ª EDIÇÃO DO AUTOCLÁSSICO 2006 O MTC marcou presença no IV Certame Internacional do Automóvel e Motociclo Clássico e de Época, que decorreu na Exponor / Porto, de 29 de Setembro a 1 de Outubro. Trata-se de um dos mais importantes eventos de antigos e clássicos, a nível europeu, que acabou por transformar a cidade do Porto na verdadeira capital do veículo clássico, contando com a participação de cerca de 250 expositores e mais de 40.000 visitantes.Nesta edição, dedicada às provas desportivas, exibimos, não só, um exemplar único do desporto automóvel português – MARLEI -, homenageando, em simultâneo, o piloto e eterno amante de automóveis Mário Moreira Leite; mas também parte da exposição itinerante dedi-cada ao automóvel, em geral, e à exposição permanente O Automóvel no Espaço e no Tempo, em particular.

NOVIDADES…Visita a instituições de ensino e preparação de actividades para o novo ano lectivo. Com um novo espaço museológico disponível – Metamorfose de um Lugar - o MTC tem em preparação oficinas e outras ac-tividade que incluem o público escolar mas também as famílias, de forma a dinamizar a exposição e os espaços do Edifício para um público cada vez mais exigente.

Inauguração da Exposição Reunião de Obra #004 Habitação Colectiva de Siza Vieira no dia 30 de Outubro de 2006, pelas 18horas. No âmbito das come-morações do Dia Mundial da Arquitectura, prevê-se a presença neste evento da Presidente da Ordem dos Arquitectos, Arqª Helena Roseta, do Prof. Doutor Jorge Sampaio e do Arqº Siza Vieira.

Exposições Itinerantes do MTC. A itinerância da Exposição “Viajar com o Museu” continua e desta vez surgiu um convite da Câmara Municipal de Santa-rém para recebe-la. Um outro desafio surge então, o projecto de itinerância da Exposição “Alfândega Nova: o Sítio e o Signo”, um dos primeiros eventos realizados pela AMTC e que agora vai para fora de portas…

NOTÍCIASDO MUSEU

O Restaurante Madruga,

do Porto Palácio Hotel, é

actualmente um dos ex-libris

da gastronomia em toda a

cidade do Porto, sendo na-

cional e internacionalmente

reconhecido pela excelência

e pela originalidade do

pequeno-almoço, do buffet

e das ementas. Com um am-

biente acolhedor e requin-

tado, o restaurante é o local

ideal para saborear as me-

lhores iguarias tradicionais

ou para experimentar pratos

alternativos, como a lasanha

vegetariana. Aos domingos, e

especialmente para a família,

o Madruga oferece o melhor

da gastronomia portugue-

sa, enriquecida e variada

de semana para semana.

Assim, é possível encontrar

no mesmo espaço aquilo

que de melhor se pode

partilhar: uma boa refeição

na companhia daqueles que

são mais próximos.

HORÁRIOS DE VISITA

Terça a Sexta10h > 18hSábados, Domingose Feriados15h > 19h

CONTACTOS

Museu dos Transportes e ComunicaçõesR. Nova da AlfândegaEdifício da Alfândega4050-430 Porto

Tel: 22.340 30 00Fax: 22.340 30 [email protected]

Exposição “Comunicação do Conhe-cimento e da Imaginação” (para grupos com marcação prévia)

MADRUGA: A EXCELÊNCIA DA GASTRONOMIA PORTUGUESA